Classique

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Um projeto tipogrรกfico por Christiano Mere


TYPEFACE “as letras são coisas e não imagens de coisas” (Eric Gill 1940)


Explicações

Objetivos

A caligrafia como base para a boa tipografia n

A tipografia para texto n

Projeto Classique


Como pensar em letras sem antes pensar em caligrafia?

Jackson Alves Curitiba, Brasil

Estudos caligrรกficos para lettering


Acredito que s贸 podemos criar algo quando conhecemos sua natureza


Um certo tipo de caligrafia Clรกudio Gil

Estudos caligrรกficos Capitalis Monumentalis


Capitalis Romanas

ou Capitalis Monumentalis Ao lado, dois exemplos de caligrafia monumental com o Templo de Antonius em Roma, datada de 141 d.C., e abaixo um trecho da Coluna de Trajano, também em Roma, datada de 113 d.C.

Antes de serem gravadas nas fachadas das edificações romanas, os calígrafos da época pintavam essas letras utilizando pincéis para tal trabalho.

Essa caligrafia é até os dias de hoje exemplo de qualidade em desenho de letras.


Caligrafia mais de perto Cláudio Gil

Estudos caligráficos, góticas Textura, caligrafia Uncial e Romanas Rústicas


Escrita

Quadrata Usada em livros públicos, documentos reais e situações formais em geral. De escrita lenta, trabalhosa e sem espaço entre as palavras. O glifo “a” não possuía barra e não existiam


Escrita

Roma Rústica Usada em livros, documentos importantes e mas nao tão formais quanto as Quadratas O glifo “A” também não possuia barra e não existiam minúsculas.


Escrita

Roma Cursiva Esse estilo de escrita era usada cotidianamente e escrita com pena. Possuía elementos ascentendes e descendentes. Predominantemente composta por minúsculas. Suas características variam de acordo com o calígrafo.


O Livro de

KELLS (SÉC. VIII) Escrito por monges irlandeses, o Livro de Kells foi escrito em caligrafia uncial. Possui serifas triangulares acrescentadas às letras após a escrita. Considerado o livro mais belo de sua época, pelas suas letras, capitulares e iluminuras.


O surgimento das

minúsculas

Carlos Magno encomendou o desenho de uma letra com fluidez, legibilidade e estética agradável para ser a letra oficial do seu reinado. Surge a Minúscula Carolíngia de Carlos Magnus. A letra Carolíngia foi a componente gráfica essencial da Renascença, movimento de renovação cultural e intelectual.

Documentos oficiais do reinado de Carlos Magno


O lado negro da Caligrafia O conceito de texto surge na idade média com a Gótica Textura. Nas páginas feitas com essa letras, é possível perceber o comportamento da textura, uma trama de letras e linhas assim como um tecido. A palavra “texto” vem de “tecido”. Cláudio Gil

Estudo caligráfico com a escrita Gótica Fracktur


O surgimento das

letras góticas A busca por livros menores e portáteis transformam as fontes em desenho com larguras menores. Acredita-se que isso se deu para uma melhor difusão da Igreja Católica. Com esse novo desenho, surge a letra gótica, com desenho característico e formal da idade média.

A letra gótica (ou black letter) se espalhou e adquiriu características regionais.


A Regionalidade das

Letras Góticas

Há diferenças entre as góticas francesa (Textura), a alemã (Fraktur), as italianas (Bastarda) e espanholas (Rotundas), apesar de terem a mesma origem. As Rotundas são mais arredondadas, enquanto a Bastarda é menos formal e mais cursiva.

A letra “o” minúscula oferece uma boa maneira de identificação das famílias.

Versões digitais das famílias góticas

Textura Kacheloten (1495)



Renascença, o momento mais criativo da humanidade

O homem vitruviano de Leonardo da Vinci

O homem se torna o centro do universo, e isso muda toda a forma de se pensar o mundo

As mudanças desse período marcaram definitivamente a história.


A Bíblia de 42 linhas A renascença é dotada de inúmeras revoluções, mas nenhuma tão significativa para o conhecimento quando a prensa de tipos móveis de Johannes Gutenberg. Em seu primeiro impresso, Gutenberg tem a intenção de acelerar o processo de produção de livros com a mesma qualidade dos escribas, e com isso acaba gerando caracteres que simulam a escrita Gótica Textura (muito popular na época) dos escribas.

Diversas matrizes para cada glifo.


Surgem os tipógrafos e sua maneira de produzir Em resposta à revolução de Gutenberg, surgem os primeiros tipógrafos.. Estudiosos, produtores em desenho de letras e também em confecção impressão e produção de papel.

Entalhe, fundição, impressão e encadernação


Juntando ideias Carolíngias e Trajanas Nesse mesmo período, ocorre o nascimento dos alfabetos completos, com a junção das maiúsculas (Trajanas) e minúsculas (Carolíngias). Conhecemos assim o alfabeto romano.

Já dentro da renacença, o distanciamento da caligrafia e os pensamentos humanistas que tornam o homem o centro do mundo trazem evoluções para o desenho arquitetônico quando o desenho de letra toma formas mais leves e arredondadas, arejadamente generosas e proporcionais.

Ao topo, as letras da Coluna de Trajano; ao centro, as minúsculas Carolíngias; por fim, os estudos de letras humanistas.


Estudos de boa forma para as letras Foi neste período em que os estudos em busca da boa forma foram aprofundados, dando autonomia aos tipógrafos. Com seu desenvolvimento, os glifos acabaram se afastando da caligrafia tradicional, para serem mais tarde resgatadas como referências de qualidade.

Os tipógrafos mais importantes dessa época foram: Griffo, Garamond, Aldus e Caslon

Composição com as fontes Garamond, Aldus, Caslon, Griffo Clássico


Os livros e a massa em textos mais harmônicos Ao compreender a existência de um arquétipo básico dos caracteres herdada pela caligrafia, conclui-se que uma fonte, para ter sucesso, precisa ser eficiente ao atender estas exigências, e pouquíssimos reconhecerão sua novidade.

Tipos fundidos de Garamond

Uma família de texto deve ser praticamente invisível enquanto tipografia, sendo apenas legível, útil e funcional, atuando como uma ferramenta. Uma boa fonte de texto compõe linhas, parágrafos e livros inteiros, sendo uma letra operária.

Página impressa por Aldus em tipo móveis


Consequência das revoluções

Gravura de operário prensando uma página

Até pouco tempo, todas as revoluções tipográficas foram por consequência dos avanços tecnológicos. Em um salto para os dias de hoje, percebemos que isso mudou e muito. Hoje, é notável que o desejo é a palavra de ordem para construir uma família tipográfica.


O projeto maior e seus objetivos

A proposta deste projeto de graduação em design se configura a partir de um desejo de aprofundamento nos estudos sobre desenho e uso de tipos. Ao desenvolver uma família de tipos pensada para texto e explorar essa destreza, agrego este conhecimento à vida profissional.

O desenho de letras deste projeto é uma família tipográfica para texto. Baseado na apropriação dos princípios romanos do século XV e suas releituras, o projeto mistura a vivência e as experiências da tipografia contemporânea, buscando desenvolver uma família com a qualidade técnica do passado junto a uma plástica atual.


Um conceito Sobre o nome Classique Classique, uma palavra inventada que faz referência à palavra “clássica”, pois no projeto esse elemento tem presença fundamental. Ao reparar que a tonalidade marcante desta palavra fica no “ssí”, a sílaba foi mantida na construção do nome da fonte, resultando num nome forte e, além disso, não remete ao “Classic”, no inglês. Resolvi terminar a palavra com “que” para dar o mesmo tom de “sc”, mas ao mesmo tempo ganhando grande carga de português.

Página clássica composta por John Baskerville

Classique


A caligrafia para Classique Todos os estudos para o desenho da famíla se deu partir da caligrafia e do Work Shop do Cláudo Gil. Como a família Classique foi desenvolvida pensando-se em caligrafia e texto, ela assumiu as proporções caligráficas que ocasionou em uma altura de “x” muito generosa.

A altura de “x” é 6 vezes a haste mais larga e os ascendentes descendentes com 2 alturas e 1/2.


Os primeiros desenhos busca por um comportamento Após o estudo caligráfico, muito papel foi usado para chegar ao desenho final dos glifos.

O estudo das letras se deu partir da palavra “hamburguer font”, composição que traz os glifos mais característicos de uma fonte.


Os primeiros desenhos Maiúsculas O mesmo procedimento de desenho foi usado nas maiúsculas, pegando referências nas formas da Trajana.

Foi entendido um módulo de medida para os desenhos

A outra metade dos desenhos das capitulares foi feita direto no próprio programa vetorial.


Tradução Desenhos vetoriais

Primeira versão digital

O desafio foi traduzir os desenhos à mão para traços vetoriais com o mesmo ritmo nas curvas.

Algumas relações de desenho www.glyphsapp.com

O programa utilizado para programar e traduzir os desenhos em vetor foi o Glyphs Mini, uma versão reduzida que atende a todos os requisitos para programar uma fonte básica.


Principais glifos Maiúsculas, minúsculas e numerais Toda a estrutura que dá base ao desenho dos glifos está pensada pensadas em leitura de corpo reduzido. Por esse motivo, os ascendentes e descendentes são curtos e os espaços internos das letras são bem amplos.

A família conta também com numerais em estilo antigo.


Micro revoluções Características principais

Serifas Conjuga curvas e ângulos, seu peso é pensado para suportar reduções sem perder leitura.

As serifas conjulgam dois acabamentos. A transição grosso-fino acentuada e o eixo humanista são características marcantes da família Classique. Transição grosso-fino Bojo Área interna arejada, o que Com características ajuda na redução do glifo. caligráficas.

Terminais Em forma de gancho, trazem personalidade a fonte. Junções externas Articulam-se bem para melhorar a legibilidade. Orelha Em forma de gancho. Haste Representa 1/6 (um quarto) da altura “x”.

Terminais em forma de gancho, a orelha do glifo “g” com referências caligráficas e o glifo “s” com terminais espelhados fazem uma fonte bastante marcante. Isso tudo sem perder o seu objetivo, que é a leitura.

Eixo Humanista caligráfico e contrastes entre grosso-fino. Espinha Sinuosa com terminais em gancho.


Mapa de caracteres Vis達o geral do arquivo .otf


Ajustes de espaço Kerning trakin e outros Para ajustar os espaços entre letras, ou seja; o kerning, foi preciso sobrepor várias famílias para entender o comportamento do espaço entre caracteres.

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Sobreposição das famílias Classique e Garamond

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A massa de texto Função e forma Aqui está expresso os arquétipo básico dos caracteres herdada pela caligrafia. Onde uma fonte, para ter sucesso, precisa atender estas exigências de leitura, e pouquíssimos reconhecerão sua novidade.

Testes de peso ajudaram a compor o comportamento para massa de texto.


Corpo 8pt; entrelinha 9pt

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