Ensino Médio - 1º ano
Língua Portuguesa Leitura, Redação e Gramática
Beatrice Costa, Carina Silva, Débora Berardo, Denise Tebaldi, Mônica Albiero
Unicamp 2012
Língua Portuguesa Leitura, Redação e Gramática
Ensino Médio - 1 ano o
Beatrice Costa, Carina Silva, Débora Berardo, Denise Tebaldi, Mônica Albiero
Unicamp 2012
Aos alunos e professores
Apresentação
E
ste fascículo trata do gênero discursivo charge que compõe o jornalismo opinativo, juntamente com o artigo de opinião. O objetivo deste fascículo é que haja compreensão acerca destes gêneros, desde a fase introdutória – o que é uma charge? –, suas características, diferenças para com outros meios visuais, como o cartum e os memes, levando os alunos, em seguida, a entenderem que as charges se compõem de linguagens tanto verbais quanto não verbais. Em conjunto com os artigos de opinião, há exercícios de elaboração de charges, bem como de elaboração de artigos a partir de uma charge já feita. O trabalho com os artigos auxiliará na capacidade de construir argumentos e desenvolvê-los através da linguagem. Na apresentação inicial, há uma discussão inicial sobre o tema, para que o professor possa acessar o conhecimento prévio que a classe como um todo tem em relação aos gêneros propostos. No Módulo 1, é apresentado o conceito de charge, a história, os recursos utilizados pelos chargistas para que a charge tenha as características jornalísticas: opinião, crítica e atualidade. Os exercícios têm o objetivo de avaliar os alunos sobre o
conhecimento apresentado, visando, também, o que eles já conhecem sobre alguns temas atuais, comuns nas charges. O Módulo 2 diz respeito às charges e outras linguagens não verbais, como os cartuns e os memes. Há exercícios de elaboração desses gêneros, além de exercícios de interpretação de charges. Este módulo é importante, pois o meme é um gênero atual, com que os alunos têm bastante contato através das redes sociais. O principal objetivo é levar os alunos a compreenderem a importância da charge enquanto crítica social. No Módulo 3, os alunos trabalharão com a linguagem verbal, no artigo de opinião. Serão apresentadas teoria, textos opinativos, exercícios de interpretação, além da elaboração de uma charge e a reescrita de um texto em que terá sido feito na Apresentação Inicial. No Módulo 4, será apresentado aos alunos um assunto muito importante, porém pouco discuti-
do nas escolas: a variação linguística. Este módulo mostrará ao aluno que a linguagem oral é diferente da linguagem escrita. Por fim, o último Módulo, 5, apresentará a atividade final, em que os alunos elaborarão um blog sobre e de charges. No módulo, eles trabalharão com charges feitas e terão de elaborar textos críticos a partir delas. O blog será um recurso atual e familiar aos alunos. Por isso, a disposição para um trabalho completo e eficaz através deste fascículo será de extrema importância para o resultado final. Como material suplementar, oferecemos alguns exercícios de vestibular e do ENEM que envolvem as charges. Fica a critério do professor utilizá-lo ou não em sala de aula.
Bom trabalho!
Apresentação Inicial: Discutindo o tema
© http://diretoportal.blogspot.com.br/2012/01/pra-pensar-um-pouco.html
O que são os desenhos acima? As quatro figuras acima são charges. Adiante, teremos leitura e exercícios para aprofundarmos nosso conhecimento sobre este tema.
© BLOGS.JOVEMPAN.UOL.COM.BR
© WWW.AMBROSIA.COM.BR
Atividade 1 Nesta primeira atividade, discuta oralmente com seus colegas e com o professor, as seguintes questões:
a) Você já leu algum texto relacionado com os temas das charges? b) Para entender as charges, você acredita ser indispensável ter um texto em conjunto sobre o assunto? c) A charge o/a estimularia a ler um texto relacionado ao tema, se ambos estivessem em uma mesma página de jornal, de revista ou de outro meio de comunicação? Por quê?
A charge e o texto
Atividade 2
Para esta atividade, é necessário ficar atento às charges, observá-las e escrever o que você conhece sobre os assuntos tratados nos textos. Lembre-se do que você conhece sobre política, sobre eleições, daquilo que você ouviu falar sobre assuntos polêmicos que possam estar associados às charges, dos programas de TV que noticiaram algo relacionado aos assuntos e produza um resumo de seus conhecimentos.
Ao professor: esta atividade pode gerar discussões positivas ou negativas. Sua participação para uma primeira discussão sobre os temas será fundamental para incentivar os alunos a compreenderem e responder sobre os possíveis temas das charges acima. Não há somente uma resposta, por isso o incentivo para que os alunos demonstrem opinião e comentem sobre os assuntos é fundamental. A atividade pode ser feita em grupo.
Atividade 3 Toda charge pode ser explicada através de um texto, para aprofundamento e/ ou melhor compreensão sobre o tema ao qual se refere. A partir da charge abaixo, produza um texto opinativo sobre o assunto.
Ao professor: esta atividade, conforme o cronograma das aulas, poderá ser feita extraclasse.
© http://inga-cidadao.com/?p=7942
Organize suas ideias: lembre-se de tudo o que sabe sobre o tema e não se esqueça de colocar no papel. Dê exemplos sobre o que será falado: além do que pode ser visto na charge, procure situações semelhantes para enriquecer o texto. Não fuja do tema. O tema da charge é o principal, portanto, escreva
o texto sempre de acordo com o assunto abordado. A charge está demonstrando uma opinião sobre o assunto: você pode defendê-lo ou mostrarse contrário. Mas, lembre-se de apresentar os dois lados. Não se esqueça de prestar atenção na ortografia e nas pontuações.
DICAS
Módulo 1: Aprofundando o tema Neste módulo, cabe a(o) professor(a) escolher iniciar o tema antes da leitura dos textos com uma discussão em sala, para que os alunos desenvolvam o assunto antes da leitura do texto. A charge é um gênero discursivo que costuma combinar elementos verbais e não-verbais, com o intuito de satirizar, ironizar, criticar, expressar algo sobre o meio social no qual está inserida. Ela pode, em certa medida, ser caracterizada com o um texto de opinião, aquele em que o autor expressa seu ponto de vista sobre determinado assunto, argumentando através, muitas vezes, da ironia. É apresentada em jornais e revistas e, em geral, localiza-se nas páginas iniciais.
História da Charge A
charge surgiu na França, em função do controle que o Estado detinha sobre a imprensa, que usava o gênero como forma de protesto. No Brasil, as charges apareceram no século XIX, com a vinda de pintores e desenhistas europeus. No começo, as charges eram diferentes das que comumente conhecemos hoje, mas, no final da Monarquia, o humor passou a fazer parte de sua composição, para criticar a política imperial da época. Nesse período, as charges foram se moldando ao seu perfil usual, não servindo somente à transmissão de humor, mas, também, à produção de reflexão. A charge ganhou espaço e conseguiu mostrar que,
em assuntos de interesse público, reflete o pensamento de uma sociedade e, de certa forma, está ligada diretamente a ele. A leitura interpretativa de charges é uma habilidade muito enfocada em vestibulares, na disciplina de Língua Portuguesa e é frequentemente usada com base de textos para a redação. Isso acontece porque a charge é um texto em que, muitas vezes, a linguagem verbal não é usada (não há textos escritos) e, portanto, exige um bom nível de conhecimento de mundo e competência para criticar e interpretar os fatos/ opiniões inseridos nela. Por isso, é importante a leitura de charges, para ampliar o nível de compreensão.
Para ler Livro “Sentidos do Humor, trapaças da razão, a charge”
© Casa Rui Barbosa
Sentidos do humor, trapaças da razão: a charge, de Luiz Guilherme Sodré Teixeira, é o resultado de uma ampla pesquisa desenvolvida no setor de história do Centro de Pesquisa da casa de Rui Barbosa. O texto apresenta uma abordagem nova do tema, ao enfocar a charge não simplesmente como desenho de humor que estrutura sua linguagem como reflexão e crítica social, mas como instrumento de reflexão e fonte de pesquisa, um produto cultural produzido sob condições históricas definidas, num tempo e espaço socialmente determinados. FONTE: http://rosebud-rose-bud.blogspot.com.br/2006/06/sentidos-do-humor-trapaas-da-razo.html
Recursos presentes em charges Efeito de Humor Todo ato de comunicação implica um propósito. O texto humorístico tem propósitos específicos: enquanto diverte, produz efeitos de sentido entre sujeitos, visto que nasce em um contexto histórico-social que muitas vezes o justifica. Entender, no entanto, como o humor se explica nem sempre é tarefa simples. Precisamos analisar os recursos envolvidos em sua produção para entendermos o efeito de humor pretendido. (CARMELINO, 2011) Nas charges, o efeito de humor é uma das fortes características. Desse modo, tornam as críticas e opiniões mais leves. Ela desmascara alguns assuntos e quebra alguns tabus, de maneira inteligente e criativa. Buscando o efeito de humor, o chargista utiliza diversos recursos, tanto verbais (recursos visuais e sonoros) quanto não verbais (ambiguidade e ironia). O uso de trocadilhos, jogos de palavras semelhantes no som e diferente no significado, ocasionando equívocos, também é um recurso bastante utilizado. O efeito de humor se dá pela junção desses recursos verbais com os não verbais. Partindo dessas ideias, discuta em sala os elementos que possibilitam o efeito de humor da charge abaixo:
©http://blogdoonyx.wordpress.com/category/corrupcao-nao/
Ironia
©http://grlaudio.blogspot.com.br/2011/09/piadas-sobre-musicamusicos.html
Observando a charge acima, podemos pensar no recurso da IRONIA, que consiste em afirmar o contrário daquilo que se quer dizer, daquilo que se pensa de fato sobre algo ou alguém, provocando uma distância intencional entre o que dizemos no momento e o que pensamos de fato. Na Literatura, é utilizada para zombar, com vista a obter uma reação do leitor. Pode ser utilizada também como mecanismo para denunciar, criticar ou mesmo para censurar algo. Nas charges é perceptível esse recurso, que geralmente surge a partir de um assunto polêmico ou relevante, em que se tem, de certa forma, a opinião do autor da charge através de ironia e crítica. Basta olhar o exemplo acima: de que modo a ironia se manifesta?
Ao professor: Você deverá discutir com seus alunos onde há ironia na charge acima, lembrando que o Rock in Rio é um festival de música original do Brasil, criado em 1985, em que artistas do rock são convidados a fazer shows por diversos dias. Vale destacar também para os alunos que Claudia Leitte é uma famosa cantora de axé do Brasil. Assim sendo, como uma fã de axé pode estar no mesmo evento que um fã de rock?
AMBIGUIDADE
O conceito de “ambiguidade” abarca o fato de que, na sua instauração, é possível depreender mais de um sentido para um mesmo objeto linguístico. Em outras palavras, é a indeterminação de sentido que palavras ou expressões podem apresentar, dificultando, portanto, a compreensão do enunciado. Segundo Tânia Serrano Nakamura a função da ambiguidade é sugerir significados diversos para uma mesma mensagem. É uma figura de palavra e de construção. Embora funcione como recurso estilístico, a ambiguidade também pode ser um vício de linguagem, que decorre da má colocação da palavra na frase. Nesse caso, deve ser evitada, pois compromete o significado da oração (TAVARES, 2010). Existem diversos tipos de ambiguidade. Entre eles, estão dois mais frequentes:
- Estrutural É quando a posição da palavra em determinada frase gera a ambiguidade Exemplo:
O bêbado bateu na velha de bengala
Esta sentença pode fazer com que cada um entenda a situação de uma das formas abaixo:
1
A velha é quem tinha a bengala
FONTE: http://pt.scribd.com/doc/38690790/2/A-ambiguidade-estrutural
2
O homem usou a bengala para bater na velha
- Lexical Ocorre quando a própria palavra gera o sentido ambíguo na situação proposta.
Nesse caso, vemos que a palavra SAÚDE permite a ambiguidade de situações. Se no primeiro quadro podemos entender que certa quantia em dinheiro será aplicada à Saúde de modo geral, pensando em hospitais, médicos e remédios para a população, no segundo quadro ela permite que o sentido seja totalmente alterado, pois o dinheiro fica apenas para os dois personagens do primeiro quadro.
Importante
É preciso entender que, nas charges, a AMBIGUIDADE não é um equívoco linguístico. Na maioria dos casos é utilizada propositalmente como uma importante ferramenta do discurso, como forma de ironizar e elaborar argumentos e críticas a diversas situações sociais.
Agora é a sua vez! 1) Quais palavras abaixo são fundamentais para construir a ambiguidade e permitir a ocorrência do humor?
©http://www.tvsaj.net/2010/10/o-dia-d-brasil-escolhe-seu-presidente.html
Ao professor: as palavras POLVO e LULA são fundamentais. 2) Qual a ironia presente na charge abaixo?
©http://www.filologia.org.br/xiv_cnlf/tomo_1/465-475.pdf
Ao professor: O fato da família ser pobre e o homem estar afirmando que o OURO pertence a eles gera a ironia. Ele diz isso referindo-se ao que está assistindo na televisão, mas gera a ironia pois sua família evidentemente não possui ouro nenhum.
Para ler Livro “Antes Charge do que nunca”
Atorres é um artista do desenho e do humor com o mérito de transitar inteiramente à vontade pelos mais diferentes temas. Da política ao futebol, do social ao econômico, da violência à poesia, essa seleção de charges publicadas no Diário do Pará diverte e nos faz refletir. O livro é um belíssimo painel desses anos de extrema criatividade no dificílimo exercício de parir uma charge por dia. Coisa de craque. ©Blog do Atorres
FONTE: http://blogdogersonnogueira.wordpress.com/2011/01/12/vem-ai-antes-charge-do-que-nunca/
Linguagem verbal e não verbal
A
linguagem é um conjunto de representações simbólicas e de diversos tipos de relações entre elas, decorrendo daí infinitos enunciados a partir de um número finito de signos e símbolos. Assim, pela linguagem, ocorre o uso da língua como forma de expressão e de comunicação entre as pessoas. No entanto, a linguagem não é somente um conjunto de palavras faladas ou escritas, mas, também, de gestos e imagens. Afinal, não nos comunicamos apenas pela fala
ou escrita, não é mesmo? Desse modo, notamos a existência de dois tipos de linguagem: verbal e não verbal. A linguagem verbal é composta pelos signos escritos ou falados, que constituem textos verbais. Já a linguagem não-verbal é o uso de símbolos, em imagens, na dança, na postura corporal ou gesto, na pintura, música, mímica, escultura. Ela é constituída por outras linguagens que não a verbal – a imagética, a gestual, a sonora.
Discussão em sala: A charge abaixo está repleta de significado, embora não possua um texto. Qual é a leitura que você faz sobre ela? © http://mundo-das-letras.blogspot.com.br/2012/05/analise-de-charge-desmatamento.html
Ao professor: Você pode fazer essa atividade se tornar um jogo. Divida a sala através das fileiras e peça para que os grupos escrevam palavras/ frases que transmitam a mensagem da charge. Em seguida, os grupos podem escrever na lousa tudo o que encontraram, a fim de perceber os diferentes pontos de vista e enriquecer a percepção do aluno.
Atividade 4 Analise as charges a seguir e responda as questões:
© http://grafar.blogspot.com.br/2008/08/charge-eugnio_25.html
© http://grafar.blogspot.com.br/2008/09/charge-eugnio.html
1. Essas charges fazem alusão a um momento histórico específico do Brasil. Você saberia dizer qual? Ditadura Militar do Brasil, que durou entre 1964 e 1985. O Regime militar foi o período da política brasileira em que militares conduziram o país. No Brasil teve seu início com o golpe militar de 31 de março de 1964, que culminou no afastamento do Presidente da República, João Goulart, e tomando o poder o Marechal Castelo Branco. Este golpe de estado, caracterizado por personagens afinados como uma revolução instituiu no país uma ditadura militar, que durou até a eleição de Tancredo Neves em 1985. Os militares na época justificaram o golpe, sob a alegação de que havia uma ameaça comunista no país.
2. O que você sabe sobre o tema abordado por elas? Esta questão poderá ser amplamente discutida. É importante reavivar o conhecimento de mundo dos alunos através de acontecimentos, como exílio de artistas, por exemplo, em função da censura aos meios de comunicação, os métodos violentos de tortura usados pelos militares. É importante o professor responder à questão, mas não sem antes discutir o tema para que os alunos possam participar ativamente
da resposta. Sobre os arquivos da Ditadura, assunto divulgado pela mídia, inclusive impressa, cabe ao professor questionar o que os alunos sabem a respeito, se eles já ouviram falar sobre o/a Presidente/a da República ter ou não de abrir os arquivos do período.
3. Qual é a crítica feita pelas charges? Ela está implícita ou explícita? A crítica feita é sobre o projeto que acaba com o sigilo eterno de documentos oficiais da Ditadura Militar. A abertura dos arquivos permitiria que toda a história fosse revelada, reconstruída e esclarecida. Um dos argumentos usados para que a abertura dos arquivos ocorra é que todo e qualquer arquivo que possa esclarecer questões sobre violações de direitos humanos tem que estar aberto ao conhecimento público. A primeira imagem mostra um militar, em tom de ironia (recurso usado pela charge), dizendo que os arquivos devem ser escondidos, porque, segundo a história nos conta, eles contêm informações que podem comprometer a seriedade passada pelos militares na época. Já a segunda imagem, mostra Lula, presidente na época em que a questão foi popularmente levantada, já que havia aliados ao governo que pediam a abertura dos arquivos, entretanto, os militares exigiam que não fosse aberto. Por isso a charge critica a dúvida de Lula entre abrir ou não.
4. Seria possível ter a mesma interpretação destas charges sem a imagem (linguagem não-verbal)? Não. A imagem é essencial para a compreensão da charge, pois os textos contidos nela tornam-se sem sentidos se analisados isoladamente. Pelo título “Os arquivos da Ditadura” é possível perceber que o diálogo trata-se justamente do fato, porém não seria possível saber quem fala, a quem é referido etc.
5. Coloque-se como o autor das charges e escreva um novo texto de que gênero? para cada uma delas.
Por se tratar de uma charge, seria importante que os alunos trabalhassem com a ironia, recurso quase sempre presente. Porém, esta é uma atividade que servirá para que o professor avalie o nível de conhecimento de cada aluno, ou seja, alguns poderão perceber que é importante o humor estar presente, outros, não. É importante deixar o aluno criar o máximo possível, desde que não fuja do tema. Mas, caso haja algum texto criado que fuja do tema, mas que, através da imagem, tenha se tornado engraçado e/ou com sentido, não há motivo para não considerar e discutir as ideias com a sala toda.
Análise gramatical
Atividade 5 (UNIFESP) Considere a charge:
I. O advérbio já, indicativo de tempo, atribui à frase o sentido de mudança. II. Entende-se pela frase da charge que a população de idosos atingiu um patamar inédito no país. III. Observando a imagem, tem-se que a fila de velhinhos esperando um lugar no banco sugere o aumento de idosos no país. Está correto o que se afirma em A) I apenas. B) II apenas.
C) I e II apenas. D) II e III apenas. E) I, II e III. Resposta correta: E
(UFSCar) Analise a charge:
Trata-se de uma charge publicada por um jornal brasileiro por ocasião da eleição do sul-coreano Ban Ki-Moon, como presidente da ONU, e da realização de um teste nuclear a mando do ditador norte-coreano Kim Jong-il. a) Como a diferença de emprego sintático do verbo vencer modifica o sentido das duas frases? No primeiro caso, “vencer” é INTRANSITIVO e ONU é adjunto adverbial de lugar. No segundo caso, “vencer” é TRANSITIVO DIRETO e ONU é objeto direto.
b) “Reconstrua” as duas frases, de maneira que os sentidos sugeridos pelas imagens fiquem, também, explícitos no texto escrito. Uma das possibilidades: Sul-corenano vence eleição na ONU e Norte-coreano vence ONU na polêmica dos testes nucleares.
Módulo 2: Charge e outras linguagens não-verbais
Q
Curiosidade: charges versus cartum
uando falamos em imagem e desenho, inúmeros são os fatores sociais, culturais e históricos que contribuíram para o surgimento dessa forma de expressão. Uma simples definição não é suficiente para passar a limpo a riqueza de informações que a imagem, como linguagem gráfica, traz consigo. A charge e o cartum são duas formas de manifestação da imagem com o foco principal na situação, assunto ou um determinado fato ocorrido. A diferença entre a charge e o cartum é que a primeira relata um fato ocorrido em uma época definida, dentro de um determinado contexto cultural, econômico e social específico e que depende do conhecimento desses fatores para ser entendida, trabalhando principalmente com a temática política.Fora desse contexto, a charge provavelmente perderá sua força comunicativa, portanto será perecível. Em função desta característica, a charge tem um papel importantíssimo como registro histórico. Já o cartum relata um fato universal que não depende do contexto específico de uma época ou cultura, sendo assim atemporal. Temas universais como o náufrago, o amante, o palhaço, a guerra, o bem versus o mal, são frequentemente explorados em cartuns. São temas que podem ser entendidos em qualquer parte do mundo por diferentes culturas em diferentes épocas É comum vermos a ausência de textos em cartuns, como no exemplo abaixo. São os chamados cartuns pantomímicos ou cartuns mudos, em que a ideia é representada somente pela expressão dos personagens no desenho sem que seja necessário o emprego de texto como suporte.
CARTUM
©http://www.oesquema.com.br/mauhumor/category/cartum
Atividade 6 Responda as questões baseando-se na charge abaixo:
© http://www.blogdobauru.com.br/2009/12/analise-de-charges-um-novo-foco-num.html
1. Qual a crítica provocada por essa charge? É possível notar que a charge faz uma crítica ao distanciamento que as novas tecnologias causam nos relacionamentos. Se antes, o casal se beijava antes de dormir, hoje, faz isso por meio do virtual o que gera afastamento de pessoas que deveriam estar não só próximas, mas também ligadas.
2. Qual efeito visual ajuda na compreensão dessa crítica? Os principais símbolos visuais que ajudam na compreensão da charge são: os computadores e os balões que representam o beijo.
3. Você acredita que, se essa charge apresentasse um texto verbal, seria mais fácil sua compreensão? Não, porque a linguagem não verbal é tão carregada de sentidos quanto a escrita. Desse modo, a linguagem não verbal pode ser mais ilustrativa e de fácil compreensão.
4.
Elabore um texto para relacionar-se com a imagem dessa charge.
Essa resposta é pessoal, mas o aluno pode escrever de modo a justificar com exemplos próprios o quanto as novas tecnologias tem influenciado, de forma benéfica ou não, a vida dele (a).
Descobrindo Atividade 7
Qual é a crítica presente nos memes ao lado? O que chama a atenção neste tipo de mensagem? Discuta em grupo.
Resposta pessoal, que pode ser feita através das experiências pessoas dos próprios alunos, questionandoos se já passaram por situação semelhante. A crítica envolve os relacionamentos interpessoais comuns nos dias de hoje, que, em muito, são influenciados pelas redes sociais.
©www.jiboiando.com
Charge versus memes O que são os MEMES? Quem criou oficialmente o termo meme foi o escritor Richard Dawkins, no ano de 1976, em seu livro “O Gene Egoísta”. Em resumo, meme é uma ideia que se propaga rapidamente, de maneira viral. Na Internet, não dá para afirmar com certeza quem foi o primeiro a utilizar o termo meme, mas existem indícios de que Joshua Schachter, criador do serviço Memepool – em que os usuários podiam postar suas ideias na web – foi um dos primeiros. Em 2000, durante o Contagious Media, o termo meme foi usado por palestrantes para fazer referência a mensagens que se propagam rapidamente e que têm seus significados alterados conforme o contexto em que são colocadas. (Fonte: http://www.superdownloads.
com.br/materias/que-memes. html#ixzz1vdKNf6z0, acessado em 12 de abril de 2012)
Os memes são feitos a partir de palavras, sons, desenhos, fotos, vídeos, valores estéticos e morais e utilizam diversos elementos que os tornem interessantes a ponto de popularizá-los rapidamente pela rede. Levando em conta os memes que fazem sucesso nas redes sociais atualmente, vale dizer que eles são produzidos pelos próprios internautas. Eles invadiram as redes sociais (principalmente através do Facebook) e estão cada vez mais presentes em nosso cotidiano, porque são produzidos a partir de interpretações pessoais a respeito do dia a dia com as quais diversas pessoas que estão navegando na internet podem se identificar.
Você responde: ... E por que os memes são diferentes das charges? a) Além de uma proposta estética diferente, as críticas feitas não tem valor nenhum para a sociedade atual b) Porque apesar de também fazerem críticas importantes, tratam de temas do cotidiano, enquanto as chages lidam com questões sociais e, principalmente, políticas c) Mesmo trabalhando com críticas, os memes não poderiam ser confundidos com as charges porque seus desenhos não demandam nenhuma capacidade artística ou criatividade.
Se você respondeu a alternativa B, acertou!
Exercícios 1. Observando o meme e a charge abaixo, identifique o que há de semelhanças e diferenças entre ambos. © http://www.facebook.com/Jovemdoido
© http://mai-brito.blogspot.com.br/2010/12/nascidos-na-era-digital.html
Resposta pessoal. É importante a participação dos alunos, inclusive através das próprias experiências. Por exemplo, se desde crianças, eles usavam o computador diariamente, se havia restrição de uso na casa etc. Cabe ao professor, juntamente com os alunos, a visão crítica acerca do tema tecnologia e crianças (fase de desenvolvimento).
2. Sendo a charge um recurso utilizado para retratar um fato atual de muita importância e visibilidade na mídia e pela população em geral, responda, de acordo com sua opinião, porque ela não é tão popular nas redes sociais quanto os memes? Resposta pessoal. O fato de a charge quase sempre surgir a partir de um assunto político, econômico, social tem bastante relevância.
Atividade 8 Utilize um dos programas sugeridos abaixo para conhecer a fundo e criar seus próprios memes. Note que você pode olhar os tutoriais indicados (que ensinam a mexer nos programas) para escolher seu preferido: a) LOL BUILDER: http://builder.cheezburger.com/builder/rage Tutorial:http://www.tecmundo.com.br/quadrinhos/12239-como-fazer-suasproprias-tirinhas-com-memes.htm b) RAGE MAKER: http://www.ragemaker.com Tutorial: http://www.youtube.com/watch?v=ko7zhh4jcys
c) MEME MAKER: http://www.mememaker.com Tutorial: http://www.youtube.com/watch?v=EPgeGlzgr2k
Ao professor: esta atividade deverá ser realizada no laboratório de informática, com o intuito dos alunos aprimorarem os conhecimentos dados em sala de aula. No caso da utilização da sala de informática ser impossível, você pode pedir para que os alunos façam a atividade em casa. Eles vão adorar!
Módulo 3: Charge como interdiscurso com textos verbais escritos no jornal impresso Atividade 9 Leia atentamente os dois textos abaixo:
- Texto 1 Salvador é uma mentira Sou de uma geração que via em Salvador a terra da felicidade e da criatividade por causa de gente como Gil, Caetano, Glauber, Jorge Amado, Verger, Bethânia, Gal, João Ubaldo, e por aí. Essa imagem de alegria e da descontração ficou por causa do majestoso Carnaval de rua. Mas é uma mentira --e a violência que se vê ali, depois da greve, é um retrato profundo. Por razões familiares, vou com constância para Salvador e o que vejo é uma cidade cada vez mais decadente e violenta --vemos isso pelo lixo na rua e pelos indicadores de morte na periferia, além do aumento do roubo. Mas o pior sinal, o mais trágico, é a gigantesca fuga de cérebro da cidade. São
talentos da publicidade, da medicina, do marketing, das finanças, que vêm para São Paulo ou Rio. É gente simbolizada por tipos como Nizan Guanaes. Tire os baianos da publicidade paulista e tenta imaginar quantas empresas a menos teríamos --e quantos prêmios não viriam. Com tantos talentos, São Paulo deveria pagar royalties para a Bahia. Recife para segurar seus talentos criou, por exemplo, o Porto Digital e passou a exportar software. Os baianos que conheço, principalmente os que saíram, são muito mais duros com Salvador que eu estou sendo neste momento. A boa notícia é que dá para reverter, como mostra o Rio, cada vez mais exuberante economicamente. Mas o êxodo de cérebros faz desse desafio quase uma missão impossível. (Gilberto Dimenstein, Folha de S.Paulo, 06/02/2012)
- Texto 2 Quem mentiu para Dimenstein? Meu bairrismo ofendido me diz desde o começo da semana que eu preciso procurar Gilberto Dimenstein para dar uma rasteirinha nele e, sei lá, acertarmos nossas contas em uma luta de gel por conta daquela coluna dizendo que Salvador era uma mentira. O que me ajuda nessa questão é que o argumento dele para dizer essa maluquice é tão magrinho quanto o próprio Dimenstein, o que torna o golpe bem mais fácil para mim. Basta dar um pequeno – bem leve – empurrão em apenas um ponto para derrubar o texto inteiro: quem, afinal, mentiu para Dimenstein? Até onde me consta, o Brasil herdou de Portugal uma característica que eu particularmente gosto muito que é o hábito de sempre falar mal de si, se menosprezar, falar de todos os seus problemas para quem é de fora. Portugal tem esse “issue” consigo mesmo por conta de ter sido grande e hoje ser pequeno, por ter perdido Dom Sebastião etc. Quando chegaram aqui, os portugueses nos ensinaram a ser como eles e quem aprendeu melhor foram os baianos, é claro. Desde que me entendo por gente, meu pai fala mal da
Bahia. Fala que a gente é muito esculhambado, que nada nunca dá certo por lá. Temos momentos de ufanismo, é claro, mas é difícil conversar com um baiano por mais de meia hora sem ouvi-lo falar mal da Bahia. Nunca me aconteceu. Nossos artistas – todos aqueles que Dimenstein cita em seu texto – são especialistas em passar a real sobre a Bahia. Não consigo lembrar de ter visto luxo e riqueza em nenhum dos filmes de Glauber Rocha, em nenhum dos livros de João Ubaldo. Não é no dinheiro, na orla bem conservada ou em qualquer material objetivo que consiste a beleza de Salvador. É um lugar mágico, sério. Não consigo conceber que alguém tenha lido Jorge Amado sem notar que ele deixa bem claro que nessa cidade quase todo mundo é pobre, que a cidade é pobre e que é tudo meio decadente. Pedro Bala é o dono da cidade, lembra? Há uns cinco anos, a neta de Jorge Amado decidiu filmar “Capitães da Areia” e deu uma entrevista para o “A Tarde” dizendo que a cidade estava tão decadente quanto na época do livro, o que era ruim para a cidade, mas bom para o filme. Não consigo lembrar de uma só música de Caetano que fale sobre Salvador sem inserir algum tipo de crítica. Mesmo as letras que têm um inegável amor pela Bahia falam mal da Bahia. “Sua
suja Salvador”, “a porcaria da cidade”, “a mim me bastava que o prefeito desse um jeito na Cidade da Bahia”. Eu não sei que tipo de música baiana Dimenstein andou ouvindo para não ter reparado nesses trechos. Ou sei. Talvez ele tenha passado tempo demais ouvindo “We Are the World of Carnaval”, jingle publicitário disfarçado de música que Nizan Guanaes – cérebro baiano em fuga, na visão de Dimenstein – escreveu na década de 1990 para dizer que a Bahia era o paraíso. Nizan Guanaes, no entanto, é exatamente o tipo de cérebro que eu gostaria de ver fora da Bahia. Azar o de São Paulo por ter recebido uma pessoa com um entendimento tão profundo do espaço público
que criou o primeiro camarote vip para segregar quem ele considera importante do resto da população que frequenta o carnaval de Salvador. Texto meio confuso esse que começa dizendo “Salvador é uma mentira, nós fomos enganados” e termina elogiando publicitários e autores da mentira. Espero que São Paulo faça bom proveito desses cérebros, dessas agências e desses prêmios citados por Dimenstein porque eu, que sou só uma repórter, não me considero um cérebro em fuga, me considero mesmo é uma retirante (ou será que o conceito de retirante também é uma mentira?). (Juliana Cunha, http://julianacunha.com/blog/2012/02/09/ quem-mentiu-para-dimenstein/, 09/02/2012)
Após a leitura, responda as questões a seguir: 1. De acordo com a leitura dos dois textos, é notório que ambos tratam do mesmo assunto, sendo um, inclusive, um contra-argumento do outro. Responda qual texto contra argumenta o outro e, em seguida, identifique os tópicos em comum dos textos, em que há argumentações contrárias. O texto da autora Juliana Cunha contra-argumento o texto de Gilberto Dimenstein. Isso pode ser percebido, além das datas dos textos, através dos argumentos do texto 2 que sugerem uma possível falta de conhecimento do autor do texto 1 a respeito da cidade de Salvador. Como exemplo, o próprio título do texto 2 já insinua uma discordância; os artistas citados no texto 1, cujo argumento é a felicidade acerca da cidade, são apresentados no texto 2 como pessoas baianas que também falam mal da cidade. Outro argumento usado no texto 1 refere-se ao fato de os “grandes cérebros” da cidade não morarem
mais em Salvador, que é contra argumentado no texto 2 afirmando que a pessoa considerada com um “grande cérebro” (Nizan Guanaes) é um tipo de pessoa que ela gostaria de ver fora de Salvador.
2. Ambos os textos citam outras cidades. Quais são? Os comentários acerca das cidades são positivos ou negativos? No texto 1 são citadas São Paulo, Recife e Rio de Janeiro. No texto 2, São Paulo. No primeiro texto, o autor enaltece o desenvolvimento econômico e social das cidades, seja pelo fato de haver baianos morando nos locais, seja por méritos próprios. Já, no segundo texto, a autora utiliza um recurso não verbal, a ironia, para dizer que a cidade de São Paulo não é beneficiada por receber pessoas baianas citadas no texto 1, já que, no caso da própria autora, subentende-se que ela mora na cidade, mas não se considera um “grande cérebro”, mas uma retirante.
3. Qual o termo usado pela autora do texto 2 que evidencia sua origem baiana? Você considera os argumentos por ela suficientes para convencer o interlocutor de que o que Gilberto Dimenstein (texto 1) escreveu é de fato uma mentira, conforme acusado no título de seu texto? Por quê? O termo é “bairrismo ofendido”. Resposta pessoal. Cabe, neste exercício, pedir aos alunos que releiam os textos. O importante não é saber qual texto os alunos preferem, mas fazê-los observar que uma leitura crítica é importante e que, na maioria dos casos, ela pode ser influenciada através dos argumentos usados. Não cabe julgar os autores, mas analisá-los de acordo com os argumentos convincentes ou não mostrados ao leitor.
Artigo de opinião
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O
artigo de opinião é um texto em que o autor se posiciona diante de algum tema. É um texto dissertativo que necessita de um recurso muito forte: a argumentação. No texto, portanto, além de conter a opinião do autor, deve ter argumentos que sejam coerentes e que façam sentido, até mesmo diante de pessoas que discordem da opinião exposta. O artigo geralmente é escrito em primeira pessoa, pois reflete a opinião do autor, mas não é uma obrigatoriedade. O mais importante é que as ideias defendidas sejam de responsabilidade do autor, por isso o artigo é, em geral, assinado por um especialista no assunto. Esse gênero de texto é comum em revistas e jornais e, podem ser apresentados juntos com a charge, que também representa a opinião de quem a criou sobre determinado ponto de vista de algum assunto. Não é raro encontrar um artigo de opinião e uma charge sobre o mesmo tema, que pode ser política, educação, esporte, entre outros nos veículos de comunicação impressos e em portais de notícias da internet.
Como é estruturado o artigo de opinião? Em primeiro lugar, o autor contextualiza, ou seja, ele apresenta introdutoriamente o motivo pelo qual o artigo foi escrito. Após a apresentação, é importante que o autor se posicione a respeito do assunto, mostrando sua opinião, para que, ao longo do texto, o interlocutor saiba o que o autor pensa a respeito do assunto. Depois de apresentar sua tese, o autor deve argumentar sobre o assunto. Para que sua opinião se sustente, é indispen-
sável mostrar boas argumentações, com informações que justifiquem a opinião, exemplos que possam auxiliá-lo nos argumentos, possíveis consequências acerca daquilo que se defende. É importante o autor apresentar um contra-argumento, ou seja, uma opinião diferente da defendida, para que, em seguida, ele possa argumentar através de novas ideias para reforçar sua crítica e opinião. Por fim, o autor pode concluir, geralmente com retomada de seus argumentos.
APROFUNDANDO O ASSUNTO Você já deve ter notado que um dos recursos indispensáveis na construção de um artigo é a argumentação. Esta pode ser construída de diversas maneiras, como veremos a seguir: ARGUMENTAÇÃO Há diferentes tipos de argumentos e a escolha certa consolida o texto:
1. Argumento de Autoridade: As idéias e os argumentos se
sustentam pela citação de uma fonte confiável, que pode ser um especialista no assunto ou dados de instituição de pesquisa, uma frase dita por alguém, líder ou político, algum artista famoso ou algum pensador, enfim, uma autoridade no assunto abordado. A citação pode auxiliar e deixar consistente a tese. Não se esqueça de que a frase citada deve vir entre aspas. Veja: O cinema nacional conquistou nos últimos anos qualidade e faturamento nunca vistos antes. “Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça” - a famosa frase-conceito do diretor Gláuber Rocha – virou uma fórmula eficiente para explicar os R$ 130 milhões que o cinema brasileiro faturou no ano passado. (Adaptado de Época, 14/04/2004)
2. Argumento por Causa e Conseqüência: para comprovar
uma tese, você pode buscar as relações de causa (os motivos, os porquês) e de conseqüência (os efeitos). Observe:
Ao se desesperar num questionamento em São Paulo, daqueles em que o automóvel não se move nem quando o sinal está verde, o indivíduo deve saber que, por trás de sua irritação crônica e cotidiana, está uma monumental ignorância histórica. São Paulo só chegou a esse caos porque um seleto grupo de dirigentes decidiu, no início do século, que não deveríamos ter metrô. Como cresce dia a dia o número de veículos, a tendência é piorar ainda mais o congestionamento – o que leva técnicos a preverem como inevitável a implantação de perigos. (Adaptado de Folha de S. Paulo. 01/10/2000)
3. Argumento de Exemplificação ou Ilustração:
a exemplificação consiste no relato de um pequeno fato (real ou fictício). Esse recurso argumentativo é amplamente usado quando a tese defendida é muito teórica e carece de esclarecimentos com mais dados concretos. Veja o texto abaixo:
A condescendência com que os brasileiros têm convivido com a corrupção não é propriamente algo que fale bem de nosso caráter. Conviver e condescender com a corrupção não é, contudo, praticála, como queria um líder empresarial que assegurava sermos todos corruptos. Somos mesmo? Um rápido olhar sobre nossas práticas cotidianas registra a amplitude e a profundidade da corrupção, em várias intensidades. Há a pequena corrupção, cotidiana e muito difundida. É, por exemplo, a da secretária da repartição pública que engorda seu salário datilografando trabalhos “para fora”, utilizando máquina, papel e tempo que deveriam servir à instituição. Os chefes justificam esses pequenos desvios com a alegação de que os salários públicos são baixos. Assim, estabelece-se um pacto: o chefe não luta por melhores salários de seus funcionários, enquanto estes, por sua vez, não “funcionam”. O outro exemplo é o do policial que entra na padaria do bairro em que faz ronda e toma de graça um café com coxinha. Em troca, garante proteção extra ao estabelecimento comercial, o que inclui, eventualmente, a liquidação física de algum ladrão pé-de-chinelo. (Jaime Pinksky/Luzia Nagib Eluf.. Brasileiro(a) é Assim Mesmo, Ed.Contexto)
4. Argumento de Provas Concretas ou Princípio:
ao empregarmos os argumentos baseados em provas concretas, buscamos evidenciar nossa tese por meio de informações concretas, extraídas da realidade. Podem ser usados dados estatísticos ou falsos ou fatos notórios (de domínio público).
São expedientes bem eficientes, pois, diante de fatos, não há o que questionar... No caso do Brasil, homicídios estão assumindo uma dimensão terrivelmente grave. De acordo com os mais recentes dados divulgados pelo IBGE, sua taxa mais que dobrou ao longo dos últimos 20 anos, tendo chegado à absurda cifra anual de 27 por mil habitantes. Entre homens jovens (de 15 a 24 anos), o índice sobe a incríveis 95,6 por mil habitantes. (Folha de S. Paulo. 14/04/2004)
Atividade 10 a) Observe o artigo abaixo, escrito por Fernando Barros e Silva à Folha de S. Paulo no dia 26 de março de 2007:
b) Observe agora a charge de Angeli, publicada no mesmo dia e no mesmo jornal.
O chargista Angeli partiu do artigo de opinião acima para compor sua charge. Indique elementos que comprovem esta afirmação.
Ao professor: A charge retoma a violência discutida pelo artigo de opinião. Vale lembrar também que o artigo de opinião e a charge partem sempre das notícias e, portanto, podem ter uma relação direta em diversos casos, como no apresentado acima.
Atividade 11 Um importante exercício para aprimorar um artigo de opinião é a reescrita. O ato de escrever e reescrever um texto auxilia para que os argumentos desenvolvamse, as ideias tornem-se mais claras e a redação, juntamente com a gramática, melhore.
A Produção Inicial feita no início do fascículo (Atividade 3) foi um artigo de opinião. Através da charge, foi exposta a opinião sobre o assunto em questão. Por isso, esta atividade será interligada à atividade 3. Leiam o que foi escrito sobre a charge exposta e reescrevam, aprimorando o texto, a apresentação sobre o tema, os argumentos, a tese, o contra-argumento, o reforço dos argumentos e a conclusão.
© http://inga-cidadao.com/?p=7942
O artigo deverá ter, no mínimo, 20 linhas e deverá ser feito individualmente, em uma folha à parte, que será entregue ao final da aula ou conforme combinado com toda a classe, juntamente com o professor. Para auxiliar na elaboração do artigo, veja o esquema a seguir: • Partir de uma questão polêmica local e situar o leitor em relação a ela. • Tomar posição em relação à questão polêmica e afirmar seu ponto como o melhor. Utilizar os tipos de argumentação. • Incluir opiniões de adversários para contestá-las com seus argumentos, ou desacreditá-las pelas fragilidades deles. • Usar elementos articuladores a posição tomada. • Concluir o texto reforçando a posição tomada.
Nota ao professor: esta atividade, de acordo com o cronograma, pode ser exercício para casa
Ao professor: esta atividade, conforme o cronograma das aulas, poderá ser feita como tarefa para casa. É importante explicar aos alunos a importância deles escreverem esse gênero textual, principalmente por causa do ENEM.
Como estou escrevendo? Avalie o seu texto a partir das questões a seguir: 1. Seu artigo se baseia em uma questão polêmica? 2. Você informa ao leitor a origem dessa questão? 3. Tomou uma posição? 4. Introduziu sua opinião com expressões como “penso que”, “na minha opinião”? 5. Levou em consideração os pontos de vista de opositores? 6. Usou expressões que introduzem os argumentos? 7. Usou os variados tipos de argumentação? 8. Usou expressões para introduzir a conclusão? 9. Concluiu o texto reforçando sua posição? 10. Verificou se a pontuação está correta? 11. Corrigiu os erros de ortografia? 12. Substituiu palavras desnecessariamente repetidas? 13. Escreveu com letra legível para que todos possam entender? 14. Encontrou um bom título para o artigo?
Atividade 12 A partir dos textos da Atividade 9, elabore uma charge escolhendo os argumentos que você considerou mais convincentes. Organize as informações da reflexão e decida quais delas são pertinentes para o tema a ser desenvolvido a charge, que poderá conter ou não linguagem verbal. Não fuja do tema.
Módulo 4: Variação linguística usada como recurso nas charges
Oralidade e escrita são práticas e usos da língua com características próprias, mas não suficientemente opostas para caracterizar dois sistemas linguísticos. Ambas permitem a construção de textos, a elaboração de raciocínios e exposição de ideias. A oralidade é uma prática social interativa, que se apresenta sob variadas formas ou gêneros textuais fundados na realidade sonora. Já a escrita é a representação da língua falada ou de ideias por meio de sinais gráficos. Estes recursos linguísticos também estão presentes nas charges como ferramentas que ajudam a compreensão. No caso a seguir, podemos notar a presença da variação linguística como elemento fundamental para a construção de sentido das charges:
©http://opaisdapiadapronta.blogspot.com.br/2007/04/brasiu-aufabetisado.html
As variações linguísticas são um fenômeno da língua social, cultural e geográfico, no qual os falantes manifestam uma mesma língua de forma diferenciada de acordo com fatores exteriores, a partir destes podemos classificá-las em:
• Variação Regional: São as variações ocorridas de acordo com a cultura de uma determinada região. Como exemplo a palavra “mandioca”, que na região Norte e Nordeste do país é tratada por “macaxeira”, e na região Sul por “aipim”. • Variação Histórica: palavras que se alteram ou caem em desuso ao longo do tempo. Como exemplo a palavra “vosmecê”, que se transformou em “você”, e o desaparecimento de palavras como “Sinhazinha”. • Variação Social: É aquela que representa uma classe ou um grupo social especfico. • Variação Situacional: é a capacidade que tem um indivíduo de empregar as diferentes formas da língua em situações comunicativas diversas, procurando adequar a forma e o vocabulário em cada situação.
Algumas das variações mais comuns:
Atividade 12 Com base nos assuntos abordados, responda às questões abaixo: 1. (UNIFESP)
Analise as afirmações: I. O efeito de humor da charge advém da ideia de engano na ligação, decorrente das diferentes formas para enunciar o mesmo nome. II. Em determinados contextos comunicativos, Wilson e Wirso podem ser usados como formas equivalentes, dependendo da variante linguística de que se vale o falante em sua enunciação. III. A frase — NÃO. É O WILSON. — manteria o sentido com a omissão do ponto após o advérbio não. Está correto o que se afirma em: A) I, apenas. B) III, apenas. C) I e II, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III.
Resposta correta: C
2.
(UNICAMP - 2ª FASE)
É sabido que as histórias de Chico Bento são situadas no universo rural brasileiro. a) Explique o recurso utilizado para caracterizar o modo de falar das personagens na tira. O recurso utilizado é o dialeto caipira, típico do universo rural. (pranta, árvre, di e isperança).
b) É possível afirmar que esse modo de falar caracterizado na tira é exclusivo do universo rural brasileiro? Justifique. Não, pois o dialeto caipira pode ser encontrado também nos grandes centros, uma vez que pessos do campo migram para a cidade.
Módulo 5: Atividade Final
Por dentro do assunto
Para entendermos e conhecermos melhor o universo da charge, realizaremos um trabalho de coletânea e posteriormente criaremos um blog da classe. O trabalho será realizado pelos grupos da sala, compostos por, no máximo, cinco alunos. Cada grupo ficará responsável para pesquisar charges sobre determinado tema. Entre os temas propostos estão:
Política Educação Preconceito
Relacionamento Esportes TV
Os alunos selecionarão as melhores charges encontradas sobre o tema escolhido pelo grupo. Em seguida, produzirão um artigo de opinião que aborde as situações retratadas pelas charges. Para finalizar, os alunos deverão publicar as charges junto ao texto em blog, criado pelos próprios alunos, a fim de analisarmos e refletirmos sobre situações do nosso cotidiano, numa perspectiva que vise a charge como um gênero essencialmente crítico e persuasivo.
Alguns sites que permitem a criação de blogs gratuitos:
http://www.blogger.com http://www.wordpress.com
Neste
link (http://www.nuted.ufrgs.br/oficinas/blogs/textos/blogger_ tutorial.pdf), é possível acompanhar um tutorial sobre a criação de blogs, no blogger.com. O tutorial foi elaborado pelo Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Ao professor: para esta atividade, a sala de informática deverá ser previamente agendada, pois envolverá diversas aulas. Além disso, é importante apresentar aos alunos a importância da atividade, pois envolve uma esfera na qual os adolescentes constantemente estão inseridos: a internet. É essencial, também, deixar claro o valor e o peso que esta atividade terá na nota final, podendo envolver as áreas de Redação e Gramática. Caso não haja disponibilidade de acesso à internet na escola, você poderá sugerir que o aluno faça em casa, onde todos poderão avaliar o trabalho final.
Para saber
+
Para navegar http://www.chargeonline.com.br/ http://jorge-menteaberta.blogspot.com.br/2011/10/charges-engracadas http://noticias.uol.com.br/humor/1101_album.htm#fotoNav=3
Para ver http://charges.uol.com.br/ http://www.animatunes.com.br/
Para ler Livro “Só Futebol 2011” ©dukechargista.com.br
O Livro “Só Futebol 2011” é uma coletânea de charges publicadas ao longo do ano no jornal Super Notícia. As charges retratam os principais momentos dos três times mineiros: América, Atlético-MG e Cruzeiro, no Campeonato Mineiro, Copas do Brasil e Libertadores e, claro, no Brasileirão. Também não poderiam faltar algumas que criticam a nossa Seleção Brasileira de Futebol. Fonte: http://www.skoob.com.br/livro/206511/
Livro “Charges da vida real”
© Google Imagens
Uma mula sofre um atentado político e um burro é preso por causar um acidente de trânsito; uma barata quase custa a vida de um homem e um vereador bem intencionado que plantar café solúvel. Fantasia? Não caro leitor: pura verdade! Alguém disse que a graça de uma piada é o inesperado e, a despeito de tomarmos aqui, por referência, fatos reais lidos em jornais e revistas, tais histórias não são menos inesperadas ou surpreendentes do que as que poderiam ter saído da cabeça criativa de um humorista ou de um roteirista de “pastelão”. E é disto que trata este livro: charges inspiradas em notícias insólitas e bizarras narradas pela imprensa que, embora assemelhando-se, pela mescla de tragédia e de humor, ao roteiro de uma comédia teatral ou de um desenho animado, refletem a pura realidade! Fonte: http://www.tradepar.com.br/detalhes/charges-vida-real-8576150964-74.html
Mais atividades Ao professor: aqui você terá exercícios do vestibular e do Enem, que poderá trabalhar ou não com o aluno em sala de aula. As respostas virão ao final dos exercícios. 1) Enem 2009
2) Enem 2007
3) COC
4) Universidade Federal de Goiรกs 2007
5) Enem 2009
6) Enem 2010
7) FUVEST 2009 Observe a charge abaixo para responder a questão abaixo
A crítica contida na charge visa, principalmente, ao: a) ato de reivindicar a posse de um bem, o qual, no entanto, já pertence ao Brasil. b) desejo obsessivo de conservação da natureza brasileira. c) lançamento da campanha de preservação da floresta amazônica. d) uso de slogan semelhante ao da campanha “O petróleo é nosso”. e) descompasso entre a reivindicação de posse e o tratamento dado à floresta.
Respostas 1) Alternativa C
2) Assinalar os número 1 e 2
3)
a) A palavra frequente sem o trema.
b) Olhando para a escola em que estuda, o aluno interpretou a frase a partir da realidade de sua escola, entendendo que o governo brasileiro não dá a devida atenção ao ensino público do país. c) A resposta do aluno critica a falta de atuação do governo no sentido de melhorar a qualidade e as condições do ensino público no país.
4) Alternativa A. I) F
5) Alternativa B.
6) Alternativa C.
7) Alternativa E.
II) V
III) F
IV) V
V) V
Referências bibliográficas
ANDRÉ, Arlete Ferreira de Moraes. Produção didático-pedagógica multimídia: a charge – humor e reflexão – um elo interdisciplinar. Foz do Iguaçu: Governo do Estado do Paraná, 2011. BRASIL. Secretaria do Ensino Médio. Parâmetros Curriculares Nacionais. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. CARMELINO, Ana Cristina. A construção do sentido do texto humorístico: aspectos linguísticos. Vitória: UFES, 2009. GUENO, Ivete Cecere. A leitura de charges: uma análise interpretativa. A leitura e a interpretação de charges por alunos do Ensino Médio nas escolas públicas do Estado do Paraná. Curitiba: Secretaria do Estado da Educação do Paraná, 2008. MAINGUENEAU, D. Novas tendências em análise do discurso. Campinas: Pontes; Unicamp, 1993. ROJO, Roxane. Letramento e capacidades de leitura para a cidadania. São Paulo: SEE: CENP, 2004 SILVA, Alessandra Augusta Pereira da. A formação discursiva através de charges. Curitiba: UFPR, 2007