Programa Os Sons de Almada Velha 2017

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A Câmara Municipal de Almada, a Nova Almada Velha - Agência de Desenvolvimento Local e a Academia de Música de Almada organizam a 8ª edição dos “Sons de Almada Velha” com uma programação que tem como ponto de partida as comemorações dos 450 anos do nascimento de Claudio Monteverdi (1567/1643), com o intuito de homenagear este grande compositor da história da música ocidental e, ao mesmo tempo, transpor algumas das vivências musicais da sua época, tão repleta de situações antagónicas e plena de mudanças. Não obstante a obra de Monteverdi conter, por si só, uma variedade de géneros e qualidade musical suficientes para se constituir como temática única de programação de qualquer ciclo de concertos, o que mais nos importou realçar foram as profundas transformações ocorridas durante a sua vida, e para as quais o seu contributo terá sido definitivamente decisivo. No que diz respeito ao nosso país, os efeitos acumulados da crise do Império, da Contra Reforma e da perda de independência política, reduziram progressivamente o país a uma situação de isolamento e subordinação cultural. Felizmente, e ao que tudo indica, a música terá sido a arte menos afetada por todo este processo de decadência cultural, social e económica. Com o desaparecimento da corte a partir de 1580 e a retirada da nobreza para os seus solares da província, a música profana deixou de encontrar um meio favorável ao seu desenvolvimento. Em contrapartida, a música religiosa desabrochou com renovado vigor, muito especialmente durante o domínio filipino, constituindo uma alternativa ao estado de depressão em que mergulhara a sociedade civil e laica. Por último, e igualmente em modo de efeméride, não podemos deixar de referenciar o concerto que se encontra incluído na tournée de Aniversário (30 anos) e de Despedida de um dos mais importantes grupos de música antiga da atualidade, o Flanders Recorder Quartet. Até breve!

When we designed the programme for this 8th edition of “Sons de Almada Velha”, we used as our starting point the commemorations of the 450th anniversary of the birth of Claudio Monteverdi (1567/1643), with the idea of paying homage to this great composer in the history of Western music, and to bring to life some of the musical experiences of his era, a period laden with conflicting situations and an abundance of changes. Monteverdi’s work, in itself, covers a wide enough variety of genres and has the musical quality to be the only theme in the programme of any cycle of concerts. Nevertheless, what we felt to be important to highlight were the profound transformations that took place during his lifetime, where in musical terms, an astonishing variety of techniques, styles, forms and contentious situations would have been experienced, to which Monteverdi’s contribution and involvement was absolutely decisive. Regarding Portugal, the cumulative effects of the crisis of the Empire, the Counter-Reformation and the loss of political independence progressively reduced the country to isolation and cultural subordination. Thankfully, everything points to the fact that music was the least affected art by all this process of cultural, social and economic decline. Lastly, and equally evoking a special date, we must mention the concert that has been included in the Anniversary (30th) and Farewell tour of one of the most important early music groups of today, the Flanders Recorder Quartet. See you soon!


30 set.

07 OUT.

14 OUT.

Suono Cantabile (Portugal)

Capella Patriarchal (Portugal)

Flanders Recorder Quartet (Flanders)

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Lamenti e Sospiri

António Carreira Obras para órgão e Stabat Mater Frei António Carreira Responsórios de Quinta-Feira Santa e Missa Ferial

Final Chapter 30 anos Aniversário & Despedida

30 September 19h | 7 p.m. Igreja da Misericórdia Almada th

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7 October 18h30 | 6:30 p.m. Igreja de Santiago Almada th

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14th October 21h | 9 p.m. Igreja Nossa Senhora do Bom Sucesso Cacilhas

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21 OUT.

28 OUT.

21 October 19h | 7 p.m. Ermida de São Sebastião Almada

28th October 19h | 7 p.m. Igreja do Seminário Maior de São Paulo Almada

Arte Mínima (Portugal)

L´Estro d´Orfeo (Espanha)

st

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Todas as palavras são onomatopeias Madrigais do 4º e 5º Livro de Claudio Monteverdi

Ad Servitium Ecclesiae

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••• biografias

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30 set.

30th September 19h | 7 p.m. Igreja da Misericórdia Almada

Concerto com entrada livre, sujeita ao levantamento de bilhete no local, a partir das 18h

Lamenti e Sospiri No programa Lamenti e Sospiri damos voz a um dos géneros musicais mais expressivos da música vocal do século XVII: o Lamento – canção composta por versículos, de tema normalmente triste, obscuro ou mesmo trágico, sendo uma das formas mais emotivas de exprimir, através da música, a tristeza, a pena ou o sofrimento por amor. Ao longo deste concerto iremos alternar os Lamenti com alguns momentos de fruição, jocosidade musical e textual.

Lamenti e Sospiri In the programme Lamenti e Sospiri we are spotlighting one of the most expressive musical genres of 17th century vocal music: the Lamento – a song comprising verses, normally around a sad, obscure or even tragic topic - one of the most emotional ways of expressing sadness, pity or heartbreak through music. Throughout this concert we are going to alternate the Lamenti with some enjoyable, light-hearted music and text.

Concert with free entrance, subject to tickets being collected as from 6pm

••• Suono Cantabile (Portugal) Orlanda Velez Isidro Soprano Helena Raposo Alaúde | Lute Biografias Pág. 18

OrlandaVelez Isidro

▶ Espólio documental Pág. 28

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António Carreira (a.1540-a.1597) Obras para órgão e Stabat Mater Frei António Carreira (c.1550/55-1599) Responsórios de Quinta-Feira Santa e Missa Ferial António Carreira (a.1540-a.1597) e do seu filho Frei António Carreira (c.1550/55-1599) ocupam um lugar de indiscutível relevância na panorâmica da música portuguesa quinhentista. António Carreira, Mestre de Capela em Lisboa, foi a mais importante figura da música de órgão portuguesa de meados do século XVI. As suas obras para órgão conservam-se na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (P-Cug MM 242). Frei António Carreira foi eremita de Santo Agostinho e faleceu em Lisboa, no Convento da Graça, em 1599. Escreveu várias obras vocais destinadas à liturgia da Semana Santa, as quais se encontram no chamado Livro de São Vicente, atualmente conservado no Arquivo da Sé Patriarcal de Lisboa (P-Lf FSVL 1P/H6). A morte prematura de Frei António Carreira impediu-o de levar a cabo o projeto de editar as obras do seu pai. Os seus Responsórios de Quinta-Feira Santa e a Missa Ferial serão apresentados neste concerto, assim como o Stabat Mater de António Carreira. ▶ Espólio documental Pág. 28

António Carreira (a.1540-a.1597) Organworks and Stabat Mater Friar António Carreira (c.1550/55-1599) Responsórios de Quinta-Feira Santa and Missa Ferial António Carreira (a.1540-a.1597) and his son Friar António Carreira (c.1550/55-1599) are unquestionably prominent figures of Portuguese music of the fifteen-hundreds. António Carreira, a Chapel Master in Lisbon, was the most important figure in Portuguese organ music of the mid-16th century. His organ works - some of which will be presented at this concert - are kept in the University of Coimbra’s General Library (P-Cug MM 242). Friar António Carreira was a Hermit of Saint Augustine who died in Lisbon in 1599, in the Convento da Graça. He wrote various vocal works for the Holy Week liturgy, which can be found in what is known as the Livro de São Vicente, currently kept in the Archives of the Lisbon Cathedral. Friar António Carreira’s premature death prevented him from completing the project for editing his father’s works. His Responsórios de Quinta-Feira Santa and Missa Ferial will be presented at this concert, as well as António Carreira’s Stabat Mater.

07 OUT. 7th October 18h30 | 6:30 p.m. Igreja de Santiago Almada

••• Capella Patriarchal (Portugal) Mónica Santos Soprano Carolina Figueiredo Contralto João Rodrigues Tenor Manuel Rebelo Baixo | Bass João Vaz Órgão e direção Organist and conductor Biografias Pág. 19

JoãoVaz

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Final Chapter 30 anos - Aniversário & Despedida Com este programa, o Flanders Recorder Quartet vem presentear-nos, pela última vez, com a sua forma peculiar de tocar e de se apresentar em concerto. Ao longo dos seus 30 anos de existência, o FRQ habituou o seu público ao lançamento de um novo programa a cada aniversário; não apenas pelo amor que os seus elementos nutrem pelo instrumento que tocam, mas também como forma de reconhecimento a todo o apoio que o público lhes tem prestado ao longo destes anos. Este tem sido provavelmente o segredo da preservação do espírito entusiástico que se mantém desde a sua formação, e que tanto caracteriza este grupo. Neste concerto serão explorados diversos séculos de música, haverá espaço para muita inspiração, para além de serem abordadas inúmeras estruturas musicais contrastantes. O foco deste programa serão transcrições de música para órgão e traverso, um conjunto de composições que varia entre o antigo e o novo e que incluem duas novas encomendas, havendo ainda espaço para uns surpreendentes ritmos swingados. O programa parece-nos ser acima de tudo uma grande homenagem à Flauta Doce, um final eloquente, colorido e estrondoso. ▶ Espólio documental Pág. 28

Final Chapter 30th Anniversary & Farewell This programme will be the Flanders Recorder Quartet’s last chance to offer us its characteristic, unique way of playing and performing. Throughout its 30 years of existence, the FRQ has accustomed its audience to the launch of a new programme on each anniversary; not only because of the love its members have for the instrument they play, but also as a way of acknowledging all the support the audience have provided over all those years. This has probably been the secret to maintaining the enthusiasm that has remained since its formation, and which is so characteristic of this group. This concert will bring to light music, flavours and colours from different centuries with plenty of room for inspiration, besides touching on a wide range of contrasting musical structures. This programme will focus on musical transcriptions for organ and traverso, a set of compositions that vary from old to new and which include two new commissions, while there will also be the opportunity for some surprising swing rhythms. It seems to us that Final Chapter is first and foremost a programme that pays a tremendous tribute to the Recorder, in an eloquent, colourful and resounding finale.

14 OUT. 14th October 21h | 9 p.m. Igreja Nossa Senhora do Bom Sucesso Cacilhas

••• Flanders Recorder Quartet (Flanders) Tom Beets Bart Spanhove Joris Van Goethem Paul Van Loey Biografias Pág. 21

Tom Beets

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Todas as palavras são onomatopeias Madrigais do 4º e 5º Livro de Claudio Monteverdi Existe uma tese, designada Musilinguagem, que afirma que há milhares de anos música e linguagem formavam um ente indistinto – chamado precisamente musilinguagem – que representaria a primeira ferramenta de comunicação sonora entre os nossos ancestrais. A evolução do Homem terá sido acompanhada por uma bifurcação: a música enfatiza o som enquanto significado emotivo, enquanto a linguagem enfatiza o som enquanto significado referencial. Esta hipótese convida-nos a imaginar um mundo onde todas as coisas eram referenciadas por onomatopeias. A palavra “cruel” advém do [kɾw] inicial? É por aqui, embora possa não parecer, que chegamos a Claudio Monteverdi. “…l’oratione padrona del armonia”, assim com estas palavras defende Monteverdi a sua Seconda Pratica, termo que cunha no seu Quinto Libro di Madrigali mas cujas características são já manifestas no Quarto. Com este compositor, não se trata apenas de fazer com que a música respeite o texto literário, coloca-se a ênfase expressiva na declamação – o recitar cantando. ▶ Espólio documental Pág. 29

All words are onomatopoeias Madrigals from the 4th and 5th Book of Claudio Monteverdi There is a theses, called Musilanguage, which states that thousands of years ago, music and language formed one indistinct entity, called just that musilanguage - which represented the first tool for our ancestors to communicate sound. Along with the evolution of Man, musilanguage forked: music emphasizes sound as an emotive meaning, while language emphasizes sound as a referential meaning. This hypothesis is in invitation for us to imagine a world where all things were referenced through onomatopoeias. How much of the cruelty of the word “cruel” comes from the [kɾw] at the beginning? And although it may seem strange, this is how we arrive at Claudio Monteverdi. “…l’oratione padrona del armonia”; it is with these words that Monteverdi defends his Seconda Pratica, a term he coins in his Quinto Libro di Madrigali but whose characteristics have already been seen in the Quarto Libro. It is not just a question of making the music respect the literary text, but placing the expressive emphasis on the declamation - the recitar cantando. Pedro Sousa e Silva

21 OUT. 21st October 19h | 7 p.m. Ermida de São Sebastião Almada

••• Arte Mínima (Portugal) Orlanda Isidro Velez Canto Brígida Silva Canto Gabriela Braga Simões Alto Luís Toscano Tenor Bruno Pereira Baixo | Bass Pedro Sousa Silva Direção | Conductor Biografias Pág. 23

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L´Estro d´Orfeo Ad Servitium Ecclesiae Durante os séculos XVI e XVII, a Igreja assumiu um importante papel relativamente ao mecenato nas artes e na criação de obras dirigidas a Deus. A música assumia uma parte essencial nos ritos litúrgicos; todas as grandes igrejas e catedrais eram servidas por um diretor musical, responsável por toda a parte musical e que compunha para as diversas cerimónias religiosas. No decorrer da primeira metade do século XVII praticamente todos os compositores da época estiveram, em algum momento da sua vida ao serviço da Igreja e eram muitos deles eram também sacerdotes e/ou faziam parte de alguma ordem eclesiástica. Estar ao serviço da Igreja não queria dizer que todo o seu trabalho se centrasse exclusivamente na música sacra. Muitas das coleções de obras publicadas na altura incluíam referências à igreja e à música de câmara, conjuntamente. Com este programa propõem-se a audição da obra do seiscento Italiano, através da mão de Claudio Monteverdi e seus contemporâneos, todos eles compositores ao serviço da Igreja.

L´Estro d´Orfeo Ad Servitium Ecclesiae During the 16th and 17th centuries, the Church played a very important role in the patronage of the arts. Music was an essential part of the liturgical rites; all major churches and cathedrals had a musical director, responsible for all musical matters. Throughout the first half of the 17th century, practically all the composers of that era were at some point in their life, at the service of the Church; many of them were also priests and/or were part of some ecclesiastical order. However, being at the service of the Church did not mean that all their work was centred exclusively around sacred music. Many of the collections of works published at the time included joint reference to the church an chamber music. This programme entitled Ad Servitium Ecclesiae (at the service of the Church), offers the opportunity to listen music of the Italian seiscento, through the hand of Claudio Monteverdi and his contemporaries, all of whom were composers at the service of the Church.

28 OUT. 28th October 19h | 7 p.m. Igreja do Seminário Maior de São Paulo Almada

••• L´Estro d´Orfeo (Espanha) Leonor de Lera Violino barroco Baroque violin David Brutti Cornetto | Cornett Boris Winter Violino barroco Baroque violin Noelia Reverte Viola da gamba Miguel Rincón Teorba e Guitarra barroca | Theorba and Baroque guitar Javier Núñez Cravo | Harpsichord Leonor de Lera Direção artística Artistic director Biografias Pág. 24

Leonor de Lera ▶ Espólio documental Pág. 29

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biografias Biographies 17


• 30 set. Orlanda Velez Isidro nasceu em Évora, onde estudou violino e piano. Aos 19 anos iniciou o estudo do canto, com Maria Repas Gonçalves. Em 1997, foi para a Holanda, tendo concluído em Junho de 2000 uma pós-graduação em Canto pelo Conservatório Real de Haia. É soprano residente no Dutch Bach Society Choir and Orchestra; foi soprano no Amsterdam Baroque Choir and Orchestra, no Radiokoor e no Dutch Chamber Choir; fez parte do “Quinteto Kassiopeia” (repertório madrigalista séculos XVI e XVII), tendo gravado 6 volumes da integral dos madrigais de Gesualdo. Como solista e em música de câmara apresentou-se, nomeadamente com Divino Sospiro de Enrico Onofri, em várias edições dos Festivais de Ambronay e Nantes, na Festa da Música em Lisboa e em diversos festivais de Música Antiga em Portugal, com Flores da Música e Concert de l’Ouest, sob a direção de João Paulo Janeiro, com particular destaque para a apresentação do CD Te Deum de Francisco António de Almeida; apresenta-se igualmente com frequência com o Ludovice Ensemble, dirigido por Mi▶ 18 Espólio documental Pág. 29

guel Jaloto, em diversos festivais, de onde se destaca os Dias da Música no CCB, em Lisboa. Internacionalmente apresentou-se sob a direção de maestros como Frans Brüggen, William Christie (Jardins desVoix - Academia para Jovens Solistas), Ton Koopman, Eduardo Lopez Banzo, Frederik Malmberg, Enrico Onofri, Gabriel Garrido, em projetos com gravações de CD e DVD de compositores como J. S. Bach, C.P.E. Bach, Buxtehude, Charpentier, Moulinié, e Mendelssohn. Gravou ainda com a soprano Jill Feldmann, duetos de Mazzocchi. É licenciada em Ciências Musicais pela UNL-FCSH, via Animação Musical. É professora de canto e de mú-

sica de câmara. Frequenta a pós-graduação em Psicoterapia Somática. Helena Raposo nasceu na cidade de Ponta Delgada, Açores. Estudou Guitarra Clássica no Conservatório Regional de Ponta Delgada, tendo completado em 2008 a Licenciatura em Alaúde e Teorba pelo Departamento de Música da Universidade de Évora, como bolseira da Fundação Medeiros e Almeida. No mesmo ano, é admitida no programa de Mestrado em Performance (MMUS) - Práticas de Interpretação Histórica na Faculdade de Música Antiga do Trinity College of Music em Londres, curso que completou em 2009 como bolseira daquela instituição.


Como intérprete Helena Raposo tem atuado em Portugal, Espanha, Inglaterra, Alemanha, Bélgica e Itália, com diversos ensembles, tanto como solista, como no papel de contínuo e/ou acompanhamento. O seu repertório, bastante vasto, abrange a música medieval, renascimento e período barroco. É membro da European Lute Orchestra desde 2013. Em 2014 gravou para a WESO (TheWest European Symphony Orchestra) e muito recentemente para a Antena 2, uma obra do compositor Daniel Schvetz. Na temporada 2017/18 participará como artista convidada numa produção dedicada a Monteverdi no Theatre Lübeck, Alemanha. É atualmente professora de Alaúde e Música Antiga na Escola de Música do Conservatório Nacional.

• 07 out. A Capella Patriarchal, agrupamento de criação recente, contando já com diversas apresentações em Portugal, Espanha e Alemanha, é um projeto destinado fundamentalmente à divulgação dos tesouros da música sacra portuguesa. Apresenta frequentemente obras inéditas, pautando-se por um cuidadoso trabalho prévio de investigação das fontes musicais, assim como por um intenso esforço de observação das práticas interpretativas das diversas épocas. A presença do órgão na formação do grupo permite não

só a interpretação das obras em que o instrumento executa uma parte obrigada ou simplesmente o baixo contínuo, como também o repertório mais antigo, seguindo a tradição da polifonia vocal acompanhada pelo órgão ou por outros instrumentos. Em 2011, a Capella Patriarchal gravou em CD os Responsórios de Quinta-Feira Santa e Missa Ferial de Frei Fernando de Almeida, assim como os Responsórios de Sexta-Feira Santa de Frei José Marques e Silva, as primeiras gravações dedicadas àqueles compositores. Atualmente prepara a gravação de um CD com polifonia portuguesa tardo-quinhentista.

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dezena de gravações discográficas a solo, salientando-se as efetuadas em órgãos históricos portugueses. Leciona Órgão na Escola Superior de Música de Lisboa e é diretor artístico do Festival de Órgão da Madeira e das séries de concertos que se realizam nos seis órgãos da Basílica do Palácio Nacional de Mafra (de cujo restauro foi consultor permanente) e no órgão histórico da Igreja de São Vicente de Fora, em Lisboa (instrumento cuja titularidade assumiu em 1997). João Vaz é diplomado em Órgão pela Escola Superior de Música de Lisboa, onde estudou com Antoine Sibertin-Blanc, e pelo Conservatório Superior de Música de Aragão, em Saragoça, onde trabalhou com José Luis González Uriol, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. É também doutorado em Música e Musicologia pela Universidade de Évora, tendo defendido uma tese sobre a música portuguesa para órgão de finais do século XVIII, sob a orientação de Rui Vieira Nery. Tem mantido uma intensa atividade a nível internacional, quer como concertista, quer como docente em cursos de aperfeiçoamento organístico, ou membro de júri de concursos de interpretação. Efetuou mais de uma 20


• 14 out. Desde a sua fundação, em 1987, o Flanders Recorder Quartet evoluiu para um dos principais ensembles do mundo. O sucesso do conjunto, em 1990, na prestigiada Musica Antiqua Competition, em Brugge, patrocinada pelo Festival da Flanders, deu início a uma carreira concertística de enorme sucesso. Depois de mais de 1800 concertos nos cinco continentes, incluindo alguns em salas de concerto mundialmente famosas em Tóquio, Nova Iorque e Salzburg, o ensemble atingiu uma posição de destaque no mundo da música antiga. Ao longo dos anos, o FRQ tem participado regularmente como convidado nos principais festivais de música, como os de Helsínquia, Paris, Genebra, Boston, Vancouver, Singapura, Taipé e Cidade do México. Efetuou numerosas gravações para as editoras Harmonia Mundi, Archiv / Deutsche Grammophon, Ricercar, e OPUS 111. Em 2003 o quarteto iniciou uma longa e intensa colaboração com a gravadora alemã AEOLUS. O Flanders Recorder Quartet apresenta um instrumento que foi subestimado durante quase dois séculos. A sua extraordinária coleção é composta

por reproduções de instrumentos, tendo como base as ilustrações de Virdung (1511) e os originais da coleção de Henry VIII, um grande-baixo barroco, com cerca de 2,3 metros de comprimento (construído por Friedrich von Huene, Boston), e flautas doces modernas construídas por Hans Coolsma (Utrecht). A extensa coleção de instrumentos, o desempenho virtuoso dos seus intérpretes, um leque variado de programas, fazem de cada concerto uma experiência inesquecível, para além de promover e dignificar a flauta doce, um dos instrumentos mais importantes dos períodos renascentista

e barroco, recuperando todo o brilho e esplendor do seu passado. Os membros da Flanders Recorder Quartet construíram também impressionantes carreiras docentes, sendo capazes de transmitir as suas ideias pedagógicas de forma inspiradora, tanto enquanto professores como nas inúmeras masterclasses que realizam. Ao fazê-lo não evitam o confronto entre a música contemporânea e a antiga. Um dos resultados mais palpável deste trabalho foi a edição do livro sobre a arte de se tocar em ensemble, The Finishing Touch of Ensemble Playing (Alamire, 2000), já traduzido para diversas línguas. 21


O Flandres Recorder Quartet tem sido também aclamado pelos seus interessantes arranjos e pelas mais de quarenta composições que lhes foram dedicadas. Algumas destas peças foram colocadas à disposição do grande público através da publicação da edição de uma coleção do próprio ensemble, The Flanders Recorder Quartet Series, publicados pela editora alemã Heinrichshofen. A imprensa, o público e os diversos júris internacionais têm elogiado a forma clara e precisa do seu som conjunto, a perfeição técnica, a homogeneidade sonora e o rigor estilístico das suas interpretações: “um efeito sedutor e suave, que mais parece ser uma fusão do timbre soprado de um órgão portativo com a precisão expressiva de um bom quarteto de cordas.” (S. Smith, New York Times). O grupo decidiu dissolver-se em finais de 2018. Factos e números: 1987-Fundação do Quarteto na Flandres, Bélgica 1988-Primeiro CD, Les Nations Primeira tournée internacional de concertos (Suécia) 1990-Primeiro prémio no prestigiado Musica Antiqua-Concours em Bruges 1991-Início da carreira internacional: concertos na Áustria, Suíça, 22

Hungria, Alemanha, Espanha e Itália 1994-Primeira tournée dos EUA (a partir de então, anualmente) 1995-Primeira tournée na Ásia (a partir daí anualmente) 1996-CD e concertos com o ensemble Musica Antiqua Köln (Sonata pro Tabula) CD e concertos Le quattro Stagioni com Marion Verbruggen 1997-O quarteto foi eleito Embaixador Cultural da Flandres (também em 1998 e 1999) 1998-Artista residente no Festival da Flandres 3 CDs: Armonia di Flauti, Sonata pro Tabula e Mit Flöten Chor 1999-Obtiveram a categoria de Preço Nacional para a promoção do património antigo e contemporâneo belga Edição do livro para ensembles de flautas The Finishing Touch of Ensemble Playing 2001-90 concertos em todo o mundo 2002-Tournée mundial com programa renascentista Magic com Capilla Flamenca e convidados 2003-Início de uma tournée de 3 anos com a obra para crianças Malus (mais de 100 concertos) 2004-Publicação da obra pedagógica Easy Going Início do contrato exclusivo com a editora Aeolus

2005-Longa tournée europeia com o CollegiumVocale 2007-CD Festa Musicale 2008-CD The SixWives of HenryVIII + Malus DVD 2010-CD Nowel, Nowel com ensemble vocal. 2011-Projeto Jukebox – tournée europeia 2012-Projeto de CD com Ensemble Syntagma 2012-CD Encore em agradecimento aos fãs e aos compositores belgas pelo seu apoio Programa Jubileu de Prata Felicitazione; Tournée com orquestra na Bélgica 2013-Concertos em França, Alemanha, Inglaterra, Escócia, EUA, Coreia, Taiwan... 2014-CD Concerti com orquestra para finalizar a tournée Jubileu de Prata 2015-Novos países visitados: Colômbia, República Checa, Eslovénia, Escócia 2016-Anúncio da dissolução e início da tournée de despedida: confirmados estão Bélgica, Holanda, França, Alemanha, Áustria, Portugal, Inglaterra, Escócia, Eslovénia, República Checa, Taiwan, Coreia do Sul, Japão, EUA 2017-Lançamento de um CD em quinteto com Saskia Coolen e do Best of FRQ com faixas inéditas sob a etiqueta da Aeolus 2018-Dezembro: a cortina vai descer.


• 21 out. Uma quantidade impressionante de fontes musicais do século XVI e XVII residentes em arquivos portugueses aguarda resgate. Apesar da atenção dada pela musicologia portuguesa passada e recente às coleções originárias de locais como os mosteiros de Santa Cruz de Coimbra ou de Alcobaça, ou das Sés de Braga, Viseu ou Évora, há ainda um trabalho imenso para se fazer, no sentido de voltar a dar voz ao imenso reportório contido nesses manuscritos e impressos. Nomes como Vasco Pires, Fernão Correia, Vicente Lusitano, António Carreira, Manuel Mendes, Filipe de Magalhães, Duarte Lobo, Pedro de Cristo, ou Estevão Lopes Morago são, infelizmente, ainda pouco conhecidos do público especializado e ausências frequentes dos programas das salas e festivais dedicados à música erudita, apesar da elevada qualidade das suas composições. ARTE MINIMA é um projeto de composição variável (5 cantores para este concerto) que nasceu com a intenção de contribuir para colmatar essa ausência. Fundado e dirigido por Pedro Sousa Silva, o grupo tem como premissa fundamental

estudar o reportório quinhentista e seiscentista, em particular o ibérico, a partir das fontes originais, tanto musicais como teóricas, para uma melhor compreensão da linguagem implícita na música e na sintaxe das práticas associadas. Desde a sua fundação, em Dezembro de 2011, ARTE MINIMA apresentou-se em diversos pontos do país, destacando-se as participações no Festival Internacional de Música Primavera de Viseu, Festival Internacional de Música da Póvoa deVarzim, Sons de AlmadaVelha, Música em São Roque e Encontros de Música Antiga de Loulé, e ainda no Festival Portico do Paraiso em Ourense (Espanha). “Um dia ouvi um concerto e a minha vida mudou”. Assim, parafra-

seando um personagem de Orhan Pamuk, poderia começar a biografia de Pedro Sousa e Silva. Esse evento, vagamente situado no ano de 1990, marca o início de uma viagem que nos traz a este momento e a este local. Foram sobretudo os encontros que mapearam o percurso: Pedro Couto Soares na Escola Superior de Música de Lisboa e, mais tarde, Pedro Memelsdorff na Civica Scuola di Musica, em Milão, foram mestres que deixaram marca indelével, e cujos ensinamentos são o fundamento da expressão de Pedro enquanto intérprete. Pedro é convidado regular de vários grupos de música antiga, mas é com os seus projetos A Imagem da Melancolia e Arte Minima, que desenvolve a

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maior parte da sua atividade concertística. Enquanto intérprete, Pedro apresentou-se em inúmeros pontos de Portugal, Espanha, França, Itália, Suíça, Holanda, Alemanha e Brasil, e gravou discos com as Vozes Alfonsinas, o Coro Gulbenkian e A Imagem da Melancolia, sempre utilizando cópias de instrumentos originais construídas pelos seus amigos Adrian Brown, Luca de Paolis e Monika Musch. O ensino é outra das expressões de Pedro enquanto músico, dedicando-lhe parte considerável do seu tempo. É Professor Adjunto na Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo, no Porto, onde coordenou o Curso de Música Antiga e o Mestrado em Música-Interpretação Artística. É convidado frequentemente para realizar cursos de aperfeiçoamento e conferências em instituições de ensino superior, tanto em Portugal como no estrangeiro (Conservatórios de Vigo, Aragón, Bruxelas, Conseza, Escolas Superiores de Música de Trossingen, Bremen e Oslo, Universidades de Viena e São Paulo, para dar alguns exemplos). Nos raros momentos em que não está ocupado como músico, Pedro gosta de olhar para o mar, jogar xadrez e ténis, ou de fazer outra coisa qualquer. 24

•28out. Fundado por Leonor de Lera em 2015, L'Estro d´Orfeo tem sido descrito por críticos como "um conjunto de qualidade excecional"; ensemble especializado em música instrumental do século XVII, utiliza nas suas performances instrumentos históricos e uma abordagem de acordo com a estética daquela época. Os seus membros, todos eles de

muito alto nível, têm ampla formação e uma vasta experiência profissional na área da música antiga; tocam regularmente com os melhores ensembles e orquestras na área da música antiga e apresentam-se regularmente nos mais prestigiados festivais e salas por todo o mundo. Apesar da sua recente formação, L'Estro d'Orfeo rapidamente atraiu o interesse do público, obtendo excelentes críticas na imprensa e recebendo convites para se apresentar em diversos festivais na Europa e na América.


barrokensemble, Orquesta Barroca de Sevilla e Los Mvsicos de Su Alteza; colabora regularmente com personalidades como Enrico Onofri, Christina Pluhar, Leonardo García Alarcón, Stefano Montanari, Alessandro di Marchi, Gabriel Garrido, Reinhard Goebel e Skip Sempé, entre outros. Em 2015 funda L'Estro d'Orfeo, um ensemble especializado em música instrumental do século XVII.

Depois de terminados os seus estudos de violino em Madrid, Leonor Lera mudou-se para Londres para prosseguir os seus estudos superiores em violino barroco com Rachel Podger, na Guildhall School of Music and Drama e na Royal Academy of Music, graduando-se em 2006. Posteriormente continuou os seus estudos com o mestre Enrico Onofri. Trabalhou em vários países da Europa com grupos como a Accademia Bizantina, L'Arpeggiata, Cappella Mediterranea, Ensemble Elyma, Divino Sospiro, Capriccio Stravagante, Euskal25




Espólio documental

••• ▶ Pormenor da capa do Livro de Assentos de Irmãos da Irmandade de Nª Sr.ª da Assunção de 1686-1923 da Paróquia de Almada. Centro de Documentação de Instituições Religiosas e da Família, Centro Social Paroquial Pe. Ricardo Gameiro Capa

••• ▶ Pormenor da Carta de Venda de 1474. Arquivo Histórico Municipal de Almada, Pergaminhos, n.º reg. 836. Pág. 06

••• ▶ Pormenor da folha 7v. do Foral Manuelino de Almada de 1513. Arquivo Histórico Municipal de Almada, Câmara Municipal de Almada, Forais, n.º reg. 988. Pág. 08

••• ▶ Pormenor do frontispício do Livro de Indulgências e Graças Espirituais da Irmandade do Santíssimo Sacramento de 1606-1616 da Paróquia de Almada. Centro de Documentação de Instituições Religiosas e da Família, Centro Social Paroquial Pe. Ricardo Gameiro Pág. 10

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•••

•••

▶ Pormenor da folha 10v. do Compromisso da Misericórdia de Almada de 1639.

▶ Pormenor da folha 77 do Livro de Escrituras e Papéis vários da Irmandade do Santíssimo Sacramento de 1554-1751 da Paróquia de Almada.

Arquivo Histórico da St.ª Casa da Misericórdia de Almada, L 48 Pág. 12

Centro de Documentação de Instituições Religiosas e da Família, Centro Social Paroquial Pe. Ricardo Gameiro

••• ▶ Pormenor da folha 1 do Compromisso da Misericórdia de Almada de 1639. Arquivo Histórico da St.ª Casa da Misericórdia de Almada, L 48 Pág. 16-17

Pág. 14

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INFORMAÇÕES ÚTEIS USEFUL INFORMATION

FICHA TÉCNICA Credits

Academia de Música de Almada Telefones | Telephones 21 295 20 92/ 960 175 767

Direção Artística Artistic direction Academia de Música de Almada

Câmara Municipal de Almada Almada City Council Telefones | Telephones 21 272 40 08

Edição e tradução de textos Editing and Text Translation Academia de Música de Almada Câmara Municipal de Almada FIT - Found in Translation

Recomendações ao Público Recommendations for the Audience

Produção Production Academia de Música de Almada Câmara Municipal de Almada Nova Almada Velha - Agência de Desenvolvimento Local

Os concertos têm entrada livre, limitada à capacidade das salas. O concerto a realizar na Igreja da Misericórdia, é igualmente de entrada livre, mas devido à reduzida capacidade, sujeita ao levantamento de bilhete no local, a partir das 18h. Desligue o telemóvel e o alarme do seu relógio antes do início do concerto. The concerts have free admission, although limited to the seating capacity. Switch off your mobile phone and the alarm on your watch before the concert begins.

Apoios, Patrocínio Sponsors Florista Pé de Flor Agradecimentos Special Thanks To Pe. Marco Luís, Pároco de Almada Pe. Quintino Trinchete, Pároco de Cacilhas Pe. Pedro Baldaia, Pároco do Pragal Pe. José Maria Furtado Pe. Rui Gouveia,Vice-Reitor do Seminário Maior de S. Paulo Pe. Fernando Paiva Santa Casa da Misericórdia de Almada Centro Social Paroquial Pe. Ricardo Gameiro




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