Revista Abradilan 36 - Potencial da Beleza

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DERMOCOSMÉTICOS

O POTENCIAL DA BELEZA

Considerados um gênero de primeira necessidade pelos consumidores brasileiros, produtos dermocosméticos podem alavancar as vendas em farmácias

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epois de passar dois anos oscilando por causa das flutuações da economia brasileira, o setor de beleza, higiene pessoal, perfumaria e cosméticos pode crescer 2,8% até o final de 2017, de acordo com uma projeção levantada pela Euromonitor, empresa de análise e estratégias de mercado. “De forma geral, o sentimento das indústrias está melhor, com as empresas um pouco mais animadas. Não se prevê um crescimento fabuloso, mas um resultado melhor do que nos últimos dois anos”, observa Elton Morimitsu, analista sênior de pesquisas da organização. De acordo com um estudo que mapeou os hábitos de consumo relacionados a produtos de beleza e cuidados pessoais no mercado nacional, entre as categorias que mais evoluíram no quesito valor de vendas estão os produtos masculinos e, em especial, os dermocosméticos, que passaram a liderar o crescimento na categoria. O ramo cresceu 5,5% no canal farmacêutico brasileiro entre maio de 2016 e maio de 2017, de acordo com uma sondagem realizada pela Quintiles IMS Health, consul-

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toria especializada na área de pesquisa clínica. Embora não conte hoje com uma expansão tão grande como a de anos anteriores, quando o setor crescia a dois dígitos por ano, os dermocosméticos ainda são um dos principais motores de avanço no ramo de cosméticos e produtos de beleza. Um levantamento recente, realizado pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) e o Instituto FSB Pesquisa, constatou que 95% dos especialistas em cuidados pessoais consideram bom o desempenho do setor no país, mesmo durante o período de turbulência econômica. O parecer dos especialistas foi confirmado por outra pesquisa da Abihpec, na qual constatou-se que os brasileiros consideram os itens de cuidados pessoais uma necessidade básica, pois encontram no consumo desses produtos conforto emocional e uma forma de inserção social. Ainda de acordo com dados da associação, o Brasil é responsável por 7,1% do comércio mundial de produtos de beleza, higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, com o cidadão brasileiro destinando, em


Por Daniel Sender

OS DERMOCOSMÉTICOS

POSSUEM UM TÍQUETE ELEVADO, E SUA

média, 2% de seu orçamento anual para compras no setor. Esse cenário transformou o país no quarto maior consumidor mundial da variedade, atrás apenas de Estados Unidos, China e Japão.

ASSIMILAÇÃO É UMA OPORTUNIDADE RENTABILIDADE

ÚNICA PARA OS VÁRIOS ELOS DA CADEIA FARMACÊUTICA, DESDE AS INDÚSTRIAS, PASSANDO PELAS DISTRIBUIDORAS, ATÉ CHEGAR AO VAREJO

ALBERTO KEIDI KUREBAYASHI, FARMACÊUTICO-BIOQUÍMICO E DIRETOR DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE COSMETOLOGIA

De acordo com Alberto Keidi Kurebayashi, farmacêutico-bioquímico e diretor da Associação Brasileira de Cosmetologia (ABC), o setor farmacêutico tem muito a ganhar com a inclusão da categoria em seu mix de produtos. “Os dermocosméticos possuem um tíquete elevado e sua assimilação representa uma oportunidade única para os vários elos da cadeia farmacêutica, desde as indústrias, passando pelas distribuidoras, até chegar ao varejo”, explica ele, observando ainda que há uma tendência universal para que as farmácias diversifiquem sua oferta de produtos. “Basta visitar uma farmácia para verificar que o espaço dedicado aos produtos de higiene, beleza e saúde está aumentando, enquanto as

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DERMOCOSMÉTICOS

prateleiras de medicamentos ocupam o espaço atrás do balcão. As farmácias estão cada vez mais se especializando e investindo no setor de beleza.” O diretor da ABC assinala também que, dentro do universo dos produtos dermocosméticos, há alternativas de todos os preços e características para as mais diversas classes sociais, e que mesmo os itens de valor mais elevado possuem ampla aceitação em todos os grupos. “É possível encontrar nas farmácias um leque inteiro de produtos em relação a preços. Porém, mesmo os dermocosméticos de maior valor agregado possuem boa vendabilidade, pois sua busca é impulsionada, principalmente, por recomendações de dermatologistas”, esclarece Kurebayashi. Segundo um levantamento realizado pela Quintiles IMS Health, o tíquete médio de um produto dermocosmético é de R$ 57, enquanto o de outros cosméticos é de apenas R$ 10. Na visão do farmacêutico, deve ser notado que, além de oferecer uma margem de lucro maior, os dermocosméticos obedecem a um ritmo de compra diferente em relação aos medicamentos, o que beneficia o varejo

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O QUE SÃO OS DERMOCOSMÉTICOS?

Os dermocosméticos são produtos com ativos farmacológicos que agem nas partes mais profundas da pele, produzindo uma melhora de dentro para fora. Eles ocupam um espaço intermediário entre um cosmético e um medicamento, ao passo que o cosmético age apenas superficialmente. Apesar de trazerem em sua composição alguns agentes comuns aos medicamentos, os produtos dermocosméticos podem ser comercializados sem restrições em farmácias. Mesmo os itens considerados de Grau 2, que contam com antibióticos ou outras substâncias químicas controladas em sua composição, também tiveram a sua comercialização em farmácia liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).


farmacêutico. “Ao contrário dos medicamentos, que possuem um prazo de recompra mensal, os dermocosméticos incentivam uma ida contínua às farmácias, pois são produtos de um mercado em constante evolução, onde o consumidor anseia pelas novidades e sempre busca os últimos lançamentos, tecnologias e benefícios”, explica. Em razão disso, o mercado dermocosmético se mostra altamente competitivo, fazendo com que as indústrias sempre invistam em novas linhas, na busca pela incorporação de benefícios adicionais aos seus produtos. Tanto é que, de acordo com dados divulgados pela Abihpec, 30% do faturamento total da indústria de cuidados pessoais no Brasil é gerado por lançamentos.

TENDÊNCIAS DE MERCADO • Baby Care – O segmento conhecido como “Baby Care” registrou uma expansão contínua mesmo du-

o Brasil terá 64 milhões de pessoas com mais de 60 anos de idade, representando cerca de 30% da população do país. Esse dado resultará em uma busca cada vez maior por recursos que mantenham a jovialidade e a beleza, tornando a demanda por dermocosméticos cada vez maior. Um relatório de 2016, elaborado pela Mintel Hair Care, revelou que 27% dos consumidores brasileiros se interessam por produtos antienvelhecimento. A mesma pesquisa mostrou que 22% das mulheres que compram cosméticos, maquiagem e embelezamento para unhas procuram benefícios antienvelhecimento na ação do produto. • Compostos naturais – Os ingredientes naturais têm se tornado uma aposta do mercado, e a substituição de elementos sintéticos por formulações mais puras é uma das principais tendências no mer-

DIFERENTE DOS MEDICAMENTOS, QUE TÊM PRAZO DE RECOMPRA MENSAL,

OS DERMOCOSMÉTICOS INCENTIVAM UMA IDA CONTÍNUA ÀS FARMÁCIAS, POIS SÃO PRODUTOS DE UM MERCADO EM CONSTANTE EVOLUÇÃO ALBERTO KEIDI KUREBAYASHI

rante a retração econômica, crescendo 45,6% entre 2011 e 2016, ano em que movimentou R$ 3,9 bilhões. Por serem produtos de higiene infantil, normalmente são comercializados sob indicação de pediatras, dermatologistas ou uma ocasional sugestão de pessoas próximas aos pais da criança.

cado de produtos dermocosméticos antienvelhecimento, abrangendo também a linha de maquiagem e de produtos para cabelos e cuidados com a pele. Óleos e manteigas vegetais, por exemplo, ajudam a reduzir a perda de água transepidérmica, o que proporciona um efeito hidratante de longa duração.

• Vários em um – Apesar de serem produtos que contam com alta vendabilidade em todas as classes sociais, a instabilidade econômica e o próprio mercado exigiram dos fabricantes determinados ajustes ao atual cenário, como embalagens em tamanhos diversos e produtos que agregam várias funções em uma única fórmula, aumentando o conforto, diminuindo os gastos e reduzindo o tempo dedicado aos cuidados pessoais.

• Produtos Masculinos – Nos últimos cinco anos, o segmento de produtos para o público masculino cresceu 16% no Brasil, transformando o país no segundo maior consumidor do mundo dessa variedade, atrás apenas dos Estados Unidos. Segundo um levantamento da Abihpec sobre os hábitos de consumo dos homens brasileiros, eles, apesar de estarem buscando mais os produtos especializados, ainda não estão satisfeitos com os itens disponíveis no mercado, e desejam novas opções para o cuidado com a barba, maquiagens com efeito corretivo e cremes depilatórios para o corpo.

• Produtos antienvelhecimento – De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2050

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