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Estudo da UFRGS aponta que água potável no RS possui alto índice de contaminação

PESQUISA

Água potável do RS apresenta alto índice de contaminação

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Uma pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) constatou que a água potável no Estado apresenta alto índice de contaminação química e biológica.

De acordo o estudo desenvolvido dentro do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química da UFRGS entre 2016 e 2020, a contaminação biológica se dá por Giardia e Cryptosporidium, que são protozoários causadores de doenças intestinais. Já a química é causada por 17-alpha-etinilestradiol, hormônio sintético que pode causar câncer.

Entre 202 mananciais superficiais do Estado, 56 possuem alta concentração dos protozoários. De 2.304 amostras de água não tratada, 223 apresentaram esses microrganismos. As populações mais impactadas são as das cidades de Porto Alegre, Viamão, Passo Fundo e Capão do Leão.

O Centro Estadual de Vigilância em Saúde é o responsável pela fiscalização. A Secretaria Estadual da Saúde disse exigir que as estações de tratamento de água tomem ações no sentido de se adequar à legislação brasileira.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece, por exemplo, que a tolerância para a infecção por Giardia é de um caso a cada mil pessoas. Na Capital, os cálculos sugerem que o risco de contágio é 10 vezes maior: um caso a cada 100 pessoas. "Isso deve ocorrer devido ao abastecimento de água potável se dar a partir de dois rios muito poluídos: o Rio dos Sinos e o Rio Gravataí", explica o engenheiro químico Luciano Zini, à frente da pesquisa.

Os resultados do estudo sugerem que, no interior do Estado, a presença dos protozoários na água se dá devido à produção pecuária. Os microrganismos são encontrados em fezes de animais, principalmente gado bovino.

Já sobre a presença de 17-alphaetinilestradiol na água, ele conta que ela pode ser explicada pela falta de tratamento do esgoto. O hormônio sintético é lançado no meio ambiente pela descarga de esgoto doméstico. Houve locais em que a concentração na água era 260 mil vezes maior do que o limite estipulado pela OMS.

As hipóteses levantadas pela pesquisa sugerem que as contaminações químicas não previstas pela regulamentação brasileira se devem ao fato de o Padrão Brasileiro de Potabilidade não contemplar os contextos locais, mas, sim, parâmetros mais gerais.

Para o pesquisador Luciano Zini, "o saneamento é um problema coletivo". Ele faz referência à média nacional de novos casos de câncer por ano para dar uma dimensão desse problema: é de três a cada mil. No estado, são cinco a cada mil. E o tratamento do esgoto no Rio Grande do Sul é escasso. "Políticas públicas são necessárias para resolver esse problema coletivo. Mas só o poder público não é o suficiente. É necessário envolvimento da população. A solução precisa ser coletiva", afirma.

O tratamento de esgoto tem capacidade instalada de dez mil litros por segundo, mas só metade dessa capacidade é utilizada, não atendendo nem a 30% de toda demanda do Estado. A estimativa é que cerca de três milhões de pessoas tenham consumido água sujeita a ter a presença de protozoários, por exemplo.

Além disso, nenhum reservatório de água no Rio Grande do Sul atende à NBR (que dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade), destaca o engenheiro. "Os protozoários são muito resistentes. Podem sobreviver por até dois anos no ambiente e não são eliminados no tratamento convencional da água. A filtração

A água que os ijuienses bebem está dentro do limite de segurança. É o que aponta os testes colhidos na água tratada do município entre 2018 e 2020. Eles são feitos pelas instituições responsáveis pelo abastecimento e enviados ao Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano), do Ministério da Saúde.

Segundo a pesquisa, foram encontrados no água Carbendazim + benomil (agrotóxicos), Diuron (agrotóxicos), Atividade alfa total (radioatividade); Atividade beta total (radioatividade); 2, 4, 6 Triclorofenol (subprodutos da desinfecção) entre outros.

Todas as substâncias encontradas oferecem algum risco à saúde humana se estiverem acima da concentração máxima permitida, segundo critérios fixados pelo Ministério da Saúde.

Os casos que estão dentro do limite de segurança não ultrapassaram a concentração máxima permitida pelo Ministério da Saúde. Ou seja, estão abaixo da concentração a partir da qual a substância passa a gerar risco.

Especialistas estão pesquisando sobre possíveis riscos oferecidos pela mistura de diferentes substâncias na água, mesmo que todas estejam dentro do limite. A Europa já fixou um limite para a soma de substâncias. Isso ainda não existe no Brasil.

Luciano Zini

é um método eficiente, mas a maioria dos reservatórios faz ela com camada simples, quando a dupla é a norma", explica Zini.

A partir de dados disponibilizados por outros estudos precedentes, foram utilizados dois tipos de avaliação de risco, uma química e outra biológica, feitas através de cálculos de probabilidade.

A avaliação da contaminação biológica foi feita a partir da ocorrência de protozoários nas estações de tratamento de água do Estado entre os anos de 2016 e 2020.

Substâncias radioativas foram encontradas

Todos nós bebemos pequenas doses diárias de substâncias químicas e radioativas. São agrotóxicos e outros resíduos da indústria que se misturam aos rios e represas. Alguns especialistas defendem que não há risco se elas estiverem dentro do limite regulamentado. Outros argumentam que as doses aceitas no Brasil são permissivas, pois são bem mais altas que as da União Europeia.

Sobre um ponto não há dúvida: essas substâncias são prejudiciais à saúde quando estão acima do limite brasileiro. O consumo diário aumenta o risco de câncer, mutações genéticas, problemas hormonais, nos rins, fígado e no sistema nervoso – a depender do produto.

Dados mostram que são esses os riscos oferecidos pela água que saiu da torneira de 763 cidades entre 2018 e 2020. Substâncias químicas e radioativas foram encontradas acima do limite em 1 de cada 4 municípios que fizeram os testes. Entre eles está São Paulo (13 testes acima do limite), Florianópolis (26) e Guarulhos (11).

Os dados são resultados de testes feitos por empresas ou órgãos de abastecimento e enviados ao Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano), do Ministério da Saúde. Os testes são feitos após o tratamento e a maioria dessas substâncias não pode ser removida por filtros ou fervendo a água. “Se há substância acima do valor máximo permitido, podemos dizer que a água está contaminada”, afirma Fábio Kummrow, professor de toxicologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Uma outra forma de dizer é que essa água não está própria para consumo, como quando um alimento passa da data de validade”. Contaminada ou imprópria, Kummrow confirma que existe risco para quem bebe a água, e ele varia de acordo com a substância e com o número de vezes que ela foi consumida ao longo do tempo.

O risco é maior para quem bebeu diversas vezes ao longo de anos. É o caso de quem mora em São Paulo, Florianópolis, Guarulhos e outras 79 cidades onde a mesma substância foi encontrada acima do limite nos três anos analisados (2018, 2019 e 2020).

Água de Ijuí está dentro do limite de segurança

ENSINO

Projeto cria Sistema Nacional de Educação

O Senado aprovou nesta semana o projeto de lei que cria o Sistema Nacional de Educação (SNE). Esse modelo define as atribuições de municípios, Estados e governo federal no setor aos moldes do que existe na Saúde, com o SUS. Segundo especialistas, o SNE pode contribuir para aperfeiçoar a gestão dos recursos, melhorar o planejamento sobre a trajetória dos alunos em diferentes redes e integrar os currículos.

O sistema deveria ter sido implementado até junho de 2016, como estabelecido no Plano Nacional de Educação que foi instituído em 2014.

A medida, aprovada por unanimidade, segue agora para a Câmara. O projeto de lei busca, por exemplo, universalizar o acesso à Educação Básica e garantir seu padrão de qualidade; erradicar o analfabetismo; valorizar os profissionais da educação; assegurar padrão de qualidade das instituições formadoras de docentes; incorporar tecnologias nas práticas pedagógicas escolares; assegurar a participação democrática na política educacional de coordenação, planejamento, gestão e avaliação.

Um dos principais objetivos é dar mais clareza à distribuição de tarefas. No formato atual, as prefeituras geralmente ficam com a Educação Infantil (creche e pré-escola) e parte do Ensino Fundamental. Já os Estados costumam gerir parte do fundamental e o Ensino Médio. Essa divisão, porém, varia entre uma região e outra. O governo federal, por sua vez, é responsável por articular políticas educacionais, além de dar apoio técnico e financeiro.

Uma cooperação das redes evita, por exemplo,a falta de vagas para os alunos que saem de uma etapa para outro ciclo de ensino. Na pandemia, a necessidade de uma cooperação organizada entre as diferentes esferas do poder público se mostrou ainda mais importante.

Entre os desafios após o longo período de fechamento das salas de aula, estão a evasão escolar e a recuperação da aprendizagem. Assim como no SUS, são previstas comissões bipartites (as Cibes, com Estados e municípios) e tripartites (as Cites, que incluem também a União). Esses serão os fóruns responsáveis por fixar parâmetros, diretrizes educacionais e aspectos operacionais, administrativos e financeiros do regime de colaboração, com vistas à gestão coordenada da política educacional.

Também está previsto no projeto o chamado Custo Aluno Qualidade (CAQ): o valor mínimo que o poder público precisa investir por aluno com vistas a uma educação de qualidade.

O texto, de autoria do senador Flávio Arns (Podemos-PR), foi aprovado conforme versão proposta pelo relator Dário Berger (MDB-SC).

Berger disse que a pandemia da covid-19 fez ainda mais necessária a criação do SNE. "A pandemia aprofundou as marcas das várias desigualdades e intensificou a necessidade da equalização das oportunidades educacionais, não só relacionada ao acesso à internet e a dispositivos eletrônicos, para serem utilizados para fins de aprendizado, mas também a práticas pedagógicas para sanar eventuais lacunas de aprendizagem, à atuação multissetorial para equacionar questões como a fome e a doença, que impactam no ambiente escolar, bem

Essa demanda histórica se torna ainda mais urgente quando se consideram os desafios que enfrentamos durante a pandemia de covid-19. "

Dário Berger

como à coordenação de esforços para melhor aproveitar os recursos disponíveis", afirmou o emedebista.

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