Revoada

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Ser Ave

Andreyza Teixeira Eu sempre tive essa vontade de voar bem alto Mas me tornei cativa de um desejo que nem era meu Fui permitindo pequenas fissuras que diariamente foram me quebrando as asas Fraturando ossos de todos os sonhos Todas as vezes que busquei paz e tentei me encontrar Me sentia sozinha, mesmo na multidão de pessoas A noite foi tomando conta de todas as possibilidades E no meio dela chorei, várias vezes É como se estivesse caminhando para o desastre Porque isso que você chamava de amor Estava me matando aos poucos Só ouvia a tua voz me dizendo que eu não era capaz de voar, porque fui convencida de que não era uma ave Eu deveria saber que carinho não tem gume Um soco na parede não é metáfora E um pedido de desculpas não cura nenhuma ferida se você nunca deixa o dia amanhecer

Tive breves momentos de lucidez, onde eu dizia: “por que ainda estou nesta gaiola?” Mas eram logo consumidos pelas urgências da vida E fui esquecendo do tamanho do céu Até me convencer que aquele pequeno espaço da gaiola era o que me cabia Foram se criando tantos poços profundos, onde eu enfiava todos os gritos, ofensas, os choros, as humilhações, as chantagens...


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