Coordenação Câmara Municipal de Coimbra/Divisão de Juventude Universidade de Coimbra / CEIS20 Coimbra, 2012 12 e 13 de outubro
O ciclo de cinema Coimbra in Motions é uma iniciativa da Divisão de Juventude da Câmara Municipal de Coimbra que vai ao encontro deste espírito. Destina-se a toda a população mas, em particular, aos muitos jovens que chegam a Coimbra e se preparam para adotar a cidade como sua. As longas e curtas metragens selecionadas para esta mostra cinematográfica retratam diversas facetas daquilo que é a alma e a identidade conimbricense. Espero que se deixem conquistar pelo espírito de Coimbra!
O ciclo de cinema Coimbra in Motions promovido pela Câmara Municipal de Coimbra, através da Divisão de Juventude, coincide com a abertura do ano letivo numa Universidade com mais de 700 anos de História e candidata a Património da Humanidade. Dirigido não só a alunos do ensino secundário e superior mas, acima de tudo, a alunos incoming que anualmente procuram a cidade para o seu percurso académico, Coimbra in Motions pretende mostrar aquilo que Coimbra é: uma cidade de vivências, uma cidade de afetos, uma cidade de História, uma cidade de Cultura, uma cidade Jovem. Ele engloba, precisamente, a apresentação de 4 curtas metragens e 3 longas metragens com um traço comum – são produzidas em Coimbra, por criadores com ligação à cidade. O cinema, como linguagem comum e universal, aproxima pessoas de diferentes culturas e origens, contribuindo para a transmissão de ideias e emoções, sendo um legado cultural inegável. Quisemos, neste sentido, apostar no capital criativo jovem que a cidade tem, sendo esta uma das iniciativas que temos dirigidas à juventude e que certamente transportará Coimbra além fronteiras, perpetuando a cidade na memória de quem aqui passa. Acreditamos ainda que Coimbra in Motions seja a alavanca de um ciclo de projetos promovidos pela Divisão de Juventude, dedicados a produções artísticas de/em Coimbra, que muito contribuirão para a promoção da cidade e dos seus autores.
João Paulo Barbosa de Melo
Luís Providência
É sempre com grande entusiasmo que a nossa cidade acolhe os milhares de novos estudantes que ingressam no ensino superior. A nova energia que trazem estimula e revitaliza esta comunidade de fortes tradições académicas.
Presidente da Câmara Municipal de Coimbra
Vereador do Desporto e Juventude da Câmara Municipal de Coimbra
COIMBRA IN MOTIONS. UM CICLO, VÁRIAS EMOÇÕES Jorge Seabra
Universidade de Coimbra / CEIS20
Este ciclo pretende ter como foco principal aquilo que é a essência do cinema, o filme, projetado na tela de uma sala escura em comunhão de espetadores. Em segundo lugar, depois do filme, na sala, com os espetadores, vem Coimbra, a outra ideia aglutinadora e lastro comum a todas as obras, quer do ponto de vista da autoria, quer do objeto fílmico. Finalmente, uma terceira ideia, não menos importante que as anteriores, a justificação da validade do evento. Dir-se-ia, se utilizarmos alguma terminologia interpretativa do cinema, que para isso temos de situar o ciclo no seu contexto diegético, explicando as relações entre o cinema e Coimbra, constituindo essa a pretensão deste volume, realidade que começa de forma estável e contínua na cidade a partir de 1945. E, desde então, essa aproximação foi-se construindo em torno de quatro pólos. O primeiro, foi o da transformação da cidade como pretexto para a criação fílmica, quer através das suas tradições histórico-culturais, quer da sua valência universitária, facto que aconteceu bem cedo, logo em 1910, com o primeiro filme sobre um dos seus ícones culturais; em segundo lugar, sobressai o ponto de vista dos autores, mais ou menos anónimos, que Coimbra já teve ou continua a ter; em terceiro lugar, refira-se o associativismo cinéfilo que foi pontuando a vivência da cidade desde meados do século XX e em quarto lugar, a atenção que a universidade, particularmente a Faculdade de Letras, começou a dar aos estudos fílmicos desde meados dos anos oitenta do século XX. É em torno destas quatro ideias que emergem os textos seguintes. Coimbra e o Estado Novo, uma relação que o regime explorou em be-
nefício próprio, texto da autoria de Álvaro Garrido, a importância que o associativismo cinéfilo teve e continua a ter na cidade, de António Pedro Pita, a instituição dos estudos fílmicos na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, de Abílio Hernandez Cardoso, e finalmente a criação cinematográfica de autores de Coimbra ou sobre a cidade no pós 25 de abril de 1974. Resta ainda dizer que Coimbra in Motions não teria sentido sem toda esta dinâmica que vem de longe, e sem os mais novos como principais destinatários do evento. Comum a todos está uma relação estético-afetiva com a arte das imagens em movimento, cujo enraizamento na cidade é particularmente devedor a pessoas e instituições que ao longo do tempo foram contribuindo para que esta proximidade se fosse aprofundando e consolidando. Nesse aspeto, não será excessivo salientar o Centro de Estudos Cinematográficos da Associação Académica de Coimbra, órgão que continua a proporcionar a muitos estudantes as primeiras experimentações cinematográficas, o Clube de Cinema de Coimbra, ao qual variadíssimas personalidades se viriam a associar, o Teatro Académico de Gil Vicente, para muitos lugar de iniciação e aprofundamento da cultura cinematográfica, ou ainda, agora no domínio do ensino e da investigação, Abílio Hernandez Cardoso, António Pedro Pita e Luís Reis Torgal que, com diferentes olhares e perspetivas, contribuíram para a produção de eventos, estudos e iniciativas favoráveis ao desenvolvimento da cultura cinéfila, bem como os criadores que mais recentemente têm produzido em ou sobre Coimbra, em particular aqueles cujas obras serão exibidas neste ciclo.
PROGRAMA DO CICLO DE CINEMA “COIMBRA IN MOTIONS” 1ª SESSÃO | 1ª PARTE 12 DE OUTUBRO
14h00 | Sessão de boas vindas | Abertura do Ciclo de cinema “Coimbra in Motions” 14h30 | Projeção de 3 curtas-metragens RESPIRAR DEBAIXO D’ÁGUA (2000, 45 min.), de António Ferreira O VOO DA PAPOILA (2011, 15 min.), de Nuno Portugal BREVE hISTÓRIA DO ROCK DE COIMBRA (2010, 5 min.), de Rodrigo Lacerda e Rita Alcaire FILhOS DO TÉDIO (2007, 48 min.), de Rodrigo Lacerda e Rita Alcaire 16h30 | Debate com os convidados (criadores das curtas-metragens) 17h30 | Fim da sessão
1º SESSÃO | 2º PARTE 18h00 | Projeção do filme INÊS DE PORTUGAL (1997, 84 min.), de José Carlos de Oliveira, e debate 20h30 | Fim da sessão
2º SESSÃO | 1º PARTE 13 DE OUTUBRO
15h00 | Projeção do filme RASGANÇO (2001, 100 min.), de Raquel Freire, e debate 17h30 | Fim de sessão
2º SESSÃO | 2º PARTE 18h00 | Projeção do filme EMBARGO (2010, 83 min.), de António Ferreira, e debate 20h15 | Balanço do Ciclo de Cinema “Coimbra in Motions”. Desafios e iniciativas futuras I Sessão de Encerramento
COIMBRA NO CINEMA – APENAS IMAGENS? Álvaro Garrido
Universidade de Coimbra / CEIS20
Coimbra é uma cidade filmogénica. Será esta declaração demasiado categórica? Estaremos a incorrer na decantada tentação de mitificar Coimbra apenas porque precisamos de invocar e compreender as suas imagens? O cinema é sempre um documentário do “real”, lembrou Marc Ferro. Mesmo quando se classifica como “ficção”, é do tempo e de realidades sociais concretas e imaginárias que o cinema fala. Mais ainda se o palco da narrativa for, simultaneamente, um lugar e um não-lugar, como sucede com Coimbra. Nos arquivos do cinema histórico português, são diversos os “filmes sobre Coimbra” e ainda mais numerosas as fitas que incluem referências de imagem ou de acção à “cidade dos estudantes”, seja ela representada desse modo ou em suposta oposição ao estereótipo tradicionalista. Terá sido essa a intenção da jovem realizadora Raquel Freire, no seu acutilante Rasganço (2001). Nenhum dos filmes históricos cuja acção se passa em Coimbra - numa Coimbra sempre lendária e nessa medida em conflito permanente com a historicidade - se afastou muito do imaginário académico tradicional. Inevitavelmente, o cinema português que tomou Coimbra como cenário ou personagem focou a câmara na Universidade; obsessivamente, prendeu-se ao património romântico que a Academia construiu de par com a cidade, impregnando-a de lendas, mitos e narrativas de encantamento e drama que são, por certo, um dos seus melhores recursos. Em Inês de Castro, de Leitão de Barros (1944), a primeira co-produção luso-espanhola, Coimbra foi reproduzida em cenários num estúdio de Madrid, onde o filme foi rodado. O encenador do regime de Salazar e Ferro voltou a eleger Coimbra no mítico Camões (1946), a primeira
superprodução do cinema português, filme profusamente distinguido pelo SNI, que foi visto no Festival de Cannes nesse mesmo ano. Um ano depois surgiu um novo e decantado filme sobre a “Lusa-Atenas” e o seu universo de estudantes e tricanas, o melodrama Capas Negras, realizado por Armando de Miranda. Amália Rodrigues e Alberto Ribeiro deram proibitiva voz ao fado de Coimbra, profanação que suscitou um curioso movimento de estudantes no qual se conjugaram expressões de tradicionalismo académico e de forte oposição à ditadura que, afinal, sobrevivera à Guerra. Também por isso, este modesto filme conheceu uma celebridade inaudita. Esteve vinte e duas semanas em cartaz. Muito mais denso, embora ostensivamente ideológico, foi um filme anterior, parcialmente dedicado à Universidade de Coimbra, o drama teológico Fátima, Terra de Fé!, de Jorge Brum do Canto (1943), baseado no livro homónimo de Melo e Alvim, cuja personagem principal evoca o processo de conversão ao Estado Novo do médico e professor Bissaya Barreto. Sem desperdício desta poética da memória que habita a nossa Cidade e que reside no cinema que ela inspirou, importa promover um desprendimento da persistente vinculação de Coimbra às imagens cunhadas pelo aparelho ideológico do Estado Novo. Do “Contemporâneo” esperam-se sempre novas imagens. E as imagens (sobretudo as que se compõem e observam em movimento) são modos de ver que alimentam e pluralizam as afiliações colectivas. Por isso mesmo, não são apenas imagens. Talvez sejam identidades socialmente construídas. Nada de melhor e de mais eficaz para as fertilizar do que um bom filme. Coimbra já tem argumento e guião. Falta que a Cidade o imagine e produza, mesmo que o realizador não seja Woody Allen.
FRAGMENTOS DE UMA PAIXÃO António Pedro Pita
Universidade de Coimbra / CEIS20
Em Coimbra, a paixão cinematográfica diz-se de muitos modos. No rescaldo da chamada II Guerra Mundial, em 1947, no contexto de grandes tensões democratizantes que sulcaram a sociedade portuguesa, foi a constituição do Clube de Cinema de Coimbra (pouco depois rebatizado como Cine Clube de Coimbra). A aventura cineclubista estava então no seu início. A afirmação estética do cinema fortalecia-se desde que uns “primitivos vanguardistas”, alguns também em Coimbra (por exemplo, logo a partir dos meados dos anos 20, José Régio e Adolfo Casais Monteiro nas páginas da célebre revista Presença, a mesma que em foi publicado o conto “Meninos milionários” de onde Manuel, então ainda com “u”, de Oliveira extraiu o argumento do filme Aniki Bóbó), reivindicavam para o cinema o estatuto de arte exemplar da modernidade. Estou em crer, aliás, que ainda não aprofundamos todas as suas dimensões do envolvimento cinematográfico presencista. A fundação do Clube de Cinema de Coimbra constitui, no entanto, uma referência suficientemente expressiva: não só pelo rápido reconhecimento nacional da importância da sua atividade mas também pela circunstância de ser em Coimbra que ocorre, em 1955, o I Encontro de Cineclubes, uma reunião da maior importância. Não esqueçamos que à transformação do conceito de “realismo” (para o libertar das reais ou supostas limitações que lhe havia sido imposto pelo chamado “neo realismo”) e a uma profunda viragem na autoconsciência de cinema, em movimento acelerado nesses anos, nenhuma expressão artística vai ficar imune. Pelos finais dos anos 50 – é comum referir a data de 1958 – a Associação Académica de Coimbra consagra, na existência de um Centro de Estudos Cinematográficos, um interesse que vinha de mais longe. O Cine Clube e o CEC vão ser, durante anos, lugares por excelência de uma paixão cinematográfica que vai alargar-se ao jornalismo especializado e à crítica (em diversas páginas culturais e na revista Vértice), a magistério estético de personalidade de exceção (limito-me ao nome
de Orlando de Carvalho) e ao ensaio de práticas cinematográficas que mais tarde, e fora, vão ganhar identidade mas aqui têm os primeiros olhares definitivos (falo, sobretudo, de João Mário Grilo). Como era inevitável, o 25 de Abril subverteu a consciência cineclubista porque afetou radicalmente as suas coordenadas geradoras. A virtual disseminação do cinema de “qualidade” por todo o país bem como a sua atenta fruição por espetadores cada vez mais informados foram os pressupostos de um esvaziamento do lugar cinematográfico. O Clube de Cinema de Coimbra não teve condições para escapar a esta situação. O seu desaparecimento gerou, no entanto, outras vidas e outras aventuras culturais. O mesmo protocolo que colocou a biblioteca e os arquivos do Clube de Cinema de Coimbra à guarda da Faculdade de Letras determinava que o acervo deveria constituir o ponto de partida de um renovado interesse da prestigiada Escola pela arte cinematográfica. A disciplina de “Caminhos do Cinema Português” criada na estrutura curricular do Curso de Férias é seminal: prolonga-se, na Faculdade de Letras, em vários percursos curriculares de História e Estética do Cinema e de Cinema Português e, emancipada da Faculdade de Letras e acolhida pelo CEC, transforma-se naquele que é, ainda hoje, o único Festival exclusivamente consagrado ao cinema português. A paixão cineclubista renasce, em 2002, sob o nome de Fila K Cineclube, que tem sabido revisitar, nesta última década e nas novas condições que são as suas, o espírito e a prática do cineclubismo clássico. E a importância própria do acervo cineclubista acolhido na Faculdade de Letras não é, certamente, alheia, ao aprofundamento dos estudos cinematográficos seja no quadro da graduação e da pós-graduação da (então) nova licenciatura de Estudos Artísticos seja no âmbito específicos de Centros de investigação. O que mais agora importa, contudo, é sublinhar a importância do cinema, da paixão cinematográfica na multiplicação de olhares em que nos revemos para nos (des)encontrarmos como devir intempestivo.
OS ESTUDOS FÍLMICOS NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA Abílio Hernandez Cardoso Universidade de Coimbra
O ciclo de vida dos Estudos Fílmicos na Universidade de Coimbra iniciou-se, curiosamente, com a morte de uma instituição de significativo relevo na vida cultural da cidade: o Clube de Cinema de Coimbra (CCC). A disponibilidade e o espírito de abertura manifestados pela Faculdade de Letras permitiram então que o espólio bibliográfico do CCC, rico sobretudo em revistas, encontrasse um novo espaço (a Sala de Estudos Cinematográficos), onde foi acomodado, catalogado e posto à disposição de docentes, investigadores e alunos que o quisessem consultar e estudar. Decorria o ano letivo de 1984-85. Organizado o espaço e o espólio, que a FLUC foi aumentando, criou-se, em 1986-87, a primeira disciplina. Chamou-se Caminhos do Cinema Português, destinou-se aos alunos do Curso de Língua e Cultura Portuguesas para estrangeiros e inspirou o nome do Festival que o Centro de Estudos Cinematográficos da AAC em boa hora fundou em 1988. Mas o primeiro avanço significativo verificou-se com a criação, em 1993, da História e Estética do Cinema, disciplina opcional para alunos de todas as licenciaturas da Universidade de Coimbra. A heterogeneidade da formação académica dos estudantes constituiu mesmo um dos aspetos mais interessantes e mais desafiadores da vida da cadeira. Seguiram-se, em 1995, História do Cinema Português e Teorias do Cinema. Este foi um ano crucial, pois o cinema celebrava o seu primeiro centenário: publicou-se a Senso, primeira revista universitária portuguesa na área, e criaram-se os Encontros Internacionais de Cinema e o Prémio de Estudos Fílmicos da Universidade de Coimbra.
Agustina Bessa Luís, André Gardies, André Gaudeault, Antoine de Baecque, Denis Lévy, Dominique Païni, Eduardo Lourenço, Eduardo Prado Coelho, João Mário Grilo, Jorge Urrútia, José-Augusto França, José Manuel Costa, Keith Cohen, João Bénard da Costa, Marc Ferro, Mário de Carvalho, Mário Jorge Torres, Paulo Filipe Monteiro, Paulo Rocha e Pierre Sorlin são apenas alguns dos nomes que marcaram as várias edições dos Encontros e os seminários realizados ao longo dos anos. O Prémio foi atribuído a figuras ilustres do cinema e da cultura: João Bénard da Costa, grande amigo e apoiante dos Encontros, foi o primeiro, seguido, nas edições seguintes, por Manoel de Oliveira, Alain Resnais, Paulo Rocha e os Cahiers du Cinéma. Presentes também, durante anos, em seminários dos Mestrados de Estudos Anglo-Americanos, os Estudos Fílmicos conheceram novo e significativo desenvolvimento com a criação da área de Estudos Artísticos, cuja licenciatura se iniciou em 2002, seguida pelo mestrado em 2007 e pelo doutoramento em 2009. Nesta fase, o cinema tem-se cruzado com todas as outras artes, em especial com a fotografia e o vídeo. A limitação de espaço não me permite ir além destas simples notas, que remato com a convicção de que a abertura recente do doutoramento em Arte Contemporânea no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra veio abrir novas possibilidades de colaboração com os Estudos Artísticos e com a Faculdade de Letras e amplas perspetivas de desenvolvimento de um domínio em que a arte e a investigação se cruzam e convivem num diálogo fascinante e infindável.
COIMBRA E A CRIAÇÃO CINEMATOGRÁFICA Jorge Seabra
Universidade de Coimbra / CEIS20
Do ponto de vista da criação cinematográfica, se lançarmos um olhar retrospetivo relativamente à produção desenvolvida sobre Coimbra, constatamos a permanência de dois temas que remontam à Primeira República e vêm até à atualidade. O primeiro radica na recorrência do olhar sobre a Academia universitária, que começamos a encontrar em Fátima, terra de fé (Jorge Brum do Canto, 1943), Camões (Leitão de Barros, 1946), Capas negras (Armando de Miranda, 1947) ou no mais recente Rasganço (Raquel Freire, 2001). Em todos encontramos sempre o mesmo universo diegético, diferindo naturalmente do ponto de vista estilístico e das marcas culturais que ficam inscritas nas obras, facto particularmente notório na ficção mais recente. Na verdade, a construção formal apresentada por Raquel Freire transporta consigo toda a evolução que o cinema português sofreu e, por outro lado, tem subjacente um universo cultural mais aberto, dialogante e personalizado que os filmes do Estado Novo nunca poderiam apresentar. O segundo tema, que atravessa temporalmente vários períodos, agora da Primeira República à Democracia, diz também respeito a um dos assuntos da iconografia conimbricense, a história amorosa de Pedro e Inês, que foi objeto de três ficções, uma do período republicano, Rainha depois de morta (Carlos Santos, 1910), outra do Estado Novo, Inês de Castro (Barros, 1945), e finalmente Inês de Portugal (Carlos de Oliveira, 1997). Tal como anteriormente, a separá-las está a evolução do cinema, as opções estilísticas dos autores, mas acima de tudo o olhar sobre o objeto, predominando claramente na última obra o desenvolvimento da trama em função do contexto político que se vivia em finais da Idade Média. Finalmente, nos anos mais recentes, tem surgido uma terceira opção, até aqui inexistente, que desloca a nossa perceção dos ícones anteriormente referidos, para sermos transportados para outro tipo
de olhares, eminentemente atuais, como são os casos de Respirar debaixo de água (António Ferreira, 2000), Filhos do tédio (Rita Alcaire; Rodrigo Lacerda, 2007), Hepicat (Nuno Portugal, 2010), Embargo (Ferreira, 2010), Breve história do rock de Coimbra (Rita Alcaire; Rodrigo Lacerda, 2010), O voo da papoila (Portugal, 2011) ou Super-vodka (Leandro Silva, 2012), nos quais surge uma outra Coimbra, inserida num quadro espacial mais vasto mas sempre urbano, por vezes a roçar o marginal, ou onde perpassa algum juízo crítico sobre o vazio de oportunidades que a democracia reinstaurada depois de 25 de abril de 1974 não concretizou. Em qualquer dos casos, nesta breve apresentação ao cinema emergido depois de 1974, feito por criadores de Coimbra ou tendo Coimbra como objeto, aquilo que parece pertinente afirmar é a permanência temática na produção cinematográfica de dois ícones referenciais para a cidade e para a região, a Universidade e Pedro e Inês, entre 1910 a 2001, sintoma do estímulo estético que esses elementos continuam a suscitar entre os cineastas. Por outro lado, essa atração tanto é proveniente de autores locais como nacionais, salientando-se nomes como Leitão de Barros ou Jorge Brum do Canto, sendo particularmente de destacar o dinamismo que a produção local apresenta nos anos mais recentes, não obstante as dificuldades que derivam do funcionamento do cinema à escala global e nacional. Finalmente, e para além desse lastro histórico-cultural que levou muitos cineastas a elegerem Coimbra como objeto de criação artística, nos anos mais recentes encontramos um revigoramento notório nessa produção, sintoma de que a cidade e a região apresentam novos estímulos cinematográficos. Esta tripla circunstância, que apenas é comum às cidades identitariamente bem definidas e dinâmicas, deveria eventualmente merecer um aproveitamento mais adequado, quer em benefício dos seus criadores, quer da afirmação da região.
Este ciclo de cinema assenta num conjunto de obras de seis realizadores que, por diferentes razões, já filmaram sobre ou a partir de Coimbra. Dir-se-ia que, independentemente das motivações, das idades e dos percursos, a cidade, o seu devir e a sua memória, é sempre o suporte da criação, cujo resultado fílmico é plural no olhar. É essa diversidade que importa registar como mais-valia cultural, e que por isso mesmo é necessário dar a conhecer.
REALIZADORES António Ferreira Nasceu em Coimbra em 1970. Inicia-se profissionalmente como programador informático, profissão que viria abandonar em 1990, quando se muda para Paris. Em 1994 ingressa em Lisboa, na Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC). Em 1996, muda-se para a Alemanha para estudar na Academia de Cinema e Televisão de Berlim (DFFB). Em 2000, ganha notoriedade com a curta-metragem Respirar debaixo d’água que o levou até ao Festival de Cannes e com a qual ganhou vários prémios em diversos festivais internacionais. Em 2002, estreia-se na longa-metragem com Esquece tudo o que te disse, que se tornou num dos filmes portugueses mais vistos em Portugal nesse ano. Em 2007 estreia a curta curta-metragem Deus Não Quis, com a qual ganha mais de uma dezena de prémios internacionais. Em 2010 estreia a sua segunda longa-metragem Embargo, uma adaptação de José Saramago. Em 2011 encena a sua primeira peça de teatro As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant, de Fassbinder, para o Teatro Nacional D. Maria II. Em 2012 realiza o filme Posfácio nas confeções Canhão no âmbito de Guimarães Capital Europeia da Cultura. É membro fundador e da direção da Academia Portuguesa de Cinema. Dirige actualmente a produtora Persona Non Grata Pictures, com a qual produz ficção e documentários dos mais diversos realizadores.
Nuno Portugal Nuno Portugal nasceu em Coimbra em 1982, mas foi naturalizado em Seia onde sempre viveu. Licenciado em Estudos Artísticos (na vertente de cinema) em 2007 na Universidade de Coimbra. O seu primeiro filme foi O Outro Lado, uma curta-metragem que recebeu uma menção honrosa no Fantasporto e que é uma das vencedoras no “Jovens Criadores 2006”. Desde então tem realizado e montado inúmeros videoclipes, assim como trabalhos cinematográficos e institucionais ao serviço da Produtora Persona Non Grata Pictures. Rita Alcaire É Mestre em Psiquiatria Cultural com uma dissertação sobre as representações da masturbação no cinema e televisão mainstream. Licenciou-se em Antropologia com a tese Filhos do Tédio, que questiona o estereótipo de Coimbra “fado, estudantes e guitarradas” a partir da banda Tédio Boys. Co-realizou com Rodrigo Lacerda os documentários Filhos do Tédio (2006), Breve História do Rock de Coimbra (2010), O Pessoal do Pico Toma Conta Disso (2010), Um Quarto no Éter (2011), Filarmónicas da Ilha Preta (2011) e Das 9 às 5 (2011). A estes trabalhos junta-se Para-Suicídio Pop (2008), realizado inicialmente para o cumprimento da parte curricular do Mestrado. Tem várias obras publicadas, das quais se destaca Filhos do Tédio; o número especial do Magazine de Artes de Coimbra, que coordenou; e Bandas Filarmónicas do Concelho de Cantanhede. Atualmente integra a equipa do projecto No trilho dos naturalistas – as missões botânicas em África, da responsabilidade da Universidade de Coimbra, que consiste na produção de quatro documentários (três deles em África), com produção da Terratreme Filmes acompanhamento do jornal Público e transmissão pela RTP. Rodrigo Lacerda Rodrigo Lacerda nasceu em Coimbra em 1979. Estudou Cinema e Televisão no London Metropolitan University e National Film and Television School. Co-realizou, com Rita Alcaire, os documentários Filhos do Tédio (2006), O Pessoal do Pico Toma Conta Disso (2010), Um Quarto no Éter
(2011), Filarmónicas da Ilha Preta (2011) e Das 9 às 5 (2011). Em 2010, realizou o documentário Pelos Trilhos do Andarilho - Ao Encontro de Ernesto Veiga de Oliveira para o GEFAC - Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra. Os seus principais temas de interesse nesta área são a música, o trabalho e a etnografia.Também desenvolve trabalho na área de pós- produção para cinema e publicidade tendo participado em campanhas para a Mitsubishi, Alpro e John Frieda e nas longas-metragens My Last Five Girlfriends (Julian Kemp, 2009), Embargo (António Ferreira, 2010) e Retornos (Luis Avilés, 2010). Actualmente, está a concluir o mestrado em Antropologia, especialização Culturas Visuais, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa com uma tese sobre o poder da imagem na representação da morte de figuras públicas. José Carlos de Oliveira Cineasta português, realizou a série Os melhores anos e três episódios da série O Rosto da Europa para a RTP. Em 1997 realizou o filme Inês de Portugal. Descobri a decupagem quando era adolescente e os meus pais piscaram o olho à minha tendência para a fotografia e me ofereceram dez rolos de Agfa TRI-X. Foi um acto de generosidade que me deu o stock e a coragem de fazer o que desde há muito queria: disparar em sequência, sob diversos ângulos, sobre um tema em movimento. Quando revelei os rolos e fiz a folha de “contactos” apercebi-me das exposições que eram essenciais e das excluíveis: seleccionei 20, ampliei-as para 18X24 e colei-as na parede, por ordem de disparo. A linha de fotos na parede dava-me duas coisas: uma sequência e, na sequência, peças que podia – e queria – mudar da ordem original. No final o conjunto resultava numa sequência, diferente da realidade e mais intensa. Passei a ver o cinema que se conseguia então ver como uma arquitectura do drama. Votei muitos filmes ao desprezo feroz da tenra idade e durante anos juntei-me com outros que tentavam fazer e discutiam estas coisas dos filmes. Líamos o que conseguíamos apanhar por entre o crivo da censura e descobríamos a academia de filmes e realizadores que nem os cineclubes conseguiam trazer aos nossos olhos e sentidos.
Filmávamos em super 8 pelo prazer de o fazer. Percebi que não conseguia fazer o que imaginava e assustei-me com a dimensão do que não sabia. Tirei fotografia, fui até Londres convicto de que a guerra não ia contar comigo, passei pela Cinema Technology School e desiludi-me com os ingleses que hoje já não são assim. Regressei a Portugal onde fui sumariamente integrado no Serviço Militar, que fechou os olhos ao meu ameaço de fuga à Guerra Colonial e, já que ali tinha que estar, concentrei-me em ser convidado e conseguir tirar o curso de Cinema, Televisão e Comunicação dos SCE. Consegui fazer a minha primeira Curta, que estreou pegada a um filme em 12 cinemas à tarde e que, nas sessões da noite já não estava, não por falta de espectadores mas porque tinha sido apreendida pela Polícia Internacional de Defesa do Estado. No dia em que soube o resultado final do curso dos SCE, também soube que tinha uma menção honrosa e que a segunda melhor classificação me dava uma passagem na TAP para Angola. A minha namorada aceitou casar comigo três dias antes de eu aterrar em Luanda e, três meses depois começámos a viver a descoberta do casamento, em África. Vivíamos num prédio de dois andares, semicircular pintado a rosa, com um estreito jardim frontal pontuado por bananeiras. O apartamento tinha chão de ocre vermelho encerado com molduras e portas de pau-preto, persianas verdes de madeira que atenuavam a luz deslumbrante e a temperatura alta. Vi muito de Angola pela câmara de filmar, entre a instalação militar e a guerra na mata profunda. E filmei, fotografei e reportei para a rádio da Voz das Forças Armadas as convulsões da Revolução de Abril em Angola. Pouco antes da independência de Angola tive Guia de Marcha para a origem. Encontrei um Portugal onde tudo era novo e promissor e fiz uma excelente aterragem na Unidade de Produção Estrela Vermelha, onde fui repórter cinematográfico. Filmei o avanço da Legitimidade Revolucionária sobre o Comando da Região Aérea de Monsanto e o cerco ao Palácio Foz como Henri Cartier-Bresson faria em cinema; o Cerco à Assembleia Constituinte e o Estádio 1º de Maio como Serguei Eisenstein; a força popular organizada que tomou conta das ruas como Stanley Kubrick com banda sonora dos Pink Floyd e a Embaixada de Espanha com o olhar do repórter conivente. Percebi, anos depois, que foi duran-
te a guerra em África e na revolução portuguesa que o neo-realismo, o expressionismo e a Nouvelle Vague deixaram de comandar o olhar da minha câmara, para passarem a referências formadoras sobre as quais tinha passado a erigir um olhar redimensionado, mais voraz e dramático, ao serviço da condução, onde não cabia o contemplativo. Depois fiz publicidade, a seguir documentarismo. Em poucos anos filmei, entre Portugal, África e Portugal, milhares de metros que me empurraram para o aprofundamento do que a academia me tinha ensinado a ver. Apercebi-me da racionalidade ao serviço do drama espectacular de Griffith, do construtivismo paradigmático de Vertov, do significado da passagem de Eisenstein do construtivismo para a construção cénica novíssima ao serviço do drama – e do que isso lhe custou -, e de tudo o resto que na Europa e Estados Unidos da América tinha acontecido, que era muito e que estava inscrito na História, e do muito que estava a acontecer e a inscrever-se. Em 1990 disse aos meus sócios e colegas numa produtora de cinema que íamos contar estórias em cinema, onde não as havia: na Televisão, que era uma: a RTP. Construi com o João Aguiar enredos sustentados em personagens com a fragilidade humana e a convicção icónica, estabeleci-lhes objectivos e dei-lhes a fibra necessária à ultrapassagem de obstáculos, algumas vezes sobre-humanos. Fizemos uma óptima parceria que produziu algumas peças de cinema para Tv, ficção e docudrama, que estiveram à frente do seu tempo e tocaram muitos dos espectadores do pequeno ecrã. Preparávamos, entretanto, um projecto ambicioso para o grande ecrã, numa nova abordagem à visão romântica de Leitão de Barros em 1944: Inês de Castro, sobre a obra de Afonso Lopes Vieira. Durante alguns anos o João Aguiar e eu desenvolvemos o argumento na perspectiva de que sendo a história conhecida de muitos, cá e lá fora (sempre fomos injustificadamente positivistas) perderíamos a profundidade do olhar do espectador perante uma narrativa formal, cronológica, onde tudo passava a ser espectável; perderíamos a percepção do espectador sobre o quadro mais profundo das circunstâncias e motivações das personagens.
Em 1974 concretizei a montagem financeira do projecto. E escrevi, sobre o argumento, o guião, com a cumplicidade do João Aguiar. Para escrever, enchi a casa e os sentidos com a Sagração da Primavera, por Bernstein, e a nº 5 de Joly Braga Santos, por Cassuto. Foi esta Banda de Som e o argumento do João que me inspiraram a dimensão que eu tinha imaginado para o drama. Para pôr esta dimensão na tela decidi mover a câmara em relação aos actores, em segmentos chave do drama, sempre sobre um cenário denotador omnipresente, e mantendo a estabilidade do plano fixo, através da utilização de maquinaria. Quando filmei, filmei para montar. Quadro a quadro, em planos conjugáveis num edifício narrativo que o espectador fosse levado a identificar, progressivamente. Depois filmei o Dragão de Fumo num Macau em convulsão controlada a transferir-se para a administração chinesa, a seguir a tragicomédia Preto e Branco em África, em tom de road movie, a que se seguiu a efabulação absoluta, Um Rio. E foi durante as filmagens de Um Rio que o moçambicano Gilberto Mendes me “exigiu” desenvolver para cinema uma ideia que marca o pior da humanidade: o tráfico de seres humanos; e logo lhe deu o título, denotador: Quero Ser Uma Estrela. Gostei do tema mas recusei escrevê-lo e realizá-lo, porque entendia que construir e filmar aquela questão em Moçambique deveria caber a um argumentista e realizador moçambicanos. Não a um estrangeiro, para mais português. Por mim e pelo que após duas produções em Moçambique conhecia, teria, no entanto, interesse em produzir o projecto. Foi o Cabernet Sauvignon sul-africano, o jantar no alpendre em madeira do restaurante Manjar dos Deuses na Julius Nyerere e a convicção do Gilberto Mendes que acabaram por me seduzir. Sem pruridos, alarguei o cenário a uma certa maneira portuguesa de estar hoje em África, penetrada pela realidade daquela sociedade em fulgurante mudança. A trama resultante, as personagens africanas e ocidentais, os subentendidos, a manipulação e a entrega, as derrotas e as vitórias que o filme estabelece, confirmo-as hoje na savana, nas ruas, nas casas e corredores deste tempo em Moçambique. E num outro tom, mas equivalente, confirmo-as também aqui e no mundo que conheço. É isso o Quero Ser Uma Estrela.
Raquel Freire Nascida na cidade do Porto, em 1973, partiu para Coimbra a fim de lá viver e estudar Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Atualmente vive em Lisboa. É realizadora e produtora de A Vida Queima (longa-metragem, docufição), uma auto-produção em pós-produção, um retrato da “geração à rasca” que nasceu com a revolução do 25 de Abril. É realizadora e argumentista de Veneno Cura, a sua 2ª longa-metragem de ficção que estreou em Portugal, depois da estreia mundial na Mostra Internacional de Cinema de S. Paulo. A sua primeira longa-metragem foi Rasganço, Estreou-se no cinema como realizadora com a curta-metragem Rio Vermelho. Estreou na cinemateca SOS: Save Our Souls, um documentário para o 20º aniversário do SOS Racismo. Realizou, em 2010, para a Comissão para de Igualdade de Género, 43 vídeos sobre a violência contra as mulheres Para uma mudança de comportamentos. Publicou, em 2010, o seu primeiro conto Ressurreição no livro Mecanismo de Troca. Em 2009 estreou O importante é o Agora, um documentário sobre a pintora Gracinda Candeias. Foi argumentista de As Leis do Corpo, A Mulherbomba e E-Gajas. Em 2009 estreou-se na encenação e na performance com o espetáculo “NóSOUTRXS”, da qual foi criadora e intérprete no Teatro Municipal São Luiz a convite do Festival Temps d’Images. Um espetáculo que inclui 10 curtas-metragens da autoria da realizadora. Realizou o documentário Coimbra: é Proibido Proibir e o vídeo Rasganço: entrevistas e reflexões sobre o filme” para o DVD do filme Rasganço, da sua autoria. Foi distinguida no Festival de Cannes pela European Film Foundation como melhor jovem produtora europeia. Foi Produtora da curta-metragem de ficção e animação Canção Distante, com argumento e realização de Pedro Serrazina, e da curta-metragem Anjo Negro, de Carlos Braga. Foi co-fundadora e gerente da produtora de cinema e audiovisuais TERRAFilmes Lda. Argumentista de A raiz do coração (longa-metragem, ficção) de Paulo Rocha.
COMENTADORES José António Bandeirinha
É arquiteto pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto (1983). Exerce profissionalmente e é professor associado do Departamento de Arquitetura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, onde se doutorou em 2002 com uma dissertação intitulada O Processo SAAL e a Arquitetura no 25 de Abril de 1974. Tomando como referência central a arquitetura e a organização do espaço, tem vindo a dedicar-se ao estudo de diversos temas — cidade, habitação, teatro, cultura. Foi presidente da Comissão Científica do Departamento de Arquitetura da Universidade de Coimbra (2002-2004 e 2006-2007). Foi Pró-Reitor para a Cultura da Universidade de Coimbra (2007 a 2011). É investigador do Centro de Estudos Sociais e Diretor do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra.
Ana Maria da Silva Machado
É professora auxiliar do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, membro do Centro de Literatura Portuguesa e membro do Centro de Literatura Portuguesa. Doutorada pela mesma universidade, leciona nas áreas de Literatura Portuguesa, Estudos Culturais, Ensino da Literatura e Ensino do Português, nas licenciaturas em Línguas e Literaturas Modernas, Estudos Portugueses e Lusófonos e Estudos Artísticos, e nos 2.º e 3º Ciclos em Português como Estrangeira e Língua Segunda, Estudos Literários e Culturais, Literatura de Língua Portuguesa: Investigação e Ensino e Ensino de Português e Línguas Clássicas e Ensino de Português e Línguas Estrangeiras. Tem trabalhado no domínio da prosa moral e religiosa e sobretudo da hagiografia. Ultimamente tem alargado os seus estudos ao século XX, com publicações no âmbito da Literatura Comparada.
Coordena o projeto Medievalismo e Novas Humanidades, no âmbito do Projeto “Poéticas da Idade Média”, associado ao Grupo de Investigação “Poéticas”. Prepara atualmente uma edição da Correspondência de Ruben A. (Assírio & Alvim).
Jorge Figueira
É licenciado em arquitetura pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, 1992, e doutorado em arquitectura, pela Universidade de Coimbra, 2009. É diretor do Departamento de Arquitectura, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, onde é Professor Auxiliar. É investigador do Centro de Estudos Sociais (Universidade de Coimbra), Núcleo de Arquitectura e Urbanismo. É investigador principal da Red PHI Patrimonio Histórico Cultural Iberoamericano. É coordenador do Mestrado de Crítica de Arte e Arquitectura e membro do Conselho Cientifico do Colégio das Artes, Universidade de Coimbra. Leciona no Programa de Doutoramento em Arquitectura, da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Foi co-comissário da representação oficial portuguesa na Bienal de S. Paulo, Brasil, em 2007, e comissário da exposição “Álvaro Siza. Modern Redux”, no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil, em 2008. Tem livros publicados em que se destaca Reescrever o Pós-Moderno, Dafne, 2011, Macau 2011, Circo de Ideias, 2011, O Arquitecto Azul, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2010, A noite em arquitectura, Relógio d’Água, 2007, e como editor: Álvaro Siza. Modern Redux, Berlim: Hatje Cantz, 2008. Na área profissional destaca-se o projecto e obra do Campus Universitário em Angra do Heroísmo, nos Açores. Integra representação nacional da 8ª Bienal de Arquitetura de S. Paulo, Brasil, no âmbito do projeto “Cinco Áfricas, Cinco Escolas” com projeto para Escola Portuguesa em Benguela, Angola, 2009. Tem textos publicados em revistas nacionais e internacionais da especialidade. É colaborador do jornal “Público”, onde assina uma coluna quinzenal, na área da crítica de arquitectura.
PATROCINADORES É com imenso prazer que a International House, “habitante orgulhoso de Coimbra” desde 1967, se associa ao Ciclo de Cinema “Coimbra in Motions”. Este evento motivará com toda a certeza os jovens criadores e alimentará esperanças num campo tão difícil como é o da cultura. Louvamos por isso a Câmara Municipal de Coimbra e o Departamento de Desporto e Juventude por ter conseguido levar este projecto a cabo. Confiamos que irá ficar na agenda cultural da cidade promovendo assim as artes que aqui se fazem. D.ª Manuela Berardo
Diretora da International House
Por que se associa uma Escola de Gestão, como o ISCAC – Coimbra Business School, a um Ciclo de Cinema, ao ciclo Coimbra in Motions, em concreto? A primeira e fundamental razão prende-se com a pretensão de desdogmatização do ensino da gestão. Desde os anos 80 que a Economia e disciplinas a ela associadas, como a Gestão, procuram revestir-se de uma enganosa capa de cientificidade, primeiro pretendendo-se elevar ao estatuto epistemológico de ciências sociais, depois auto-referenciando-se como ciências naturalisticamente exactas. A consequência deste duplo movimento torna-se evidente no tempo presente: Por um lado, as disciplinas económicas aparecem com uma aura de intocabilidade dogmática em matéria de validade dos respectivos saberes; por outro lado, substituindo as ideologias, tornaram-se
ciências do inumano, com o fantasmagórico “homo economicus” a tomar o lugar do situado homem real, ele próprio mercadoria instrumental no funcionamento de abstracções como o Mercado, reificado e sacrificado aos interesses do novo totalitarismo económico e financeiro. É tempo de o homem ocupar o lugar central e de voltar a constituir o referencial polar das disciplinas e saberes empresariais. Para tal, há que diluir o ensino dogmático-científico dessas disciplinas, convocando, em geral, os saberes ligados ao estatuto existencial-antropológico do humano, ou seja, as humanidades, da filosofia à poesia, da psicologia à arte, da sociologia às neurociências. O cinema, como arte sincrética, permitindo justaposições da literatura, da música, da pintura, das ideologias, oferece-nos constituir meio particularmente adequado a esse objectivo de reanimação do humano nas disciplinas económico-empresariais. Basta, para tal, a título exemplar, recordar filmes como Tempos Modernos, de Chaplin, As Vinhas da Ira, de Jonh Ford, Zabriskie Point, de Antonioni, A Dolce Vita, de Fellini, ou Os Ricos e os Pobres, de John Landis.Daí que o ISCAC – Coimbra Business School, desde 2011, a par de colóquios e conferências transdisciplinares, venha oferecendo à comunidade escolar ciclos de cinema ordenados ao mencionado objectivo.Daí, portanto, sem mais, a naturalidade com que nos associamos ao ciclo Coimbra in Motions. Manuel Castelo-Branco
Presidente do ISCAC - Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra - Coimbra Business School
AGRADECIMENTOS
A Câmara Municipal de Coimbra agradece a colaboração de: Professor Doutor Jorge Seabra Professor Doutor António Pedro Pita Professor Doutor Abílio Hernandez Cardoso Professor Doutor Álvaro Garrido Professora Doutora Ana Maria Machado Arquiteto António Bandeirinha Arquiteto Jorge Figueira António Ferreira José Carlos de Oliveira Nuno Portugal Raquel Freire Rita Alcaire Rodrigo Lacerda International House de Coimbra
Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra Coimbra Business School CEIS 20 - Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra – Departamento de História, Arqueologia e Artes Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra Departamento de Arquitetura Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra Colégio das Artes Teatro Académico de Gil Vicente RUC Café Santa Cruz TC – Turismo de Coimbra, E.M. Cinemateca Portuguesa ASE-UC/ESN Coimbra
FIChA TÉCNICA Edição: Câmara Municipal de Coimbra Divisão de Juventude www.cm-coimbra.pt Titulo: Ciclo de Cinema “Coimbra in Motions” Patrocínio: International House de Coimbra ISCAC - Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra - Coimbra Business School Design gráfico: Rui Veríssimo Design www.ruiverissimodesign.com Impressão: Gráfica Ediliber www.graficaediliber.pt Tiragem: 1.500 exemplares ISBN: 978-989-8039-32-3 Depósito Legal: Nº 349702/12
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