Entrevista - Revista Abradilan

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DALTON

Foto: arquivo pessoal

ENTREVISTA

SARDENBERG

A

Fundação Dom Cabral foi criada em Belo Horizonte, em 1976, como instituição autônoma e sem fins lucrativos. Comprometida com a excelência na educação executiva, a FDC exerce suas atividades no Brasil e no exterior, muitas vezes, em cooperação com instituições locais, por meio da sua rede de alianças internacionais. Parceira da Abradilan, nesta entrevista, o professor Dalton Sardenberg, responsável pelo Programa de Gestão Avançada (PGA) na entidade, fala com exclusividade à Revista da Abradilan.

Qual é o escopo da parceria entre a Fundação e a Abradilan? Conte-nos um pouco como foi o início dessa parceria e os motivos que levaram a esse encontro. A parceria da FDC com a Abradilan visou dar a seus associados, em maioria empresas de controle familiar, a oportunidade de se avaliarem em relação a dimensões de estratégia, finanças, marketing e vendas, organização /processos internos/projetos, pessoas, governança e sustentabilidade. O relatório gerado compara as empresas participantes, dando, de maneira sigilosa, a indicação do estágio de cada empresa em relação a tais dimensões. Além de um referencial em termos de avaliação de cada empresa em relação ao grupo de respondentes do diagnóstico, foram oferecidos palestras e workshops em macroeconomia, gestão estratégica e gestão de pessoas. A FDC, pela

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Professor fala sobre a colaboração da Dom Cabral com a Abradilan

experiência acumulada nos últimos anos ao apoio de empresas de médio porte, seja em gestão, seja nas questões ligadas ao controle familiar, apoia, de maneira individual, cada organização que identificar necessidade de avanços nesses campos. Quais são as mudanças de paradigmas necessárias às empresas familiares? Uma das grandes dificuldades da empresa familiar é a de se reinventar. Muitas vezes, permanece presa a uma posição premium, alcançada pelo produto ou serviço prestado, pelos diferenciais que a conduziram a uma posição de destaque, mas colocam-se sob riscos com o surgimento de novos concorrentes e novos produtos/serviços


oferecidos ao mercado. Outro aspecto é reconhecer a necessidade de migrar de uma gestão intuitiva para uma gestão profissionalizada, ou seja, aquela que não dispensando o feeling do negócio, adiciona ferramentas e métodos para o processo de tomada de decisão. E, falando em tomada de decisão, a perspectiva é incluir gestores e herdeiros (em processo gradativo de preparação), desconcentrando o poder apenas no(s) fundador(es). Como a Fundação pode contribuir, por meio de seus modelos e metodologias, com os associados da entidade? A FDC tem desenvolvido ao longo dos últimos 25 anos soluções que atendam às necessidades das médias empresas. Cito o PAEX (Parceiros para a Excelência), no qual apoiamos a organização no seu processo de elaboração de seu projeto empresarial, definindo estratégias, sistemas de controle financeiro, avançando em suas práticas de marketing e vendas, logística, processos, recursos humanos, enfim, das principais funções da gestão. O PAEX oferece ainda treinamento em gestão, preparando o grupo gestor a estar mais capacitado a enfrentar os desafios impostos sobre qualquer organização hoje no Brasil. Oferecemos também o PDA (Parceria para o Desenvolvimento de Acionistas e da Família Empresária), onde os familiares, estando na gestão ou não, são preparados a compreender os aspectos relevantes das interações entre empresa, família e patrimônio. Abordando um pouco essa sua especialidade: o que é governança corporativa? Governança corporativa é um conceito que surge para a proteção dos interesses dos sócios de um empreendimento, sobretudo a partir de fraudes contábeis que vieram prejudicar diversos investidores na virada do século. Se inicialmente, ela visava atender as empresas de capital pulverizado, onde não havendo o dono presente, gestores mal-intencionados as buscavam de maneira oportunista, nos últimos anos, empresas de capital fechado tem visto na governança uma alternativa importante para: garantir um processo de sucessão mais seguro; promover a coesão familiar e societária; acessar capitais, ampliando a sua credibilidade atratividade junto a possíveis investidores; e melhorar o processo de tomada de decisão.

Como a implantação de governança corporativa faz uma empresa crescer? O fato de trabalhar com maior transparência e conformidade, criar mecanismos de prestação de contas, estabelecer uma cultura de respeito e tratamento justo a sócios minoritários, torna a empresa atrativa a investidores e com oportunidades de acesso a capitais necessários para o projeto de crescimento, não ficando dependente apenas de capital próprio ou financiamentos bancários. Ao mesmo tempo, a governança corporativa promove a criação de uma estrutura de tomada de decisão, que delega aos gestores a operação do dia a dia e faz com que os conselheiros ocupem-se da análise estratégica na busca de oportunidades de crescimento, levando em conta os riscos inerentes. Governança corporativa traz resultados tangíveis? A pesquisa que realizamos com um banco de dados robusto indica que os maiores ganhos de uma organização ao adotar um Conselho de Administração eficaz são: melhorias nos sistemas de controle; maior conformidade aos aspectos legais, regulatórios e aos códigos internos; maior adaptabilidade das empresas; e ganhos de produtividade, independente do tamanho das empresas (de fato, as empresas de grande porte demonstram aproveitar um pouco mais, mas os ganhos demonstrados em bases estatísticas, ainda que para as médias e pequenas empresas, são expressivos). A governança corporativa é para ‘qualquer porte/tipo de empresa”? Os conceitos da governança corporativa são universais e aplicados a qualquer tipo de organização, sobretudo em situações onde há sócios. Uma empresa de proprietário único até poderia imaginar que pudesse abrir mão da governança, mas isso estaria mantendo fechada a alternativa de amanhã, por desejo ou necessidade, em abrir a possibilidade de atração de novos sócios e/ou investidores. Ou mesmo, se houver herdeiros, naturalmente, as questões que tipicamente são tratadas pela governança de uma empresa de controle familiar, emergirão.

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