Newsletter nº4.2: Na Onda da Pandemia, importa saber o que se passa na Educação

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OBSERVATÓRIO SOCIAL DE GAIA newsletter edição nº 4.2 NA ONDA DA PANDEMIA, IMPORTA SABER O QUE PASSA NA EDUCAÇÃO

NA ONDA DA PANDEMIA, IMPORTA SABER O QUE PASSA NA EDUCAÇÃO

Editorial

OBSERVATÓRIO SOCIAL DE VILA NOVA DE GAIA observatoriosocialgaia@gmail.com2

Como estão a reagir educadores/as e educandos/as à situação criada pela pandemia, sem a força enquadradora da instituição escolar, limitados aos desiguais recursos escolares e distan tes da interação física de professores/as e colegas? Que consequências se verificam nos ritmos e modos de aprendizagem? Quais as principais ansiedades, necessidades e expetativas que é possível identificar?

Este é um primeiro passo para esclarecer respostas de políticas públicas e para que, aos pou cos, possamos voltar a controlar o nosso destino comum.

Professor Catedrático da FLUP

João Teixeira Lopes

número especial da newsletter do Observatório Social de Vila Nova de Gaia, dar-vos-emos conta dos resultados para o nosso concelho de um inquérito concebido e apli cado pelo Observatório de Políticas de Educação e Desenvolvimento do centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.

A pandemia que nos assola traz consigo um mundo novo, de incerteza, risco e insegurança. Habi tuados a que a ciência e a tecnologia tenham formatadas respostas breves e certeiras para todas as nossas dúvidas e problemas, vemo-nos agora em terra de ninguém. Contudo, um imenso ob servatório se abre à nossa análise e interpretação, até porque, se queremos prevenir, precisamos de Assim,conhecer.neste

No referido Decreto-Lei, são estabelecidas as medidas excecionais e temporárias reati vas à situação epidemiológica do novo Coronavírus – COVID-19, com vista à promoção do desejável distanciamento social e isolamento profilático, com o objetivo de combater a progressão do surto pandémico. A primeira alínea do artigo 9.º determinou que ficas sem “suspensas as atividades letivas e não letivas e formativas com presença de estu dantes em estabelecimentos de ensino públicos, particulares e cooperativos e do setor social e solidário de educação pré-escolar, básica, secundária e superior (…).”, decisão com inevitáveis repercussões no quotidiano de milhares de estudantes e encarregados(as) de Nesteeducação.número

Desde o passado dia 16 de março, e na sequência da crise pandémica da COVID-19, os estabelecimentos de ensino nacionais foram encerrados por decreto do Governo. A suspensão das atividades presenciais, letivas, não letivas e formativas, foi determinada pelo artigo 9.º do Decreto-Lei n.º 10-A/2020, publicado no Diário da República (N.º 52/2020, 1.º Suplemento, Série I, de 2020-03-13).

especial, a análise focar-se-á, por um lado, na caracterização familiar e socioprofissional dos(as) inquiridos(as). Desta feita, incluíram-se os(as) pais/mães de alunos(as) de estabelecimentos de ensino nacional, os(as) encarregados(as) de educação de alunos(as) de estabelecimentos de ensino nacional que não são os(as) seus/suas pais/ mães e, ainda, os(as) inquiridos(as) que não têm quaisquer filhos(as) ou encarregados(as) de educação a frequentar a escola. Procurou-se compreender o impacto da pandemia no exercício da sua atividade profissional e interessaram-nos as suas representações sobre modo como o sistema de ensino português tem respondido à situação de exceção imposta pela COVID-19.

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A.

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Os dados analisados na atual newsletter correspondem a uma parte significativa do universo populacional inquirido no concelho de VNG: 227 pessoas. Desse conjunto, a parcela mais importante é a que concerne aos(às) inquiridos (as) que são pais ou mães de um(a) aluno(a) do sistema de ensino português (88,5%). Além destes, a população examinada incluiu 9,3% de pessoas que não têm fi lhos(as) ou educandos(as) a frequentar o sistema de ensino e uma percen- ta gem, mínima, de encarregados(as) de educação sem um vínculo parental com os(as) alunos(as) que têm a seu cargo (2,2%) (Figura 1). Há ainda uma clara so brerrepresentação feminina entre os(as)

BREVE CARACTERIZAÇÃO FAMILIAR E DOS(AS)SOCIOPROFISSIONALINQUIRIDOS(AS)

inquiridos(as) – 78,4% são mulheres, face a apenas 21,6% de respondentes do sexo masculino – o que, sendo a respos ta ao questionário voluntária, é, em cer ta medida, sugestivo do grau de com prometimento das mulheres enquanto educadoras e cuidadoras.

A ( Figura 3) serve para ilustrar a dimensão dos agregados domésticos a que pertencem os(as) inquiridos(as). Cada agregado seria composto pelas pessoas que responderam ao inquérito e por aquelas com as quais par tilham o espaço doméstico – e que podem ser, ou não, seus familiares. Verificou-se que a fatia mais significativa é a de 53% de agre gados domésticos formados por entre ´4 a 5’ elementos, seguida de perto pelos 42,7% de agregados constituídos por ´2 a 3´pes soas. Por sua vez, tanto os compostos por apenas uma pessoa como os mais numero sos – com entre ´6 a 7’ pessoas –, são, neste contexto, raros (2,2%, para ambas as situa ções). Recordamos que, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), aquando dos últimos censos, em 2011, a dimensão média dos agregados domésticos em Vila Nova de Gaia era de 2,6 indivíduos. De acordo com a mesma fonte, em 2019 esse valor era, para Portugal Continental, de 2,5 indivíduos. Po rém, no caso da nossa amostra, a média é de

0,4% 0,9% de escolaridade:

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2ºano)ciclo do ensino básico (até ao 6º

Figura 1 – Percentagem de inquiridos(as), por estatuto de apresentação. Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

Ensinoano) secundário (12.º ano ou antigo 7º ano do

3ºano)ciclo do ensino básico (até ao 9º

Doutoramento)Mestrado;(Licenciatura;EnsinosuperiorfrequênciaBacharelatoliceu)oudoensinoSuperior

O nível de escolaridade da população inquiri da (Figura 2) sustenta a tese, defendida na ne wsletter anterior – newsletter 4.1 –, de que se estaria perante um aglomerado em situação de algum favorecimento social. Com efeito, mais de metade dos(as) respondentes (52%) completou um grau do Ensino Superior (entre a licenciatura e o doutoramento), ou seja, tra ta-se de uma população muito qualificada. Se a esta percentagem adicionarmos os 8,3% que referem deter um Bacharelato ou a frequên cia do Ensino Superior, essa faixa transpõe os 60%. Os níveis de ensino abaixo do Ensino Se cundário (com 28,2% de respostas), são, neste caso, minoritários.

9,3%28,2%8,3%52,9%Nível

1º ciclo do ensino básico (até ao 4º

Figura 2 – Percentagem de inquiridos(as), por nível de escolaridade (o grau mais elevado que completou). Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

B.

3,6 indivíduos por agregado, ou seja, subs tancialmente superior – o que também é eloquente sobre o tipo de agregados a que esta temática mais apelou.

Sim Não

2,2% 42,7% 53% 2,2%4030201005060 <= 1 2 - 3 4 - 5 6 -7 Contando consigo, quantas pessoas moram em sua casa?

A ( Figura 4) permite depreender que perto de um quarto dos participantes (24,7%) tem um vínculo profissional com o sistema nacio nal de ensino, na qualidade de professor(a) ou funcionário(a). Estarão, por isso mesmo, a vivenciar o impacto da suspensão das au las em várias dimensões do seu quotidiano. A maioria dos(as) inquiridos(as), porém, não tem esta ligação particular com as escolas.

24,7%

QUAL O IMPACTO DA PANDEMIA NO EXERCÍCIO DAS RESPETIVASPROFISSIONAIS?ATIVIDADES

Figura 4 – Percentagem de inquiridos(as) que são (ou não são) professores ou funcionários de uma escola/instituição de ensino. Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) –resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

Você75,3%é

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professor ou funcionário de uma escola/instituição de ensino?

Figura 3 – Percentagem de inquiridos(as), por número de indivíduos que partilham o espaço doméstico. Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

A sua condição profissional é: Trabalhador(a)Patrão por conta de Trabalhador(a)outrem por OutranãoTrabalhador(a)própria/independentecontafamiliarremunerado(a)situação

Exerce uma atividade Estádesempregado(a)Estáprofissionalreformado(a) ou é pensionista É OutraatividadeSemTrabalhaestudanteeestudaqualquersituação

No que toca à situação perante o tra balho ( Figura 5), verifica-se que a par cela mais significativa de inquiridos(as), constituída por pessoas no exercício de uma atividade profissio l. As restantes situações possíveis – reformados(as), pensionistas, traba lhadores(as)-estudantes, entre outras são pouco expressivas nesta amostra populacional, sendo, talvez, de salien tar, o facto de o segundo valor mais importante pertencer aos 6,2% de res pondentes que se encontram em situa ção de desemprego.

Figura situação

na

perante o trabalho. Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) –resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020). 84,1% 1,3%6,2%1,3%1,8% 1,3% 4%

Figura 6 – Percentagem de inquiridos(as), por condição perante o trabalho. Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) –resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

5 – Percentagem de inquiridos(as), por

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81,7%3,1%

0,5%14,1%0,5%

Situação perante o trabalho:

84,1%, é

Entre os(as) inquiridos(as) que exercem uma atividade profissional, e atentando, agora, à condição perante o trabalho ( Figura 6), ob servou-se que a esmagadora maioria – 81,7% – é composta por trabalhadores(as) por con ta de outrém. Há ainda uma percentagem de 14,1% de trabalhadores(as) por conta própria ou independentes (valor que não é despi ciendo) e 3,1% de patrões.

40,8% 11,5% 6,8% 17,8%23% 0 10 20 30 40 50 Totalmente em teletrabalho, a partir de casa Parcialmente em predominantementeteletrabalho,apartirdecasaParcialmenteemteletrabalho,predominantementenaempresa/organizaçãoNolocaldetrabalhohabitualDeixoudeexercerasuaatividadeprofissional Neste momento, desenvolve a sua atividade profissional:

Um dos principais impactos do isolamento profilático imposto pela conjuntura atual deu-se, precisamente, na esfera do traba lho. As instâncias oficiais incentivaram o recurso ao teletrabalho sempre que este fosse possível – nomeadamente, como se viu na newsletter #4.1, na esfera escolar, onde o ensino não presencial foi a solu ção encontrada para superar a situação de exceção. Segundo o artigo 165.º da Lei n.º 7/2009 do Código do Trabalho, o teletra balho é a “prestação laboral realizada com subordinação jurídica, habitualmente fora da empresa e através do recurso a tecno logias de informação e de comunicação.” Ora, o alcance desta solução foi ampliado no quadro da COVID-19, o que exigiu a rápida adaptação das mais variadas áreas de atuação. No caso da população inquirida em Vila Nova de Gaia ( Figura 7 ), a opção pelo teletrabalho foi, efetivamente, o ex pediente mais usual mencionado pelos(as) trabalhadores(as). Quase 60% dos(as) participantes declararam encontrar-se em regime de teletrabalho, sendo que 40,8% o faz ´totalmente´ e ´a partir de casa´, 11,5% o faz ´parcialmente´ e ´predominantemente a partir de casa´ e 6,8% o faz ´parcialmente´ e ´predominantemente na empresa/organi zação´. De resto, enquanto 23% manteve o exercício da sua atividade no local de tra balho usual, não deixa de ser preocupante verificar que 17,8% menciona ter deixado de exercer a sua atividade profissional em virtude do novo contexto. Note-se ainda que, de acordo com a informação recolhi da, para 25% dos(as) respondentes, a forma como atualmente executam o seu trabalho não sofreu quaisquer alterações com as medidas introduzidas para prevenir, conter e mitigar a expansão da pandemia; contu do, para os restantes três quartos da popu lação, o seu modo de trabalhar modificou -se substancialmente.

Figura 7 – Percentagem de inquiridos(as), por situação da atividade profissional. Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

observatoriosocialgaia@gmail.com8

OBSERVATÓRIO SOCIAL DE VILA NOVA DE GAIA

A opção pelo teletrabalho, à luz do de que ficou definido no artigo 29.º do Decreto-Lei n.º 10-A/2020 , poderia ser determinada “unilateralmente pelo empregador ou requerida pelo trabalhador, sem necessidade de acordo das partes, desde que compatível com as funções exercidas”. No caso con creto dos(as) inquiridos(as) em Vila Nova de Gaia que viram alterada a sua forma de trabalhar ( Figura 8), constatou-se que, em 69,2% dos casos (a maior percentagem), a decisão partiu da entidade empregadora ; 19,6% dos(as) trabalhadores(as) to maram essa decisão eles/elas próprios(as), mo- vidos(as) pelo facto de terem de ficar em casa com crianças ao seu cuidado, na sequência do encerramento das escolas; finalmente, 11,2% usufruíram do seu direito de trabalhar a partir de casa, mesmo sem crianças a seu cargo.

Figura 8 - Percentagem de inquiridos(as), por razões pelas quais a forma de trabalho foi alterada. Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

69,2% 19,6% 11,2% 0 20

Uma decisão sua, mas que não tem a ver com o facto de ter crianças que tiveram de ficar em casa devido ao encerramento

1Publicado no Diário da República n.º 52/2020, 1º Suplemento, Série I de 2020-03-13, que estabelece as medidas excecionais e temporárias relativas à situação epidemiológica do novo Coronavírus - COVID 19. 40 60

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A decisão de alterar a sua forma de trabalhar foi:

Uma decisão sua que se deveu ao facto de ter crianças que tiveram de ficar em casa devido ao encerramento das escolas

80

Uma decisão da sua entidade empregadora

Sim, acho que os alunos não voltarão à escola este ano letivo

Tardia maissePrecipitadamomentoTomadafeitodeveriaencerramento(otersidoantes)nocerto(deveriateresperadoalgumtempo)Errada.Nãodeveriamterfechadoasescolas

25,1%37,4% 13,7% 23,8% 0 10 20 30 40

C.

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Não, acho que, mais tarde ou mais cedo, os alunos voltarão à escola e que será possível terminar o ano letivo

Considera que a decisão de encerrar as escolas foi:

Não, mesmo que os alunos não voltem à escola será possível lecionar e avaliar

Figura Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

A (Figura 9) demonstra que a quase totalida de do universo inquirido se posiciona favoravelmente no que diz respeito à decisão de encerramento das escolas. A maioria, aliás, é da opinião de que tal deliberação foi, não só oportuna, como “tomada no momento certo” (72,8%). Ainda assim, um pouco mais de um quarto dos respondentes (26,4%) crê que a decisão, embora adequada, pecou por tardia.

9 – Percentagem de inquiridos(as), por perceção face à decisão de encerramento das escolas.

Sim, mesmo que os alunos voltem à escola, não haverá tempo/condições para lecionar e avaliar

Figura 10 – Percentagem de inquiridos(as), por perceção face ao final do ano letivo, caso se mantivesse a decisão de encerramento dos estabelecimentos de ensino. Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

26,4% 72,8% 0,4% 0,4%

Quando interpelados(as) sobre se o final do ano letivo estaria, ou não, comprometido, caso se mantivesse a decisão de encerra mento dos estabelecimentos de ensino (Figura 10), as opiniões, embora divididas, in clinam-se para uma visão pessimista. 62,5% dos participantes defendeu que sim, que esse comprometimento era inevitável – 37,4% por crerem que os(as) alunos(as) não voltariam à escola no corrente ano letivo e, 25,1%, por de fenderem que, mesmo que o retorno se verifi casse, o trabalho escolar e a avaliação seriam inexequíveis. Por outro lado, apenas 37,8% ar gumentam que é plausível um final de ano le tivo dentro dos parâmetros habituais – 13,7% por confiarem na possibilidade de se verificar um regresso às aulas e, 23,8%, por acharem que, ainda que esse retorno fosse impraticá vel, o processo de ensino-aprendizagem e de avaliação não sairiam muito prejudicados.

REPRESENTAÇÕES SOBRE AS MEDIDAS EXCECIONAIS E TEMPORÁRIAS LEVADAS A CABO NO ÂMBITO DO SISTEMA DE ENSINO

Na sua opinião, considera que o final do ano letivo está comprometido?

de

56,4% 29,1% 10,6% 4% 0 10 20 30 40 50 60 Sim,dúvidasem Sim,poucomas Não, a não pontualmenteser Não, contráriopelo Considera que, em geral, a alteração

Convidados(as) a realizar um balanço sobre a qualidade da resposta dos responsáveis pelas instituições de ensino ao cenário cria do pela pandemia da COVID-19 ( Figura 12), mais de três quartos dos(as) inquiridos(as) (77,1%) entende que a resposta foi positiva. A percentagem de participantes sem opi nião sobre a matéria (14,1%) também supera os(as) que revelam ter uma perceção negati va sobre a eficácia das ações desenvolvidas.

Figura 11 – Percentagem de inquiridos(as), por perceção face à maneira como a pandemia possa permitir (ou não) uma aprendizagem de vida para os mais novos. Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

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77,1% 8,8% 14,1%

positivamente à

criada pela pandemia? Sim Não Não

A ( Figura 11) ilustra o modo como se posi cionam os(as) inquiridos(as) face à hipótese, que lhes é colocada, de a pandemia e a su cessão de mudanças de hábitos por ela cau sada – excecionais, temporárias, mais ou me nos radicais ou transformadoras – poderem estar a permitir “uma aprendizagem de vida” distinta, porque complementar à aprendiza gem formal, veiculada pela escola. E verifi ca-se que há uma significativa maioria, muito expressiva, de 85,5% de inquiridos(as), para o quais este período está a ser de aprendizagem – e está a sê-lo de forma intensa e evidente para 56,4% destas pessoas. Apenas 10,6% desvalorizam a relevância pedagógica do momento (há, de resto, 4% que o consi deram, inclusive, contraproducente desse ponto de vista).

Na sua opinião, em geral, os responsáveis pelas instituições ensino estão a responder situação sei

Figura 12 – Percentagem de inquiridos(as), por perceção face à resposta das instituições escolares ao cenário criado pela pandemia. Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) –resultados do concelho de Gaia (2020). de aprendizagem complementa a escolaridade?

de Vila Nova

hábitos a que todos fomos obrigados para reagir à pandemia está a permitir aos alunos fazer uma

de vida que

ASPETOS NEGATIVOS

regular dos professores com os alunos e encarregados de educação

O principal aspeto positivo (Figura 13) iden tificado pelos(as) respondentes na ação das instituições de ensino, foi, com um destaque assinalável, a capacidade de adaptação de todos(as) os(as) intervenientes a este novo contexto imposto pela COVID-19 (45% de respostas), salientando a rapidez verificada nessa adaptação, além do esforço de profes sores(as) e alunos(as) para incluírem as tecno logias de informação e toda uma panóplia de novas plataformas de comunicação no pro cesso de ensino-aprendizagem. Em segundo lugar, mereceu realce a comunicação regular entre os diversos elementos do processo de ensino-aprendizagem: os(as) professores(as), os(as) alunos(as) e os(as) encarregados(as) de educação (21,1%). Houve, ainda, um terceiro fenómeno a ser evidenciado por 12% dos(as) inquiridos(as), desta feita remetendo para a dinâmica familiar: o “aumento do tempo em família” e a possibilidade de existir um envol vimento superior dos pais/mães na educação dos filhos/filhas.

Não

Promoção

sabe/Não responde

Capacidade

45% 21,1% 2,4%4,8%12%14,8% 0 10 20 30 40 50

Aspetos positivos na ação da instituição escolar:

Segurança

de adaptação da instituição escolar

Entre os aspetos negativos elencados pe los(as) inquiridos(as) para ilustrar dimensões não tão bem conseguidas da ação das ins tituições escolares ( Figura 14) há, acima de tudo, menos consenso e uma maior dispersão nas respostas. O “apoio insuficiente” conce

Figura 13 – Percentagem de respostas, por aspetos positivos mencionados pelos inquiridos(as), quanto à qualidade das respostas apresentadas pelas instituições escolares ao cenário criado pela pandemia. Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

Aumento

ASPETOS POSITIVOS

dos alunos

Comunicação

do tempo em família e maior participação dos pais no ensino dos filhos

da autonomia e responsabilidade dos alunos

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#Newsletter4.2 #ObSocial 13

Figura 14 - Percentagem de respostas, por aspetos negativos mencionados pelos inquiridos(as), quanto à qualidade das respostas apresentadas pelas instituições escolares ao cenário criado pela pandemia. Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

7,3% 10,1% 18% 5,6% 13,5%15,2% 5,1% 25,3% 0 10 20 30

nos equipamentos de Sobrecargatrabalhode trabalho

Apoio

Em suma, é razoável avançar que a re flexão realizada pelos(as) respondentes – embora incipiente, porque assente em factos recentes e em mudança perma nente – transmite uma mensagem de confiança em relação ao trabalho que tem vindo a ser desenvolvido por parte das instituições de ensino, seus repre sentantes e profissionais.

insuficiente por parte da instituição escolar Insegurança face ao Dificuldadesfuturodeaprendizagem Falta de interação com Professores e alunos Consequências negativas na saúde mental dos alunos Não sei/Não Aspetosrespondenegativos na ação da instituição escolar:

dido pelas instituições escolares (que pode ir da escassez de literacia digital dos(as) pro fessores(as) ou alunos(as) à inexistência de apoio alimentar) é referido por 18%; a este aspeto segue-se a “falta de interação” entre docentes e discentes (15,2%) e a menção a “dificuldades na aprendizagem” (ceticismo em relação à eficácia do ensino não-presen cial ou às metodologias de avaliação a ado tar, por exemplo) (13,5%). A insegurança que deriva da incerteza (que perpassa todos os aspetos negativos anteriormente referidos) é mencionada, de forma expressa, por 5,6% dos(as) inquiridos(as). Assim como a possibi lidade de “consequências negativas na saú de mental do(as) alunos(as) (5,1%), como a depressão, a desmotivação ou a ansiedade

Falha

Pretende-se, por um lado, avaliar a situação dos(as) alunos(as) –filhos(as)/educandos(as) – através da perspetiva do(a) seu/sua pai/mãe e/ou do(a) encarregado(a) de educação e dos(as) próprios(as) alunos(as) (aqueles(as) com mais de 16 anos). Para isso, esta popu lação foi questionada sobre o impacto do isolamento no seu bem-estar; a adaptação ao ensino não-presencial e a avaliação das condições físicas de trabalho (espaço e equipa mentos presentes em casa). Por outro lado, com o mesmo inquérito, procurou-se avaliar a situação daqueles(as) que o respondem – pais/mães e/ou encarregados(as) de educação ou alunos(as) com mais de 16 anos -, questionando a sua perspetiva face ao fecho e mo dos de operar o ensino das próprias escolas e o impacto do isolamento na sua condição perante o trabalho.

2Coordenadores do estudo: Ana Benavente, Paulo Peixoto e Rui Machado Gomes.

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O inquérito ficou disponível a partir do mês de março e tem sido respondido por milhares de residentes dos vários concelhos do país. O OP. Edu, entidade que avançou com a in vestigação, partilhou com o Observatório Social de Gaia, no mês de abril, um conjunto de 408 respostas referentes ao concelho de Vila Nova de Gaia.

METODOLÓGICANOTA

As newsletters dedicadas ao tema da COVID-19 incluem os resultados parciais de um estudo em curso do Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – Impacto do Covid-19 no sistema de ensino português . O inquérito por ques tionário foi a técnica escolhida para o levantamento dos dados. Este instrumento foi aplicado online, através da plataforma Surveys e contém 59 questões (fechadas, na sua maioria). Dependendo da situação em que o inquirido se apresenta, o rumo das questões pode ser diferente. O inquérito dirige-se aos seguintes públicos: (1) “Mãe/Pai de um(a) aluno(a) do sistema de ensino português”; (2) “Encarregado(a) de educação, mas não mãe/pai, de um(a) aluno(a) do sistema de ensino”; (3) “Al guém que não tem filhos nem educandos a frequentar o sistema de ensino” e (4) “Aluno do sistema de ensino [(…) se, tendo 16 ou mais anos, estiver a frequentar o sistema de ensino pré-universitário ou se for estudante do ensino superior com menos de 30 anos]”.

#Newsletter4.2 #ObSocial FICHA TÉCNICA Daniela Silva Faculdade de Letras da Universidade do up201503277@letras.up.ptPortoTâniaLeão Faculdade de Letras da Universidade do tsilva@letras.up.ptPorto Equipa do Observatório João Teixeira Lopes Departamento de Sociologia, FLUP Instituto de Sociologia, jlopes@letras.up.ptFLUP Coordenação Geral Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia Publicação e Conceção Gráfica Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) (http://www.op-edu.pteu/) Agradecimentos

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