VII Ciclo de Música no Convento dos Capuchos

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Barroco, sedução e exclusão

SÁBAdOS | 21h30

22 e 29 Julho 05 e 12 agoSto 2017


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Estamos certos que a apresentação de um programa cultural regular e anual, como o que realizamos aqui, no Convento dos Capuchos, estreita os laços com os vários públicos potenciando este espaço e alicerçando um projeto único e singular ao serviço da comunidade.

O Convento dos Capuchos assume-se na rede de equipamentos culturais do Concelho de Almada como um espaço público de relevância pela sua programação regular. Espaço congregador da diversidade, é propício à escuta e ao silêncio que facilitam o recolhimento e a entrega individual e coletiva a programas participativos exigentes, como tem vindo a acontecer com a criação, construção e apresentação de um espetáculo complexo e multidisciplinar como é uma ópera. Construímos neste espaço conventual - a ópera Soror Mariana de Alcoforado, com estreia absoluta no Convento dos Capuchos, com o contributo de mais de 30 coralistas amadores, selecionados entre mais de 50 candidatos, uma orquestra profissional, compositor, libretista, maestro, cenógrafo e figurinista, em regime de residência artística, num total de mais de 180 horas de oficinas de expressão vocal e dramática, em regime pós laboral.

A VII edição do Ciclo de Música no Convento dos Capuchos conta com um importante repertório musical, selecionado pela mestria da diretora artística deste Ciclo, Margarida Rebocho. Como território de cultura, Almada privilegia o trabalho estabelecido pela parceria com os agentes locais nesta edição destacamos o convite, prontamente aceite, à Orquestra de Câmara de Almada, para assegurar um reportório barroco e inscrever o seu nome no Concerto de abertura deste Ciclo de Música de Almada, no Convento dos Capuchos de Almada. Bem-vindos pois à VII edição do Ciclo de Música no Convento dos Capuchos

Joaquim Estêvão Miguel Judas Presidente da Câmara Municipal de Almada 3


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Silêncios para escutar

“Nos espaços recuperados de um antigo e pobre convento franciscano, de estrita observância, situado junto à costa atlântica, somos atraídos, pelos sons da música barroca à harmonia da austeridade conventual”.

O pobre convento capucho, fundado no século XVI, numa arriba virada para a costa atlântica, por Lourenço Pires de Távora, 4º Senhor do Morgado da Caparica, foi abandonado pela família conventual, em 1834, em cumprimento do decreto de extinção das Ordens Religiosas.

de excelência, reconhecida internacionalmente, que singularizou o Convento dos Capuchos pela oferta cultural pioneira no domínio dos festivais de música dita erudita, num Portugal democrático que acaba de nascer na Revolução de Abril.

Depois de mais de um século de abandono, a CMA comprou o espaço, em 1950, e restaurou-o com a preocupação de o devolver à comunidade. A última campanha de obras, terminada em 2000, garantiu a construção de um auditório e a reformulação de outros espaços conventuais assegurando-se a vocação deste equipamento para a audição musical.

Desde o encerramento deste Festival, no ano de 2001 que, no convento, se procura continuar a garantir uma identidade e pertença que o afirme como um espaço do silêncio para a escuta e de contemplação para a ação, numa relação estreita com o edificado, a sua face visível para o mundo que o rodeia. Este esforço teve importantes etapas que passaram pela identificação e construção da história do cenóbio e ainda pela fruição de ciclos de música (seis), bem como, já no corrente ano a conceção e produção de uma ópera com estreia absoluta neste espaço conventual.

É neste âmbito, o da procura de um espaço de silêncio para a escuta, que na alvorada da década de 80 do século passado, o convento torna-se o palco privilegiado de um dos maiores acontecimentos musicais do país. Sob a direção artística de Adelino Tacanho, o Festival de Música dos Capuchos dá os primeiros passos, afirmando-se ao longo de 20 anos consecutivos com uma programação

O objetivo assumido nesta sétima edição do Ciclo de Música no Convento é assim, à semelhança e na continuidade do que se tem feito, o de criar uma relação do 5


espaço com as suas raízes identitárias e com a população que se propõe servir e, ao mesmo tempo, proporcionar uma leitura sedutora da realidade permitindo de forma exclusiva, a fruição e o encontro com a natureza e consigo próprio. Margarida Rebocho é a diretora artística que nos propõe celebrar este ano o “Barroco, sedução e exclusão”, num espaço aberto à fruição de música barroca que nos seduz pela melodia e pela exclusão do ruído, aproximando-nos de uma espiritualidade mais emocional e profunda. Esta oferta cultural faz dos Capuchos um espaço aberto a todos que nele podem (re)descobrir um lugar privilegiado de contemplação e partilha. Assim, quer no Auditório, construído no espaço do antigo dormitório, no Claustro, na Igreja, ou enfim, em qualquer lugar, incluindo a cerca conventual, se oferecem hoje, motivos para um silêncio que é garantia única, de uma escuta atenta e comprometida. Luís Nascimento

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Cada vez mais se entende o Barroco como uma construção histórica abrangente, de dimensão artística, social e política, onde se formularam novos modos de entender o mundo, o Homem e Deus. Mais do que um “conceito de estilo”, o Barroco é um “conceito de época”, apenas pelo simples facto de não ser repetível no tempo.

de uma realidade, mesmo que construída de aparências ilusórias. É o tempo do uso extensivo da polifonia e do contraponto; da utilização massiva e maciça da ornamentação musical. Em última análise, o Barroco cultiva a arte da ilusão; uma ilusão consciente que não pretende enganar mas seduzir.

Fortemente marcada pela retórica e pela arte da persuasão, a cultura barroca desenvolve processos de captação de públicos e de manipulação dos seus afectos por meio de técnicas de sedução sensorial e de representações alegóricas, de sentido facilmente captável pela sensibilidade ou pela inteligência emocional e até lógica dos destinatários.

Contudo, reduzir o Barroco a um estilo artístico ou a um movimento cultural é demasiado redutor. Na realidade, foi igualmente uma visão de mundo que envolveu formas de pensar, sentir, representar, comportar, acreditar, criar, viver e até morrer. Neste contexto, é fundamental não esquecer o impacto da Reforma na mentalidade das sociedades europeias da época e relembrar a actuação do Concílio de Trento (1545-1563), cujos decretos pretendiam trazer de volta às mãos da Igreja católica, as rédeas de controlo da fé, fortemente ameaçada pelo movimento protestante, que já ultrapassara os limites da mera contestação religiosa e alastrava por toda a Europa a uma velocidade assustadora. Nesta sequência, e contrariamente aos Protestantes que haviam abolido a estatuária sacra das

O Barroco é um tempo de ostentação e de grandeza; da riqueza, de materiais preciosos e da sumptuosidade de templos e palácios; do abundante e continuado recurso à talha dourada, à profusão inebriante do ouro, prata e pedras preciosas. É o tempo da exibição de artifícios de virtuosismo formal e de engenho, que conduzem à transfiguração da realidade e da representação artificiosa 7


com Deus, aquilo que a literatura chama de experiência mística e que as ciências humanas denominam de êxtase. Exemplo maior deste modo de vida eram, de facto, os frades Capuchos, que levavam uma vida de estreitíssima observância, conduzida na mais rigorosa austeridade, eremitismo, pobreza e contemplação.

suas igrejas, a Igreja Católica atribuiu um papel essencial às artes e tornou o interior dos seus templos mais ricos, sumptuosos e apelativos. As imagens de Santos, da Virgem Maria e de Cristo passaram a emocionar os devotos, através de expressões de agonia, ternura e compaixão; representar a história da religião cristã através da arte teria uma maior eficácia do que contá-la, simplesmente. Era imperativo que a arte contribuísse para despertar uma religiosidade de cunho mais profundo.

Estamos, então, perante uma interessante dicotomia, onde a exuberância da arte e da cultura barrocas se defrontam com a sedução e exclusão da vida monástica a que se devotavam os frades arrábidos que habitaram o Convento até 4 de Março de 1834, data do decreto que dita a sua extinção.

Mas o século XVII é também o século de uma maior afirmação de ordens religiosas como a dos Frandes Menores ou Ordem de São Francisco, como é mais conhecida, à qual pertenceu o Convento dos Capuchos da Caparica, local que acolhe o Ciclo de Música.

É esta dicotomia que a edição 2017 do Ciclo de Música no Convento dos Capuchos pretende explorar. Recreando ambientes, com um repertório cuidadosamente seleccionado e intérpretes de excelência, convida-se o público a partilhar momentos de pura fruição, numa viagem indelével pelo “Barroco, Sedução e Exclusão”.

Em oposição aos conceitos e princípios acima descritos que caracterizam este período da História da cultura e mentalidades, a sedução pela vida monástica e pelo divino, vivida de forma despojada, contemplativa e exclusiva, acontecia a partir do momento em que se dava o encontro

Margarida Rebocho

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22 de Julho Pasmatório do Convento dos Capuchos Concerto de Abertura Orquestra de Câmara de Almada Jan Wierzba (direção musical)

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29 de Julho Auditório do Convento dos Capuchos O Concerto Barroco

5 de Agosto Igreja do Convento dos Capuchos D. MARIA I ‐ 200 Anos Música para a Rainha de Portugal e Brasil

12 de Agosto Claustros do Convento dos Capuchos Eurico Carrapatoso Díptico Mariano

Orquestra Filarmónica Portuguesa (formação de câmara) Augusto Trindade (violino) Alexandra Trindade (violino) Ana Maria Ribeiro (flauta transversal) Osvaldo Ferreira (direção musical)

Barroco Português e Quadros Teatrais

AME RICANTIGA ENSEMBLE 33 Ânimos Companhia Teatral Ricardo Bernardes (direção musical) Ricardo Cabaça (direção cénica)

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Grupo Vocal Olisipo Ensemble Instrumental Olisipo Angélica Neto (soprano) Armando Possante (direção musical)



22 de Julho

Pasmatório do Convento dos Capuchos 21h30

Concerto de Abertura serem ocasiões sociais de relevante importância. O evento de 1717 terá sido, aparentemente, o mais grandioso de todos e muito provavelmente a última das grandes festas do rei George I realizadas naquele rio. Uma notícia publicada num jornal coevo reporta que havia tantos barcos repletos de “pessoas de qualidade”, que “o rio parecia estar todo coberto”. Relatos revelam que as barcaças desceram o Tamisa, desde Whitehall até Chelsea, levadas ao sabor da maré. Consta que terá sido servida uma ceia ao Rei e seus convidados, em Chelsea, pela uma hora da manhã, tendo a comitiva regressado ao Palácio de St. James pelas quatro e meia.

“Por volta das oito da noite, o Rei reparou na sua barcaça. Ao lado da barca do Rei seguia a dos músicos, com cerca de 50 instrumentistas, que tocavam todo o tipo de instrumentos: eram Trombetas, chifres, hautboys (oboés), fagote, flautas alemãs (flautas transversais), flautas francesas (bisel), violinos e baixos; mas não havia cantores. A música tinha sido composta especialmente para esta ocasião pelo famoso Haendel, natural de Halle, e principal Compositor da corte de Sua Majestade. O Rei gostou tanto da obra, que fez com que a mesma fosse interpretada três vezes, apesar de cada desempenho durar uma hora - ou seja; duas vezes antes da ceia e uma depois. O [estado do tempo] serão esteve perfeito para a celebração das festividades, tal como era desejável. Além disso, o número de barcaças e, acima de tudo, as embarcações cheias de pessoas que queriam ouvir a performance, eram muito além de conta.”

O sucesso da “Water Music” junto do público foi significativo, a ponto de ter gerado uma lenda própria: diz-se que, com ela, Haendel quis reconciliar-se com o recém-coroado George I, seu antigo senhor em Hannover, que abandonara, há alguns anos atrás.

Foi por ocasião do cruzeiro real realizado a 17 de Julho de 1717, acima descrito pelo brandemburguês residente em Londres, Friedrich Bonet, que a “Water Music” de Haendel foi estreada. As festas realizadas no Tamisa eram frequentes durante os Verões londrinos do século XVIII e os cruzeiros reais revestiam-se do maior interesse, dado

A “Water Music” é, na verdade, uma obra cortesã de encomenda que Haendel transformou numa peça de qualidade, cheia de grandes acordes, danças alegres e joviais, temas cantáveis, avalanches de notas e momentos musi11


ao nível rítmico. A estreia da “Sagração da Primavera”, ocorrida a 29 de Maio de 1913, viu-se envolta em grande polémica; alguns dos espectadores presentes sentiram-se de tal forma chocados com o carácter “bárbaro” da música, que começaram a desferir socos indiscriminadamente, em pleno Teatro Champs-Elysées de Paris. Estes distúrbios públicos contribuíram, paradoxalmente, para a consagração de Stravinsky, enquanto compositor.

cais mais serenos. Os andamentos foram sendo publicados por diversos periódicos, ao longo de várias décadas. Esta obra revela que Haendel, com o seu ouvido apurado, usou a paleta sonora dos instrumentos a seu belo prazer, o que resultou numa música fresca, inventiva e divertida, desde o primeiro ao último compasso. Infelizmente perdeu-se o manuscrito original de Haendel. A música, tal como é hoje conhecida, provém de edições impressas que datam da década de 1720 à década de 1740. No decorrer deste concerto, vamos ouvir a Suite nº 1.

A associação de Stravinsky a Diaghilev, sem dúvida um dos relacionamentos mais criativos e importantes da história da dança e da música, continuou logo após a Primeira Grande Guerra. Inspirado no resultado de uma série de viagens que realizou por Itália na companhia do bailarino e coreógrafo Leonide Massine, Diaghilev teve contacto com o teatro cómico napolitano e tomou conhecimento da história do arlequim Pulcinella (ou Polichinelo). Pulcinella é um personagem típico da commedia dell’arte italiana, que se identifica pelo seu longo nariz e personalidade arguta mas inconstante e desprovido de quaisquer escrúpulos. Nascia assim a ideia para história de um novo bailado, inspirada num argumento datado de 1700, aparentemente encontrado por Diaghilev na cidade de Nápoles, que relatava as aventuras amorosas daquele arlequim, a quem os amigos acusavam de seduzir as respectivas namoradas.

Segue-se a Suite “Pulcinella” de Igor Stravinsky. Para Constant Lambert, autor do brilhante, mas não fiável “Music Ho! Estudo da Música em Declínio”, “A Pulcinella de Stravinsky parece não ser mais do que o equivalente a um livro de gravuras do século XVIII, no qual uma criança rabiscou, deliciada, uns narizes vermelhos, uns bigodes e umas barbas falsas”1. Expressa em 1933, a crítica de Lambert defende que “Pulcinella” é uma distorção audaciosa da música barroca, uma forma astuta que Stravinsky teria encontrado para ocultar uma momentânea perda de inspiração – nada mais longe da verdade, convenhamos. Curiosamente, em França, Reynaldo Hahn considera-a “graciosa, estranha e sedutora”, com uma orquestração cheias de “diabruras inspiradas”, como só Stravinsky conseguia escrever 2.

De facto, Diaghilev tinha em seu poder cópias e manuscritos musicais supostamente da autoria de Giovanni Pergolesi (1710-36) que havia coligido na sua passagem por

Certo é que, na segunda década do século XX, Igor Stravinsky granjeou fama internacional graças à fabulosa trilogia de ballets que o jovem compositor russo escreveu para a companhia “Ballets Russes”, fundada pelo seu compatriota Sergei Diaghilev, a saber: Pássaro de Fogo (1910); Pétrouchka (1911); Sagração da Primavera (1913).

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The Cambridge Companion to Stravinsky, editado por Jonathan Cross, capítulo 2, BUTLER Christopher, “Stravinsky as modernist”, Cambridge University Press, 2003, pag. 28 2

Cada um destes ballets vai revelando, sucessivamente, uma escrita musical cada vez mais dissonante e complexa

WALSH Stephen , Stravinsky: A Creative Spring : Russia and France, 1882-1934, University of California Press, Berkeley and Los Angeles, 2002, pag.313 12


arquivos ingleses e italianos. Com este material em mãos, decide produzir o bailado Pulcinella, baseado na música de Pergolesi, com cenários e figurinos idealizados por Pablo Picasso, coreografia de Leonide Massine e orquestração de Stravinski, cuja música é em estilo de pastiche. Apesar da proximidade óbvia ao original, a orquestração é claramente contemporânea. A título de curiosidade, consta que Diaghilev não terá ficado muito agradado com a proposta musical de Stravinski, nem com as sugestões cénicas de Picasso.

Orquestra de Câmara de Almada Jan Wierzba (direção musical)

PROGRAMA Georg Friedrich Händel (1685-1759) Water Music, Suite nº1 em Fá Maior, HWV 348 1. Overture: Largo. Allegro 2. Adagio e staccato 3. Allegro 4. Andante espressivo 5. Presto 6. Air: Presto 7. Minuet 8. Bourée: Presto 9. Hornpipe 10.Allegro moderato

Apesar da atribuição da música a Pergolesi, veio mais tarde a constatar-se que a maioria das composições que serviram de base a “Pulcinella” é da autoria de outros compositores seus contemporâneos como Domenico Gallo, Carlo Monza, o Conde de Wassenaer ou Fortunato Chelleri. As únicas peças musicais escritas por Pergolesi são a Serenata (transcrita da ária “Mentre l’erbetta” da ópera Il Flaminio), o Vivo (transcrição de uma Sinfonia instrumental) e o Minuetto (ária “Pupillette fiammette” da ópera Lo frate ’nnamorato). A estreia de Pulcinella deu-se a 15 de maio de 1920, na Ópera de Paris, sob a batuta de Ernst Ansermet cuja récita, segundo o próprio Stravinsky, “resultou num verdadeiro sucesso”. Alguns anos mais tarde, o compositor criou a Suite de Concerto “Pulcinella”, que iremos ouvir esta noite, a partir da partitura que escrevera para o bailado homónimo. A sua estreia deu-se a 22 de Dezembro de 1922, com Pierre Monteux a dirigir a Sinfónica de Boston.

Igor Stravinsky (1882-1971) Suite “Pulcinella” 1. Sinfonia 2. Serenata 3. Scherzino - allegro - andantino 4. Tarantella 5. Toccata 6. Gavotta con due variazioni 7. Vivo 8. Menuetto - finale

A “Pulcinella” de Stravinsky, tanto na sua forma original de música para ballet como na de concerto, continua a envolver o público com o seu encanto lírico, energia envolvente e sonoridades orquestrais tentadoras. Margarida Rebocho 13


tantos recursos tão qualificados e em tanta quantidade. Na generalidade esta geração de ouro no nosso panorama musical é forçada a imigrar face às parcas oportunidades que encontram, muitos deles obtendo no estrangeiro o devido reconhecimento. O surgimento da Orquestra de Câmara de Almada vem dar o seu contributo, mitigando com estes recursos, a sangria de talentos nacionais a que temos assistido.

Orquestra de Câmara de Almada (OCA) Com os seus valores assentes na excelência, o profissionalismo, a criatividade, partilha, responsabilidade e solidariedade social, a OCA tem como missão promover a sensibilização para a música, contribuindo para o desenvolvimento de cada individuo, projetando a marca Almada e o seu Concelho para patamares de referência nas artes performativas, como já acontece com o teatro e a dança. Contribuirá para unir laços com a comunidade, tanto a nível artístico quanto pela sua intervenção social. Partilhará experiências e parcerias com o meio associativo local e nacional, abrangendo públicos de diferentes proveniências, levando a música a públicos de todas as origens, pensando nos diferentes setores sociais e nas suas necessidades. A OCA constitui-se como um projeto residente no Concelho de Almada, assente numa estrutura fixa de 32 músicos, assumindo uma parceria efetiva com o Conservatório de Música de Almada cujo corpo docente provém integralmente dos músicos da orquestra. Gozando de uma gestão de funcionamento e direção artística, autónomas e profissionalizadas, aproveita o facto de em Portugal de uma forma geral, e em particular nos Concelhos de Almada e limítrofes, possuirmos uma geração de jovens músicos profissionais em qualidade e quantidade, sem paralelo na história do nosso país. Ao nível dos músicos disponíveis, nunca alguma vez tivemos

Jan Wierzba (maestro) Natural da Polónia e educado no Porto, Jan Wierzba tem se destacado como um dos mais promissores directores de orquestra da actualidade musical portuguesa. Projectos recentes e futuros incluem programas com a Orquestra Gulbenkian, Orquestra Sinfónica Portuguesa, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, Orquestra de Câmara Portuguesa, Orquestra Clássica de Espinho, Orquestra Clássica da Madeira, Orquestra Filarmonia das Beiras, Orquestra Clássica do Sul, Ensemble MPMP, Síntese GMC, Manchester Camerata, Trash Panda Collective e SEPIA Ensemble. Frequenta desde Abril a Hochschule fur Musik Franz Liszt em Weimar, tendo sido admitido para o grau de Konzertexamen, sob a tutoria de Nicolas Pasquet e Ekhart Wycik, enquanto 14


Licenciado em Piano pela Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo em 2009, no Porto, na classe de Constantin Sandu apresentou-se enquanto solista com orquestra, em recital e música de câmara. Foi vencedor do 1º Prémio em Música de Câmara do Prémio Jovens Músicos em 2006, é detentor do prémio do Rotary Club da Foz atribuído a 3 dos melhores licenciados da ESMAE, tendo-lhe sido atribuída a bolsa da Yamaha Music Foundation for Europe após provas públicas em 2005.

bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. Será o Maestro Residente no Operosa Festival que terá lugar na Sérvia e no Montenegro em Agosto de 2017. Em 2016 teve oportunidade de trabalhar com Bernard Haitink e Lucerne Festival Strings em masterclass, foi Assistente de Maestro de Coro na Ópera Nacional Holandesa e laureado com o 3º Prémio no Concurso Prémio Jovens Músicos em Direcção de Orquestra. Em 2015 foi um dos 5 escolhidos para a Masterclass em Direcção de Orquestra com Mathias Pintscher, durante o Festival de Lucerna, um dos 15 jovens artistas convidados a participar na International Community Arts Academy, organizado em conjunto pela Filarmónica de Berlim, London Sympony Orchestra e Festival d’Aix-en-Provence, tendo também participado no workshop Opera in Creation durante o Festival d’Aix-enProvence. Trabalhou como assistente de Joana Carneiro, Jac van Steen, Vassily Petrenko, Pedro Carneiro, Marc Tardue, Sir Andrew Davis e Juanjo Mena na Royal Liverpool Philharmonic Orchestra, BBC Philharmonic, Orquestra de Câmara Portuguesa, Estágio Gulbenkian para Orquestra, Orquestra Gulbenkian e Orquestra Sinfónica Portuguesa. É um dos fundadores e Director Musical do Ensemble MPMP, agrupamento com o qual tem trabalhado para promover o património musical português de todas as épocas. Prepara actualmente uma trabalho discográfico composto exclusivamente por obras de compositores portugueses actualmente em actividade. Enquanto bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, terminou o Mestrado em Direcção na Royal Northern College of Music (RNCM), onde estudou com Clark Rundell e Mark Heron, tendo-lhe sido atribuído o Mortimer Furber Prize for Conducting. Licenciou-se em direcção de orquestra pela Academia Nacional Superior de Orquestra sob a tutoria do Maestro Jean Marc Burfin. Participou em várias masterclasses com personalidades como Neeme Jarvi, Jorma Panula, Juanjo Mena, Nicolas Pasquet, Sir Mark Elder e Paavo Jarvi, entre outros.

Formação da Orquestra de Câmara de Almada Maestro Jan Wierzba Violinos I André Gaio Pereira, Concertino Miguel Gomes Francisco Moser Cristiana Abreu João Andrade Violinos II Daniel Bolito Lyza Valdman Berta Sequeira Ana Damil Nelson Gomes Flautas Vera Morais Natália Grossmanova Oboés Sofia Brito Rui Tiago Fagotes Roberto Erculiani Rafaela Oliveira 15

Viola D’Arco Irma Skenderi Francisca Fins Sérgio Sousa Ana Monteverde Trompetes Sérgio Charrinho Filipe Coelho Violoncelos: João Matos Mariana Ottosson Catarina Távora Ricardo Ferreira Trompas Rodrigo Carreira Armando Martins Trombone André Conde Contrabaixos Marc Ramirez Samuel Pedro



29 de Julho

Auditório do Convento dos Capuchos 21h30

O Concerto Barroco A concepção geral deste concerto é tipicamente italiana ou, para sermos mais exactos, “vivaldiana”, já que apresenta a clássica disposição dos andamentos: rápido - lento - rápido. Os dois instrumentos solistas partilham o protagonismo, em absoluta igualdade. O admirável diálogo musical entre os dois violinos é sobretudo perceptível no segundo andamento, dado ser nele que ripieno se limita a simples acordes, fazendo sobressair a interacção entre os dois solistas.

Johann Sebastian Bach escreveu o concerto que vamos ouvir nesta noite, durante o período do Barroco tardio (1680-1750), muito provavelmente entre os anos de 1717 e 1723 – a data exacta da sua composição, nunca foi confirmada; há autores que indicam outras datas. O “Concerto para dois violinos e orquestra em Ré menor BWV 1043” é, sem dúvida, uma das obras instrumentais mais populares e aclamadas de Bach, chegando a ser considerada como um dos melhores exemplos de obras barrocas do século XVIII. Exemplo perfeito da escrita estilística de Bach, este concerto é muitas vezes apelidado de “Bach Double”, dado ser o único para dois violinos que o compositor escreveu.

Em 1735, já em Leipzig, o próprio compositor transcreveu este concerto para dó menor, no que ficou conhecido como Concerto para dois cravos e cordas, provavelmente para ser tocado no Leipzig Collegium Musicum, do qual Bach foi director.

É possível que Bach o tenha escrito a pensar em dois dos principais violinistas da orquestra do Príncipe reinante Leopoldo de Anthalt-Köthen, onde o compositor serviu como mestre-de-capela. De facto, à época, além de uma orquestra notável, Bach dispunha de um magnífico primeiro-violino, Joseph Speiss (m. 1770) e de Martin Friedrich Marcus, outro instrumentista de excelência.

Em toda a Obra, as partes dos dois violinos solos são tratadas como uma dupla melodia, trocando de motivos entre si, com um contraponto que tem tanto de complexo como de atractivo, além de estarem sempre envolvidas numa cintilante conversação musical com a orquestra. No primeiro andamento, cheio de dinâmicas expressivas, 17


encontra-se o exemplo perfeito de um tema em ritornello, seguindo a convenção do concerto grosso em que a orquestra alterna entre a participação no conjunto e o acompanhamento aos solistas. Esta alternância entre solistas vs. Orquestra, podia continuar por tempo indeterminado, se assim Bach o desejasse; a sua marca de génio era o seu sentido de tempo aliado a um imenso bom gosto – Bach parecia saber, instintivamente, quanto tempo, cada um daqueles andamentos potencialmente infinitos deveriam durar.

alto nível: estudou violino e viola de arco com Federico Sarti no Liceo Musicale de Bolonhe e composição com Giuseppe Martucci. Em São Petersburgo estudou com Nikolai Rimsky-Korsakov (1900) e em Berlim com Max Bruch (1902). O seu interesse pela música italiana dos séculos XVI, XVII e XVIII levou-o a compor obras inspiradas na música destes períodos. O seu legado integra um ciclo de três suítes orquestrais, intituladas Antiche arie e Danze por Liuto (Arias antigas e Danças para alaúde), datadas de 1917, 1923 e 1932, respectivamente.

O segundo andamento é uma das obras musicais mais maravilhosas, escritas até hoje. Os solistas “flutuam” sobre um simples mas encantador acompanhamento da orquestra que se restringe agora a apoiá-los, ao contrário do que se passa no primeiro e terceiro andamentos. A transcendente e gentil canção, perpassada de luminosidade, exprime uma contagiante calma e uma ínfima beleza. Este Largo ma non tanto é, de facto, o exemplo perfeito da habilidade de Bach em fazer o tempo “parar”, enquanto os solistas tecem uma mágica “tapeçaria” de fios de pungência, resignação e ternura. Qualquer outra página musical que se lhe siga parece uma intrusão, após um andamento tão lento e tão belo.

São suítes que compreendem obras do século XVI e XVII para alaúde, livremente adaptadas para cordas. A suíte nº 3, escolhida para integrar o programa deste concerto, difere das duas antecedentes pelo seu tom um tanto melancólico. Trata-se de uma obra que reúne várias influências. Baseia-se nas canções para alaúde de Besard, numa peça para guitarra barroca de Ludovico Roncalli, em peças para alaúde de Santino Garsi e em obras de autores anónimos. A Suíte abre com uma peça italiana em andante, de um autor desconhecido de finais do século XVI - regular, compassado, sem paixão nem vida – assim era entendido o ideal do “estilo antigo”, no tempo de Respighi. Segue-se uma Aria de Corte do borgonhês Jean-Baptiste Besard, que integra uma suíte de sete peças curtas de diferentes caracteres. A anónima Sicilienne é melancólica, como quase todas as Sicilienne do século XX. A Obra termina com uma Passacaglia do conde Ludovico Roncalli, composta originalmente para guitarra barroca. É uma peça previsivelmente triunfante. A julgar pelos acordes de quatro notas dadas inicialmente pelos violinos e, subsequentemente, por todas as outras cordas, nesta sua versão livre, Respighi procurou claramente imitar a famosa Chaconne de Johann Sebastian Bach para violino solo.

O senso de drama e urgência presente no primeiro andamento, regressa no finale, que abre logo com um motivo tormentoso e agressivo. O carácter impulsivo e vigoroso é mantido ao logo de todo o andamento, crescendo energicamente até ao final. Segue-se a Suite nº 3 do ciclo Arias e Danças Antigas, de Ottorino Respighi. Além de ser um reconhecido compositor e maestro, Respighi foi igualmente um notável musicólogo. Filho de um professor de piano, nasceu em Bolonha em 1879. A sua formação musical é feita ao mais 18


O Concerto em Sol, Maior “Alla Rustica” de Vivaldi é a Obra que se segue. Trata-se de um dos cerca de sessenta concertos quase “ripieno”, isto é, concertos pensados somente para uma orquestra de cordas que o compositor escreveu ao longo da sua vida. Estas obras, normalmente com três andamentos na já anteriormente referida sequência rápido-lento-rápido, tal como acontece nos concertos solo mais comuns, são estilisticamente muito próximas das sinfonias que abrem as óperas barrocas. Este pequeno mas festivo concerto “alla rustica”, com o seu bucólico ambiente campestre, é hoje uma das obras de Vivaldi mais tocadas e apreciadas.

O Concerto para Flauta em Ré menor, Wq. 22, é uma transcrição de Concerto de Cravo em Ré menor, do mesmo compositor. A estrutura apresenta a usual sequência de três andamentos (rápido-lento-rápido). O primeiro andamento reflecte a influência de seu Pai (J. S. Bach) na escrita contrapontística e nas sequências harmónicas. O segundo, é provavelmente o andamento mais pungente e memorável desta Obra. O cuidado tido com a melodia da Flauta solo, reflecte contrastes rítmicos e modelações ousadas para aquele tempo. A natureza emocional e dramática deste un poco andante, é representativo do “empfindsamer stil” (estilo sentimental), do qual C.P.E. Bach é, sem dúvida, um dos principais impulsionadores. O terceiro e rápido andamento é um virtuoso desafio para a Flauta. As cordas providenciam ritmo e harmonia à estrutura, numa densa textura homofónica.

A finalizar o concerto, vamos ter a oportunidade de ouvir uma Obra de Carl Philipp Emanuel Bach, segundo filho de Johann Sebastian e de Maria Barbara Bach. Carl Philipp estava destinado à carreira de jurista, tendo estudado Direito nas Universidades de Leipzig e de Frankfurt. Conclui a sua formação em leis em 1738. Foi precisamente durante a sua estada na Universidade de Frankfurt que o jovem compositor resolveu abandonar o Direito para se dedicar à música. Não esquecer que Carl Philipp era filho do grande Johann Sebastian Bach, pelo que recebera de seu Pai a mais completa e esmerada educação musical. Em 1738, tornou-se cravista em Berlim, na corte de Frederico II da Prússia, onde se manteve até 1767, quando sucede ao seu padrinho, Georg Philipp Telemann, na posição de Kantor do Johanneum de Hamburgo. Assume, igualmente, a posição de Mestre-de-Capela, responsável pela música das cinco principais igrejas da cidade. Permanece activo, em Hamburgo, até à data da sua morte, ocorrida no ano de 1788. Carl Philipp foi um grande dinamizador do ambiente musical daquela cidade, além de se ter ligado a importantes figuras da literatura e da filosofia, participando entusiasticamente em tertúlias e debates literário-filosóficos.

Margarida Rebocho

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Orquestra Filarmónica Portuguesa (formação de câmara) Augusto Trindade (violino) Alexandra Trindade (violino) Ana Maria Ribeiro (flauta transversal) Osvaldo Ferreira (direção musical)

PROGRAMA Johann Sebastian Bach (1685-1750) Concerto para 2 violinos e orquestra em Ré menor BWV 1043 I. Vivace II. Largo ma non tanto III. Allegro. Ottorino Respighi (1879-1936) Suite nº 3 do Ciclo Antiche Arie e Danze I. Anonymous: Italiana. Andantino II. Jean-Baptiste Besard: Arie di corte. Andante cantabile III. Anonymous: Siciliana. Andantino IV. Lodovico Roncalli: Passacaglia. Maestoso - Vivace Intervalo Antonio Vivaldi (c.1678-1741) Concerto em Sol, Maior “Alla Rustica” RV 151 I. Presto II. Adagio III. Allegro C. P. Emmanuel Bach (1714-1788) Concerto para flauta em Ré menor, Wq 22 I. Allegro II.Un poco andante III. Allegro di molto 20


Osvaldo Ferreira (maestro) Osvaldo Ferreira, na qualidade de diretor convidado, irá apresentar-se em 2017/2018 com a Orquestra Filarmonica de S. Petersburgo, Orquestra Filarmonica Portuguesa, Orquestra Gulbenkian em Lisboa, Orquestra Filarmonica de Qingdao na China, Orquestra Sinfonica de Nuremberg, Orquestra Sinfonica da Venezuela (onde gravará novo CD) e com a Orquestra do Estado Russo em Moscovo, entre outras. Irá ainda ministrar masterclass de direção de orquestra no Conservatório de S. Petersburgo, no Conservatório do Luxemburgo e no Conservatório de Música de Castelo Branco. Osvaldo Ferreira, é atualmente o Diretor Artístico da Orquestra Filarmónica Portuguesa e da Sociedade de Concertos de Brasília. Foi o diretor musical e regente titular da Orquestra Sinfônica do Paraná de 2011 a 2014 e diretor da Oficina de Música de Curitiba. Em Portugal, foi diretor artístico da Orquestra do Algarve, diretor artístico do Festival Internacional de Música do Algarve, diretor e administrador do Teatro Municipal do Faro. Gravou vários CDs com obras de autores portugueses para a Editora Numérica e um CD duplo com Sinfonias de Mozart. Com a

Orquestra Filarmónica Portuguesa Fundada em Maio de 2016 por Osvaldo Ferreira e Augusto Trindade, a ORQUESTRA FILARMÓNICA PORTUGUESA integra um conjunto de músicos de elevado padrão técnico e artístico. Os músicos são artistas premiados em concursos nacionais e internacionais, ex-integrantes da Orquestra Jovem da União Europeia e ainda músicos estrangeiros residentes em Portugal que se juntaram neste projeto para criar uma orquestra que fosse uma referência e símbolo de qualidade, atuando em todo o território nacional. A orquestra produz concertos sinfónicos, ópera e irá criar conexões com outros géneros artísticos numa procura de desenvolvimento de eventos e espetáculos criativos. A Orquestra Filarmónica Portuguesa apresentou o seu concerto inaugural no dia 7 de Maio no Europarque, tendo ainda atuado no Centro Cultural do Arade, no Algarve e no Festival Cistermúsica de Alcobaça (ainda com a designação de Orquestra Euro-Atlântica). A reação do público, críticos especializados e músicos de todo o país, foi unânime e elegeu este projeto como um dos mais importantes dos últimos anos no nosso país, pela sua qualidade e originalidade. 21


Orquestra do Algarve, apresentou-se em Viena, Bruxelas, Lisboa, Sevilha, Porto, Curitiba e Londres. Da sua vasta carreira destaca-se o trabalho à frente de importantes orquestras, tais como, Orquestra Filarmónica de S. Petersburgo, Orquestra Sinfónica de Roma, Orquestra Gulbenkian, Orquestra Sinfónica Brasileira, Orquestra de Praga, Orquestra Filarmónica de Lodz, Orquestra Filarmónica da Silesia, Orquestra Sinfónica de Nuremberga, Orquestra Filarmónica da Radio Renana, Orquestra Nacional do Porto, Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Mozarteum de S. Petersburgo, Orquestra do Teatro Nacional S. Carlos em Lisboa, Orquestra do Teatro Olimpico de Vicenza, Orquestra da Extremadura de Espanha, Orquestra da Catalunha, North Shore Orchestra em Chicago, Orquestra do Festival de Aspen nos Estados Unidos e ainda a Orquestra Nacional da Venezuela. Realizou Mestrado em direção de orquestra em Chicago e pós-graduação no Conservatório de São Petersburgo, na classe de Ilya Mussin. Laureado em 1999 no Concurso Sergei Prokofiev, na Rússia. Recebeu o “Fellowship” do Aspen Music Festival nos EUA, onde freqüentou a American Conductors Academy. Foi assistente de Claudio Abbado em Salzburgo e Berlin. Estudou ainda com Jorma Panula e David Zinman, foi bolsista do Ministério da Cultura de Portugal e da Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa.

Durante a sua formação, foi também bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, frequentou masterclasses com Zakhar Bron, Mikhail Gantvarg e Aníbal Lima. Posteriormente, estudou com Gerardo Ribeiro na Northwestern University, em Chicago (EUA). Realizou recitais a solo e música de câmara em Portugal e no Estrangeiro, destacando-se a sua participação no XXI e XXVII Festival Internacional de Música de Curitiba (Brasil), na 4ª Semana da Música de Ouro Branco (Brasil), Festival Internacional de Música de Verão de Paços de Brandão, no Festival Internacional de Música de Gaia, Santa Maria da Feira e Festival Internacional de Música de Lagos. Foi solista com várias Orquestras, nomeadamente a St. Petersburg State Orchestra (Rússia) sob direção do Maestro Vasily Petrenko, Orquestra do Conservatório de S. Petersburgo, Orquestra da Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco, Orquestra da Universidade da Extremadura (Espanha), Banda Sinfónica Portuguesa, Orquestra de Câmara Portuguesa, Camerata Nov’Arte, Ensemble de Música de Aveiro (EMA), Nova Orquestra de Câmara do Porto, Orquestra Sinfónica Jovem da Universidade de Campinas (Brasil), Orquestra Sinfónica da Póvoa de Varzim, ESART Ensemble, Orquestra

Augusto Trindade (violino) Augusto Trindade iniciou os seus estudos musicais na Academia de Música de Espinho, na classe do professor Fernando Ferreira. Posteriormente, na Academia de Música de Paços de Brandão foi discípulo do professor Carlos Fontes. Concluiu o Curso Superior de violino na Escola Superior de Música e das Artes do Espetáculo do Instituto Politécnico do Porto, na classe da professora Zofia Woycicka. Enquanto bolseiro da Secretaria de Estado da Cultura Portuguesa, obteve o grau de Mestre de Artes em Música no Conservatório Estatal Rimsky-Korsakov de S. Petersburgo (Rússia), reconhecido pela Universidade de Évora. É detentor do Título de Especialista na área de performance. 22


(JOP), Concurso Santa Cecília (Porto), Concurso Internacional da Cidade do Fundão, entre outros. Gravou para a Editora Numérica, para a RDP, RTP e SIC, TV Brasil, TVC, TV Globo e TV Bandeirantes (Brasil). É concertino da Camerata Nov’Arte, professor de violino na Academia de Música de Paços de Brandão e na Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco, onde é coordenador e membro da comissão científica do mestrado em música, membro do conselho técnico-científico e membro da comissão artística da Orquestra ESART. É membro da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES). Desde 2013, é diretor Artístico do Festival Internacional de Música de Verão de Paços de Brandão (FIMUV), membro fundador e concertino da Orquestra Filarmónica Portuguesa.

do Festival Internacional de Música de Lagos e Orquestra da Escola Profissional de Música de Espinho. Tocou sob a direcção de Osvaldo Ferreira, Ivo Cruz, Marc Tardue, Sir Neville Marriner, Omri Hadari, Luís Carvalho, Pedro Carneiro, Kamen Goleminov, Michael Zilm, Francisco Rodilla Léon, Tugan Sokhiev, Leonid Korchmar, Cesário Costa, entre outros. Integrou o júri do Concurso de Cordas do Norte, Concurso Santa Cecília, Paços’ Premium, Concurso Elisa Pedroso e Provas de Aptidão Profissional dos alunos finalistas das Escolas Profissionais de Música, designadamente a Escola Profissional de Viana do Castelo, ARTAVE e ESPROARTE. É convidado regularmente para realizar masterclasses, destacando-se o Festival de Música de Curitiba (Brasil), Universidade de Cumhuryiet (Turquia), Universidade Estatal de Campinas (Brasil), SESI/FIEC em Fortaleza (Brasil), Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim, Festival Internacional de Música de Lagos, Escola Superior de Música de Lisboa, AVA Editions, Academia de Música de Paços de Brandão, Conservatório de Música de Vila Real, ARTAVE – Escola Profissional Artística do Vale do Ave, Escola Profissional de Música de Viana do Castelo, Escola Profissional de Música da Jobra, Conservatório de Música do Porto, Conservatório de Música de Aveiro Calouste Gulbenkian, Conservatório de Música de Fátima/Ourém, Festival de Música Júnior entre 2012 e 2015, Conservatório de Música da Guarda, Instituto Superior Piaget de Viseu, Festival Internacional de Música de Santa Maria da Feira, entre outros. Colaborou regularmente com a Orquestra do Algarve, nomeadamente enquanto concertino. Ocupou também este lugar na Orquestra de Câmara Portuguesa. A sua classe conta com alunos premiados em Concursos Nacionais e Internacionais, destacando-se a Orquestra de Jovens da União Europeia (EUYO), Orquestra de Jovens Mundial, Orquestra Sinfónica do YouTube (YTSO), Orquestra Mundial, Orquestra de Jovens do Mediterrâneo, Orquestra Penderecki na Polónia, Orquestra J.Futura (Itália), Estágio Gulbenkian para Orquestra, Paços’ Premium, Jovem Orquestra Portuguesa

Alexandra Trindade (violino) Alexandra Trindade iniciou os seus estudos musicais na Academia de Música de Espinho, tendo prosseguido posteriormente na Academia de Música de Paços de Brandão na classe do Pro23


Cultura Pedro Álvares Cabral em Belmonte, Escola Profissional de Música da Jobra, Academia d’Artes de Cinfães, entre outros. Integrou o corpo docente do Festival Música Júnior que teve lugar em Montalegre em 2012, 2013 e 2014. Foi assistente de concertino e chefe de naipe da Orquestra Sinfónica da Póvoa de Varzim, entre 2002 e 2010, com a qual gravou para a editora numérica. Gravou igualmente para a RTP e RDP. Foi membro do júri do Concurso Capela, Paços’ Premium e Concurso Internacional “Cidade do Fundão”. É chefe de naipe da Orquestra Filarmónica Portuguesa e da Camerata Nov’Arte. A sua classe conta com alunos premiados em Concursos Nacionais e Internacionais, destacando-se a Orquestra de Jovens da União Europeia (EUYO), Orquestra Mundial, Orquestra de Jovens do Mediterrâneo, Academia Penderecki, Orquestra J.Futura (Itália), Paços’ Premium, Concurso Santa Cecília (Porto), Concurso Elisa Pedroso (Vila Real), Orquestra de Câmara Portuguesa, JOP, Concurso de Instrumentos de Arco do Alto Minho, Prémios de Mérito do IPCB, entre outros. Atualmente, leciona na Academia de Música de Paços de Brandão; é docente na Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco e pertence à comissão científica do mestrado em música.

fessor Carlos Fontes. Com elevada classificação, concluiu, em 2003, a licenciatura em instrumento (violino) na Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo do Porto, na classe da Professora Zofia Woycicka. É mestre em música para o ensino vocacional e mestre em ensino de música pela Universidade de Aveiro. É detentora do título de especialista em performance. Durante a sua formação, foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian e da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira. Frequentou masterclasses com os professores Gerardo Ribeiro, Vladimir Ovcharek, Angel Gimeno, Daniel Stabrawa, Jossif Grinman e em Música Antiga com Richard Gwilt. Frequentou workshops de método Suzuki com Betty Haag. Foi solista com várias orquestras destacando-se a Orquestra Sinfónica da Universidade Estatal de Campinas (Brasil), Orquestra da Universidade da Extremadura (Espanha), Orquestra Sinfónica da Póvoa de Varzim, Camerata Nov’Arte, Orquestra do Festival Internacional de Música de Lagos, ESART Ensemble, “Sinfonieta” e Orquestra de Música Antiga da Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo do Porto, Orquestra de Jovens de Santa Maria da Feira e Ensemble das Terras de Santa Maria. Tocou sob a direcção de Osvaldo Ferreira, Ivo Cruz, Marc Tardue, Sir Neville Marriner, Luís Carvalho, Omri Hadari, Francisco Rodilla Léon, Pedro Carneiro, Tugan Sokhiev, Cesário Costa, entre outros. Foi agraciada com vários prémios, nomeadamente de melhor finalista atribuído pela Fundação Eng. António de Almeida e pelo Rotary Club, 2º lugar no Prémio Jovens Músicos 2001 na categoria de música de câmara nível superior, Bolsa de Mérito pela Câmara Municipal de Espinho em 1990, Bolsas de Mérito pelo Instituto Politécnico do Porto em 1999 e 2001 e Bolsa de Mérito atribuída pela Universidade de Aveiro em 2012. Orientou masterclasses de violino na Universidade Estatal de Campinas (Brasil), SESI/FIEC (Fortaleza, Brasil), CCM/ARTAVE, Conservatório de Música de Fátima/ Ourém, Conservatório de Música de Aveiro Calouste Gulbenkian, Conservatório de Música de Braga Calouste Gulbenkian, Academia de Música e Dança do Fundão, Escola de Música do Centro de 24


Participou como elemento do Juri no III Concours Maxence Larriu - Nice; assim como na master classe e em concerto. Actualmente é Solista da Orquestra Sinfónica do Porto Casa Música e da Orquestra Filarmónica Portuguesa e professora no Conservatório de Música de Aveiro Calouste Gulbenkian.

Formação da Orquestra Filarmónica Portuguesa Maestro Osvaldo Ferreira Violinos I Augusto Trindade Ana Brízida Oliveira Tomás Costa Tiago Afonso

Ana Maria Ribeiro (flauta) É natural de Santa Maria da Feira onde frequentou a Academia de Música. Posteriormente frequentou a Escola Superior de Música do Porto tendo sido bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian. Concluiu os seus estudos na Musik-Akademie Der Stadt Base, na Suíça, na classe do Professor Félix Renggli. Apresenta-se regularmente a solo, com orquestra e em duo com piano e música de câmara. Orienta inúmeras master classes e integra, com frequência júris em concursos. É detentora de vários prémios e tem algumas peças que lhe foram dedicadas. Gravou inúmeras vezes com orquestra e ainda com o “Quinteto de sopros Versus”. Estreou no “Palau de la Musica” - em Valência o Concerto para flauta, marimba e sopros - que lhe foi dedicado - do compositor Teodoro Aparício Barberan. Participou em vários festivais de flauta, entre os quais, Festival Internacional Luso-brasileiro, no Porto; Convention de Sevilha e XII Festival Internacional de Flautistas - ABRAF, em Belém, no Brasil.

Violinos II Alexandra Trindade Nuno de Vasconcelos Ricardo Vieira Violas David Lloyd Cátia Alexandra Santos Violoncelos Ana Catarina Claro Joana Rocha Contrabaixo Jorge Castro Cravo Isabel Sainz Solistas Ana Maria Ribeiro (flauta) Augusto Trindade (violino I) Alexandra Trindade (violino II) 25


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5 de agosto

Igreja do Convento dos Capuchos 21h30

D. MARIA I ‐ 200 Anos Música para a Rainha de Portugal e Brasil

Barroco Português e Quadros Teatrais stile antico e concertato, demonstra uma equilibrada e sofisticada combinação de singeleza e dramaticidade na sua expressão musical, fazendo com que permanecesse como modelo da boa música sacra. Esta presença é notada tanto em festividades mais quotidianas na Capela Patriarcal de Lisboa, passando ainda pelas remotas vilas no Brasil até as primeiras décadas do séc. XIX. A época do nascimento de D. Maria, em 1734, coincide com a actividade dos bolseiros de D. João V que foram estudar para Roma e trouxeram o estilo musical praticado na corte papal. Esta geração célebre de compositores será representada por três de seus maiores nomes, Carlos Seixas (1704 - 1742) e João Rodrigues Esteves (c. 1700 – c. 1751).

Na continuidade das celebrações dos 200 anos da morte de D. Maria I, Rainha de Portugal e do Brasil, e dos 300 anos da Patriarcal de Lisboa, o Americantiga Ensemble em parceria com a companhia de teatro 33 Ânimos, propõe um espectáculo musical-cénico com obras dos principais compositores activos no meio musical luso-brasileiro e que sublinham os principais acontecimentos da longa e singular vida da monarca. O programa partilha o panorama da produção luso-brasileira, sobretudo com obras inéditas, que retra3tam o ambiente musical sacro no tempo desta rainha amante das artes e conhecida pela sua religiosidade. Não obstante as obras de grande porte com vozes e orquestra, este programa concentra-se no profundo e teatral estilo pietista para vozes e baixo contínuo, em grande parte obras do arquivo musical da Sé Patriarcal de Lisboa, desenvolvido em Portugal sobretudo por mestres como David Perez e José Joaquim dos Santos. Este repertório, híbrido entre os

A religiosidade de D. Maria I era absoluta e sem rivalidade. Como exemplo dos estilos predominantes na vida musical portuguesa em meados do séc. XVIII e representativos da religiosidade da vida musical em que D. Maria esteve inserida, o concerto propõe os salmos Dixit Domi27


nus e Magnificat das Vésperas Breves do napolitano Davide Perez (1711 – 1778), o mais importante compositor actuante na corte portuguesa em meados do séc. XVIII. Um dos momentos mais marcantes na vida de D. Maria foi a perda de seu filho, o príncipe D. José, morto em 1788. Para lembrar este trágico momento, o programa traz o Stabat mater em fá menor de 1771 mais antiga datada de António Leal Moreira (1758 – 1819), um dos compositores portugueses mais representativos de seu tempo que teve especiais ligações ao reinado de D. Maria, tendo sido o responsável pela grande Missa para sua Aclamação em 1778, assim como pela música de suas exéquias na Basílica da Estrela em 1816. D. Maria I segue a família real e a corte na transferência para o Brasil em 1808, onde, sob o comando de seu filho, o Príncipe Regente D. João, foi organizado o maior agrupamento musical das Américas de seu tempo, a Real Capela do Rio de Janeiro. O principal compositor no Rio de Janeiro, José Maurício Nunes Garcia, dirige um Te Deum para celebrar a chegada dos monarcas ao Rio de Janeiro. D. Maria I falece a 30 de Março de 1816 no Rio de Janeiro, ocasião em que para além das grandes cerimónias de Exéquias realizadas na corte, muitas obras repetiram-se por todo o reino. Dentre estas de menor porte, mas de não menor interesse musical, finalizamos o programa com o Missa de Requiem a 4, composto em stile antico por André da Silva Gomes (1752 – 1844), compositor lisboeta, Mestre de Capela em São Paulo de 1774 até à sua morte em 1844. Ricardo Bernardes

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AMERICANTIGA ENSEMBLE 33 Ânimos Companhia Teatral

PROGRAMA

Sara Afonso (soprano) António Menezes (alto) Ricardo Bernardes (tenor) Pedro Morgado (baixo) Rui Araújo (teorba) Mélodie Michel (fagote barroco) Marta Vicente (contrabaixo) Sérgio Silva (órgão)

Nascimento Carlos Seixas (1704 – 1742) Tantum ergo a 4 João Rodrigues Esteves (c. 1700 ‐ c. 1751) Regina caeli a 4 Religiosidade David Perez (1711 – 1778) Dixit Dominus a 4, das Vésperas Breves

Elisabete Pedreira (actriz – D. Maria I) Victor Yovani (actor - Confessor)

António Leal Moreira (1758 – 1819) Kyrie e Gloria da Missa em ré menor a 4

Ricardo Bernardes (director musical) Ricardo Cabaça (director cénico)

Aclamação David Perez (1711 - 1778) Magnificat a 4, das Vésperas Breves Perda do filho, D. José António Leal Moreira (1758 – 1819) Stabat mater a 4 Credo, Sanctus e Agnus Dei da Missa em ré menor a 4 Viagem ao Brasil – Corte no Brasil José Maurício Nunes Garcia (1767 – 1830) Moteto Domine tu mihi lavas pedes a 4 André da Silva Gomes (1752 – 1844) Veni sancte spiritus a 4 Exéquias André da Silva Gomes (1752 – 1844) Requiem aeternam a 4 29


D. Maria I – 200 Anos: Música para a Rainha de Portugal e Brasil (estreia em 2016) 28º Temporada de Música em São Roque | Convento São Pedro de Alcântara (Lisboa) . Stop Motion para Eadweard (estreia em 2015) Festival Temps d’Images Lisboa – Ciclo Lugar do Olhar – Teatro Nacional D. Maria II – Sala Estúdio (Lisboa). Teatro da Trindade – Sala Estúdio (Lisboa). Melífluo (estreia em 2015) Encontro - Festival de Teatro de Alcácer do Sal – Recinto PIMEL (Alcácer do Sal) A Princesa (estreia em 2015) a partir da obra homónima de D. H. Lawrence. Comuna – Teatro de Pesquisa (Lisboa). Dix (estreia em 2014) a partir da obra do pintor alemão Otto Dix. Studio TeamBox (Lisboa). Goethe Institut (Lisboa). Festival Internacional de Teatro de Setúbal - Secção Mais Festa – Auditório da Escola Secundária Sebastião da Gama (Setúbal). Reality Xau (estreia em 2014). Curtas 2014 - Mostra de Teatro de Peças de Curta Duração – Espaço da Ribeira - Primeiros Sintomas (Lisboa). Morte Súbita (estreia em 2013) TeatroCineArte – A Barraca (Lisboa). Bruxa Teatro (Évora). Mostra Internacional de Teatro Cómico e Festivo de Cangas Capela do Hospital - (Cangas, Espanha). Livraria Ler Devagar (Lisboa) Avanteatro – Festa do Avante! (Seixal). + Texto publicado na Revista Galega de Teatro Banqueiro Anarquista (estreia em 2013) adaptação da obra de Fernando Pessoa. Leitura na Maratona Modernista - Teatro Nacional D. Maria II – Biblioteca e Livraria (Lisboa). A Gota d’Água (estreia em 2012) Curtas 2012 – Mostra de Teatro de Peças de Curta Duração – Espaço da Ribeira - Primeiros Sintomas (Lisboa).

AMERICANTIGA O Americantiga Ensemble, fundado em 1995 por Ricardo Bernardes, é um conjunto especializado em música portuguesa, brasileira, hispano-americana e italiana dos séculos XVII a princípios do XIX. Com diferentes formações e enfoques interpretativos, o trabalho procura a execução historicamente informada com o uso de instrumentos de época. Nos últimos anos o Americantiga tem realizado concertos em Portugal, nos Estados Unidos, Brasil, Paraguai, Argentina e Bolívia. Muitos desses concertos foram organizados por embaixadas e consulados brasileiros com o objetivo de difundir esta importante e pouco conhecida produção musical. Sua discografia já conta com seis CD e um DVD, todos dedicados ao repertório português e brasileiro do século XVIII. Em Portugal realizou o concerto na Basílica da Estrela para celebrar os 15 anos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa com repertório luso-brasileiro do séc. XVIII, teve a honra em participar das 23ª e 25ª E 28ª edições da Temporada de Música em São Roque. 33 ÂNIMOS, companhia de teatro A 33 Ânimos foi fundada em 2012 por Daniela Rosado e Ricardo Cabaça. A companhia identifica as suas criações dentro de um teatro de pesquisa, experimental e de laboratório. Interessa-lhes a componente estética e imagética do espetáculo, ponto fundamental das suas criações. A sua criação textual assenta nas premissas da poesia, crueldade e fragmentação. Interessa-lhes a nova dramaturgia, mas também partir dos clássicos cruzando-os com novas perspetivas e linguagens dramatúrgicas. HISTORIAL DA COMPANHIA Storni-Quiroga (estreia em 2017) Lisboa Capital Ibero-americana da Cultura 2017 Casa da América Latina [Casa das Galeotas] (Lisboa) | 21 abril 2017 28 batidas (estreia em 2017) Teatro India (Roma) Centro Cultural da Malaposta (Odivelas) |5 março 2017 30


Teatro de São Carlos em Lisboa com a Orquestra Sinfónica Portuguesa, nas comemorações dos 250 anos de nascimento do compositor. Dirigiu ainda outras 4 produções desta ópera no Brasil em 2013 e 2014. Em sua discografia constam um total de sete CDs e um DVD gravados no Brasil, Estados Unidos e Argentina, totalmente dedicados ao referido repertório, sobretudo sacro. Como pesquisador foi o editor chefe da coleção Música no Brasil (6 volumes de partituras) editados pela Funarte/Ministério da Cultura em 2001 e como editor/organizador da revista Textos do Brasil em seu número 11 - Música Erudita Brasileira, editada pelo Ministério das Relações Exteriores/Itamaraty em 2005.

Ricardo Bernardes (direcção musical) Maestro e musicólogo brasileiro radicado em Lisboa, Doutor em Musicologia pela Universidade do Texas em Austin e Doutor em Ciências Musicais pela Universidade Nova de Lisboa. Divide sua actividade profissional entre a investigação e a prática musical dos repertórios de Portugal, Brasil, Hispano-América, sobretudo durante o período colonial. É Investigador Integrado a nível de pós-doutoramento no Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical – CESEM na Universidade Nova de Lisboa, com foco na circulação de músicos e estilos musicais entre Brasil e Portugal durante o período colonial brasileiro. Desde 1995 dirige o projeto AMERICANTIGA, grupo especializado na interpretação com instrumentos originais e cantores especializados do repertório brasileiro, português e hispano-americano dos períodos barroco e clássico. Com o AMERICANTIGA dirigiu vários concertos no Brasil, Estados Unidos e vários países da América do Sul com o patrocínio do Ministério das Relações Exteriores/Itamaraty para diversas embaixadas. Entre os principais concertos recentes destacam-se os concertos realizados em Washington DC na sede histórica da Organização dos Estados Americanos - OEA e no Kennedy Center, assim como os concertos realizados em Buenos Aires em 2007, 2008 e 2009 em que foram gravados dois CDs e um DVD. Entre suas várias actividades como maestro relacionadas a este repertório, destacam-se a estreia brasileira em 2006 do Requiem a Camões (1819) de João Domingos Bomtempo (1771 – 1842), assim como em 2012 dirigiu a estreia moderna da ópera “O Basculho de Chaminé” de Marcos Portugal no

Ricardo Cabaça (direcção cénica) Licenciado em Estudos Portugueses pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e frequência no Mestrado em Estudos de Teatro na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Publicou O primeiro quarto na Bypass #2, Morte súbita na Revista Galega de Teatro #78 e Stop Motion para Eadweard nas Edições Húmus. Encenou em diversas salas de teatro e espaços alternativos em Portugal. A peça A vida segunda da barata, a partir de Franz Kafka foi selecionada e encenada na Mostra de Peças em um Minutos dos Parlapatões, em Lisboa e em São Paulo. 31


Participou no Seminário Internacional de Dramaturgia 2015 (Obrador d’Estiu) em Barcelona, na Sala Beckett, com Simon Stephens. Em 2016 foi o dramaturgo português convidado para a residência artística do Chantiers d’Europe, no Théâtre de la Ville, em Paris. A peça Os náufragos foi lida pelo elenco do Théâtre de la Ville. Cofundador e Codiretor Artístico da 33 nimos, juntamente com Daniela Rosado, desde a sua fundação, em 2012. Participou em todos os espectáculos da companhia.

Victor Yovani (actor) Nasceu em Caracas, Venezuela, a 14 de fevereiro de 1991 e reside em Portugal desde 1999. Em 2011 conclui o Curso Profissional de Artes do Espectáculo – Interpretação do Conservatório - Escola Profissional das Artes da Madeira. Integrou a Temporada Artística de 2012-2013 do Teatro Experimental do Funchal, companhia onde se estreou profissionalmente. Em 2015 termina a Licenciatura em Teatro – Ramo de Atores pela Escola Superior de Teatro e Cinema e integra a Temporada Artística de 2015-2016 do Teatro Nacional D. Maria II como actor estagiário. Ao longo do seu percurso, trabalhou com criadores como Tiago Rodrigues; Inês Barahona e Miguel Fragata; Catarina Requeijo; Miguel Loureiro; Alex Cassal e Felipe Rocha; Álvaro Correia; Bruno Bravo; António Pires; Francisco Salgado; Jean Paul Bucchieri e R. Kot-Kotecki.

Elisabete Pederira (actriz) Nasceu em Lisboa. Fez a sua formação como actriz na Act-Escola de actores e teve também formação com Valentim Teplyackov, Lenard Petit, Lola Cohen e José Peixoto. Em teatro, trabalhou com encenadores como António Pires, Bernard Sobel, Elsa Valentim, Nuno Pino Custódio, Ricardo Cabaça, entre outros. Co-fundadora da Associação teatral Terceira Linha, vocacionada para o teatro infantil. Em cinema participou em filmes de António Pedro Vasconcelos e Leonel Vieira. Protagonizou várias curtas-metragens. Fez diversas participações em televisão, nomeadamente novelas e publicidade. É também formadora na área do teatro. Com a 33 nimos participa ou participou nos seguintes espetáculos: Storni-Quiroga, 28 batidas, D. Maria I – 200 anos de música para a Rainha de Portugal e Brasil, Stop Motion para Eadweard, A Princesa.

Sara Afonso (soprano) Sara Afonso iniciou a sua formação artística na música no curso de piano do Instituto Gregoriano de Lisboa, tendo posteriormente estudado canto na Escola de Música do Conservatório Nacional, com Manuela de Sá. Em Junho de 2017 integrou o elenco de MUSAico do compositor Pedro Moura, no CCB, e de Beaumarchais, com música do compositor Pedro Amaral, em cena no Teatro Nacional Dona Maria II. Em ópera, interpretou em 2017 Serpina (La Serva Padrona) e anteriormente Despina (Così Fan Tutte), Zerlina 32


com Jean- Marc Burfin na mesma instituição. Entre Setembro e Dezembro de 2014 esteve em Regime Erasmus no Zoltán Kodály Pedagogical Institute em Kecskemét (Hungria). É também aluno do Curso Secundário de Canto na Escola de Música do Conservatório Nacional, na classe da professora Ana Paula Russo. Criou e dirige o grupo vocal amador “A Cappella Ensemble”. Dirige também o grupo coral “Vozes do Castelo”, e foi maestro assistente do Coro Sacro de Lisboa. É coralista do Ensemble Vocal Desafinados e do Coro Ricercare. Foi membro do Ímpeto Ensemble, Charales Chorus (Minde) e do Coro de Câmara da ESML. Como solista, já cantou em obras como “Glória” de A. Vivaldi, “Requiem für Mignon” de R. Schumann, “Oratória de Natal” de C. Saint-Saëns e excertos da “Missa em Si menor” de J.S.Bach,

(Don Giovanni) e Susanna (Le Nozze di Figaro) nas produções da Orquestra Metropolitana de Lisboa daquelas óperas, sob a direcção musical de Pedro Amaral e direcção cénica de Jorge Vaz de Carvalho. Interpretou ainda Lauretta (Gianni Schicchi) na produção da Orquestra Filarmonia das Beiras (direcção de António Lourenço e encenação de Claudio Hochman) e Soeur Gertrude (Dialogues des Carmelites) no Teatro Nacional de São Carlos (direcção de João Paulo Santos e encenação de Luís Miguel Cintra). Colaborou ainda como solista em concertos da Orquestra Sinfónica Juvenil (dirigida por Pedro Carneiro) e da Orquestra de Câmara do Sul (dirigida por Cesário Costa). Colabora com o Coro Gulbenkian desde 2007 e com alguns ensembles vocais e instrumentais, nomeadamente Americantiga, Melleo Harmonia e Carmin’Antiqua. Colabora com o Coro Gulbenkian. Dirige o CoroART e o Coro Geração. Como actriz participa regularmente em espectáculos de teatro de improviso, sendo membro do colectivo Cardume. Integra o Teatro Riscado, iniciativa que reúne 8 criadores que apresentam regularmente as suas criações em espaços particulares.

Pedro Morgado (baixo) Iniciou os estudos musicais na Escola de Música do Conservatório Nacional, onde teve como professores Ana Paula Russo, Armando Vidal, Eurico Carrapatoso, entre outros; aí concluiu o curso de Canto com elevada classificação. Tem participado em masterclasses com especialistas em música antiga, tais como Adam Woolf, Maria Jonas e Wim Bécu. Estreou-se a solo na ópera “A Vingança da Cigana” de Leal Moreira, fez parte do elenco do musical “Sweeney Todd” de Sondheim, sob a direcção de João Paulo Santos e com encenação de João Lourenço; participou como solista na cantata

António Lourenço Menezes (alto) Iniciou os seus estudos musicais aos 4 anos no Conservatório de Música Jaime Chavinha em Minde, de onde é natural. TÉ licenciado em Direção Coral e Formação Musical pela Escola Superior de Música de Lisboa, e atualmente frequenta o Mestrado em Ensino da Música, vertente de Direção Orquestral 33


ça. Foi neste país que descobriu sua vocação para a música antiga e começou a explorar o mundo dos fagotes históricos. Ela graduou-se com três mestrados: Performance de Fagote Moderno Modern na High School of Zürich-Winterthur, Mestrado Especializado em Práticas Históricas na Schola Cantorum Basiliensise um Mestrado em Pedagogia de Fagotes Históricos completado entre a Schola Cantorum e a Escola Superior de Música da Catalunha, em Barcelona. Para além de ser uma activa fagotista, tanto barroco quanto moderno, actuou em diversos concertos na Europa, especialmente na Suíça, Espanha, Portugal, Itália, Bélgica, Holanda, Áustria e França, assim como em projectos pedagógicos na Armênia, Georgia, México, Equador e Uzbequistão, entre outros. Em 2014 desenvolveu seu projecto pesssoal “Melodie Around the World” com o qual visitou 14 países em em 4 diferentes continentes, com interesse específico em música tradicional. Desde Setembro de 2016 está em seu doutoramento na Universidade da Califórnia em Santa Cruz.

cénica “Aos Peixes” (CCB e Teatro da Trindade, 2008), e na criação de “Cabaret Vicente” (Teatro S.Luís, 2014), ambas de José Eduardo Rocha. Integra o Coro Gulbenkian desde 2006, e como elemento deste e de outros coros tem trabalhado em ópera, concerto e gravações com todas as principais orquestras nacionais e com maestros como Lawrence Foster, Michel Corboz, Esa-Pekka Salonen, John Nelson e Ton Koopman. Faz parte dos ensembles “d’Homini” e “Les Secrets des Roys”, dedicados à música antiga, e colabora também com grupos como “Americantiga” ou “Voces Caelestes”. Apresentou-se recentemente como maestro à frente do Coro do Tejo, do coro ART e do ensemble “Concertus Antiquus”. É doutorado em Engenharia Química.

Rui Araújo (teorba) Natural de Lisboa, iniciou os seus estudos no campo da música como aluno da Escola de Música de Linda-a-Velha em guitarra clássica, tendo-se transferido depois para a Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa, onde finalizou o curso de Alaúde e frequentou a licenciatura em Alaúde no Curso de Música Antiga da Escola Superior de Música e Artes do Es-

Mélodie Michel (fagote) Mélodie Michel iniciou sua carreira como fagotista em Paris, sua cidade natal. Continuou seus estudos na Bélgica e na Suí34


pestre, New Dutch Academy, Wallfisch Band, Luthers Bach Ensemble, Opera2Day, Americantiga, Ars Antiqua, Segréis de Lisboa, Capela Real, Capella Patriarchal, Quarteto Arabesco, Músicos do Tejo, Sete Lágrimas, La Nave Va, Flores de Música e Suave Melodia. É membro, desde a sua formação em 2004, da orquestra barroca Divino Sospiro.

pectáculo no Porto. Completou o curso de Ciências Musicais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, foi assistente de investigação num projecto do CESEM (Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musicais), com a orientação científica de Manuel Pedro Ferreira, sobre as Cantigas de Santa Maria de Afonso X. De momento é doutorando em Musicologia Histórica do Departamento de Ciências Musicais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com uma tese sobre processos de continuidades musicais entre a música medieval e renascentista ibérica. É colaborador do CESEM fazendo parte do grupo de investigação Estudos de Música Antiga, onde trabalha como bolseiro de técnico de investigação.

Sérgio Silva (órgão) Natural de Lisboa, Sérgio Silva começou por estudar Órgão com João Vaz e António Esteireiro no Instituto Gregoriano de Lisboa, tendo prosseguido na Universidade de Évora, onde obteve os diplomas de Licenciatura e de Mestrado em Música, ramo de interpretação (Órgão), sob a orientação dos Professores João Vaz e João Pedro d’Alvarenga. Para além dos seus estudos regulares, teve oportunidade de contactar com várias personalidades de renome internacional, tais como, José Luís Gonzalez Uriol, Luigi Ferdinando Tagliavini, Jan Wilhelm Jansen, Hans-Ola Ericsson e Kristian Olesen. Apresenta-se regularmente a solo e integrado em prestigiados agrupamentos nacionais, tendo já realizado concertos em vários pontos do país e em França, Itália, Inglaterra, Espanha, Alemanha e Macau. Presentemente, é professor de Órgão no Instituto Gregoriano de Lisboa e na Escola Diocesana de Música Sacra do Patriarcado de Lisboa e é organista titular da Basílica da Estrela e da Igreja de São Nicolau (Lisboa).

Marta Vicente (contrabaixo) Nasceu em Lisboa. Iniciou os seus estudos de música na Fundação Musical dos Amigos das Crianças nas classes de contrabaixo dos Professores Adriano Aguiar e Pedro Wallenstein. Estudou ainda com Alejandro Erlich-Oliva e Duncan Fox. Licenciou-se no departamento de música antiga do Conservatório Real de Haia em Violone e Contrabaixo na classe da Professora Margaret Urquhart. Actuou com diversas orquestras e agrupamentos, entre as quais a Contr’Orquestra, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Orquestra Sinfónica Portuguesa, Orquestra Gulbenkian, Sinfonietta de Lisboa e Deutsche Kammerphilharmonie de Bremen. Colaborou com os grupos La Grande Chapelle, Ludovice Ensemble, Concerto Cam35



12 de agosto

Claustros do Convento dos Capuchos 21h30

Eurico Carrapatoso Díptico Mariano Por coincidência celebrava-se naquela semana o 500º aniversário da consagração da igreja mandada erigir pela rainha D. Leonor, esposa de D. João II e irmã do seu sucessor, D. Manuel. À fundadora das Misericórdias e da cidade das Caldas da Rainha já dedicara eu uma obra,“Magnificat em talha dourada”, encomenda da Santa Casa da Misericórdia para celebração dos 500 anos em 1998 e que fora estreada na maravilhosa Igreja de São Roque em Lisboa, no dia 24 de Outubro de 1998: um concerto inesquecível. Num sentido único de oportunidade sugeriu-se fazer também esta obra na 2ª parte do concerto de estreia do “Horto sereníssimo”. Que harmoniosa coincidência. Todos os factores se conjugavam num concerto que tinha na sua aura a presença velada de D. Leonor.

Notas do concerto de estreia do “Horto sereníssimo” (estreia em 21.03.2001, Igreja de Nª Sª do Pópulo, Caldas da Rainha) Em 7 de Junho de 2000 visitei pela primeira vez a Igreja de Nossa Senhora do Pópulo na sequência de um convite feito pela direcção do Festival de Música de Caldas da Rainha “Concertos de Primavera”, que me encomendou uma obra a ser estreada naquele espaço no dia 21 de Março de 2001, na abertura de 3ª edição daquele evento cultural. Tive por aquela igreja uma espécie de paixão à primeira vista. Sendo sóbria, pequena e de uma ornamentação contida, ela tinha, contudo, aquela inefável harmonia de proporções que dão às formas um carácter universal no espaço e eterno no tempo. Visitei-a ao meio dia, no pino do calor. Logo que entrei na igreja, a temperatura desceu subitamente, tornando-se balsâmica naquela frescura. Havia um ambiente de silêncio absoluto, aquele ambiente seráfico das “Anunciações” de Fra Angelico, suscitando-me instintivamente o título da peça: “Horto sereníssimo”. A música seria de uma calma imperturbável como calmo era aquele sítio.

Exigindo o “Magnificat” um soprano solista, um coro pequeno, duas flautas doces, cravo e quinteto de cordas, aconselhava o bom senso logístico que o “Horto” se configurasse num modelo equivalente. Por essa razão, cedo me inclinei para uma formação derivada do “Magnificat”, mas mais pequena, mais íntima, sem arcos, apenas com uma flauta doce, cravo, coro a quatro vozes solistas e um soprano solo. 37


dar um pouco de unidade a tudo isto, o Magnificat sustenta a sua arquitectura em três grandes pilares firmados no princípio, no meio e no fim da obra, onde se pode escutar a inefável melodia popular alentejana de Natal, Ó meu Menino, que confere à música não apenas um grande arco discursivo, assim como uma calma de todo o Alentejo deste mundo. Este aspecto trinitário, altamente simbólico e onde se cruzam o sacro e o profano, colheu-me desde o princípio.

Veio depois a grande provação da escrita da obra. Mais do que nunca, precisava eu de duas coisas: um anjo das “Anunciações” de Fra Angelico que me fizesse uma visita e me guiasse numa harmonia sereníssima e que o timbre das armas do ynfãte dom Anrique, “o Navegador”, me desse o “Tallant de bien faire”. Eurico Carrapatoso, Lisboa, 26 de Junho de 2017 Magnificat em talha dourada - pequena nota Esta obra foi concebida e escrita na minha aldeia em Trás-os-Montes, durante o mês de Julho de 1998, na companhia da canícula e da maré vazia do tempo. Foi estreada no espaço inefável da Igreja de São Roque, em Lisboa, no dia 24 de Outubro de 1998, por ocasião da celebração dos 500 anos da Santa Casa da Misericórdia. Concerto mágico.

Eurico Carrapatoso, Lisboa, 26 de Junho de 2017

O Magnificat é uma obra iluminada por sol maior, a tonalidade que sinto nas talhas douradas e nos espaços reverberantes de Deus. É uma homenagem ao Barroco, o estilo onde triunfa o movimento, a espiral inebriante, o concerto dos sentidos. Como é natural, o espírito de Bach ecoa, pairando sobre a obra tal como, no princípio, o espírito pairava sobre as águas.

Grupo Vocal Olisipo Ensemble instrumental Olisipo Angélica Neto, soprano Armando Possante, direcção musical

PROGRAMA

Foi acrescentado ao texto em latim um conjunto de trechos em português que lhe são estranhos, uma prática de tropização e de contrafacta que já fora tão comum em tempos medievais. Esses trechos ou tropos profanos, acrescentados ao texto sacro, têm uma temática afim, provindos do culto mariano popular sob a forma de cantos de romaria e de cantos populares natalícios.

Horto Sereníssimo Primeiro “Quadro” deste Díptico Mariano que trata a Anunciação, É uma obra inspirada nas serenas representações quatrocentistas de Fra’Angelico. Magnificat em Talha Dourada Segundo “Quadro”, dedicado à Exultação da Virgem. Obra inspirada na Madonna do pescoço comprido, masterpiece quinhentista de Parmigianino.

Devido a este cruzamento de referências e a esta miscigenação de gestos, a obra está cheia de folia estilística, qual tapeçaria de Arraiolos de múltiplas cores e padrões. Para 38


nacional de Compositores da UNESCO, realizadas em Paris em 1998, 1999 e 2006. Em Maio de 2001 foi distinguido pela Sociedade Histórica da Independência de Portugal com o Prémio da Identidade Nacional. Em 10 de Junho de 2004 foi condecorado pelo Presidente da República com a Comenda da Ordem do Infante Dom Henrique. Em Maio de 2011 foi distinguido com o Prémio Árvore da Vida pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura. Em Março de 2017 ganhou o Prémio S.P.A. Ensemble Vocal e Instrumental Olisipo O Grupo Vocal Olisipo foi fundado em 1988, tendo sido desde então dirigido por Armando Possante. O seu repertório é vasto e eclético, abrangendo obras do período medieval aos dias de hoje. Tem colaborado frequentemente com compositores, tendo apresentado em primeira audição obras de Bob Chilcott (Irish Blessing), Ivan Moody (The Meeting in the Garden, The Prophecy of Symeon), Christopher Bochmann (Maria Matos Medley, Morning e a ópera Corpo e Alma), Eurico Carrapatoso (Magnificat em Talha Dourada, Horto Sereníssimo, Stabat Mater), Vasco Mendonça (Era um Redondo Vocábulo), Luís Tinoco (Os Viajantes da Noite) e Manuel Pedro Ferreira (Delirium),entre outros. Estreou em Outubro de 2016, no Festival Guitar’Essonne, em França, obras de Anne Victorino d’Almeida, António Pinho Vargas, Carlos Marecos, Daniel Davis, Edward Luiz Ayres d’Abreu, Fernando Lapa, José Carlos Sousa, Nuno Côrte-Real, Sérgio Azevedo e Tiago Derriça. Trabalhou com dois dos mais prestigiados ensembles mundiais da actualidade – “Hilliard Ensemble” e “The King’s Singers” e também interpretação de ópera barroca com Jill Feldman. Conquistou já diversos prémios em concursos, nomeadamente uma menção honrosa no Concurso da Juventude Musical Portuguesa e o Primeiro Prémio nos concursos International May Choir Competition em Varna, Bulgária, Tampere Choir Festival na Finlândia, 36º Concorso Internazionale C.A.Seghizzi em Gorizia, Itália e 5º Concorso Internazionale di Riva del Garda em Itália, e vários prémios de interpretação.

Eurico Carrapatoso (compositor) Eurico Carrapatoso nasceu em 1962 e é natural de Mirandela, distrito de Bragança. É licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Foi assistente de História Económica e Social na Universidade Portucalense. Iniciou os seus estudos musicais em 1985, tendo sido aluno de composição de José Luís Borges Coelho, Fernando Lapa, Cândido Lima e Constança Capdeville. Concluiu em 1993 o curso superior de composição no Conservatório Nacional de Lisboa com Jorge Peixinho. Leccionou na área da composição em várias instituições, nomeadamente na Escola Superior de Música de Lisboa, na Academia Nacional Superior de Orquestra e na Academia de Amadores de Música. É professor de Composição no Conservatório Nacional desde 1989, integrando o seu quadro. Ganhou as primeiras edições do Prémio de Composição Lopes Graça da Cidade de Tomar e do Prémio Francisco de Lacerda. A sua música representou três vezes Portugal na Tribuna Inter39


Efectuou inúmeras actuações por todo o país, tendo-se já apresentado nos principais Festivais de Música em palcos como os do Centro de Arte Moderna, Centro Cultural de Belém, Teatro Nacional de S. Carlos, Casa da Música e Teatro Rivoli, entre muitos outros. Tem colaborado com vários ensembles instrumentais e orquestras, como o Quarteto Lacerda, Quarteto Arabesco, Capella Real, Músicos do Tejo, Academia de Música Antiga, Orquestra de Cascais e Oeiras, OrchestrUtopica, Orquestra Sinfónica Juvenil, Orquestra do Algarve, Orquestra Filarmonia das Beiras e Orquestra Metropolitana de Lisboa. Internacionalmente tem-se apresentado em concertos por toda a Europa. Participou como convidado em Sunderland, Inglaterra e no Festival 500, em St. John’s no Canadá e mais recentemente em Singapura, onde apresentou 3 concertos de música Portuguesa com especial enfoque nos compositores Francisco Martins, Estêvão de Brito, Eurico Carrapatoso e Fernando Lopes-Graça. Em todos os festivais, o grupo orientou diversos workshops para coros e maestros de todo o mundo. Em cinema participou no filme “As variações de Giacomo” onde contracenou com os actores John Malkovich e Veronica Ferres e com os cantores Miah Persson, Florian Bösch e Topi Lehtipuu. Gravou o Officium Defunctorum de Estêvão de Brito e as Matinas de Natal de Estêvão Lopes Morago para a editora Movieplay, Cantatas Maçónicas de Mozart para a EMI, e, para a Diálogos, Tenebrae com música de Francisco Martins e Manuel Cardoso e o Magnificat de Eurico Carrapatoso.

É professor no Instituto Gregoriano de Lisboa e na Escola Superior de Música de Lisboa. Orientou workshops de Canto e música coral no Canadá, Inglaterra, Singapura e em Portugal, destacando-se as Jornadas Internacionais de Música da Sé de Évora, onde trabalhou frequentemente ao lado de Owen Rees e Peter Phillips. É director musical e solista do Grupo Vocal Olisipo e do Coro Gregoriano de Lisboa e foi membro convidado do Nederlands Kamerkoor, tendo-se apresentado em concertos na Alemanha, Bélgica, Bulgária, Canadá, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Inglaterra, Itália, Japão, Luxemburgo, Marrocos, Polónia, Singapura e Suiça. Conquistou o 3º prémio e o prémio para a melhor interpretação de Bach no 1º Concurso Vozes Ibéricas, o 3º prémio e o prémio para a melhor interpretação de uma obra portuguesa no Concurso Luisa Todi de 2003 e o 1º prémio no 7º Concurso de Interpretação do Estoril. Foi-lhe atribuido como maestro o prémio Bärenreiter para a melhor interpretação de uma obra renascentista no concurso C. A. Seghizzi em Itália e, com o Grupo Vocal Olisipo, quatro primeiros prémios e vários prémios de interpretação em concursos internacionais na Bulgária, Finlândia e Itália. Gravou cerca de duas dezenas

Armando Possante (direcção musical) Armando Possante fez os seus estudos musicais no Instituto Gregoriano de Lisboa e na Escola Superior de Música de Lisboa onde concluiu os Cursos Superiores de Direcção Coral, com o Professor Christopher Bochmann, Canto Gregoriano, com a Professora Maria Helena Pires de Matos, e Canto, com o Professor Luís Madureira. Estudou Canto em Viena com a Professora Hilde Zadek e frequentou masterclasses de canto com os professores Christianne Eda-Pierre, Christoph Prégardien, Siegfried Jerusalem e Jill Feldman. Frequentou também cursos de Canto Gregoriano em Itália e Portugal com os professores Nino Albarosa, Johannes Göschl, Alberto Turco e Luigi Agustoni. 40


ca da Cidade do Porto) Foi galardoada no Concurso Internacional de Canto no Festival Teeside em Inglaterra. É elemento efectivo do coro do Teatro Nacional de São Carlos desde 1987, tendo participado como solista em várias obras executadas naquela instituição: Bodas de Figaro e Idomeneo, Suor Angelica de Puccini, La Traviata (Anina), Borghesina de Augusto Machado, Via Crucis de Liszt, Dextera Dominum de Cesar Franck, Petite Messe Solennelle de Rossini, Oratória de Natal de Saint-Saens, Septenário e Stabat Mater de José Joaquim dos Santos, Chichester Psalms de Leonard Bernstein, Cinq Rechants de Olivier Messiaen. Foi acompanhada nos principais palcos nacionais por várias orquestras e ensembles tais como a Orquestra Nacional do Porto, a Orquestra Sinfónica Portuguesa, a Orquestra Metropolitana de Lisboa, a Sinfonietta de Lisboa, a Orquestra Filarmonia das Beiras, o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, o Coro Ricercare, o Coro Olisipo, sob a direcção, entre outros, de João Paulo Santos, Vasco Azevedo, Osvaldo Ferreira, António Lourenço, Giuliano Carella, Giovanni Andreoli, Christopher Bochmann e Brian Schembri. Tem tido, ao longo dos últimos anos, uma colaboração artística continuada com o projecto coral-sinfónico da maestrina Saraswati, tendo solado em várias obras, tais como: Stabat Mater de Dvorak e de Poulenc, Requiem de Mozart, Bomtempo, Verdi, Brahms, Dvorak, Fauré e Duruflé, missas em Si menor de Bach, em Dó menor de Mozart, Petite Messe Solenelle de Rossini, estreia portuguesa da Missa Sancti Nicolai de Mussorgsky, oratória A Criação de Haydn, Carmina Burana de Orff, entre outras. Estreou e solou várias obras de compositores portugueses contemporâneos tais como Libentíssimo I e Libentíssimo II de Luís Bragança Gil, Magnificat em Talha Dourada, Horto Sereníssimo, Motetes para um Tempo de Paixão, O Lobo Diogo e o Mosquito Valentim, A Floresta e A morte de Luís II da Baviera, de Eurico Carrapatoso, Sentimento de um Ocidental de Nuno Côrte-Real e Recitativo II de Jorge Peixinho. Participou como soprano e actriz em dois filmes de João Botelho: A terra antes do céu e no Filme do Desassossego.

de discos com grande reconhecimento crítico, pelos quais recebeu, entre outras distinções, o Choc du Monde de la Musique e o Diapason d’Or. Apresenta-se regularmente com a pianista Luiza da Gama Santos em recitais de Lied, tendo já interpretado obras como os ciclos Winterreise de Schubert, Dichterliebe de Schumann e Lieder eines Fahrendes Gesellen de Mahler. Como solista de oratória interpretou com as principais orquestras do país obras como Missa em Si m, Oratória de Natal e Magnificat de Bach, Messias de Handel, A Criação de Haydn, Nona Sinfonia de Beethoven, Petite Messe Solennelle de Rossini, L’enfance du Christ de Berlioz, Carmina Burana de Orff e as missas de Requiem de Mozart, Bomtempo, Fauré, Duruflé, Lopes Graça e Eurico Carrapatoso. Estreou-se em ópera no papel de Guglielmo em Così fan Tutte de Mozart, tendo posteriormente participado em produções das óperas L’Amore Industrioso, As Variedades de Proteu, Dido and Aeneas, The Fairy Queen, Venus and Adonis, La déscente d’Orphée aux Enfers, La Donna di Génio Volubile, La Dirindina, A Floresta, Corpo e Alma, Jeremias Fisher, O Sonho e L’Elisir d’Amore.

Angélica Neto (soprano) Angélica Neto estudou no Conservatório de Música do Porto. Trabalhou com José Luís Borges Coelho (Coral de Letras da Universidade do Porto) e com Rudolf Knoll (Cursos de Músi41


Formação do Ensemble Vocal Olisipo Elsa Cortez (soprano) Patrycja Gabrel (soprano) Lucinda Gerhardt (mezzosoprano) Maria de Fátima Nunes (mezzosoprano) Carlos Monteiro (tenor) Sérgio Peixoto (tenor) Carlos Pedro Santos (barítono) Armando Possante (barítono e direcção)

Formação do Ensemble Instrumental Olisipo Maria Balbi (violino I) Louisa Strynckx (violino II) Katia Santandreu (viola) Catherine Strynckx (violoncelo) Marta Vicente (contrabaixo) António Carrilho (flauta de bisel I) Diana Pinto (flauta de bisel II) Jenny Silvestre (cravo)

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Entrada livre mediante lotação dos espaços conventuais Levantamento de ingressos, antes cada espetáculo, entre as 15h e as 21h30. Exceto para o Concerto de abertura, no Pasmatório do Convento, cerca do Convento. Convento dos Capuchos R. Lourenço Pires de Távora, Caparica tel. 212 919 3 42 GPS: 38º38’ 43.084”N9º13’18.361”W

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