“No mistério do Sem-Fim, equilibra-se um planeta. E, no planeta, um jardim, e, no jardim, um canteiro: no canteiro, urna violeta, e, sobre ela, o dia inteiro, entre o planeta e o Sem-Fim, a asa de urna borboleta.”
DESENHO E REFLEXÃO
Cecília Meireles
No contexto do século passado marcado pela industrialização, Le Corbusier definiu a habitação em sua celebre frase - “a casa é uma máquina de morar”, influenciando o desenho modernista, com o estabelecimento de uma nova estética, adequada aos modos de produção, consumo, cultura etc. No entanto, as condicionantes são outras: sustentabilidade, baixo impacto energético e ambiental, responsabilidade social são as palavras de ordem. Vivemos no mundo midiático marcado pela terceira onda, com usos e costumes em transformação e pela real necessidade de redução dos impactos energéticos. Aquilo que idealizávamos como ficção é o hoje em transformação. Nesse sentido ainda que, engatinhando nesse início de século, entendemos que novos desenhos deverão ser pensados a partir de uma visão crítica daquilo que entendemos como as “reais necessidades” do homem contemporâneo. Questionar para propor é parte intrínseca da reflexão necessária a um investimento público desse porte, tendo como orientação às atuais mudanças de usos e costumes, as novas tecnologias, a necessidade de ampliação do ciclo de vida de edificações públicas etc. Dessa forma, acreditamos ser necessário o estabelecimento de um novo paradigma no que diz respeito nossa atuação, seja pelo incentivo a formulação de alternativas aos atuais sistemas de produção, consumo, transporte e mobilidade urbana, seja na implementação de procedimentos projetuais interdisciplinares que, desde o nascedouro, tenham como premissa o conceito bioclimático, baixo custo e a valorização das redes sociais. MEMORIAL DESCRITIVO. Por meio da leitura do programa de necessidades, organogramas e fluxogramas fornecidos, assim como, pela complexidade da topografia do terreno, pudemos identificar atividades que poderiam compartilhar os mesmos espaços, possibilitando, dessa maneira, a integração das duas instituições, conformando um único conjunto arquitetônico interligado por suas atividades comuns. Nesse sentido, nossa hipótese de trabalho parte da premissa da integração das duas instituições, compartilhando espaços que possam servir a usos comuns, possibilitando a redução da metragem quadrada do edifício, otimizando a infraestrutura predial, reduzindo custos, reafirmando assim, os princípios de sustentabilidade sugeridos no Edital. Dessa forma, um conjunto único de circulação vertical, sanitários e recepções atende às duas Instituições conformando-se assim, numa única espinha dorsal que integra os dois blocos: FATMA, voltado para a face Oeste e FAPESC situado na face Leste do terreno. A sua vez, as maiores testadas estão voltadas para o Norte, privilegiando a vista panorâmica do local e Sul, naturalmente protegida pela pelo perfil natural do terreno. De modo a favorecer a redução de impactos energéticos e ambientais e ainda, estimular o uso de transporte coletivo, solidário, bicicletas e outros, por tratar-se de projeto que visa fundamentalmente à sustentabilidade consideramos contraproducente e desnecessário a execução de extensos subsolos destinados a estacionamento. Dessa maneira, procurando seguir as linhas naturais do terreno, foram distribuídos os três subsolos destinados a estacionamento de veículos que, além de favorecer a permeabilidade do solo e redução significativa de custos, possibilitou a criação de acessos individualizados aos três principais patamares de maior fluxo público que afloram do terreno abrigando os auditórios e o anfiteatro destinado a atividades e eventos culturais. O pavimento térreo, integrando todo o conjunto, com as áreas sob pilotis destinadas ao ingresso principal, acesso à biblioteca, bar/ café e bicicletário, como uma pausa entre os pavimentos de escritórios e os auditórios, da forma a um verdadeiro belvedere do qual os usuários poderão avistar o belo e vasto panorama da região.
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