MENINA MULHER
XANA ABREU
E X P O S I Ç Ã O
MENINA MULHER
XANA ABREU
19 JUNHO A 7 AGOSTO 2021 GALERIA MUNICIPAL DO MONTIJO
“Visite um ou outro: ambos são loucos”. “Mas eu não me quero encontrar com gente louca”, observou Alice. “Oh, não se pode evitar”, disse o gato… Lewis Carrol, “Alice no país das Maravilhas”
Vivemos tempos únicos. A pandemia virou as nossas vidas de cabeça para baixo, somos invadidos por um turbilhão de sensações que procuramos entender e a arte tem o poder de nos ajudar a descobrir, processar, compreender essas sensações, a arte ajuda-nos a aceitar os perigos e instabilidades do dia a dia, ajuda-nos a sonhar e a fantasiar. O trabalho de Xana Abreu, agora em exibição na Galeria Municipal, é povoado de figuras fantásticas e bizarras, monstros, temerosos sonhos, criaturas híbridas, excêntricos enigmas que estimulam a nossa imaginação, colocando-nos em confronto com o absurdo, com o impossível, mas também com os nossos medos, em suma, com a complexidade que existe nas nossas vidas. O seu trabalho é um espaço de liberdade que nos permite as mais variadas leituras e interpretações. A pintura de Xana Abreu é um espaço de Liberdade!!
O Presidente da Câmara Municipal
Nuno Ribeiro Canta
Ainda ao longe, explodem as cores. São janelas para um incêndio, como é belo o fogo, como atrai e ilumina. Ao aproximarmo-nos, as personagens de cada quadro tornam-se concretas, reconhecemos os elementos imediatos, são maiores do que nós ou são do nosso tamanho. Ainda mais perto ainda, continuando, distinguimos novas camadas, detalhes dentro de detalhes. Então, porque nos inclinámos ou porque esse mundo nos puxa, podemos cair no seu interior. Somos Alices, caímos infinitamente num país das maravilhas. Nesse livro, em conversa com o Chapeleiro, Alice afirma que os sonhos não são realidade. Na lógica incontestável da sua loucura, o Chapeleiro responde-lhe com uma pergunta: e quem decidiu o que é o quê? Ou seja, quem decidiu o que é sonho e o que é realidade? Os quadros de Xana Abreu colocam-nos essa mesma questão. Povoados de animais humanizados ou de humanos animalescos, sugerem-nos histórias. Essas narrativas não são óbvias, requerem uma lógica que transcenda o superficial. A mesma fantasia que dá forma a essas figuras é necessária para interpretar as situações em que as encontramos. Esse desprendimento das leis físicas e naturais é a liberdade do sonho. [...] E o que dizer dos olhos das personagens centrais de cada quadro? São olhos enormes de criança, seguem-nos. Quando pensávamos que éramos nós
que vínhamos vê-los, são eles que nos fixam, não nos deixam, não se cansam de avaliar-nos. Os quadros parecem ser uma espécie de rosto completo desses olhos. Os elementos flutuam à sua volta, cobrem a sua superfície, interagem com eles. A leitura que podemos fazer é bastante ampla. Disse-nos Freud que os sonhos são expressões do subconsciente. Assim, há uma ponte que liga essas imagens irreais ao real, há um caminho simbólico. Se olharmos diretamente para os olhos presentes nestes quadros, o realismo com que são desenhados, contrastante com a fantasia de tudo o resto, parece abrir também um caminho, uma ligação entre aqui e lá. Talvez por isso, o autorretrato com Lou Reed, que canta Walk on the Wild Side, mas que também canta Perfect Day. [...] A pintura de Xana Abreu é um universo coerente. Podemos viajar nele, visitar os seus planetas, contemplar os seus arco-íris, ser iluminados pela claridade das suas constelações. Durante essa travessia, encontramos um espaço à nossa medida, que precisa da nossa atenção, sensibilidade e inteligência para existir. Será um sonho? No fim do livro de Lewis Carroll, Alice desperta e ficamos com a sensação de que tudo foi apenas um sonho. Mas as palavras do Chapeleiro continuam pertinentes: e quem decidiu o que é o quê?
José Luís Peixoto, escritor Excertos do texto “Tudo o que somos capazes de sonhar”
[...] Xana Abreu não chegou agora às artes plásticas, não obstante o facto de ter tornado visível apenas nos últimos anos esta dimensão da sua artisticidade. Na verdade, Xana Abreu começa nas artes plásticas, tendo frequentado a Escola Artística António Arroio e a Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. A vida ditou outros caminhos e opções, mas a artista manteve o olhar e a mão atentos e sensíveis. [...] Quando se conhece uma mulher, um ser humano, como a Xana Abreu, rico e complexo, pleno de luz e que se ergue das trevas a cada manhã, torna-se impossível não pensar a sua pintura sem a procurar desvendar e, sobretudo, sem sermos tentados a gostar ainda mais dela: da mulher, do ser humano, da pintora. [...] Apenas mulheres, refletindo o corpo que se combate e as perguntas que se fazem sobre quem se é. Depois, seres com hibridez animal e animais, exóticos, domésticos e selvagens que comungam nos cenários como constituintes iguais de uma narrativa densa e tensa que se quer contar. Há um conto em cada tela e cada tela é um momento da vida [...] A pintura é como uma catarse e se é catarse é verdade e a verdade interessa, em tudo, até na arte. Xana Abreu inicia aqui um caminho, com originalidade e frescura, dor e pujança, sedenta e com ganas. Parte para a viagem provando-nos as suas potencialidades técnicas, o seu domínio das ferramentas inerentes à pintura enquanto ambição. O seu desenho é em rigor e as anatomias dominadas, o que lhe permite promover jogos de escalas e potenciar uma tridimensionalidade imersiva das imagens. É pintura porque se sabe pintar, se sabe desenhar, se sabe pensar e se sabe olhar e, sendo-o, afirmo-a, à pintura, como a eterna disciplina de combate ao tempo limitado e de promoção da eternidade. A arte é, em si mesma, um caminho para não se morrer, não se perecer, para se ficar. Xana Abreu traça-o, constrói-o com as suas próprias mãos, colhe as suas pedras, redefine futuros com elas. [...] Talvez coragem fosse uma boa palavra para a definir a ela, à Xana Abreu, e ela é a sua pintura, em sentido aberto e franco e com todos os sentidos e signos que vamos descobrir a cada nova contemplação.
Helena Mendes Pereira, curadora e professora Excertos do texto “Pintar contra o tempo e o universo fantástico de Xana Abreu”
SILÊNCIO 80 x 80 cm Acrílico sobre tela
DESLUMBRAMENTO 100 x 100 cm Acrílico sobre tela
ACORDA! 203 x 233 cm Acrílico sobre tela
TWO YOU 99 x 135 cm Acrílico sobre tela
LINGER ON 150 x 100 cm Acrílico sobre tela
THE BEGGAR 200 x 130 cm Acrílico sobre tela
REMEMBER ME 100 x 100 cm Acrílico sobre tela
TIME 100 x 100 cm Acrílico sobre tela
LOVE 90 x 135 cm Acrílico sobre tela
ARE YOU? 100 x 100 cm Acrílico sobre tela
MISS YOU 100 x 100 cm Acrílico sobre tela
FOR ME? 100 x 71 x 88 cm Acrílico sobre escultura de resina e fibra de vidro
ANGEL 120 cm Acrílico sobre madeira
LITTLE SPIRIT 120 cm Acrílico sobre madeira
WHO ARE YOU? 100 x 100 cm Acrílico sobre tela
FREAK SHOW 126 x 200 cm Acrílico sobre tela
XANA ABREU
FICHA TÉCNICA CATÁLOGO
Versão abreviada
Título Menina-Mulher | exposição de Xana Abreu
Xana Abreu nasceu em Lisboa em 1975. Estudou na Escola de Artes António Arroio e na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Ao longo da sua vida, a artista trabalhou nas artes plásticas, música, teatro, entre outras vertentes artísticas. Tem participado em feiras de arte internacionais e em exposições a solo e coletivas em museus e galerias de arte dentro e fora de Portugal, como África do Sul, Reino Unido, Espanha, França e Países Baixos. Tem obras representadas em coleções privadas e públicas dentro e fora de Portugal.
Edição Câmara Municipal do Montijo Autor Câmara Municipal do Montijo Organização Galeria Municipal do Montijo Textos José Luís Peixoto e Helena Mendes Pereira Fotografia Cedidas pela Autora
Mais em: https://www.xanaabreu.com/
Projeto gráfico Gabinete de Comunicação e Relações Públicas
Exposições
Divulgação Gabinete de Comunicação e Relações Públicas
Individuais 2020 “Sem Chão”, Museu da Água, Coimbra, Portugal; “The Clock”, Museu CEART – Centro de Arte Tomás y Valiente, Madrid, Espanha 2019 Daville Baillie Gallery, Joanesburgo, África do Sul 2018 “Da Minha Terra”, NH Design Gallery, Porto, Portugal; “Pelos Olhos Dela”, Galeria Nuno Sacramento, Ílhavo, Portugal 2017 Espaço Arte Europa América, Lisboa, Portugal Coletivas 2021 ArtUp! Contemporary Art Fair, Lille, França; “2 ou 3 choses que je sais d’elle”, Zet Gallery, Braga, Portugal; 6.ª Bienal Internacional de Arte de Espinho 2020 “Arte de Bolso”, Galeria Sete, Coimbra, Portugal; Montsequi Art Gallery, Madrid, Espanha; Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro, Águeda, Portugal; JustMad International Contemporary Art Fair, Madrid, Espanha 2019 EuropArtFair, Gashouder Westergasfabriek, Amsterdão, Holanda; Art Montpellier Foire Méditerranéenne des Arts Contemporains, Montpellier, França; “Arte de Bolso”, Galeria Sete, Coimbra, Portugal; 4.º Salão de outono: “Aberto para Obras”, Museu da Guarda, Guarda, Portugal; “Huetopia”, Noho Studios, Londres, Reino Unido; Abartium Galeria, Barcelona, Espanha; XXXV Muestra Internacional y Multidisciplinar de Arte Contemporáneo, Barcelona, Espanha; Simpósio Internacional de Arte Contemporânea, Guarda, Portugal; JustLX Contemporary Art Fair, Museu da Carris, Lisboa, Portugal; “Big Bang and Butterflies”, Daville Baillie Gallery, Joanesburgo, África do Sul 2018 NH Design Gallery, Porto, Portugal; “Ten By Tem”, Casa Municipal da Cultura de Estarreja, Portugal; Galeria Nuno Sacramento, Ílhavo, Portugal
Impressão Tipografia Belgráfica, Lda. Tiragem 350 exemplares Depósito Legal 484728/21 ISBN 978-989-8122-75-9
FICHA TÉCNICA EXPOSIÇÃO Produção e Organização Divisão de Cultura, Bibliotecas, Juventude e Desporto/ Galeria Municipal Design Gráfico Gabinete de Comunicação e Relações Públicas Montagem Divisão de Cultura, Bibliotecas, Juventude e Desporto/ Galeria Municipal Divisão de Obras, Serviços Urbanos e Ambiente Gabinete de Comunicação e Relações Públicas Montijo, junho 2021 Galeria Municipal do Montijo Rua Almirante Cândido dos Reis, 12 • 2870-253 Montijo Telefone 21 232 77 36 E-mail cultura@mun-montijo.pt Horário 3.ª a Sábado das 09h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30 www.mun-montijo.pt instagram.com/galeriamunicipaldomontijo