Libreto Ópera Soror Mariana Alcoforado

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ÓPERA Soror Mariana Alcoforado No Convento dos Capuchos (1) a partir de “Cartas Portuguesas”

Récitas no Convento dos Capuchos dias 16,17 junho e 2 julho 2017

Libreto de Helena da Nóbrega

(1) A ópera Soror Mariana Alcoforado é uma obra encomendada pela Câmara Municipal de Almada, para produção em residência artística, com estreia absoluta, no Convento dos Capuchos.


SINOPSE Com a ópera “Soror Mariana de Alcoforado”, no Convento dos Capuchos, procuramos revelar a vida, em clausura, no Real Mosteiro da Conceição de Beja, da possível autora das “Cartas de uma Freira Portuguesa” ou, simplesmente “Cartas Portuguesas” publicadas em 1669 - Mariana de Alcoforado.

Mariana de Alcoforado (1640 - 1723) Professa no Convento da Conceição de Beja em 1656 e morre em 1723, no Convento como soror, aos 83 anos de idade.

Cartas de uma Freira Portuguesa é um romance epistolar composto pela correspondência de uma freira com um oficial francês, Noël Bouton, Marquis de Chamilly, mais tarde Marechal de França, durante as Guerras da Restauração. Esta freira, seria mais tarde identificada como, Mariana de Alcoforado nascida em Beja (1640), filha de Francisco da Cunha Alcoforado, professa no Convento da Conceição de Beja. Não é conhecida documentação que valide, de forma inequívoca, a autoria destas cartas. Mariana de Alcoforado é apenas uma das autoras elencadas nos estudos realizados sobre a autoria das cartas sendo de referir, entre outros, Gabriel de Guillerages, diplomata e jornalista francês ou até o próprio destinatário da referida correspondência - o Marques de Chamilly. Certo é que revelarem um estilo patente nas cartas de Heloísa a Abelardo, também em número de cinco, uma escrita no feminino patente, ainda como exemplo, na epistologia de Hildegarda de Bingen, monja Beneditina no séc. XII. Mas a verdade é que um drama, refletido numa correspondência que se “tornou viral” – as cartas são tão populares que o termo portugaise, passou a designar uma “carta de amor apaixonada” na França setecentista. Tão populares que são lidas ainda hoje. Reais ou falsas, revelam a clausura de uma freira portuguesa nos finais de séc. XVII. Esta Ópera Soror Marina Alcoforado, no Convento dos Capuchos, será assim a construção de uma leitura encenada da vida desta freira de Beja perscrutando o seu caminho desde a entrada em clausura, aos 12 anos de idade até à morte, também no Convento com 83.


PERSONAGENS

Mariana Alcoforado (jovem de 11 anos)

Irmã Mariana Alcoforado (adulta)

Soror Mariana (idosa)

Francisco Alcoforado (pai de Mariana Alcoforado)

Madre Superiora

Coros: Noviças Freiras Camponeses e Burgueses Coro de ‘Coriféus Gregos’ 2 Cantadores do cante alentejano


CENA 1 Mariana está no seu leito de morte rodeada de noviças que segredam entre si e com Soror Mariana palavras sobre o seu amor com um tenente francês há muito tempo... Pode ouvir-se:

NOVIÇAS mulher

tenente

conte

paixão

noiva

esperou

mundo

desprezo

amou

cartas

coragem

confesse

escândalo

amor

abandonada

cartas

condição

acreditou

votos

sofreu

traição

condição

conte

dar

sofreu

Chamilly

cartas

freira

conte

cartas

fuga

traição

noiva

prazer

acreditou

francês

receber

cavaleiro

acreditar

confesse

abandonada

tenente

esperou

escândalo

irmandade

acreditou

amou

clausura

clausura

desilusão

condição

convento

coragem

clausura

votos

amor

desejou

dar

amor

mundo

fuga

palavras

cartas

mulher

votos

receber

mulher

coragem

receber

prazer

Chamilly

condição

prazer

fuga

conte

abandonada

cartas

cela

mulher

irmandade

dar

irmandade

dar

prazer

palavras

acreditar

dar

receber

MARIANA com ajuda consegue levantar-se da cama e amparada às freiras canta...

Cortaram os trigos. Agora a minha solidão vê-se melhor.

CORO DE FREIRAS Cortaram os trigos. Agora a minha solidão vê-se melhor. Cortaram os trigos. Agora a minha solidão vê-se melhor. Entretanto, a ‘cama’ de Soror Mariana é transformada em ‘porta’ do convento.


CENA 2 Mariana, uma jovem de 11 anos, caminha para o convento de mão dada com seu pai, sem trocarem olhares ou afetos.

MARIANA (para o pai ouvir mas sem olhar para ele) Grande silêncio o vosso, Meu pai. Diz coisa alguma Pra meu alento. Mais fala o vento Pra meu contento.

CORO (tutti) (para o pai de Mariana) Não é seu assento o convento. Perdoa seus protestos, Abalos de orfandade.

MARIANA (para o coro) Minha mãe em testamento Outro destino ditou: Não seria o casamento, Clausura maior ainda... A Madre Superiora abre a ‘porta’ e espera-os fora do convento.

PAI (para a Madre Superiora) Reverenda Madre Ilustre Senhora A vós confio Minha filha Mariana Já o dote foi tratado. No tabelião de Beja O registei, veja: (e mostra-lhe o documento) Penso em nosso ‘morgado’ Alcoforado. À morte de minha filha, O convento pagará o foro. Será por cem anos o cargo, Senhora.


CENA 2 MADRE SUPERIORA (compreensiva para o pai de Mariana) Lamento seu luto, Senhor Magistrado. Senhor de julgamentos, Agora tão reservado.

MADRE SUPERIORA (para Mariana afável mas decidida) Te afasto e arrebato destas mãos, Mariana Alcoforado. Vem! Só não ficarás... (voltando-se para o pai e fazendo um gesto largo) Veja!... Abre-se completamente a porta e podem ver-se as noviças numa cena de interior. Mariana entra com a Madre Superiora e duas noviças fecham a porta de seguida.

MARIANA (‘de costas’ para o público) Cerraram as portas. Agora a minha solidão vê-se melhor. Cerraram as portas... Resignada estou No convento de Beja... Odioso convento!

Mariana desaparece bruscamente. A ‘porta’ do convento é transformada em ‘grade’ pelas freiras em cena.


CENA 3 Passaram cerca de 15 anos. Mariana é agora mulher adulta, freira. À ‘grade’ do convento, Mariana 'vive' o seu isolamento e a sua solidão, e espera...

MARIANA (com as mãos agarradas à ‘grade’ do convento) Odioso convento! (com a cabeça encostada às grades e contemplando uma seara próxima) Entristece-me olhar-te, Vasta seara, maldita! Também tu me serves de cela....

CORO Entristece-me olhar-te, Vasta seara, maldita! Também tu lhe serves de cela....

CANTADORES (que se ouvem nas redondezas do convento depois aproximam-se, entram em cena e saem) 'Ceifeira, ceifeira linda ceifeira Eu hei-de, Eu hei-de casar contigo. Lá nos campos, Lá nos campos secos campos, Lá nos campos secos campos À calma ceifando o trigo À calma, À calma ceifando o trigo Pela força, Pela força do calor. Ceifeira, ceifeira linda ceifeira, Ceifeira linda ceifeira Hás-de ser o meu amor'

MARIANA (olhando a seara) Dói-me o canto dos ceifeiros Cortai os trigos, cortai... Dai-me poentes de sobreiros, Noras, poços, azinhais... Tudo me serve de cela... Cortai os trigos, cortai...


CENA 3 (virando-se para o público) Vida de liturgias, Intimidade de paredes frias... A sopa, os claustros, o altar Ai, se eu me pudesse furtar... O sombrio tédio dos serões... Entretenga de razões, Iludindo sensações. Sem verdade, Às escuras vivendo-me, Toda me vou consumindo...

MADRE SUPERIORA (para Mariana) 'Tão faltosa E suspirosa, Mariana! O que te faz tão ausente? E por que tão urgente Te pões de vigia...? Que tomas por certo Na grade esperando? A quem, Mariana? MARIANA A quem?'


CENA 4 Solidão e 'procura/espera' motivam a jovem Mariana a 'ver' em Chamilly o 'amor' desejado...

MARIANA (sempre à 'grade' do convento olhando para longe) Olhos meus, tristes parados Coisa nenhuma fitando... Ah, meu amor, meu amor, Foras tu nenhum lugar! Vai-se o dia devagar Nesta grade que embalo. Por aqui hás-de passar, Coração! Por aqui, Ilusão! (apercebe-se da chegada de militares a cavalo e põe-se em ‘bicos de pés’) projecção ‘flash’sugerindo um contingente a cavalo. Um contingente a cavalo...! Me alegra o seu clarim... Suas armaduras de prata. Paixão de crinas e espadas. (repara no olhar de um tenente da cavalaria e agarra-se com ‘força’ à grade) projecção ‘flash’sugerindo o tenente Chamilly. Que olhos serão aqueles que me cunham de fulgor? De certo olhou pra mim... Inocente ou maldoso, Corajoso é certamente.... …Este tenente.... Tão donaire se trata! Não quero, nem posso fugir-lhe. (rodopiando) Sua pele mesclada De azeitona e marfim. Moreno de verde lua, Vai devagar e garboso, Pavoneando seus boucles Que lhe brilham entre os olhos.


CENA 4 (com as mãos fora da grade) Ó vento Suão, Já não és o meu calor... Carícias outras me vão agitar Há tanto que sonho assim... (Ó) Meu Alentejo ardente, Em teu chão Azul de lírios bravos Me hei de deitar Contigo, Mon amour, mon Chamilly! Meu fogoso cavaleiro francês.

CORO (‘coriféus gregos’) (para Mariana, que não lhe dá atenção) O mais duvidoso, Mariana, é a restauração da nossa independência de coroas estrangeiras e do favor cúmplice de tais cavaleiros depender...!

A ‘grade’ transforma-se na ‘cama’ de Mariana. Na cela há também uma escrivaninha, papel, tinteiro, pulseiras, uma cadeira, alguns livros, o retrato de Chamilly e um espelho.


CENA 5 (Mariana na sua cela acende uma vela, sentando-se e levantando-se da cama, espera Chamilly despreocupada. Depois, de pé, recorda o dia anterior passado no campo com Chamilly...)

MARIANA Antes que o sol caísse, Sentiu de agrado Minhas formas. Entre giestas cantou Encobrindo meus suspiros. Quebrando adormeceu Na sombra do meu colo. Livres em azul enorme... Perto, havia um monte Ao longe, a vila de Beja. Perfeita foi a calma... Naquele dia doirado. Chamilly, mon amour

CANTADORES (nas redondezas do convento) (Mariana, deitada na cama, ouve os cantadores enquanto brinca com as pulseiras que Chamilly lhe tinha oferecido) Entre o vento e a seara Entre chaparro e choupo Entre o achigã e a perdiz Tanto país E tão pouco Tão pouco e tanto Tanto país Deixai-me neste chão Entre o vento e a seara Deixaime neste chão Entre o vento e a seara.


CENA 5 CORO (‘coriféus gregos’) (para Mariana, que não lhe dá atenção, arrumando a cela, olhando-se num espelho...) No escuro, ou à luz dos campos, Sem demora vai a ti. Chega e bate ao postigo. Tardio caminhante...! Porteira distraída...!

MARIANA (Mariana ‘recebe’ Chamilly na sua cela) projecções ‘flash’ do tenente sugerem a sua entrada rápida na cela. Mariana canta para... Chamilly

Não há nudez tímida À luz do luar Quando furtivo te adiantas Em minha alcova. De carícias me chamas, Te ajustas E nos amamos... Refém do teu querer, Não posso meu corpo amansar...

(Ouve-se barulho e vozes que se aproximam... Mariana apanha as roupas de Chamilly que tem de fugir. Depois ‘sugere’ com gestos largos esta fuga e grita desesperadamente: Chamilly,

mon amour! E soluçando, exclama: Mon Chamilly...


CENA 5

CORO (freira solista do coro para Mariana) Breve a vida dos segredos, Convento da Conceição. Acaso não o sabias? (freira solista para o público) Breve a vida dos segredos.

CORO (tutti) (para Mariana) Por desolados muros fugiu Teu amante querido. Por desolados muros fugiu Teu amante querido. Gritando em altas vozes Prometeu de vir buscar-te, Pobre Mariana. Buscar-te para pior cela. Não eras prevista Em suas nobres batalhas.

Os cantadores aproximam-se do CORO (tutti) e de Mariana que se põe à frente de todos.

CANTADORES CORO (tutti) Mariana (para o público) Ao romper da bela aurora Sai o pastor da choupana Meu lírio roxo Gritando em altas vozes Muito padece quem ama Meu lírio roxo Muito padece quem ama. O CORO desfaz-se rapidamente e Mariana fica de novo só na sua cela.


CENA 6 MARIANA (na sua cela, olhando para o retrato de Chamilly) Desde que vos conheci, É sombra o mundo. E vós o meu sol. Pudesse eu viver de luz...

CORO (‘coriféus gregos’) (para Mariana) Pudesses tu viver de luz... Pudesses tu viver de luz...

MARIANA (virando-se de 'costas' para o 'coro') De que alimento esta fome? De ti nada tenho. De ti nada tenho.

CORO (‘coriféus gregos’) (para Mariana) Para além de cartas fúteis... Vazias de ti. Mais fartas as terras lavradas...!

CANTADORES (que se ouvem nas redondezas do convento) Mariana pousa o retrato de Chamilly CORO e Mariana param e escutam os cantadores ao longe... 'Eu aprendi a cantar Lavrando em terra molhada Pensando em ti minha amada Pensando em ti minha amada’

MARIANA ( na sua cela, à noite, cansada, senta-se na cama e volta a olhar o retrato de Chamilly) Longo e liso O fio da noite! Amar, esperar assim... Sou mulher que já não vive!


CENA 6 (Mariana deita-se na cama, apaga a vela e adormece...)

CORO (tutti) (para Mariana) Já teu talhe Como haste de trigo Se quebrou. Mísero restolho! Mísero restolho! Mísero restolho! O CORO sai de cena delicadamente

MARIANA (é a manhã do dia seguinte, Mariana levanta-se vai arrumando a cela e cantando saudosamente...) Já não sou teu aposento, Tua casa e morada. Vem a buscar-me, Basta chamar-me. Vou a ti sem demora. (Repentinamente, numa atitude de ‘desafio’ ao seu destino, junta alguns bens incluindo livros, cartas, o retrato de Chamilly e as pulseiras que ele lhe tinha oferecido, e está ‘disposta’ a abandonar o convento...) Fora deste convento, Que já não tenho tempo! À clausura RENUNCIO! À clausura RENUNCIO!

CORO (‘coriféus gregos’) (para Mariana) Prisão terás. Duro abrigo, Funda toca, Esse refúgio a dois De mulher secreta.

MARIANA (atenta ao CORO, vai-se apercebendo da existência de ‘outras clausuras’ e perdendo ‘vontade’ de renunciar. Começa finalmente a ter mais consciência de si própria e do seu amante. Mariana volta a arrumar a cela) Magra história seria... Outra forma Eu teria de existir Que não através Deste homem?


CENA 6 CORO (para Mariana) Outro destino não seria o teu Mui diferente. És mulher. Mulher, Mariana! Só corpo! Menos que latifúndio!

MARIANA (triste, senta-se à escrivaninha, a cabeça entre as mãos e olhando de novo para o retrato de Chamilly) Sua indiferença intolerável... Escrevo-lhe uma última carta. Pois me apetece Compor... (prepara papel, tinteiro e a pena para escrever...) Cartas, Ao escrevê-las, Afinal Mais servem De abrandar Meu penar. E de tanto treino, Senhor, Acho agora, Me está Mais sabedoria Que memória vossa. Intolerável indiferença Até pela arte De minha escrita. (Mariana, levantando-se da cadeira, volta-se para o público) Vós, Senhor Apesar de livre, Não tendes talento Algum. Vossa mediania Agora, É intolerável.

CORO (tutti) (para Mariana) Sua intolerável indiferença


CENA 6 MARIANA (para o público) Insuportável indiferença...

MARIANA CORO (tutti) (para o público) A INDIFERENÇA É INTOLERÁVEL

MARIANA (Mariana, volta à escrivaninha, senta-se e começa a escrever a sua última carta a Chamilly) (CARTAS PORTUGUESAS, tradução de Eugénio de Andrade, excertos da 5ª carta, 1993)

Escrevo-lhe pela última vez E espero fazer-lhe sentir, Na diferença de termos E modos desta carta, Que finalmente Acabou por me convencer De que já me não ama E que devo, portanto, Deixar de o amar. (o CORO - que intercala Mariana durante toda a carta - está virado para o público)

CORO (tutti) Coragem desesperada.

MARIANA Não conheci o desvario do meu amor Senão quando me esforcei De todas as maneiras Para me curar dele, E receio que nem ousasse tentá-lo Se pudesse prever Tanta dificuldade E tanta violência. Creio que me teria sido menos doloroso Continuar a amá-lo, Apesar da sua ingratidão, Do que deixá-lo para sempre.


CENA 6 CORO (tutti) Abnegada adulação.

MARIANA Descobri que lhe queria menos Que à minha paixão.

CORO (tutti) Racional emoção.

MARIANA E sofri penosamente em combatê-la, Depois que o seu indigno procedimento Me tornou odioso Todo o seu ser.

CORO (tutti) Aversão apaixonada.

MARIANA Se tudo quanto fiz por si Pode merecer-lhe Qualquer pequena atenção Para algum favor Que lhe peça, Suplico-lhe Que não me escreva mais E me ajude A esquecê-lo Completamente.

CORO (tutti) Amargurado desafio.

MARIANA Não me interessa saber O resultado desta carta. Não perturbe o estado Para que me estou preparando.


CENA 6 CORO (tutti) Vertiginosa ousadia.

MARIANA Forçoso me é confessar Que tenho razões Para o odiar mortalmente.

CORO (tutti) Ódio é cruz.

MARIANA Eu própria atraí sobre mim Tanta desgraça! Acostumei-o desde o início, Ingenuamente, A uma grande paixão... (o CORO volta-se agora para Mariana)

CORO (tutti) Não te julgamos.

MARIANA … E é necessário algum artifício Para nos fazermos amar.

CORO (tutti) Estás certa do que dizes?

MARIANA Devem procurar-se com habilidade Os meios de agradar.

CORO (tutti) Julgas que sim?


CENA 6 MARIANA O amor por si só Não suscita amor.

CORO (tutti) (voltando-se para o público) Tristoso, tristoso desfecho. Escrita nas pedras Escrita nas pedras Tal conclusão.

(Mariana levanta-se da cadeira, e voltando-se para o CORO, procura apoio para terminar a carta. Volta a sentar-se e recomeça a escrever. Ao mesmo tempo, o CORO volta-se para ela...)

CORO (tutti) (para Mariana) Reconhece o abismo, Viagem, descoberta de ti. Nela encontras Ser. (freira solista) Não desistas Não desistas Não desistas do amor.

CORO (das freiras para Mariana) (Mariana levanta-se, vai ter com elas)

Inventa-o diferente Em tua história. Segue nenhum caminho. Todos os caminhos te levam onde?


CENA 6 MARIANA (já abraçada a algumas freiras do coro) CORO (tutti) O amor estava aqui... O amor está aqui...

MARIANA O amor estava aqui... Cantadores também se aproximam de Mariana

MARIANA CORO (tutti) CANTADORES Qual será o tempo Que o amor Seja só prazer Em dar e receber? Prazer. DAR E RECEBER. Mariana, o coro, as freiras e os cantadores saem de cena.

EPÍLOGO As noviças entram em cena cantando as Vésperas. Mariana tem agora 83 anos... Soror Mariana está doente mas lúcida e calma.

CENA 7 Mariana de pé faz uma retrospectiva da sua vida...

SOROR MARIANA Já durou mais do que esperaria Minha vida

CORO(tutti) (para Mariana)


O tempo não te há-de esquecer...

SOROR MARIANA ‘De vós senhor francês já não lembro o fim nem o começo...’ … as cartas que lhe escrevi... A clausura que não rasguei... O amor que aqui descobri, irmãs! O que dei O que dei E o que recebi...

CORO (tutti) (para o público) O tempo não te há-de esquecer … Ficará marcada na história tua forma única DE AMAR E DE VIVER

FIM


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