ESTADO DE MINAS - on line - 04.04.2012
VERTICALIZAÇÃO
Hoteleiros fora da Pampulha
Empresa Atlantica, que administraria um dos dois hotéis próximos à orla da lagoa, desiste de negócio por causa da resistência de moradores. Outro empreendimento está mantido Flávia Ayer A reação contrária de moradores da Pampulha à construção de dois hotéis a 700 metros da orla levou a administradora de um dos empreendimentos a desistir do projeto. A Atlantica Hotels, detentora da marca Go Inn, anunciou ontem estar fora do negócio e já ter tomado as providências para desvincular o nome da rede à da torre de 40m de altura. Segundo a administradora, a maior do ramo hoteleiro de capital privado da América do Sul, a decisão se deve à resistência das associações comunitárias à verticalização da região e independe do desdobramento judicial que o assunto possa ter. Na segunda-feira, o Ministério Público (MP) estadual entrará com recurso no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) para tentar reverter sentença que liberou as duas construções de 13 andares na Avenida Alfredo Camarate, no Bairro São Luiz. “Não vamos participar desse projeto, pois não queremos conflitos com a comunidade. Entendemos que a hotelaria vem para agregar e que, se os moradores não querem o empreendimento, não compete à Atlantica insistir”, afirma o diretor de desenvolvimento do grupo, Mateus Cabau. Segundo ele, em maio do ano passado, houve a assinatura de uma carta de intenções para o desenvolvimento de um hotel na Avenida Alfredo Camarate, mas o contrato ainda não havia sido firmado. O Estado de Minas tentou, por telefone e e-mail, contato com a Brisa Empreendimentos Imobiliários, responsável pelo então Hotel Go Inn, e não teve retorno sobre a captação de novo parceiro para o empreendimento. EXPECTATIVA
Moradores da região resistentes à verticalização da Pampulha comemoraram a decisão. “Só temos a agradecer à bandeira Go Inn por ter sido tão sensível aos anseios da comunidade. Se não representar o fim do projeto, acho que é uma dificuldade a mais para o empreendedor”, afirma a presidente da Associação dos Moradores dos Bairros São Luiz e São José (Pro-Civitas), Juliana Renault. A expectativa agora é pelo recurso do MP contra sentença do juiz titular da 3ª Vara da Fazenda Municipal de Belo Horizonte, Alyrio Ramos, que considerou constitucional a legislação que permitiu licenciamento dos dois hotéis. Em ação ajuizada em 15 de março, o MP havia pedido a suspensão das licenças das construções, concedido pelo Conselho Municipal de Política Urbana (Compur). O principal argumen-
to contra os prédios, de 40m cada, é o fato de estarem dentro da Área de Diretrizes Especiais (ADE) Pampulha, onde a altura máxima permitida seria de 9m, de acordo com a Lei 9.037/05. Segundo os promotores, a alteração desse parâmetro pela Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo (nº 9.959/10) – que flexibilizou o limite em cinco lotes da Avenida Alfredo Camarate, no Bairro São Luiz – fere o princípio de vedação ao retrocesso previsto na Constituição, o que significa tornar menos rígidas áreas de proteção ambiental. A condição imposta pelo Compur para os empreendimentos foi a redução da altura para 40 metros. O projeto do ex-Hotel Go Inn, inicialmente projetado para ter 59m, prevê 375 unidades e 137 vagas de estacionamento. Já o Bristol Skalla, ao lado do Go Inn, tem previsão de 334 unidades e 174 vagas, no projeto original de 48m. Ao contrário da Atlantica, a bandeira Bristol informou que continua no projeto do hotel vizinho ao ex-Go Inn. “Continuamos normalmente. Fizemos uma pesquisa de mercado e é uma região carente de hotéis, principalmente de luxo”, afirma o assessor jurídico Francisco Augusto de Carvalho. Já o dono da CMR Construtora, incorporadora do Bristol Skalla, Milton Alves de Freitas Júnior, lamentou a saída da Atlantica. “É ruim para a rede hoteleira”, diz, informando que a empresa está articulando para conseguir o alvará de construção do empreendimento. De acordo com a Secretaria Municipal Adjunta de Regulação Urbana, os projetos dos dois hotéis ainda não foram protocolados na pasta. PRÉDIOS DA ATLÂNTICA EM BH
Com 77 empreendimentos no país, a Atlantica Hotels opera atualmente dois hotéis em Belo Horizonte, o Clarion Lourdes, no Bairro de Lourdes, e o Quality Afonso Pena, na Avenida Afonso Pena. A intenção é inaugurar na região metropolitana mais quatro empreendimentos até a Copa de 2014, todos com foco no turismo de negócios. O Go Inn Del Rey, na categoria econômica, será construído no Bairro Caiçara, Região Noroeste, ao lado do Shopping Del Rey. Com 176 unidades, o Comfort Hotel Pampulha está sendo erguido na Avenida Antônio Carlos, na altura do Bairro Jaraguá, na Pampulha. O Comfort Hotel Confins ficará na MG-010, em Lagoa Santa, e o Comfort Hotel Contagem, no Bairro Cidade Industrial.
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ESTADO DE MINAS - p. 24 - 04.04.2012 notas do dia
diário do comércio - p. 11 - 04.04.2012
REVISTA ENCONTRO - P. 24 - 01.04.2012
o tempo - P. 10 - 04.04.2012
hoje em dia - P. 16 - 08.04.2012
Usina hidrelétrica causa danos ao São Francisco Perda da vazão natural afeta população ribeirinhas e as reproduções dos peixes
O GLOBO - P. 09 - 06.04.2012
O GLOBO - P. 16 - 06.04.2012
VALOR ECONÔMICO - P. 12 E 13 - 05.04.2012
CONT... VALOR ECONÔMICO - P. 12 E 13 - 05.04.2012
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HOJE EM DIA - p. 04 - 09.04.2012
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REVISTA ENCONTRO - P. 50 E 52 - 01.04.2012
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Isto é – SP – on line – 07.04.2012
A ameaça do lixo espacial
Estação Internacional quase é atingida por pedaço de satélite, chamando a atenção para a necessidade urgente de uma faxina na órbita terrestre
André Julião Foi por pouco. No máximo, 11 quilômetros. Essa distância, mínima para padrões cósmicos, separou a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) de um pedaço de satélite russo – um choque que poderia inutilizar o conjunto de módulos de US$ 100 bilhões. O quase acidente aconteceu no sábado 24, às 4h38 no horário de Brasília. Para se ter uma ideia, o espaço entre a ISS e o lixo espacial foi tão curto que os seis astronautas a bordo tiveram de se abrigar em duas cápsulas Soyuz, prontos para voltar à Terra em caso de colisão. O destroço era do satélite russo Cosmos 2251, que em 2009 se chocou com outro instrumento do mesmo tipo, o Iridium 33, dos EUA. Com a colisão, mais de dois mil pedaços maiores do que uma bola de tênis se espalharam pelo espaço, somando-se aos pelo menos 22 mil detritos desse tamanho que orbitam a Terra. No total, a Nasa, agência espacial americana, monitora quase meio milhão de unidades de lixo espacial – a maioria pedaços de satélites inativos. Em junho passado, um deles passou a cerca de 300 metros da estação. O acontecimento do sábado chama a atenção mais uma vez para o problema do lixo espacial. Em 12 anos de existência
da ISS, é a terceira vez que os astronautas se preparam às pressas para fugir, já que não houve tempo suficiente para manobrar a estação. O detrito foi identificado na sexta-feira 23, tarde demais para tirar a ISS do seu percurso. Ele vagava a 30 quilômetros por hora, velocidade suficiente para causar sérios danos. Funcionários da Nasa em terra não chegaram a acreditar que a ISS estivesse em sério risco, mas acharam melhor tomar as medidas de emergência por precaução. “Tudo correu de acordo com o planejado. A peça passou pela Estação Espacial Internacional sem nenhum incidente”, afirmou um porta-voz da agência. Os astronautas – três russos, dois americanos e um holandês – foram acordados cerca de uma hora antes do normal, no que costuma ser dia de folga da equipe, para embarcar nos dois Soyuz e fechar as escotilhas. Eles ainda olharam pelas janelas para tentar avistar algum detrito, mas não perceberam nada. Se a ISS, com suas 450 toneladas, fosse atingida e danificada de forma irreversível, os astronautas estavam preparados para desprender os módulos e voltar para a Terra. No entanto, eles retornaram à estação e “tiveram um fim de semana normal e relaxante”, conforme descrição de Rob Navias, outro porta-voz da Nasa. O Conselho Nacional de Pesquisa
dos EUA, afirma que os destroços espaciais são uma grande ameaça à rede de satélites presente na órbita da Terra, vital para comunicações e outras atividades, e mesmo à ISS. Em resposta, nações dotadas de programas espaciais assinaram acordos para adotar melhores práticas para controlar satélites inativos e o inevitável retorno ao planeta. Pelo menos uma grande peça entra na atmosfera terrestre todo ano. Na semana passada, moradores de um vilarejo na Sibéria, na Rússia, relataram que um grande “fragmento de ovni” caiu, apesar de especialistas ainda não terem conseguido confirmar a sua origem. Pesquisadores ainda trabalham em formas de encurralar o lixo espacial em órbita. Uma proposta consiste numa nave dotada de uma rede, que “pescaria” os detritos. Outras ideias incluem usar laser para destruir essas peças. No mês passado, uma empresa suíça divulgou o desenvolvimento de um “satélite zelador” para fazer uma faxina nos céus. É o que a órbita da Terra precisa.
HOJE EM DIA - p . 18 - 04.04.2012
hoje em dia - P. 18 - 04.04.2012
O estado De SP – on line – 03.04.2012
X-tudo ambiental
Xico Graziano Passadas duas décadas desde que se realizou a Rio-92, a Organização das Nações Unidas (ONU) resolveu organizar no Brasil uma nova conferência mundial. Concebida para avaliar o desenvolvimento sustentável, a Rio+20 ameaça ser um fracasso. Sua complexa agenda virou uma torre de Babel. A primeira conferência mundial sobre meio ambiente foi realizada em 1972 na capital sueca, a cidade de Estocolmo. Lá nasceu o importante Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Começavam a ser conhecidos, cientificamente, os limites da Terra para a explosão populacional humana. Consequências ecológicas do crescimento econômico. Importante relatório da ONU divulgado 15 anos depois, intitulado Nosso Futuro Comum, definiu as bases do conceito que virou mantra na atualidade: o desenvolvimento sustentável. Derivada da noção pioneira de “ecodesenvolvimento”, proposta pelo economista polonês naturalizado francês Ignacy Sachs, a expressão propunha conciliar a economia com a ecologia. Mais tarde, na Cúpula da Terra (nome original da Rio-92), ampliou-se a compreensão sobre o tema, consagrando o famoso tripé da sustentabilidade: ecologicamente equilibrada, socialmente justa e economicamente viável. Ao se incorporar à temática do desenvolvimento econômico, a causa do ambientalismo, antes restrita aos idealistas e aos visionários, ganhou importância. A sociedade global mudava a compreensão sobre o seu devenir. O crescimento predatório, que emite notas promissórias contra o futuro, perdeu cartaz, abrindo espaço para o surgimento da “economia verde”, novo paradigma da civilização. Em tese, tudo resolvido; na prática, imensas dificuldades. As nações jamais consolidaram passos subsequentes, necessários para obter governança global sobre o meio ambiente. As empresas, por seu lado, perderam tempo tratando a sustentabilidade apenas como uma jogada de marketing, pouco modificando os processos tecnológicos de produção. Entre as pessoas, a conscientização ecológica jamais ultrapassou as elites da sociedade. Em consequência, anda atrasado o enfrentamento consistente da crise ambiental. Falta também clareza sobre a ideia central. Desde que se formulou o conceito de desenvolvimento sustentável, suas três dimensões - ambiental, social e econômica - disputam espaço político em sua agenda. Se, num primeiro momento, a luta ambiental se robusteceu ao ser incorporada aos processos decisórios da economia, aos poucos o ambientalismo passou a dividir o seu ativismo com grupos centrados nas desigualdades sociais. Uma sociedade miserável, afinal, não pode ser considerada sustentável. Especialmente nos países emergentes, como o Brasil, os dilemas elementares do crescimento - emprego, moradia, energia, transportes - exigem obras que pressionam fortemente as variáveis ambientais. Nesse sentido, o preservacionismo radical, coerente nos países ricos, por aqui soa como
elitista. Por isso a ideia de sustentabilidade, mais ampla, ganhou espaço, forçando o ambientalismo a ser realista. Mais do que eloquentes palavras, ações concretas. Em outra linha, certas organizações fizeram da sustentabilidade uma estratégia de combate à exclusão humana, fornecendo uma grife aos movimentos ligados à erradicação da miséria e à justiça social. Estes, agora, pegaram carona nos preparativos da Rio+20 e praticamente dominaram a mídia sobre a reunião. Negros, feministas, sem-terra, índios, gays, causas humanitárias variadas imiscuíram-se com o ambientalismo, resultando boa confusão, teórica e política. Resultado: a Rio+20 perdeu seu foco original, ligado à crise ecológica da civilização. Assim argumentam os cientistas, militantes da causa ambiental, laureados com o prêmio Planeta Azul, uma espécie de Oscar da sustentabilidade. O físico José Goldemberg é um dos que lideram a grita contra essa deformação nos debates pré-conferência, marcada para início de junho. Rubens Ricupero, diplomata cuja ação foi decisiva para o sucesso da conferência de 20 anos atrás, esclarece: “Se a questão ambiental não for encaminhada de maneira satisfatória, se o clima aquecer demais, não teremos nem social nem econômico (...), virá o colapso total”. Para piorar o quadro, entidades (que se julgam) esquerdistas passaram a contestar o tema da economia verde, proposto originalmente pela ONU, argumentando que esverdear os processos produtivos interessa apenas ao capitalismo. Para libertar os povos oprimidos, defendem, será necessária uma nova e ampla “revolução”, que, obviamente, ninguém sabe definir qual nem como. Nem onde. E assim nos aproximamos da Rio+20. Nesse contexto, provavelmente nada de importante nela se decidirá. Uma avaliação séria, se viesse a ser realizada, mostraria que, a despeito de boas ações aqui e ali, a civilização continua caminhando para o colapso. Inexiste uma força coordenadora, decisória, que enquadre a sociedade global na agenda futurista. Essa governança, que poderia ser o grande assunto do encontro no Rio de Janeiro, será provavelmente substituída pelas resoluções de sempre, genéricas, que empurram o problema com a barriga. A grande conferência da ONU deve configurar, infelizmente, apenas uma grande festa ideológica, cujo brilho até poderá ajudar no avanço da consciência ecológica mundial, mas não deixará marca registrada. Haverá uma mistureba semelhante ao recheio daqueles sanduíches do tipo x-tudo: uma fatia da diplomacia internacional, uma rodela de terceiro-mundismo clássico, pitadas da Via Campesina, pedacinhos de ambientalismo com molho oriundo dos povos oprimidos, um caroço do empresariado inteligente amolecido pelas entidades científicas, tempero blá-blá-blá à vontade. Fica delicioso, enche a barriga, mas não guarda o gosto de nada. *Agrônomo, foi secretário de Agricultura e secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. E-mail: xicograziano@terra.com.br
o estado de sp - P. A3 - 04.04.2012