Tendência Revista Abradilan

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BOAS PERSPECTIVAS PARA O SETOR FARMACÊUTICO

Setor é um dos raros que gera empregos e segue na contramão da crise econômica do país

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Por Flávia D’Angelo

D

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), do trimestre encerrado em julho, refletem o cenário econômico conturbado vivido pelo país e os seus reflexos no mercado de trabalho. De acordo com o levantamento divulgado recentemente, a taxa de desocupação chegou a 11,6% – a maior da série histórica iniciada em 2012 –, o equivalente a 11,6 milhões de desempregados. Os técnicos do Instituto avaliam que os dados fogem a comportamentos sazonais conhecidos. O rendimento continua em queda e atividades, como a indústria, continuam a apresentar redução expressiva e, em relação ao ano passado, está menor em cerca de 1,3 milhão de postos de trabalho.

epois de quase duas décadas de um importante ciclo de estabilidade política e econômica, o Brasil se viu frente a um impeachment e um novo governo, assumindo um cenário econômico em frangalhos, seja por erros da equipe econômica da presidente anterior ou porque o Congresso simplesmente parou de trabalhar efetivamente nesse espaço de tempo em projetos em prol do desenvolvimento do Brasil. Fato é que, com o baixo nível de investimentos, a deterioração das contas públicas, a inflação e, sobretudo, a crise política, o ambiente econômico não prosperou nesse período, tampouco apresentou boas perspectivas, o que acabou por agravar a crise econômica brasileira. E, claro, isso sempre impacta o lado mais fraco da corda: são os trabalhadores que pagam por esses erros.

DADOS DO MINISTÉRIO DO TRABALHO

11,6

%

é a taxa de desocupação, a maior da série histórica iniciada em 2012

=

11,6

milhões de desempregados, os dados fogem a comportamentos sazonais conhecidos

Fonte: IBGE (Pnad Contínua) do trimestre encerrado em julho

REFLEXOS NO MERCADO DE TRABALHO

6,14 14

%

evolução do mercado farmacêutico

1,766 766 bilhão de medicamentos

de janeiro a junho de 2016

Fonte: IMS Health

VENDAS DO MERCADO FARMACÊUTICO

APONTAM QUE O SETOR FOI UM DOS RAROS QUE, ENTRE JANEIRO E ABRIL, REGISTROU SALDO POSITIVO EM TERMOS DE CONTRATAÇÃO DE MÃO DE OBRA: 965 ADMISSÕES BOAS PERSPECTIVAS Na contramão da crise, dados do IMS Health apontam que as vendas do mercado farmacêutico apresentaram evolução, de 6,14% com a venda de 1,766 bilhão de medicamentos entre janeiro a junho, contra 1,664 no mesmo período de 2015. Somente os genéricos cresceram 14,30% em volume no primeiro semestre de 2016, em comparação a 2015. A crise também passou longe da indústria farmacêutica. Dados do Ministério do Trabalho apontam que o setor foi um dos raros que, entre janeiro e abril, registrou saldo positivo em termos de contratação de mão de obra: 965 admissões (7.239 contratados ante 6.274 demitidos). Dois anos atrás, porém, esse saldo era de 3074. De acordo com a Fecomercio, o comportamento do mercado de trabalho varejista no estado de São Paulo acompanha a tendência verificada nas vendas. Segundo a Pesquisa de Emprego do Comércio Varejista do Estado de São Paulo (PESP Varejo), elaborada pela Fecomercio/SP com

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E-COMMERCE E FARMÁCIAS FREIAM DESEMPREGO

No varejo farmacêutico, as redes de farmácias estão entre as que mais aumentaram seu quadro no ano passado, segundo a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). Enquanto as vendas recuavam em quase todos os segmentos, o movimento era contrário naqueles que conseguiram ampliar seus negócios e contratar funcionários, como o atacadista alimentar, e-commerce e farmácias. A fusão entre a Drogaria São Paulo e a Drogarias Pacheco, hoje Grupo DPSP, aumentou sua força de trabalho em 35,9% apenas em 2015. Um ano antes, a companhia possuía 18,3 mil funcionários. Já em janeiro deste ano, o grupo contabilizava mais de 25 mil assalariados. Outra que cresceu, passando de 17 mil colaboradores, em 2014, para mais de 20 mil no início de 2016, foi a concorrente Pague Menos. Além delas, o Grupo Raia Drogasil (redes Raia e Drogasil) elevou seu quadro com 6,5 mil novos postos de trabalho.

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COM MAIOR PODER DE CONSUMO, MILHÕES DE PESSOAS

PASSARAM A SE PREOCUPAR MAIS COM A SAÚDE E O BEM-ESTAR, E O CRESCIMENTO DO MERCADO DE PLANOS DE SAÚDE E DE COSMÉTICOS CONFIRMAM ESSE COMPORTAMENTO THIAGO CARVALHO, ECONOMISTA

Fonte: TTR Consultoria

AS TRANSAÇÕES ENVOLVENDO EMPRESAS DO SETOR

117

%

no primeiro trimestre de 2016, em relação ao mesmo período do ano passado

5 8

empresas 2015

empre empresas p pr 2016

A participação ação de estrangeiros no setor também cresceu do primeiro trimestre de 2015 para este ano

base nos dados do CAGED, no acumulado em 12 meses até junho, o varejo paulista eliminou quase 75 mil empregos formais. Dos nove setores pesquisados, apenas as farmácias e perfumarias e os supermercados registraram aumento no número de trabalhadores formais nesse período, de 1,9% e 0,1%, respectivamente. “Vale ressaltar que o setor de farmácias passa por um processo de expansão no número de lojas, concentrado nas grandes redes”, explica o economista Thiago Carvalho. “O setor farmacêutico cresceu de forma acelerada ao longo dos últimos anos, beneficiado pelo crescimento da renda e baixo desemprego que permitiram a ascensão social das camadas mais pobres da população e também pelo envelhecimento e aumento da expectativa de vida da população brasileira. Com maior poder de consumo, milhões de pessoas passaram a se preocupar mais com a saúde e o bem-estar, e o crescimento do mercado de planos de saúde e de cosméticos confirmam esse comportamento”, explica.

COMPETITIVIDADE NO MERCADO GLOBAL Outro sinal que evidencia que a crise passou longe do setor farmacêutico são as transações envolvendo empresas do setor. Só no primeiro trimestre de 2016, elas aumentaram 117% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com a consultoria TTR. A participação de estrangeiros no setor também cresceu de cinco, no primeiro trimestre de 2015, para oito, neste ano. Os bons resultados são reflexos do cenário farmacêutico mundial, que tem tido no biênio de 2015-2016 um período de fusões e aquisições, alavancado por importantes avanços tecnológicos. A busca pela eficiência é o grande desafio da indústria farmacêutica em todo o mundo. Segundo o estudo “Global Health’s New Entrants” da PwC, o ambiente mais desafiador está nos países em desenvolvimento, onde as inovações podem ser testadas para dar respostas positivas à grande expectativa da sociedade em relação a melhoria da qualidade dos serviços e maior alcance do atendimento nos próximos três anos. Boa notícia para as indústrias farmacêuticas brasileiras. Durante evento realizado no Sindusfarma, em São Paulo, em junho deste ano, o consultor Andrew Forman, da EY, afirmou que as empresas nacionais têm potencial para exportar mais e assim ganhar maior espaço no competitivo mercado global. Segundo estudos realizados pela empresa, atualmente, biotecnologia, medicina especializada e genéricos, impulsionados pelo fim das patentes de medicamentos de grande faturamento, são os três principais segmentos de expansão do mercado farmacêutico. No entanto, ainda estamos em época de turbulência. Mesmo que as perspectivas do cenário econômico estejam agora mais favoráveis, vivemos ainda no país uma crise de confiança, que exigirá um tempo de superação que pode ser curto ou longo, dependendo de como forem encaminhados os protestos de rua contra o governo e as negociações no Congresso para aprovação do ajuste fiscal a ser proposto pela nova equipe econômica.

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