EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ CLAUDIA GISELE DA CUNHA

RIBEIRÃO DOS PADILHAS: UM ESTUDO A RESPEITO DE BIOINDICADORES AMBIENTAIS COMO PRÁTICA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO PRÁTICA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

CURITIBA Agosto/2008


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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ CLAUDIA GISELE DA CUNHA

RIBEIRÃO DOS PADILHAS: UM ESTUDO A RESPEITO DE BIOINDICADORES AMBIENTAIS COMO PRÁTICA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO PRÁTICA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Projeto de monografia apresentado ao programa de Pós - Graduação modalidade Educação,

Especialização Meio

Desenvolvimento,

Ambiente

em e

Universidade

Federal do Paraná. Orientador: Prof. Edmilson José de Souza Lima.

CURITIBA Agosto/2008 2


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SUMÁRIO RESUMO 1.INTRODUÇÃO..........................................................................................................4 .

1.1 Questão Geral.............................................................................................5 1.2 Objetivos Gerais.........................................................................................5 .1.2.1 Objetivos Específicos..............................................................................5 1.3 Justificativa.................................................................................................6 1.3.1 Bioindicadores ambientais.......................................................................6

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...............................................................................7 2.1 Bioindicadores..........................................................................................7 2.1. Educação Ambiental................................................................................9 2.2 Estratégias de Ensino para a Prática da Educação Ambiental..............10 2.4 Sugestões de Educação Ambiental para a bacia hidrográfica Ribeirão dos Padilhas...............................................................................................................11

3. METODOLOGIA DA PESQUISA...........................................................................14 3.1 Área de Estudo........................................................................................14 3.2 Procedimento de Campo.........................................................................14 3.3 Utilização de bioindicadores em rios e córregos.....................................15 3.4. Programação do biomonitoramento.......................................................18 3.5 Ficha de Monitoramento..........................................................................18

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS...........................................21 4.1. Parâmetros físicos e químicos...............................................................21 4.2 Resultados obtidos da ficha de biomonitoramento.................................24 4.3 Resultados obtidos de parâmetros físicos e químicos ...........................27 4.4 Resultado do projeto de bioindicadores..................................................28 4.5 Resultados a serem obtidos ..................................................................28 5.CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................29 6. REFERÊNCIAS......................................................................................................31

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1. INTRODUÇÃO Visto pelo lado de fora, o planeta deveria se chamar água. Com algumas “ilhas” de terra firme, cerca de 2/3 de sua superfície são denominados pelos vastos oceanos. Os pólos e suas vizinhanças estão cobertos pelas águas sólidas das gigantescas geleiras. A pequena quantidade de água restante divide-se entre a atmosfera, o subsolo, os rios e os lagos. A água surgiu no decurso de reações químicas que tiveram lugar no nosso planeta durante as primeiras fases de sua formação. A camada gasosa que rodeia a Terra apareceu como resultado, entre outros fatores, das reações químicas provocadas pelo aparecimento na superfície de um novo composto, isto é, foi na água que, há cerca de 3.800 milhões de anos, surgiu a vida na Terra. Os primeiros seres vivos de que são conhecidos fósseis, eram bactérias e algas azuis (seres unicelulares) que viveram nos Oceanos Primitivos. Ao longo de milhões de anos, os seres vivos evoluíram e espalharam-se pelos oceanos e continentes. A água tratada, limpa, para consumo humano, está escasseando, em todo o Planeta. As mudanças climáticas, provocadas pela poluição ambiental, estão desequilibrando o regime de chuvas. Para piorar a situação, o desmatamento nas áreas de proteção às fontes e cursos d’água, o manejo inadequado do solo – através de prática de monoculturas, os excessos de aração e gradagens, a falta de cobertura e proteção, provocando erosão e enxurradas – fizeram desaparecer milhares de nascentes, assoreando, entupindo centena de rios, riachos e lagoas.Nos aglomerados urbanos, a expansão descontrolada das áreas asfaltadas e calçadas, praticamente elimina a absorção das chuvas, a realimentação dos depósitos no subsolo, o que diminui a evaporação e desabastece as nascentes, que vão, ano a ano, desaparecendo. Conseqüentemente, chove menos e o ciclo hidrológico, vital para preservar as condições de vitalidade no Planeta, não se efetiva de forma natural. E quando chove, a gigantesca quantidade de lixo produzido pelas populações urbanas, não recolhido, jogado nas calçadas, nas ruas, nos espaços públicos, entope, à cada chuva, a rede de escoamento. Como não há absorção das chuvas, formam-se grandes inundações, que desbarrancam encostas não protegidas pela mata, destruindo moradias, provocando tragédias familiares e coletivas. A poluição escorre para os cursos de água – que perdem vitalidade, morrem um pouco, diariamente. 4


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Mudanças radicais de comportamento, de padrões de consumo, de atitudes e posturas em relação ao ambiente onde vivemos terão que ser adotadas emergencialmente. Mas, imediatamente, é vital reduzir o desperdício de água tratada, limpa, saudável. É fundamental, também, eliminar processos de poluição, contaminação, descarte de lixo, deposição de substâncias químicas e gordurosas em cursos ou espelhos naturais de águas, canalizadas ou não. Água potável não pode ser utilizada irresponsavelmente para lavar automóveis, calçadas, paredes, tapetes, molhar plantas, jardins, gramados. Para estas necessidades típicas da civilização urbana, pode-se utilizar água das chuvas, coletadas em calhas nos telhados, armazenadas em caixas fechadas. As águas de banho podem ser reaproveitadas nos vasos sanitários. Nas cozinhas, pode-se reduzir, significativamente os abusos na utilização de água, com pequenas e simples mudanças nas práticas de higiene e limpeza. A irrigação pode ser racionalizada, é possível aproveitar melhor a energia elétrica gerada pela água, não é difícil impedir a contaminação das águas do subsolo, dos rios e riachos – que multiplicam doenças e mortes prematuras – basta usar a água de forma racional, com bom senso.

1.1 QUESTÃO GERAL

A

poluição

dos

mananciais

de

recursos

hídricos

comprometendo os bioindicadores de qualidade da água tornou-se um problema insustentável? - A poluição compromete a sustentabilidade do meio ambiente? - A qualidade da água demanda oxigênio para regeneração de alguns nutrientes essenciais para a sustentabilidade do meio? - As práticas de educação ambiental podem contribuir para diminuir a emissão de poluentes? OBJETIVOS

1.2. Objetivo geral Elaborar o diagnóstico ambiental por meio de bioindicadores para identificação das alterações provocadas pela emissão de poluentes ambientais como prática de educação ambiental. 1.2.1 Objetivos específicos 5


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Identificar níveis de poluição na bacia que comprometa a sustentabilidade do manancial e sua utilização na comunidade; Comparar a qualidade da água em diferentes pontos da bacia e sua utilização na comunidade; Estabelecer a integração das informações dos níveis de poluição obtidas nos aspectos naturais e sociais;

1.3 JUSTIFICATIVA

MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS SÃO BONS BIOINDICADORES Os macro invertebrados bentônicos têm sido amplamente utilizados como bioindicadores de qualidade de água e saúde de ecossistemas por apresentarem as seguintes características: · Ciclos de vida longo, comparando-se com os organismos do plâncton que em geral tem ciclos de vida em torno de horas, dias, 1 ou 2 semanas; os macro invertebrados bentônicos podem viver entre semanas, meses e mesmo mais de 1 ano, caracterizando-se como "organismos sentinelas"; · Em geral, são organismos grandes (maiores que 125 ou 250 µm), sésseis ou de pouca mobilidade, ou seja, são relativamente sedentários e mais fáceis de serem amostrados do que os organismos nectônicos, como os peixes; · Fácil amostragem, com custos relativamente baixos; · Elevada diversidade taxonômica e de identificação relativamente fácil (ao nível de família e alguns gêneros); · Organismos sensíveis a diferentes concentrações de poluentes no meio, fornecendo ampla faixa de respostas frente a diferentes níveis de contaminação ambiental.

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2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Bioindicadores da qualidade de água [talvez seja melhor levar esta seção para a fundamentação teórica] É de suma importância estudar a ecologia dos animais que vivem no fundo de rios, lagos, reservatórios, tomados como bioindicadores da qualidade da água. Bioindicadores são espécies, grupos de espécies ou comunidades biológicas cuja presença, quantidade e distribuição indicam a importância de impactos ambientais em um ecossistema aquático e em sua bacia de drenagem. No caso deste trabalho, os pesquisadores estudam a estrutura e o funcionamento das comunidades de macroinvertebrados bentônicos, animais como larvas de insetos, moluscos e lagartas que vivem no fundo de rios e lagos e reservatórios. A palavra Benthos vem do grego e significa fundo. Governos, organizações da sociedade civil e cientistas vêm chamando a atenção para a importância do problema da água no mundo de hoje. A proteção dos mananciais de recursos hídricos tornou-se problema na primeira grandeza. Estes mananciais localizam-se em córregos, rios, lagos e lagunas ou aqüíferos subterrâneos e são utilizados para suprir as atividades domésticas, agrícolas e industriais dos homens. Impedir a contaminação de fontes de água potável é importante para uma boa saúde pública, pois diminui os gastos com o tratamento de doenças de veiculação hídrica, e também garante a integridade e manutenção da vida silvestre. Alguns números podem demonstrar isso. O tratamento de 1m³ de água de boa qualidade custa quatro vezes menos do que é gasto com o tratamento da mesma quantidade de água de um rio poluído (GOURLART & CALLISTO , 2003). De acordo com o médico sanitarista, Marcelo Chiaperini, isso certamente ajudaria a diminuir a média de 238 óbitos/dia causados por doenças provocadas pela água contaminada e 2/3 das internações hospitalares no SUS, incluídos os adultos. Infelizmente, tem-se observado o crescimento de fontes poluidoras, em especial o lançamento de esgotos e efluentes industriais nos leitos dos nossos rios. Daí a importância econômica, social e científica de trabalhos de monitoramento da água que podem orientar políticas mais gerais de preservação da vida silvestre e de desenvolvimento econômico sustentável. Bioindicadores biológicos são ferramentas ecológicas que podem ser utilizadas na avaliação da saúde ambiental, integridade 7


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ecológica, qualidade ambiental e preservação de ecossistemas aquáticos, em várias regiões do Brasil. Como funcionam os bioindicadores? O conjunto de organismos chamados “macroinvertebrados bentônicos” vive no fundo dos rios e lagos. Dentre eles predominam as larvas de insetos aquáticos, minhocas d’água, caramujos, vermes e crustáceos, com tamanhos de corpo maiores que 0,5mm. O uso destes organismos como bioindicadores é baseado em uns princípios simples submetidos a condições adversas, os organismos se adaptam ou morrem. Os organismos que vivem em um dado ecossistema estão adaptados às suas condições ambientais e por isso devem refletir o nível de preservação de condições naturais ou as alterações provocadas pela emissão de poluentes ambientes. Vários pesquisadores têm levantado argumentos para o uso de macroinvertebrados bentônicos como ferramenta biológica em Programas de Biomonitoramento (ROSENBERG & WIENS, 1976; MYSLINSKI & GINSBURG, 1977; LYNCH et al., 1988; HARE & CAMPBELL, 1992; GOODYEAR & MCNEILL, 1999): 1. Cosmopolitas e abundantes; 2. Grande tamanho de corpo (muitos são visíveis a olho nu); 3. A maioria possui características ecológicas bem conhecidas; 4. Viabilidade de utilização em estudos laboratoriais (ex: testes ecotoxicológicos, experimentos de bioturbação); 5. São desentários (ou com mobilidade restrita) sendo representativos de condições locais; 6. São bentônicos, permitindo a associação com as condições do sendimento; 7. Alguns podem acumular metais pesados, permitindo avaliar o nível de impacto através de bioacumulação e biomagnificação; 8. Tem a vantagem de caracterizar a qualidade das águas não apenas no instante de sua coleta, mas refletindo também sua situação em um período de tempo consideravelmente mais longo, permitindo avaliar os efeitos de um poluente de forma segura e precisa em diferentes escalas temporais; 9. A concentração de substâncias tóxicas na biomassa corporal não é afetada por ciclos reprodutivos ou diferenças sexuais, uma vez que estes organismos inúmeras vezes são coletados enquanto formas imaturas de insetos aquáticos e semiquáticos.

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10. Participam das cadeias alimentares e cadeia de detritos, podendo atuar como agentes vitais de entrada de metais pesados ou outros contaminantes nas cadeias alimentares aquáticas.

2.2 Educação ambiental No ambiente urbano das médias e grandes cidades, a escola, além de outros meios de comunicação é responsável pela educação do indivíduo e conseqüentemente da sociedade, uma vez que há o repasse de informações, isso gera um sistema dinâmico e abrangente a todos. A população está cada vez mais envolvida com as novas tecnologias e com cenários urbanos perdendo desta maneira, a relação natural que tinham com a terra e suas culturas. Os cenários, tipo shopping center, passam a ser normais na vida dos jovens e os valores relacionados com a natureza não tem mais pontos de referência na atual sociedade moderna. A educação ambiental se constitui numa forma abrangente de educação, que se propõe atingir todos os cidadãos, através de um processo pedagógico participativo permanente que procura incutir no educando uma consciência crítica sobre a problemática ambiental, compreendendo-se como crítica a capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais. O relacionamento da humanidade com a natureza, que teve início com um mínimo de interferência nos ecossistemas, tem hoje culminado numa forte pressão exercida sobre os recursos naturais. Atualmente, são comuns a contaminação dos cursos de água, a poluição atmosférica, a devastação das florestas, a caça indiscriminada e a redução ou mesmo destruição dos habitats faunísticos, além de muitas outras formas de agressão ao meio ambiente.

Dentro deste contexto, é clara a

necessidade de mudar o comportamento do homem em relação à natureza, no sentido de promover sob um modelo de desenvolvimento sustentável (processo que assegura uma gestão responsável dos recursos do planeta de forma a preservar os interesses das gerações futuras e, ao mesmo tempo atender as necessidades das gerações atuais), a compatibilização de práticas econômicas e conservacionistas, com reflexos positivos evidentes junto à qualidade de vida de todos. É subdividida em formal e informal: Formal é um processo institucionalizado que ocorre nas unidades de ensino; Informal se caracteriza por sua realização fora da escola, envolvendo flexibilidade de métodos e de conteúdos e um público alvo muito variável em suas características 9


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(faixa etária, nível de escolaridade, nível de conhecimento da problemática ambiental, etc.).

2.3 Estratégias de Ensino para a Prática da Educação Ambiental Um programa de educação ambiental para ser efetivo deve promover simultaneamente, o desenvolvimento de conhecimento, de atitudes e de habilidades necessárias à preservação e melhoria da qualidade ambiental. Utiliza-se como laboratório, o metabolismo urbano e seus recursos naturais e físicos, iniciando pela escola, expandindo-se pela circunvizinhança e sucessivamente até a cidade, a região, o país, o continente e o planeta. A aprendizagem será mais efetiva se a atividade estiver adaptada às situações da vida real da cidade, ou do meio em que vivem aluno e professor. Estratégia Ocasião para Uso Vantagens/Desvantagens

Discussão em classe (grande grupo) -Permite que os estudantes exponham suas opiniões oralmente a respeito de determinado problema. Ajuda o estudante a compreender as questões. -Desenvolve autoconfiança e expressão ora. -Podem ocorrer dificuldades nos alunos de discussão. Discussão em grupo (pequenos grupos com supervisor-professor) -Quando assuntos polêmicos são tratados. -Estímulo ao desenvolvimento de relações positivas entre alunos e professores Trabalho em grupo: envolve a participação de grupos de 4-8 membros que se tornam responsáveis pela execução de uma tarefa Quando se necessita executar várias tarefas ao mesmo tempo. permite que os alunos se responsabilizem por uma tarefa por longos períodos (2 a 5 semanas) e exercitem a capacidade de organização; -Deve ser monitorada de modo que o trabalho não envolva apenas alguns membros do grupo Debate: requer a participação de dois grupos para apresentar idéias e argumentos de pontos de vista opostos. -Quando assuntos controvertidos estão sendo discutidos e existam propostas de diferentes soluções. -Permite o desenvolvimento das habilidades de falar em público. -Requer muito tempo de preparação. Questionário: desenvolvimento de um conjunto de questões ordenadas a ser submetido a um determinado público 10


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-Usado para obter informações e/ou amostragem de opinião das pessoas. -Aplicado de forma adequada, produz excelentes resultados. Reflexão: o oposto do mutirão de idéias. É fixado um tempo aos estudantes para que sentem em algum lugar e pensem acerca de um problema específico. -Usado para encorajar o desenvolvimento de idéias em resposta a um problema. Tempo recomendado de 10 a 15 min. -Envolvimento de todos. Imitação: estimula os estudantes a produzir sua própria versão dos jornais, dos programas de rádio e Tv. -Os estudantes podem obter informações de sua escolha e levá-las para outros grupos. Dependendo das circunstâncias e do assunto a ser abordado, podem ser distribuídos na escola, aos pais e à comunidade. -Forma efetiva de aprendizagem e ação social

Projetos: os alunos, supervisionados, planejam, executam, avaliam e redirecionam um projeto sobre um tema específico. -Realização de tarefas com objetivos a serem alcançados a longo prazo. -As pessoas recebem e executam o próprio trabalho, assim como podem. Exploração do ambiente local: prevê a utilização/exploração dos recursos locais próximos para estudos, observações, caminhadas etc. -Compreensão do metabolismo local, ou seja, da interação complexa dos processos ambientais a sua volta -Agradabilidade na execução. -Grande participação de pessoas envolvidas. -Vivência de situações concretas. -Requer planejamento minucioso. Fonte: UNESCO/UNEP/IEE

2.4 Sugestões de Educação Ambiental para o Ribeirão dos Padilhas

Plano de bacias – É o planejamento da conservação (quantidade e qualidade) da água nos mananciais, e o planejamento do aproveitamento (racionalização dos usos e repartição justa) dos recursos hídricos. No Plano de Bacia deve constar as previsões futuras para os mananciais, considerando os aspectos ambientais, econômicos e sociais, devendo ser feito para o período de 12 anos, revisando-o cada 4 anos. Neste processo de construção do Plano de Bacia, a participação da sociedade tem papel fundamental, pois é através da gestão participativa é que pode11


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se obter as informações mais importantes, identificando e sistematizando os interesses múltiplos da sociedade.

Enquadramento – O enquadramento das águas é um processo que envolve toda a comunidade da Bacia, onde são levantadas todas as características das águas existentes (usos da água, poluição, número de usuários...) Da mesa forma, a comunidade decidirá a qualidade que deseja pra cada um dos trechos dos rios e corpos d’água, dentro da classificação existente, que vai da chamada classe especial (que é a água da melhor qualidade) até a classe 4 (água para usos menos exigentes), conforme a Resolução do CONAMA, nº20/86.

Cobrança e outorga – Após estabelecido a qualidade que se quer para a água, é calculado o valor que cada usuário deverá pagar para contribuir para que sejam atingidos e mantidos os níveis de qualidade estipulados. Junto com a instituição da cobrança pelo uso, surge a outorga da água, que é uma concessão do uso de uma quantidade de água. Assim, quem desejar fazer uso da água, deverá requerer uma outorga do governo. Ao receber a autorização, o outorgado não é reconhecido como dono de uma quantidade de água, mas sim, recebe uma autorização para uso e que é por tempo limitado.

Monitoramento – É o acompanhamento da qualidade da água da Bacia em termos de poluição orgânica, eutrofização e metais pesados através de análises físicosquímicos e bacteriológicas. O monitoramento fornece subsídios à gestão dos recursos hídricos da Bacia. Todos temos o dever de contribuir para a conservação da água, porque: . não há vida sem água; a água é um bem precioso indispensável a todas as atividades humanas. . a água é um patrimônio de todos e todos devemos reconhecer o seu valor; cada um de nós tem o dever de economizar e de utilizar com cuidado. . alterar a qualidade da água é prejudicar a vida do homem e dos outros seres vivos. O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e dos seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente, para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos por onde os ciclos começam. 12


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A água é um recurso cada vez mais escasso e disputado, diante disso devemos ter o compromisso com os nossos rios a água e o estado de conservação da bacia do Ribeirão dos Padilhas no município de Curitiba, no trecho, está pouco alterada, o que facilita a sua recuperação.

No entanto, a ocupação das terras

durante anos atrás ao redor do ribeirão pela atividade por moradias irregulares tem afetado a qualidade da água e a mata ciliar. Os resultados permitem concluir que a qualidade de água do ribeirão dos Padilhas ainda esta pouco alterada, o que facilita sua recuperação. A água constitui um elemento essencial à vida animal e vegetal (AZEVEDO NETTO, 1987) sendo muito difícil imaginar a vida sem a água, pois a maior parte da composição das células é constituída de água (BRANCO,1993). O novo século traz consigo a crise da falta de água, desse modo o homem precisa discutir sobre o futuro da água e da vida (MACEDO, 2001). A preocupação com a qualidade da água é recente, pois os projetos só visavam o aspecto quantitativo, mas com o crescimento populacional, acompanhado com o desenvolvimento industrial e a super utilização dos recursos hídricos, o fator qualidade passou a ser importante (MOTA, 1995). Desse modo é fundamental que os recursos hídricos apresentem condições físico-químicas adequadas para a utilização dos seres vivos, devendo conter substâncias essenciais à vida e estar isentos de outras substâncias que possam produzir efeitos prejudiciais aos organismos (BRAGA et al., 2003).

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3. METODOLOGIA DA PESQUISA 3.1 Área de estudo A área de estudo localiza-se no Município de Curitiba, entre os Bairros Pinheirinho e Sítio Cercado. O número do ponto de amostragem é 193. 3.2 Procedimento de campo Para a realização da pesquisa foram coletadas informações sobre a utilização de bioindicadores como ferramenta na avaliação dos defeitos da urbanização ao longo do Ribeirão dos Padilhas. As amostras foram coletadas e lavadas sobre peneiras

de

1,00

e

0,5mm,

triadas

com

auxílio

de

microscópio

os

macroinvertebrados bentônicos identificados na Coleção de Referência de Macroinvertebrados Bentônicos, segundo metodologia proposta por Callisto et al., (1998). [aqui você está analisando os dados] Algumas espécies demonstraram ser espécies adequadas para o estudo do efeito da poluição nos ecossistemas aquáticos. Ao aplicar a bateria de bioindicadores, o índice que foi utilizado para avaliar o nível mais elevado (individual), ou seja, o fator de condição, já indicou uma diferença entre o estado de saúde dos peixes nos diferentes pontos. Os peixes com o estado mais saudável estão na região supostamente mais limpa, utilizada como região de controle. Porém, o fator de condição indica apenas o efeito geral da condição dos peixes, não apontando como ou em que nível os peixes estariam sendo afetados pela poluição. Descendo um nível de organização (celular), observando o bioindicador utilizado, ou seja, a presença de micronúcleos e/ou núcleos bilobados, não foram encontrados resultados que forneçam informações na avaliação dos locais estudados. Isto é, não foram encontrados dados que representem danos genotóxicos nos espécimens analisados, nem foram encontradas diferenças entre os pontos de amostragem. Os indicadores biológicos são muito úteis devido a sua especificidade a certos tipos de impacto, já que inúmeras espécies são comprovadamente sensíveis a um tipo de poluente, mas tolerantes a outros.

Assim, índices podem ser criados

especificamente para detectar lançamento de pesticidas, considerando as respostas de diversas espécies da comunidade de macroinvertebrados. Os índices que têm as comunidades como unidade de estudo são eficientes para o monitoramento rápido 14


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de grandes áreas, apresentando relativo baixo custo. Sua metodologia baseia-se em pesquisas de campo, analisando as alterações estruturais e funcionais das comunidades nos sistemas ecológicos.

Uma vez definido o objetivo do

monitoramento, deve-se pensar em selecionar qual o indicador apropriado para atingi-lo. Cairns et al., argumenta que "basically, everything is an indicator of something but nothing is an indicator of everything" [é preciso traduzir a frase em uma nota de rodapé]. Assim, é fundamental considerar uma série de questões antes de definir a estratégia a ser utilizada. Pode-se começar pela escolha do grupo biológico a ser adotado. Dentre os vários grupos biológicos potencialmente úteis, tem-se: macrófitas, algas, peixes e macroinvertebrados, sendo estes dois últimos os mais testados em avaliações de campo.

A primeira abordagem visando à

determinação de indicadores biológicos da qualidade das águas, com bases científicas, foi feita com bactérias, fungos e protozoários na Alemanha por Kolkwitz & Marsson. Esse método ficou conhecido como índice de saprobidade1 e enfatizava que a abundância de organismos nas áreas poluídas ocorria por características fisiológicas e comportamentais que os permitia tolerar estas condições. Assim, localidades onde eram encontrados números elevados desses organismos eram classificadas como poluídas. No final da década de 1960, iniciaram-se esforços conjuntos na Europa para testar a aplicabilidade do índice de saprobidade. Atualmente, muitos países europeus ainda utilizam metodologias baseadas na mesma filosofia, sendo chamadas de índices bióticos. Esses índices consistem em atribuir uma pontuação para cada grupo taxonômico, baseada em sua tolerância ao impacto e o somatório desses valores determina a qualidade da água do local. Diversos índices bióticos surgiram e foram testados desde então. O objetivo deste estudo é testar a aplicação de um dos índices bióticos que vem sendo utilizados na Europa, o Índice Biótico Estendido (IBE), para avaliar os efeitos da contaminação por agrotóxicos sobre a fauna de macroinvertebrados bentônicos.

3.3 Utilização de bioindicadores em rios e córregos

Atualmente, o objetivo dos estudos relacionados à avaliação dos impactos em áreas agriculturáveis é o desenvolvimento e aperfeiçoamento de metodologias e

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Índice de matéria orgânica

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ferramentas que permitam determinar de forma realista e exeqüível a condição ambiental. Além disso, deve-se considerar a importância do tratamento e transmissão da informação a diferentes públicos, muitas vezes leigos. Portanto, um dos desafios é tornar os dados científicos mais facilmente utilizáveis por técnicos, gestores,

cientistas,

políticos,

grupos

de

interesse

(associações

não

governamentais, cooperativas) e pelo público em geral. O emprego de uma bateria de bioindicadores abrangendo distintos níveis de organização biológica possibilita o conhecimento sobre qual nível o poluente interage com o organismo, e a que nível este é mais suscetível à ação daquele. Os resultados de trabalhos como este são essenciais para desenhar estratégias eficazes que permitam recuperar a biodiversidade dos ecossistemas aquáticos. A incorporação de Programas de Vigilância e Controle da contaminação ambiental do meio aquático através de uma bateria de bioindicadores proporcionará um conhecimento mais preciso da qualidade ambiental do mesmo (uma vez que permitirá estabelecer o efeito tóxico real que a contaminação exerce sobre as populações). Isto permitirá avaliar e caracterizar o estado de saúde ambiental dos ecossistemas aquáticos,

produzindo

dados

confiáveis

que

possibilitarão a

implementação de medidas adequadas para sua proteção e/ou recuperação, além de permitir a avaliação dos riscos que tais contaminações conferem à Saúde Pública e na biodiversidade desses ecossistemas. Uma vez que é improvável que respostas em um único nível de organização biológica satisfaçam os critérios de especificidade, os mecanismos de compreensão e a relevância ecológica, uma abordagem alternativa é estudar respostas em diferentes níveis de organização simultaneamente, integrando os efeitos dos contaminantes através dos diferentes níveis de organização; portanto, é necessário promover pesquisas interdisciplinares. Conclui-se que a utilização desta bateria de bioindicadores permitiu avaliar e formular um retrato detalhado dos diferentes efeitos das diferentes formas de poluição nos organismos aquáticos, sendo possível diferenciar o efeito dos agrotóxicos. Os

ecossistemas

aquáticos

de

rios,

em

função

de

sua

grande

heterogeneidade física, que incluem de pequenos a grandes rios, variação no regime de vazão, geomorfologia do canal entre outras características do habitat. Assim, considera-se, por exemplo, que o uso da bateria de bioindicadores utilizando a comunidade de peixes seja uma metodologia mais adequada para grandes rios, 16


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pois estes apresentam, em geral, misturas complexas de poluentes; portanto, a alta especificidade de respostas dos bioindicadores torna-se mais eficiente. Além disso, a coleta de macroinvertebrados em grandes rios é muito trabalhosa e pouco eficiente. Já em rios de pequena dimensão, a fauna de macroinvertebrados pode ser extremamente rica, enquanto que a fauna de peixes pode não ser suportada, e em geral seus representantes são de pequeno porte, o que dificulta os testes com os bioindicadores disponíveis. O termo biomonitoramento ou monitoramento biológico pode ser definido como o uso sistemático de respostas biológicas para avaliar mudanças ambientais com o objetivo de utilizar esta informação em um programa de controle de qualidade. Estas mudanças normalmente estão associadas a fontes antropogênicas. Macroinvertebrados

bentônicos

têm

sido

utilizados

no

monitoramento

de

reservatórios, trechos de importantes bacias hidrográficas sob diferentes níveis de impacto antrópico. O princípio é simples: submetidos a condições adversas, os organismos resistem ou morrem. Portanto, a composição em espécies e a distribuição espaço-temporal dos organismos aquáticos alteram-se pela ação dos impactos. Quanto mais intensos forem, mais pronunciadas serão as respostas ecológicas dos organismos aquáticos bioindicadores de qualidade de água, podendo haver inclusive a extinção local, ou seja, exclusão de organismos sensíveis à poluição (como as formas imaturas de muitas espécies de Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera). Programas de Biomonitoramento são desenvolvidos em etapas e utilizam-se de métodos úteis na avaliação da eficiência de estações de tratamento de esgotos e subseqüentes lançamentos em corpos d’água, impactos de assoreamentos, chuva ácida, práticas agrícolas, remoção de vegetação ciliar nas margens de rios e efeitos na introdução de espécies exóticas sobre populações naturais. Muitos macroinvertebrados bentônicos são detritívoros, alimentando-se de matéria orgânica produzida na coluna d’água. Estes organismos são importantes componentes na dieta de peixes, representando importante ligação entre a produção pelágica e os níveis tróficos superiores no ambiente aquático. Em programas de biomonitoramento é usual avaliar as necessidades ambientais de todas as espécies de um determinado conjunto de organismos. Um exemplo é a classificação dos grupos tróficos funcionais (GTF ou “guildas”) de espécies e ciclos de vida. Os GTF

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representam espécies com estratégias reprodutivas similares, hábitos alimentares e/ou preferência de habitats específicos (CALLISTO et al., 2001). Para avaliar as conseqüências da poluição sobre os ecossistemas aquáticos continentais são necessários vários tipos de informações. Programas de biomonitoramento são os mais indicados para detectar o nível de comprometimento da vida aquática e avaliar o nível de degradação ambiental. Uma vez diagnosticado o nível de degradação, dados ecológicos adicionais podem ser incorporados, como testes ecotoxicológicos com poluentes químicos, capazes de auxiliar na identificação dos agentes poluidores, suas fontes, subsidiando a implementação de medidas mitigadoras. Integrando as informações destes dados assim como a avaliação da diversidade de habitats, investigações hidrológicas e a caracterização do uso e ocupação do solo possibilita o diagnóstico ambiental dos impactos dos 5 principais fatores que afetam a saúde ambiental em ecossistemas aquáticos (qualidade da água, estrutura de habitat, fonte de energia, regime fluviométrico e fatores de integração biótica).

3.4. Programação do biomonitoramento 1ª Parte: Palestra Teórica, tema: Utilização de Bioindicadores de Qualidade da água para monitorar a qualidade das águas do ribeirão dos Padilhas e preenchimento DA FICHA DE MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA. 2ª Parte: Dinâmicas, tema: Educação Ambiental e apresentação do material utilizado em Atividades de coleta. 3ª Parte: Aula Prática em Laboratório, tema: principais metodologias utilizadas no Biomonitoramento (triagem e identificação de organismos bioindicadores de qualidade de água, determinação de turbidez e oxigênio dissolvido). 4ª Parte: Aula Prática em Campo mensuração de parâmetros físicos e químicos (determinação de pH e condutividade), coleta de organismos bioindicadores e análise conjunta com a turma. 3.5 Ficha de Monitoramento Preenchimento das Fichas de Campo NÚMERO DO PONTO DE AMOSTRAGEM: GRUPO RESPONSÁVEL PELO PONTO: ENDEREÇO DA AMOSTRAGEM: DATA DA COLETA: 02/06/2008 18


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OBSERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE 1- Choveu nas últimas 24 horas? Sim ,(x ) Não ( ) 2- Junto ao rio situam-se: Residências (x

) , Comércios( x )

, Indústrias(

) , Criação de animais (

) ,

Plantações ( ) 3- Como se encontram as “Faixas de fundo de Vale” As divisas estão sendo respeitadas? Sim ( )

, Não (x )

Há: Muro ( ) , Cerca ( ), Outro ( ) 4- VEGETAÇÃO- As margens e proximidades do rio apresentam: Nenhuma ( ) ,Árvores isoladas ( ), Campos ( ) Bosques ( ), Rasteira (x ) 5- EROSÃO- As margens e proximidades do rio encontram-se: sem erosão ( ) , está ocorrendo desbarrancamento ( x ), acumulo de terra está prejudicando o fluxo do rio ( ), rio foi limpo recentemente ( ), Existem sulcos no chão ( ) , Há acumulo de terra no leito do rio ( x ).

6- ESGOTOS- Quanto aos efluentes: Não há tubulações direcionadas ao rio ( ), Há tubulações que despejam no rio (x ) Quantas? 2 Os lançamentos estão ocorrendo: Acima do ponto da coleta ( ), No ponto da coleta ( x ) 7- LIXO- Nas margens e no leito do rio: Há lixo? Sim ( x ), Não ( ) Onde? Nas margens ( ), Dentro do rio (no leito) ( ) Tipo de lixo: Restos de construção ( x ), Orgânico (folhas, galhos, restos de comida, etc.) ( x ), Resíduos industriais (panos, retalhos de couro, restos frigorífico, etc.) ( ), Entulhos (móveis, pneus, etc.) ( ), 19


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Animais mortos ( ) 8-FAUNA- Quanto a fauna terrestre e aquática : Ausência total de animais ( ), Presença de animais domésticos ( ), Presença de peixes ( x ), Presença de animais silvestres e terrestres ( ), Moscas e/ou mosquitos ( x ), Ratos ( x). 9-QUALIDADE DA ÁGUA – Espumas Ausente ( x ), Espumas finas espalhadas ( ), Espumas finas só em ponto localizado ( ), Placas espessas ( x ). 10-QUALIDADE DA ÁGUACor Ausente (cristalina) ( ), Cor de chá forte ( x ), Cor de palha,( ) Cor de café ( ). 11-QUALIDADE DA ÁGUA- Outros corpos flutuantes: Ausente ( ), Somente alguns materiais flutuantes ( x ), Superfície do rio coberta ( ), 12-QUALIDADE DA ÁGUA- Cheiro Ausente ( ) , Fraco ( ) , Forte ( x ) , Muito forte (

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4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS Para avaliar o nível de preservação das condições ecológicas dos trechos de bacia estudados será utilizado um protocolo proposto por Callisto et al. (2002a), que busca avaliar não só o ambiente aquático, mas também, o uso e a ocupação do solo na região de entorno da bacia de drenagem dos trechos dos rios. Na aula prática no riacho serão coletadas amostras de água e sedimento (lama) para avaliar alguns parâmetros físicos e químicos (p.ex. temperatura, pH, condutividade elétrica ,turbidez,oxigênio dissolvido), amostras de organismos planctônicos (que vivem na água) e macroinvertebrados bentônicos, que vivem no fundo do rio.

4.1 Parâmetros físicos e químicos – pH

O termo pH significa Potencial Hidrogênico. O pH é usado universalmente para expressar o grau de acidez ou basicidade de uma solução, ou seja, a concentração de hidrogênio nesta solução. A escala do pH varia entre 0 e 14. Valores indicados entre 0 e 7 indicam uma solução ácida. Já os valores de 7 a 14 correspondem à solução básica. Quando o pH é igual a 7 a solução é considerada neutra. As soluções com pH entre 4 e 9 podem ser consideradas ideais para o uso do ser humano. Nitrogênio

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A importância do conhecimento da presença e quantificação do nitrogênio em suas diversas formas na água (molecular, amoniacal, nitrito e nitrato) refere-se ao consumo de oxigênio dissolvido necessário durante o processo de nitrificação. O nitrogênio é um elemento indispensável no crescimento de algas, mas em excesso pode ocasionar um exagerado desenvolvimento desses organismos, fenômeno chamado de eutrofização. Grandes quantidades de amônia podem causar o sufocamento dos peixes. Os fatores que contribuem para o aumento do índice de nitrogênio são os esgotos domésticos, fertilizantes e excrementos de animais. O nitrogênio amoniacal pode ser considerado desde pouco tóxico para a água até muito tóxico, pois depende do pH, temperatura e salinidade, variáveis que influenciam na capacidade de concentração da “fração tóxica” no meio. A medida do índice de nitrogênio é de suma importância, não só para constatar a presença de esgotos domésticos lançados recentemente no corpo d´água, mas também como indicador de futuro consumo de oxigênio no processo de nitrificação e possível crescimento de algas. Pode indicar também poluição industrial. Nitrogênio amoniacal NH4 –N Nitritos- NO2oglobinemia ("síndrome do bebê-azul") em recém-nascidos.

pH significa Potencial

Fosfato

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O fósforo (P) é ainda mais raro na água do que o nitrogênio e pode advir também dos adubos (N.P.K.) ou da matéria orgânica em decomposição. Da mesma forma que o nitrogênio, o fósforo é utilizado como indicador da qualidade sanitária da água. Também na presença de oxigênio, o fósforo transforma-se em fosfato. Os fosfatos e nitratos servem como alimentos para as algas, fazendo com que sua proliferação seja muita rápida, levando o rio ou lago à total falta de oxigênio.

Oxigênio Demanda Química de Oxigênio - DQO

Corresponde a quantidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica presente na amostra, pela ação de produtos químicos. Em outras palavras, é uma análise que permite conhecer quanta matéria orgânica está presente em um corpo d´água. Quando a água do rio apresenta DQO alto significa que existe grande quantidade de matéria orgânica que pode ser proveniente do lançamento de esgoto doméstico, efluente industrial ou da superpopulação de algas. Para se proceder a análise da água, utiliza-se a ampola identificada por COD, que corresponde à sigla em inglês para Chemical Oxiger Demand. 2

2

Demanda química de oxigênio

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De maneira geral, o oxigênio é indispensável à manutenção da vida de todos os animais e da maior parte dos microorganismos aquáticos. Comparando com a quantidade de oxigênio no ar, a água possui pouco oxigênio dissolvido, isto porque o oxigênio é um gás não muito solúvel. O oxigênio se dissolve nas águas naturais proveniente da atmosfera, devido à diferença de pressão parcial e também pela fotossíntese das algas. Isto ocorre em maior extensão, em águas poluídas e em águas eutrofizadas. O oxigênio consumido pelos seres aquáticos é naturalmente reposto através do contato da água com o ar. Se o rio apresentar quedas de água , terá maior oxigenação em função da agitação, ao passo que em águas paradas a oxigenação é mais lenta. No entanto, a decomposição da matéria orgânica lançada nos rios através dos despejos de esgoto sanitário e resíduos sólidos, entre outros, é feita pelas bactérias e outros microorganismos da água que consomem oxigênio. Assim, quanto mais matéria orgânica houver, mais oxigênio será consumido. O oxigênio dissolvido é fundamental para se verificar e manter condições aeróbicas num curso d´água que recebe material poluidor. É utilizado para controlar processos de aeração.

4.2 Resultados obtidos da ficha de biomonitoramento

A observação do ambiente constitui o primeiro parâmetro de avaliação. É feito um trabalho de reconhecimento da região em que se situa o ponto de mostragem, identificando os seguintes aspectos: 24


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1- Choveu nas últimas 24 horas? Sim ,(x ) Não ( ) 2- Junto ao rio situam-se: Residências (x

) , Comércios( x )

, Indústrias(

) , Criação de animais (

) ,

Plantações ( ) 3- Como se encontram as “Faixas de fundo de Vale” As divisas estão sendo respeitadas? Sim ( )

, Não (x )

Há: Muro ( ) , Cerca ( ), Outro ( ) 4- VEGETAÇÃO- As margens e proximidades do rio apresentam: Nenhuma ( ) ,Árvores isoladas ( ), Campos ( ) Bosques ( ), Rasteira (x ) 5- EROSÃO- As margens e proximidades do rio encontram-se: sem erosão ( ) , está ocorrendo desbarrancamento ( x ), acumulo de terra está prejudicando o fluxo do rio ( ), rio foi limpo recentemente ( ), Existem sulcos no chão ( ) , Há acumulo de terra no leito do rio ( x ). 6- ESGOTOS- Quanto aos efluentes: Não há tubulações direcionadas ao rio ( ), Há tubulações que despejam no rio (x ) Quantas? 2 Os lançamentos estão ocorrendo: Acima do ponto da coleta ( ), No ponto da coleta ( x ) 7- LIXO- Nas margens e no leito do rio: Há lixo? Sim ( x ), Não ( ) Onde? Nas margens ( ), Dentro do rio (no leito) ( ) Tipo de lixo: Restos de construção ( x ), Orgânico (folhas, galhos, restos de comida, etc.) ( x ), Resíduos industriais (panos, retalhos de couro, restos frigorífico, etc.) ( ), Entulhos (móveis, pneus, etc.) ( ), Animais mortos ( ) 25


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8-FAUNA- Quanto a fauna terrestre e aquática : Ausência total de animais ( ), Presença de animais domésticos ( ), Presença de peixes ( x ), Presença de animais silvestres e terrestres ( ), Moscas e/ou mosquitos ( x ), Ratos ( x). Avaliação da água A cor natural da água pode ser transparente ou amarelada em função da decomposição das folhas das árvores que caem no leito do rio. Geralmente, os rios que atravessam matas espessas apresentam coloração mais escura, sem contudo alterar sua qualidade do ponto de vista sanitário. No entanto, a cor da água pode apresentar alterações que indicam a presença de lançamentos de atividades industriais e domésticas. Para avaliação deste parâmetro,deverá ser preenchida a ficha de campo de acordo com os seguintes critérios:

9-QUALIDADE DA ÁGUA – Espumas Ausente ( x ), Espumas finas espalhadas ( ), Espumas finas só em ponto localizado ( ), Placas espessas ( x ). 10- Cor Cor Ausente (cristalina) ( ), Cor de chá forte ( x ), Cor de palha,( ) Cor de café ( ).

Materiais flutuantes e em suspensão

A avaliação deste parâmetro indica a presença de materiais que podem encontrar-se flutuando na superfície das águas ou sendo arrastados pela correnteza. Podem ser folhas e galhos de árvores, espumas ou outros materiais.

Desse

materiais em suspenso, muitos são sedimentáveis, ou seja, tendem a depositar-se nos fundos dos rios nos locais onde a correnteza é mais fraca. A deposição destes materiais causa o assoreamento do rio. 26


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11- Outros corpos flutuantes: Ausente ( ), Somente alguns materiais flutuantes ( x ), Superfície do rio coberta ( ), Cheiro A água, quando mantém sua característica natural , não deve apresentar cheiro.

Portanto, este parâmetro também pode ser utilizado com indicador da

presença de substâncias estranhas à composição da água. O cheiro pode indicar uma alta de concentração de algas azuis, se tornando tóxica, a água fica imprópria para o consumo. 12 Cheiro Ausente ( ) , Fraco ( x ) , Forte ( ) , Muito forte ( )

4. 3 Resultados obtidos de parâmetros físicos e químicos

Os resultados obtidos nos 3 meses de análise mostram que o nosso curso d´água (rio) é bastante poluído. Isso pode ser observado pela concentração de oxigênio dissolvido, que é bem baixa (3 a 0,5) isso indica que as bactérias que deveriam estar transformando a matéria orgânica em oxigênio não estão sendo suficientes para realizar a transformação. Existe acúmulo de matéria orgânica ( principalmente dos esgotos domésticos) e falta oxigênio, que seria utilizado na transformação da amônia e fosfato.

Os índices do nitrogênio confirmam os dados

do oxigênio, já que para o nitrogênio amoniacal ser transformado em nitrito, ele precisa do oxigênio dissolvido. Como a quantidade de oxigênio dissolvido é muito baixa e o rio recebe muito material orgânico, rico em nitrogênio na forma de amônia, esta não consegue se transformar em nitrito.

O excesso de nitrito em águas

representa um potencial risco para saúde,pois pode causar a meta-hO resultado encontrado na análise foi o que implica uma quantidade de nitrito que pode comprometer a qualidade de vida das pessoas.

27


28

4.4 Resultado do projeto de bioindicadores

O projeto “Bioindicadores de Qualidade de Água” trabalha o tema “Água: um recurso finito” utilizou os seguintes materiais: 1- Exposição Interativa: As atividades incluíram a utilização de material didático - a) pôsters com fotografias dos habitats e principais

organismos

bentônicos,

ciclo

da

esquistossomose,

e

principais

organismos encontrados nos ambientes aquáticos; b) Coleção Itinerante com os organismos fixados em álcool (coletados nos riachos localizados em Unidades de Conservação

e

nas

principais

bacias

hidrográficas),

c)

microscópios

estereoscópicos, para observação de detalhes dos organismos; d) aquários com organismos vivos para observação dos hábitos e comportamento dos principais bioindicadores; e) folders dos “Bioindicadores de Qualidade de Água” e f) bandejas com as principais espécies de moluscos encontrado no rio e reservatório 2 Atividades Lúdicas: a) Desenhos para colorir, diferenciando ambientes aquáticos poluídos e não poluídos, e os principais organismos encontrados nestes ecossistemas; b) jogo da memória, com fotos dos macroinvertebrados bentônicos indicadores de qualidade de água; c) jogo da “Batata Quente”, d) verdadeiro ou falso, e) prática da Ilha, f) percepção ambiental, utilizando questões atuais, como por exemplo, acúmulo de lixo, entulho, falta de saneamento básico e ocupação desordenada

4.5 Resultados a serem obtidos

Formação de recursos humanos com conhecimento em educação ambiental que contribuam para disseminação de informações sobre como preservar o meio ambiente, cuidando da água e dos recursos hídricos naturais e valorizando a biodiversidade dos ambientes aquáticos, como forma de diminuir os, impactos causados pela ação do homem sobre o ambiente incentivando a sua preservação. Professor e alunos bem formados e conscientes dos problemas que afligem o nosso bairro, que possam auxiliar às suas comunidades a conviver com o ambiente, de forma a conhecê-lo pra poder preservá-lo, buscando soluções locais para os seus problemas e desafios diários. Acredita-se que os bons resultados poderão ser divulgados em larga escala e auxiliar na implementação de medidas que sejam de utilidade para outras comunidades 28


29

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto de Educação Ambiental teve como desafio repassar aos alunos a importância de se preservar um rio. A proposta de utilização dos bioindicadores como ferramenta para avaliar qualidade de água chamou a atenção dos alunos para a importância da preservação de rios e lagos. Esta abordagem aproximou o aluno da sua realidade local, complementando e enriquecendo o material didático utilizado em sala de aula. É preciso mudar hábitos e construir conhecimento para melhorar a qualidade de vida. A compreensão e o estudo da diversidade aquática no Ribeirão dos Padilhas contribuindou para subsidiar atividades de extensão que levem à melhoria de metodologias de ensino, ajudando os professores na montagem de aulas práticas.

São pequenos gestos que, se forem esquecidos, podem gerar

graves conseqüências. Mas quando incorporados, ajudam a preservar e proteger os rios e suas bacias hidrográficas (CALLISTO et al., 2000). O interesse dos alunos pelas questões ambientais foi despertado pelo trabalho desenvolvido na escola. 0Através da Educação Ambiental tentamos levar a participação do indivíduo e do grupo em que está inserido na solução dos problemas (p.ex. risco de contaminação por doenças de veiculação hídrica, lançamento de lixo em ambientes aquáticos, dentre outros). Desta forma, as pessoas participam das atividades, desenvolvem progressivamente o conhecimento e adquirem ferramentas para enriquecer seu posicionamento frente às questões propostas, considerando o princípio de uma visão integrada dos problemas ambientais. Na escola foi discutida ações que podem ajudar a garantir a qualidade das águas, tais como: preservar a vegetação ciliar dos rios; tratamento de esgotos; destino adequado do lixo; além de evitar o desperdício e Manter as caixas d’água das residências sempre limpas e tampadas. A Educação Ambiental sozinha não é suficiente para resolver os problemas ambientais, mas é condição indispensável para que isso ocorra de forma adequada. Sua meta é contribuir para a formação de cidadãos conscientes de seu papel na preservação do meio ambiente e capacitá-los para tomar decisões sobre questões ambientais necessárias para o desenvolvimento de uma sociedade que utilize de forma sustentável os recursos naturais.

Com o desenvolvimento deste projeto

acreditamos estar contribuindo para a formação de cidadãos que possam mudar seu

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comportamento frente ao meio ambiente, passando a perceber a importância da conservação dos recursos hídricos.

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6. REFERÊNCIAS AZEVEDO NETTO, J. M. Técnica de abastecimento e tratamento de água. 2ed. São Paulo: CETESB/ASCETESB, 1987. v.1. BRANCO, S. M. Água: origem, uso e preservação. São Paulo: Moderna, 1993. 71p. CAIRNS JJr, McCormick PV, Niederlehner BR. A proposal framework for developing indicators of ecosystem health. Hydrobiologia 1993; 263: 1-44.

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CALLISTO, M.; BARBOSA, F. A. R.; VIANNA, J. de A. Qual a importância de uma coleção científica de organismos aquáticos em um projeto de biodiversidade? In: SIMPÓSIO DE ECOSSISTEMAS BRASILEIROS, 4., 1998. Anais... v. 2, p. 432-439.

GHETTI PF. I macroinvertebrati nell´analisi di qualitá dei corsi d´acqua. Manuale di applicazione. Volume allegato agli atti del convegno "esperienze e confronti nell´applicazione degli indici biotici in corsi d´acqua italiani". Ed. Provincia di Trento; 1986. GOULART, M. & M. CALLISTO. 2003. Bioindicadores de qualidade de água como ferramenta em estudos de impacto ambiental. Revista da FAPAM 2 (1): 156-164. IPPUC.

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RIETZLER, A.C. 2000. Bioindicadores de Qualidade de Água. Cartilha de Educação Ambiental. Belo Horizonte: Ed.Loicos Ltda.

ROSENBERG DM, Resh VH, organizadores. Freshwater Biomonitoring and benthic macroinvertebrates. NewYork: Chapman & Hall; 199 MACEDO, J. A. B. Águas e Águas . São Paulo: Varela, 2001. 505p.

MOTA, S. Preservação e conservação de recursos hídricos. 2 ed. Rio de Janeiro:

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