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Jornal da Manhã
Sábado e domingo, 12 e 13 de março de 2022
MEDIDA
Governo Federal lança Plano Nacional de Fertilizantes
O governo federal lançou ontem, o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), uma tentativa de reduzir a dependência do Brasil das importações de fertilizantes. O plano serve de referência para o planejamento do setor de fertilizantes para os próximos 28 anos (até 2050), com foco nos principais elos da cadeia: indústria tradicional, produtores rurais, cadeias emergentes, novas tecnologias, uso de insumos minerais, inovação e sustentabilidade ambiental. O ato teve a presença do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) e ministros do governo. A elaboração do plano começou no ano passado. Com a sua instituição, foi criado o Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas, órgão consultivo e deliberativo que coordena e acompanha a implementação do Plano Nacional de Fertilizantes. Atualmente, o Brasil ocupa a quarta posição mundial com cerca de 8% do consumo global de fertilizantes, sendo o potássio o principal nutriente utilizado pelos produtores nacionais (38%). Na sequência, aparecem o fósforo, com 33% do consumo total de
fertilizantes, e o nitrogênio, com 29%. Juntos, formam a sigla NPK. Dentre as culturas que mais demandam o uso de fertilizantes estão a soja, o milho e a cana-deaçúcar, somando mais de 73% do consumo nacional. Segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), mais de 85% dos fertilizantes utilizados no País são importados, com um mercado dominado por poucos fornecedores, deixando o setor vulnerável às oscilações do mercado internacional de fertilizantes. Com o plano, a meta é baixar para 45%, mesmo que dobre a demanda por fertilizantes. O Brasil é o quarto maior produtor mundial de grãos (arroz, cevada, soja, milho e trigo), sendo responsável por 7,8% da produção total mundial. O objetivo do PNF é minimizar a dependência externa desses nutrientes, que chegam ao país principalmente da Rússia, da China, do Canadá, do Marrocos e da Bielorússia. Estados Unidos, Catar, Israel, Egito e Alemanha completam a lista dos dez maiores exportadores de fertilizantes para o Brasil em 2021, de acordo com
Presidente Jair Bolsonaro, Paulo Guedes e Tereza Cristina na assinatura
dados do Ministério da Economia. As diretrizes do PNF também abordam uma política fiscal favorável ao setor, incremento de linhas de fomento ao produtor, incentivos a ações privadas, expansão da capacidade instalada de produção, melhorias na infraestrutura e logística nacionais. Segundo Flávio Rocha, secretário especial para Assuntos Estratégicos do Ministério da Agricultura, há 21 obras inacabadas que poderiam ser concluídas, o que poderia
ajudar a diminuir o déficit atual por adubos. Além da redução da dependência externa, o PNF ainda apresenta oportunidades em relação a produtos emergentes como os fertilizantes organominerais e orgânicos (adubos orgânicos enriquecidos com minerais, por exemplo) e os subprodutos com potencial de uso agrícola, os bioinsumos e biomoléculas, os remineralizadores (exemplo, pó de rocha) e nanomateriais.
Avançam as obras da usina da Ceriluz em Augusto Pestana Teve sequência nas últimas semanas a construção da Central Geradora Hidrelétrica (CGH) Augusto Pestana, no Distrito de Arroio Bonito, em Augusto Pestana. A obra entrou na etapa de detonação das rochas e limpeza dos resíduos nos locais onde estarão ancoradas a barragem e a Casa de Máquinas. A primeira e principal detonação aconteceu no dia 22 de fevereiro, contemplando todo o circuito. O engenheiro civil, Daniel Bitencorte, destaca que deve ser realizado mais uma detonação complementar, menor,
no local onde será instalada a Casa de Máquinas, e garante que se trata de um trabalho seguro. “Toda a parte de detonação é feita por uma empresa especializada nesse tipo de serviço, mas supervisionada pela equipe da Ceriluz. Antes de qualquer detonação nós monitoramos o perímetro e emitimos um alerta sonoro, evacuando a região para que nenhum acidente ocorra”, explica. Ele salienta que pela obra exigir poucas detonações não há armazenamento de explosivos no local.
A expectativa da equipe responsável pelo empreendimento é que a obra civil tenha início na metade de março. “Finalizando esse trabalho de desmonte de rocha na Casa de Máquinas, temos a previsão de iniciar no dia 14 de março a parte de mão de obra civil, começando pela descarga de fundo e pela barragem”, explica Daniel. “A Casa de Máquinas iniciaremos na sequência, onde essa tem a peculiaridade de permitir a concretagem da turbina junto às paredes e lajes, o que vai fa-
cilitar muito a construção e nos fazer ganhar tempo”, garante o engenheiro civil. O projeto da CGH Augusto Pestana pertence a empresa Arroio Bonito Geração e Comércio de Energia Elétrica LTDA, cujos ativos pertencem à Ceriluz Geração. A usina vai se caracterizar por uma barragem de 100 metros de largura e 4,2 metros de altura, que fará o desvio da água para um canal que irá conduzir a água até a Casa de Máquinas, que será composta por um grupo gerador com capacidade de 1,4 MW.
Trigo é aposta para safra de inverno no Rio Grande do Sul
Conab reduz previsão de safra de 24,2 mi para 21,4 mi de toneladas
O produtor rural do Rio Grande do Sul deve aumentar suas apostas na cultura do trigo na próxima safra de inverno. Rentabilidade nas últimas temporadas, oportunidades de mercado em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia, além do clima, têm direcionado o triticultor a expandir área, confiante em uma continuidade da tendência de aumento de preços. A expectativa é de aumento de 25% na área plantada.
A Conab revisou para baixo a estimativa de safra de grãos de verão do Rio Grande do Sul. No novo levantamento mensal, divulgado nesta semana, a previsão da colheita caiu de 24,2 milhões para 21,4 milhões de toneladas. Em relação ao resultado consolidado da safra passada (33,4 milhões de toneladas), a queda passa a ser de 36,1%. A redução da estimativa é puxada pela soja. Segundo a Conab, em relação à colheita de 20,7 milhões de toneladas do ciclo 20/21, a nova expectativa, de 11,2 milhões de toneladas na safra 21/22.
PRAGMATISMO É uma corrente de ideias que prega que a validade de uma doutrina é determinada pelo seu bom êxito prático. O método pragmatista se contrapõe às metafísicas de caráter dogmático e propõe que o raciocínio seja guiado por métodos semelhantes aos da ciência, que incluem a observação dos fenômenos, a formulação de hipóteses, os testes práticos e a revisão de teorias. É por isso que o pragmatismo estranha qualquer ideia de verdade e certeza inatas ou absolutas. CRIANÇAS Uma criança é, de certa forma, pragmatista. Ela aprende investigando atentamente o que os pais fazem no cotidiano. Não adianta discursar para uma criança que jogar papel no chão é errado se o pai atira um maço de cigarros vazio pela janela. Haverá um desacordo entre teoria e prática que irá deslegitimar o discurso paterno. Com o tempo, porém, nos tornamos menos atentos a isso e ficamos deslumbrados com programas ideológicos e doutrinas vazias de significado. Um discurso político caloroso, populista e com belas promessas, atraem incautos como um engodo, ainda que a observação pragmática das ações aponte um resultado catastrófico. ARGENTINA Bolsonaro disse em 2019 que “a Argentina está cada vez mais próxima da Venezuela”. Agora passou, pelo menos no índice de inflação dos primeiros meses de 2022. Segundo jornal argentino Los Andes e números da OVF, a Venezuela soma 6,6% em dois meses ante projeção de 7,8% na Argentina. No Brasil o IPCA registrou 1,55% na soma do ano. FRACASSOU Não bastou as políticas de congelamento de preços terem obviamente fracassado em 2021, quando o custo de vida dos argentinos subiu 51%, o governo kirchnerista aprofundará o erro intervencionista. Agora anunciou que criará uma estatal de alimentos. Tal iniciativa, desesperada para tentar controlar a inflação, não é novidade. Até mesmo o Brasil já teve estatais desse tipo, como o governo baiano que possuía uma rede estatal de supermercados. Na Venezuela o governo estatizou supermercados. A história mostra consequências trágicas quando o estado se mete na produção de alimentos. A pior delas, a grande fome chinesa, quando o estado comunista tomou para si o monopólio e o planejamento de toda e qualquer atividade de produção de comida. Milhões morreram inertes. Esquerdistas, normalmente vistos como infantilizados, poderiam ser mais pragmatistas, como as crianças. Restou a crença no papai noel.