Cartilha de sementes

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O consumo humano desordenado tem gerado impactos negativos aos recursos naturais. Um deles que podemos citar é a descaracterização dos ecossistemas causada pela incapacidade do ser humano utilizar esses recursos de forma sustentável, o que compromete a existência desses bens naturais para as gerações futuras. Uma das formas de barrar a degradação desses ecossistemas é usar os recursos de forma consciente e promover ações de reposição florestal para que possamos garantir a retomada do equilíbrio natural desses ambientes. Com o objetivo de estimular essa prática e fazer com que as comunidades do entorno da Reserva Particular do Patrimônio Natural Serra das Almas - RNSA obtenha uma renda extra para complementar seu orçamento financeiro, essa cartilha reúne as informações necessárias para atividade de coleta de sementes, bem como os aspectos legais para a comercialização das mesmas.

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As sementes devem ser colhidas das melhores árvores da floresta, ou seja, apresentando uma copa e um tronco vigoroso, sem pragas e doenças. De preferência, aconselha-se que as sementes sejam retiradas de várias plantas da mesma espécie, dessa forma, as mudas apresentarão diferentes variações de resistência quanto ao ataque de pragas e doenças.

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Figura 1 – A: árvore de aroeira; B: árvore de tamboril

As plantas matrizes (plantas escolhida para a coleta das sementes) devem ser identificadas e mapeadas com uma ficha de campo, pois isso facilita a identificação da espécie caso haja necessidade de realizar nova coleta.

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Figura 2 – A: sementes de Mulungude aroeira; B: sementes de Tamboril


O melhor momento para colher as sementes é quando os frutos começam a se abrir ou mudam a coloração da casca. No caso de sementes aladas, como as de Aroeira, Ipês, Imburana de cheiro, entre outras, essas devem ser colhidas antes da abertura dos frutos.

Figura 3 – Fruto de Mulungu

Figura 4 – Coleta de sementes

Figura 5 – Ficha de Identificação e Coleta de Plantas

Figura 5 - Ficha de Identificação e Coleta de Plantas Composteira localizada na RNSA. Fonte: Acervo Associação Caatinga 5


Frutos Carnosos Em caso de frutos carnosos, como o Facheiro e o Mandaracu, onde a polpa está colada à semente, deve ser realizado o processo de lavagem das sementes sob água corrente em uma peneira. Neste processo, esfrega-se as sementes até a retirada total da polpa. Este processo é importante para que não ocorra prejuízo causado por ataque de fungos, inviabilizando o armazenamento das sementes.

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Figura 6 - Esquema de tratamento de sementes através de lavagem em fruto carnoso. A– fruto do facheiro, B - lavagem sob água corrente, C - lavagem sobágua corrente. D- extração da polpa. E-sementes sem polpa.

Outro método indicado é colocar as sementes sob uma camada de areia por um período de 10 dias para que os microorganismos retirem a parte carnosa do fruto. Após este período, as sementes devem ser lavadas, secadas e armazenadas. Horta localizada na comunidade de Tapuio-CE. Fonte: Acervo Associação Caatinga


Frutos Secos Para os frutos secos, como Amburana de Cheiro, Mulungu e Ipê roxo, é necessário o devido cuidado quanto à coleta das sementes, pois alguns frutos podem abrir e por consequência, as sementes serem levadas pelo vento. Neste caso, os frutos devem ser colhidos antes da sua abertura natural e colocados em local sem a ocorrência de vento para que sequem e ocorra a abertura, podendo então as sementes serem recolhidas. No caso de frutos que não abrem para liberação da semente, estes podem ser colhidos quando maduros e abertos com o auxílio de uma faca, martelo ou tesoura, retirando as sementes cuidadosamente para não machucá-las.

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A Figura 7 - Etapas de separação do fruto. A-Frutos recém coletado com impurezas. B- retirada de galhos,impurezas e frutos atacados. C-sementes retiradas

Composteira localizada na RNSA. Fonte: Acervo Associação Caatinga 7


Após a colheita e o beneficiamento, as sementes apresentam uma quantidade elevada de água no seu interior, o que facilita o ataque de fungos. Para evitar isso, as sementes devem ser submetidas a um processo de secagem, sendo mais econômica a secagem natural através da ação do sol e do vento. Para tanto, as sementes deverão ser espalhadas em um terreiro ou alpendre coberto, ventilado e preferencialmente na sombra. Elas devem ser expostas durante o dia e recolhidas no período da noite. Este processo deve durar aproximadamente três dias.

Figura 8 – Secagem de sementes

As sementes de algumas espécies tais como Ingazeira, Oiti, Oiticica, entre outras, perdem a utilidade se forem secadas e armazenadas, portanto, precisam ser plantadas logo após a colheita.

Horta localizada na comunidade de Tapuio-CE. Fonte: Acervo Associação Caatinga


O armazenamento consiste em proporcionar às sementes, condições adequadas de temperatura e umidade, preservando a qualidade e aumentando o seu tempo de vida útil. As sementes devem ser armazenadas em recipientes que diminuam ou bloqueiam a troca de água com o ambiente e guardadas em local sombreado e ventilado. Podem ser utilizados sacos, latas, vasilhas plásticas (garrafa pet) vidro e papel impermeável.

Figura 9 - Formas de armazenamento das sementes

Composteira localizada na RNSA. Fonte: Acervo Associação Caatinga 79


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Araújo Neto, J. C.; Aguiar, I. B.; Tratamentos pré-germinativos para superar a dormência de sementes de Guazuma umifolia Lam. Scientia forestalis. n 58, p 15-24. dez 2000. Braga, R. Plantas do Nordeste especialmente do Ceará, Imprensa Oficial, 3a edição, Fortaleza. 1976. Davide, A. C., Silva, E. A. A.(orgs) Produção de sementes e mudas de espécies florestais. Lavras: Ed.UFLA, 2008. 175 p. Gomes, J. M.; Paiva, H. N.; Viveiros florestais: [propagação sexuada]. 3.ed.Viçosa: UFV, 2004. 116p. Leite, F. R. B.; Soares, A. M. L.; Martins, M. L. R.; Áreas degradadas susceptíveis aos processos de desertificação no estado do Ceará – 2ª Aproximação. Anais do VII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, p 156 – 161. 1993. Lorenzi, H a. Árvores Brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil, vol 1. 4ª ed. Nova Odessa, SP : Instituto Plantarum, 2002. 384p. Lorenzi, H b. Árvores Brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Harri Lorenzi (Ed.). Editora Plantarum, Nova Odessa, SP. 1992. p. 50, IL Maia, G. N. Caatinga: árvores e arbustos e suas utilidades; 1ª ed. São Paulo: D&Z Computação Gráfica e Editora, 2004. 413p.






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