Jornal da Manhã
QUINTA-FEIRA, 17 dE FEvEREIRo dE 2022
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MOBILIZAÇÃO
Agricultores cobram ações dos governos As perdas que a estiagem tem provocado no campo mobilizou cerca de 4 mil pessoas na manhã de ontem em Ijuí. A manifestação, que fez parte do 10º Grito de Alerta, ocorreu em três pontos: na Praça da República, em frente às agências do Banco do Brasil e do INSS. O grupo cobra medidas dos governos estadual e federal para minimizar os efeitos causados pela estiagem no Rio Grande do Sul. Eles chamam a atenção para a realidade da agricultura e as dificuldades enfrentadas no período da estiagem. Também pedem agilidade na liberação de recursos e de água. A mobilização é realizada pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS) e sindicatos filiados. O presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva, salienta que “o Grito de Alerta precisa ecoar em Brasília e sensibilizar as autoridades para os problemas que o Estado está vivendo com a estiagem.” As tratativas com o governo do Estado estão em andamento, mas, segundo o dirigente, precisam avançar. Já com a União, representantes da Fetag-RS estão Brasília há 15 dias para agendar reuniões, mas, até agora não tiveram qualquer resposta. “Hoje não se briga para preservar a produção de leite, mas para manter os animais vivos,
porque falta água e alimentação para o gado”, diz Silva, ao alertar para a gravidade da situação. Segundo relatos dos agricultores familiares à FetagRS, as perdas nas lavouras de milho chegam a 80%, e na soja chegam a 100% em algumas regiões. Com isso, sobe, também, o custo da alimentação para aves e suínos, tirando a lucratividade dos produtores. No caso de hortigranjeiros e fruticultura, o prejuízo já tem reflexos no desabastecimento em alguns municípios, segundo a federação, o que representa também preços mais altos para o consumidor. A programação do 10º Grito de Alerta teve início na última terça-feira, com a realização de audiências que aconteceram na prefeitura e na Câmara de Vereadores de Ijuí. Nos encontros, os pequenos produtores apresentaram sua pauta de reivindicações. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ijuí, Carlos Karlinski, diz que os produtores da região estão angustiados, especialmente após a suspensão das operações de crédito subsidiadas do Plano Safra 2021/22. A entidade, que também atua nos municípios de Bozano e Coronel Barros, representa em torno de 2,8 mil propriedades rurais. A estiagem afetou não apenas a produção de milho e soja, mas também
Agricultores familiares pedem soluções para reflexos da estiagem na décima edição do Grito de Alerta em Ijuí
a pecuária leiteira. “Não tem silagem, não tem pastagem, e o custo de produção (está) se elevando astronomicamente." O deputado estadual Elton Weber (PSB) destacou também que é preciso tocar nas pautas estruturantes. Ele afirma que é preciso haver previsibilidade para momentos como esse e os governos têm que estar melhor preparados para responder, uma vez que
casos assim têm ficado cada vez mais frequentes. " Segundo dados da Emater, mais de 257 mil propriedades de 9,6 mil localidades sofrem com os efeitos da estiagem. A situação deixa 17,3 mil famílias com dificuldade de acesso à água. Em todo o Estado, produtores de milho, produtores de soja e a produção leiteira registram perdas. Mais de 54,7% da produção de milho foi perdida, a
quebra na safra de soja alcança os 43,8% e os prejuízos previstos já ultrapassaram os R$ 27,8 bilhões. O Rio Grande do Sul é o Estado mais atingido pela seca, considerada a pior estiagem dos últimos 30 anos. Dos 497 municípios, 409 já decretaram situação de emergência por conta da estiagem que assola as lavouras e esvazia reservatórios no Estado.
Ceriluz dá início à instalação da usina em Augusto Pestana
A Ceriluz deu início às obras da Central Geradora Hidrelétrica (CGH) Augusto Pestana, no Distrito de Arroio Bonito. As máquinas estão no local e já fizeram as primeiras escavações para retirada do solo superficial, assim como formataram as primeiras ensecadeiras no rio. No momento, o trabalho se concentra na perfuração da rocha com o objetivo de realizar a detonação no local que irá abrigar a Casa de Máquinas. Essa etapa inicial foi apresentada na última semana, ao prefeito em exercício de Augusto Pestana, Gilberto João Zardin, e ao secretário de Obras, Edio Maehler. Eles foram recebidos no canteiro de obras pelo presidente em exercício da Ceriluz, Valmir Elton Seifert, pelo diretor secretário, Sandro Lorenzoni, e pelo engenheiro civil da Cooperativa, Juarez Bernardi. O secretário de Obras, Edio Maehler, reforçou esse pensa-
mento dando um exemplo da necessidade da energia no meio rural. "Acima de tudo o interior precisa de energia. Essa estiagem vai mudar a concepção de todos, vamos ter que repensar as propriedades e aqueles que
tiverem água vão ter que irrigar e para irrigar, precisa de energia", salientou Maehler. Valmir Elton Seifert, por sua vez, destacou a celeridade do projeto, que deve ser concluído ainda este ano. "É o início des-
se trabalho que deve demorar cerca de oito meses. É uma usina pequena, mas importante para Augusto Pestana e para a cooperativa, por gerar riqueza para o município e melhorar a qualidade de energia", avaliou.
Representantes do Executivo de Augusto Pestana e da Ceriluz visitaram o canteiro de obras da nova usina
A Central Geradora Hidrelétrica (CGH) Augusto Pestana está com Licença Prévia e de Instalação emitida pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM) desde o dia 24 de setembro de 2021. A Ceriluz já fez a encomenda dos equipamentos e geradores que compõe a Casa de Máquinas. A usina vai se caracterizar por uma barragem de 100 metros de largura e 4,2 metros de altura no rio Conceição, que fará o desvio da água para um canal que será conduzida até a Casa de Máquinas. Esta contará com uma turbina com capacidade para 30m³/s, e um gerador de 1,4 MW. O restante da água, 3,33m³/s, irá transpor a barragem por meio de sistemas de vazão. Essa capacidade instalada será possível a partir de uma queda de seis metros, entre o ponto de coleta da água na barragem e o ponto da turbina hidráulica.
