Ano II
NĂşmero 123
Data 25 a 27/08/2012
O tempo – on line – 26.08.2012
Preservação vale recompensa
Proprietários de Brumadinho vão começar a receber ainda neste ano
QUEILA ARIADNE
Lucas Machado de Sales é proprietário da pousada Verdefolhas, que fica em uma área de 30 mil m², em Brumadinho. Deste total, 23 mil m² são preservados, ou seja, não abriga nenhuma atividade. Mas o IPTU é cobrado pela área total. A partir do fim deste ano, o empresário poderá receber pelos serviços de conservação ambiental prestados. Ele é um dos 50 pré-cadastrados no Projeto Oásis, que chega à Minas Gerais na região da Serra da Moeda, em Brumadinho, mas tem grandes chances de ser estendido para outras regiões do Estado. Trata-se de um programa que remunera proprietários que conservam suas áreas naturais e de mananciais ou adotam boas práticas de uso e conservação do solo. “Nós preservamos 23 mil m² de Mata Atlântica e temos oito nascentes, fico muito feliz de saber que nossos serviços serão reconhecidos. Esse dinheiro já vai ajudar a pagar o IPTU”, afirma Sales. O projeto é desenvolvido pela Fundação Grupo Boticário, que implantou o programa pela primeira vez em 2006, em São Paulo. A fundação é responsável pelo suporte técnico, contratação e premiação. “Brumadinho foi escolhido pela relevância da biodiversidade da Serra da Moeda e por abrigar sub-bacias do rio Paraopeba, importantes para o abastecimento de água de toda a região metropolitana”,
explica o coordenador de estratégias de conservação da fundação, André Ferreti. Ele explica que, em Minas Gerais, o projeto tem parceria com a Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente (Amda), responsável pelo cadastramento, e do Ministério Público de Minas Gerais, que é o gestor dos recursos que serão usados na remuneração dos proprietários. Segundo Ferretti, o Projeto Oásis começará em Minas Gerais com um recurso de R$ 2 milhões para os pagamentos por serviços ambientais. “São recursos provenientes de medidas compensatórias, que uma empresa paga por danos que a atividade vai causar na região onde atua”, explica o coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Defesa do Meio Ambiente, Patrimônio Cultural, Urbanismo e Habitação, Luciano Badini. Segundo o promotor, o Oásis terá capacidade de atender 75 produtores, só na área de Brumadinho. “Mas a intenção é ampliar o projeto para outras regiões. Ele tem muita relevância para a conservação de mananciais e cobertura vegetal e traz benefícios para toda a população”, ressalta Badini. Segundo Ferretti, a expectativa é de que o pagamento do Oásis na Serra da Moeda já comece a ser feito até dezembro deste ano. “A remuneração é semestral e o proprietário receberá durante um período de cinco anos”, explica.
FOTO: ADOLFO TOS/ DIVULGAÇÃO Serra da Moeda. Brumadinho foi escolhida por ter importantes subbacias do rio Paraopeba, relevantes para o abastecimento de água
HOJE EM DIA - MG - ON LINE - 25.08.2012
Estado de minas – on line – 25.08.2012 GIRO Giro Minas
INCÊNDIO CRIMINOSO
Chamas se alastram na Serra da Canastra
Um incêndio que se alastra desde quarta-feira já queimou cerca de 1,5 mi hectares no Complexo da Babilônia, área em processo de regularização do Parque Nacional da Serra da Canastra, em São Roque de Minas, no Centro-Oeste do estadoA estimativa ainda não é oficial porque a cada dia o fogo se alastra, explica o chefe substituto do parque, Arnaldo Ferreira da Silva. Trabalham no combate ao fogo cerca de 30 pessoas, da brigada do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Corpo de Bombeiros e voluntários. Dois aviões também ajudam nas ações, mas chamas ainda devem continuar nos próximos dias, explica o agente de fiscalização do Instituto Chico Mendes, Lourenço Lemos da Silva. Os ventos fortes, comuns em agosto e o tempo seco, contribuem para o alastramento do fogo, que atinge a vegetação de campo limpo, típica da região. Para Lourenço, o fogo tem origem criminosa. “Os fazendeiros da região fazem queimadas para aproveitar a rebrota ESTADO DE MINAS – on line – 26.08.2012
FOGO
Incêndio criminoso
Prática ilegal de queimadas, vegetação seca e longa estiagem tornam a Serra da Canastra vulnerável às chamas Gustavo Werneck Bombeiros e brigadistas conseguiram controlar, na tarde de ontem, o incêndio no Parque Nacional da Serra da Canastra, em São Roque de Minas, na Região Centro-Oeste. O fogo começou havia quatro dias e, segundo o chefe substituto dessa unidade de conservação, Arnaldo Fereira da Silva, destruiu cerca de 1,5 mil hectares, o que equivalente a 1,5 mil campos de futebol. A área atingida foi o Chapadão da Babilônia, distante da Casca D’Anta, cachoeira existente logo depois da nascente do Rio São Francisco. O parque é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente. Hoje, os responsáveis pela operação, que envolveu em cerca de 40 pessoas, voltam ao local atingido pelas chamas para verificar se ainda há focos e algum sinal de perigo. Se não houver mais risco, o grupo retornará às suas atividades normais. Por ser o Chapadão da Babilônia de difícil acesso, foi necessário o uso de helicópteros do Corpo de Bombeiros e duas aeronaves do ICMbio. Arnaldo explicou que a região é de cerrado, com presença de campos limpos, onde predominam as gramíneas e há poucas árvores, e os campos rupestres, com vegetação sobre rocha. Por enquanto, não foram encontrados animais mortos. A investigação inicial mostra que o incêndio é criminoso, já que, nesta época do ano, muita gente queima o mato para formar pastagens e soltar o gado. A questão se complica
na região, pois, conforme Arnaldo, há proprietários de áreas que ainda não foram indenizados. Há 15 dias, o Parque Nacional da Serra da Canastra, com área de 200 mil hectares, foi vítima de incêndio – na ocasião, o foco estava mais próximo das nascentes do Velho Chico. A longa estiagem e o tempo seco, aliados à prática ilegal das queimadas por parte de alguns criadores de gado, tornam esse santuário ambiental, onde nasce o rio da unidade nacional, uma vítima em potencial das labaredas. CRIMINOSOS Levantamentos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) mostram que 90% das queimadas nas unidades de conservação estaduais têm origem criminosa. Integram o Plano de Ação de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais seis programas operacionais, divididos em prevenção e controle, capacitação, combate, infraestrutura e logística, comunicação, fiscalização e investigação. Em maio, o governador assinou decreto que define diretrizes para a Força Tarefa do Programa de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais de Minas Gerais (Previncêndio). O decreto criou uma sub-base da força-tarefa, instalada na estrutura da Adjuntoria de Emergência Ambiental do Corpo de Bombeiros Militar/MG, instalada no Parque Estadual Serra do Rola Moça. O objetivo é intensificar ações de prevenção.
folha de sp - sp - p. a2 - 27.08.2012