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Um legado que nos diferencia!
A Câmara Municipal de Ovar tem vindo a empreender e a prosseguir um significativo investimento na preservação do património histórico, conciliando, na implementação e concretização de projetos materiais e imateriais, a inovação e a criatividade com a preservação da nossa identidade. O Museu Júlio Dinis – Uma Casa Ovarense, com uma localização privilegiada no centro de Ovar, é um espaço cultural de inquestionável importância e qualidade que vem complementar e alargar a oferta cultural no território do nosso concelho. O nosso objetivo é claro: preservar o espólio cultural e patrimonial ligado ao escritor Júlio Dinis, garantindo um espaço de conhecimento, centro documental e serviços educativos que constituam uma referência no contexto nacional. Ovar e as suas gentes influenciaram a obra literária de Júlio Dinis, um dos autores clássicos de referência na história da literatura portuguesa, contribuindo para a criação de algumas das suas personagens. Impõe-se-nos, então, a preservação dos valores legados, como elementos fundamentais da memória coletiva da nossa comunidade. Com a remodelação e ampliação do espaço Museu Júlio Dinis – Uma Casa Ovarense, não só cumprimos um desiderato importante, como garantimos mais um elemento diferenciador na oferta cultural do Município. 25 de julho de 2012
Manuel Alves de Oliveira, prof. dr. Presidente da Câmara Municipal de Ovar
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Missão O Museu Júlio Dinis – Uma Casa Ovarense tem como missão valorizar a passagem do famoso escritor português por Ovar, dando destaque à influência que esse período teve na sua obra literária, associando-lhe a preservação da típica casa vareira que ele habitou em 1863 – a Casa dos Campos. Pretende-se salvaguardar uma herança cultural local de repercussão nacional, focalizada no séc. XIX, criando condições museológicas adequadas às suas especificidades e conferindo-lhe uma leitura contemporânea. Exposição Permanente - Casa dos Campos Corresponde ao espaço ocupado pela habitação primitiva, do qual se destacam a cozinha, o quarto principal e a sala. O espólio é constituído pelo recheio original da casa, por acervo doado a título particular, por peças cedidas pelos membros da Rede Museológica de Ovar, dos quais se destaca o Museu de Ovar, e por objetos adquiridos pela Câmara Municipal. Neste espaço pretende-se valorizar a vida e a obra de Júlio Dinis, as personagens com as quais o escritor conviveu e, fundamentalmente, destacar a Casa dos Campos enquanto exemplar da arquitetura tradicional e o ambiente oitocentista da Villa de Ovar. Biblioteca Dinisiana Considerando-se Júlio Dinis um dos autores de referência da história da literatura portuguesa, refletindo a transição entre o estilo romântico e o realismo, reuniu-se aqui um valioso fundo de bibliografia ativa e passiva, o qual, por um lado, dá a conhecer todos os títulos que publicou, em inúmeras edições - algumas de grande valor histórico e patrimonial e, por isso, de acesso condicionado e, por outro, diversos estudos sobre a sua vida e obra, enquadrando plenamente o séc. XIX. Oficinas ludico-pedagógicas Direcionadas de acordo com o projeto educativo desenvolvido no momento, são estruturadas a vários níveis etários, sujeitas a marcação prévia, com um mínimo de 5 dias úteis.
Júlio Dinis, o escritor Joaquim Guilherme Gomes Coelho, conhecido pelo pseudónimo literário Júlio Dinis, nasceu no Porto, a 14 de novembro de 1839. Filho de José Joaquim Gomes Coelho, natural de Ovar e Ana Constança Potter Pereira Lopes, ficou órfão de mãe com apenas cinco anos, facto que marcou profundamente a sua obra. Frequentou as primeiras letras em Miragaia e, com dezassete anos, matriculou-se na Escola MédicoCirúrgica do Porto, onde, em 1861, defendeu tese. No Verão de 1863, já diagnosticado com tuberculose, veio para Ovar apanhar o ar da brisa marítima e descansar, ficando hospedado na Casa dos Campos, propriedade de sua tia paterna, D. Rosa Zagalo Gomes Coelho, onde colheu inspiração para alguns dos seus principais romances, tais como As Pupilas do Senhor Reitor e A Morgadinha dos Canaviais. Júlio Dinis faleceu, vítima de tuberculose em 1871, com 32 anos de idade e encontra-se sepultado no Porto. Em vida, publicou vários romances, entre eles Uma família Inglesa e A Morgadinha dos Canaviais, em 1868, As Pupilas do Senhor Reitor, em 1869 e Serões da Província, em 1870. No ano da sua morte, foi ainda editado o romance Os Fidalgos da Casa Mourisca e, só postumamente, entre 1873 e 1874, se publicaram as suas Poesias. Inéditos e Esparsos, em dois volumes, foram editados já em 1910.
Casa dos Campos A Casa dos Campos tem uma configuração alongada. A sala dá acesso direto para a rua e a cozinha para as traseiras. As restantes divisões, pequenas, distribuem-se no decorrer de um longo corredor. O caráter nobre atribuído à sala, reservando-a quase exclusivamente para receber visitas, permitiu a privacidade e sossego necessários para que o romancista pudesse idealizar duas das suas maiores e mais prestigiadas obras As Pupilas do Senhor Reitor e A Morgadinha dos Canaviais. A casa foi considerada Imóvel de Interesse Público, por Decreto-Lei de 1984, e doada pela família Bonifácio à Câmara Municipal de Ovar, em 1989. A abertura do Museu Júlio Dinis - Uma Casa Ovarense, em 1996, teve como objetivo valorizar a passagem do escritor por Ovar e manter vivo, na memória de todos, o legado de uma época passada. Em 2012, a Câmara Municipal de Ovar inaugurou as obras de reabilitação e ampliação deste imóvel, financiadas no âmbito do QREN 2017/2013 - MaisCentro, e que resultaram de um projeto elaborado pela J. A. Lopes da Costa -Atelier de Arquitetura, de acordo a Lei Quadro dos Museus.
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Reprodução da planta/projeto do Museu requalificado
Legenda 1 SALA
«... Aqui era a sala... Os móveis são os mesmos e estão onde estavam. Escrevia nesta mesa e servia-se deste tinteiro. Logo meus olhos sôfregos poisaram num modesto tinteiro de loiça negra, que estava sobre uma pequena mêsa encostada á parede daquella sala que dava para a porta por onde entrei sala simples, de soalho nu, paredes caiadas, tecto liso de tabuas sobrepostas e pintadas, como os rodapés, as cornijas e os frisos das portas, fingindo mármores de côres vivas. Além dessa mêsa, havia um bahú de pregaria, algumas cadeiras e um armário, de dois corpos, meio cravado na parede... Neste armário tinha a roupa; e nesta gaveta da direita guardava papeis e, cuido, segredos, porque a tinha sempre fechada e a chave consigo.» Antero de Figueiredo, Júlio Dinis em Ovar, in Revista Serões, 1906
2 QUARTO
«...Aqui está o seu quarto de dormir Era um pequeno quarto. Quasi quadrado, rescendendo ás maças a corarem nos frisos do tecto. A cama, de pau setim com embutidos e a cabeceira almofadada de antiga chita às ramagens largas, estava encostada á parede; defronte, a commoda e o toucador; dentro de uma redoma, santos de marfim entre jarrinhas doiradas com jacinthos de panno; um cabide; e ao canto o sumido lavatorio. A luz, pouca, vinha da sala e do postigo que dava para a viela...» Antero de Figueiredo, Júlio Dinis em Ovar, in Revista Serões, 1906
... Deitou-se de costas e pôs-se então a contar as tábuas do tecto. Contou dezassete. Dezassete, noves fora, oito disse insensivelmente Daniel... Júlio Dinis, As Pupilas do Senhor Reitor
3 CORREDOR
Àquele tempo, as casas ovarenses eram, sobretudo singelas. As casas de um só piso, as mais simples e comuns do panorama vareiro, tinham divisões pequenas, quase todas interiores, que eram acompanhadas por um longo corredor, da rua ao quintal. Se a sala ostentava a riqueza possível, a cozinha era a verdadeira alma da casa. O tipicismo vareiro assentava na porta e janela de uma casa onde predominava um ambiente pobre e despojado, na qual a cozinha assumia um papel predominante, onde se destacavam, grandemente, a lareira e o forno.
4 COZINHA Na cozinha havia uma porta alpendrada que dava para o eido... Faziam-se aqui as esfolhadas que elle descreveu. Estou a vê-lo,... a debulhar feijões e a rir com o José Travanca homem mais alegre!... que dizem ser o José das Dornas das Pupilas... ...e entramos na cozinha uma bem característica cozinha de aldeia com a sua farta lareira, especie de saleta dentro da enorme chaminé que desce dos lados até ao chão e pela frente até a altura de um homem, para amigavelmente abrigar, no seu bojo, toda a família da casa, os creados, os caseiros, os jornaleiros, os vizinhos, o cão e o gato borralheiro! A um canto, o fôrno onde se coze o pão para toda a semana, e, próximo, a maceira, a peneira, a pá e o varredoiro. Aos lados, armários e a cantareira, pelas paredes, as candeias, o trem de cozinha e, em prateleiras, pratos de faiança de côres vivas, as travessas dos grandes assados e os boiões das conservas que se gastam pelo anno adeante. Mesmo dentro da lareira, lá estava o classico banco, especie de canapé sem palhinha, que se chega para o lume quando aperta o frio de Janeiro... Ahi, avido de pittoresco, conversava Júlio Dinis com os homens dos campos a respeito das cearas, das hortas, dos pomares, das vinhas e dos gados na franca linguagem de seus asperos plebeismos...» Antero de Figueiredo, Júlio Dinis em Ovar, in Revista Serões, 1906
5 SALA POLIVALENTE A Sala Polivalente é um espaço vocacionado para a realização de exposições, conferências, seminários, colóquios, projeção de filmes, teatro, encontros e demais iniciativas de âmbito cultural.
6 OFICINAS PEDAGÓGICAS As Oficinas Pedagógicas são direcionadas de acordo com o projeto educativo desenvolvido no momento. Estruturadas para vários níveis etários, estão sujeitas a marcação prévia com um mínimo de 5 dias úteis.
7 BIBLIOTECA DINISIANA A Biblioteca Dinisiana reúne um importante fundo bibliográfico que dá a conhecer todos os títulos publicados do escritor, em inúmeras edições (algumas de grande valor histórico e patrimonial), assim como diversos estudos sobre a sua vida e obra.
OVAR, tradição e modernidade Uma vila no Século XIX De acordo com o primeiro censo da população de Portugal, de 1 de Janeiro de 1864, a freguesia de Ovar teria 2.796 fogos e 10.374 habitantes, sendo a mais populosa das 180 freguesias do distrito de Aveiro. Na altura, entre os edifícios merecedores de destaque, seriam de salientar a Igreja Matriz, as Capelas dos Passos, das Almas, de Stº. António, de S. Miguel, da Nª. Srª. da Graça, a Recebedoria e os Correios (não tanto pelo edifício em si, mas pelo convívio que ali se proporcionava), os Paços do Concelho, as Pontes da Graça e do Casal... tudo ambientes que Júlio Dinis conheceu e que retratou nas suas obras de inspiração vareira. Por alturas da passagem de Júlio Dinis por Ovar, sabiam ler pouco mais de 900 ovarenses.
Uma cidade no século XXI Ovar é um concelho atrativo quer pelas suas características naturais – património ambiental e arquitetónico, localização estratégica, cultura e tradições - quer pelo desenvolvimento alcançado.
Uma cidade no século XXI Nos dias de hoje, os espaços de referência do centro da cidade são a Praça da República, as Fontes Júlio Dinis e dos Combatentes, o Mercado Municipal de Ovar, a zona ribeirinha - Rio Cáster e as Margens da Ribeira Sra. da Graça -, as Capelas dos Passos, o Centro de Arte, a Biblioteca Municipal e o Tribunal, a par de outros que em breve serão uma realidade: Escola de Artes e Ofícios, Espaço Empreendedor, Centro Escolar dos Combatentes e Parque Urbano.
A Câmara Municipal de Ovar tem apostado num estratégia de desenvolvimento sustentado para todo o concelho, que se traduz em mais qualidade de vida para os munícipes e para quem nos visita, e na qual a preservação do património e a valorização da identidade vareira são conciliadas com a inovação e a modernidade, próprias de uma cidade com futuro. O Museu Júlio Dinis – Uma Casa Ovarense é um exemplo da estratégia que tem vindo a ser implementada e é também mais um elemento diferenciador na oferta cultural do Município, sendo um projeto complementar ao vasto programa de Parcerias para a Regeneração Urbana de Ovar (PRU), que tem vindo a ser idesenvolvido nos últimos anos, com financiamento no âmbito do QREN 2007/2013 - MaisCentro.
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CONTACTOS Rua Júlio Dinis, nº 81 | 3880-283 OVAR Tel. 256 581 300/378 Email: museujuliodinis@cm-ovar.pt Site: www.cm-ovar.pt Coordenadas gps: 40.860385,-8.628259 HORÁRIO 3.ª feira a sábado, das 09h30 às 12h30 e das 14h00 às 17h00 Encerra aos domingos, segundas e feriados.
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rede museológica
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