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CIDADE EDUCADORA

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BANDEIRA AZUL

BANDEIRA AZUL

João Couvaneiro é vice-presidente e vereador com o pelouro da educação

JOÃO COUVANEIRO Educação é prioridade

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Qual o valor de investimentos globais em educação, qualificação e conhecimento?

João Couvaneiro – Numa Cidade Educadora, como é caso de Almada, as preocupações relacionadas com a educação, a qualificação e o conhecimento perpassam de forma explícita e implícita o trabalho desenvolvido por diversos departamentos. Para além da óbvia ligação à atividade quotidiana do Departamento de Educação, existem contributos significativos de áreas como a cultura, a juventude, a inclusão social, o ambiente e muitos outros para a concretização do propósito de promover o desenvolvimento integral do nosso território e da nossa comunidade. No ano de 2021, o orçamento destinado diretamente à educação, incluindo o planeamento e a gestão da rede escolar ronda os 13,5 milhões de euros, valor que corresponde a cerca de 10% do orçamento global do município.

De maneira geral, quais são as ações nestes três campos?

J.C. – No caso da educação assumem particular importância os investimentos relacionados planeamento, a gestão, a requalificação e o alargamento da rede escolar. No âmbito da promoção do conhecimento temos estabelecido uma estreita ligação com todos os estabelecimentos de ensino superior radicados no concelho e na região, participando de forma muito ativa em diversas unidades de investigação e desenvolvimento. Sobre a qualificação, tem sido uma preocupação constante promover a capacitação de todos, mas de forma muito particular dos diversos agentes da comunidade educativa.

Como é a gestão desses recursos?

J.C. – O município tem procurado maximizar a ação e os investimentos municipais, estabelecendo protocolos com diversas entidades nacionais e aproveitando todas as oportunidades de recorrer a fundos comunitários. Atividades como aquelas que garantem a escola a tempo inteiro e o fornecimento de refeições escolares têm co-financiamento por parte do Ministério da Educação. Por outro lado, são exemplos expressivos de candidaturas a fundos estruturais o programa de promoção do sucesso educativo «+ leitura +sucesso», as obras de requalificação de escolas ou a remoção das coberturas de fibrocimento.

Que projetos pedem mais atenção neste momento?

J.C. – A retirada do amianto da totalidade das escolas do município é o principal projeto que temos pela frente. É também o que mais benefícios vai trazer para a comunidade educativa almadense. Obviamente que há outros projetos igualmente importantes, tais como a conclusão da obra de ampliação do Jardim de infância da Sobreda, que reforçará a oferta daquela freguesia, em franca expansão, bem como a obra de ampliação da Escola Básica Integrada Carlos Gargaté, que permitirá a oferta de Ensino Secundário na Charneca de Caparica.

Quais os planos para os próximos anos?

J.C. – O município de Almada tem um elevado número de escolas/ agrupamentos cuja antiguidade e estado do edificado obrigam a constantes intervenções, pelo que está a ser desenhado um plano para os próximos anos, envolvendo intervenções de melhoria nessas escolas e, em alguns casos, a necessidade de construção ou ampliação, o que implica o desenvolvimento de procedimentos para implementação projetos e obras a curto, médio e longo prazo.

A EDUCAÇÃO EM NÚMEROS

13,5 milhões 10%

25.000 1.150

É o orçamento destinado ao setor É o percentual de verbas para o setor no orçamento global

É o número de alunos na rede pública, do pré-escolar ao secundário É o número de computadores entregues a alunos carenciados na pandemia

REDE ESCOLAR

Universalizar a pré-escola aos três anos de idade

O município investe no alargamento da rede escolar para aumentar vagas e melhorar as condições.

O alargamento da rede educativa é uma prioridade para o município. Um dos focos principais das ações está no pré-escolar, uma vez que nem todas as crianças de três e quatro anos conseguem vagas nos jardins da rede pública. O problema está identificado em especial nas freguesias com forte expansão habitacional e populacional, ao longo dos últimos anos, como a Charneca de Caparica, Sobreda e Costa de Caparica. O objetivo é duplicar o número de vagas neste nível educativo, de forma a universalizar o pré-escolar aos três anos de idade.

O poder público municipal tem investido na criação de mais salas de pré-escolar e também na ampliação de escolas e jardins de infância. Há exemplos de projetos estratégicos para dotar o sistema de ensino de melhores condições. O Jardim Infantil da Sobreda, que está a passar por uma obra de ampliação já em fase final, vai permitir um aumento significativo na capacidade da rede. A construção do Jardim Infantil da Ramalha, com conclusão prevista para 2022, vai retirar a pressão sobre outros estabelecimentos.

O processo de ampliação da rede também acontece nos outros níveis de ensino. «Neste momento, há uma maior necessidade de alargamento da rede do pré-escolar e de intervenção na requalificação das escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico, considerando que são as de responsabilidade municipal. As escolas do ensino secundário carecem de intervenções, em alguns casos profundas, porém até março de 2022 ainda estarão sob a responsabilidade do Ministério da Educação», explica o vereador João Couvaneiro.

Entre as principais prioridades está também a conclusão da obra da Escola Básica Maria Rosa Colaço. É um processo que se arrasta desde o mandato do executivo anterior, mas que tem um fim à vista. Neste momento, o processo está «em fase de abertura de um novo procedimento concursal, uma vez que há necessidade de encontrar outra empresa que possa concluir a obra», diz João Couvaneiro, que anuncia um plano requalificação de quatro cantinas e refeitórios escolares a cada ano. Também está prevista a valorização de quatro logradouros e recreios escolares por ano.

COBERTURAS DE AMIANTO

O fim de um problema antigo

2021 é o ano que marca o fim das coberturas de fibrocimento com amianto nas escolas de Almada. Neste momento, falta apenas o visto do Tribunal de Contas para que o projeto tenha início num total de 13 unidades escolares. A intervenção consiste na remoção do amianto existente nas coberturas e a substituição por painéis sandwich que garantem as condições térmicas e de isolamento adequadas.

O tempo das obras de remoção e substituição varia de escola para escola, em função das áreas e dos tipos de edifício, mas estão estipulados um período mínimo de 20 dias e um máximo de 72 dias. Como o município tem um número relevante de escolas a intervencionar, isso obriga a uma articulação cuidadosa entre os executores das obras e a comunidade educativa. O objetivo é interferir o menos possível no calendário escolar.

«Pelo facto do município e do poder central estarem verdadeiramente empenhados neste processo, o que é notório, a intervenção na totalidade das escolas de Almada certamente será mais célere e eficaz, contribuindo assim para a melhoria das condições de aprendizagem e de trabalho em todas as escolas do concelho», esclarece o vereador João Couvaneiro, responsável pelo Departamento de Educação do município.

O amianto é um produto durável e de baixo custo. A sua aplicação ocorreu em larga escala entre os anos 50 e 80 do século passado, mas está proibido pela União Europeia desde 2005, por representar uma ameaça à saúde pública. O financiamento do projeto de remoção é assegurado a 100% por fundos comunitários, mas as despesas adicionais, com estruturas modulares e fiscalização das empreitadas, serão asseguradas pelo município.

5 milhões 13 14.000

É o valor dos investimentos

É o número de escolas a intervencionar

É o total de alunos abrangidos por essas melhorias

ESCOLAS A INTERVENCIONAR

• Escola Básica Carlos Gargaté • Escola Básica D. António da Costa • Escola Básica da Costa da Caparica • Escola Básica da Trafaria • Escola Básica de Alembrança • Escola Básica Elias Garcia • Escola Básica do Miradouro de Alfazina • Escola Básica e Secundária Anselmo de Andrade • Escola Básica e Secundária Francisco Simões • Escola Secundária António Gedeão • Escola Secundária Daniel Sampaio • Escola Secundária de Cacilhas-Tejo • Escola Secundária Fernão Mendes Pinto

ESCOLAS NA PANDEMIA

As crises também ensinam

Numa quinta-feira, dia 12 de março de 2020, o Conselho de Ministros aprova um conjunto de medidas extraordinárias e urgentes para dar resposta à pandemia de Covid-19. Um dos setores mais afetados por essa decisão foi o da educação, com a suspensão das atividades presenciais em todos os graus de ensino.

A mudança repentina obrigou a uma pronta adaptação de todo o sistema de ensino. Os problemas começaram a surgir. Os recursos técnicos eram limitados. Muitos professores nunca tinham usado as ferramentas de comunicação do Ensino à Distância. Um bom número de estudantes não tinha acesso aos equipamentos. Havia muito a fazer e era preciso reagir.

«Durante o primeiro confinamento verificou-se a proatividade e articulação de agentes locais - ONG’s, Universidade, Juntas de Freguesia e CMA - na criação de uma campanha de angariação de computadores usados, para serem entregues aos alunos que não dispunham de TIC para acompanhar o Ensino à Distância. Com esta rede de parceiros foi possível reunir, recondicionar e entregar 1.150 computadores a alunos carenciados, entre abril de 2020 e maio de 2021», explica o vereador João Couvaneiro.

Outra resposta apresentada pelo município foi a contratação de profissionais. O Plano de Contingência para a COVID-19 impunha protocolos sanitários rigorosos e era preciso investir em mais recursos humanos. O município de Almada respondeu, por exemplo, com um aumento cerca de 30% do número de assistentes operacionais no pré-escolar, tendo hoje 130 trabalhadoras para 100 salas.

O maior impacto da pandemia foi, seguramente, no plano pedagógico. Era preciso ser imaginativo para manter a qualidade. «Ao nível dos projetos educativos, e de todo o trabalho desenvolvido em rede, a criatividade é um recurso-chave para a co-criação de modelos e iniciativas que assegurem os objetivos pedagógicos com a máxima eficiência e eficácia no que se refere à afetação de recursos financeiros», finaliza o vereador João Couvaneiro.

COMUNIDADE EDUCATIVA

Para vencer os desafios, a resposta está nas pessoas

GRAÇA CARVALHA

A distância aproximou as pessoas

Graça Carvalha é diretora do agrupamento composto pelas escolas básicas Louro Artur, Santa Maria e a Carlos Gargaté, com um universo educacional de 1250 alunos, 100 professores e 40 funcionários. Com 33 anos de carreira no ensino, diz que os últimos meses, marcados pela pandemia, impuseram desafios aos quais foi preciso dar respostas rápidas e eficazes.

«Acho que demos uma resposta muito positiva. Não se pode dizer que foi fácil porque sabíamos muito pouco acerca da doença, estávamos todos com medo das consequências e, de repente, não sabíamos como ensinar aos nossos alunos porque eles não estavam ali. O professor estava habituado ao longo da sua carreira a estar dentro da sala de aula em contacto direto com os alunos», lembra Graça Carvalha.

Professores, alunos e famílias, todos foram envolvidos. «A distância aproximou as pessoas, num grande espírito de entreajuda. Houve uma campanha grande de solidariedade para com as famílias mais carenciadas, quer na angariação de equipamentos informáticos, que a própria CMA também sustentou, como entidades privadas, a FCT, anónimos e famílias, assim como as questões relacionadas com a alimentação. Foram providenciadas refeições para os alunos carenciados», prossegue.

Para Graça Carvalha, os momentos mais difíceis vieram reforçar o que já era uma identidade. «No meu agrupamento, eu destacaria o sentimento de pertença. Os professores da escola identificam-se com o projeto educativo e a escola tem uma identidade muito própria. Todos trabalhamos para o mesmo objetivo», acrescenta a diretora.

AMÉRICO JONES

Saber pensar, para saber fazer

A transição digital não é apenas um processo de informatização. É, mais do que tudo, uma nova forma de resolver os problemas. É um facto que cria pressão sobre a sociedade e as empresas, mas também nas escolas, que têm a missão de formar jovens integrados nesta realidade. Os meios digitais evoluem muito rápido e muitas vezes é difícil, para as escolas, estarem a passo com esses avanços.

Américo Jones é professor de Multimédia na Escola Básica e Secundária Francisco Simões, no Laranjeiro, e diz que há uma lacuna no que diz respeito a equipamentos. Os computadores existentes têm 14 anos e, apesar da constante manutenção pela equipa responsável pelos equipamentos, não permitem a utilização dos softwares mais adequados ao curso», analisa.

O professor diz que há sempre coisas a melhorar, mas que isso não retira qualidade aos alunos. Os projetos desenvolvidos para a autarquia municipal são um apoio importante, pois permitem equipar o curso com material essencial para os alunos. E explica que o sucesso do processo educativo também está centrado nas pessoas. «Os pontos positivos passam, sempre, pelo esforço e dedicação que os professores aplicam na sua prática letiva e no interesse e disponibilidade que os nossos alunos revelam na sua capacidade de adaptação», afirma.

Américo Jones finaliza dizendo que «o professor tem que poder e querer ensinar o ‘saber pensar’ para que se enquadre e cruze com o ‘saber fazer’».

DÁLIA MARINA

O gosto de trabalhar com crianças

Quando uma pessoa faz o que gosta, o trabalho é sempre motivo de satisfação. É o caso de Dália Marina, que atua como assistente operacional na rede pré-escolar da Câmara Municipal de Almada há 14 anos. Mas o gosto de trabalhar com crianças veio mais cedo. «Foi sempre uma área que me fascinou desde muito cedo. Adoro crianças e é com muita dedicação que o faço. Estou grata por ter sido nesta área o meu primeiro emprego, onde já conto com 30 anos a trabalhar», explica.

Dália Marina diz que o trabalho em equipe, no sentido de desenvolver atividades que estimulem o desenvolvimento das crianças, é a parte mais recompensadora. «Para mim a melhor parte do trabalho é ajudar a desenvolver as atividades promovidas pelos docentes. É muito bom trabalhar em equipa. E quando se tem uma boa equipa é muito gratificante. Adoro ver a capacidade como as crianças interagem nos desafios do dia a dia», acrescenta.

Se pudesse mudar alguma coisa? Dália Marina diz que o reconhecimento e valorização da carreira de assistente operacional podia ser um passo importante, uma vez que estes profissionais têm funções muito importantes numa escola.

TOMÁS SENA

O salto para a universidade

A transição da escola secundária para a universidade é um momento marcante na vida de qualquer estudante. Tudo muda e novos desafios surgem. Mas é também neste momento que a qualidade do ensino secundário pode fazer a diferença. Tomás Sena frequenta o primeiro ano da licenciatura em Matemática Aplicada à Economia e à Gestão, no ISEG - Instituto Superior de Economia e Gestão, em Lisboa. E traz na bagagem um período de seis anos na Escola Secundária Fernão Mendes Pinto, no Pragal.

Tomás Sena fala da sua trajetória. «Quando entrei no ISEG, conheci melhor a sua organização pedagógica e apercebi-me que a faculdade não aposta só em transmitir os conhecimentos necessários a obter no curso, mas também incentiva o espírito crítico, o trabalho de equipa, a partilha, a liderança, a colaboração, entre outras. Ao contrário de algumas pessoas que não estavam habituadas a isso, todas estas coisas não foram novidade para mim, pois já eram aplicadas na escola secundária, onde pude desenvolver inúmeras competências», explica.

Para onde aponta o futuro? Tomás Sena diz que o objetivo é vir a ser professor de matemática e, num futuro mais distante, assumir um cargo de direção e gestão na área da educação ou da juventude.

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