assim... siga o fluxo O fluxo das matérias da tipo segue de acordo com o tema de cada edição e se divide em três blocos principais para lhe proporcionar um melhor acompanhamento das idéias desenvolvidas ao longo da revista. O primeiro bloco [ sólido ] engloba informações de ordem mundial ou internacional. Depois disso, no segundo [ líquido ], estão as repor tagens que tem a ver com o aspecto social do assunto apresentado. O terceiro bloco [ vapor ] fecha a revista com matérias leves, de interesse pessoal. Os ícones abaixo ajudarão você a se orientar dentro da tipo :
Uma revista, como o próprio nome lhe impõe, deve se caracterizar por revistar, ou melhor dizendo, relançar a vista sobre o que está a nossa volta tratando
de
retratar
e
recontar
algo
a
respeito
que sirva, entretenha ou mesmo interesse a alguém. Esse é o tipo de coisa que a
tipo
se propõe a oferecer,
sem tirar nem pôr, salvo a pequena peculiaridade
de ter em cada edição um assunto específico sob o qual
serão costuradas as reportagens, crônicas, publicidades
[ sólido ], página 06 a 17 [ líquido ], página 18 a 39
elementos gráficos e tudo o mais que venha a vestir [ vapor ], página 40 a 50
seu corpinho bem paginado e, nessa edição, molhadinho.
dezembro, 2002
a tipo é uma revista experimental, apresentada como trabalho de conclusão do curso de jornalismo da faculdade de arquitetura, artes e comunicação da unesp (universidade estadual paulista), sob orientação do prof. dr. Luciano Guimarães. jornalistas:
diego.pontoglio.meneghetti tiago.reis.jokura
revisor:
fernando.teixeira.gregio
colaboradores:
renato.endrigo.coelho josmar.da.silva.batista
Ao despi-la, a
tipo
deleitrá seu olhar com idéias em forma
de imagens e letras, [que aqui podem ser a mesma coisa]
deixando a melhor impressão, sem mudar de assunto! w w w . r e v i s t a t i p o . c o m
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[ www.revistatipo.com ]
fluxo Sekhet Aaru, o campo dos papirus [ Nosso ...] 06 América das águas [ Para grande parte da ...] 08
filme, pipoca e edredom [ Dizem que vida de ...] 3 1 em outras palavras: [ Deus soprou o fôlego de ...] 32
saneamento de Estado [ Já os acostumamos ...] 1 0
salva-águas [ Você sabia que o maior oceano ...] 34
a herança dos Guaranis [ Para os mais desavisados ...] 1 2
entrevista: Rodrigo Agostinho [ O bate-papo foi ...] 35
conversa de pescador [ O título é mais um clichê ...] 1 4
beba-me! [ Imagine-se tendo que vender alguma ...] 39
úmidas lembrancas [ E pensar que tudo começou...] 1 5
no fundo da poca? [ A água é o recurso natural ...] 40
navegar é preciso! [ Não é de hoje que os ...] 1 6
contagotas
“a água me dá independência” [ 1998 era o ano ...] 1 8
manual do escalda-pés [ Comece relaxando ...] 43
sob cuidado de ETEs [ Não se assuste! Os ETEs ...] 20
perder peso é sopa [ Compre já Elissbelt e ...] 44
toma um copinho d’água que melhora [ A água ...] 2 1
refresco em pó [ Em outubro deste ano, a região ...] 46
usar racionalmente ou racional usualmente [ Dias ...] 22
lavando as folhinhas [ Sabe aquelas folhinhas de ...] 47
dando nó em pingo d’água [ A tipo é uma revista ...] 23
para a sua digestão [ Um tipo de roteiro para ...] 48
água para todos os gostos [ Ué, pensaria você ...] 24
águas de atraso [ Tipo é raiz de tipografia, ...] 49
o primeiro tombo de São Francisco [ Disseram que ...] 26
protótipo [ a t i p o satisfaz o gosto dos olhos ...] 50
[ www.revistatipo.com ]
[ Era fatal o enfrentamento. ...] 42
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sólido | atlântida
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osso exemplo pode ser ingênuo, não há problema. Mas você, leitor, já se sentiu mal ao ver uma criança, na praia, perder seu brinquedo na maré sorrateira do litoral (na maioria das vezes era um baldinho colorido com aquelas pazinhas, também coloridas, que, juntos, montam uma cabeça de palhaço ou algo do tipo). O brinquedo rapidamente vai para o fundo do mar, e a criança fica com aquele sentimento de perda, um soluço de choro e você, com um aperto no coração. Se possível corre numa loja e compra logo outro brinquedo semelhante. Mas isso não tem nada a ver com a matéria que você lê nesse momento. Talvez um pouco. Falaremos aqui sobre uma lenda que até hoje é comentada por estudiosos desde o tempo de Platão, na Grécia antiga. Aliás, quem não
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acredita na lenda diz que o filósofo foi o primeiro responsável por toda essa especulação que fala de uma civilização perdida no fundo do mar. Há quem diga que Atlântida não passa de uma obra da cabeça de Platão; que nunca existiu, exceto nas mitologias. O episódio do baldinho da criança foi só pra você entrar no clima da praia e sentir o poder de "sucção" do mar! Sim, pois a história conta que foi dessa forma que Atlântida desapareceu: sugada pelo oceano, logo após o fim da última glaciação. Já faz um tempo, cerca de 11.600 anos atrás. Todo o continente dos atlantes pra dentro d'água até hoje. Vários pesquisadores já procuraram a exata localização da cidade submersa, porém sem nunca obter sucesso. Talvez seja porque todas as buscas partiram de suposições ou relatos mitológicos deixados pelos antigos, como os egípcios (que a chamavam de Sekhet Aaru, Campos dos Papirus, em português), gregos, maias, astecas e hindus.
Cada uma dessas civilizações fizeram referências à Atlântida ao seu modo, dando cada uma um nome ao continente, hoje, perdido no fundo do mar (se é que ele um dia existiu). O professor de Engenharia Nuclear da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Arysio Nunes dos Santos, 63, é contrário à idéia de que Atlântida não passa de uma lenda. Para ele, o continente perdido é o berço de todas as civilizações e fonte de toda a religião e ciência desenvolvida no mundo. Esse conhecimento teria sido passado à frente pelos atlantes que conseguiram sobreviver ao fim de sua civilização. O cientista acre-
dita que Atlântida era o santuário dos deuses de todas as religiões. Até o antigo dilúvio que várias crenças pregam seria o extermínio da civilização pelo oceano. Segundo o professor, o fato de ninguém até hoje ter encontrado a cidade submersa (e veja que tentativas não faltaram) seria porque todos procuram nos lugares errados. Um tanto óbvio! Mas é verdade: Atlântida não tem relação com o oceano Atlântico; estaria situada na região da Indonésia, perto do mar da China. E como foi inundada pela última glaciação, toda a cidade estaria abaixo do fundo do mar, submersa e subterrânea. Atlântida seria uma cidade rodeada por altas montanhas ao seu norte, protegendo-a assim dos ventos fortes da Ásia. Possuiria uma tecnologia avançadíssima (incluindo bombas atômicas, veja só...), sistema político e uma avançada engenharia genética: animais domésticos, como o cavalo, viriam de lá, igualmente ao trigo, milho, feijão...
se fosse hoje... Para comprovar sua tese, o professor Nunes cita vários mitos astecas e maias, nos quais está o aparecimentos do tomate, mandioca e milho (elementos que não existiam na Europa até o "descobrimento" da América). Muitas dessas histórias contam que as sementes desses alimentos haviam sito trazidas pelos deuses e imperadores fundadores de suas nações (no caso, os atlantes sobreviventes do dilúvio). No meio de tanto mistério, a tipo promove um concurso: quem conseguir obter algum vestígio de Atlântida ganha um lindo baldinho de plástico e várias pazinhas colordas, que, juntos, montam uma cabeça de um palhacinho! Um lindo presente para uma criança que adora praia... Mais informações sobre a civilização de Atlântida no site da tipo: [www.revistatipo.com]
Imagine que, a partir desse momento, o planeta sofresse mais uma glaciação, e ao final, todas as calotas polares se derretessem. O planeta seria uma aguaceira só! No cinema, Kevin Costner já protagonizou um filme dessa natureza, Waterworld, em 1995. No filme, a população vive em barcos e ilhas ar tificiais. Não existe nenhum lugar de terra firme. Um misterioso aventureiro ( Kevin Costner) vive comercializando tudo que é possível, inclusive terra pura, a mercadoria mais valiosa desta época. Após ser preso injustamente, ele é liber tado por uma comerciante que exige que ele a leve embora e junto com eles uma garota (Tina Majorino), que tem nas
costas o mapa para se chegar a Terraseca, o único e lendário local com terra firme. Mas o chefe de uma gangue (Dennis Hopper) resolve perseguí-los, pois também deseja encontrar este local. O filme pretendia ser um homônimo do sucesso Mad Max. Na época da sua produção foi o filme mais caro de todos os tempos, 175 milhões de dólares. Recebeu uma indicação ao Oscar, por efeitos sonoros, mas ganhou 3 Framboesas de Ouro (premiação norte-americana aos piores filmes do ano). A direção é de Kevin Reynolds, mas no final de suas gravações, Reynolds abandonou os sets de filmagem; Kevin Costner acabou dirigindo o restante do filme.
na outra margem Na distribuição da água ao mundo, o deser to do Atacama, no Chile, ficou por último na fila e não conseguiu pegar sua par te. Esse trecho chileno é considerado o mais seco do
mundo; esteve sem chuvas durante 1571 anos (de 400 a 1 9 7 1 ) . Po s s u i u m a a l t i t u d e média de 2400 metros e temperaturas que variam de 0º à noite até 40 0 durante o dia.
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sólido | dia interamericano da água
América
Para grande parte da população do sul e sudeste brasileiros, abrir uma torneira e ter água em abundância em casa é uma situação trivial. O Brasil, de forma geral, é um país bem privilegiado quanto a esse recurso natural: cerca de 18% de toda a água doce do planeta está em nosso território.
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| water
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das águas a
bundância de água doce não é uma realidade em países como Índia e Paquistão, na região da Caxemira, e nos EUA e México, no fluxo dos rios Colorado e Concho. Nesses locais, além dos conflitos internos, problemas envolvendo a água também afligem a população. A disparidade é tamanha que, no Brasil, já está em debate a possibilidade de exportação da água como alternativa econômica para regiões ribeirinhas da Amazônia, por exemplo. E temos que ter em mente que a água, do jeito como a utilizamos hoje, é um recurso finito. Em defesa desse bem natural, várias organismos nacionais e internacionais atuam em sua preservação. Nesse sentido, foi criado há dez anos o Dia Interamericano da Água, idealizado pela Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental (Aidis), Associação Caribenha de Água e Águas Residuais (CWWA) e a Organização Pan-americana da Saúde (Opas), durante o 23º Congresso Interamericano da Aidis, em Cuba. Foi acertado que a data seria lembrada sempre no primeiro sábado de outubro de cada ano. Desde então, a celebração da água vem acontecendo na maioria dos países da América Latina e do Caribe e também em alguns Estados brasileiros. Pioneiramente, a seção gaúcha da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes/RS) instituiu, em 1994, a Semana Interamericana da Água. Em abril
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do ano passado, a Organização dos Estados Americanos (OEA) se incorporou à iniciativa. Neste ano, o Dia Interamericano da Água, celebrado em 5 de outubro, foi marcado pelo lançamento da IX Semana Interamericana da Água no Rio Grande do Sul. O evento, que ocorreu de 12 a 19 de outubro, teve o apoio de 41 órgãos governamentais e não-governamentais, universidades, conselhos e associações profissionais, e resultou em cerca de 800 atividades em todo o estado. O tema deste ano, "Não ao Desperdício, Não à Escassez", remete para uma reflexão sobre a forma de utilização desse bem natural, cada dia mais raro para grande parte da população e
ecossistemas no mundo. O Rio Grande do Sul, por exemplo, estado com grande potencial hídrico, tem diversas regiões com problemas de escassez. A IX Semana Gaúcha teve um calendário que reuniu diversos aspectos da água: o lado sagrado, o técnico, o artístico, o social, o biológico, o econômico, o histórico, o educativo, enfim, diversas dimensões deste recurso natural. Seminários, palestras, exposições fotográficas, mutirões de limpeza e de plantios de árvores em nascentes e atividades de educação ambiental fecharam o programa da semana. O resumo da campanha pode ser obtido no site da Secretaria Estadual do Meio Ambiente do RS www.sema.rs.gov.br
outras datas 2 de Fevereiro - Dia mundial das zonas úmidas 14 de Março - Dia mundial de ação contra barragens e pelos rios, as águas e a vida 22 de Março - Dia Mundial da Água 8 de Junho - Dia mundial do oceano 17 de Junho - Dia mundial do combate da deser tização e da seca 16 de Setembro - Dia mundial de limpeza do litoral 4 de Outubro - Dia da Ecologia
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sólido | política
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J
á nos acostumamos com a rotina das privatizações, é bem verdade. Faz parte da nossa rotina pagarmos serviços telefônicos e energéticos para empresas francesas, espanholas, italianas etc. Sinais dos tempos do Real e do seu "mentor e pai", Fernando Henrique Cardoso no comando da nação. Tempos de enxugar o Estado. Por enquanto a Petrobrás continua em nossas mãos, e se não fosse por algumas iniciativas legislativas, a palavra "enxugamento" poderia chegar ao extremo de seu significado mais simples. Um projeto de lei de autoria do deputados Inácio Arruda (Pc do B), publicado em fevereiro de 2001, conseguiu fazer frente a uma possível política de desestatização dos serviços de saneamento básico (distribuição de água, coleta e tratamento de esgoto) no Brasil. A proposta em vigor alterou procedimentos do Programa de Desestatização Nacional, excluindo o saneamento básico da lista de serviços "privatizáveis". O texto de justificativa do projeto de lei nº 4167 começa assim: "A água é um bem de domínio público e um re-
curso natural limitado, como sublinha a Lei que Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos". A justificativa segue apontando vários argumentos que solidificam a posição de resistência do projeto diante do interesse de empresas estrangeiras no potencial hídrico nacional (cerca de 12% das reservas de água doce mundiais) e no setor de saneamento que, segundo a Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento, obtém receita anual de cerca de R$ 10 bilhões. Os riscos de controle do saneamento básico por empresas estrangeiras vão além do provável aumento do custo do serviço. O preço das tarifas geralmente sobe em decorrência de compromissos de ampliação e de melhoramentos na qualidade e no alcance populacional do serviço, impostos às empresas gestoras pelo governo que cede o controle dos setores privatizados. O maior risco, no caso do saneamento, é o de que uma eventual má-prestação de serviço possa afetar a saúde pública. Nesse caso, o governo estaria cedendo um setor que é fundamental para a manutenção de uma garantia que é de sua responsabilidade proporcionar a cada cidadão.
Atualmente, cerca de 5% do setor de saneamento nacional está sob controle de grupos estrangeiros. Tais participações já ocorrem no Paraná e no interior do estado de São Paulo. Em Manaus, segundo o texto de justificativa do projeto, a empresa francesa Lyonnaise Des Eaux controla o saneamento básico e vem prestando um mau serviço, deixando de atender algumas áreas da cidade. Dentre os demais argumentos encontrados no projeto de lei está um quadro de políticas adotadas em vários países em desenvolvimento que têm acordos com o FMI, prevendo a privatização dos setores de saneamento básico, demonstrando a tendência de abertura do setor à iniciativa privada em países que tem a política atrelada às metas impostas pelo Fundo. Além de combater a entrega de mais um patrimônio público e estratégico do país para a livre exploração do capital estrangeiro, o projeto de lei nº 4167 tem como objetivo manter o controle do saneamento sob a esfera de atuação municipal, garantido constitucionalmente, mas ameaçado pelo Executivo federal.
O texto do projeto pode ser encontrado no site do deputado Inácio Arruda, líder do PC do B na Câmara Federal [www.camara.gov.br/inacioarruda/proposicoes/pl4167_01.htm]ou no site da tipo. Lá, você poderá encontrar maiores informações sobre os acordos, citados nas matérias, entre alguns países e o FMI, que dizem respeito à cessão de serviços como o de saneamento básico.
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sólido | aqüífero guarani
Para os mais desavisados, nossa querida América do Sul tinha dono antes de espanhóis e portugueses lançarem-se além-mar para desbravar essa terrinha. Aliás, tinha dono muito antes de ser batizada de América. Pois é, especialmente nas terras que hoje chamamos Brasil, os “donos do pedaço” fizeram uma breve amizade com os lusitanos para depois serem assaltados, assassinados, apelidados de índios e praticamente sumirem do mapa juntamente com seu idioma, o tupiguarani. Mal sabiam, melhor, mal souberam o tamanho da herança que pisavam.
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omo hoje em dia a moda é de tentar corrigir erros ancestrais com homenagens cosméticas, cientistas sulamericanos decidiram denominar a herança relatada acima como aqüífero Guarani, em homenagem ao povo que habitou as terras abrangidas por essa que talvez seja a maior reserva de água doce do mundo. Para se ter uma idéia do seu tamanho, basta saber que o aqüífero tem um volume de água capaz de abastecer toda a população do Brasil por 2500 anos. Isso tudo calculado, sem levar em conta o volume de reposição do aqüífero, ou seja, ignorando a quantidade de água que ele absorve da superfície e o mantém renovado. Tá certo, mas afinal, o que vem a ser um aqüífero? Você tem todo o direito de não saber, assim como o candidato ao governo de São Paulo, José Genoíno (PT). Mas ao contrário dele, você pode admitir. Um aqüífero nada mais é do que um lençol d'água subterrâneo. Acontece que o Guarani tem uma extensão de 1,2 milhão de km2 e atravessa oito estados brasileiros (Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), além de atingir boa parte de Paraguai, Argentina e Uruguai. Com todos esses dados você pode facilmente calcular a importância desse reservatório de água doce para
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o consumo humano, abastecimento de empresas e, principalmente, para a agricultura. O que vem chamando atenção nos últimos tempos é a contaminação do aqüífero em locais com intensa atividade agrícola, principalmente aqueles mais próximos a áreas de recarga. Nessas áreas, geralmente situadas nas bordas do aqüífero, a cerca de 40m ou 50m da superfície, o lençol d'água fica mais exposto à água das chuvas e dos rios, que carrega consigo os agrotóxicos utilizados na lavoura. As regiões onde a incidência de contaminação mais preocupa são a nascente do Araguaia, arredores de Ribeirão Preto, e algumas áreas no sul do país. Todas elas apresentam em comum a prática da monocultura agrícola intensiva. As várias aplicações anuais de agrotóxicos requeridas acabam por carregar o solo e conseqüentemente contaminar o aqüífero. Uma medida alternativa é adaptar gradativamente as culturas próximas dos rios, garantindo que a agricultura intensiva seja praticada apenas em áreas distantes das margens.
outro grave problema diz respeito aos poços artesianos que são implantados indiscriminadamente e em seguida abandonados. A extrema quantidade de poços diminui a pressão das águas do aqüífero, prejudicando o abastecimento de algumas regiões onde o lençol está mais distante do solo. Os poços abandonados sem vedação adequada, por sua vez, propiciam a entrada de terra e de águas poluentes no aqüífero. olhando para o futuro, devemos analisar a importância política e estratégica, cada dia maior, do aqüífero Guarani. Estudos da ONU prevêem, já para 2025, que metade da população mundial sofrerá com a carência de água doce para consumo e demais atividades produtivas. Por isso, o Brasil (país que abriga a maior extensão territorial do aqüífero) precisa reunir forças com os países vizinhos para preservar a soberania e os interesses da região, que certamente será muito assediada pelas potências mundiais, com destaque para nossos sempre "interessados primos" de América. Aqueles mesmo, do norte.
um caso genuíno No primeiro turno das eleições 2002 para governador do estado de São Paulo, a rede Record realizou um debate no qual o candidato do Par tido dos Trabalhadores, José Genoíno passou por maus lençóis. Aconteceu quando foi perguntado sobre a questão da poluição do aqüífero Guarani. Evidentemente, a questão par tiu do candidato do Par tido Verde, Pinheiro Pedro, que pediu para Genoíno discorrer a respeito do problema. Como não sabia do que se tratava
e talvez temesse ser ridicularizado ao afir mar desconhecer a situação, Genoíno gastou seus minutos regulamentares de resposta num falatório sem fim, que popularmente, chamamos de "encher lingüiça". Na réplica, Pinheiro, pronta e sinteticamente, explicou o que era o aqüífero Guarani, e do que se tratava sua pergunta, que insisitiu, não fora respondida por Genoíno. Imediatamente, em sua tréplica, Genoíno emendou: "Mas foi justamente isso que eu disse!"
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sólido | curiosidades
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título é mais um clichê que a tipo traz, é verdade. Mas vamos deixar de lado o papo dos pescadores e vamos ao que interessa (ou não!): conhecer algumas bizarrices dos oceanos; seres que habitam profundezas onde o humano é incapaz de chegar. Como um diálogo com um pescador, você acredita se quiser!
Você sabia que algumas fontes hidrotermais (fraturas na crosta terrestre submersa que expelem gazes altamente tóxicos) possuem as criaturas que crescem mais rapidamente no planeta? São vermes gigantes que, com a ajuda de bactérias simbiontes (um tipo de parasita, mas que ajuda o verme) fixam o carbono mais rápido que plantas. Algumas dessas bactérias podem ser usadas na proteção da pele (dos humanos) contra os raios nocivos do sol. Um peixe que se chama Feiticeira! Ela mora em abismo oceânicos
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(as tais fossas submarinas), possui 4 corações, não tem estômago, e apesar de cega, tem o olfato e o tato muito aguçados. Dizem os pescadores que, no último inverno, ela implantou 50 ml de silicone em cada brânquia! Às vezes, algumas bolhas de metano em gás brotam do fundo do oceano. São tão poderosas que podem afundar navios. A semelhança está somente no nome, mas nosso próximo presidente, Luis Inácio Lula da Silva, o Lula, tem um homônimo que habita os fundos do mar da Califórnia que não é nem um pouco simpático. No fundo do Oceano Pacífico, na cidade subterrânea de Fenda do Bikini, mora uma esponja do mar quadrada e amarela, chamada Bob Esponja. Ele estrela um desenho do
canal pago Nickelodeon que atualmente também é exibido pela TV Globo. Na história, Bob mora dentro de um abacaxi no fundo do mar, tem um caracol como bicho de estimação e trabalha numa lanchonete fritando hambúrgueres. O "gobie", do arquipélago de Chagos, no Oceano Índico, é o menor peixe marinho vertebrado. Quando adulto, mede cerca de 8,5 milímetros de comprimento. O mais leve é o "gobie" das Ilhas Samoa, na Oceania. Não pesa mais que dois miligramas. Outras curiosidades você encontra no site www.mbari.org
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pausa pra prosa
úmidas lembranças e
pensar que tudo começou na água, ou no líquido sei lá o que, naquela coisa que tinha na barriga da minha mãe. Foi em Sampa. Terrinha boa, mas com água e ar não tão bons. E foi por causa do ar que comecei a ficar doente. Sempre faltava ar nos meus pulmões, ainda mais quando faltava água no ar. Minha mãe se desesperava com minhas noites mal-dormidas e só eu sabia o quanto sofria e quantas vezes pensei que nunca mais respiraria. Talvez isso tenha feito com que minha mãe pensasse em algumas soluções. Achava algumas esdrúxulas, mas no desespero fazia tudo sem reclamar. Bebi duma água verde viscosa cujo cheiro me vem à cabeça até hoje e ainda me dá enjôo; cuspi dentro da boca de um peixe que acabava de ser fisgado de um rio sujo, mas nada disso me salvou. Até que apareceu uma médica pediatra (a qual recorro até hoje quando adoeço!) que disse que era bom eu começar a nadar para melhorar. Fiquei ainda mais desesperado. Tinha pavor de água. Cada vez que via água, mais água surgia dos meus olhos. Lembro-me do dia em que entrei na piscina do clube para minha primeira aula de natação. Foi muito emocionante. Aquele monte de gente me incentivando a entrar e eu resistindo. Mas não é que no final eu consegui? Então eu fiz a minha primeira aula de natação. Comecei e gostei. Gostei muito, aliás. Era um pirralhinho, devia ter meus oito ou nove anos e foi aí que tive meus primeiros impulsos de homem grande. Também, com aquela professora... Era loira, linda e muito... cheia de curvas. Seu nome era Leila. Ah, como era bom quando ela passava na nossa frente ensinando o nado
renato.coelho
de costas. Eu, meu irmão e nosso amigo Daniel ficávamos babando. Os dois ficavam cochichando, achando que eu não sabia de nada, mas eu sabia sim. Eu era o queridinho dela... Bem, as aulas continuaram e uma aluninha nova apareceu. Meu coraçãozinho bateu mais forte. Já tinha meus dez anos. Ela se chamava Flaviana, era magrinha, tinha um ano a menos que eu e era linda. Tentava fazer as aulas sempre do lado dela. Às vezes não dava, era muito disputado. Ainda bem que ela estudava na minha escola e fazia dança com minha irmã, assim ficava mais fácil. Mas bom mesmo foi o dia do bailinho da academia delas. Dancei com ela e lembro até hoje do perfume que ela usava. Recebi também um correio elegante dela, mas não entendi direito. Estava escrito "mais vale perder um minuto na vida do que perder a vida em um minuto". Não falei com ela naquele dia. Guardei o bilhete por mais de dez anos na carteira, mas nunca mais falei com ela. Hoje ainda a vejo algumas vezes. Está ainda mais linda. Virou um mulherão. Nem deve imaginar que foi a primeira pessoinha pela qual meu coração bateu mais forte. Não deve nem se lembrar mais de mim... Bom, mas eu continuei a nadar, minha doença nunca mais se manifestou e eu passei a treinar sério com quinze anos, mas eu não tinha talento para aquilo, meus tempos não eram tão bons, e eu resolvi parar. O pior é que ainda hoje penso na Flaviana... Mas tudo bem, depois apareceu a Michele, que já é outra história... E pensar que tudo começou na água, ou no líquido sei lá o que, naquela coisa que tinha dentro da barriga da minha mãe. [ ]
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sólido | aventuras
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ão é de hoje que os brasileiros conhecem as aventuras e peripécias de gente como Amyr Klink e a família Schürmann. Eles são típicos brazucas que resolveram viver e viajar o mundo de uma maneira nada convencional, velejando. As semelhanças, porém, param por aí: Amyr Klink era um economista e administrador de empresas bem-sucedido, quando decidiu fazer em 1984, sozinho e a remo, a travessia do Atlântico Sul. Daí em diante não parou mais. Obteve o reconhecimento nacio16
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nal, velejando solitário com o Paratii. Amyr Klink pesquisou e fez a invernagem polar, viajando da Antártida até o Ártico num total de 27 mil milhas em 642 dias. Atualmente, Klink está animado e orgulhoso com o novo barco: o Paratii 2, projeto 100% brasileiro que anda, segundo o próprio Amyr, deixando grande personalidades do mundo náutico que navegam na Antártida impressionados. Klink iniciou em outubro uma circunavegação iniciada na Antártida com o Paratii2, e deverá percorrer 50 mil
milhas em 1095 dias de viagem. Junto com a equipe de mais três tripulantes, insistentemente classificados como comandantes pelo velejador, Klink pretende obter imagens de ondas, na região da Antártida, que chegam a atingir de 20 a 30 metros de altura e nunca foram registradas. Segundo os planos, em maio de 2003 a equipe deverá estar rumando para o Ártico até chegar a China onde realizará a segunda etapa da viagem pelo país, de onde partirá para completar a circunavegação e retornar ao Brasil em 2005. [ www.revistatipo.com ]
Já os catarinenses da família Schürmann resolveram viajar pelo mundo morando dentro do seu veleiro, o Aysso. Os filhos de Vilfredo e Heloísa (Pierre, David, Wilhelm e Kat) estudaram por correspondência e em alguns países por onde passaram durante as expedições familiares pelo globo. Entre 1997 e 2002, os Schürmann participaram do projeto Magalhães, em homenagem ao navegador português Fernão de Magalhães que, a serviço do reino da Espanha, foi o comandante da primeira viagem de circunavegação terrestre. [ www.revistatipo.com ]
A família seguiu o mesmo roteiro de Fernão pelos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico. A aventura terminou no dia 22 de maio de 2000, na baía de Porto Seguro, na comemoração do aniversário de 500 anos do Brasil. Durante o projeto a família Schürmann contou com dois "penetras" na tripulação,o chileno Jaime Hector Gatica Mendez e a brasileira Sabrina Jachowicz, que ajudaram como marujos e como assistentes de captação e transmissão de imagens via internet. Eles seguem viajando atualmente pela costa brasileira e mantém uma
casa em Santa Catarina, a Adventure House. A "base terrestre" dos Schürmann está localizada na ilha de Porto Belo, a 55km de Florianópolis, em um terreno de 400 mil m2 de Mata Atlântica, onde visitantes podem conhecer mais a respeito da família através de seu acervo particular de fotos e objetos trazidos das viagens, além de participar de cursos e atividades pedagógicas relacionados à educação ambiental. www.amyrklink.com.br www.familiaschurmann.com.br
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líquido | esporte
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u sempre gostei de água", foi assim que começou o papo que a tipo levou com a atleta de natação, portadora de deficiência, Fernanda Luiza de Azevedo Lima, paulistana de 22 anos, duas medalhas de ouro no pré-Mundial de natação, realizado em dezembro de 2001 em Mar del Plata, na Argentina. Marcamos de nos encontrar na AACD (Associação de Assistência a Crianças Deficientes), onde ela ia trocar os velcros que prendem o seu suporte de pernas, para em seguida ir até a autoescola fazer matrícula. Esse pequeno período do dia da Fernanda já nos dá
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uma boa idéia de como é a vida de um portador de deficiência. Ela chega acompanhada da amiga e fiel escudeira Jacqueline, que a leva para todos os lugares. Um tanto tímida no início da conversa, Fernanda vai se descontraindo e começa a contar mais sobre sua vida enquanto seguimos o caminho para a auto-escola, ao lado da estação Vila Mariana do Metrô: "Eu moro no Jardim São Paulo (zona norte de São Paulo) e fui encontrar a autoescola especializada mais próxima só aqui na zona sul. Ainda bem que o Metrô passa perto de casa...", relata. O lon-
go trajeto percorrido por Fernanda, passando por ... estações, seria praticamente inviável se tivesse que ser feito de ônibus, tanto pelo tempo de locomoção como pela dificuldade que teria para subir e descer, já que pouquíssimos veículos facilitam o acesso aos cadeirantes. "Nas estações a gente tem acesso facilitado", ressalta. Além da auto-escola, que vai pagar com dinheiro que recebeu trabalhando em traduções inglês-português, já se prepara para o vestibular de turismo: "Eu não espero andar pra fazer as coisas! Ainda luto para andar, mas não [ www.revistatipo.com ]
vou deixar de fazer uma faculdade, de aprender a dirigir, para isso; senão, acabo perdendo meu tempo". E é pra não perder tempo que ela vem treinando firme na academia WE com o técnico Wellington Gama, do Clube dos Paraplégicos de São Paulo CPSP, para seguir disputando campeonatos estaduais, regionais, nacionais e internacionais na sua categoria. Ela explica, para os leigos, que as categorias não agrupam os atletas por tipo de deficiência, mas por nível funcional, que é avaliado por técnicos preparados especialmente para essa sele[ www.revistatipo.com ]
ção. Ou seja, na mesma prova podem competir atletas com as mais variadas deficiências físicas ou mentais, desde que tenham o rendimento nivelado em um patamar comum. Mesmo sem incentivos públicos, tanto em forma de patrocínio como em infra-estrutura de treinamento, necessários para uma preparação competitiva adequada, Fernanda levou ouro nas provas dos 50m e 100m livres, no pré-Mundial. Na prova dos 50m borboleta, da qual é recordista brasileira, também venceu, mas teve o resultado cassado por uma irregularidade na bra-
çada, apontada pelo fiscal de prova. Ela segue, agora, em busca do índice nas provas em que compete para poder disputar o Pan-Americano e voltar a Mar del Plata, onde será disputado o Mundial. Para isso, em novembro, viaja até Natal, onde irá competir no campeonato Nacional. Existe, também, a esperança de que, mantendo o nível técnico, Fernanda possa participar dos Jogos Paraolímpicos de Atenas, em 2004. Daí, ou melhor, de lá, quem sabe ela não pode dar uma escapadinha, alugar um carro e finalmente conhecer a Inglaterra.
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líquido | tratamento de águas
Você sabe o destino da água que vai embora pelo encanamento quando utilizamos o banheiro, a pia da cozinha etc?
sob cuidado de
ETEs n
ão se assuste! Os ETEs que podem estar tomando conta da água que você já utilizou em casa, não são seres extraterrestres. São, na verdade, as Estações de Tratamento de Efluentes, conhece? se na sua casa funciona o sistema de fossa sanitária, os efluentes [água já aproveitada em casa, juntamente com seus dejetos] são armazenados em um grande buraco escavado no quintal. Bom, talvez você não tenha fossa em casa e mande seus efluentes diretamente para os rios, como fazem várias empresas, poluindo-os. Em busca de uma forma mais racional para controlar a água utilizada tanto em casa como em empresas, a opção ideal é o sistema de esgoto encanado. O problema é que não há redes de esgoto em todas as localidades, o que acaba deixando algumas regiões sem essa alternativa. Algumas empresas, como a Sabesp [Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo], mantêm ETEs em locais onde há ligação com a rede de esgotos. Neles, a água consumida e seus dejetos passam por tratamentos químicos e biológicos que possibilitam seu reaproveitamento para abastecer residências e estabelecimentos comerciais e industriais. A política de tratamento de efluentes é muito benéfica para o consumidor domésticoe e muito interessante para as empresas, que podem valorizar sua imagem respeitando o meio ambiente, além de se encaixar nos 20
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parâmetro legais quanto a emissão de poluentes nos rios. Se a empresa fica em uma região onde não há ligação com o sistema público de esgotos, pode optar por investir implantando a ligação direta com o sistema, ou por armazenar seu esgoto nas próprias dependências e enviá-lo em caminhões para o Posto de Recebimento de Resíduos Líquidos mais próximo. A Sabesp, porém, só aceita efluentes "que não venham causar danos ao sistema coletor de esgotos, ao processo biológico do tratamento e à saúde dos operadores". A empresa emissora fica responsabilizada por todos os procedimentos de controle e monitoramento da qualidade dos efluentes, bem como da sua manutenção e eventual transporte para as estações de tratamento [mais detalhes no site da tipo]. Tudo de acordo com as normas técnicas da Sabesp. a grande contribuição das ETEs é, sem dúvida, a preservação do meio-ambiente. Além de poupar água dos reservatórios de distribuição e abastecimento, já que os efluentes são tratados para readequar-se às condições de consumo, evita-se a contaminação do solo por fossas irregulares que seriam usadas caso não houvesse esgoto encanado. Também reduz-se o volume de esgoto lançado diretamente nos rios por residências e empresas, problema que em cidades como São Paulo transformou os rios em monumentais esgotos a céu aberto. [ www.revistatipo.com ]
líquido | enfermidades
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água é, sem dúvida, um elemento fundamental para que a vida se mantenha, nos mais variados níveis e espécies. Além de servir para a manutenção das funções vitais de plantas e animais, em geral, a água também funciona, em muitos casos, como o próprio habitat de milhares de espécies de seres viventes que, inclusive, servem de alimento ao homem. Em algumas condições, o ser humano chega a utilizar a água como remédio. Por exemplo, o soro caseiro (feito com água e um pouco de açúcar e sal) é uma das maneiras mais práticas de socorrer uma pessoa desidratada. Não satisfeito em ingerir o líquido para manter a saúde, o homem cada dia pega mais gosto por praticar e pesquisar sobre formas de hidroterapia, seja utilizando as propriedades do vapor d'água (como nos escalda-pés), seja exercitando ou descontraindo os músculos em piscinas ou banheiras de hidromassagem. Ao mesmo tempo em que podemos contar com a água para prevenir, sanar e remediar enfermidades, ela pode ser (ou ter) em si, a causa de várias doenças que nos assolam. Estima-se que 80% das enfermidades de países em desenvolvimento, como o Brasil, sejam causadas por água de má qualidade, onde proliferam as doenças de veiculação hídrica: aquelas transmitidas
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por microorganismos nocivos ou por substâncias tóxicas presentes na água. Entre essas doenças estão: leptospirose, meningite, cólera, diarréia, hepatites A e E, febre tifóide, disenteria etc. A água também pode se relacionar com animais que transmitem doenças aos homens (vetores). É o caso da dengue, pois seu mosquito transmissor (o já famoso, Aedes Aegypt) precisa de água parada (de preferência "sujinha") para se reproduzir. A esquistossomose (ou barriga d'água) é outro exemplo: o esquistossomo se hospeda em um caramujo para depois viver na água de
lagos e rios e parasitar o homem. A falta de água, que geralmente resulta em falta de higiene, também pode facilitar o surgimento de doenças como coqueluche, difteria, tuberculose, etc. Por esse aspecto ambíguo da água, que ora pode ser vital e outrora fatal, deve-se manter o cuidado de ferver ou filtrar a água a ser usada para ingestão e preparo de alimentos. Também recomenda-se lavar a caixa d'água de seis em seis meses, tirar a água acumulada em pneus velhos, garrafas, latas e vasos e não utilizar águas de córrego ou de enxurradas.
peixe também sofre Assim como nós, seres humanos, somos cercados pelo ar (indispensável para nossa vida, mas que transmite e espalha várias doenças entre nós), os peixes vivem dentro de uma "atmosfera" líquida (e também não estão livres das doenças que lá transitam). Segundo a especialista em doenças que acometem os peixes, Maria José T. Ranzani Paiva, as enfermidades dos peixes podem ser devidas a: - Causas físicas: radiações solares, temperatura, traumatismos;
- Causas químicas: alcalinidade, pH, toxinas e contaminantes; - Causas biológicas: vírus, bactérias, fungos e parasitos. E não é que os peixes sofrem mesmo é com os parasitos! Segundo a especialista, em 1986 estimava-se haver cerca de 9760 espécies de parasitos que debilitam a saúde dos peixes. Atualmente, é tarefa das mais difíceis fazer uma contagem desse tipo, já que a cada dia são descober tas novas espécies. Pois é, peixe também sofre.
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líquido | | tratamento uso racionalde efluentes líquido
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ias desses atrás, o país, ou melhor, o povo teve que apagar as luzes e sentiu na pele, no bolso, na segurança e em mais um monte de lugar o que pode acontecer diante da iminência da falta de energia elétrica. É claro que, antes da falta de luz propriamente dita, faltou planejamento para gerir os recursos energéticos e, para ajudar a piorar, faltou água. Na ocasião, cada cidadão foi convocado a salvar a pátria, que, por enquanto, se safou da crise energética. Resultados do alarme do apagão? O Brasil ganhou um tempinho para tomar providências em relação à manutenção e ampliação da geração energética. Ao povo, além da ingratidão da “mãe gentil”, representada pelo seu governo federativo, um (b)ônus: manutenção do aumento “emergencial” da tarifa pelos kilowatts consumidos (que deveria vigorar apenas enquanto durasse a guerra contra o apagão). Ok, antes que reclamem a menção das flores: muitos aprenderam (na marra, é verdade) a racionalizar o uso de energia elétrica e passaram a consumir menos. O que não é nada louvável, pois o querido (b)ônus acima men-
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cionado impediu o consumidor, que aprendeu a economizar os kilowatts, de ver a economia efetivada em seu bolso.
o tempo passa, o tempo voa e enquanto a energia continua numa boa, começou a faltar água de novo. Só que o problema, agora, é no abastecimento das cidades. Nem contemos com o Nordeste, onde o problema, em várias áreas da região, é crônico e, muito além disso, político. O interior de São Paulo é um bom exemplo. Em uma de suas temporadas mais quentes e secas da história, a região chegou a registrar, nos ares de Ribeirão Preto, o menor índice de umidade relativa da história do Brasil: 7%. Várias cidades do país estão à beira de uma crise de abastecimento hídrico que só pode ser resolvida de duas formas. A primeira é a chuva, e tem que ser muita. A segunda, mais “racional”, é não esperar que a solução caia do céu. Em outras palavras: convoque-se o contingente popular e cidadão para salvar o Brasil! Bem ou mal, de novo na marra, teremos a chance de aprender a economizar. Antes que o governo precise economizar por nós através do racionamento.
A diferença em relação ao alarme do apagão é que, além de não se tratar, por enquanto, de uma crise nacional, desperdiçamos muito mais água do que energia elétrica. Para tirar a prova é só reparar no quanto gastamos água à toa lavando o carro ou a calçada com mangueira, tomando banhos demorados etc. Resta-nos economizar, dentre tantas outras formas, inclusive na bolacha água e sal. Você tem menos sede: bebe menos água. A Tostines vende menos: usa menos água. E quem sai ganhando é Brasil (como dizem). Vamos pois à luta! Racional ou “racionadamente”.
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líquido | alternativa
dando nó em
pingo d'água lar no que diz respeito ao tema de cada edição, pluralista e democrática. Por isso, além de respeitarmos o leitor que não está nem aí para esse papo de economia de água, dedicamos nossas páginas para ajudá-lo quando a garganta secar de vez. Como estimativas da ONU indicam que a água vai ser artigo de luxo para "meio mundo" (literalmente), a partir de 2025, resta explorarmos o volume de 1.351 milhões de km3 de água salgada que temos em nossos oceanos e mares. Segue-se, inteiramente gratuito e exclusivo, o "Guia Prático t i p o de Dessalinização"*. De posse dessa técnica, teremos mais um bom motivo para ir à praia (não espere que seu chefe compreenda isso):
osmose reversa O processo baseia-se em submeter a solução salgada a pressão. É mais ou menos assim: pressionada, a solução atravessa uma membrana semipermeável, com poros microscópicos onde ficam retidos sais, microorganismos e outras impurezas. A água purificada fica, assim, separada da solução salgada. Agora, arranjar a tal da membrana é o grande problema! Se você souber como adquirir uma "membrana osmótica sintética semipermeável", entre em contato com a tipo;
dessalinização térmica Esse é o processo mais antigo e é baseado no ciclo natural da água. Grandes tanques a céu aberto, tampados com placas de vidro, abrigam a água salgada. A luz do sol atinge a água, que evapora, se condensa no vidro e deixa o sal no fundo do tanque. Em seguida, a água escorre por um sistema de escoamento para ser armazenada. Com esse sistema, se não der sol, além de não dar praia não vai ter água para beber.
congelamento Muito fácil! Quando congelamos água salgada, obtemos o gelo puro, separado do sal. Ou seja, quando a coisa apertar, vá até a praia, encha sua bandejinha de gelo, coloque no freezer e você terá gelo "doce", que quando for descongelado, se tornará, obviamente, água doce. Outra alternativa é viajar até a calota polar mais próxima e trazer muito gelo para estocar em casa. Mas pode haver um problema nesse expediente, além das dificuldades da viagem. Mas especialistas alertam para o perigo de utilizarmos água proveniente do derretimento de gelo polar. Há o perigo de sermos assolados por vírus e bactérias, hoje erradicados ou controlados, que podem ter resistido encubados nos pólos.
*o "Guia Prático tipo de Dessalinização" é válido enquanto o mar não virar ser tão, cumprindo pela metade o dito do Conselheiro.
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tipo é uma revista, embora singu-
Outra alternativa, provavelmente mais rentável, é investir no cultivo de côco. Além de garantir água para a família (água de côco, que chique!), você pode faturar algum: os adeptos das nossas técnicas de dessalinização, que lotarão a praia, certamente preferirão comprar uma aguinha de côco gelada em vez de ralar para tirar sal da água do mar.
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líquido | tipos de água
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é, pensaria você, como pode haver água para todos os gostos se uma das principais lições que nos ensinaram na escola foi a de que esse líquido é, além de inodoro e incolor, insípido, ou seja, sem sabor [ao menos em sua versão potável]. Tudo bem, você tem todo o direito de achar que toda água é igual, como te ensinaram na escola, mas a tipo se vê obrigada a te oferecer uma, digamos, reeducação a esse respeito. Afinal, você certamente ficaria chocado ao saber que a água "pura" não é própria para o consumo humano, não é?
água salgada Apresenta grande concentração de sais dissolvidos. A água do mar, por
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exemplo, contém muito cloreto de sódio, nosso tão popular sal de cozinha. Representa 97,5% do volume de água terrestre e cobre aproximadamente dois terços da superfície do nosso planeta. Ah, e claro, não é própria para o consumo. A não ser que você dessalinize-a [saiba como na página 23. Talvez um dia venhamos a precisar!].
água potável É, por definição, límpida e inodora na fonte. Quando tratada, pode apresentar um leve gosto e cheiro de cloro. Por conter uma pequena quantidade de sais minerais e oxigênio dissolvidos, torna-se benéfica para o organismo dos seres vivos e própria para o consumo.
água pura = água destilada água doce Presente em rios, lagos, chuva, lençóis d'água e fontes. É assim chamada por não ser salgada como a água do mar. É recolhida em estações de tratamento para dar origem a água potável que recebemos encanada em casa para utilizarmos no banho, lavagem de roupas, preparo de alimentos etc. Representa 2,5% de toda a água da Terra.
A água só permanece em seu estado puro [H2O] quando destilada, apresentando em sua formulação apenas hidrogênio e oxigênio. Não é encontrada na natureza, tendo que ser obtida, em laboratório, por meio de um destilador. Não possui nenhum tipo de impureza, como micróbios ou substâncias tóxicas, mas também não apresenta [ www.revistatipo.com ]
sais minerais e ar dissolvidos, tornando-se imprópria para consumo. É mais comumente utilizada em automóveis e na fabricação de remédios. A diferença entre a água destilada e a água que consumimos é a de que na água potável há uma pequena quantidade de sais minerais e oxigênio dissolvidos [no caso de água encanada e tratada em estações aqui no Brasil, verifica-se a presença de cloro e de flúor no líquido], elementos que não existem na água "pura".
água mineral Encontramos nas fontes naturais vários tipos de águas minerais, que são chamadas assim por apresentarem maior concentração de sais dissolvidos em sua composição, se comparadas à [ www.revistatipo.com ]
água tratada que recebemos em casa. A maioria das águas minerais são consideradas terapêuticas, tanto quando utilizadas para banhos quanto para ingestão. Alguns tipos são: Água salobra: levemente salgada, não forma bolhas quando em contato com sabão. Imprópria para a ingestão. Água acídula: rica em gás carbônico (CO2). Também conhecida como água gasosa. Tem um sabor ácido e ajuda na digestão. Água magnesiana: como o nome diz, é rica em magnésio. Boa para o estômago e o intestino. Água alcalina: rica em bicarbonato de sódio. Indicada para acidez no estômago e cálculos renais.
Água sulfurosa: usada em tratamentos para a pele e até no combate à diabetes. Contém substâncias à base de enxofre. Água ferruginosa: rica em ferro, combate a anemia. Água termal: brota da fonte com temperatura elevada. Muito utilizada para algumas doenças de pele.
água que passarinho não bebe Como o próprio nome diz, não há passarinho que beba! Essa é aquela água ardente, que vem da cana, mas não é doce. Você conhece por vários nomes, como cachaça (marca brasileira registrada), pinga, caninha, birita, mardita, branquinha, mé e por aí vai...
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l铆quido | hist贸ria
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ormi mal à noite. Estava eufórico. Como de costume, acordei antes do despertador tocar. Havia chamado uns amigos para essa viagem. Dormiram em casa, não eram da cidade. Despertei-os e depois de meia hora estávamos na estrada. Dirigi sem parar durante uns 300 quilômetros. Estávamos na estrada fazia umas 4 horas. Por vezes, vários buracos impediam nossa passagem; tivemos que contornar pedras e troncos do caminho. Entramos, então, numa estrada de terra e não saímos mais dela. Quase 100 quilômetros a uma velocidade de cerca de 50 km/h fizeram que a gente tardasse um pouco mais em nosso destino. A vegetação era um misto de cerrado (uma vegetação baixa, um pouco seca) com caatinga (sabe o cerrado? Então, a caatinga é mais seca, com árvores retorcidas...). Não se distinguia muita coisa: a terra já não tinha o aspecto marrom aver melhado como antes. Era de um tom mais pálido, semelhante ao ocre da vegetação seca. O tempo também não ajudava; o céu estava áspero, num tom cinzento, com nuvens pouco carregadas mas que teimavam em não chover. O dia estava abafado. À essa altura, a preocupação já estava nas mentes de Karina, Alexandre e Guilherme, meus companheiros de viagem; o combustível do carro já era escasso e não havia nem um cisco de civilização naquela es-
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trada. Quem diria um posto de gasolina. Só poeira. E quanta poeira. Pouco mais de 10 quilômetros e chegamos ao vilarejo de São José do Barreiro. Havia duas ruas de terra batida, uma praça circular e, em sua frente, ao lado de uma mercearia, um posto de combustível. Lá abastecemos o carro e perguntamos pela cidade de São Roque de Minas, ponto referência de nossa entrada do santuário que procurávamos. O rapaz, meio preguiçoso, explicou que teríamos que andar mais um pouco, talvez uns 15 quilômetros, seguindo pela mesma estrada que estávamos. já era cerca de uma hora da tarde. O dia continuava abafado e quente. E nós com fome. O lanche que a mãe de Alexandre havia preparado para nossa viagem tinha terminado uns 50 quilômetros atrás. Passamos na mercearia: dois refrigerantes, um pacote de biscoito de polvilho e dois de bolachas recheadas. Um de sabor morango, outro de chocolate. Foi nosso almoço. Não podíamos demorar. Não sabíamos o caminho ao certo e qualquer atraso poderia significar passar a noite na estrada, uma vez que o local da primeira queda de São Francisco era protegido pelo estado e fechava à noite. Segundo o frentista para quem pedimos informações, se conseguíssemos chegar até o poente do sol, o qual naquelas bandas se dava às seis horas da tarde, poderíamos achar um "pouso" lá perto.
Mas teria que ser até as seis da tarde; após esse horário, o santuário estaria fechado. Procuramos não nos demorar com as bolachas e seguimos viagem. Passamos em outro vilarejo: Vargem Bonita. Procuramos o porquê do nome, mas já era tarde: a cidade era tão pequena que não conseguimos reparar direito nem na praça central, também circular. Continuamos viagem; tínhamos que chegar rápido. O pára-brisa do carro, ressecado, não deixava mais a gente enxergar nada à frente. Nessa parte da viagem havia trocado de lugar com Alexandre, quem dirigia o carro. Logo chegamos ao que parecia ser a final de nossa viagem pela estrada de "chão batido", como os moradores de lá chamam a estrada de terra. Estávamos em São Roque de Minas e alguns minutos do local que procurávamos: exatamente onde o São Francisco caiu pela primeira vez na vida. a portaria do santuário estava guardada por dois guardas. Tivemos que pagar uma taxa de entrada no local, para as manutenções que o Estado realizava na área. O preço não foi caro: R$ 3,00. Andamos por mais alguns minutos em estrada de terra até chegarmos a uma bifurcação que nos mostrou que estávamos ligeiramente perdidos: optando pela direita, estaríamos a 100 metros do local onde São Francisco nasceu. Pela esquerda, nem imaginávamos. O que procurávamos exatamente era onde ele caiu pela primei-
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ra vez, o local do milagre. No entanto não exitamos; a curiosidade foi grande e fomos até o dito local do nascimento. Senti um pouco de frustração. O que vimos apenas foi uma placa indicando o local. Eu e meus amigos pensávamos encontrar algo majestoso, uma manjedoura digna de alguém que se tornaria grande e benevolente à sua terra. Apenas algumas pedras e um riacho que se estendia ao horizonte. Nada mais. Estávamos ainda mais exautos. Decidimos voltar até a entrada do santuário e nos informar do caminho correto que teríamos que seguir. O relógio apontava 5 horas da tarde. Havíamos andado o dia inteiro sem sucesso de encontrar o local que procurávamos. Na portaria do santuário, os guardas nos informaram que daquele ponto não era possível chegar até o local da queda, exatamente o que procurávamos. Disseram que teríamos que contornar o santuário até a entrada de número quatro. Perguntamos sobre a bifurcação esquerda da estrada; era o caminho que cerca de um ano atrás, um visitante, que tinha o mesmo objetivo nosso, optou e acabou morrendo. Voltamos, então, à estrada. Teríamos ainda que chegar antes do poente do sol, que se aproximava rapidamente. Alexandre continuou nos guiando. Rapidamente retornamos a Vargem Bonita e pegamos uma estrada secundária, escondida ao lado do cemitério do vilarejo. Aquela era a correta. Seguimos por mais vinte minutos pela
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estrada que se estreitava com a vegetação agora fechada. O dia estava terminando; nossa visão era pouca, prejudicada pela pouca luz e pela poeira da estrada. Seguíamos muito cansados. Chegamos à entrada de número quatro exatamente às seis horas da tarde. O portão de madeira estava aberto, no entanto, sem guardas. Entramos. Percorremos alguns metros, um pouco ressabiados pela dúvida. De repente, escutamos um apito atrás de nós: era o guarda. O santuário já estava fechado, não podíamos permanecer ali. Contamos a ele nossa história, explicamos que já havíamos entrado no santuário naquele dia, porém pela entrada número um. Falamos que ficamos confundidos com as estradas e por esse motivo estávamos atrasados. Mostramos que estávamos interessados no local a poucos instantes dali. O local da primeira queda do São Francisco. Depois da conversa ele nos deixou entrar, com uma ressalva: não poderíamos seguir muito pelo caminho; estava tarde e o sol já havia ido dormir. Seria perigoso seguir até o local do milagre. Teríamos que acampar perto da entrada dois e só no dia seguinte chegar ao nosso objetivo. Concordamos e pagamos mais uma pequena taxa pelo "pouso". Montamos acampamento; perto de nossas barracas, um casal de viajantes fazia companhia para a gente. Sem nenhum lampião ou lanterna na bagagem, fomos dormir logo. O casal possuía uma lanterna, mas não qui-
semos atrapalhar. A noite se erguia ao som de alguns insetos e animais. Ao fundo, um riacho corria suavemente. no dia seguinte, Alexandre e Guilherme acordaram antes que Karina e eu. Logo nos arrumamos, desarmamos as barracas e seguimos a pé pela trilha na mata. Uma trilha sinuosa, fechada, com muitas pedras pelo caminho, mas repleta de esperança. O dia era outro: o sol estava forte e claro, estampado no azul sem nuvens do céu. Logo o caminho começou a ficar mais íngreme. Firmamos o passo na descida de algumas encostas. Ao nosso lado, distante uns 600 metros, um paredão de rocha nos observava, sereno e imponente. Parecia que guardava ou escondia algo. Como só estávamos descendo, concluímos que a parte do santuário onde estávamos no dia anterior era no alto do paredão. No caminho não encontramos nenhuma pessoa, o que achamos estranho. Cruzamos pelo riacho que embalou nosso sono à noite. Uma água cristalina e gelada contrastava com o clima árido e seco. Chegamos a um mirante onde pudemos descansar. Ao fundo, o chapadão começava a se abrir. Estávamos certos de que o local da queda estava próxima. Seguimos pela trilha. Um último esforço para subir um monte de pedras que parecia que caíram de uma forte explosão nos deixou em um nível mais elevado do ca-
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o primeiro tombo de São Francisco
minho. Olhamos para frente: lá estava! O paredão finalmente dava espaço a uma abertura bem no meio de suas rochas. Da abertura jorrava água que caía pelos 200 metros do
chapadão até formar uma grande piscina natural gélida e transparente, com alguns peixinhos nos buracos das pedras. Encontramos nosso objetivo. O rio São Francisco, após
nascer no alto da Serra da Canastra, percorria 14 quilômetros e formava sua primeira cachoeira, a Casca d'Anta. Um milagre que ninguém questionava sua criação.
Cer to que não é o maior em extensão, mas o mais carismático do Brasil, merecendo até ser chamado por Velho Chico, o rio São Francisco nasce no município mineiro de São Roque de Minas, na Serra da Canastra e percorre 3.161 quilômetros até sua foz no povoado de Cabeço, Alagoas. Após sua primeira represa, em Três Marias (MG) o São Francisco torna-se navegável. Passa para o estado da Bahia e, ao nor te do território baiano, possui mais uma represa, a Sobradinho. Na sua construção, as cidades de Pilão Arcado, Remanso, Sento Sé e Casa Nova tiveram que ser reconstr uídas e quase 12 mil famílias foram recolocadas. Nessa altura, já é par te impor tante na irrigação de boa área do ser tão brasileiro. O rio faz o contorno dos estados da Bahia e Pernambuco, se interrompe na disputa entre Petrolina e Juazeiro e chega à divisa entre Alagoas e Sergipe para mais uma vez ser represado, agora em Paulo Afonso. Em 4 de outubro de 1501, o descobridor Américo Vespúcio avistou o rio e o batizou. Era dia de São Francisco de Assis.
O Parque Nacional da Serra da Canastra fica em Minas Gerais e acolhe a nascente do São Francisco, sua primeira cachoeira e mais dezenas de quedas d'água menores de outros rios. É protegido por leis federais e mantido pelo Ibama. Para visitá-lo, o visitante tem pagar uma taxa de R$ 3,00. É proibido qualquer tipo de degradação ambiental. A área fica a 40 km de São Roque de Minas, a 27 km de Vargem Bonita e a 10 km do distrito de São José do Barreiro. Não há linha de transpor te coletivo. Se não for possível chegar de carro, a melhor opção é ir de ônibus de Piumhi até Vargem Bonita e tentar uma carona. O local é repleto de prática de espor tes radicais e trilheiros off-road, com motos ou jipes. No parque, é possível acampar apenas per to da por taria 4, pagando uma taxa de R$ 6,00. O camping tem boa infraestrutura com banheiros, quiosques e churrasqueiras. Não é permitida a entrada com bebidas alcoólicas. Podem ser feitas reservas de camping pelo fone do escritório do Ibama em São Roque de Minas: (37) 34331195.
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pausa pra prosa
filme, pipoca e edredom d
izem que vida de jornalista é corrida, agitada. Tudo em cima da hora. Tudo pra ontem. Aliás, devia ter feito tudo ontem. Hoje, com essa chuva, estaria dormindo, ou assistindo televisão. Em épocas que antecedem o Natal [como essa em que estou], a tevê costuma passar alguns filmes de minha infância. Seria bom assistir, agora, De Volta para o Futuro II, por exemplo. Deitado no sofá, tevê ligada, uma bacia de pipoca, a chuva lá fora. Mas não dá. Ontem nada fiz e hoje estou aqui. Na chuva. Não molhado; mas cercado por ela. Escrevendo este texto. São Pedro [se quiser, acredite] não deve gostar de jornalista. Sim, pois tenho que acabar o texto, nessa chuva que não pára, ajudar a diagramar todo o resto da revista [o que não é pouco] e ainda produzir algumas fotos. Existe o tal do relatório também. Pra quê relatar? Mostrar como fizemos? Mostrar todos os segredos? Como se houvesse algum... Há de dar tempo. Se a chuva parar. Há de parar. Se bem que chover é bom. Bom para as plantações, para curar a tosse, para dormir gostoso, debaixo do edredom. E com um cobertor de orelha... Essas noites de primavera que mais parecem inverno são o que há para uma noite bem dormida! Um ventinho que balança a cortina faz a gente levantar logo pra fechar a janela. Daqui um pouco as gotas aparecem para embalar o sono. Mas com bastante volume podem até virar pesadelo. Como esse de agora. É melhor eu parar de viajar em meus sonos e fazer meu trabalho. Aliás, o trabalho engrandece o homem. Se não no fim do mês, uma hora há de engrandecer.
diego.meneghetti
E essa chuva, uma hora há de parar. Agora a pouco, disse que São Pedro deve não gostar de jornalista. Acho [apenas achismo] que pode ser verdade. Lembro-me duma reportagem na nascente do rio São Francisco. Não sei se eles conversaram antes, mas, bem no dia, uma bela chuva fina nublou todo o céu e molhou as pedras perto da nascente. Uma pena: o visual antes da chuva daria boas fotos. Chuva. A daqui ainda não parou. Está parecendo aquelas férias que todos, um dia, já passaram em Ubatuba, litoral de São Paulo. O enredo é igual em todas as histórias: "Ah, foi bom, chegamos na sexta à noite, dormimos logo para aproveitar o sábado de sol na praia, mas no outro dia foi só chuva. Ubachuva. No domingo continuou nublado, mas sem água caindo pelo céu. Na segunda de manhã, quando estávamos voltando pra casa, abriu um sol daqueles!" É sempre igual... Agora está passando outro filme na tv que gostaria de assistir, debaixo do edredom e ao lado do cobertor. E a chuva ainda continua, penando ainda mais minha labuta. Mas vida de jornalista é assim mesmo, corrida e agitada. Sem horários predefinidos, sem hora para chegar e para acabar de trabalhar. Sem dar atenção para o mau tempo [pra trabalhar, não pra dormir]. Esse é o grande lance: o trabalho. Mais valia e tantos outros lances. Trabalho para finalizar. Revista para fechar... Mas temos que dar um passo após o outro. É bem verdade. Primeiro tenho que terminar esse texto. Se bem que... já terminou. [ ]
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líquido | simbologia
em outras palavras:
Deus soprou o fôlego de vida em um molde, a Si semelhante, formado de barro, que é o pó da terra molhado. Aliás, muito bem molhado. Nós, seres humanos, mantemos uma curiosa relação proporcional com nosso planeta natal: a substância do barro humano, tal qual a do globo terrestre, é dissolvida (ou composta) em 70% de água. Volume que já foi derramado, também por Deus, no dilúvio, do qual poucas vidas e um barco se safaram. Vivemos e dependemos da água, para o bem ou para o mal.
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esde o momento mágico, quando somos privados da sombra e água quentinha do útero materno e dados à luz; aquele momento inicial, úmido e único que todos já vivemos, do qual guardamos, registramos, anunciamos e compartilhamos a data com os queridos e agregados pelo resto de nossas vidas, não sobra sequer úmido registro na cabeça de quem quer que seja. A partir daí, a maré da vida nos carrega por um mundo repleto de símbolos e maniqueísmos, velados ou não. Assim como tudo que há entre a terra e o firmamento cabe entre o bem e o mal, todas as coisas que nos são palpáveis podem muito bem ser categorizadas entre secas e molhadas, como na característica seção de supermercado. Para povos que gozam a oportunidade de não depender de um supermercado, a categorização continua valendo, porque de água, certamente eles precisam. Desde o morador da região do deserto de Atacama [ver pág.: 7], que pode até não saber o que é chuva, até o mais distante esquimó [que deve ter visto mais gelo do que propriamente água na vida], todos os seres viventes necessitam da boa e velha água para viver. Certamente, não há símbolo de vida mais universal do que esse elemento líquido, sem forma definida e ao mesmo tempo tão multiforme, que vai do gelo ao vapor; que pode ser encontrado recobrindo os pólos, pairando pela at-
mosfera, em uma fôrma na geladeira ou enchendo os mares e rios mundo afora. Por isso nos valemos de tantos sinais, códigos e representações iconográficas, algumas vezes universais, da água. Aliás, a presente edição da nossa revista é um tipo de prova cabal, impressa e documental da busca humana de simbolizar, em nossa comunicação cada vez mais imagética, o líquido que inunda, alimenta, refresca, preenche e rega o planeta. A água, em si, une o imaginário e a vivência de todos os habitantes do planeta. Em qualquer parte do mundo, um agricultor torce por chuva. Crianças arrumam espaço para brincar nas mínimas poças d'água, do mesmo jeito que se esbaldam embaixo de chuvas torrenciais. As mesmas chuvas que podem destruir cidades, História, e tantas vidas que se vão pela correnteza seguindo o mesmo destino de milhares de lágrimas secas pela estiagem. o H 2 O, símbolo do símbolo, serve para mostrar esse lado trágico e fatal da água. A representação química do solvente universal, certamente soa como ininteligível dialeto para milhões de pessoas que não têm acesso à educação de qualidade em centenas de países; problema menos grave comparado à milhões de outras (ou mesmas) pessoas que não dispõem de água minimamente potável para consumo e higiene. [ www.revistatipo.com ]
A água que funciona como combustível para nossos órgãos e funções vitais, possibilitando o fluxo incessante do sangue por todo nosso corpo, além de servir como nada já inventado ou imaginado para matar a sede, também é a responsável pelo nosso apodrecimento quando repousamos a sete palmos do chão. A umidade presente em nosso corpo de morte, proporciona condições ideais para que fungos e bactérias se alimentem, multipliquem e acelerem o nosso processo de volta ao pó da terra. o que, aliás, não importa. Desde o momento mágico, quando somos privados da sombra e água quentinha do útero materno e dados à luz; aquele momento inicial, úmido e único que todos já vivemos, do qual guardamos, registramos, anunciamos e compartilhamos a data com os queridos e agregados pelo resto de nossas vidas, não sobra sequer úmido registro na cabeça de quem quer que seja. A partir daí, a maré da vida nos carrega por um mundo repleto de símbolos e maniqueísmos, velados ou não. E o fluxo da vida, a começar pela primeira memória, vai nos ressecar. Nosso barro encharcado, com o passar dos anos, tornará ao pó. E ficará a esperança de, no fim das contas, sermos regados para ornamentar o jardim de Deus. [ www.revistatipo.com ]
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ocê sabia que o maior oceano é o pacífico, certo? E que em meio minuto a vazão do Amazonas mataria a sede de todo o mundo? Que um camelo pode beber 120 litros de água em 10 minutos? Ao menos sabe que mais de 70% do seu corpo é feito de água? Agora a novidade que parece não nos assustar pelo imenso volume de água presente no planeta (que, "não sei o porquê", chamam de azul...): se a população continuar consumista e pouco preocupada com o meio ambiente, um dia, a água do mundo vai acabar. Já imaginou a vida sem água? Que ser vivo seria, realmente, vivo? É pra evitar esse abalo nos ecossistemas mundiais que vários organismos mundiais trabalham intensamente na proteção e conservação dos recursos hídricos do planeta. São Ongs e associações que trabalham na conscientização das pessoas, principais (quem sabe as únicas) responsáveis pela destruição desse recurso natural. A tipo fez uma pequena seleção de algumas dessas Ongs do Brasil. Conheça o trabalho delas e, se der um tempinho, ajude-as em seu trabalho de preservação e conscientização. Se não tiver tempo, apenas feche a torneira enquanto escova os dentes que já faz
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bastante pela água e pelos seres que dependem dela pra viver.
ternacional. Em 1980 começou a surgir o Tamar, projeto que identificava as espécies, locais de ovas, períodos de reprodução e principais problemas de sobrevivência da espécie.
Ondazul
Projeto Mamirauá
www.gilbertogil.com.br/onda/ onda0.htm
www.pop-tefe.rnp.br
Criada em 1990, em Salvador, por Gilberto Gil, a Fundação Ondazul realizou diversos projetos de educação ambiental e campanhas, entre mas quais as famosas "Praia Linda - Praia Limpa" e "Não Deixe o Mar Morrer na Praia" de grande impacto na opinião pública, no início dos anos 90.
Projeto Tamar www.projetotamar.org.br Até o final de 70, não havia no Brasil qualquer trabalho de preservação dos animais do mar. As tartarugas marinhas, por exemplo, estavam desaparecendo rapidamente por causa da captura em atividades de pesca, da matança das fêmeas e destruição dos ninhos nas praias. Houve reação e denúncias, inclusive de repercussão in-
Atua na implantação da Estação Ecológica Mamirauá, a maior floresta submersa do mundo, localizada na região central da Amazônia. É o maior projeto de preservação de florestas tropicais do planeta.
Vidágua www.vidagua.org.br Organização que trabalha, principalmente, na preservação da água, por meio de projetos de conscientização e proteção ambiental. No seu programa de Educação Ambiental, promove palestras para alunos de escolas públicas e privadas, e faz a capacitação de professores para orientações ecológicas de futuros estudantes. Possui também de viveiro de mudas que recupera áreas nativas degradadas da região centrooeste do estado de São Paulo.
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líquido | entrevista
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entrevista: rodrigo agostinho
tipo: Você participou da fundação do Instituto Vidágua? Rodrigo: Eu participei da fundação como sócio-fundador, em 1994. Na época estava com 16 anos e não podia participar da primeira diretoria [quando Rodrigo fez dezoito anos, assumiu a presidência da ong e a presidiu por dois anos].Eu senti que no interior de São Paulo não existiam movimentos ambientais que não fossem ligados a questões governamentais. A idéia foi montar uma ONG no interior de São Paulo; a partir disso surgiram várias outras ONGs no interior do estado. Atualmente eu coordeno projetos, principalmente projetos fora de Bauru. A Vidágua foi pioneira no estado de São Paulo? Ela foi a primeira ONG ambientalista do interior do estado de São Paulo. Fizemos várias parcerias com outras instituições da capital, como a Fundação SOS Mata Atlântica; isso criou um elo entre as ONGs que acabou fortalecendo as estruturas de meio-ambiente do interior do estado. Por exemplo, o Instituto Vidágua já capacitou mais de mil professores na área de educação ambiental, já proferiu palestras para mais de 15 mil alunos, temos uma estrutura montada com laboratório de controle de poluentes, um viveiro de produção de mudas nativas de nossa região. Como vocês começaram? Nós começamos com um quadro super pequeno; eram professores da USC [Uni-
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versidade do Sagrado Coração], da Unesp [Universidade Estadual Paulista], e pessoas de outras áreas, e no começo era muito complicado, porque as pessoas não conheciam nada de meio-ambiente, eram pessoas que até entendiam de áreas ligadas à biologia e queriam fazer algo. No final conseguimos fazer bastante coisa; é claro que a instituição passou por um processo de amadurecimento, tivemos diversas sedes até que conseguimos construir nossa sede própria... Aprendemos qual o papel de uma ONG, até onde podemos caminhar, o que podemos fazer, pois uma ONG acaba surgindo por uma deficiência do estado e a sociedade decide unir-se e suprir a falta, ou mesmo cobrar mudanças por parte do estado. Normalmente é assim que começam e funcionam os movimentos sociais. Qual foi a principal conquista que vocês fizeram, desde a fundação do Vidágua? No início, nós trabalhávamos com projetos temáticos. Começamos trabalhando com o Rio Batalha, que fornece água para a cidade. Desse projeto que originou o nome Vidágua, pois trabalhamos com um tema ligado à vida da população, que é a água, de um rio que está situado na área rural de Bauru, então boa parte da população não conhece a real situação do rio. Nossos diagnósticos apontavam que o Batalha estava completamente degradado, com lançamento de esgotos, com assoreamento, com erosões... Desse projeto nós partimos para diversas iniciativas, mas um dos gran-
des méritos da instituição foi mostrar para a sociedade bauruense como estava a situação do rio que fornecia água para a cidade. A partir daí surgiram vários outros movimentos até de áreas governamentais no sentido de recuperar o rio. Muita coisa já foi feita, mas o rio ainda continua com um estado muito grave de degradação. O que levou você, com 16 anos, a ajudar a fundar a Instituição? Você foi um adolescente cara-pintada? Eu participei do movimento ForaCollor, mas de uma maneira pouco amadurecida. Na época não tinha um conhecimento político tão grande e até idade para participar de maneira mais ativa. Mas algo que foi importante para mim foi participar da Conferência da ONU de Meio-Ambiente em 92, no Rio de Janeiro. Eu tinha 14 anos e decidi ir para a Conferência, por minha conta e risco. Eu já gostava muito de questões ambientais, estava acompanhando tudo aquilo que estava acontecendo, e decidi ir. Foi talvez isso que mostrou o que eu queria pra mim. Durante a Conferência eu participei de muitas manifestações porque, naquela oportunidade, a ONU não autorizava que a sociedade civil participasse dentro do processo oficial, então nós ficávamos do lado de fora, gritando "Fora Bush" [na época, o Bush pai, presidente dos Estados Unidos]. E foi muito bom pra mim, participei de muitas reuniões, muitas conversas. A partir daí comecei a trocar correspondência com o mundo inteiro, com outras or-
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ganizações. Dois anos depois a gente estava fundando o Vidágua, que é conhecido nacionalmente, participa de projetos internacionais, temos um site que já conseguir plantar mais de um milhão de árvores através do projeto "Clic Árvore", possui cerca de 18 mil acessos por dia, é o site ambiental mais acessado do país. Isso pra nós é muito legal. Como consumidor, você é muito metódico, toma banho, desliga o chuveiro enquanto se ensaboa... Eu acabei aprendendo a me policiar, agora, eu acho que a gente não deve precisa ter um grande estresse em relação a isso. Acho que não pode é usar com desperdício, tanto a água, como a energia elétrica, no nosso consumo diário. As pessoas vão ao supermercado e fazem uma coleção de sacolinhas; cada produto que elas compram, embalam em uma sacola. Elas não precisam disso. Elas podem ter um consumo mais racional porque esse consumo reflete nos problemas ambientais que a gente tem hoje. Mais consumo de plástico é mais consumo de petróleo... Um petróleo que poluiu o ar, poluiu o solo, poluiu o mar durante sua exploração, depois poluiu tudo de novo no seu refino, processamento e na fabricação do plástico e se deixarmos, vai poluir novamente no desgaste do meio ambiente pela sacola que jogamos em algum terreno vazio ou uma mata. As pessoas têm que consumir sabendo que pode trazer conseqüências para o meio ambiente. Eu tenho consciência de que a
fralda descartável que eu usei quando eu era um bebê vai estar aqui na Terra durante os próximos cinco mil anos. Eu não vou estar aqui, mas minha fralda vai estar... Outra coisa é a economia de energia. Boa parte das pessoas acha que não tem nada a ver com o meio-ambiente. Só que hoje os maiores problemas ambientais do mundo são decorrentes do consumo energético. O homem está viciado em energia. Nós temos hoje, no Brasil, duas usinas atômicas, 58 usinas termoelétricas em processo de construção para atender esse consumo de energia. Mais de sete bilhões de gás carbônico são emitidos na atmosfera decorrentes da produção de energia, pela queima de gás, petróleo e carvão. Com a diminuição do petróleo, se pesquisa muito utilizar a água como fonte de combustão para motores. A tendência é agravar mais a situação do meio-ambiente... Um terço da população do mundo, ou seja, dois bilhões de pessoas, não tem acesso à energia; 1,2 bilhão de pessoas não tem acesso à água
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entrevista: rodrigo agostinho
potável, um problema mais sério ainda, estando sujeitas a doenças sérias, desde uma hepatite a uma disenteria, e isso agrava mais ainda problemas como a mortalidade infantil. A estimativa é de que a cada 20 minutos, 80 crianças morrem no mundo por doenças ligadas à falta de saneamento básico. A gente tem um desafio que é levar água potável e energia para todo mundo, mas também um desafio de fazer com que esse consumo não destrua todo o planeta. O tema da nova Conferência [da ONU] é como atender as necessidades da população sem compor as futuras gerações. E qual a saída que você vê para todo esse problema? As pessoas têm que se organizar. Seja como for; seja em conselhos, movimentos sociais, criação de organizações não governamentais... Tudo isso é muito importante. As pessoas têm que começar a agir. O primeiro passo é se organizar. Depois disso, as pessoas começam a amadurecer, a analisar quais os pontos estratégicos de cada cidade, de cada região. Existem cidades que têm problemas de desertificação, têm cidades que têm problemas de excesso de água, de chuvas ácidas... Problemas que podem estar interagindo com os problemas mundiais. A partir do momento que a sociedade estiver organizada ela poderá resolver um problema aqui e ali e daqui a pouco estará mudando o mundo. O projeto Vidágua tem alguma parceria
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com os Comitês de Bacias Hidrográficas do estado? Nós participamos da fundação de vários comitês. Hoje fazemos parte de dois comitês, o Tietê-Jacaré e o Tietê-Batalha, que participo como vice-presidente. Nos comitês a gente tenta elaborar projetos que possam significar uma melhoria no gerenciamento dos recursos hídricos da região. Um ponto muito importante que a gente ainda não conseguiu é aprovar, em São Paulo, a cobrança pelo uso da água, que é diferente da taxa que pagamos atualmente, pelo bombeamento e tratamento da água até chegar em nossa casa. A gente precisava desse dinheiro para conseguir resolver o problema do tratamento de esgotos, da disposição inadequada dos resíduos sólidos do lixo, da questão das erosões, da falta de árvores nas margens dos rios... Os comitês têm essa tarefa, mas não temos os recursos necessários. A duas bacias juntas têm um orçamento de dois milhões de reais por ano para resolver todos os problemas ambientais e, com certeza, esse recurso é muito escasso. Só o tratamento do esgoto de Bauru ficaria em cerca de 20 milhões de reais. Se você for pensar que o comitê vai investir, durante dez anos, um recurso que é disponível para 60 municípios, em apenas um município, não dá... Quanto seria essa taxa do custo da água por habitante? No projeto que tramita na Assembléia Legislativa, seria cobrado um centavo por cada metro cúbico de água. A partir daí, cada comitê de bacia decidi-
ria se aumentaria a taxa, de acordo com suas necessidades. A idéia é começar a cobrar pelo consumo doméstico, depois de cinco anos incluir o consumidor industrial e a partir de dez anos, cobrar do consumo agrícola, que hoje consome cerca de 70% da água tratada do estado. Com o Lula no governo, você acredita que haverá mudanças? É um grande avanço por dois motivos: para a sociedade, porque a vitória do Lula mostra pra todo mundo que qualquer pessoa, que seja de bem e está disposta a resolver problemas, ela pode chegar até o poder. Para a autoconfiança da população isso é muito bom. Que ela pode crescer, que pode mudar de vida. Um outro avanço é que, pela primeira vez, temos um partido comprometido com causas sociais no poder, comprometido com questões diretamente ligadas ao setor produtivo e não à classe dominante. Agora, como as elites vão "deixar" esse governo do Lula "acontecer" será um problema. Até porque o governo dele terá uma cobrança muito maior em relação aos anteriores. Uma citação do Lula no primeiro pronunciamento como presidente eleito foi que ele não teria o direito de errar. Ele terá que ter muito cuidado em suas decisões, pois cada pisada de bola, uma coisa normal em nós seres humanos, pode representar o fim do governo. A gente precisa ter esperança de que ele consiga governar pra conseguir fazer a renovação do pacto social do Brasil e todas as outras mudanças que o país necessita.
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líquido | publicidade
Imagine-se tendo que vender alguma coisa. Agora, imagine que essa coisa a ser vendida seja um dos artigos mais abundantes no nosso planeta. Não, não, isso não é tudo. Imagine-se divulgando a face mais nojenta desse seu produto. De preferência com criatividade, impacto e leveza, claro. Só isso? Ufa!
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e você acha que isso não é tarefa para qualquer um, está, neste exato momento, dando aval, pessoal e intransferível, para o prêmio Young Creatives, outorgado a cada ano pelo Festival Internacional de Propaganda Lion Cannes a equipes de publicitários do mundo todo. O que, na primeira edição do prêmio, eram cinquenta alemães concorrendo, hoje são cerca de 700 participantes de mais de 40 países. Através de disputas nacionais de pré-seleção, cada país participante manda seus representantes, de até 28 anos, para realizar tarefas como as descritas no texto que paira acima da garrafinha que ilustra esta matéria. O Young Creatives, realizado desde 92, se divide em duas categorias: na principal, cada equipe (dupla formada por um redator e um diretor de arte) tem 24 horas para produzir um anúncio de propaganda impresso (pôster) para uma relevante instituição sem fins lucrativos;
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em seguida, as mesmas equipes têmmais 24 horas para montar um website ou uma animação para ser veiculada na internet promovendo a mesma instituição proposta para a categoria principal. Nessa categoria, denominada Web Page / Online Ad, cada dupla pode contar com o auxílio de um web designer que passa a fazer parte da equipe. a entidade indicada para este ano foi o Secretariado Internacional para Água [www.i-s-w.org], sediada em Montreal, Canadá. O Secretariado tem como principal bandeira o trabalho em prol do direito de todas as nações terem acesso a água limpa. Os anúncios se prestaram a realizar a publicidade em sua plenitude: ou seja, vender uma idéia e convencer. Todos os vencedores enfocaram o aspecto miserável da água, que mata milhões de pessoas sem condições de acesso ao líquido em sua forma potável, ao redor do mundo.
É de secar a garganta e dar um nó! O primeiro lugar na categoria principal, ficou com a equipe finlandesa formada por Antero Jokinen e Niklas Lilja da SEK & Grey Oy. Os finlandeses apresentaram o pôster com a imagem de um copinho de exame urinário, cheio de um líquido bem amarelo, fechado com tampinha azul e ornamentado por um simpático canudinho. Embaixo da imagem, a frase: 1,5 bihão de pessoa bebe água mais suja do que essa urina (peep, em inglês). A equipe brasileira, formada por Thiago Z. Tripodi, da Agência Click, Vinicius S.Miike, da Lowe Lintas e Theo V. Rocha, da New Comm Bates levou o prêmio na categoria Web Page / Online Ad. Confira mais sobre o Young Creative na versão online da tipo ou no site www.canneslions.com/ youngcreatives
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vapor | tecnologia
A água é o recurso natural mais abundante do planeta Terra. Por enquanto, a sociedade não se preocupou em evitar a escassez desse bem vital para o desenvolvimento humano. Agora que começa a se falar no fim das reservas mundiais de petróleo, o ouro preto, matéria-prima de uma infinidade de materiais, como o plástico, e combustíveis que movem os carros e o planeta, o potencial energético da água começa a ser estudado com mais atenção.
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o início do século XX, James A. Charter teve a idéia de desenvolver um motor que funcionasse com água misturada à gasolina. Esse experimento, popularmente chamado de motor à água, não teve muito sucesso, pois como a temperatura devia ser muito alta para a água ser instantaneamente vaporizada ao entrar no pistão, o motor corria sérios riscos de superaquecimento. O método inusitado que o inventor desenvolveu para acusar o superaquecimento consistia em instalar o motor abaixo dos assentos de passageiros. Assim, quem estivesse no carro, "sentiria na pele" o risco de permanecer com o motor ligado. Hoje em dia, já existem notícias de motores que utilizariam apenas água. Através de energia elétrica, o hidrogênio se separa do oxigênio e é usado como combustível. Do escapamento sai apenas vapor d'água que não causa nenhum dano ao meio ambiente. Aleksandr Rudenko, no jornal "Literaturnaia Gazeta" de 25 de junho de 1997, publicou reportagem sobre uma solução russa capaz de manter misturados água e gasolina no motor. Uma quantidade insignificante de um misterioso "emulgador", numa solução de gasolina com 10% de água (sem adição de chumbo), dão origem ao Aquasin, combustível desenvolvido pelo doutor em ciências químicas Eduard Isaev junto com sua equipe de alunos. O projeto teria sido rejeitado pelo governo russo que, entre outras coi-
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sas, depende muito do petróleo como fonte de exportação. Segundo Rudenko, o Aquasin reduz de 3 a 5 vezes a emissão de monóxido de carbono na atmosfera, em relação à gasolina comum. Além disso, afirma que a solução reduz em 200º a temperatura do motor e proporciona o aumento da potência. O combustível que, segundo o desenvolvimento das pesquisas pode chegar a ter 70% de água, é capaz de permitir maior aproveitamento do seu
potencial energético. Basta instalar no motor uma turbina para recapturar e reaproveitar os gases expelidos pela combustão anterior. Se essas tecnologias deixarem de ser devaneios científicos dos pesquisadores e se mostrarem realmente viáveis, você pode se imaginar, um dia, abastecendo seu motor de água. Mas, enquanto houver petróleo, os donos dos poços vão vigiar desde os oceanos até as reles poças d'água e deixar as barbas de molho.
carro que emite água A tendência e a exigência do mundo é produzir, cada vez mais, carros menos poluentes ao meio-ambiente (haja caminhões Mercedes no Brasil, na maioria azuis, que mais soltam fumaça que andam). O fato é que as alternativas aos motores movidos a derivados de petróleo ainda são pouco eficazes. Os carros (caríssimos) elétricos têm pouca automação, andam cerca de 150 quilômetros e têm que ser recarregados. O motor a água não passa de sonho. Mas um candidato está se for talecendo nessa disputa: automóveis movidos a hidrogênio. Alguns protótipos já existiam, porém utilizavam o hidrogênio numa reação química para produzir eletrici-
dade, num processo chamado full cell. Agora o lance é diferente. Foi apresentado no Congresso Mundial de Petróleo deste ano, no Rio de Janeiro, um modelo da BMW, o 745h, que queima o hidrogênio como se fosse gasolina. E o mais interessante é que seu resíduo, ao invés de monóxido de carbono (dos carros movidos a gasolina), é vapor d’água! E para uma maior autonomia, o carro ainda possui um tanque de 90 litros de gasolina. No entanto lá vem o problema: o BMW 745h custa uma mixaria de 350 mil reais e não pode rodar no Brasil, uma vez que não existem postos de reabastecimento de nitrogênio para carros (na Europa inteira existem dez postos).
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pausa pra prosa
contagotas e
ra fatal o enfrentamento. A barreira de chuvafuncionava como uma película contínua, ocasião ideal para um filme bom, apesar da inadequação do ambiente. Na outra margem da rua, entregotas cortinadas, só transparecia ela. Os bilhetes vinham seguros comigo enquanto ela temia por eles, sem saber que não serviriam mais: o espetáculo que me oferecia era tão mais bonito, real, e espontâneo quanto a sua pose despojada, sempre a esconder dos transeuntes desavisados a reserva de beleza que insiste em não caber nela e, quem dera, me caberia para sempre cuidar bem... além do mais, eu vivia uma noite egoísta. Não sei se me via ou me olhava. Se olhasse, desconheceria minha face, perdida em uma silhueta tão distante das retinas e tez. E essa história choveria mas não molharia, tal como seguem aqueles que se cruzam sem saber que poderiam viver juntos o grande amor. Se visse, eu sentiria, e daria, cabisbaixo, um sorriso comovido de convicção ante o sublime, sempre necessário para que uma mulher te note e te precise para viver. E a história seguiria como seguem aqueles que se esbarram e sem querer se esbaldam de amor, até quase se afogar, antes do entornamento. Uma coisa nem outra. E a história flui como aqueles que, ao se encontrar, sabem de tudo. Conhecia aquela cabecinha de cor e até do avesso. Por isso eu sabia que, pelo jeito que batia um pé, sincronizado com o indicador oposto pelos braços cruzados, calculava um bolo meu. Eu que não chegasse com desculpa de chuva, porque pelo horário combinado, devia ter chegado antes.
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shui
t i a g o . j o k u r a
Não importava se o banho foi muito e bem-cheiroso, o perfume pouco e melhor. Como salva pela pontualidade, se manteria o mais seca possível diante de todo e qualquer argumento meu. Que fosse em forma de lágrimas, nem assim. Mal sabia que antes das desculpas, antes de olhar-me ou ver, ouviria longe. O barulhar da chuva a confundiria até escutar novamente e novamente meu grito. Suspeitaria, entenderia, atenderia e cruzaríamos a rua ao nosso encontro. Nos somaríamos até perder a conta de nós dois e das gotas que nos sumiam. Os olhos se achariam sem saber se se perdiam ou se se ganhavam, se riam ou se choravam, tamanho o grau de encharcamento da paisagem-feição. A rima do beijo transbordaria, lavando o coração que ainda estava guardado do derramamento de céu. O roteiro, meu papel, já todo roto e encharcado [bem como os bilhetes], não previ. Mas já sabia. Dali para frente, era assim derramar o tempo: tomar todo dia, pela manhã e quando demais precisasse, de um gole só e com gosto, o sorriso que eu sorriria se ela me visse para aspergir entre nós o amor dia e noite e orvalhá-lo no coração quando em repouso. Pois é, estava tudo contagotejado, em algum lugar muito certo, que feliz da vida eu rabiscaria em teus olhos, leitor [a]fluente, a chuva e o enfrentamento, sabido, fatal e encharcado demais de cheiro de solo molhado misturado com o dela. Teria que mergulhá-la em mim. [ ]
vapor | hidroterapia
manual do escalda-pés c
omece relaxando. Se estiver fazendo algo que comprometa esta lição, pare, deixe para outrora. Segure seu exemplar da tipo e exerça sua função plena de leitor... descontraia-se. Calmamente vá se condicionando para uma deliciosa prática. Respire. Sinta o ar entrando. Você pode estar resfriado, gripado, com cãibras ou má circulação arterial nos membros inferiores. Não há problema algum. Exceto se possui varizes muito pronunciadas; nesse caso, não realize a prática do escalda-pés. Pessoas com insônia, cólicas menstruais e torcicolos também podem praticar. Homens e mulheres. O importante é relaxar. Para isso, relaxe. Descontraia-se totalmente. Agora, com o organismo mais calmo, e o sistema nervoso em equilíbrio, preste atenção: siga para um ambiente fresco. Não gelado, não molhado. Fresco. Ao lado, você encontra a lista de materiais necessários para a prática. Certifique-se que possui todos os objetos em sua casa. No ambiente já citado, que pode ser a sala ou o quarto, abra a janela até um terço de sua
extensão. Se quiser praticar à noite, melhor. Siga com a mesma calma e relaxamento do corpo. Sente-se confortavelmente em uma cadeira ou em um sofá. Coloque a bacia vermelha (ou de outra cor) próxima a seus pés. Encha-a de água da mesma temperatura de seu corpo e insira seus pés na bacia. Relaxe seu corpo mais uma vez. Se o procedimento estiver correto, suas pernas deverão estar molhadas dos pés até a canela. Prossiga, relaxando. Após alguns minutos, que podem ser de 5 até 7, troque a água que estava na bacia por uma de maior temperatura. Vá repetindo essa troca até que a temperatura da água atinja um montante suportável. Não mais que isso. Não se exceda na primeira prática. Assim que fizer a última troca de água, fique cal-
mo; mentalize boas memórias e experiências fictícias por cerca de meia hora. Fique sempre com o corpo relaxado. Não se altere desse estado. Sinta seus pés se dilatando, ficando mais fortes, mais serenos. A energia provinda da bacia toma seu corpo por inteiro. Enxugue, então, seus pés com uma toalha macia e seca. Deite-se e, mais uma vez, relaxe. Veja como é deliciosa essa sensação de paz... Nesse momento evite friagens. Para isso, feche a janela que estava entreaberta. Pronto. Se desejar pode cochilar alguns instantes, que podem durar algumas horas. Não há problema. Aliás, os problemas que antes existiam, hão de terminar após o escalda-pés. Essa prática pode ser feita uma vez ou repetida durante alguns dias.
lista de materiais Uma bacia funda, mais ou menos da altura de suas batatas da perna. Uma toalha macia e seca Outra pessoa para ficar esquentando água
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vapor | frutas ricas em água
ne nutrie perda d a o m u N . r a mic rreta ode aca ficar anê p a o . s s e d p m ú a sa e o da eça se vo para s e o risc ti e emagr a te g lt e e o n b ã s é e s s ão Eli bas alanço uidos n o chá a ompre já final, o b “Tome e de líq s . a a c !” r b a e ç ndidos à p r e s v e Dieta fazer fo 7 dias s diets e k te a n h a s r u os rimei! ngaba d s: todos es, não? rma. O p a r r g fo a a a r il s s de pora e M de !”. roam d 5 quilos a f a lt a funcion e ócio p n d tv a ia á n t d s mais de e m s chás ma visão m algu p r o b le estão. O ido tele ig t Você, e d o is r s a s d a ter es e início , cipójá deve achofra eto film tigação, c s lc x a a E , m a . dutivo, b e ga oro ard e poran ramaçã imam g do da t à base d não que , a prog no perío s , o a cid e m n a s m fu no o e lo e resu os anim o intesti cabelud ríodo s m desenh e e p z o. ã o e fa t t s s s s n dige im e pena a tv ne ando a ntreten duras, a it e il atual d e c nd s e fa a v s , lhor adas receit grama nar me as tritur ssuem o v o r p aos pro e o , s e a t N m inda a lg u elas. ã sicamen iv o d e xistem a . Fuja d v s E e o r que, ba v a li d s n s sh ira ode o e, cla ia s , fl a as em fe puras, p fofocas id o , d ã o s r c u li n á r t e s u e ; q ü de ope b le m a s e ou seq ento. Ib garantia io s p r o r á á im h v c e acident s r o g a ar outr s de em er? o c a s io n ro, dica magrec e e ja if ação. e s d e r ão d o intoxic eso po m p o c m a quem n h é a ticos. oas gan ente té gené a m As pess s a n t u e alg . Totam corr otivos, ecer, op ecimento mer r r g g o a a c m m rentes m e e e s oa ra forma d lução: a á atençã e que pa melhor guém d esma so Acontec in m n dola s n a e a a é p s mm são elhor vezes dos dize ue não eso o m q muitas p ; r s e a á la d s s a r s o r, b n nece ra pe ilagr alimenta isso. Pa casos, é o dietas m ã s ç e n a s c la s u a e ab eed tal. N até que r uma r u ta O tas para . . a in o a iv r d s efinit ê acha t a E li o cuida eada e d que voc c ic io n is s r o rio muit t r u e ! n r e m oc sta o a nos nú e bem e esses pr Segund ça pare a altura ty Care, . u u s m a e e a mer de b r B o a c o a p ,d muit nifica ados m ig ic s a d n o Catapan ã io ç c a , n duc orções, recer s não fu Essa ree uenas p a emag q e m p a dimento d m e ju a masuco, ão. A s dietas (pães e o um po a nutriç s d u o s t tu a m r Todas a a id dic mais ueijos) carbo nto preju rnes e q erindo receitas a g c s , a in s o e no enta v u q ras e são as (o nista diz proteín s, verdu cimento , e ) ta r s u g a fr s a ( nutricio m s ra a oe e de as e fib essidad Funcion sas para vitamin m a nec quidos. é milagro lí b e m tos d a n ta e e m á s ). H e alim s à ba quer e legumes oa que idade d as dieta t s s n ó e boa s p u , o q a a an ir a , com rma: uma sem diminu orduras g te desta fo n e té a , r r a a e u u c açú ê pod a os, ág gere, d rma voc ricos em as, suc p grecer in fo o u a s o s . , s r e e a m film astig ces. D s. Vale los e do sistir um da de m s a líquido a N e . h l a a is eirin o, can ndo ada ma udar de como Lig m s , segu o chás. N is h o n e p s de lí be, de e r ig o , . apenas quem sa Um p erCats.. onsumo íc te o o r , p , Thund ta u e is a d n P a io g a r ic a Pic nutr nte na c ras; é deficie as e fib in m a it quidos v s, boidrato nas, car
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m outubro deste ano, a região de Ribeirão Preto [350 km de São Paulo] marcou a menor taxa brasileira de umidade relativa do ar: 7%. O ar estava realmente quente e seco. Dias depois, o fotógrafo Odilon Comodaro registrou um dos maiores redemoinhos vistos na região. A foto foi feita na rodovia Cândido Portinari, entre as cidades de Franca e Batatais. Nos centros urbanos, o vento não era capaz de balançar nem as árvores mais altas. O clima abafado cansava as pessoas e enchia sorveterias e lanchonetes que vendiam sucos naturais. Sim, porque nesses dias de calor, nada mais refrescante que um suco natural, bem geladinho, num copo de vidro com 500ml, com dois canudinhos [um rosa e o outro azul] num ambiente sombreado e fresco! Segundo Horst Otterstetter, ex-diretor da Divisão de Saúde e Meio-Ambiente da Organização Pan-Americana de Saúde [OPS], cada pessoa necessita de 189 litros de água por dia para viver, incluindo consumo, higiene e preparo de alimentos. Desse montan46
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te, de 2 a 3 litros são para o consumo direto. Nesse sentido, a tipo traz para você, leitor sedento, duas receitas de sucos com frutas que são ricas em água. suco verde ½ maçã verde folhinhas de hortelã 1 fatia de melão 1 kiwi 1 caixinha [200 ml] de água de coco abacaxi e hortelã 1 ¼ de copo de suco de tangerina 1 rodela de abacaxi 4 folhas de hortelã Para as duas receitas, o modo de preparo é bem simples: bata todos os ingredientes no liquidificador e retire a espuma antes de servir. Se preferir, pode adicionar gelo na mistura. Os sucos de frutas ricas em água possuem poucas calorias e mantêm seu corpo
bem hidratado, principalmente no calor. A glicose da água de coco age com o leve teor de açúcar das frutas, acelerando a absorção dos líquidos pelo organismo. mas não exagere Uma pessoa com insuficiência renal facilmente retém líquidos em seu corpo, pois os rins não funcionam adequadamente e não conseguem eliminar os excessos de líquidos por meio da urina. Nesses casos, a alta ingestão de água diária causa aumento da pressão arterial e inchaços nas mãos, pés e pernas. Com o passar do tempo, é possível que ocasione complicações mais sérias, como edema pulmonar e acúmulo de água no coração, deixando a pessoa com sério risco de vida. A grande ingestão diária de sal ajuda a retenção de água pelo organismo. Dessa forma, se você, leitor sedento, tem esse mal, cuidado. Mantenha [ www.revistatipo.com ]
lavando as folhinhas u m diálogo constante com seu médico ou nutricionista e acompanhe diariamente seu peso. A tipo ajuda você também a controlar a água de seu corpo, com dicas para reduzir o consumo diário de água. Vamos lá: · Use copos pequenos para consumir líquidos; · Tenha muito cuidado com o sal; · Não chupe gelo para matar a sede! Bocheche ou gargareje com água à temperatura ambiente e jogue fora. Escovar os dentes também ajuda; · Se for tomar remédios no caféda-manhã ou lanche, aproveite o leite com café ou iogurte, não sendo necessário ingerir mais um copo de água para engolir os comprimidos; · Quando sentir sede e saber que já ingeriu muito líquido durante o dia, tente consumir algum alimento [pois o alimento sólido alivia a sensação de "boca seca"] ou chupar um chiclete sem açúcar [para estimular a produção de saliva]. [ www.revistatipo.com ]
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abe aquelas folhinhas de hor telã que você acabou de usar no preparo do Suco verde [fique atento, leitor... as da repor tagem ao lado]? Se você já preparou e se deliciou com nossa receita, esperamos que, antes de fazêlo, você tenha lavado corretamente as tais folhinhas. Dá um pouco de trabalho, por causa do seu reduzido tamanho [comparadas, é claro, às folhas de alface ou couve]. Mas sua correta lavagem e desinfecção é muito impor tante para prevenção de doenças como verminoses, cólera, hepatite A e B e até poliomielite. Se você não sabe como fazer, vamos às lições de tratamento de folhagens e verduras da tipo ! O processo é muito simples e rápido. A lavagem dos alimentos segue o mesmo processo do tratamento caseiro de água. Você vai precisar de cloro, ou hipoclorito de sódio ou mesmo água sanitária, que vamos usar em nosso exemplo [pode ser cândida... é a mesma coisa, leitor! O lance é que elas possuem cloro em sua fórmula]. Primeiro lave as hor taliças em água corrente. Mergulheas depois numa bacia contendo água da torneira misturada com água sanitária na proporção de uma colher de sopa de água sanitária para cada litro de água. Deixe assim por cerca de 30 minutos. Para passar todo esse tempo, leia algum bom livro [se quiser indicações de leitura, a tipo mostra a você na página XX]. Depois dos 30 minutos, lave novamente em água da tor neira as verduras, que já estarão limpas e próprias para o consumo. Caso você queira utilizar outro composto de cloro no tratamento de água ou verduras, a proporção é diferente da água sanitária. Para mais informações acesse o site da tipo [www.revistatipo.com] ou procure um posto de saúde próximo de sua casa.
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vapor | cultura e lazer
Um tipo de roteiro para aqueles fins de tardes de domingo, se você não quiser dar um pulo na piscina. Mas vá devagar, pois a variedade aqui é grande e pode causar indigestão!
tipo... filme
Como água para chocolate drama, México, 1992 Direção de Alfonso Arau Baseado em um romance do mesmo nome de Laura Esquivel, o filme conta a história de um camponês chamado Pedro que, em 1910, em plena Revolução Mexicana, se apaixona por Titi. Podia ser mais uma historieta de amor, do tipo água com açúcar, mas Como Água para Chocolate é um dos mais belos filmes do cinema latinoamericano de todos os tempos. No ano de 1993, foi a produção estrangeira de maior bilheteria nos Estados Unidos.
Os criadores de Disney transformaram Ariel numa jovem sapeca e moderna, que quer ir além de suas fronteiras em busca do amor. Recebeu os merecidos Oscar de Melhor Trilha Sonora e Canção. No segundo filme, Ariel tem Melody, um linda menina que não entende por que tem que ficar longe do mar, que tanto ama, e não sabe explicar o porquê. Morgana, filha da bruxa vilã do primiro filme, quer a todo custo se vingar de Ariel e de seu pai, o Rei Tritão. Para isso tenta capturar Melody ainda bebê.Não faltam os amigos de Ariel, como o atrapalhado siri Sebastião e o peixe Linguado.
des de desenvolver essa tal técnica. Traz referências que vão desde o preparo pré-natal do casal e de seus familiares, à decoração do local do parto e às diversas opções de piscinas, banheiras, utensílios e acessórios. Passo a passo, é descrita a evolução do trabalho de parto até a primeira amamentação do bebê, incentivando ainda o treinamento do bebê na água após o parto. Não tome suas considerações! Não seja preconceituoso; leia o livro e depois mande suas idéias para a tipo!
tipo... linguagem
Dar com os burros n'água tipo... livro tipo,.. mais filme
O parto na água A Pequena Sereia I e II Estúdios Disney
Cornelia Enning Editora Manole, 200o
Os filmes são uma adaptação para o cinema que conta a história de Ariel, uma sereia que se apaixona perdidamente por um humano, ferindo todas as normas dos sete mares.
Não estranhe. Existe uma prática das mulheres terem seus bebês dentro da água, feito peixes, manja? Este guia completo e prático descreve detalhadamente os procedimentos e possibilida-
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Uma expressão estranha. Confessamos que a redação da tipo procurou em vários dicionários idiomáticos e semânticos, mas não encontramos a origem desta frase. Deve seguir o mesmo rumo das vacas que vão pro brejo. Mas seu significado é bem simples: Quando fazemos muito esforço para conseguir algo e acabamos perdendo tudo de forma banal, damos com os burros n'água.
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pausa pra prosa
águas de atraso
j o s m a r. b a t i s t a
t
ipo é raiz de tipografia, técnica que abrange várias operações para a impressão de textos.Uma verdadeira arte. Entretanto, essas quatro letras possuem diversos significados. Tipo é sinônimo de exemplar, como essa revista que deu a honra de expressar-me. A pequena palavra também pode ser entendida como pessoa esquisita, excêntrica. Um tipo [como eu]. Por fim, um tipo pode ser um modelo de algo. Creio que o que vocês lerão abaixo é um tipo de paródia. Bem, paródia é uma imitação cômica de composições literárias. No meu caso, penso que é uma imitação um tanto burlesca de Águas de Março, do Tom Jobim; culpa de minhas restrições artísticas e musicais. Mesmo assim, sem querer fazer tipo, agradeço o convite da tipo. Lá vai a paródia, então. Ela é tipo assim, entende... [ ]
Um mal, a pedra até parece um espinho entre o rim e a uretra, obstruindo o caminho solução é a água, que no mar é anil mas quando é suja, traz doenças mil a saída essa: quando a água não presta atitude lesta, beirando a pressa de outra maneira vem a enfermidade não escolhe feira, nem cor, nem idade começa como frieira nos dedos do pé você queira ou não queira, desconfia o que é culpa da larva que traz verminose barriga-d'água, esquistossomose de vermes padece toda patuléia que também atinge a gran-paulicéia a mão no ânus é um comichão oxiúris, o vaso é prisão a coisa mais buta é a diarréia o bicho minguta traz cefaléia a situação é mais negra que a Treva estafilococo, planária, ameba o Aedes aegypti faz sucção
na pele e começa a irrupção água empoçada, em garrafa e pneu e por causa disso muita gente morreu água pode ser bem mais doce que cana mas sem cuidado parece até lama findará algum dia essa febre terçã? quiçá o horizonte clareie amanhã é a água parada, pesar, aflição achoque, moléstia, culpa do vibrião o contágio acontece, vem a infecção cólera no inverno, dengue no verão é a água parada, pesar, aflição achoque, moléstia, culpa do vibrião Um mal, a pedra até parece um espinho entre o rim e a uretra, obstruindo o caminho solução é a água, que no mar é anil mas quando é suja, traz doenças mil findará algum dia essa febre terçã? quiçá o horizonte clareie amanhã é a água parada, pesar, aflição achoque, moléstia, culpa do vibrião
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vapor | protótipo
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