DEZEMBRO 2021
CULTURA / TERRITÓRIO / DESPORTO / PESSOAS
NÚMERO 09
INÊS DE MEDEIROS
Almada é a cidade do futuro NATAL EM ALMADA Território de muitos natais, muitas culturas e muitos mundos.
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SEGURANÇA
Iniciado estudo para a criação de um serviço de Polícia Municipal em Almada.
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ALMADA
Índice ENTREVISTA 4 A presidente Inês de Medeiros fala sobre as perspetivas para o mandato 2021-2025. Diz que Almada é o lugar do futuro e que confiança e entusiasmo são palavras-chave.
VEREADORES DA CMA 8 Os vereadores eleitos, de todos os partidos, falam sobre o presente e apresentam ideias para o futuro de Almada.
POLÍCIA MUNICIPAL 9 Vereadora Francisca Parreira, do pelouro da Proteção Civil e Segurança, anuncia estudos para a criação de uma Polícia Municipal em Almada.
NATAL EM ALMADA 12 Uma reportagem sobre a comunidade migrante do concelho e a forma como as diferentes culturas vivem esta quadra.
MIGUEL OLIVEIRA 27
O piloto de Almada, que representa a equipa KTM na categoria Moto GP, fez a sua primeira grande viagem de moto, após obter a licença de condução. E partiu do Cristo-Rei.
FICHA TÉCNICA Edição: Câmara Municipal de Almada | Departamento de Comunicação Redação: Câmara Municipal de Almada | Departamento de Comunicação e BY COM – Serviços de Design e Publicidade Fotografia: Câmara Municipal de Almada | Departamento de Comunicação e BY COM – Serviços de Design e Publicidade Paginação: BY COM – Serviços de Design e Publicidade Impressão e distribuição: To spend with you Tiragem: 120 000 Periocidade: Mensal Distribuição: Gratuita ISSN: 2184-9137
Publicação isenta de registo na ERC ao abrigo do Decreto Regulamentar n.º 8/99, de 9 de junho, art.º 12.º, n.º1b) Textos escritos ao abrigo do novo Acordo Ortográfico CONTACTOS ÚTEIS: Geral Tel.: 212 724 000 Gabinete de Atendimento Municipal Linha Verde Almada Informa - 800 206 770 E-mail: almadainforma@cm-almada.pt Site: www.cm-almada.pt Estamos presentes nas Redes Sociais /cmalmada
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TERRITÓRIO DE MUITOS
Editorial O futuro não é o que vai acontecer, mas o que vamos fazer.
na sua plenitude. O desenvolvimento
Henri Bergson
do nosso Município passa pela criação
Caras e Caros Almadenses,
de forma sustentável.
A pandemia COVID-19 volta
As cidades de hoje não podem ser
a pôr-nos à prova, criando incerteza
geridas sem se pôr no centro as questões
sobre os próximos tempos. Uma vez mais,
climatéricas e as questões ambientais.
todos nós, Câmara Municipal, todos os
É nas cidades que as pessoas vivem
seus serviços e trabalhadores, SMAS,
e é nelas que se continua a decidir
Autoridades de Saúde locais, Bombeiros,
o futuro do nosso Planeta.
de mais emprego e por sabermos usar todas as nossas potencialidades,
Forças de Segurança, Juntas de Freguesia, sob a coordenação rápida e eficaz da
Queremos uma Almada inovadora,
Proteção Civil, estamos mobilizados para
sustentável, dinâmica e para isso agimos
que período de Festas tão especial possa
em todas as frentes: na habitação,
ser vivido com o máximo de normalidade
no emprego, nos serviços, no comércio
possível e que ninguém fique para trás.
e na mobilidade.
A tolerância torna-nos mais fortes,
Almada tem sido referencia em muitas aspetos na forma sensata e justa como
Dentro dos compromissos eleitorais
tem encarado os desafios que a pandemia
assumidos com os Almadenses, neste
tem vindo a lançar e é com a mesma
numero falamos da criação da Polícia
determinação e sentido de serviço público
Municipal, que irá sempre funcionar em
que o continuaremos a fazer.
cooperação com as forças de segurança já existentes, nunca sobrepondo poderes,
Tal como o refiro na entrevista neste
mas garantindo mais e melhor proteção
numero, a nossa missão como autarcas
à população e instituições municipais.
é saber gerir o presente sem nunca desistir de construir o futuro.
Ninguém estava à espera que tão pouco tempo após as eleições autárquicas,
Foi o que conseguimos fazer no anterior
voltássemos a viver um período eleitoral.
mandato apesar de todas as dificuldades,
Se todos devemos ter consciência
é o que continuaremos a fazer com o
dos impactos que inevitavelmente
sentido de responsabilidade e urgência
uma alteração de governo tem ao nível
que conseguimos imprimir nos últimos
das dinâmicas locais, devemos também
4 anos.
encarar este facto com serenidade. A expressão da democracia nunca
É a força e resiliência demonstradas
é um problema.
mais curiosos, mais criativos. Com a pandemia, a Cultura tem sido o setor mais afetado. No entanto, Almada mostra ser diferente e continua a ter uma programação muito ativa. Nesta edição, comemoramos o 25º Aniversário da Mostra do Teatro de Almada que levou a cena mais de 30 peças de autores nacionais e internacionais. Destacamos, também, as exposições patentes no Museu de Almada – Casa da Cidade. O Natal é sempre uma época tão especial de partilha, de generosidade, de amor entre família e amigos. Este ano a união e solidariedade são ainda mais determinantes. O sentido de comunidade
por toda a comunidade almadense que me permitem encarar este segundo
E porque é de democracia e dos grandes
mandato com grande confiança.
princípios do Estado de Direito que
É tempo de continuarmos a desenvolver
falamos, neste numero reafirmamos
os importantes e estruturantes projetos
que Almada é um território de muitos,
para o nosso Município.
aberto ao mundo. Somos “Casa” de 119 nacionalidades e não tememos o
Almada é sem dúvida o lugar do futuro.
desconhecido. Esta diversidade
O território certo para se viver e ser vivido
orgulha-nos e enriquece-nos.
e de responsabilidade é essencial para, juntos, entrarmos em 2022 com a esperança e alegria. Festas Felizes! INÊS DE MEDEIROS
PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE ALMADA
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ALMADA
INÊS DE MEDEIROS
Almada é a cidade do futuro Ao iniciar o segundo mandato à frente da Câmara Municipal de Almada, a presidente Inês de Medeiros fala sobre as expetativas para os próximos quatro anos. Diz que Almada é o lugar do futuro e que «confiança» e «entusiasmo» são palavras-chave para o novo período autárquico.
Diz que Almada é o lugar do futuro. Como vê a cidade daqui a quatro anos? Eu considero Almada o lugar do futuro até por uma questão de dinâmica da própria Área Metropolitana de Lisboa. Quer se queira quer não, as áreas metropolitanas, as grandes cidades, continuam a crescer e não há um sinal de que esse movimento venha a diminuir, até pelo contrário. A Área Metropolitana de Lisboa vai crescer e eu acho que é deste lado do rio. Portanto, compete-nos a nós garantir que esse crescimento se faz de forma harmoniosa e que, de facto, Almada comece a ser um sítio onde se vive. Almada nunca
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foi um dormitório, mas de qualquer maneira tem uma grande
anterior. Portanto, agora é preciso continuar a trabalhar nestes
percentagem da população que ainda vai trabalhar para
grandes projetos estruturantes, nunca esquecendo o grande
outros concelhos, para Lisboa, Oeiras ou Seixal. Portanto,
desafio da política autárquica, que é construir o futuro sabendo
o desenvolvimento passa por criar mais emprego e, ao mesmo
gerir o presente. Sempre com o tal sentido de urgência e a tal
tempo, usar as potencialidades de Almada, que é um sítio com
necessidade de responder a aquilo que as pessoas precisam
grande qualidade de vida, para se trabalhar, para se viver, para
de imediato, porque nós lidamos muito de perto com a vida
usufruir, para fazer desporto, para gozar do mar, da paisagem
das pessoas.
natural, tudo o que faz a grande riqueza do nosso território. Não tenho dúvidas, até numa perspetiva futura de desenvolvimento
Há projetos que dependem do governo central e o país vai
sustentável, que Almada tem todas as condições para ser esta
a eleições legislativas em janeiro. Isso cria interrogações
cidade do futuro. Pela diversidade das suas paisagens, do seu território e a sua implementação nesta área metropolitana.
para o poder municipal?
É uma geografia extraordinária com grandes desafios. Não
Interfere em tudo para todos os municípios. Interfere desde
tenho dúvida de que este vai ser o grande desenvolvimento
o início na questão orçamental, que é fundamental, porque
urbano do futuro, o que significa enfrentar grandes desafios,
apesar de tudo temos transferências. Nesta altura, estão todos
do ponto de vista ambiental, climatérico, mas um
os municípios muito mobilizados para aproveitar ao máximo
desenvolvimento sustentável apostando na qualidade de vida.
o PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], porque temos um tempo muito curto para a feitura de projetos e precisamos de uma colaboração intensa com as entidades governamentais
Quatro anos à frente de uma autarquia é tempo suficiente
que gerem estes fundos. Ora, se estamos em véspera
para imprimir um estilo. Qual considera ter sido a imagem
de eleições fica tudo um bocado em estado morto e as
de marca nesse período?
consequências são terríveis. Não basta dizer que os fundos
O primeiro mandato foi muito especial. É preciso lembrar que
estão cá, é preciso que as máquinas, os serviços, estejam
em quatro anos houve dois de pandemia. Eu acho que mesmo
plenamente funcionais e com as chefias bem sólidas. Falo,
com a pandemia, o que fez a grande diferença foi um certo sentido de urgência. Ou seja, termos a certeza de que a Câmara respondia em tempo e que conseguia resolver bloqueios que se arrastavam, alguns deles
por exemplo, da Baía
O GRANDE DESAFIO DA POLÍTICA “ AUTÁRQUICA É CONSTRUIR O FUTURO, SABENDO GERIR O PRESENTE ”
do Tejo e da Margueira. É fundamental uma decisão governamental sobre aquela matéria e se o governo está um pouco em suspenso por causa das eleições legislativas, é claro
há décadas. Ainda não conseguimos resolver tudo, mas temos
que atrasa. Não é dramático, porque a democracia nunca é
estado justamente a imprimir esta marca de que os problemas
dramática e nunca devemos ter medo da democracia. Mas em
não podem continuar a servir de justificação para uma certa
termos de timings, de tempos de eficácia, é evidente que foi
inércia ou inação. Ao contrário, os problemas enfrentam-se e
uma quebra numa altura em que deveríamos estar a levantar
resolvem-se. Nem sempre é fácil, mas havia um certo arrastar
voo, todos num esforço conjunto. É evidente que continuamos
das dificuldades e eu acho que isso nós conseguimos quebrar.
um bocadinho em terra.
Há um tempo da reflexão e um tempo da ação. Não deve haver ação sem reflexão, mas também não deve haver a reflexão só
A questão ambiental tem sido uma preocupação.
pela reflexão.
Qual é a estratégia neste plano? Eu acho que hoje em dia as cidades não podem ser geridas sem
Teve uma vitória inequívoca nas urnas. É um reconhecimento
pôr no centro as questões climatéricas, a adaptação climática,
pelas realizações, mas isso acrescenta responsabilidades.
as questões ambientais. Temos muitas questões a este nível.
Com que espírito parte para o segundo mandato?
Não é só a questão das praias, que é fulcral, mas também
A perspetiva do segundo mandato é de confiança. Tem que
é preciso alterar modos de vida dentro dos centros urbanos.
ser sempre com confiança e com entusiasmo. Naturalmente
Fala-se muito da cidade dos 15 minutos, que é uma cidade
partimos com mais segurança do que tínhamos há quatro anos,
de proximidade, e isso significa agir em todas as frentes.
porque há uma parte do trabalho que é de continuidade. Mas
Agir na habitação, no emprego, na mobilidade, nos serviços,
lançámos as bases de muitas das grandes obras no mandato
no comércio, no lazer, na cultura. Havia uma certa planificação
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das cidades, que era a zona habitacional, a zona de
complementaridade. Por isso, o Innovation District prevê
trabalho, a zona de desporto e hoje em dia essas ideias mais
todas as áreas, desde o lazer, a agricultura, o desporto,
compartimentadas já não fazem sentido. É um bocado como
o turismo, a ciência e a educação, naturalmente, porque
as hortas urbanas no meio urbano, porque temos que casar
temos o nosso polo universitário ali, que é a grande âncora do
uma série de dimensões. É por isso que neste mandato, e isso
Innovation District. Mas também há a habitação, equipamentos
foi um compromisso, estamos a pôr o ambiente juntamente
sociais. É tudo isso que está a ser planeado. O cronograma
com o próprio «pensar a cidade» que é o planeamento
está a ser feito, alguns projetos já entraram em fase de pedidos
urbanístico. Não há subserviência nem de um e nem de outro,
de licenciamento e alguns já estão inclusivamente na CCDR
mas há uma prioridade muito clara que temos que ter, desde
[Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional],
o início, em tudo o que se faz na cidade.
porque nós estamos a falar de uma parte do território que é uma zona sensível, como, por exemplo, o antigo Lazareto, que tem ali junto a Arriba Fóssil. Portanto, há várias entidades envolvidas
O Innovation District é um projeto estruturante. Podemos
no licenciamento e estamos a acompanhar e a trabalhar.
dizer que haverá uma Almada antes e uma Almada depois do Innovation District?
Durante a solenidade de posse, disse que há ainda cerca
Uma vez que o projeto Innovation District esteja a andar
de 50 outros projetos estruturantes para o município.
e as pessoas comecem a ver as primeiras obras, os primeiros
Pode falar de alguns deles?
projetos, há uma antes e uma depois. Devo dizer que o Innovation District é um projeto estruturante não só para
Esses grandes 50 projetos estratégicos são aqueles que
Almada, mas para toda a Área Metropolitana de Lisboa, disso
foram identificados na proposta do Plano Diretor Municipal.
não tenho dúvidas. Porque o seu território o permite, Almada
É importante dizer que qualquer PDM, que tem uma
ainda tem possibilidades de apostar num desenvolvimento
temporalidade de 10 anos, identifica aquelas que são as
com parâmetros completamente diferentes, que são os do
grandes matérias estruturantes, que vão desde a reabilitação
Innovation District. Ou seja, é apostar muito na inovação, num
da frente marítima e da frente ribeirinha ou a criação de um
desenvolvimento sustentável, numa arquitetura sustentável,
porto para os pescadores, mas também de lazer. Há uma
na personificação da tal cidade dos 15 minutos, com muita
questão essencial, que é a extensão do metro até à Costa
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TERRITÓRIO DE MUITOS
de Caparica, e neste momento já estamos a estabelecer
pontos onde não era possível intervir porque, como eu disse,
o trajeto para essa expansão. A criação do corredor verde ao
não há alternativas. Portanto, temos que respeitar as
longo do IC20 é fundamental. Ou seja, tentar que aquele trajeto
necessidades absolutas das pessoas. Passar à etapa seguinte,
entre Almada e a Costa de Caparica seja menos uma rutura
que é muito mais atual, com as preocupações atuais, sempre
e mais interligado e harmonioso, para que aquela via rápida
conciliando aquilo que é pensar a cidade, pensar a mobilidade
não seja uma ferida, um corte, mas um elo de ligação.
e as questões ambientais, que são fulcrais. É um território que
Naturalmente há a questão da Fonte da Telha, que é das
tem desafios enormes e basta lembrar a questão da subida
mais complicadas, mas há também toda a reabilitação das
do mar, as nossas praias. É imprescindível termos um plano
terras da Costa, para uma reconversão agrícola dessas terras.
de reabilitação da frente marítima para nos adaptarmos a aquilo
Há muitos projetos de dimensões diferentes e estou a citar
que são os desafios, mas fazê-lo não de forma pessimista,
os maiores. Dentre eles há também projetos que consideramos
a achar que isto é uma desgraça. É fazer disso uma mais-valia
fulcrais e que, infelizmente, não dependem do município,
e um fator de desenvolvimento, que eu acredito possa ser difícil
como é o caso dos Terrenos da Lisnave. A Câmara considera
no início, mas que vai trazer imensos benefícios para
que as entidades detentoras daqueles territórios têm que
a economia local.
avançar com o projeto e têm que olhar para aquilo de outra maneira. Lá está, os tais fala-se muito, reúne-se muito,
Diz que a cultura é feita de diálogos. Hoje esses diálogos
pensa-se muito, mas age-se pouco. É exatamente o oposto
estão mais fáceis?
do Innovation Disctrict.
Almada continua com uma programação muito acima do que era hábito, seja ao nível de exposições, de público,
A mobilidade é uma questão que interfere de forma direta
de espetáculos. A cultura foi de longe a área mais prejudicada
no dia a dia das pessoas. O que os almadenses podem
pela pandemia e, mesmo assim, conseguimos ir sempre
esperar neste plano?
mantendo uma atividade cultural, seja em streaming, seja
Almada tinha alguns problemas de mobilidade, nomeadamente
em pequenos grupos. Neste momento, estamos a relançar
na circulação automóvel, que se arrastavam há muito tempo.
uma programação cultural que queremos que seja regular,
Era preciso permitir que o trânsito fluísse. Havia alguns anos
diversificada e que chegue a todo o território. O diálogo sempre
de atraso no pensamento do que é a mobilidade num território
esteve aberto em vários níveis. O diálogo da Câmara com as
como este, que tinha, e ainda tem, uma enorme lacuna ao
instituições culturais e os criadores culturais, na sua grande
nível dos transportes públicos. Espero que para o ano melhore
diversidade. Defendemos sempre uma cultura aberta, que não
substancialmente, com o
se fecha sobre si própria e que,
novo contrato dos transportes
pelo contrário,
públicos rodoviários. Há quatro anos havia duas grandes prioridades. Uma era lançar um novo concurso dos transportes rodoviários, aumentando carreiras e frequências, para
A CULTURA FOI DE LONGE “A ÁREA MAIS PREJUDICADA PELA PANDEMIA ”
é o espaço da diversidade. Uma cultura que se fecha sobre si própria é uma cultura que morre. Não pode haver nenhum tipo de chauvinismo. Isso é muito importante.
que houvesse alternativa aos carros. Ou seja, que as pessoas
A cultura é o espaço do diálogo, queremos valorizar os nossos
pudessem deixar de usar os carros porque tem uma alternativa.
criadores e receber os que venham de fora, potenciando uma
Em muitas zonas do território, as pessoas não tinham alternativa
troca de experiências e ideias. Qualquer espetáculo, exposição,
nenhuma. Por outro lado, desfazer nós de trânsito, ainda temos
peça de teatro ou filme é um diálogo com o público. Isso é
alguns, e criar condições para o trânsito fluir. Do ponto de vista
a essência da cultura. A pandemia limitou o público e isso
ambiental não há pior do que um engarrafamento de milhares
sentiu-se muito em todos os níveis, não apenas nas questões
de carros parados, como ainda acontece ali no Centro Sul.
económicas e sociais deste meio. Os artistas, os criadores, têm sido pessoas de uma resiliência e solidariedade a toda prova e temos que reconhecer aquilo que eles dão ao país nessa sua
Qual é a etapa seguinte?
resistência. Esse diálogo, essa interação permanente e essa
Agora que já estamos a apanhar o tempo perdido, temos que
curiosidade de mundo, a vontade de olhar o mundo e de olhar
passar para uma segunda etapa, que é melhorar as ciclovias,
o outro, é fundamental. A cultura tem que ser o baluarte
tudo o que são transportes alternativos. E agora, já com a nova
da liberdade, de abertura, de tolerância, de curiosidade
configuração dos transportes, aligeirar o trânsito em alguns
e de diálogo.
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ALMADA
MANDATO 2021-2025
A voz dos vereadores Para além da presidência da Câmara Municipal de Almada, o Partido Socialista elegeu quatro vereadores, todos com pelouros já atribuídos: Teodolinda Silveira, José Pedro Ribeiro, Francisca Parreira e Filipe Pacheco. A equipa executiva fica completa com o vereador Nuno Matias, do PSD. Nesta edição, apresentamos as propostas de cada um dos vereadores para o próximo mandato 2021-2025, de maneira sucinta. Os quatro vereadores da CDU e a vereadora Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda, também expõem algumas ideias para os próximos quatro anos.
TEODOLINDA SILVEIRA VICE-PRESIDENTE DA CMA
Recursos Humanos, Higiene Urbana, Ação e Intervenção Social e Educação
EDUCAÇÃO
HIGIENE URBANA
«No quadro das competências que a
«O Sistema Integrado de Gestão de
autarquia tem nesta matéria, seguiremos
Resíduos é uma ferramenta informática
o caminho iniciado, dando prioridade
fundamental na compilação de toda a
ao alargamento da rede educativa, com
informação útil, em tempo real. A sua
o aumento da oferta pré-escolar, pela
introdução na frota de recolha de resíduos
enorme e confirmada importância que esta
proporciona ganhos de eficiência e eficácia
etapa assume na redução do insucesso
muito significativos, acompanhados por
escolar. Assim como o alargamento
uma redução dos custos operacionais.
da rede do 1.º Ciclo, dando respostas
O seu manuseamento por parte de todos
ao aumento demográfico da população,
os intervenientes, sejam cantoneiros,
fruto da fixação de famílias no nosso
motoristas ou encarregados, ditará
território, nos últimos anos. Importa
a maximização desta tecnologia».
também cumprir um plano de requalificação do edificado escolar».
SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL
INTEGRAÇÃO SOCIAL «As pessoas em situação de vulnerabilidade são a prioridade. O município, na sua
«É fundamental para a mudança
política de proximidade, tem como
comportamental, relativamente ao meio
missão combater ou mitigar os fatores
ambiente, e para a construção de uma
que determinam essas desigualdades,
sociedade mais sustentável.
promovendo uma maior equidade no
A importância dos cidadãos para o
acesso às respostas sociais existentes,
conceito de cidade limpa obriga a uma
procurando tornar Almada um território
mudança de atitude que só será possível
mais coeso. Pessoas em situação de
com um grande esforço de esclarecimento
sem-abrigo, patologias de saúde mental,
e sensibilização. Não só para os problemas
isolamento de pessoas idosas e integração
ambientais, alertando para as graves
de populações migrantes no concelho
consequências que acarretam, mas
foram alguns dos desafios do último
também para as soluções, procurando
mandato. Continuaremos a aprofundar
transformar os cidadãos em agentes ativos
e melhorar soluções, em parceria com
na proteção dos valores naturais».
entidades locais».
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TERRITÓRIO DE MUITOS
imobiliária, criando respostas para uma
para perceber com detalhe
classe média e jovens famílias, para fixar
as necessidades de intervenção
estudantes e profissionais deslocados
e as soluções que permitem alargar
que não conseguem aceder ao mercado
a prática desportiva a todos
imobiliário livre. Encontrei serviços
os munícipes».
técnicos muito competentes, que estão
FILIPE PACHECO VEREADOR DA CMA
Sistemas de Informação, Manutenção de Equipamentos e Frota, Comunicação, Habitação, Desporto e Juventude
a dar corpo a uma autêntica revolução
BEM-ESTAR ANIMAL
iniciada no mandato passado. Almada
«Um dos grandes objetivos deste
foi dos primeiros municípios
mandato é a construção de um novo
a apresentar a sua Estratégia Local de
Centro de Recolha e Bem-Estar Animal
Habitação, em maio de 2019, entretanto
na Quinta da Alembrança que, entre
já revista para adaptação ao Plano de
outros, possua um centro veterinário,
Recuperação e Resiliência (PRR) e que
um canil e um gatil e tenha espaço
prevê um plano para o fim da habitação
para acolher espécimes selvagens,
indigna no nosso concelho».
de forma transitória, até que estes sejam encaminhados para os devidos centros
DESPORTO
de recuperação».
«A Carta Desportiva de Almada vai ser HABITAÇÃO «Esta é a nossa grande aposta e desafio: procurar resolver a carência de habitação nos estratos mais desfavorecidos da população e dinamizar a reconversão dos focos de habitação informal que ainda temos no concelho. Ao mesmo tempo procuramos minimizar os efeitos da especulação
um instrumento fundamental para
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
o nosso desenvolvimento desportivo,
«Criaremos um Plano de Ação para
devendo o seu conteúdo estar
a Transformação Digital da Câmara
articulado com a construção de uma
Municipal de Almada, por forma a que
outra ferramenta que é o Observatório
os serviços do município sejam mais
do Desporto. Já está a ser feito um
responsivos às expetativas dos cidadãos
trabalho importante de recolha de
e empresas, prestando serviços mais
dados sobre o movimento associativo,
simples, integrados e inclusivos,
as entidades parceiras, os praticantes
funcionando de forma mais eficiente,
e os equipamentos desportivos,
inteligente e transparente».
POLÍCIA MUNICIPAL
PROGRAMA
«Quero destacar uma nova missão, cujo objeto é o estudo
PRAIA PROTEGIDA
e respetivo levantamento de necessidades e meios
«O programa nasceu
com vista à criação de um serviço de Polícia Municipal.
em 2018 para garantir
Será administrativa e de cooperação com as forças de
assistência a banhistas
segurança na proteção às comunidades locais, operando
nas áreas balneares que
24 horas por dia, no pressuposto da proteção e salvaguarda
não possuem concessionário
da população e das instituições municipais».
durante a época balnear. Mas também para garantir
PROTEÇÃO CIVIL
um dispositivo de segurança
«As alterações climáticas são o maior desafio do século.
nos períodos que antecedem
Importa por isso manter a monitorização do território face
e precedem a época balnear,
aos galgamentos costeiros, ao risco sísmico e apostar
nomeadamente em abril
na continuidade da prevenção face ao risco de incêndios
e maio. Tem sido alvo de
rurais. A par da manutenção de todos os projetos e programas
melhoria constante ao longo
já implementados, pretendemos instalar o novo Serviço
dos últimos quatro anos.
Municipal de Proteção Civil, bem como a Central Municipal
No futuro pretendemos
de Emergência e de Socorro no Quartel da Bateria da Raposa,
colocar torres de vigia
na Fonte da Telha. Entendemos que será um passo tecnológico
modernas e tecnologicamente
e operacional fundamental para o sistema de Proteção
adaptadas à prevenção,
Civil Municipal».
sensibilização e socorro».
FRANCISCA PARREIRA
VEREADORA DA CMA Proteção Civil e Segurança, Atendimento ao Munícipe, Assuntos Jurídicos e Fiscalização Municipal, Património e Compras
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ALMADA
JOSÉ PEDRO RIBEIRO
Os transportes públicos e os meios de deslocação suaves, como a bicicleta ou a deslocação a pé, têm um papel fulcral. Temos um projeto que prevê a implantação progressiva de cerca de 100 km de percursos clicáveis ao longo do concelho, em paralelo com novos equipamentos, serviços e interfaces de transportes públicos».
VEREADOR DA CMA Infraestruturas e Obras Municipais, Administração Urbanística, Economia e Desenvolvimento Local
AUTARQUIA LABORATÓRIO
«Tal como a nossa presidente tem defendido, Almada reúne todas as condições para se tornar uma «Autarquia Laboratório», como já acontece com Sintra, Viseu ou mesmo Bragança. Acreditamos que este triângulo de oportunidades estabelecido entre as universidades, a autarquia e as empresas será o impulsionador da transformação e do desenvolvimento local».
MOBILIDADE
«É um tema muito relevante e precisa ser tratado como tal. Existe, neste momento, uma estratégia em marcha que vai permitir melhorar significativamente a vida dos almadenses, não apenas no tempo que demoram a chegar ao trabalho, como na forma como o fazem. Já a partir de 2022, e após um diagnóstico e plano elaborados pela CMA, iremos contar com um reforço de 40% da oferta de transportes públicos, através de mais 34 carreiras, das quais 22 municipais e 12 intermunicipais. Gostaríamos também de criar bolsas de estacionamento por todo o município, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos almadenses».
O OLHAR DA POPULAÇÃO
«Acredito que daqui a quatro anos estaremos a viver nesta Almada em que hoje estamos, mas não tenho dúvidas que será uma Almada mais bonita e amiga do cidadão. Os almadenses terão orgulho em viver e dela fazer parte. Não podemos esquecer que somos eleitos para servir os almadenses e acredito que o escrutínio da população tem que ser encarado não como algo perturbador, mas como uma guia constante. Se recebemos feedback dos almadenses sobre a nossa atuação, então saberemos a todo o momento se estamos ou não no caminho para melhorar a vida de todos os que cá vivem».
NEUTRALIDADE CARBÓNICA
«Se queremos atingir a neutralidade carbónica, é necessária uma nova forma de pensar a mobilidade quotidiana.
NUNO MATIAS
VEREADOR DA CMA
ao religioso, à gastronomia, aos eventos culturais, ao desporto. Mas também promover um calendário
Controlo de Risco, Espaços Verdes, Turismo, Mercados, Comércio e Espaço Público
de atividades que projete a nossa terra como um local com um espaço diferenciado e uma vivência única que vale a pena todo o ano».
ESPAÇO PÚBLICO «A ambição é reforçar a qualidade do nosso espaço
TURISMO
público, desde os arruamentos aos espaços verdes,
«Tem que ser um alicerce cada vez mais sólido no modelo
passando também pela iluminação e segurança. Ao mesmo
económico do concelho. Temos que acelerar o processo
tempo, estamos empenhados em criar mais motivos para
de desenvolvimento sustentado do nosso território, a pensar
que os almadenses desejem estar a passear nas nossas
que temos uma Costa Atlântica única e uma ligação ribeirinha
ruas, a comprar no nosso comércio local e a usufruir de
de cortar a respiração. Têm que ser requalificadas, com
eventos marcantes, que mostrem uma Almada única,
capacidade de serem usufruídas com qualidade pelos
que merece a admiração de todos».
almadenses, mas também um fator de atração para quem nos possa visitar. E que, seja nas dormidas, na restauração
SETOR HOTELEIRO
ou no comércio local, deixe valor que nos permita investir
«Para atrairmos mais investimento neste setor temos,
ainda mais nas pessoas da nossa terra».
ao mesmo tempo, que melhorar a qualidade de vida de quem cá está todos os dias. Melhorar as nossas ruas, dar mais vida
DIVERSIFICAÇÃO
e qualidade ao nosso espaço público, reforçar a nossa
«Temos que apostar na criação de marcas que nos projetem
identidade, por forma a ter um território que mostre,
noutras atividades e espaços atrativos para os potenciais
com mais força, todo o potencial para que os investidores
visitantes. Temos potencial no turismo ligado ao ambiente,
passem a considerar-nos como o melhor local para investir».
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TERRITÓRIO DE MUITOS
CDU
BLOCO DE ESQUERDA
Solidariedade, inclusão e sustentabilidade
Habitação, mobilidade e ambiente HABITAÇÃO «É um dos maiores problemas de Almada. A falta de casas
Para os vereadores da CDU, a questão do ambiente é central.
a preços acessíveis afeta famílias trabalhadoras, reformados
Em nota conjunta, dizem que constitui «um desígnio e uma
sem alternativa e jovens precários que não conseguem sair
prioridade em todas as latitudes, mas parece estarem a ser
de casa dos pais. Habitação de qualidade e acessível é um dos
menorizadas em Almada, contrariando, aliás, a vastíssima
principais fatores de qualidade de vida, respeito pelos direitos
experiência e os importantíssimos contributos que Almada
humanos e fixação de população no concelho. Almada é um
se orgulha, muito justamente, de ter dado ao município,
dos municípios com maior número de habitações degradadas,
ao país e ao mundo ao longo de décadas neste domínio».
bairros guetizantes e bairros públicos com inacessibilidade
Os vereadores elencam as ideias para o próximo período
a bens básicos de vida, perpetuando sistemas de pobreza
autárquico:
•
que levam à alienação social dos moradores».
Continuar a defender os valores da solidariedade, da inclusão
EMERGÊNCIA HABITACIONAL
e da sustentabilidade, que permitam combater com eficácia
«A Lei de Bases da Habitação dá instrumentos aos municípios
os efeitos de uma crise socioeconómica sem precedentes,
para construírem políticas públicas de habitação que,
de que resultou um aumento gravíssimo da pobreza que
•
coordenadas com financiamentos europeus, nacionais e
acentuou as desigualdades sociais pré-existentes.
municipais, podem fazer toda a diferença. Não é a lei perfeita
Insistir na necessidade de voltar a ser posta em prática uma
nem tem a redação final que o BE escolheria, mas foi um
política municipal transversal que promova a aproximação
processo em que nos empenhámos muito. Mas boas leis não
da gestão autárquica às pessoas, e restabeleça práticas
bastam. O BE propôs que Almada fosse declarada município
de participação e envolvimento ativo das populações
em situação de emergência habitacional, ganhando assim
na construção do futuro da nossa terra.
prioridade na atribuição de fundos para políticas de habitação.
• Estar disponíveis para apoiar todas as medidas que
A proposta foi aprovada em reunião de Câmara mas ainda não foi implementada».
venham a ser propostas e adotadas pelo município, que considerem positivas, no sentido de, em cooperação
MOBILIDADE
e complementaridade com as entidades centrais
«Mais de metade da população de Almada desloca-se
responsáveis, assegurar o apoio aos mais vulneráveis, e o
diariamente para outros concelhos, principalmente Lisboa.
estímulo à retoma da atividade económica, social e cultural.
Por muito que queiramos alterar a estrutura socioeconómica
• Dar atenção à resolução dos graves problemas de
desta dinâmica, o direito à mobilidade persiste e deve ser respeitado. É uma tortura estacionar em Almada - até os
acessibilidade e mobilidade, da habitação, da segurança
residentes têm dificuldade –, há áreas do concelho com quase
de pessoas e bens, da promoção do emprego, da criação
nenhuma oferta útil de transportes coletivos e muitas zonas
de riqueza e da sua justa distribuição, priorizando o recurso
do concelho dependem de um transporte de má qualidade
ao património científico, técnico, cultural e desportivo
prestado pelos Transportes Sul do Tejo. Durante a campanha,
existente em Almada e que necessita de voltar a ser
foram dadas garantias pela Presidente relativamente
valorizado, apoiado e impulsionado.
à expansão urgente do projeto do Metro Sul do Tejo, mas
A nota finaliza com um compromisso: «o desenvolvimento
essa promessa continua sem prazo nem calendários».
e o progresso que defendemos assenta nas pessoas, nos
AMBIENTE
recursos locais, na sustentabilidade ambiental visando a
«Almada é um concelho ribeirinho exposto à subida da água
neutralidade carbónica de modo a contribuir para que Almada
do mar, estando cada vez mais na rota de tempestades
seja um concelho inclusivo, sustentável, resiliente e próspero,
e furacões. A política ambiental do concelho tem de estar
assente numa estratégia de proximidade com as populações».
integrada com a política de mobilidade, urbanismo
Maria das Dores Meira | António Matos | José Luís Bucho | Helena Azinheira
e habitação. O município tem de ser rigoroso na aprovação de novos projetos, requerendo avaliação do seu impacto ambiental e utilidade social, vetando projetos que impliquem a destruição de zonas naturais e agrícolas».
Joana Mortágua
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ALMADA
INTERVENÇÃO SOCIAL
«Almada é território de muitos» A comunidade de migrantes a residir em Almada representa 9,2% da população. «Só temos a ganhar com esta riqueza e diversidade de capital humano», defende Ana Carolina Vilas Boas, Chefe de Divisão de Intervenção e Integração Social da Câmara Municipal de Almada (CMA).
Em quatro anos, a nossa comunidade migrante quase duplicou,
CABO VERDE
1.949
RESIDENTES
BRASIL
passando de 8 720 residentes (2016) para 15 471 (2020). Temos atualmente 119 nacionalidades, «uma diversidade
Construir pontes
que só nos enriquece e que deve ser encarada como um fator
5.790
RESIDENTES
Ao nível da saúde é fundamental
de excecionalidade. Almada é mesmo um território de muitos».
o trabalho com o Agrupamento de Centros de Saúde Almada Seixal.
A CMA tem um trabalho longo no âmbito das políticas de
Nas questões da habitação interligamos
integração de migrantes, sendo que houve um incremento
com a Estratégia Local de Habitação.
maior a partir de 2017, com a conceção e implementação
Há ainda parcerias fundamentais com
do 1. º Plano Municipal para a Integração de Migrantes.
o Alto Comissariado para as Migrações
Este permitiu o diagnóstico da realidade dos migrantes,
que, através do Fundo Asilo, Migrações
das principais necessidades e o estabelecimento de planos
e Integração, co-financia algumas ações
de ação a três anos.
como os Centros Locais de Apoio
Principais desafios
à Integração dos Migrantes (CLAIM).
A língua é um dos problemas com maior peso para quem
«Ou seja, é fundamental a criação
não tem a nossa base linguística. Eles «precisam de mais tempo
de parcerias locais, mas também
para aprender e nem sempre se tem isso em conta».
o reforço das parcerias com
O emprego e o acesso à habitação são também aspetos
organismos do Estado.
centrais que influenciam a forma como o processo
O que já está implementado
de integração é bem-sucedido ou não.
Atualmente, há espaços de atendimento
A saúde permanece uma questão muito evidente.
ao migrante em todas as freguesias,
«Temos promovido várias ações junto dos serviços de saúde,
que apoiam em questões de regularização,
no âmbito dos direitos dos migrantes, mas é preciso fazer
pedidos de nacionalidade, reagrupamento
mais, porque o acesso nas condições previstas na lei ainda
familiar, mediação em áreas como a ação
não está garantido».
social, educação, saúde, discriminação.
ASSOCIAÇÕES DE IMIGRANTES NO CONCELHO DE ALMADA ACCA - Associação da Comunidade Angolana em Almada Rua Terreiro Amato Lusitano, nº 2 - Laranjeiro Telefone: 96 113 38 42
Cretcheu - Associação Caboverdiana de Almada Traseiras da Rua de Moçambique, nº 1B – Cova da Piedade Telefone: 21 156 03 18 | E-mail: cretcheu.gaiscv@gmail.com
AD-SUMUS – Associação de Imigrantes de Almada Rua Prof. Ruy Luís Gomes, nº 7, R/C - Laranjeiro Telefone: 21 082 81 33 | 96 816 44 34
Casa Árabe Portuguesa Praceta Machado de Castro, nº19, 2º Dto. Laranjeiro Telefone: 96 652 42 00 | E-mail: acasa.arabe.portuguesa@gmail.com
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TERRITÓRIO DE MUITOS
UM FÍSICO NEPALÊS NUMA LOJA DE CONVENIÊNCIA Depois de passar por Inglaterra e pela Dinamarca, Manohar Regmi, afirma sem pestanejar: «quero ficar em Portugal». Este nepalês de 34 anos, formado em física e com um MBA em gestão, chegou a Almada em 2017. Trabalhou num restaurante no Laranjeiro, que fechou portas durante a pandemia, mas não desistiu. Há pouco mais de um mês abriu
ITÁLIA
692
uma loja de conveniência e apesar de nunca folgar, ainda
NEPAL
RESIDENTES
826
arranja tempo para ajudar outros imigrantes. «Ajudo-os
RESIDENTES
855
RESIDENTES
AS CINCO MAIORES COMUNIDADES
Manohar
ANGOLA
a começar o seu negócio. Sou bom a planear projetos».
Existe ainda um gabinete de emprego direcionado, aulas de português e projetos de natureza mais comunitária, para a pessoas refugiadas, jovens migrantes, empreendedorismo feminino, promoção
Pai de dois meninos, um de ano e meio e outro de sete anos,
de competências digitais, artísticas, profissionais…
aceitou também participar em sessões de cozinha em escolas do concelho. «Amo cozinhar e de forma saudável», explica.
«O trabalho do município tem sido realizado sempre
Uma paixão que nasceu da necessidade. «Quando fui para
numa base colaborativa com as associações de
Inglaterra tirar o MBA, tinha de cozinhar e, como dividi casa
imigrantes e entidades que no terreno são quem
com colegas de outras latitudes, fui aprendendo com eles
apoia estas comunidades. O nosso foco tem sido
a cozinhar outros sabores», explica Manohar.
apoiar e aumentar a sua capacidade
A integração plena faz também parte dos seus projetos.
de intervenção», sublinha Ana Vilas Boas.
«Quero que os meus filhos se sintam no sítio certo, que falem
Os almadenses são solidários?
a minha língua em casa mas português fluente lá fora». Por isso
«Temos uma rede de voluntários significativa,
defende que algumas nacionalidades deviam ter aulas extra
que se dedica a apoiar aqueles que estão numa
de português. Já solicitou um espaço à Câmara Municipal de
situação de maior vulnerabilidade», enaltece.
Almada para a sua comunidade, que apresenta a maior taxa
Mas «é interessante perceber que temos uma série
de crescimento de todas, na ordem dos 49%.
de migrantes que já fizeram o seu percurso de integração e que agora apoiam outros migrantes
A integração implica ainda dar a conhecer as culturas de quem
neste percurso. É de facto notável e inspira-nos», diz.
já faz parte de Almada. «Gostaria muito de concretizar o Dipawali (Festival das Luzes) em Almada», o Natal do seu país. Representa a luta entre o bem e o mal, dura cinco dias, o último dos quais dedicado à família. As pessoas reúnem-se, vão de casa em casa cantando em coro e pedindo pelo bem, saúde e sorte.
Môn Zuntú - Associação de Promoção da Comunidade Santomense Largo Filinto Elísio, nº 13, 6ºC - Cova da Piedade Telefone: 96 273 21 16 | 92 648 26 28 E-email: associacaomonzuntu@gmail.com
Quer que os almadenses provem os sel roti da sua terra, uma espécie de pão de arroz doce e do qual tantas saudades tem, porque só as mães os sabem cozinhar. Quer que percebam que as sete cores da vida que as irmãs pintam na testa dos irmãos, para os abençoar, significam a aceitação da vida, umas vezes colorida e feliz, outras vezes mais soturna. 13
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ALMADA
UM INVESTIGADOR INDIANO NO MONTE DE CAPARICA
UM DESIGNER COLOMBIANO À PROCURA DE EMPREGO
Sarvesh Kumar nasceu na Índia e foi o primeiro rapaz da sua
«Viemos pela segurança e qualidade de vida da nossa filha»,
aldeia a chegar à universidade. Está a concluir o doutoramento
conta Juan Grácia, um dos poucos colombianos a viver em
em física atómica molecular, mas ainda fala com o mesmo
Almada (há apenas 25). Para trás deixou o seu trabalho, como
deslumbramento sobre quando era um menino. «Íamos a pé
designer industrial, na capital do seu país. «Bogotá é imensa,
para a escola, às vezes não tínhamos nada para fazer». Quando
caótica, muito barulhenta e stressante», explica. Miranda,
um dia viu um computador, decidiu que «queria ser cientista».
de 8 anos, agora frequenta a mesma escola onde a mãe estudou há muitos anos.
Na sua aldeia não eram católicos e só mais tarde entrou numa igreja, com um amigo para o ajudar a acender as velas
É que Leslie Garcia é filha de uma portuguesa, e de um
pelo Natal. Ele hindu, o amigo cristão.
colombiano. Viveu na Cova da Piedade durante toda a infância e só depois rumou para o país do seu pai.
os cânticos», descreve, explicando que «para os indianos, toda a gente é família, por isso, quando um vizinho celebra,
Sarvesh
tu celebras com ele».
Juan
«O cheiro das velas aromáticas, o cintilar das luzes,
Apesar de alguns preconceitos, «os colombianos são todos narcotraficantes ou da família de Pablo Escobar, ironiza», gosta de viver cá. «Em Almada é tudo muito tranquilo e perto». Lá fazia 10 horas de viagem para ver o mar, cá demora
Na Índia professam-se várias religiões: o hinduísmo,
10 minutos para dar um mergulho na Costa de Caparica.
o budismo, o jainismo, o sikhismo, mas também há cristão e muçulmanos. Há um templo hindu em Telheiras, Lisboa, mas «não tens de ir lá, porque está tudo em ti e no que fazes»,
«Eu e a Miranda adoramos». A mulher atravessa o rio para chegar ao trabalho,
diz este investigador, tentando explicar o conceito
ele continua a fazer o caminho até ao Centro de Emprego.
de alguns deuses, como Brahma, criador do universo, Vishnu, que o conserva, Shiva, a força destruidora que permite um equilíbrio.
Mas já fez todos os níveis de português para estrangeiros e está disposto a trabalhar noutras áreas. Como é o Natal na Colômbia? O ritmo da voz acelera.
Está desde 2018 na Faculdade de Ciências e Tecnologia
Para explicar o que são os villancicos navideños, as músicas
da Universidade Nova de Lisboa, no Monte de Caparica, numa
natalícias no seu país, «muito alegres e que as crianças
investigação sobre o processo de troca de carga
adoram». Para falar das Novenas, as nove noites que
entre uma molécula e um átomo, que simplificando pode ter uma aplicação na medicina, por exemplo, no tratamento do cancro.
antecedem a Consoada, com famílias reunidas lendo e cantando. Para descrever os pestiscos tradicionais, como os boñuelos, bolinhos de massa fofa de farinha
Quer ir trabalhar onde possa investigar e aplicar o seu
e queijo, o ajiaco colombiano, uma sopa rica de batata
conhecimento, mas também gostava de voltar ao seu país, para
e frango, a natilla, uma espécie de leite creme.
ajudar a melhorar a qualidade de vida dos seus compatriotas.
A 7 de dezembro, o Dia das Velitas, dá-se início ao Natal
Até lá, foca-se na sua investigação, aproveita para aprender a
na Colômbia. Cada pessoa acende 12 velas, iluminando,
nadar nas piscinas da Caparica e correr junto ao mar, na Costa.
janela a janela, rua a rua, bairro a bairro, uma cidade com mais de 7 milhões habitantes. Nos olhos cúmplices
Em Almada vivem 215 pessoas proveninete da Índia.
de Juan, Leslie e Miranda, o brilho da saudade. 14
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TERRITÓRIO DE MUITOS
UMA VENEZUELANA HISTORIADORA E SOLIDÁRIA
UMA CABO-VERDIANA COM MÃO PARA A PASTELARIA
Odília Caires é historiadora e tem 60 anos. Trabalhava no
A história de Eunice Fonseca é simples. Leva-nos
Arquivo Nacional da Venezuela, numa comissão constituída para
à maior ilha de Cabo Verde, Santiago, onde viveu até
procurar pessoas desaparecidas na luta armada de 1960-1973.
há quatro anos. Veio «por causa do estudo dos filhos», a Savana, de 9 anos e Emerson, de 19.
Eunice
Chegou a Almada há três anos, «em busca de mais estabilidade para a sua família». Trouxe a filha, o genro e as duas netas. Vivem juntos na Praça do MFA e, quando abre as portas do seu prédio, dá de caras com a escultura de Anjos Teixeira, em memória das vítimas do regime fascista. Escolheu-nos porque o seu sangue também é português. A mãe é madeirense, o pai venezuelano e nas festividades havia sempre comidas tradicionais portuguesas. Mas, ao lembrar o Natal da Venezuela, o ambiente, os sabores, faz-nos voar através do Atlântico. De repente estamos lá a beber um ponche tradicional que se oferece a quem nos visita nesta quadra, feito com ovos, rum, noz moscada, cravinho e outros segredos que não se revelam. A admirar «as janelas,
Tem sete irmãos e quando chegava o dia 24, todos
os terraços, a cidade inteira vestida de luzes». Ouvem-se gaitas e farrucos (tambor) e charrascas (reco reco) e as mesas compõem-se com comidas típicas destes dias.
os caminhos os levavam de volta à casa da mãe. «Na comida é a mãe que manda», esclarece, mas entre filhos, noras, genros e netos, há muita
Não pode faltar a hallaca – prato de massa de milho recheada com carnes, azeitonas, passas e pimento, cozinhado em folhas de bananeira. Nem um pão especial com fiambre, bacon,
mão para ajudar no resto. Na mesa cruzam-se pratos portugueses e crioulos, numa fusão única onde o borrego, por exemplo,
azeitonas e passas.
Odília
é acompanhado com xerem à moda deste país. Os filhos foram saindo. A casa já não estava tão cheia, por isso a mãe de Eunice ainda tentou viver cá em Portugal. Mas a solidão do dia até ao regresso dos filhos do trabalho fê-la voltar a Santiago, onde retomou a sua rotina enérgica, de roda da sua quinta agrícola e dos seus animais. Na cozinha da Eunice, no Laranjeiro, é agora só ela que manda. Novamente. No Natal já sabe que não pode faltar uma coisa: «ele [filho] sempre avisa, não há bolo pudim, não há nada», ri-se. Mas não faz mal, porque «a pastelaria é a minha paixão», confessa esta mulher, que se desdobra num vai-e-vem de turnos num restaurante de Almada Velha, fazendo o que
Mas voltemos a Almada, que é aqui que a vida continua.
for preciso para assegurar a engrenagem
Odília dedica-se agora a ajudar outros migrantes, através
de almoços e jantares.
da Associação Almada Mundo. «Gostaria que o fizessem
A árvore, pequenina, já está montada na sua sala.
por mim». Em dezembro vai dar um curso certificado,
A casa cheira a qualquer coisa boa para o jantar.
de tecnologia da moda, outra das suas paixões.
Mas Eunice não tem tempo. Chegou há pouco
«Nos últimos 17 anos dava formação nesta área» e, acabada
e depois da conversa já são sete e pouco da noite
de chegar ao nosso concelho, começou a trabalhar para
e tem de voar para o restaurante.
a Marcha 19, do Centro Comunitário do Pia. Coincidência
Em Almada vivem 1 949 pessoas oriundas
ou não, arrecadaram o prémio de melhor figurino.
de Cabo Verde.
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ALMADA
HISTÓRIAS DE VIDA
Destino: Almada Almada é o destino para pessoas de mais de 100 nacionalidades. No mês em que se comemora o Dia Internacional dos Migrantes, trazemos histórias que mostram a integração das pessoas na vida da cidade. Quem é o migrante? Segundo a ONU, são pessoas que mudam em busca de melhores condições de vida, através do trabalho, da educação ou da segurança. Se há situações menos fáceis, também há casos de sucesso no processo de integração neste «território de muitos» que Almada quer ser.
VIVER E TRABALHAR EM ALMADA O olhar da presidente Inês de Medeiros
FRANNA PORTELA
«Não me vejo em outro país» Mas não durou. Passado algum tempo, o problema também surgiu na nova cidade e veio a ideia de deixar o Brasil. Decidiram mudar para Portugal e Almada foi o lugar escolhido. «A adaptação foi fácil porque eu sabia do que vinha em busca. Paz e segurança. Então para mim foi tranquilo e para as crianças também», conta Franna, que vive na Sobreda. E o trabalho? Incentivada pela filha, ela decidiu Há poucos meses Franna Portela iniciou um negócio de decoração de festas. Fabrício, o marido, trabalha numa distribuidora de peças de automóveis. Caio, o filho de 18 anos, é jogador das categorias de base do Cova da Piedade. Hanna, a filha de 15 anos, está a tirar o 9º ano e quer ser nutricionista para, no futuro, trabalhar em organizações
trabalhar com festas infantis (e não só). «Sempre gostei de trabalhar com festas. E vi que aqui não existia. Está a correr bem», explica. A decoração das festas tem
não-governamentais. É o retrato de uma família que há sete anos trocou a cidade de Lucas do Rio Verde, no estado brasileiro de Mato Grosso, por Almada. Foi uma escolha feliz. Hoje, com a família perfeitamente integrada, Franna diz que não pensa em voltar ao Brasil e menos ainda procurar outro lugar. «Já enraizei. Não me vejo em outro país. E Almada é fantástica», diz. Natural do Recife, em Pernambuco, explica que a razão para ter deixado o Brasil foi a violência. «Quando eu saí de Recife, em 2008, era a terceira capital mais violenta do Brasil», lembra. A família mudou-se para a pequena cidade de Lucas do Rio Verde, em busca de alguma segurança.
sempre um tema. E sabendo que em Portugal o futebol mobiliza as pessoas, decorações alusivas a Flamengo, Corinthians ou mesmo Benfica estão entre os temas. «O meu público maior é de brasileiros e africanos. Apesar de os portugueses não terem muito esta tradição, por acaso agora estão a procurar mais», finaliza.
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TERRITÓRIO DE MUITOS
TERRITÓRIO DE MUITAS NACIONALIDADES
GOSTAR DA DIFERENÇA
«Há uma expressão clara na realidade: Almada tem
«Essa é a grande questão. Quando entramos numa posição
mais de uma centena de nacionalidades no seu território
defensiva, a achar que o outro é uma ameaça, quando não
e temos imenso orgulho nas nossas comunidades, de toda esta
gostamos da diferença e não somos tolerantes, atrofiamo-nos
quantidade de pessoas do mundo inteiro. E queremos aumentar
a nós próprios. Queremos que Almada seja de muitos e muitos
a visibilidade de cada uma dessas comunidades. É importante
diferentes. Sentimos um movimento cada vez maior
esta troca. As sociedades abertas são sociedades evoluídas,
das pessoas que procuram Almada. Temos que construir
as sociedades que se fecham atrofiam e morrem. Almada é um
e criar respostas, mas vemos com bons olhos este movimento
território aberto, de muitos. A questão do ‘muitos’ é importante,
de pessoas a quererem viver e trabalhar em Almada, sem dúvida
porque somos diferentes e a tolerância é gostar da diferença
nenhuma. E quanto mais for este território de muitos, muitos
do outro, não temer a diferença do outro».
diferentes, muitos a amar esta terra, melhor será para Almada».
VIOREL E ALIONA PUTINA
Começar quase do zero Hîncești é um lugar situado a pouco mais de 30 quilómetros de Chișinău, capital da Moldávia. É o ponto de partida para a história do engenheiro Viorel Putina e da contabilista Aliona Putina, que há duas décadas embarcaram na aventura de viver em outro país. Escolheram Portugal e a cidade de Almada. Porquê? Aliona responde sem hesitar. «É um país que não faz frio. E o povo é um pouco mais parecido com o nosso, com pessoas muito trabalhadoras e que se ajudam uns aos outros», diz. Viorel Putina chegou em 2001 e, como tantos outros na mesma situação, veio sozinho à procura de trabalho e uma estabilidade que permitisse
Foi graças a isso que ainda nesse ano conseguiu um emprego numa agência de transferências monetárias, que procurava alguém que falasse russo e português. O português ela aprendeu a estudar sozinha ou pelo
trazer a mulher e o filho. Foram tempos
convívio com as pessoas. Ter um pai russo ajudou com a outra língua.
desafiadores para Viorel, que começou
Mas nem todos reagem de maneira igual a uma mudança tão radical.
a trabalhar numa garagem no Campo das Cebolas, em Lisboa. A língua era um entrave, mas a integração não foi difícil. E teve a sorte de vir para Portugal num momento em que o país realizou um período de legalização extraordinária de estrangeiros. Legalizado e com um emprego estável, era a altura de trazer a família. Aliona Putina chegou em março de 2002 e lembra que aprendeu a comunicar em português em apenas quatro meses.
«Para mim foi um pouco mais difícil. Sabe aquela coisa quando tu tens tudo e tens que começar tudo de novo? Nós começámos quase do zero», lembra Aliona Putina. Diz que a trajetória em Portugal tem o lado bom, porque conseguiram aquilo a que se propuseram, mas que sente falta de ter a família por perto. Trazer a mãe para Portugal, tão logo acabe a pandemia, está nos planos. Ao longo destas duas décadas, Aliona e Viorel Putina tiveram projetos conjuntos e o espírito resiliente e empreendedor levou a que hoje os dois sejam sócios-gerentes da imobiliária Finconvip. É uma empresa que trabalha para o mercado português, mas também procura clientes no exterior, em especial em países como a Inglaterra ou a Rússia, este último considerado um mercado muito promissor para o negócio.
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ALMADA
ALMADA GREEN MARKET
Olhar para a natureza de forma curiosa, sensível e empática Nos dias 6 e 7 de novembro de 2021, regressou à Alameda do Parque da Paz, o ecomercado de rua dedicado à promoção de alternativas de consumo natural e sustentável. O Almada Green Market já conta com várias edições
a associação Amor Rafeiro e outras instituições locais
e habitualmente decorre no último fim de semana de
de proteção animal, somaram uma valiosa ajuda em
cada mês. E o que determina a continuidade mensal
géneros, que proporcionou alimento a cães e gatos.
deste mercado orientado para o bem-estar? Pode-se talvez afirmar que será a generosidade do solo, a frescura do que é colhido, a verdade das marcas certificadas
Alexandre Neto e o seu companheiro Licas, um cachorro cheio de vida e bem disposto, foram surpreendidos com todas estas atividades dedicadas à sustentabilidade
e as diversas atividades que professam
ambiental, bem como com a azáfama do Cãominhada
a consciencialização ambiental e social.
e Gatinhada. O dono do Licas, para quem os animais
Neste mercado, todas as edições têm o ambiente
são família, confessou apreciar bastante o que via
e o natural, sem artifícios, como inspiração. Nesta
e que numa próxima vez iria voltar, acompanhado
edição, para além do conceito já apresentado, os animais
da sua esposa e filha.
de companhia ganharam lugar especial com o tema
O Almada Green Market não se faz de acasos,
Os Nossos Amigos Animais. Assim, no âmbito desta
e prova disso é a vontade e dinamismo de Cornélia
temática, marcaram presença vários projetos locais
Fischer, de origem alemã, residente em Almada há
de proteção animal, sendo ativadas ações dedicadas
muitos anos. Aos 68 anos, decidiu desfazer-se «de
aos amigos de quatro patas:
determinados bens materiais», que considerava ter
Uma das iniciativas de cariz solidário que levou ao parque
a mais, sentindo que da partilha e da criatividade se
muitos «patudos» e seus donos, foi o Cãominhada
podia fazer mais e melhor. Cornélia Fischer organizou
e Gatinhada. Era simples aderir. Na entrega simbólica
um verdadeiro acervo de livros – uns seus e outros de
de um saco de ração ou uma lata de comida, estava
amigos – fazendo nascer a Banca de Livros Solidária.
garantido um apetecível passeio de domingo, ao ar livre,
Esta banca, vestida de livros, vende, a quem por lá passa,
com direito a muita brincadeira. A partir desta iniciativa,
todos os géneros de livros e o valor de venda reverte
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a favor de associações como
tecido. A regra aqui? «Utilizar o menor número possível
Os Amigos dos Animais
de produtos que não sejam de origem natural», assegurou.
de Almada, a associação Amor Rafeiro ou a Onde Há Gato Não Há Rato.
E projetos surpreendentes e delicados pela sua minúcia, que nascem de passeios pela natureza? Essa é parte da essência do projeto de Vanessa Narciso, pintora de formação, com
Se por lá passar, saiba que
o seu namorado, escultor. O Atelier Pandan é um projeto
pode ainda regatear, «para
a dois, resultado dos passeios deste casal pelo campo e praia,
cima ou para baixo», o valor
recolhendo pelos caminhos «pedrinhas, folhas, conchas,
dos livros que quiser adquirir,
pedaços de madeira ou azulejo e até musgo». Todos estes
garante Cornélia Fischer.
achados, «conforme a natureza dá», são trabalhados e
Caminhando pelo Parque e observando as várias
transformados em peças únicas, cujo molde é destruído no final do processo criativo, pois «aqui não há peças iguais».
marcas, é notória a presença
O Almada Green Market, mostra-se diverso, a cada edição,
de projetos que nascem do
proporcionando os desejados produtos frescos da horta, a troca
respeito pelo planeta Terra.
e doação de livros, projetos solidários, defesa animal, cosmética
Dália Lourenço e o seu Cores
natural, artesanato ecológico e até música ao vivo, encorajando
do Bosque são exemplo disso
todos e todas a olhar para a natureza de forma curiosa,
mesmo, de respeito. Desde
sensível e empática.
muito pequena aprecia a capacidade de criar peças com as próprias mãos, e, hoje, dá largas à imaginação a partir da variada paleta de cores que a técnica de tinturaria caseira permite. Dália fia lã à mão e tinge extensos novelos, recorrendo a recursos naturais como «cascas de cebola, urtigas, malvas ou cascas de nozes». Pelas suas mãos também nascem bonecas de
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ALMADA
MOSTRA DE TEATRO DE ALMADA
25 anos comemorados com mais de 30 peças em palco De 29 de outubro a 28 de novembro, o teatro que se faz em Almada mostrou-se em vários palcos. A edição 2021 marcou os 25 anos da Mostra de Teatro, com um cartaz que levou à cena autores nacionais e estrangeiros. Foram mais de 30 peças, com várias estreias, representadas por 25 grupos de teatro amadores e profissionais do concelho. Houve também espaço para conversas, debates e exposições.
© Luís Aniceto
Inauguração da exposição fotográfica documental sobre os 10 anos dos Actos Urbanos – Associação Cultural O Mundo do Espectáculo
© Luís Aniceto
Estreia de Sombrios, pelo Alpha Teatro, Associação Cultural
© Luís Aniceto
Circuito Ordinário, pelo Grupo de Iniciação Teatral da Trafaria | © Luís Aniceto
© Nuno Direitinho
Fernando (Que) Pessoas?, pelo Teatro Bocage
© Luís Aniceto
O Museu Andante – Júlio Pomar, pela Embalarte
© Luís Aniceto
Portugal dos Pequenitos, pelo Teatro Extremo
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TERRITÓRIO DE MUITOS
MARIAS 2021- XIX FESTIVAL DE TUNAS FEMININAS DA FCT NOVA
O voltar a pisar o palco CENTENÁRIO JOSÉ SARAMAGO
Em Almada, comemorações vão até 16 de novembro
O MARIAS 2021-XIX Festival de Tunas Femininas da FCT NOVA, que decorreu de 29 a 30 de outubro, com o apoio da Câmara Municipal de Almada, trouxe ao concelho almadense duas
«Naquele momento de incerteza, surge algo formidável:
noites de verdadeiro espírito tunante.
o festival era do povo de Almada, que o iria defender
A edição de 2021 contou com a participação das seguintes
incondicionalmente». A frase é do jornalista galego Manuel
Tunas a concurso - Tun’Obebes (Tuna Feminina de Engenharia
Xestoso, que assina o artigo vencedor do Grande Prémio
da Universidade do Minho), TFIST (Tuna Feminina do Instituto
Internacional de Jornalismo Carlos Porto.
Superior Técnico) e TFB (Tuna Feminina de Biomédicas). Extraconcurso, marcaram presença a anTUNiA (Tuna
No dia 16 de novembro de 2021, dia em que José Saramago
de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa)
faria 99 anos, a Câmara Municipal de Almada (CMA) associou-se à abertura das comemorações nacionais
e a Tuna Económicas.
do centenário do Nobel da Literatura português.
A primeira noite do festival foi embalada por serenatas tocadas
Na Biblioteca Municipal José Saramago, no Feijó, dois grupos
e cantadas pelas tunas convidadas, na Igreja Nossa Senhora do Bom Sucesso, em Cacilhas. Já a noite de 30 de outubro, na
de crianças criaram uma coreografia, com movimentos a partir de frases retiradas da obra «A Maior Flor do Mundo».
Academia Almadense, em Almada, encerrou com o trinar das
Foi também inaugurada a exposição José Saramago «20 Anos
dos Porta Estandarte, a harmonia das vozes e com palmarés,
violas, dos bandolins, com o ritmo das pandeiretas, a elegância
de Prémio Nobel», com curadoria da Fundação José Saramago,
que distinguiram os melhores a concurso:
e assistiu-se ainda ao espetáculo «O Ano da Morte de Ricardo Reis», numa leitura encenada por André Levy e Mafalda Santos.
Tuna mais Tuna - in'Spiritus Tuna, Melhor Serenata - in'Spiritus
A participação da CMA, enquanto membro fundador da Rede
–TFB, Melhor Estandarte – TFB, Melhor Solista - Tun'Obebes,
Tuna, Melhor Pasacalles - Tun'Obebes, Melhor Pandeireta
de Bibliotecas José Saramago, surge a convite da Fundação
Melhor Instrumental - in'Spiritus Tuna, Melhor Original - TFIST
José Saramago e do Comissariado das Comemorações
e Melhor Tuna: in'Spiritus Tuna.
do Centenário do Nascimento de José Saramago.
Para a TunaMaria, este foi um evento «marcado por muitas
A programação em Almada irá estender-se até 16 de novembro
emoções e alegrias», sendo «impossível descrever o sentimento
de 2022.
de voltar a pisar o palco da Academia Almadense, juntar o espírito académico e viver momentos em Tuna». 21
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ALMADA
SONS DE OUTONO
O festival que a pandemia não calou Em 2019, o Sons de Outono – Festival de Música de Almada alcançava a sua 10.ª edição. Era preciso celebrar. Mas também se assinalavam os 500 anos sobre a primeira viagem de circum-navegação de Fernão Magalhães. Era preciso celebrar.
continuava a reunir. Nas coletividades, nas igrejas, nos espaços mais nobres ou menos convencionais. Não interessava. Estávamos nas plateias e os músicos, tão raro, nos palcos.
Organizou-se, por isso, um programa diferente para este festival de música, a cumprir em três anos,
2021
6 concertos 24 artistas 465 espectadores
2020
7 concertos 16 artistas 475 espectadores
2019
6 concertos 34 artistas 950 espectadores
assinalando a Vontade (2019), o Conhecimento (2020) e o Destino (2021). Sem se saber que uma pandemia haveria de paralisar o mundo e calar, em particular, o setor da cultura. Mas não os Sons de Outono.
O AMOR PELO FUTURO «Sem ter sido criado para melómanos [amantes de música] este festival, sente os lugares, os públicos e procura ter uma programação de profissionais baseado sempre em temas para três anos»,
«Foi um dos únicos festivais que não interrompeu
explica Fernando.
a sua atividade [presencial] durante este conturbado
Mas os espectadores querem saber:
período», sublinha Fernando Pêra, da associação cultural Cantabilefest, responsável pela direção artística deste projeto.
terminado este ciclo de homenagem a Fernão Magalhães, por onde vamos navegar nos próximos outonos?
MÚSICA DE QUALIDADE E GRATUITA Nestes três últimos anos, o Sons de Outono permitiu a quase 1900 pessoas desfrutar de 19 concertos de música erudita. Todos de entrada gratuita, apesar de tocados e cantados por músicos profissionais. As máscaras, o álcool gel, as distâncias, o medo, marcaram os dias destes dois últimos anos. Mas por cá a música era das poucas coisas que nos
A resposta, tem dupla batida. «Sugerimos para os próximos três anos uma programação baseada no Amor. Com o regresso à normalidade, gostaríamos de oferecer a construção de um programa celebrativo com a mesma qualidade e variedade de execução profissional». Aguardemos.
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TERRITÓRIO DE MUITOS
MUSEU DE ALMADA – CASA DA CIDADE
Uma casa, três exposições «Não imaginam como é bom, depois de uma longa separação, ver estes jardins cheios de gente para estas três inaugurações neste Museu de Almada – Casa da Cidade», referiu a presidente da Câmara Municipal de Almada (CMA), Inês de Medeiros, dia 13 de novembro. «Apesar da pandemia e dos confinamentos, os trabalhadores da CMA nunca deixaram de trabalhar e estas exposições são o fruto disso mesmo, de quem ama o serviço público que presta», sublinhou antes da abertura de portas. A Casa da Cidade tem, desde então, patente uma exposição de longa duração – Entre dois mares e um rio 1 – que nos leva através de três mil anos de história deste lugar a que hoje chamamos de concelho de Almada. Com mais de duzentas peças expostas, biografias, filmes, leva-nos desde o prelúdio de uma cidade, nos confins
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de um império, até às vilas e às gentes que faziam pela vida, à transformação do modo de viver, das paisagens, dos territórios. Além desta, o público dispõe de mais duas mostras temporárias. Leslie Howard, um inglês em Almada 2 que «tem um duplo propósito: divulgar um acervo fotográfico municipal, para nós muito significativo porque nos permite, em termos documentais, criar uma imagem visual do concelho entre as décadas de 1920 e 1950. Mas também para dar a conhecer um personagem muito peculiar – um inglês que escolheu Almada para viver e que sendo um amante de fotografia nos deixou uma obra interessante», explicou Ângela Luzia, uma das curadoras da exposição. Esta foi possível graças a Mário Simões Fernandes, que conservou este espólio e teve a generosidade de o doar à CMA.
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«O Vítor ia gostar de ver aqui tantos amigos e pessoas interessadas em ver o legado fotográfico que deixou», começou por dizer Luís Aniceto, um dos curadores da exposição Vítor Cid fotografia 3 , a segunda mostra temporária exposta na Casa da Cidade. O projeto nasceu depois do falecimento do Vítor Cid, que tinha expressado essa vontade de se fazer qualquer coisa com o seu arquivo. Nesta exposição encontramos uma seleção de 33 imagens que fazem parte de um outro projeto – um livro – que espera Celso Martins, também curador deste projeto, possa refletir três principais características da obra de Vitor Cid – «uma forte empatia, porque as imagens são formas de chegar ao outro; a memória individual e coletiva, que ele trabalhou como algo muito importante para o presente e futuro; um fortíssimo sentido de comunidade».
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ALMADA
COMPLEXO MUNICIPAL DOS DESPORTOS
Reabilitação das fachadas está concluída O Complexo Municipal dos Desportos «Cidade de Almada»,
tratamento das superfícies revestidas a cantaria
no Feijó, está de «cara lavada», uma vez que está concluída
e dos aros de caixilharia.
a empreitada de limpeza, reparação e pintura das fachadas do edifício.
Foram também reparados e pintados todos os elementos metálicos (guarda corpos, tubos
As obras realizadas envolveram, entre outros trabalhos, preparação das superfícies a pintar, incluindo lavagem a jato, raspagem de tinta não aderente, reparação de fissuras, preparação das superfícies revestidas a cantaria, tratamento de soleiras de portas e janelas, preparação e
de queda, mastros das bandeiras, portas e grelhas). Nesta empreitada, realizada no âmbito da valorização das instalações desportivas municipais, o investimento da Câmara Municipal ascendeu a quase 160 mil euros.
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TERRITÓRIO DE MUITOS
PROGRAMA PRAIA PROTEGIDA E ÉPOCA BALNEAR 2021
Zero mortes por afogamento
Balanço extremamente positivo, com destaque para a boa coordenação e articulação entre todas as entidades envolvidas. Em 2021, a vigilância nas praias
na Costa de Caparica, Francisca
da Frente Atlântica do concelho
Parreira, vereadora da CMA com os
de Almada e a respetiva assistência
Pelouros da Proteção Civil e Segurança,
a banhistas foi assegurada pelo
afirmou «não conhecer, até à data,
projeto Praia Segura/SeaWatch,
um município que tenha um programa
promovido pela Autoridade Marítima
desta extensão».
Nacional (AMN) e pelo Programa Praia Protegida, promovido pela Câmara Municipal de Almada (CMA) – Serviço Municipal de Proteção Civil (SMPC).
António Godinho, responsável pelo SMPC, destacou seguintes aspectos - não terem ocorrido mortes por afogamento; apenas 25% das
Fruto de um investimento municipal
vítimas terem tido necessidade de
superior a 120 mil euros foi possível,
assistência no Hospital Garcia de Orta;
em 2021, pela primeira vez, que o Praia
a abrangência do Praia Protegida, pela
Protegida tivesse uma abrangência
primeira vez, a todo o ano de 2021 e
durante todo o ano, com início
«a excelente articulação e colaboração
a 1 de janeiro de 2021 e término
entre todas as entidades parceiras».
a 31 de dezembro de 2021.
Já o capitão do Porto de Lisboa,
Estão envolvidas quatro associações de
o Capitão-de-mar-e-guerra Vieira
nadadores salvadores e as corporações
Branco, salientou que «este é um
de bombeiros de Cacilhas e Trafaria,
dispositivo sem paralelo a nível
com as quais a CMA estabeleceu
nacional, pela sua dimensão de meios
protocolos de colaboração.
humanos e materiais, mas também
BALANÇO EXTREMAMENTE POSITIVO Em conferência de imprensa realizada
ÉPOCA BALNEAR E PRAIA PROTEGIDA 2021 – BALANÇO PRÉ-ÉPOCA BALNEAR
(1 DE ABRIL A 31 DE MAIO)
100 ocorrências 134 vítimas 0 mortes
ÉPOCA BALNEAR
(1 DE JUNHO A 30 DE SETEMBRO)
625 ocorrências 232 vítimas 1 morte (paragem cardíaca)
PÓS-ÉPOCA BALNEAR (1 A 31 DE OUTUBRO)
37 ocorrências 37 vítimas 0 mortes
pela sua dimensão geográfica», lembrando que a CMA «tem aqui um investimento muito grande».
no dia 17 de novembro de 2021,
A edição do Praia Protegida 2022
no Posto Municipal de Turismo,
entra em vigor a 1 de janeiro de 2022.
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CAMPEONATO NACIONAL DE KICKBOXING 2021
Alexandra Correia é a nossa campeã Alexandra Correia chega à entrevista a coxear.
Fui ao segundo terceiro round a dar tudo», diz,
Tinha acabado de disputar a final do Campeonato
com a voz embargada e a medalha de ouro ao peito.
Nacional de Kickboxing 2021, que ainda decorria
BULLYING E SEGURANÇA
no Complexo Municipal dos Desportos Cidade de
Alexandra é estudante universitária do curso
Almada, no Feijó. Do outro lado das portas, ainda
de licenciatura em Gestão. Treina há dois anos
se ouvem os gritos de apoio das diferentes equipas
muaythai e kickboxing. «Vim por uma questão
que disputam os últimos combates.
de segurança. Já tive episódios em que senti com
«O primeiro lowkick da minha adversária pôs-me
medo, enquanto mulher, e também sei de situações
logo na linha. Foi massacrante», lembra a jovem
que aconteceram a amigas minhas», relata.
de 21 anos, da equipa 100 % Muaythai, do Vitória
Os responsáveis da 100 % Muaythai explicam
Clube Quintinhas. Quando o treinador André Silva
que, nas inscrições anuais, um dos motivos que
a recebe no canto, no segundo intervalo, «estava
traz as raparigas às modalidades de combate é
completamente derrotada», confessa, mas «ele
aprenderem a defender-se. Até pela mão dos pais.
disse-me para confiar em mim e para confiar nele.
Os rapazes chegam, também, pela questão do bullying: «eu saber que sei dar um soco, não mo faz dar. Faz-me ter uma atitude diferente perante o agressor, que pode até afastar-se». Mas se foi o medo que a trouxe, a paixão pelos desportos de combate fê-la ficar nesta equipa, onde o lema é união. «Foi amor ao primeiro soco», riem em conjunto os restantes medalhados do Vitória Clube Quintinhas: Catarina Augusto (vice-campeã) e Gabriela Ribeiro Duarte Morais, Guilherme Melo e Iuri Fernandes (protagonista de um combate de leões, dizem), todos medalha de bronze. PROVA RAINHA EM ALMADA «Esta é a prova rainha» da Federação Nacional de Kickboxing e Muaythai (FPKM) e a penúltima prova desportiva de 2021, explica Nuno Margaça, Presidente da FPKM. Decorreu no fim de semana de 12 e 13 de novembro, participaram mais de 600 atletas, apurados nos diferentes regionais. A federação teve de esperar que os pavilhões, afetos à vacinação, ficassem livres para receber uma prova com esta envergadura. Mas «o balanço é excelente». Almada acolheu ainda uma gala onde se disputou o título de campeão europeu de kickboxing, «uma experiência piloto, que está em linha com o que outras federações já fazem noutros países».
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30.ª EDP MEIA MARATONA DE LISBOA
«Uma modalidade intergeracional que une todos» A 30.ª EDP Meia Maratona de Lisboa, uma das provas mais emblemáticas do calendário nacional, organizada pelo Maratona Clube de Portugal, com o apoio da Câmara Municipal
MIGUEL OLIVEIRA
de Almada (CMA), teve lugar no dia 21 de novembro de 2021,
A primeira grande viagem começou no Cristo Rei
com partida na Ponte 25 de Abril, em Almada. Milhares de participantes celebraram os 30 anos de corrida, percorrendo 21 Km, incluindo atletas profissionais com provas
Foi junto ao Santuário de Cristo Rei, em Almada, que Miguel
dadas, como Jacob Kiplimo e Tsehay Beyan. Nesta edição,
Oliveira partiu, no dia 3 de novembro, para a sua primeira
o ugandês Jacob Kiplimo distinguiu-se, batendo o recorde
grande viagem de mota, após obter recentemente
mundial, com o tempo de 57m e 31s. O atleta visivelmente
a licença de condução de motociclos.
eufórico e seguro partilhou que sempre soube «que podia
A acompanhar o piloto almadense até ao Autódromo
conseguir este grande resultado, porque está em muito boa
Internacional do Algarve, em Portimão, estiveram centenas
forma».
de motociclistas.
No mesmo dia, e com uma diferença de 35 minutos, a Vodafone
Antes de partir, Miguel Oliveira agradeceu a presença
10K coloriu o tabuleiro da Ponte 25 de Abril com justificada
de todos «desde um sítio tão emblemático e que aos
adrenalina, e cada participante, no seu melhor ritmo completou
almadenses diz tanto, como é o Cristo Rei», afirmando que
a sua meta.
esta iniciativa é uma «ferramenta espetacular para passar
Filipe Pacheco, vereador do pelouro do Desporto da CMA,
uma boa mensagem sobre prevenção rodoviária».
na conferência de imprensa de dia 19 de novembro da EDP
A partida foi dada pela presidente da Câmara Municipal de
Meia Maratona de Lisboa, prenunciou que este seria um grande
Almada, com uma bandeira de apoio a «MO88», mas antes,
regresso da já simbólica prova, evidenciando ainda 3 aspetos
Inês de Medeiros dirigiu palavras de incentivo a Miguel
fundamentais para o concelho de Almada: «Este evento está
Oliveira, lembrando o quanto «Almada e os almadenses
enraizado em toda a Área Metropolitana de Lisboa», sendo
se orgulham dele», seja «pelos feitos desportivos,
muito importante para a «dinâmica de reforço turístico»,
mas também pelas causas sociais que apoia».
como uma «modalidade intergeracional que une todos».
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DIOGO BATÁGUAS, HUMORISTA.
«Não consigo imaginar-me a sair daqui» Diogo Batáguas mora em Almada desde os 10 anos. Não pensa mudar-se e perder a qualidade de vida que aqui conquistou. Nasceu em Lisboa e vive na Sobreda desde os 10 anos.
mais tranquilas da sua vida, já que estava a 7 minutos
Teve uma infância tranquila, sempre ligada ao futebol,
a pé do trabalho e fazia a vida ali. Vivia junto ao Teatro
que jogou como atleta federado no Grupo Desportivo dos
Joaquim Benite, o Teatro Azul, e trabalhava junto à Praça
Pescadores da Costa de Caparica, e ao futsal, que jogava
Movimento das Forças Armadas.
no Clube Recreativo Piedense. Para o Diogo, a viagem de barco Lisboa/Almada «CAPACIDADE DE CRIAR BOAS PESSOAS»
ou Almada/Lisboa é muito interessante. Se se vem
Estudou Comunicação, fez rádio em Almada e considera
de Lisboa, chegar a «uma espécie de vila piscatória,
que viver na margem sul do Tejo é sinónimo de qualidade
com comida ótima, um solinho porreiro, e pessoas
de vida pela proximidade entre trabalho e praias.
simpáticas, é quase estar de férias dentro das próprias
«Consegue-se chegar a vários locais rapidamente
férias, sair de Lisboa e passar uma tarde em Almada»
porque tudo é perto», explica. «(…) normalmente quem conhece ou tem um amigo da Lembra com saudade a altura em que trabalhava numa
margem sul, é sempre um gajo porreiro e isso não é um
rádio em Almada, referindo que foi uma das alturas
acaso, temos essa capacidade de criar boas pessoas».
ITINERÁRIO DE DIOGO BATÁGUAS Rua Cândido dos Reis Jardim do Rio
Elevador
Casa da Cerca
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ALMADA
FEIJÓ
A minha freguesia
Ana Figueiredo, 75 anos, residente em Almada há 50 anos. Proprietária de loja no Feijó.
Luís Luz, Residente no Laranjeiro, trabalha há 20 anos no Feijó. Proprietário de um talho.
Fernanda Gervásio, 57 anos de vida e de residência no Feijó. Funcionária de uma peixaria.
Vive em Almada há precisamente
Luís Luz, residente no Laranjeiro, trabalha
Toda a sua vida viveu no Feijó. São
50 anos e atualmente é proprietária
há 20 anos no Feijó e já completou uma
57 anos somados. «No Feijó toda a gente
de uma loja de roupa, localizada
década como proprietário de um talho
se conhece e eu que trabalhei sete anos
no Mercado Municipal do Feijó.
no Mercado Municipal.
no Mercado Municipal conheço lá toda a gente», assegura, sorrindo, de mão dada
«Durante cerca de 22 anos tive loja
No interior do talho, abrigado do frio,
aberta na antiga praça do Feijó e desde
conta que viu o Feijó a melhorar a nível
2020 tenho esta loja de roupa no
de serviços, como bancos e comércio,
No Mercado Municipal do Feijó, trabalhou
Mercado Municipal». Na sua primeira loja,
mas que por agora sente que está mais
numa banca de peixe, que fechou com
no Feijó, vendia charcutaria. Porém, fruto
parado e que terá bastante a desenvolver.
o falecimento do proprietário. Hoje, ainda
do tempo, Ana Figueiredo reconhece
Explicando-se com as mãos, que
trabalha com pescado, na peixaria de uma
que não tem a mesma energia para
revelavam preocupação, reconhece que
grande superfície comercial. Fernanda,
as exigências do trabalho, bem como
«as pessoas fugiram para as grandes
testemunha da azáfama das grandes
assume ser «difícil encontrar pessoas
superfícies comerciais e nós por aqui
superfícies comerciais, conta que
que aceitem trabalhar nos dias de festa,
estamos preocupados com a ausência
«lá há mais movimento que no Mercado
como o Natal». Assim, optou por uma loja
de clientes». Acrescenta ainda com
Municipal do Feijó», acrescentando:
«pequenina» de roupa, que não exige
entusiasmo que «seria importante criar
«Tenho muita pena, porque é um bom
tanto.
eventos ou novas ideias para dinamizar
mercado».
«Muita coisa mudou», diz saudosa,
o comércio local e as ruas da freguesia».
com a neta.
«Gosto muito do Feijó. Sou nascida
reconhecendo que «na praça antiga,
«Tudo o que preciso fazer faço no Feijó»
e criada aqui», assume. No entanto,
as pessoas conheciam-se todas e
afirma, confirmando-nos que faz a sua
preocupam-na os sem-abrigo, que
eram mais próximas. Tenho saudades
vida por ali, frequentando os cafés,
segundo Fernanda, têm vindo a aumentar
desse tempo». Contudo, acrescenta
restaurantes e pequenos mercados
nas ruas do Feijó. «Eles não fazem mal
que apesar dos tempos serem outros,
de rua. Porém, remata que «a segurança
a ninguém, mas é uma tristeza vê-los
as condições da atual loja, no Mercado
nas ruas devia melhorar» e que mais
assim», acrescenta.
Municipal, são melhores.
policiamento é necessário.
Ana Figueiredo teria gosto em ver
Luís Luz é um confesso entusiasta
Gervásio gosta muito de passear pelo
mais jovens a viver no Feijó e a comprar
do Parque da Paz, que retrata com uma
Parque da Paz. Inclinando a cabeça e
no comércio local, defendendo que
frase: «é um ex-líbris!». Deixa-nos saber
de voz amigável, procurando a aprovação
«o preço da habitação devia ser mais
que é diabético e que tem por hábito
da neta, conta: «Costumamos levar pão,
«ir fazer umas 'caminhadazitas', que são
não é? É para dar aos 'patinhos'».
barato e que as casas deviam ser melhoradas e recuperadas». A lojista com 75 anos de experiência de vida, defende que no comércio local «os produtos oferecem, sempre, mais qualidade».
Para lá das preocupações, Fernanda
VOXPOP uma delícia».
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SMAS - ÁGUA E SANEAMENTO
SMAS de Almada recebem Selo Qualidade Exemplar da Água para Consumo Humano Os Serviços
e na Rua Fernão Seco. Além da implantação de
Municipalizados de Água
coletores domésticos e da construção de coletores
e Saneamento (SMAS)
pluviais, foram executados todos os ramais
de Almada foram
domiciliários, caixas de visita, constituídas por
distinguidos com o Selo
betão armado e anéis de betão pré-fabricados
de Qualidade Exemplar
para águas e esgotos e posteriormente, colocada
da Água para Consumo
a pavimentação da zona de intervenção.
Humano 2020 e 2021,
Nestas intervenções foram investidos cerca
pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas
de 430 mil euros.
e Resíduos (ERSAR). A cerimónia da entrega dos Prémios e Selos dos Serviços de Águas e Resíduos 2020 e 2021 (vertente Água) decorreu no dia 15 de novembro, no âmbito da 16.ª Expo Água, uma organização Água&Ambiente Conferências. NOVAS INFRAESTRUTURAS DE ABASTECIMENTO E DRENAGEM CONCLUÍDAS Os SMAS de Almada concluíram a construção de um troço da conduta adutora elevatória Corroios-Pragal, um traçado alternativo, ao anterior, que garante uma melhor qualidade e segurança no abastecimento ao Reservatório do Pragal, a partir do Reservatório de Corroios. Esta empreitada incluiu também a remodelação da rede de abastecimento de água na zona de intervenção, bem como o arranque e posterior reposição de calçada e a pavimentação integral em betuminoso ao longo de toda a zona intervencionada. Também na Charneca de Caparica foi concluída a construção das redes de drenagem doméstica e pluvial, na Rua dos Benvindos às Quintinhas
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TERRITÓRIO DE MUITOS
EM FOCO
Natal rima com comércio tradicional Um dos pontos mais importantes do comércio de rua são as ligações comunitárias. Viver num ambiente de maior calor humano, conhecer as pessoas pelo nome e estabelecer relações de confiança. Tudo isso combina com o espírito do Natal. A proposta desta edição passa por um pequeno roteiro, a percorrer alguns pontos de Almada. 1.
O ponto de partida é a Praça do Movimento das Forças Armadas. A poucos metros dali está a Grandma’s House Mercearia, uma empresa familiar que produz snacks saudáveis e amigos do ambiente. O foco está na alimentação saudável e na consciência ambiental. A mercearia tem várias opções para a ceia de Natal, mas os seus pães são uma excelente escolha para o dia a dia.
2.
Quem caminha na direção do antigo tribunal vai encontrar a Culotte Lingerie que, como o nome diz, é uma loja de roupas interiores. Lingerie, pijamas (masculinos e femininos) ou até pantufas com personalidade são opções para prendas. Há mais de duas décadas no mercado, a Culotte construiu uma imagem marcada pelo conceito de atendimento personalizado.
3.
O roteiro prossegue em direção à rua Capitão Leitão, onde vamos encontrar a Drogaria Central – Loja de Discos. O nome tem uma história. Era uma farmácia que foi transformada em loja de discos, mas manteve a decoração. Imagine um vinil raríssimo do músico Bob Dylan. Lá é possível encontrar. É um lugar perfeito para os caçadores de tesouros musicais.
4.
A poucos passos, do outro lado da rua, está a Festa D’Arte, loja com mais de 25 anos. E por falar em calor humano, nada melhor do que uma conversa com a simpática proprietária Maria Eduarda Gueifão. Em Almada há mais de sete décadas, ela tem muitas histórias para contar. O próprio espaço da Festa D’Arte, que já foi uma mercearia, tem uma memória arquitetónica.
5.
O roteiro prossegue em direção à rua Mendo Gomes Seabra (que liga à avenida Nuno Álvares Pereira), onde está a Salpicos de Cor. A loja faz jus ao nome. Os seus produtos para crianças criam um ambiente cheio de cor. Se o material escolar é o forte em outras épocas, no Natal os brinquedos, alguns de marcas exclusivas, são um convite à originalidade.
6.
Não é possível falar de presentes sem pensar em livros. Isso impõe uma visita à Livraria Escriba, na Cova da Piedade (próximo ao Largo 5 de Outubro). É um espaço único, onde os livros formam uma moldura e cada prateleira é um convite à leitura. O atendimento personalizado é uma mais-valia na altura de escolher um título. 33
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exposição
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EM ARQUIVO © Arquivo Histórico Municipal de Almada
FEIJÓ
O Feijó surge, historicamente, como um espaço rural, povoado por múltiplas quintas e propriedades agrícolas que remontam ao século XV/XVI. Até 1928, fez parte da freguesia de Santiago de Almada, integrando mais tarde as freguesias da Cova da Piedade (1928-1984) e do Laranjeiro (1984-1993). Em 1993, conquistou a sua autonomia administrativa com a criação da freguesia do Feijó, extinta em 2013 e integrada na atual União de Freguesias de Laranjeiro e Feijó. Território com identidade própria no concelho, cresceu e evoluiu, do ponto de vista demográfico, económico e urbanístico, transformando-se num espaço estruturante na malha urbana de Almada. Em termos históricos, entre 1940 e 1960 funcionou na Quinta dos Espadeiros uma fábrica de polpa de tomate para a indústria de conservas de peixe, propriedade de António Elvas, situada junto à antiga Fábrica de Cerâmica do Caramujo. Além do Parque da Paz, encontramos ainda nesta localidade o Complexo Municipal dos Desportos e a Biblioteca Municipal José Saramago.
Inauguração do Bairro Bento Gonçalves, 1965
Vista aérea do início dos trabalhos de modelagem do Parque da Paz, 1996 35
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