Jornal Ágora n.º 8

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Hoje, espa os como o ÒEra Uma Vez no PortoÓ, ÒContagiarteÓ e ÒCasa do LivroÓ, satisfazem o intelecto dos mais selectivos, tornando a noite num ambiente muito mais acolhedor, e por vezes, educacional. Situado na zona hist rica da cidade do Porto, um cartaz anuncia que ali h vida. ÒEra Uma Vez no PortoÓ, o que se l . Nome convidativo que nos traz mem ria o antigamente e as hist rias de fadas e magia. J o seu interior bem diferente. Cores arrojadas, espa os aconchegantes, s mbolos e objectos que nos fazem lembrar os electrizantes anos 60/70, marcam desde logo a forte personalidade do espa o. Todo o espa o est dividido por sec es, como sala de ch , zona de venda de vinis e papel de parede e uma zona mais reservada no andar de cima. Cada espa o, um sentimento. Cada sec o uma personalidade. Tudo come ou com a paix o pela m sica, ÒSempre a adorei. Sou de facto um apaixonado pela m sicaÓ, confessa Nuno Pedrosa, o propriet rio do espa o. Esta , de facto, a base condutora do crescimento e divulga o do ÒEra Uma Vez no PortoÓ. Desde o Indie Rock, ao Rock Progressivo, tudo bem-vindo e faz aumentar o clima intimista do espa o. Se outrora a venda de roupa e as exposi es fotogr ficas existiam no ÒEra Uma VezÓ, hoje n o se diz o mesmo. ÒAlgumas dessas sec es desapareceram porque os seus propriet rios encontraram espa os apenas para eles, e maiores.Ó, comenta Nelson Pedrosa. No entanto, a loja de cds e vinis o fruto do bar que mais sumo tem apesar de ser complementar, ÒVendemos a mesma m sica que passamos c e um pouco por a . As pessoas que v m c , gostam daquele estilo de m sica e t m aquela

mentalidade. f cil aquilo funcionar tamb m.Ó Ë pergunta quanto possibilidade de caso o espa o mudasse de lugar continuaria a ter os mesmos clientes, Nelson Pedrosa, em tom de humor responde que, ÒS se formos para T quio que eles n o nos seguemÓ. O Contagiarte mais um espa o que n o foge excep o. Exterior discreto, confund vel com o restante meio

A escurid o da noite tem um encanto especial quando se adolescente. Com a primeira sa da noite, a vida adulta come a. Ës vezes com exageros. O mundo da noite deixou de ser algo desconhecido para jovens como o Jo o Ferreira de 14 anos, a Ana Catarina Ribeiro de 15 anos e Afonso Pinto de 16. Em meios urbanos, a experi ncia da vida nocturna come a cada vez mais cedo. Quando se adolescente, a noite representa um momento de euforia, pois disp e de largas horas para desfrutar a vida ao m ximo. um momento de liberdade, longe dos olhares reprovadores dos pais. Para os adolescentes d a sensa o de maturidade. como se a inf ncia tivesse terminado. Come ar a sair noite algo que os jovens come am a fazer desde cedo. entre os 14 e os 16 anos que se vai a uma discoteca pela primeira vez. Jo o Ferreira diz que a primeira ida discoteca Òfoi memor velÓ. Apesar de n o beber nem fumar, o pr prio a admitir que as

envolvente, surge Òatrav s de uma necessidade de a nossa associa o conseguir ter um local de desenvolvimento de processos criativos. A dinamizadora do espa o Contagiarte a ACARO (Associa o Cultural de Artes Organizadas)Ó, explica Ana Salt o, membro do n cleo de fundadores da Associa o. O desejo de ver crescer um espa o cultural, um espa o para ensaios e para desenvolverem a rea da forma o que sempre tiveram desde o in cio da ACARO, foi o que levou a que a Rua çlvares Cabral fosse a localiza o p r e t e n d i d a . ÒEncontr mos este espa o, estava devoluto e quando o vimos, ach mos que seria muito interessante podermos partilh -lo com os outros. Portanto, abrir um espa o t o grande como este, um espa o comunidade art stica, e n o s , socialmente cidade. O espa o Contagiarte surge, portanto, por uma necessidade de encontrarmos um local de ensaios e um l o c a l d e desenvolvimento da nossa rea de forma o.Ó Definido como um local ecl tico pelos seus fundadores e frisando que Òo Espa o Contagiarte n o um barÓ, a verdade que se tem tornado uma sec o chamativa de pessoas de todas as faixas et rias como nos garante Catarina, funcion ria do espa o na rea da Gest o Financeira, ÒNoto que as pessoas v m c porque isto um espa o diferente, que lhes proporciona n o s boa m sica e momentos para beber umas cervejitas, assim como temos espect culos, outras performances, temos espect culos de dan a. Acho que as pessoas v m aqui porque procuram coisas diferentes, que Foto: Ana Lu sa Silva

S e as di s cot ecas dit avam dest ino nocturno de muitos jovens at h bem pouco tempo, o mesmo n o se pode dizer dos dias de hoje. Quem dita a cultura e os espa os que a promovem de in meras maneiras. Pe as de teatro, concertos, sal es de ch , espa os de leitura, venda de roupa e artesanato, mostram que o Porto j n o o que era.

discotecas s o os locais mais prop cios a v cios. E as primeiras sa das significam um grande tormento para quem fica em casa, os pais. No entanto, Ònem todos t m que passar por esse azarÓ, e h aqueles jovens cujos pais lhes d o mais liberdade e s o vistos como verdadeiros dolos. A juventude n o gosta de ficar em casa, quer conhecer pessoas, ouvir boa m sica, divertir-se e acabar a noite numa discoteca. precisamente nesta fase da noite que os maiores exageros t m lugar. V rios adolescentes admitem que a sua primeira embriaguez aconteceu com os amigos na discoteca, mas s depois de ganharem a confian a dos pais, chegando a casa sempre a horas e levando risca as regras impostas por estes. Curiosamente, e indo contra o que foi dito, a maior parte dos jovens admite que

bebe logo na primeira vez que sai. As prefer ncias divergem: alguns dizem que preferem cerveja, outros apreciam mais bebidas brancas, outros shots. Enraizou-se nos jovens a ideia de que sem lcool n o pode haver divers o. Muitos afirmam que bebem para se sentirem mais desinibidos, outros dizem que bebem porque os amigos tamb m o fazem e n o querem estar um passo atr s. precisamente devido ao excesso de lcool e drogas que ocorrem casos de viol ncia entre jovens embriagados. Muitos admitem mesmo que come am a ter medo de sair noite. S o v rios os casos vindos a p blico de jovens assaltados e agredidos. Ao que parece est -se a tornar uma impossibilidade conviver na rua em paz. A noite, que tem tudo para ser de liberdade est , afinal, a tornar-se a Ònoite da perdi oÓ.

n o seja banal, vulgar. E este espa o n o tem nada de vulgar, podem crerÓ. O Espa o Contagiarte, det m ainda um variad ssimo leque de produ es pr prias, como as pe as de teatro, festivais na rea da m sica ou mesmo as artes digitais. No ano passado, o espa o fez a VI Edi o do Festival Etnias em Dezembro, que um festival de World Music, teve a V Edi o do Granitus Folk em Junho. O ano de 2009, tal como o de 2008 promete a V Edi o do Love Video, que tem por base as artes digitais e ainda uma II Edi o do Arte pelos Ares, um encontro das artes, mais referentes a artes do palco, que encaixa neste espa o que nem uma luva. A Casa do Livro localiza-se na Baixo do Porto e foi outrora a conhecida livraria Casa do Livro. N o foi s o nome que permaneceu. Os livros fazem parte da decora o, assim como o piano, as cadeiras forradas de tecido verde e dourado e a famosa V nus de Boticelli, pintada numa das paredes. Tudo isto perdura, conciliado com grande mestria e eleg ncia, com uma decora o mais moderna, criando assim um ambiente mais minimalista, acolhedor e sensual. N o fossem os s cios, um arquitecto e um organizador de eventos, j entendido nesta vida nocturna. Contudo, o conceito que este espa o apresenta completamente inovador e arrojado. Como diz Jos Pedro, Òa nossa ideia era abrir um bar que fosse tipo sala de estar, onde as pessoas se pudessem encontrar, que fosse confort vel tanto cheio como vazio, que n o fosse est tico e que tivesse muitos eventos.Ó Logo, com um cariz t o cultural, este espa o destaca-se n o s pelos variados concertos, mas tamb m pelas apresenta es de livros e vinho a copo, que segundo Jos Pedro, Òainda n o est muito implementado em PortugalÓ. Para quem ainda n o visitou este caf bar, fica a saber que est aberto de segunda a s bado. Aos fins-de-semana a noite animada por v rios Dj«s e durante a semana, podem ver-se concertos ao vivo, desde noites de fados, rock e jazz. Talvez por culpa desta diversidade, abranja v rias faixas et rias, o que prova que este espa o t o criativo, consegue conciliar gera es t o diferentes culturalmente no mesmo.

Ana Lu sa Silva Ana Isabel Vieira Joana Sofia Sousa

Editor: Lu s Humberto Marcos (coordenador do curso) Coordenadores: Ana Lu sa Silva, Hor cio Silva Redac o: Adriano Marques, Ana Catarina Falc o, Ana Isabel Ferreira, Ana Isabel Vieira, Ana Lu sa Silva, Ana Rita Silva, Bruno Pereira, Carlos Tavares, Cl udia Rua, Ivo Pereira, Jacinta Gon alves, Janine Lafuente, Joana Alexandra Sousa, Joana Sofia Sousa, M rcia Viviana Silva, M rio Carneiro, Nuno Marques, Rute Guimar es, Teresa Quintas, Tiago Carvalho, V tor S Design Gr fico: Janine Lafuente e Fernando Ara jo


Crescer com a M sica

Estamos num edif cio de paredes austeras, fachada s bria. A placa dourada na parede identifica bem a institui o: Academia de M sica de Vilar do Para so. Quase nem seria preciso: porta, v em-se crian as com pesados instrumentos s costas e sacas a tiracolo, com equipamento de dan a. Ouvem-se gargalhadas. H correrias e a m sica salta dos instrumentos. A AMVP nasceu em 1979, em Vila Nova de Gaia, por iniciativa do professor Hugo Berto Coelho, actual director. ÒNos primeiros anos, as aulas eram leccionadas na casa dos pr prios alunosÓ- conta ele reportagem çgora. Em 1990, a iniciativa foi oficializada. E, mais tarde, o Minist rio da Educa o certificou a Academia, que neste momento ensina Dan a, M sica, Teatro e Teatro Musical, rea mais recente.

poder o fazer disciplinas do Ensino Regular enquanto a direc o esta tamb m a projectar a constru o de uma creche e de uma faculdade. Uma mudan a muito ansiada por todos e que Òpermitir alcan ar ainda melhores resultadosÓ...

a divers o n o alheia a esta escola. ÒA cumplicidade entre as crian as muita, partilham os mesmos sentimentos na hora dos espect culos, uma aprendizagem conjunta e acabam por passar aqui muito do seu tempo livreÓ - confidenciam os professores que n o escondem o orgulho

Uma academia multi-facetada Ao entrar, rapidamente se percebe que a decora o do edif cio influenciada pelo tema ÒA M sicaÓ. Os cartazes de espect culos, os instrumentos, os retratos de m sicos e compositores, os trof us e diplomas d o vida s paredes da velha Academia. Aqui, a arte encarada como Òum singular ve culo de express o e comunica o, permitindo ao ser humano tornar-se mais consciente e alerta em rela o ao espa o circundanteÓ, como afirma Lu sa Coelho. Tamb m ela j foi aluna de harpa na Academia, onde hoje ocupa um cargo de direc o A predisposi o para aprender muita e quando chega a hora das aulas, os corredores rapidamente ficam vazios pois semelhan a de uma escola, tamb m aqui existem hor rios r gidos, trabalhos d e c a s a e a v a l i a e s , p o rq u e a aprendizagem da M sica, Dan a ou Teatro deve ser levada muito a s rio. Para aqueles cujo hor rio diurno n o adequado, existem cursos livres. Nestes h maior flexibilidade de hor rios e de escolha das disciplinas. Coro de Pais e Canto Jazz s o actividades para adultos. Lugar por excel ncia de aprendizagem e valoriza o dos tempos livros dos jovens, a Academia tem crescido muito. Por isso Òa escola j e velha e pequena para os cerca de 500 alunos que temosÓ, como regista Lu s Coelho, sublinhando a ÒhierarquiaÓ da frequ ncia: ÒAqui a hierarquia como uma pir mide; na base, temos alunos de 5 anos e, no topo, temos alunos de graus avan ados, com cerca de 18 anos, sem esquecer alguns adultos dos cursos livresÓ. Com esta densidade e as condi es do edif cio compreende-se o desabafo de Lu sa Coelho: ÒN o f cil tocar piano enquanto ouvimos um trompete na sala ao lado.Ó Em breve, tudo mudar . Novas instala es est o em fase adiantada de constru o, a cerca de 100 metros das actuais. ÒDever o estar prontas em Setembro deste anoÓ, prev a Direc o da Academia. As novas instala es resolver o os problemas de espa o e estacionamento, e tamb m as condi es ac sticas. Os alunos

Alunos da Academia em aulas de instrumentos.

Um salto at Londres Uma das inova es mais significativas desta Academia passa pelo curso de Teatro Musical, o primeiro a ser desenvolvido em Portugal. Este g nero art stico s agora come a a ter relevo, com os espect culos musicais que t m vindo a despertar um interesse crescente, num p blico vido de inova es. Apesar de ainda esperar pela certifica o por parte do Minist rio da Cultura, o curso conta com uma parceria da Mountview Academy of Theatre Arts (Londres). No final de 3 anos, os alunos obt m um diploma desta prestigiante institui o, facto que possibilitar um acesso mais facilitado ao Ensino Superior, ou ao mercado de trabalho. Mas a verdadeira emo o est na viagem at Londres, realizada uma vez por ano nas f rias do Carnaval. Os alunos podem ver verdadeiros Òmusicais da BroadwayÓ, conhecer os actores principais, ver os aquecimentos vocais e satisfazer toda a sua curiosidade sobre o mundo do espect culo.

Divertir e aprender Apesar da exig ncia dos professores,

nos seus alunos. S o aprendizes que Òanseiam por chegar cada vez mais longeÓ. ÒBrincamos mas somos exigentes, a M sica uma rea dif cil. Queremos que estejam preparados.Ó Ò A arte tem que chegar a todos. Se queremos ser artistas primeiro temos muito que aprender.Ó diz o bem-disposto professor de Guitarra, Avelino Santos. Apesar da humildade dos professores, todos eles s o talentosos. Quando se encosta o ouvido a uma sala de aula da Academia, fascinante poder desfrutar da sua M sica. A academia conta com nomes como o do Maestro Rui Massena e Ernesto Coelho entre outros tantos m sicos, dan arinos e actores de reconhecidos m ritos.

oportunidade de participarem em recitais e espect culos dentro e fora do pa s, e j s o detentores de alguns pr mios. Uma das mais entusiastas actua es foi no Coliseu do Porto. Foi not ria a emo o de professores e alunos. Ò uma motiva o muito grande para os alunos o facto de pisarem o palco que muitos dos seus dolos j pisaramÓ - assinala Lu sa Coelho. ÒA ansiedade muito forte e eles querem dar sempre o seu melhorÓ, sublinha. Estas apresenta es contam sempre com a presen a dos pais e av s, que assistem emocionados s actua es, demonstrando todo o seu orgulho e deixando os pequenos aprendizes muito vaidosos. Muitos dos alunos participam em castings ou s o ainda contactados para participar em musicais como ÒJesus Cristo SuperstarÓ ou ÒM sica no Cora oÓ. Participar nos espect culos de La F ria constitui um reconhecimento assinal vel. Trata-se de um verdadeiro incentivo para quem quer enveredar pelo campo art stico, ou procura simplesmente um passatempo. Ò bom saber que somos reconhecidos apenas pelo talento dos nossos alunosÓ. Estas palavras de Lu sa Coelho apontam uma linha que fix mos, despedida: ÒA Academia de Vilar de Para so tem as portas abertas para todos aqueles que partilhem da mesma filosofia que n sÓ.

O projecto em fase de concretiza o.

O sonho de um dia ser Artista ÒGostava de um dia ser bailarina, vi espect culos e quis experimentar, estou a ter aulas desde Setembro e estou gostar muito, quero mesmo continuar!Ó - o desejo de Margarida , de 11 anos. Como ela, muitos dos alunos da Academia partilham o sonho de um dia pisarem palcos importantes e serem famosos. Aos poucos e poucos surge a

Contacto: www.amvp.pt R. Camilo Castelo Branco, 20 - Vilar do Para so 4405-847 Vila Nova de Gaia T. (+351) 22 711 02 49 | F. (+351) 22 716 23 49 geral@amvp.pt Joana Sousa, M rcia Silva e Catarina Pinheiro


Mentes sublimin veis Numa sociedade cada vez mais consumista, onde nem a crise parece ÒaligeirarÓ esta tend ncia, a publicidade ocupa uma posi o cada vez mais importante. Utilizam-se v rias t cnicas e mecanismos para persuadir o consumidor a adquirir um novo produto, convencido de que necessita realmente dele. Falamos de Publicidade Subliminar. O çgora entrevistou Maria Jo o Moreira, psic loga convidada do programa semanal do Porto Canal, ÒSala de AulasÓ. Coloc mos-lhe algumas quest es a fim de procurar esclarecer o porqu das crian as como p blico-alvo de tantas publicidades, quando quem det m o poder de compra s o, na realidade, os pais.

MJM: Quando falamos de crian as e adolescentes, falamos em algu m que se encontra numa fase de forma o e desenvolvimento do seu ego. Este, muitas vezes, por diversificadas lacunas relativamente ao seu auto-conceito, leva a uma tentativa de compensa o atrav s de bens materiais. a velha m xima: ÒPosso valorizar aquilo que sou, com aquilo que tenhoÓ.

çgora: Quais as faixas et rias mais pass veis de serem afectadas pela publicidade subliminar? Maria Jo o Moreira: uma resposta complicada, pois depende do produto em quest o e da camada populacional a que este se destina. Mas interessante constatar, que as crian as, com o evoluir da sociedade, demonstram cada vez mais cedo, interesse pelas marcas e pela imagem que transmitem.

ç: Enquanto psic loga e em contacto di rio com crian as, j alguma vez sentiu em algumas delas estes efeitos? MJM: Sim. Eu que estou diariamente em contacto com as crian as consigo ter essa percep o, e compreender que em parte, a publicidade que conduz a comportamentos t o exacerbados como por exemplo na poca de Natal, em que pelo facto de uma crian a n o ter recebido o ltimo modelo da consola da moda ou o telem vel ou mp3, rejeitada pelo grupo, at pelo facto de n o poder participar nos jogos e brincadeiras que estes fazem

ç: Na sua opini o, o que que torna as crian as e adolescentes mais vulner veis aos efeitos dessa publicidade?

durante os tempos livres.

ç: Acha que o efeito que a publicidade provoca nas crian as e nos adolescentes tem peso no processo da decis o familiar de compra? MJM: A influ ncia que a publicidade exerce sobre as crian as e jovens adolescentes de tal forma not ria, que estas acabam por ser transformadas no pr prio ve culo da publicidade junto dos seus pais, familiares e amigos, constituindo por essa mesma raz o o alvo preferencial da publicidade. Aquilo que para as ag ncias publicit rias uma mais-valia, para os pais constitui um problema, uma vez que as crian as ainda n o possuem o discernimento necess rio e o poder decis rio para compreender a globalidade da mensagem publicit ria e sobretudo a inten o persuasiva contida na mesma. ç: De que modo que podemos filtrar a forma como as crian as ÒabsorvemÓ a publicidade? MJM: Filtrar a publicidade de todo imposs vel, uma vez que a informa o chega at eles das mais variad ssimas formas. Podemos sim, sensibilizar n o s as crian as, mas tamb m os seus pais, para os efeitos da publicidade subliminar, de

Droga de vida

forma a que o peso que as crian as t m no processo de tomada de decis o da compra seja menor. Uma poss vel solu o, passaria eventualmente pelo desenvolvimento do sentido cr tico das crian as, por forma a refor ar a sua capacidade de an lise e compreens o da linguagem publicit ria. ç: Acredita que previamente elabora o de um spot publicit rio, s o estudados os efeitos psicol gicos que este pode provocar? MJM: Sem d vida que se for poss vel aliar s qualidades de um produto, efeitos ou m todos que despertem o interesse do mesmo, por parte dos consumidores, esta ser uma mais-valia para quem pretende divulgar o produto. Por estas raz es, e como j referi, h interfer ncia a n vel psicol gico. Logo, este dever ser levado em considera o na elabora o de um spot publicit rio. N o crime se uma ag ncia publicit ria atender s quest es psicol gicas na elabora o de um spot. O que n o pode ser colocado de parte s o as quest es ticas adjacentes.

Quem mais pode ajudar s o os pais Alto, magro, com um ar feliz. Pingo (alcunha), um jovem de 24 anos, conta ao çgora a sua hist ria. Estamos na Baixa do Porto. Conversa intimista com o rep rter. Fala-nos da sua inf ncia triste e abandonada, das suas origens pobres e de algo que acontece com in meros adolescentes quando desafiados para a integra o num grupo, ÒN o s homem n o s nada se n o experimentares.Ó No final, Pingo lan a o alerta, Òaqueles que mais podem ajudar s o os pais.Ó çgora: Como foi a sua inf ncia? Pingo: Eu fui criado sem pai. A minha inf ncia foi conturbada, porque a minha fam lia era muito pobre. Mor vamos em casas alugadas at que um dia, a minha m e encontrou um homem com que ficou. Ele ajudou-a bastante, s que ele n o gostava de mim. Ent o, ele disse minha m e que tinha de escolher: ou ficar comigo, ou ficar com ele. A minha m e acabou por ficar com ele. Ent o, com 12 anos fiquei a morar na rua. Morei tr s anos nas ruas do Porto. Passei necessidades, fome e n o tinha onde dormir. As pessoas t m medo de ajudar o pessoal que est nas ruas. Sofri bastante! ç: Foi a partir da que entrou no mundo das drogas? P: Quando tinha quinze anos, comecei a andar com um pessoal que me levou a conhecer a cannabis. De in cio, n o queria entrar, mas os meus colegas come avam a falar: ÒN o s homem, tens medo! N o vais fazer parte do grupo.Ó. E ent o quis provar-lhes que era homem e comecei a usar a cannabis. Fiquei viciado e comecei

a fazer pequenos furtos nos supermercados da regi o para poder sustentar o meu v cio. Ainda morava na rua e n o tinha dinheiro para comprar droga. ç: E depois? P: Quando tinha 17 anos, comecei a experimentar o crack, at que um dia tive contacto com um traficante que me disse que, como eu n o tinha dinheiro para manter o v cio ia dar-me droga para vender; e assim tinha o meu lucro. S que eu n o recebia este lucro em dinheiro, mas sim em mais droga. ç: Como conseguiu sair desse mundo? P: Para sair das drogas, preciso ter muita for a de vontade. Arranjei uma maneira de ganhar algum dinheiro a arrumar carros. Um senhor que trabalha na igreja evang lica, costumava estacionar o carro na pra a onde eu arrumava carros e convidou-me a fazer parte da igreja. Comecei ent o a procurar caminhos para sair das drogas, eu estava no fundo do po o, tinha emagrecido muito, ningu m confiava em mim e n o conseguia arranjar

trabalho em lado nenhum. Ent o, resolvi pelas minhas pr prias for as parar de usar drogas. S que n o conseguia. Foi quando conheci pessoas que me apresentaram centros de apoio. Comecei a participar em reuni es em centro de apoio, grupos de jovens de igrejas, fui fazendo novas amizades e as pessoas ajudavam-me. ç: Uma vez ÒrecuperadoÓ, qual a mensagem que deixa aos leitores do Jornal çgora? P: A mensagem que deixo, n o s para os leitores que infelizmente est o neste caminho, mas para todas as pessoas. O meu conselho para as m es n o porem os filhos nas ruas, n o os abandonarem, porque nesses momentos que eles precisam de ajuda. E aqueles que mais podem ajudar s o os pais. Aos restantes, pe o que se afastem das drogas, porque elas s v o destruir as suas vidas. Fa am outras coisas como praticar desporto ou frequentar grupos de jovens que os ir o manter afastados dos maus caminhosÉ Hoje, Pingo um jovem recuperado, colabora numa igreja evang lica como ajudante. Mas quer ir mais al m. H muitas coisas que quer conquistar: estudar, conseguir um emprego e construir uma fam lia.


De que vale ter a chave de casa para entrar ter uma nota no bolso pÕra cigarros e bilhar?

Lousa vs Magalh es Todos a usavam. Por uns era chamada de t bua, por outros de pedra. Falamos do quadro port til de lousa, aquele peda o de pedra negra emoldurada. Voltando o olhar para o passado, desconhecido ou esquecido, lembramos uma altura em que n o se fechavam escolas. As condi es sociais e demogr ficas n o eram, nem um pouco, semelhantes s dos dias de hoje. A higiene, ou a falta dela, era um dos maiores problemas. A situa o era de pobreza e nem todos tinham condi es de frequentar a escola. Os que tinham essa possibilidade davam-lhe muita import ncia e valor. O sacrif cio das fam lias era grande. O papel, caro, s era usado depois de aprender e muito praticar, as letras e a matem tica. E aqui aparece a lousa. Imprescind vel nas aulas. O custo e a sua fragilidade obrigavam a cuidados refor ados, possibilitando a passagem de irm o para irm o. A lousa era, sem d vida, o ÒMagalh esÓ do tempo dos nossos pais e av s, mas com algumas diferen as tecnol gicas. Para escrever usava-se uma pequena ÒpenÓ, um ponteiro tamb m de lousa, que ao riscar produzia um tra o branco. Os testemunhos descrevem verdadeiros artistas a desenhar, letra a letra, com a maior das perfei es. Na necessidade de efectuar um ÒdeleteÓ, usava-se uma esponja com gua que, com facilidade,

Viv ncias

Beatriz Teixeira, explorando a informa o.

produzia esse efeito. Mas, a t cnica mais usual, era um pouco de saliva espalhada com as mangas da bata. Este m todo, pouco higi nico e nauseabundo, tinha solu o: periodicamente, a lousa era lavada com gua e lix via e depois untada com azeite. Tecnologias de outros tempos. Tudo o que era escrito no quadro de lousa era logo de seguida apagado. Os exerc cios e trabalhos de casa eram efectuados e

Separados por v rios anos e vivenciados tipos de aprendizagem e ensino distintos, alguns testemunhos da nossa sociedade, expressam-nos ideias e experi ncias em rela o ao quadro (Port til) de Lousa e ao ÒMagalh esÓ. Maria Celeste Carneiro, dona de casa com 72 anos, conta que o ensino do seu tempo era mais rigoroso e exigente. Os alunos mostravam mais respeito e um melhor comportamento. A lousa, uma rocha sofisticada emoldurada por umas tiras de madeira, foi uma das suas ferramentas de trabalho, tal como a de muitos alunos do seu tempo. ÒUsei-a na minha instru o prim ria. Escrevia-se nelas com facilidade, mas partiam-se facilmente e eram antihigi nicasÓ. Questionada sobre o uso deste instrumento nos dias de hoje, Maria Celeste tem a convic o de que Òactualmente, em que tanto se fala de v rus e bact rias, um absurdo para a Humanidade pensarmos em utilizar a Lousa novamenteÓ. Ana Teresa, de 9 anos e estudante do 3¼ano de prim ria, conhece o quadro da lousa e a sua utilidade pois a sua m e ofereceu-lhe um. Mas, como a pr pria diz ÒN o me estou a ver a usar a lousa na escola, nos dias de hoje. Primeiro, porque tem pouco espa o e tudo o que escrevesse nela teria de apagar. E depois, porque tenho cadernos que me ajudam mais, pois fico com a mat ria para estudar. A lousa faz parte do passadoÓ. Relativamente ao Magalh es, Ana Teresa conhece-o

corrigidos um a um pelo professor, e depois, bem decorados e armazenados na mem ria (ÒRAMÓ) de cada aluno, para continua o de conhecimentos e realiza o de provas futuras. E foi assim que, noutros tempos, muitas crian as, hoje pais, av s, doutores, engenheiros, (É), deram os primeiros passos no conhecimento das letras e dos n meros.

Salto tecnol gico De volta ao presente, o grande salto tecnol gico, traz-nos outra realidade: o

bem e j o tem em casa, embora ainda n o o possa utilizar na escola pois nem todos os seus colegas o t m. Segundo as suas palavras, Òo Magalh es pode ajudar-me na minha aprendizagem, visto que quando quero fazer uma pesquisa num computador normal, h muitas coisas que n o entendo, e no Magalh es, fa o uma pesquisa e encontro logo o que queroÓ. As opini es favor veis, ao uso do Magalh es, partem tamb m de muitos professores. Consideram que s o uma mais-valia para o ensino e que ajuda prepara o dos alunos no que diz respeito utiliza o das tecnologias. A professora reformada Ana Medeiros, de 67 anos, tendo em conta que usou e leccionou com a lousa, considera que Ò O Magalh es leva tudo num s objecto. O Magalh es s n o tem almo oÓ. Maria Teresa Figueira, professora do ensino b sico, considera que ÒSob o ponto de vista meramente pedag gico, discut vel se a introdu o do Magalh es pode produzir ganhos efectivos para os alunos, em termos de aquisi o das compet ncias pedag gicas b sicasÓ. No entanto, Maria Teresa Figueira acredita tamb m que os alunos, ÓPodem adquirir desenvolvimento dos processos psico-lingu sticos b sicos da leitura e da capacidade de racioc nio num rico e l gico-abstractoÓ. Quanto ao facto do Magalh es ser uma aposta v lida ou n o, Maria Teresa perempt ria: ÒN o tenho d vidas de que, sem se

ÒMagalh esÓ. Pequeno, simples e ÒdivertidoÓ, abre portas ao conhecimento de forma mais r pida, avan ada e mais alargada. Possibilita um maior n mero de respostas s d vidas dos pequenos aprendizes. Os programas de que disp e, inclusive o acesso internet, est o num formato simplificado a fim de facilitar o seu uso. Por m, esta simplifica o foi de tal forma profunda, que na sua primeira edi o continha erros de Portugu s. Ora, falamos de um instrumento educativo, n o de um mero produto de propaganda ou neg cio. de facto algo lament vel. E porque Ònem tudo s o rosasÓ, a s tira, a pol mica e certas situa es estranhas, acompanham o aparecimento deste pequeno computador. Fomos procura do ÒMagalh esÓ em actividade, e depar mo-nos com uma dessas situa es. Em visita escola EB 2,3 de Valpa os, e m Tr s - o s - M o n t e s , t o m m o s conhecimento, junto dos professores, que nem todos os alunos possuem o ÒMagalh esÓ, e para que ningu m saia prejudicado, o seu uso durante as aulas n o poss vel. Ser a falta de vontade em adquirir tal objecto, a causa desta situa o? Mesmo quando existem bolsas de benefic ncia para a sua aquisi o? Os professores inquietados, a fim de evitar que este instrumento n o passe de um ÒentertainerÓ, tomaram como medida, propor aos alunos trabalhos de investiga o na internet, em casa. No entanto, esta proposta apenas abrange os portadores do ÒMagalh esÓ. N o conseguimos a resposta s quest es de aquisi o do ÒMagalh es, mas, no contacto com os v rios testemunhos, fic mos a saber que a escola EB 2,3 de Valpa os, n o um caso isolado. o presente, evolu do do passado, a caminho de um futuro pr ximo. Hor cio Silva

sobreporem s tradicionais t cnicas de ensino, as tecnologias de informa o e comunica o podem constituir um complemento fundamental para as aquisi es b sicas de aprendizagem no 1.¼ ciclo do ensino B sico. Vejo o Magalh es como uma mais-valia e n o como uma amea a aprendizagem das crian asÓ. Para Albertina, reformada de 62 anos, este novo instrumento de aprendizagem tem muitos custos, Òprovoca pregui a, n o puxa o c lculo mental e torna o c rebro mais pregui oso. Hoje em dia os jovens crescem muito depressa e fora do que era normal, n o t m inf nciaÓ. A introdu o do ÒMagalh esÓ divide opini es. Podese considerar, entretanto, que o seu bom uso depende dos professores e encarregados de educa o. A prepara o das crian as, com os meios tecnol gicos mais avan ados, tem vindo a mostrar avan os positivos. Todavia, ser esta prepara o acompanhada da preserva o das capacidades individuais de cada um? A m quina ser sempre uma ajuda no desenvolvimento das nossas capacidades mas nunca um bem indispens vel. E por muito que os anos passem, a lousa ficar na hist ria de uma gera o. Cl udia Rua, Bruno Pereira, V tor S , Adriano Marques


J lio Machado Vaz, ao çgora:

Jovens vivem cada vez ma A passagem pela adolesc ncia n o um Ònavegar tranquiloÓ. uma fase de transi o de extrema import ncia no futuro dos jovens. Os dist rbios alimentares, os comportamentos e a mentalidade da sociedade, t m sofrido grandes altera es ao longo do tempo. J lio Machado Vaz, psiquiatra e professor universit rio, explica o que povoa a cabe a dos adolescentes nesta etapa t o importante da vida. Aborda a influ ncia do mundo virtual na afectividade dos jovens, alertando para os perigos da Òrela o tecladaÓ. E fala da crise como uma oportunidade para Òpromover a solidariedade e diminuir o ego smoÓ. J.M.V.: Os dist rbios alimentares çgora Ð Os dist rbios comportamentais continuam a ter um efeito de g nero de h 30 anos s o os mesmos da claro. S o muito mais actualidade ou t m surgido Ònovas frequentes nas modasÓ nos adolescentes? raparigas do que nos J lio Machado Vaz: N oÉ Obviamente rapazes, e isto porque, isso sofre influ ncia da pr pria cultura. a press o sobre a Hoje em dia, deparamo-nos com beleza f sica muito p ro b l e m a s d e d i f i c u l d a d e s n o maior nas mulheres, e desenvolvimento de compet ncias porque o padr o actual sociais, e isto, devido tecnologia. Os de beleza de adolescentes sofrem agora, de uma magreza. E digo actual doen a, que atravessou e atravessa todas porque nem sempre foi as idadesÉ a timidez. A falta de assim. Em 10 ou 15 confian a e a inseguran a perante a anos passou-se de um rela o com os outros, faz com que os ideal tipo Marilyn jovens se refugiem num mundo virtual. Monroe, que era tudo Certos jovens vivem muito mais, num menos um ideal de mundo virtual do que no mundo real. Isto um problema, ÒEnquanto estiveres c em casa, e um jogas de acordo com as nossas regrasÓ. problema extrema magreza, para a todos os n veis; desde o n vel afectivo, um ideal de modelo, em que podemos ter pessoas que que um ÒcabideÓ preferem manter-se numa Òrela o aut ntico. tecladaÓ do que convidar algu m para no entanto, que as tomar um caf na confeitaria da esquina pessoas est o mais ou a pedir namoro a algu m, at coisas conscientes dos riscos que se podem tornar verdadeiras fobias, que correm. A em que, aquele rapaz, ou aquela variedade de rapariga, n o desenvolvem informa o tem-se compet ncias, e vivem praticamente revelado ben fica e as fechados no seu quarto, com o mundo jovens est o mais inteiro disposi o, atrav s do conscientes. Se computador. pensarmos como um p ndulo, penso que çgora Ð O padr o de beleza cada vez este est a agitar-se, no mais r gido. Segundo dados da rea de sentido de as pessoas sa de, cerca de 1% a 4% da popula o assumirem que isso sofre de bulimia ou anorexia. Como um problema de sa de encara este agravamento da situa o? p blica e que preciso J.M.V.: Numa sociedade como a nossa, fazer qualquer coisa. completamente rendida aos ideais de juventude, de beleza f sica, e em que a çgora Ð Enquanto globaliza o de informa o e a profissional, com idealiza o dos modelos uma larga experi ncia, qual realidade, normal que a press o, para a explica o para os que se atinja determinado tipo de dist rbios de estere tipo de beleza, muit ssimo comportamento que maior. Actualmente, e com as afectam os jovens, durante o per odo possibilidades da cirurgia est tica, esta da adolesc ncia? situa o agrava-se. Portugal j tem J.M.V.: curioso, mas a adolesc ncia mesmo problemas em tribunal, por uma inven o recente. Antigamente, m dicos que se recusaram a fazer passava-se directamente da inf ncia cirurgias pl sticas a quem n o tinha idade adulta. Agora, existe esta faixa nenhuma necessidade por raz es social ÒadolescenteÓ, que n o tem parado m dicas e s as queria por raz es de crescer. est ticas, e isso aos 13, 14, 15 anos de No entanto, h adolesc ncias que se idade. Portanto, algo que j existia, est atravessam sem problemas de maior. A hoje, muito acentuado. adolesc ncia, n o sempre uma crise terr vel, com Òchoro e ranger de dentesÓ e ÒPassou-se de um ideal tipo Marilyn Monroe, com toda a gente a para um ideal de modelo, que um ÒcabideÓ discutir l em casa. Seria, contudo, aut nticoÓ; inevit vel que fosse um per odo complicado, pois estamos çgora Ð A incid ncia feminina destas em presen a de gente que j n o doen as evidencia-se pelo facto de crian a, e no entanto, gostaria de atingir 13 mulheres em cada 100 mil no permanecer com alguns privil gios da caso da bulimia e 8 em cada 100 mil na inf ncia e que ainda n o adulto, mas anorexia. Na sua opini o, esta tend ncia gostaria de ter os privil gios desse vai melhorar ou piorar?

mesmo estatuto. Nesta fase, o jovem est , em termos

tem de ser problem tica, chega para ser imposs vel encontrar algu m que diga que a adolesc ncia foi Òum navegar sistematicamente tranquiloÓ. uma transi o. çgora Ð Na sua opini o, tais problemas t m-se agravado ou, pelo contr rio, existe uma tend ncia para se manterem inalter veis? J.M.V.: H 30 anos, era muito mais procurado pelos pais que vinham preocupados com os adolescentes, ou porque ele andava triste, ou porque n o

A televis o n o tem preocupa es pedag gicas ÐÊafirma J lio Machado Vaz

rendia no col gio. Era um pedido que biol gicos, praticamente desenvolvido mas, em termos psicol gicos, vinha de cima para baixo. Hoje, sou considerado ainda completamente muito mais procurado por adolescentes dependente, com estruturas familiares que, espontaneamente, v m com este ou a dizer, Òenquanto estiveres c em casa, com aquele problema, que procuram jogas de acordo com as nossas regrasÓ. ajuda porque, naquele momento, as Hoje, a coisas est o adolesc ncia complicadas no ÒOs pais devem ser pais fixes encarada relacionamento como algo que familiar. e n o fingirem que s o s e m p r e Como bvio, irm os mais velhosÓ existiu. No h 30 anos n o entanto, ser tinha aqui que sempre existiram adolescentes? jovens a dizerem Òeu acho que a minha N oÉsempre existiram pessoas com orienta o sexual homossexual e estou aquelas idades. Agora, uma camada com problemas em como vou explicar social t o bem demarcada, como hoje isto aos meus paisÓ. Uma coisa que hoje a adolesc ncia, nunca tinha existido. acontece, com frequ ncia, e que antes Vivemos na sociedade mais adolescente era impens vel, aparecer um de sempre, em que a inseguran a a adolescente que, perante a sua orienta o regra e em que as pessoas t m a no o, sexual, o que me vem pedir n o Òo mas tamb m o medo da transi o. senhor consegue p r-me Isto n o chega para decretar que ela heterossexual?Ó, mas sim, que fale com


ais num mundo virtual equilibrar a programa o. os pais, a fim de evitar a Òterceira guerra mundialÓ. Como evidente, h 30 anos tamb m çgora Ð ÒMudam-se os tempos, n o apareciam casos relacionados com mudam-se as vontadesÓ. No seu o consumo de entender, d r o g a . depois da ÒOs canais demitem-se de Òfazer Antigamente, revolu o educa oÓ, no sentido de equilibrar pol tica, social e ningu m me a programa oÓ; procurava ideol gica que devido ao se operou no consumo de p a s , a pastilhas de ecstasy. sociedade j aceita problemas como a anorexia e a bulimia ou tende a çgora Ð Acha que em Portugal, j escond -los? existem, em J.M.V.: De uma forma global, as coisas n mero suficiente, aparecem de uma forma completamente infra-estruturas e escancarada. No entanto, quando profissionais acontecem em nossa casa, continuamos qualificados para a ter pudor. Continuo a ouvir fam lias responder a estas que, perante determinados problemas, necessidades? dizem: Òir a um psic logo, ir a um J.M.V.: N o, creio psiquiatra complicadoÓ. Ainda ou o, que n o. Mas embora com menos frequ ncia, a frase tamb m n o nada Òisso para os malucosÓ. Mas as coisas de surpreendente. est o melhores. Caminha-se para que, Portugal n o possui Psicologia e Psiquiatria sejam vistas e s t r u t u r a s como as outras especialidades. Agora, adequadas a tantos quanto sociedade estar aberta a n veis, porque que discutir-seÉtenho d vidas. Acredito, haveria de ter ao no entanto, que esta crise que nos vem n vel da Medicina afectando ir modificar as pessoas, na adolesc ncia? promover a solidariedade e diminuir o Desde logo porque ego smo. N o sou um optimista, durante muito atravessamos uma crise de lideran a, t e m p o , a mas esta crise vai-nos obrigar a mudar. adolesc ncia esteve ver para crer. entregue aos psiquiatras e çgora Ð O que fazer quando se chega psic logos infantis. adolesc ncia? Qual a atitude correcta? A adolesc ncia Procurar ajuda, ou simplesmente a p r e s e n t a aprender a viver uma nova fase? p r o b l e m a s J.M.V.: A prepara o o grande espec ficos, em que conselho e a grande decis o em rela o a pessoa precisa ter adolesc ncia. Uma adolesc ncia, mais uma forma o ou menos pac fica, come a a prepararespec fica a esse se na inf ncia. Uma crian a que foi n vel. O m dico de educada a poder perguntar ou a obter fam lia, que acaba respostas honestas, a poder dar a sua por ser a pessoa opini o, normalmente d um mais indicada para adolescente que se abre, tem confian a auxiliar o jovem, nos pais e consegue discutir, mesmo regra geral, est discordar. Se isso n o foi constru do ao completamente longo da inf ncia muito dif cil que assoberbado e n o depois, por milagre, aconte a na possui forma o adolesc ncia. Em rela o aos pais, eles sobre quest es devem ser pais fixes e n o fingirem que t picas da s o irm os mais velhos, muito menos adolesc ncia. competir com os adolescentes para çgora Ð Considera que os mass media contribuem para a sensibiliza o social dos problemas dos jovens, ou pensa que estes tendem a ser cru is, tratando o assunto com alguma leviandade? J.M.V.: Os mass media deveriam ter preocupa es pedag gicas, no entanto, n o as t m. Sistematicamente, aquilo que posto no ar, em hor rio nobre, uma esp cie de tiro raso para agradar ao maior n mero de pessoas, sem grande preocupa o de fazer pensar e, regra geral, apresentando uma vida que n o corresponde real. Nesse sentido, esperaria mais de um canal como a RTP2, que se refugia num hermetismo que n o serve a ningu m. O cabo n o est acess vel a toda a gente e mesmo a , n o sou propriamente entusiasta da programa o. Penso que, com a desculpa da sobreviv ncia econ mica, os canais demitem-se de Òfazer educa oÓ, no sentido de

ÒEsta crise...

mostrarem que s o muito jovens. Os adolescentes n o pedem isso. Pedem pais com quem possam discutir, de quem possam discordar e que, ao mesmo tempo, sejam pontos de refer ncia. Que imponham regras, que sejam o pai e a m e e n o dois tipos que andam no gin sio, que andam de t nis ou sapatilhas, ou at que v o discoteca s para serem ÒfixesÓ. Isso tira pontos de refer ncia aos adolescentes. Quem pensa que pode educar um jovem sem nunca lhe dizer que n o, est completamente enganado. Isso cria adultos, que quando encontrarem dificuldades pela frente, v o ter vidas muito complicadas. Portanto assim: tudo numa boa, mas pais s o pais, filhos s o filhos e n o devemos dramatizar as coisas.

Rute Guimar es Ana Ferreira

...vai-nos obrigar a mudarÓ


Uma hist ria real

Foi m e aos 12 anos, mas s conheceu o preservativo aos 19

Em pleno s culo XXI, a falta de informa o b sica sobre a sexualidade continua a ser uma dura realidade. Prova disso a hist ria real de uma jovem madeirense, m e aos 12 anos, que somente viu um preservativo quando j tinha mais sete. Quando chegou ao Porto, Comunidade de Inser o Eng. Paulo Vallada. Esta hist ria contada pela Directora da institui o, Paula Leal, em declara es ao çgora. A directora cl nica desta Comunidade, - uma m dica pediatra, uma enfermeira situada na Rua da Vit ria, zona hist rica, do reformada e uma fisioterapeuta - ajuda essencial Porto, refere a informa o como algo equipa t cnica. ÒimportanteÓ, mesmo que n o seja suficiente. Muitas das vezes, a gravidez na A informa o Òsomente previneÉ adolesc ncia, uma forma de Ò prender o comportamentos de riscoÓ. Por isso real a: Ò namoradoÓ; Ter Òum bocado aquilo que n o preciso mais do que issoÓ. E menciona a tive com a minha m e, sendo eu m eÓ ou apenas mudan a de comportamentos e atitudes na vida Ò tornar-se mais independente Ó. e educa o sexual como factores fundamentais Inconscientemente, esta situa o torna-se dif cil para uma poss vel diminui o da gravidez na de ser compreendida pelas jovens. Em alguns adolesc ncia. casos, filhas de m es adolescentes, imitam o Paula Leal acredita que a tend ncia da comportamento da sua progenitora. Dificilmente gravidez na adolesc ncia para aumentar, Òdada recorrem ao aborto, pois, como explica a a crise econ mica em que vivemosÓ. Esta directora cl nica, Ògrande parte delas quando tend ncia n o toca, por m, todos os sectores. E deram conta j tinha passado o prazoÓ. Foi o por isso faz uma distin o Òentre as jovens caso da jovem madeirense que entrou na integradas em fam lias problem ticas e as que institui o aos 19 anos. Engravidou, sem nunca t m fam lias est veisÓ. Neste campo, n o ter ouvido falar nos m todos contraceptivos. A esconde outra realidade: Òas adolescentes surpresa foi ainda maior, conta Paula Leal, pertencentes alta sociedade tamb m Òquando se verificou que ela nunca tinha ouvido engravidam, s que t m outros recursos; tudo falar no uso do preservativoÓ. Foi na se passa num n vel diferenteÓ. comunidade que passou a ter essa informa o. Os objectivos da ÒEsta uma Ò uma franja da popula o que j Comunidade de realidade que n o Inser o Eng.¼ Paulo est em exclus o ou risco de exclus oÓ vis vel, mas que existe, Valladas, centram-se num grupo da em contribuir para a progressiva inser o social popula o onde a pobreza e a mis ria social s o de jovens m es em risco, acolhendo gr vidas extremasÓ, refere Paula Leal ao çgora. e m es adolescentes, entre os 12 e os 21 anos, Por vezes as crian as podem ir para adop o, com os seus filhos. Assegura a directora que Òas mas esse pode n o ser o melhor caminho. Paula jovens v m encaminhadas pela Seguran a Social, Leal refere o caso de uma m e adolescente que pela Comiss o de Protec o Social de Jovens foi viver com o namorado, ambos com 17 anos (CPSJ) e pelo Tribunal de MenoresÓ. de idade. Vivem num apartamento financiado N o r m a l m e n t e s o re f e re n c i a d a s p o r pela Seguran a Social e est o a tirar um curso comportamentos de neglig ncia, v timas de de valida o de compet ncias. O b b encontraabuso, viol ncia dom stica, alcoolismo, se num infant rio e a m e seguida em prostitui o e desemprego. Ò uma franja da ambulat rio pela Comunidade. ÒAs coisas est o popula o que est , ou corre o risco, de a correr bem, um Òbem relativoÓ, pois ter dois exclus oÓ, frisa. Muitas delas j passaram por adolescentes a tomarem conta de um menor d outro tipo de estruturas que n o funcionaram. um resultado sempre relativoÓ, conclui a Mais grave muitas vezes o resultado: ÒComo directora cl nica. entretanto engravidaram, em vez de ser uma menor, s o duas que est o em riscoÓ. Actualmente, s o 16 as utentes, m es e filhos. A equipa t cnica constitu da por duas Jacinta Gon alves psic logas, uma assistente social, cinco Ana Falc o monitores e outros colaboradores volunt rios,

Nos quartos da Comunidade, a rotina das adolescentes igual de um adulto. Tratar da roupa dos filhos e dos seus quartos, mudar a fralda, dar banho, cozinhar, faz parte das regras. A Comunidade tenta dar as compet ncias b sicas a n vel de higiene, alimenta o e vestu rio.


Sexualidade

Uma Hist ria da Adolesc ncia Hugo, nome fict cio, 22 anos, natural de um meio rural, vive na cidade do Porto. Faz carreira profissional na arte floral. Nos tempos livres, gosta de ler, passear, conhecer novas culturas. Diz-nos que um Òamante da praia Ò e que Òadora fazer loucurasÓ. A entrada na adolesc ncia marcou muito o adulto que hoje. Atrav s dele, ficamos a conhecer um pouco mais sobre a homossexualidade. Tema pol mico, actual. Mal, bem, perturba o, direito diferen a, inquieta o, drama, discrimina o, s o palavras que se lhe associam. Hugo desdramatiza nesta entrevista. sereno. Tem ideias bem arrumadas. çgora Ð Quando que percebeu que a sua orienta o sexual era esta? H Ð Sempre senti, mais concretamente aos 12 anos. O facto de estar sempre com raparigas e n o sentir nada e olhar para os rapazes e sentir-me atra do, foi isso que me levou a pensar que gostava de homens e n o de mulheres.

andarmos na rua e sermos apontados porque se consegue distinguir um homossexual, por muito que n o se queira. Existem sempre aqueles gestos, o andar, mas tamb m h muitos que se fazem parecer e n o s o. E h aqueles que n o parecem e s o. Depende de cada pessoa.

ç Ð Alguma vez fruiu uma rela o heterossexual? H Ð N o, nunca tive nenhuma rela o heterossexual. Tentei, mas nunca consegui. ç Ð Como lida no dia-a-dia com a sua homossexualidade?

ç Ð J alguma vez se sentiu discriminado? H Ð Sim, j me senti discriminado por muita gente nova que frequentava o meu local de trabalho. Pessoas que n o me conheciam, e comentavam com outras para n o irem l , porque eu sou homossexual. Isso deixa-nos em baixo, tristes. Mas tamb m esses coment rios nunca me levaram a pensar em desistir, nem a procurar uma mulher, ou a mudar a minha orienta o sexual.

H Ð Sou um homossexual assumido, porque me assumi perante os meus pais. E isso como se assumisse para o mundo. Possuo uma rela o est vel, j vivi um casamento homossexual que teve a dura o de sete anos. Realizou-se em Espanha, visto que em Portugal esse facto ainda n o poss vel.

ÒSomos pessoas normais, s temos op es diferentes.Ó

ç Ð A sua fam lia tem conhecimento da sua op o? Qual foi a reac o? H Ð A reac o foi m , expulsaram-me de casa aos 13 anos, e tive de viver sozinho. Como conhecia pouca gente, pois era uma crian a, fui viver para o Porto onde me iniciei como transformista, para conseguir viver ou sobreviver ao facto de n o ter ningu m. Depois de v rios anos a fazer espect culos, conheci uma pessoa que me

ÒSou um homossexual assumido, porque me assumi perante os meus pais.Ó deu a m o e me tirou dessa vida. Hoje, a minha rela o com alguns familiares minimamente irregular. A rela o de proximidade ficou anulada. Com os meus pais j voltei a falar. O facto que aceitaram, mas no fundo n o aceitaram. ç Ð E no local de trabalho? H Ð Alguns clientes frequentes da loja j sabiam, porque fazia-lhes confus o o facto de eu ser florista, e n o ter vergonha do trabalho que fazia. As pessoas mais idosas, as quais eu pensei que notariam mais, reagiram naturalmente. No outro trabalho como formador, a dar aulas nunca fez confus o a ningu m. N o tenho vergonha de ser florista, de estar a fazer um ramo, a decorar uma igreja ou de fazer qualquer tipo de trabalho. Numa profiss o, sendo homem ou mulher, quando estamos a fazer aquilo que gostamos, n o temos que ter vergonha.

ÒHomossexualidade n o uma doen aÓ ç Ð Como caracteriza a comunidade os esc ndalos que inventam, pessoas que homossexual? denigrem a imagem das pessoas, esse tal H Ð O facto de ser homossexual assumido, de nome Jos Castelo Branco. N s n o me leva a andar na rua de m os podemos ser homossexuais, mas andar dadas, aos beijos. Sou contra porque acho na rua maquilhados, a fazer esc ndalos, que as nossas intimidades, s a n s dizem andarem vestidos de homem, mas com respeito. roupa de mulher, isso O caso de um casal eu sou contra. Nos heterossexual andar ÒN s somos pessoas iguais a temos que assumir na rua aos beijos j toda a gente, n o doen a aquilo que somos inc modo. Ent o, n s perante os outros. andarmos na rua de transmiss vel, n o doen a Quem quer aceita e m os dadas ia chocar que contagie, simplesmente apoia-nos. toda a gente. Mesmo n o doen a.Ó as pessoas que s o ç Ð Na sua opini o, liberais nestes qual a avalia o assuntos, iriam comentar o facto de dois da popula o em geral sobre a homoshomens andarem de m os dadas. sexualidade? O que estraga mais a comunidade H Ð M . a discrimina o, o facto de n o homossexual a comunica o social. S o aceitarem o casamento homossexual, de

ç Ð O que pensa das diferentes posi es religiosas sobre o tema? H Ð A igreja n o deve ver se as pessoas s o homossexuais ou heterossexuais. N o deve discriminar, pois tamb m h muitos padres que t m esta orienta o, s que n o se assumem. E se formos a ver pela b blia, Deus n o abandonou ningu mÉ Eu frequento a igreja, canto na missa e o padre sabe que sou homossexual, mas nunca me disse que n o poderia participar nas actividades da igreja. H padres que discriminam. Eles deveriam preocuparse mais com a pobreza e ajudar os necessitados. (É) N s somos pessoas iguais a toda a gente, a homossexualidade n o doen a transmiss vel, n o doen a que contagie. Simplesmente n o doen a. ç Ð O que fazer para facilitar a integra o social dos homossexuais? H Ð Tudo. O nosso governo, a igreja cat lica, as pessoas. Acho que a integra o tem que partir de n s, homossexuais. N o dar espect culo na rua, pois ningu m obrigado a estar num local onde est o pessoas como eu aos beijos, isso n o. Mas se n o andarmos pelas ruas a exibirmonos, porque que as pessoas nos atiram as pedras na mesma? Somos pessoas normais, s temos op es diferentes.

Jacinta Gon alves Janine Lafuente


X-acto: da sala de aula para o palco

X-Acto um grupo de teatro amador composto por jovens, na maioria estudantes universit rios apaixonados pela arte da representa o. Depois de assistirmos a um ensaio da sua nova pe a, estivemos conversa com a encenadora Lara Morgado. Um verdadeiro Òcamale o do teatroÓ que tem o privil gio de representar o que quer. A quem os vai ver prometem criatividade, humor e uma boa dose de surpresa. çgora Ð H quanto tempo existe o grupo X-Acto? Lara Morgado Ð Existe h oito anos. ç Ð E quem o criou? LM Ð Fui eu. Fazia parte da associa o de estudantes dessa altura, e como ainda n o havia nenhum grupo na faculdade acabou por surgir a ideia. A Ð Quais foram as suas motiva es para a cria o do grupo? LM Ð Foi sobretudo por gostar de teatro e a associa o de estudantes criou-me esta oportunidade. ç Ð Quantos s o os membros que fazem parte deste grupo? LM Ð No total e a contar comigo somos onze, com idades entre os dezanove e os vinte e seis anos. ç Ð Quais foram as dificuldades que teve no in cio da forma o do grupo? LM Ð Sinceramente, na altura eu era ainda muito nova e sobretudo na parte da encena o, tinha dificuldades de autoridade por fazerem parte do grupo pessoas mais velhas. Mas tamb m tive dificuldades para arranjar um espa o para ensaiar, e tamb m locais para actuar. Foi mais nesses campos. ç Ð Alguma vez sofreram algum tipo de discrimina o, por serem um grupo de teatro acad mico formado somente por jovens? LM Ð S s vezes em conversasÉ As pessoas perguntam-me quem somos e quando eu respondo que somos da faculdade, as pessoas fazem um ar mais surpreso. Sofremos um pouco uma desvaloriza o, como se n o fossemos t o importantes como outro teatro qualquer. ç Ð A aflu ncia dos espectadores nas pe as costuma ser boa? LM Ð Sim, n o tem sido m por acaso. Mas depende tamb m muito da publicidade que fazemos. Mas n o muito o pessoal da faculdade que costuma aderir, s o mais os amigos e familiares que costumam aparecer. ç Ð Considera que o p blico reage bem aos temas abordados nas pe as? LM Ð Por acaso acho que sim. Pelo menos v o comentando e gostando de uma maneira geral.

ç Ð E quanto s cr ticas? LM Ð N o recebo! (risos) Fico um pouco chateada, mas sempre que seja construtivo ou o bem. No entanto, s vezes as pessoas falam mal sem terem em conta o trabalho que feito por quem participa nas pe as. Quando fazem isso n o gosto, porque o trabalho deve ser sempre valorizado. ç Ð Qual o ambiente vivido nos ensaios? LM Ð O ambiente muito ÒporreiroÓ. As coisas v o funcionando bem em termos gerais. Existe uma cumplicidade evidente. ç Ð E nos espect culos? LM Ð a melhor parte, nos bastidores muito giro. Cada pessoa tem uma forma diferente de reagir ao nervosismo, todos t m formas interessantes de lidar com isso, e a parte da produ o tem sempre qualquer coisa de muito engra ado. ç Ð Qual a sensa o de ver uma pe a sua, encenada por actores t o jovens? LM Ð Eu sinto-me sempre orgulhosa por ver algu m dizer palavras minhas. Eu nem sequer penso na idade das pessoas. ç Ð Como escolhe os temas para as suas pe as? LM Ð Eu n o escolho. Eles que me escolhem a mim (risos). A s rio, as coisas surgem naturalmente.

ç Ð Como poss vel ingressar no grupo? Existe algum tipo de pr -requisito? LM Ð N o existem castings (risos), nem pr -requisitos! Quem quiser entrar pode faz -lo. No in cio, foi a grande vantagem do grupo, pois permitiu a toda a gente fazer teatro, mesmo aqueles que n o t m tanto jeito. Eu acho que toda a gente tem o direito de experimentar, mesmo quem n o quer ser actor, ou actriz. ç Ð Acha importante que os jovens dediquem o seu tempo a actividades como o teatro? LM Ð Acho que os jovens devem dedicar tempo a actividades que os fa am sentir bem, e que lhes possibilitem criar alguma coisa, seja o teatro ou outra coisa qualquer. ç Ð At que ponto pensa que isso os pode ajudar na sua forma o e vida profissional? LM Ð O teatro permite representar pap is em que n o somos n s. Isso bom para o racioc nio e para experimentar outros contextos. Faz-nos bem. E tamb m nos ajuda a relacionar com os outros.

Joana Sousa M rcia Silva Catarina Pinheiro

ç Ð T m algum tipo de apoio financeiro? LM Ð Sim, por parte da associa o de estudantes. ç Ð Sente que a arte, nomeadamente o teatro, s o campos ainda muito pouco explorados? LM Ð Em termos de produ o de texto penso que sim. No campo da encena o e trabalho de actores, um pouco menos, sempre se v o fazendo mais algumas coisas. ç Ð E quanto aos adere os e cen rios? LM Ð Nunca apostei muito, quer nos cen rios, quer nos adere os. Somos um pouco ÒflutuantesÓ. ç Ð Nunca considerou participar como actriz numa das suas pe as? LM Ð J considerei, mas n o gosto nada. Para come ar n o tenho muito jeito, e depois estou preocupada com outras coisas durante a pe a. S o muitos pormenores, torna-se imposs vel para mim actuar.

Sofia Cavadas e Isabel Amorim numa das cenas da pe a de teatro Òno turnoÓ


ÒPalavra de escu(o)teiroÓ

Uns definem-no como actividade extra-curricular, a maioria como estilo de vida. O escutismo uma das actividades mais antigas no nosso pa s aglomerando Òpequenos e gra dosÓ. Al m do cumprimento pr prio, do uniforme e dos acampamentos, o que que conhecemos mais desta actividade? Tivemos a oportunidade de visitar dois agrupamentos, um de Escuteiros (com afilia o religiosa) e outro de Escoteiros (sem afilia o religiosa obrigat ria) e descobrimos um pouco mais sobre esta forma de estar. O grupo de escoteiros de Vila Nova da Telha (Maia) o mais recente da AEP (Associa o dos Escoteiros de Portugal), e tem cerca de 30 elementos, na sua maioria crian as. Caracteriza-se pela cor verde do seu len o e por serem Òmais unidos, pois, trabalhamos em conjunto para recebermos o len o, todos no mesmo dia.Ó, assegura o chefe Jos Carlos. Por outro lado, o agrupamento de escuteiros de Perafita (Matosinhos) da CNE (Corpo Nacional de Escutas), de 135 elementos, tem como principais objectivos o apoio comunidade, o relacionamento interpessoal e o servi o. ÒSe comprometer

a minha tarefa, estou a comprometer o grupo.Ó. Actualmente a CNE conta com 64 mil efectivos em Portugal, tendo diminu do o seu n mero nos ltimos anos, enquanto a AEP tem 14 mil, tendo crescido 10% nos ltimos 10 anos. Entre estes dois ÒtiposÓ de Escutismo as diferen as n o s o muitas, a n o ser mesmo a graf a e os requisitos de entrada. Os len os tamb m diferem. Os escuteiros, conforme as idades t m a mesma cor no len o, enquanto nos escoteiros os len os variam conforme cada grupo escutista. Em comum t m quase tudo: divis es por idades, lobitos, os mais novos, seguindose exploradores e pioneiros, e finalmente caminheiros. At o pr prio cumprimento e seu significado s o semelhantes. Acima de tudo t m em comum o companheirismo, a uni o e o sentimento que todos classificam de Òfam liaÓ. V rias opini es o confirmam. Esta Òa palavra de escu(o)teiroÓ.

Um pouco de história Tudo come a em 1907, quando Baden-Powell, um militar ingl s, foi solicitado a adaptar os seus m todos de observa o e explora o forma o de jovens. Assim, a 25 de Julho do mesmo ano, com vinte rapazes organizados em quatro patrulhas (Corvo, Ma arico, Touro e Lobo), deslocou-se para a ilha de Brownsea, onde se realizou o primeiro acampamento de escuteiros da hist ria. O Escutismo cresceu de uma forma t o avassaladora que nos finais do ano de 1908, ap s alguns meses de ter come ado, havia j cerca de 60.000 Escuteiros espalhados por diversos pa ses. Em Portugal o Escutismo surge no ano de 1923, na sequ ncia do Congresso Eucar stico Internacional em Roma. A representa o portuguesa, constitu da pelo Arcebispo de Braga, D. Manuel Vieira de Matos e o seu secret rio Avelino Gon alves, ao verem as brilhantes actua es dos Escuteiros Cat licos Italianos, ficaram t o impressionados, que logo pensaram fund -lo em Portugal. E assim acontece, no dia 27 de Maio de 1923, em Braga. Embora de uma forma n o t o r pida, o escutismo continua a crescer e a expandir-se cada vez mais por todos os pontos do globo. Nos dias que correm, existem 25 Milh es de Escuteiros, ditribu dos por 217 pa ses.

Congresso Estudantil no ISMAI O II Congresso Estudantil de Comunica o ÒVer, Ouvir e Falar. Comunicar sem BarreirasÓ, vai realizar-se nos dias 8 e 9 de Junho, no Instituto Superior da Maia. O evento, organizado e protagonizado pelos alunos do 1¼ ano do curso de Ci ncias da Comunica o, pretende dar a conhecer as diversas tem ticas abrangidas pelo plano curricular de Ci ncias da Comunica o, atrav s de apresenta es no mbito das reas de Jornalismo, Marketing /Publicidade e Comunica o Organizacional. Ao mesmo tempo este evento tem como objectivo proporcionar aos alunos congressistas uma experi ncia formativa com vista para o futuro. O I Congresso realizou-se em 2008 sobre ÒA Comunica o na ActualidadeÓ.

Margarita çnt n-Crespo, professora na Universidade de Valladolid, em entrevista nos est dios do ISMAI, depois da confer ncia sobre ÒLa Prensa GratuitaÓ.


XI Congresso IBERCOM

Experi ncia in dita na Madeira

Vai ser registada notarialmente em S. Paulo, at ao final de Maio, a Confedera o Ibero-americana de Associa es Cient ficas de Comunica o, segundo informa o recolhida esta semana da nova entidade. A cria o do novo organismo foi uma das conclus es mais salientes do XI Congresso IBERCOM realizado no final de Abril, na Universidade da Madeira. Outra novidade: a experi ncia desenvolvida por vinte estudantes de Jornalismo, na Imprensa (DN Madeira), em R dio (TSF) e no On-line. Durante tr s dias conheceram o frenesim das not cias e trabalharam para ele, como o testemunham as p ginas e os sons, al m do Editor Executivo do DN e Director da TSF, no Funchal, Ricardo Miguel Oliveira (texto nesta p gina). Organizado pela AssIBERCOM-Associa o Ibero-americana de Comunica o, em conjuga o com a Universidade da Madeira, o congresso ficou tamb m marcado pela quantidade de participantes (400) e de comunica es (230), tendo reunido algumas das figuras mais relevantes da investiga o no sector. Pela primeira vez na hist ria deste Òmovimento ibercomÓ, participaram tantos representantes das mais importantes entidades cient ficas (onze) da Comunica o do espa o ibero-americano. Na sess o de abertura, a mensagem do Presidente da Rep blica, reflectiu bem o esp rito do XI IBERCOM, destacando a vitalidade do encontro entre l nguas e culturas do espa o ibero-americano, Òtra o de uni oÓ, como lhe chamou, baseandose em Miguel Torga. No encerramento, o Ministro dos Assuntos Parlamentares real ou a oportunidade do tema do congresso: ÒTravessias Comunicacionais: cultura, tecnologias e desenvolvimentoÓ. O Òmovimento ibercomÓ nasceu no Brasil em 1986, institucionalizou-se no Porto em 1998, com a cria o da AssIBERCOM, e fez do congresso da Madeira Òum marco importante para a projec o mundial das Ci ncias da Comunica o do espa o ibero-americanoÓ.

Estudantes de Jornalismo na Redac o do DN, com os jornalistas Ricardo Oliveira (em 1.¼ plano) e Jo o Pestana

Recortes para a vida

Os l deres t m responsabilidades acrescidas. Tamb m nas din micas formativas. Um prop sito que na Empresa Di rio de Not cias, l der da comunica o escrita na Madeira, n o se demora nas inten es. At porque assumimos o jornalismo de proximidade, informando, prestando servi os, apontando solu es e dando oportunidades. Lu s Humberto Marcos desafiou-nos a conceder espa o disputado diariamente por jornalistas aos estudantes de jornalismo no Instituto Superior da Maia que, com o apoio de um professor de jornalismo do ISMAI destacado para o efeito, Paulo Almeida, garantiriam a cobertura do XI Congresso IBERCOM. A resposta foi pronta. Apenas exigimos uma cobertura jornal stica multim dia e rigorosa para o DIçRIO de Not cias da Madeira, r dio TSF-Madeira e, devidamente supervisionada por profissionais da casa. Houve uma partilha s ria de conte dos. S ria porque empenhada e atenta. Empenhada porque assumida como experi ncia vital, a primeira de muitas, a julgar pelo entusiasmo de todos quantos sentiram o ritmo alucinante das redac es e entraram na aventura jornal stica respons vel que gera reac es e reparos. Do projecto mpar desenvolvido no sector da comunica o social nacional, desta articula o serena entre os meios de comunica o e a forma o que importa incentivar, sobra uma agrad vel certeza: h estudantes que se entusiasmam com as paix es profissionais que perseguem. N o admira que a Jacinta Gon alves queira recuperar as edi es do DIçRIO de 16,17,18,19 de Abril, exemplares que desapareceram com a mala no regresso ao continente e que o Tiago Carvalho me pe a tempo para avaliar com toda a frontalidade as presta es nos dias fren ticos da experi ncia insular. Exibam com orgulho os recortes dos primeiros dias de vida numa redac o, na esperan a de que n o tardar a chegar o tempo que requer humildade e que nos apaga enquanto mensageiros, em nome do brilho da not cia. Adriano Marques Ana Isabel Vieira

Ricardo Miguel Oliveira Editor Executivo do DIçRIO de Not cias da Madeira | Director da R dio TSF-Madeira

Num inqu rito de rua, feito na Maia e em Viana do Castelo, foi colocada a mesma quest o com que o Rui Veloso termina a can o ÒN o h Estrelas no C uÓ. J n o o Rock and Roll que marca o ritmo dos adolescentes de hoje.

Nuno Pr ncipe, 17 anos, Estudante

Filipe Moreira, 14 anos, Estudante

Andr Terreiro, 14, anos, Estudante

Ana Trigo, 15 anos Estudante

Jo o Nogueira, 13 anos, Estudante

F bio Carneiro, 16 anos, Estudante

ÒActualmente gosto de imensos estilos e n o h nenhum que se evidencie a n o ser o jazz.Ó

ÒSe n o fosse a escola, o que seria de mim... Ó

ÒSe n o fosse o computador, o que seria de mim... Ó

ÒSe n o fossem os amigos o que seria de mim... Ó

ÒSe n o fosse o skate, o que seria de mim... Ó

ÒSe n o fosse o voleibol, o que seria de mim... Ó

Inqu rito de:

Joana Sofia Sousa, Ana Isabel Vieira, V tor S e Teresa Quintas

Ana Abreu, 16 anos, Estudante ÒSe n o fosse a dan a, o que seria de n s...Ó Margarida Moreira, 16 anos, Estudante ÒSe n o fosse a moda, o que seria de mim...Ó Patr cia Pereira, 16 anos, Estudante ÒSe n o fosse o Hip-hop, o que seria de mim...Ó


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