JORNAL DIGITAL
3ª Edição
EXPOSIÇÃO COMEMORATIVA DO
DE 1974
perava… “Esta é a madrugada que eu es e falta fazer” o que se fez, o que se faz e o qu
A partir do cartaz de Rute Ferreira/ESCT
Oficina de Cultura 21 de abril a 8 de maio de 2021
Jornal Digital 3.ª Edição | Exposição Comemorativa do 25 de Abril de 1974 | 1
Coronel João Andrade da Silva, “Militar de Abril”:
“O 25 de Abril foi a festa da Liberdade”
No passado dia 17 de março, os alunos da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, da turma 12ª AV da Escola Secundária Emídio Navarro estiveram à conversa o Coronel João Andrade da Silva, um “Capitão de Abril”, que no dia 25 de Abril de 1974, então jovem tenente, foi um dos protagonistas da revolução que, em Almada, no Cristo-Rei , levou ao nascimento do atual regime democrático.
Conclusão
“O Salazar foi uma grande desgraça para Portugal, ao contrário do 25 de Abril” Jornal Digital 3.ª Edição | Exposição Comemorativa do 25 de Abril de 1974 | 3
Ao Salazar faltou-lhe essa parte e do ponto de vista psicológico, na minha opinião, a falta de contacto com a sociedade, a falta de abertura e a falta de visão. O mito que ele tinha era um misticismo, aquele anticomunismo e as pessoas que o rodearam, acompanharam, também contribuíram para esse isolamento. Houve algumas pessoas importantes, que até não o queriam acompanhar tanto, mas se lhe diziam qualquer coisita que o confrontasse, ele dizia “vai-te embora”. O próprio Marcelo Caetano escreveu que o Salazar teve algumas desconfianças de si, julgava que ele era da OPUS DEI e que pôs a PIDE a vigiá-lo, porque a OPUS DEI defendia o liberalismo, o que para o ditador já era uma grande confusão.
O mundo é muito desigual. Nós, na Europa vivemos melhor devido ao subtrabalho “escravo” das populações da Índia, da China, de África. Não podemos esquecer estes mártires e é importante que a juventude do mundo também um dia altere esta situação. O Salazar faz parte da nossa História, mas foi uma grande desgraça para Portugal. O país, a partir da segunda guerra mundial, podia ter andado mais e, provavelmente, se ele tivesse visão, se fosse um homem de visão, não tinha havido a guerra em África… Quanto ao colonialismo, se tivesse havido uma visão de futuro, após a segunda guerra mundial, podia ter-se alterado bastante e podíamos estar a viver numa sociedade mais harmoniosa.
“É preciso defender o ambiente, mas também é preciso defender a humanidade” Não nos podemos esquecer que o mundo é muito desigual. Não é o 25 de Abril que é responsável pelas desgraças atuais. Portanto, há, de facto, um colonialismo, há, de facto, uma exploração. Enquanto estamos aqui, relativamente bem, há outros que estão a morrer, a trabalhar para nós. Isto também é muito importante, dizer à juventude que muitas das coisas que nós hoje temos e usamos podemos tê-las porque, felizmente para nós, mas infelizmente para a gente na Índia, na China e na África, são o produto do seu trabalho, subtrabalho, escravo. Não podemos esquecer estes mártires e é importante que a juventude do mundo também um dia o altere.
Eu defendo o Quinto Império, como o Padre António Vieira, o Quinto Império da espiritualidade, do amor, da fraternidade. Nós precisamos de levar um abraço universal e fraterno a todas as pessoas Nós, em Portugal, somos uma coisinha pequena, mas podemos fazer alguma coisa, temos que dizer aos nossos governos que falem aqui, que falem além, sejam protagonistas, é preciso defender o ambiente, mas 4 | Exposição Comemorativa do 25 de Abril de 1974 | Jornal Digital 3.ª Edição
também é preciso defender a humanidade, é preciso que as crianças não morram, é preciso que cheguem as vacinas a esses países.
O Quinto Império da espiritualidade. “É preciso que a sapiência chegue ao poder” Portugal é muito pequeno, mas como o Padre António Vieira dizia:”podemos fazer não o Quinto Império, mas o Quinto Império da espiritualidade”. O Padre António Vieira, as suas palavras e a sua espiritualidade estão vivas e eu identifico-me muito com aquilo que ele disse e com essa espiritualidade do Quinto Império; leva-nos a uma mensagem de paz e de amor à humanidade e os nossos governantes também deveriam ser porta-vozes disso. Prof. Amélia Pires - Os meus alunos estão presentemente a estudar a “Mensagem”, de Fernando Pessoa, onde também há essa visão de Quinto Império, mas no sentido de liderarmos culturalmente, pela nossa língua, impormo-nos pela inteligência. Coronel João Andrade da Silva - Sim, sim! E ter a espiritualidade de um abraço fraterno, de considerarmos que somos iguais e que temos um caminho futuro. Aliás, é uma estupidez o que está a acontecer agora, esquecermo-nos dos países mais frágeis, porque não chega lá a vacina, é uma falta de humanidade, é uma falta de inteligência incrível. Porque o mundo, hoje, é global, portanto, se não tratarmos dos outros vamos ser vítimas. Não, eu defendo o Quinto Império, como o Padre António Vieira, da espiritualidade, do amor, da fraternidade. E ainda bem que fala dessas coisas! Nós precisamos de levar um abraço universal e fraterno a todas as pessoas, a todas as raças, homens, mulheres, crianças, homossexuais. Isso é importante, não haver diferenciações, aliás, isto já deveria estar a acontecer. Há uns anos, em 1960, um conjunto de sábios reuniu-se em Tóquio e previram (enganaram-se também) que, neste momento, a humanidade devia estar a ser governada por sábios. É preciso que a sapiência chegue ao poder, é preciso que a generosidade chegue ao poder em vez de ter pessoas egoístas, em vez de ter pessoas corruptas. Há uma coisa que na psicologia dizemos: o altruísmo condiciona, porque se formos atrás de todas as histórias, há do outro lado o género egoísta, devemos ter discernimento, porque senão também nos trama.
Quero dizer-vos em meu nome, em nome do 25 de Abril e dos meus camaradas, que para nós é uma honra e um prazer falar convosco. É muito gratificante, isto é um momento do 25 de Abril que representa o espírito e a alma do Salgueiro Maia que também era uma pessoa da coerência e da amizade. Coronel João Andrade da Silva - Essas mensagens são muito importantes e é em relação aos rapazes… há uma coisa que quero que se diga aos homens. Nós, homens,
temos o cromossoma X não temos os dois Y. Temos um X e um Y. Portanto, também pensam muitas vezes que estes temas da espiritualidade que é mais próprio das mulheres. Não! Isto é nosso, também é nosso. Nós também temos essa sensibilidade feminina e também não temos de ter receio de a manifestar. Porque alguns homens pensam que têm dois Y e outros que têm três Y, mas quando têm três Y já é doente. Há uns que pensam que têm dois Y, que é batatada para ali, batatada para lá. Isso não é nada, isso nem homens são. O mundo é feito de homens e mulheres. Nós, os humanos, temos de facto, como a professora disse, vencido as batalhas pela inteligência, pela espiritualidade, pelo trabalho, por ouvirmos, vermos bem e adaptarmos bem o discurso de António Vieira e outros. Tudo tem o seu tempo, mas para isso temos os professores que são os intermediários. Eu nunca mais esqueço os meus professores, daquilo que lhes devo e do sacrifício que eles fazem para darem boas aulas, porque têm de trabalhar para nós e é importante aquilo que eles dizem, e quando dão uma boa aula, significa que tiveram muitas horas de trabalho, e se cada um de nós fosse à procura daqueles conhecimentos, era um pouco complicado pois ficávamos com menos tempo para fazer outras coisas.
“Humanitude? É o humanismo com atitude” Prof. António Sales - Vou encerrar, com pena, mas com um grande prazer e uma gratidão enorme. A ideia é melhorar e melhorarmos o mundo que temos porque, de facto, todo este egoísmo é provocado pelo materialismo, pelo capitalismo, pelos interesses económicos acima dos interesses humanos. Eu acho que a nossa missão enquanto professores, enquanto alunos, en-
quanto seres humanos, é construir um mundo melhor, não tenho dúvidas nenhumas e há uma palavra que eu utilizo, eu considero que nós devemos ter: “humanitude”. E o que é “humanitude”? É o humanismo com atitude. Quero agradecer-lhe do fundo do coração, um abraço fraterno, muito grande da nossa parte, eu acho que todos eles pensam o mesmo, o pensamento é comum, todos nós sentimos isto e tal como dizia, João, é uma improvisação, mas é uma improvisação sentida, é uma improvisação baseada numa experiência de vida, numa constatação do que é a sociedade e por onde a sociedade pode caminhar. E quero agradecer também ao Eduardo Raposo que não estando aqui presente, por motivos logísticos, é um humanista, alentejano que tem promovido a cultura através da Câmara Municipal de Almada. É graças ao Eduardo que estamos aqui todos a falar e temos o prazer e o privilégio deste encontro. Coronel João Andrade da Silva - Quero dizer-vos em meu nome, em nome do 25 de Abril e em nome dos meus camaradas, que para nós é uma honra e um prazer, pois a falar convosco também aprendemos, todos nós estamos sempre a aprender. Eu aprendi “humanitude”, humano com atitude, também já levo daqui uma ideia nova. E aprendemos todos com as perguntas que nos fazem. É muito gratificante, é um momento grande, isto é um momento do 25 de Abril e é um momento que representa o espírito e a alma do Salgueiro Maia que também era uma pessoa da coerência e da amizade. Portanto, um grande abraço e da minha parte a todas as horas e a todos os momentos estou sempre disponível com um grande prazer, com uma grande honra e com grande amizade para falar com aqueles que concordam e também com aqueles que discordam. Muito Obrigado! Jornal Digital 3.ª Edição | Exposição Comemorativa do 25 de Abril de 1974 | 5
Oficina de Cultura Av.ª D. Nuno Álvares Pereira, 14 M 2800 -174 Almada Oficina Tel.: 212 724 050 de Cultura
Horário
Av.ª D. Nuno Álvares Pereira, 14 M 2800-174 Almada Tel.: 21 272 40 50
Terça a sexta das 10h30 às 13h e das 14h às 18h Sábados das 10h30 às 13h Dia 25 de Abril das 10h30 às 13h Encerra aos domingos e feriados Horário Terça a sexta das 10h30 às 13h e das 14h às 18h
Em conformidade com a legislação e as recomendações Sábados das 10h30 às 13h da DGS as visitas ficam condicionadas a: 2
Limite de 30 Dia pessoas emabril simultâneo (nos às 300 m) 25 de das 10h30 13h Marcação prévia para grupos limitados a 10 pessoas;
Encerra aos domingos e feriados
Em visita livre deve ser mantido o distanciamento social (2 m em espaços fechados); Uso obrigatório de máscara no interior do equipamento
Em conformidade com a legislação e as recomendações da DGS as visitas ficam condicionadas a: Limite de 30 px em simultâneo (nos 300 m2) Marcação prévia para grupos limitados a 10 pessoas; Em visita livre deve ser mantido o distanciamento social (2m em espaços fechados); Uso obrigatório de máscara no interior do equipamento
6 | Exposição Comemorativa do 25 de Abril de 1974 | Jornal Digital 3.ª Edição