Discurso de Rosa Cardoso no Ato Sindical Unitรกrio de Santos Rosa Cardoso
Novembro de 2013
DISCURSO DE ROSA CARDOSO NO ATO SINDICAL UNITÁRIO DE SANTOS
Estamos aqui reunidos com representantes de nosso movimento sindical, que é o mais importante movimento social do Brasil. Ele é combativo, resistente, insistente, aguerrido, capaz de lutas e de diálogos, capaz das greves necessárias. Ele sabe compreender os fatos da nossa história como se viu na fala de nossas centrais sindicais: neste ato reconsideraram o porquê de o Raul Soares aparecer em Santos, por que houve perseguição aos trabalhadores e ao movimento sindical da Baixada Santista, porque a classe trabalhadora não esquece o que aconteceu aqui e no País e como se deve relacionar o passado com o presente, inclusive lutando por reparação, do Estado e das empresas. Mas eu pergunto também: por que estamos aqui reunidos para dizer que o passado não passou? Por que estamos juntos nesta noite, cansados, sofrendo com nossas recordações, sem dar ao corpo e ao espírito o relaxamento que eles pedem, para insistir em que este passado não deve passar sem a anterior enunciação da verdade e o exercício da Justiça? Contemplamos a história e vemos que o progresso e a civilização não são ascendentes. O nazismo sucedeu um período de democracia na Alemanha e a ditadura brasileira sucedeu a democracia de 1946. O fim da Segunda Guerra Mundial prenunciava que não se admitiria mais violência. Não foi assim. As democracias, como a de 1946, mantêm estruturas repressivas, como acontece agora. Mantemos em grande medida o aparelho repressivo da ditadura. Comissões da Verdade existem para denunciar esta permanência e destruir este entulho. Eu digo a vocês: não somos poucos, somos muitos. Poucos eram os generais que comandaram o golpe. Estamos numa conjuntura política nova: ampliaram-se os interessados nessa causa, mudou a composição do Supremo Tribunal Federal e tudo indica que a Justiça virá. Com a nossa luta. Santos, 27 de novembro de 2013 Rosa Cardoso
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