Contos de Mistério ESCRITOS E ILUSTRADOS PELOS ALUNOS QUINTO ANO - TARDE
Contos de Mistério ESCRITOS E ILUSTRADOS PELOS ALUNOS QUINTO ANO - TARDE
Professora Responsável Camila Costa Rabelo Amanda Simoni Branco
Ilustrações: suporte e orientações Camila Costa Rabelo Gianna Gonçalves Venticinque
Diagramação Felipe Monteiro
Importante: para manter a característica da escrita dos alunos, os textos foram revisados levando em consideração as competências escritoras da turma.
Atendimento e Secretaria
Rua Bariloche, 91 – Jardim América – SJC – SP (12) 3931 2163
Acesso – Ed. Infantil & Berçário
Rua Cali, 17 – Jardim América – SJC – SP – (12) 3939 6445
Acesso – Ensino Fundamental
Rua Cali, 157 - Jardim América – SJC – SP – (12) 3931 8113
- AUTORES ALINE DUARTE VIEIRA AMANDA KAORI UMEDA UEMATSU BRUNA WATANABE OLIVEIRA EDUARDO MOREIRA BARROS EDUARDO SIMÕES DE MELLO ERICK DE OLIVEIRA RIBEIRO GABRIEL RIBEIRO SILVA KAUÃ ROSA RIBEIRO LANA NARUMI TAKANO MANUELLA LIPPI PASCHOALIN ITACARAMBI MAGALHÃES PEN MARIA CLARA DE SOUZA CAPUCHO MARIA CLARA SILVA DE MOURA MARIA FERNANDA DE FARIA SOUZA MARIA LUIZA ROMANI MARIANO MARIANA MORETTI NOVAES MIGUEL SEPULVEDA MIRANDA PATRICK THOMAS FIGUEIREDO AHLGRIMM PEDRO PALOSCHI MARQUES RAFAEL AZEVEDO SENE RAFAELA WATANABE OLIVEIRA SOPHIA TIEMI HOSHI BRITO DE PAULA
- SUMÁRIO UM CONTO DE MISTÉRIO (Gabriel Ribeiro)
03
O SEQUESTRO DAS IRMÃS (Lana Narumi)
05
A NOITE DE TERROR (Aline Duarte)
07
A LANCHONETE ASSOMBRADA (Sophia Tiemi)
10
A CASA ASSOMBRADA (Patrick Ahlgrimm)
12
O MISTÉRIO ALIENÍGENA (Miguel Sepulveda)
14
A ARANHA GIGANTE (Eduardo Barros)
16
O MUNDO INVERSO (Mariana Moretti)
18
O FANTASMA VINGADOR (Eduardo de Mello)
22
A FAMÍLIA (Bruna Watanabe)
24
A FAZENDA (Rafaela Watanabe)
26
A CASA MISTERIOSA (Maria Luiza Mariano)
28
O SEGREDO (Erick Ribeiro)
31
O SUMIÇO (Amanda Kaori)
33
A MALDIÇÃO DA INIMIGA (Maria Fernanda Souza)
35
O SEGREDO DA ILHA (Maria Clara Capucho)
37
A MENINA QUE VIA FANTASMAS (Maria Clara Moura)
39
A CASA MAL ASSOMBRADA (Kauã Ribeiro)
41
O SEQUESTRO (Rafael Sene)
43
KIKA PERRY NA AVENTURA DO SITIO DA VERDADE (Manuella Peneluppi)
45
QUEREM ENTRAR? (Pedro Paloschi)
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Perto do rio existia um casarĂŁo muito antigo... Ele estava abandonado hĂĄ mais de 100 anos... Sempre que ia passar as fĂŠrias na casa de sua avĂł, ele olhava admirado para aquela grande e a misteriosa casa e dizia: - Aposto que ali tem um MistĂŠrio... Alberto Filho
Desenvolver o projeto Jovem Escritor sobre o gĂŞnero narrativo “Conto de MistĂŠrioâ€? 9*;* (424 57.3(.5&1 4'/*9.;4 .39*38.ĂŚ(&7 4 (439&94 )48 &1:348 (42 *88*8 9*=948ĹŻ ampliando seu repertĂłrio de contos narrativos. (439&94 (42 -.89É7.&8 6:* )*85*79&2 2*)4 5488.'.1.94: &48 &1:348 & .)*39.ĂŚ(&¿½4 )&8 57.3(.5&.8 (&7&(9*7Ă„89.(&8 )*88* ,Ă‚3*74 9*=9:&1ĹŻ (424 )*8(7.ÂżĂ?*8ĹŻ (*3š7.48ĹŻ 5*7843&,*38ĹŻ & (43897:¿½4 ,7&)&9.;& )4 (1Ă„2&= * & 57*8*3Âż& )* )*8+*(-4 surpreendentes e, muitas vezes, arrepiantes.
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“UM CONTO DE MISTÉRIO” por Gabriel Ribeiro
Ema Eggs era uma engenheira que trabalhava em uma grande empresa. Ela era bonita, esperta e cheia de amigos. Um dia, chegou em casa estressada com seu trabalho, e então decidiu chamar dois amigos para irem acampar no “Camp Cristal Lake”, que ficava em uma região repleta de rios, e que a agradava muito. Os amigos acharam que relaxar em meio a natureza, fazendo fogueiras e dormindo em barracas, era uma ótima ideia, então concordaram. As duas primeiras noites foram tranquilas, eles descansaram e se divertiram. Na terceira, porém, um homem alto e forte, usando uma máscara de hockey, foi visto em meio às árvores. Ema e os rapazes o reconheceram dos jornais, tratava-se do assassino Jason Voorhees. Conseguiram chegar até o carro e fugiram. Ainda precisando de descanso e pensando que o episódio do acampamento pudesse ter sido um engano, Ema chamou os amigos novamente para um passeio em um lugar tranquilo que ficava em outra cidade, mas eles não quiseram ir, pois estavam com medo do que tinha acontecido na viagem anterior. A mulher então decidiu ir sozinha. Dirigiu até o local, um bosque cheio de árvores e lagos, e lá permaneceu lendo por muitas horas. Quando se deu conta, já estava anoitecendo, então resolveu ir embora. No caminho até o carro, viu um homem caído no chão. Mesmo assustada, se aproximou, e pôde ver que se tratava de um homem com a pele queimada. Ela pensou que ele estivesse morto, e enquanto pegava seu telefone para chamar a polícia, ele se levantou. Somente nessa hora ela reconheceu Fredy Krueger, outro famoso assassino em série. Ema correu o mais rápido possível enquanto ele a perseguia. Conseguiu empurrá-lo para dentro d’água, e enquanto ele voltava, entrou em uma pequena cabana de madeira que encontrou. Por sorte, ele não a viu e ela o observou se afastar por um buraco na madeira podre e velha da cabana. Esperou lá dentro para ter certeza de que estava em segurança e foi se acalmando aos poucos. Olhou ao redor, e algo de cor laranja chamou sua atenção. Viu, ao chegar perto, que era um boneco com cabelos laranja e camiseta listrada. Ele parecia assustador, mas ao mesmo tempo era fascinante, então ela o levou para casa. Ao chegar em casa, Ema deixou o boneco em seu quarto, sobre a cama, e foi tomar um banho. Quando voltou, percebeu que ele não estava mais onde ela havia colocado. Quando olhou para trás, o boneco que ela havia batizado de Chucky, estava de pé, com uma faca na mão. A mulher pulou através da janela e correu para a rua, e pediu ajuda a um homem que passava por ali. O homem se chamava Rick Balboa, e perguntou o que estava acontecendo. Quando ouviu sobre o ataque de um boneco, Balboa achou que era mentira, mas depois de ver a sombra do boneco caminhando para fora da residência, percebeu que era verdade. Chamou Ema para ir à sua casa, onde ficaria protegida. Mesmo com toda a segurança do lugar, que tinha portas de ferro e janelas blindadas, o boneco conseguiu entrar na casa de Rick, e correu em direção ao homem, que tomava banho. Chuky tentou dar uma facada na perna do homem, mas ele conseguiu se esquivar, e derrubar a faca da mão do boneco assassino. Prendeu-o em uma gaiola para pássaros. Ema o agradeceu por salvar sua vida, e apesar de se sentir segura onde estava, dias depois voltou para a própria casa. Ela não compreendia como tantas coisas estranhas tinham acontecido nos últimos tempos e temia por sua vida. Por um bom tempo, nada mais aconteceu. Dois anos se passaram e Ema ainda tentava entender aqueles fatos, então resolveu voltar ao bosque em que Fredy tinha aparecido, porém dessa vez com a companhia de um policial que tinha contratado para protegê-la, e que sempre a acompanhava por onde ela fosse. O policial parou em uma árvore para fazer xixi. Ema não percebeu que se distanciava de seu protetor, então continuou andando. O policial perdeu Ema de vista, e segundos depois, ouviu um grito de horror. Ele seguiu a direção do som e encontrou a mulher, já morta. Ele soube que também estava em perigo, mas quando se virou para correr, viu Fredy Krueger. Meses depois, tudo o que se pôde encontrar foram peças de roupas dos dois, entre as árvores do bosque.
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“O SEQUESTRO DAS IRMÃS” por Lana Narumi
Ângela era uma mulher muito rica, divertida e extrovertida. Nelson era o contrário: pobre e tímido, mas muito bonito. Um dia, eles se conheceram e ficaram muito amigos, pois se davam muito bem, apesar de serem diferentes. A amizade, aos poucos, se tornou uma paixão e ele se casaram e, alguns anos depois, já tinham duas filhas. Com o passar do tempo, a relação dos dois já não era a mesma, eles sempre discutiam porque Nelson brigava muito com suas filhas, era impaciente, e as meninas não gostavam mais dele. Um dia, depois de uma briga grave, ele decidiu ir embora. Magoada, Ângela procurou outro lugar para elas morarem, pois não queria que eles as encontrasse. Meses depois, a mulher ficou doente e precisou ser hospitalizada. Conheceu Érika, uma enfermeira muito atenciosa, e acabou contando tudo sobre sua vida. Aproveitando que Ângela estava internada e que as meninas estavam somente com uma empregada em casa, Erika roubou sua filha mais nova. Ângela ficou inconsolável. Júlia, a menina que foi roubada, foi criada em uma casa pequena e simples, enquanto Emma, a filha mais velha, tinha tudo o que queria. Érika sabia que Júlia não era feliz, pois não tinha amigos, então a incentivou a sair para brincar no parquinho do bairro para se distrair. Emma, mesmo tendo uma vida confortável, não era alegre, pois se sentia sozinha. Por coincidência, decidiu ir à um parque que ficava próximo de sua casa, para tentar fazer amizades. As irmãs, sem saber do parentesco, se conheceram e começaram a brincar e conversar. Em pouco tempo, se tornaram melhores amigas. Não demorou para que Júlia se sentisse à vontade para contar segredos e desabafar com Emma. — Quando estava no primeiro ano, ninguém queria ser minha amiga, e eu e comecei a sofrer bullying por ser pobre. Só agora, com nove anos, tenho uma amiga. – disse Júlia, lacrimejando. — Eu nunca sofri bullying, mas também nunca consegui ter uma amiga de verdade. Mas... Você contou para sua mãe o que está passando? – perguntou Emma, curiosa. — Não, por favor, não conte nada a ela! – disse Júlia desesperada. — Tudo bem! Calma, Júlia! Relaxa, eu sei guardar segredo. – disse Emma, tentando acalmar Júlia. Semanas depois, em uma tarde, as meninas estavam brincando de “mamãe e filhinha” no parquinho, como sempre faziam. Quando decidiram ir embora, duas pessoas apareceram e começaram a conversar com elas. — Olá, meninas. Como vocês se chamam? — Meu nome é Emma e essa é Júlia, minha melhor amiga. Por quê? – questionou Emma, com receio. — Por nada, só queríamos conhecê-las melhor. - responderam as duas pessoas estranhas, dando um sorrisinho. De repente, eles agarraram as meninas, e elas começaram a gritar por socorro. Estavam com muito medo e se sentiam culpadas por terem sido ingênuas em parar para conversar com desconhecidos. Foram colocadas em um carro e puderam perceber que haviam sido levadas para longe, pois permaneceram em movimento por muitas horas. Chegaram em seu destino, uma caverna escura e assustadora, e foram colocadas em uma jaula. Os sequestradores eram muito malvados e grosseiros, quase não as alimentavam e negavam água quando elas pediam. À noite, os sequestradores pensaram que elas estavam dormindo, e começaram a conversar. — Agora vamos ter que cuidar dessas duas irmãs. Que raiva! — Somos irmãs? – sussurraram as meninas, ao mesmo tempo, surpresas. Elas ficaram felizes, mesmo não compreendendo o que estava acontecendo. No dia seguinte, Emma viu um homem conversando com os sequestradores, e, olhando com mais atenção, percebeu que era seu pai. Saber que ele estava por trás de tudo a deixou arrasada. Em seguida, Érika chegou ao local. — Mãe? Emma, por que minha mãe está fazendo isso? – perguntou Júlia, triste. — Não sei... Nem acho que ela seja sua mãe. – respondeu Emma. As meninas entraram em pânico, pois estava escurecendo novamente, e elas não conseguiam ver nada. Sentiam medo, fome e muito frio. Começaram a gritar, chorar e pedir socorro. Os sequestradores colocaram fitas em suas bocas e as separaram, colocando cada uma em uma jaula minúscula, como a de um papagaio. Ouvindo as conversas entre os mandantes do crime, as meninas descobriram que eles pretendiam chantagear Ângela para conseguir dinheiro. Quando se acalmou, Emma percebeu que as gaiolas não estavam trancadas, somente fechadas com pinos, mas seu braço não passava para alcançar o lado de fora. Ela esperou os adultos irem para o lado de fora da caverna e então conversou com Júlia, pedindo para que ela se acalmasse, pois somente ela poderia salvá-las. — Júlia, preste atenção. Você é menor que eu, seu braço é pequeno. Tente alcançar o pino da gaiola e abrir. Júlia, tentava, mas tremia de nervoso e não conseguia. Minutos depois, o pino foi levantado e porta da gaiola se abriu. Ela tirou Emma da outra gaiola e elas saíram em silêncio para que ninguém as visse. Correram muito até encontrar ajuda. Contaram tudo que tinha acontecido e pediram para que chamassem Ângela. Ângela reconheceu a filha mais nova quando foi buscar as meninas, e ficou muito feliz e emocionada. A polícia chegou ao local e encontrou o corpo de Érika. Semanas depois, quando Nelson foi preso, confessou que, no meio de uma briga pela fuga das meninas, ele a havia empurrado e lhe causado uma pancada na cabeça devido a queda. Ângela, Júlia e Emma viveram felizes e em paz por muito tempo, até descobrirem que Nelson tinha morrido na prisão. Ficaram muito abaladas, mesmo depois de todo o mal que ele havia feito. Ângela permitiu que as meninas, por estarem assustadas, dormissem em sua cama naquela noite. No meio da madrugada, elas acordaram, arrepiadas, com uma voz que vinha da escada. — Meninas, o papai chegou!
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“A NOITE DE TERROR” por Aline Duarte
Em um dia comum, véspera de Halloween, a família Silva, incluindo a babá e o mordomo, se preparava para sua festa. Eles eram muito ricos e moravam na cidade de Nova Iorque. Viviam se gabando das coisas que tinham, menos Lucas, pois o que lhe importava não era o dinheiro, e sim os estudos, pois ele pretendia se tornar um cientista. Era estudioso, muito diferente de seus irmãos: Carla, Emma e Carlos. Carlos não prestava atenção na aula, então sempre ficava de recuperação. Mesmo podendo até repetir o sexto ano, continuava com sua paixão por vídeo game. Emma só se preocupava com moda e sua beleza. Quando crescesse queria ser estilista na França, o que ia demorar, pois ainda estava no ensino fundamental. Carla também se preocupava com seu visual, mas gostava de criar histórias e imaginar que um dia teria uma grande coleção de livros publicados e uma livraria. Todos tinham seus gostos, muito diferentes, principalmente Lucas, com sua cobra como bichinho de estimação. Quem pensaria em ter uma cobra? O menino vinha de uma cultura diferente, foi adotado no Japão, e era muito querido pela família Silva, mesmo tendo interesses estranhos. No prédio de luxo em que eles moravam, havia uma síndica chamada Maria que os detestava por serem barulhentos, e implicava com Letícia, a babá, por defender as crianças. A mulher reclamava bastante do barulho, pois morava um andar abaixo do deles. Ela os achavam, além de tudo, arrogantes, mas sempre batia em sua porta por um motivo especial: tinha uma queda pelo mordomo. Dias antes da véspera de Halloween, quando entrava no prédio, trazendo as crianças da escola, a babá viu que a síndica estava entregando convites para sua festa de Dia das Bruxas, mas quando as crianças se aproximaram, ela disse: — Vocês não estão convidados para a minha festa. Não quero nenhuma confusão por lá. As crianças ficaram desapontadas e a babá furiosa, então decidiu organizar uma festa muito melhor, na qual pudessem ir todas as crianças. Maria ainda foi até o terraço, provocar Letícia, dizendo que a festa da família seria um fiasco. O grande dia chegou e as crianças estavam muito empolgadas. Lucas propôs que todos contassem lendas de fantasmas, como forma de entretenimento. Se sentaram em roda, então Carla começou: — A primeira lenda que contaremos essa noite será a do fundador desse prédio, o Louis. Louis era um homem solitário, com muito dinheiro e sem nada para fazer. Então, ele teve a ideia de mandar construir esse lugar onde moramos, mas decidiu criar também um portal que ligasse nosso mundo ao mundo espiritual, pois queria convocar espíritos bons para que seu prédio fosse abençoado. Depois da construção finalizada, apareceu uma moça interessada em adquirir um dos apartamentos. Eles gostaram um do outro e então começaram a sair. — O pai da garota não gostou nada dessa história, então deu um jeito de separá-los, proibindo a filha de encontrar o rapaz. — continuou Carlos. — Louis ficou muito triste, pois estava apaixonado, mas conseguiu mandar um recado para a sua amada e passou a encontrá-la secretamente. Um dia, um dos irmãos da garota os viu juntos e contou para o pai. A menina passou a ser vigiada e não conseguiu mais comparecer aos encontros. Achando que havia sido rejeitado, Louis parou de se alimentar e, em poucos dias, morreu de fome e tristeza. Em seu leito de morte, prometeu que voltaria para se vingar da humanidade a cada cem anos. Lucas decidiu começar uma outra história. — A próxima lenda é de uma menina chamada Abigail. Ela não tinha amigos e vivia muito triste. — continuou Emma — Ela só era rejeitada pelas outras pessoas por ter nascido em uma sexta-feira 13 do ano de 1913, em sua casa, que ficava na rua 13, — Carlos completou — e pelo fato de acharem estranha sua aparência, sempre com os cabelos cobrindo o rosto. Cansada de ser excluída, decidiu dar um susto nos colegas, mas eles, irritados, a jogaram em um lago no Central Park. O que eles não imaginavam é que ela não podia nadar, então morreu afogada. Desde então, todas as vezes que a noite de Halloween acontece em uma sexta-feira em que a lua está cheia, ela volta das profundezas do lago para buscar crianças. Nesse momento, todos se deram conta de que aquela festa estava acontecendo exatamente em uma sexta-feira. Olharam para o céu e, espantados, avistaram uma Lua completamente redonda. Os doces da festa estavam quase acabando, pois várias crianças vieram da festa de Maria, então Maria precisou sair rapidamente para comprar, deixando Jhonny, o mordomo, tomando conta das crianças. Ele estava cansado, e então acabou adormecendo por um instante. Quando Maria retornou, Emma não estava mais lá. Ela procurou primeiro no apartamento, depois por todo o prédio, mas não encontrava. Apavorada, Maria decidiu ligar para um detetive de sua confiança. — Alô, aqui quem fala é o detetive Tony. Em que posso ajudar? — Tony, aqui é Maria. Por favor me ajude, estou desesperada! Uma de minhas crianças desapareceu! — Acalme-se, Maria. Chegarei aí o mais rápido que puder. Enquanto esperavam o detetive chegar, Carlos foi até seu quarto retirar a fantasia, pois não queria mais saber de Halloween. Quando entrou no cômodo, viu que estava tudo molhado e com uma espécie de fluido azul espalhado em vários lugares. Quando ele tomou na substância, ela sumiu sob seus dedos. Quando o detetive chegou, a babá percebeu que Carlos também havia desaparecido e ficou inconsolável. O homem a consolou e aguardou alguns instantes, para que ela se acalmasse e pudesse responder algumas perguntas. Sua conclusão, em um primeiro momento, foi de que as crianças poderiam estar andando pelo bairro pedindo doces, pois sabiam que era uma região segura. Imediatamente, eles saíram perguntando sobre Carlos e Emma, esperançosos, mas após perguntarem pela vizinhança, sem sucesso, começaram a pensar que algo mais grave poderia ter acontecido. Voltaram ao apartamento e olharam tudo com mais atenção. Perceberam que o quarto de Carlos tinha vários pontos de umidade no tapete, como se estivesse secando depois de uma grande enchente.
07
— A história da Abigail não é só uma lenda... — disse Lucas, espantado. — Que Abigail? — perguntou o detetive. O menino contou tudo sobre a história, e Letícia, apavorada, percebeu que podia mesmo ser real. Apavorados, a família e o detetive pesquisaram na internet sobre coisas paranormais e casos como esse e decidiram tentar fazer uma substância especial, para abrir o portal para o mundo espiritual e poderem atirar o antídoto de fantasmas que haviam feito contra Abigail. Lucas era inteligente e já tinha feito vários tipos de misturas químicas, mas não acreditava que conseguiria algo sobrenatural, mas quando se deram conta, um fantasma estava atravessando Carla, o que significava que eles tinham aberto o portal. Quando foram ao terraço, encontraram fantasmas por toda parte e Tony começou a atirar o antídoto. Maria, a síndica, apareceu nesse momento, com o rosto desfigurado de ódio, correndo na direção deles. — Família Silva, hoje vocês serão o alvo da minha vingança. — Gritou a mulher, possuída pelo espírito de Louis. Tony atirou, e a mulher imediatamente teve o corpo liberto daquele espírito maligno. Eles correram para o Central Park, e mesmo com muito medo de serem arrastados para o fundo do lago, torceram para que Abigail aparecesse. Como ainda era noite de Halloween, o espírito da menina apareceu, e antes de atirar nela, eles perceberam que Emma e Carlos estavam fora da água, desacordados. Correram para ajuda-los e, nesse momento, Abigail desapareceu. Tudo acabou bem, pelo menos até o próximo Halloween.
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“A LANCHONETE ASSOMBRADA” por Sophia Tiemi
Em uma cidade pequena cidade do interior, havia uma lanchonete comum. Tinha uma área simples, com algumas mesas, era verde e possuía quadros com fotos de comidas e bebidas. Atrás do balcão havia uma máquina de sorvete e outra de refrigerante, além de uma estrutura de metal, para comportar os ingredientes de seus famosos hot dogs. Em uma tarde comum, três adolescentes pararam na calçada do estabelecimento para ouvir música. Emma, Jack e Lucky ouviam suas canções preferidas no último volume. Má e Pá, o casal de idosos, donos da lanchonete, foram pedir para os jovens abaixarem o rádio, pois estavam incomodando os fregueses. Eles riram e continuaram com seu péssimo comportamento. Isso passou a acontecer todos os dias, então Má, de tanto ficar nervosa com a situação, passou mal. Sua pressão estava muito alta, e poucas horas depois, ela acabou morrendo. Má tinha alguns problemas de saúde, e sem a mulher para lembrar dos remédios e sem seus cuidados, em poucos meses também acabou falecendo. Os funcionários do Instituto Médico Legal [IML] retiraram o corpo do homem da lanchonete, mas um deles, que era sensitivo, sentiu que apesar do corpo saindo, o espírito do velho homem continuava lá, como uma espécie de maldição. Eles marcaram o local do corpo no chão, fizeram seu trabalho e foram embora. Como os idosos não tinham filhos ou herdeiros, a lanchonete foi lacrada até que a justiça soubesse o que fazer com o imóvel. Os adolescentes não souberam do ocorrido, então no dia seguinte, quando voltaram, ficaram surpresos. Desonestos, decidiram tentar entrar para roubar algo de valor. Um deles encontrou uma grande pedra no chão. Eles quebraram uma janela e conseguiram entrar. Viram que as máquinas estavam em bom estado e, quando foram para trás do balcão pegá-las, se depararam com a marca do corpo de Má. Como eram insensíveis e desrespeitosos, não sentiram pena e começaram a rir. Lucky se deitou em cima da marcação, e quando se levantou, um vulto o acompanhou, vindo do chão. Eles tentaram correr para a janela, mas se sentiam puxados por algo invisível. Tentaram se segurar, agarrando as paredes mas a força do que sentiam mas não podiam ver era maior. Eles desapareceram e depois desse dia, naquele pequena lanchonete abandonada, foi possível ver quatro marcas de corpos, e não somente uma.
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“A CASA ASSOMBRADA” por Patrick Ahlgrimm
Há muito tempo, em um lugar chamado Starleng City, vivia uma família comum, formada por um casal e três filhos. Certo dia, eles decidiram fazer uma viagem de carro até Central City, que ficava a algumas horas dali. No meio do trajeto, algo irreconhecível atravessou a estrada e, ao desviar, o motorista acabou batendo o carro na mureta de proteção. A mulher estava com o pé preso nas ferragens do veículo e sentia muita dor. — Crianças, procurem ajuda, rápido! – disse o pai. — É perigoso demais! - protestou a mulher. —Você está machucada, não vou te deixar sozinha. As crianças são grandes o bastante para ajudar. A mãe, mesmo contrariada, permitiu que os filhos saíssem. Alguns metros depois, eles enxergaram uma casa rústica em meio a vegetação que cercava a estrada. Foram até ela na esperança de encontrar alguém que pudesse ajudar, mas quando chamaram, diante da porta, ninguém atendeu. Eles giraram a maçaneta, apesar de acharem que a porta estava trancada, mas para a surpresa de todos, ela se abriu. Uma mulher apareceu. — Quem são vocês? – perguntou ela, com uma voz grave e alta. — Joe. – Respondeu um deles. — Jony. – Disse, chorando, o filho mais novo. — Mia. – afirmou a menina. A desconhecida disse para eles entrarem, e quando a porta se fechou, ela os colocou violentamente no sofá, amarrando-os. Rindo, a mulher disse que iria matá-los, e quando foi à cozinha pegar a faca, as crianças se soltaram e correram até o aparelho de telefone. O barulho atraiu a assassina de volta à sala, e ela esfaqueou imediatamente duas crianças. A outra tentou correr, mas teve o pé cortado e caiu no chão, sendo também morta em seguida. Para esconder os corpos das crianças ela os colocou em uma grande mala de viagem, após cortá-los em pedaços. Antes que ela se livrasse dos cadáveres, porém, a polícia que havia sido chamada por motoristas que ajudaram os pais de Joe, Jony e Mia chegou ao local, procurando por eles, e a flagrou. Ela foi presa e, no dia seguinte, houve o velório das três crianças inocentes, que só queriam pedir ajuda.
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“O MISTÉRIO ALIENÍGENA” por Miguel Sepulveda
Mais um dia começa em Redwood City, uma pequena cidade na qual os dias costumavam ser pacatos, pois praticamente não aconteciam assaltos nem outros crimes. Ultimamente, porém, passam a acontecer roubos e principalmente desaparecimentos em uma área de floresta do município, conhecida como Moss Blanket. Fred e Katie, funcionários do departamento policial de Redwood, tentam desvendar esse mistério. — Vamos até lá investigar, mas antes precisamos perguntar para pessoas próximas das vítimas, o que elas sabem sobre o local. – Propôs Fred. Katie concorda e eles passam a interrogar várias pessoas, mas apenas uma delas se lembra de ter ouvido um desaparecido dizer que iria à floresta. — Meu amigo foi para lá acampar, com pessoas que eu não conheço. – afirma o interrogado. Os policiais, então, seguem para a floresta, mas não encontram nada a princípio. Horas depois, Katie chuta uma pedra enquanto caminha, e ela se choca contra algo invisível e desaparece. De repente, algo grande se materializa. Um OVNI, que muitos duvidam existir, branco e brilhante pode então ser visto. Eles se posicionam atrás de umas das árvores e avistam um pequeno ser, com uma cabeça muito grande, saindo do OVNI. Um alienígena, que provavelmente saiu da nave ao ouvir o barulho da pedra. Quando ele desaparece em meio às árvores, a dupla decide entrar no objeto voador, mesmo sem saber o que podem encontrar. Eles se escondem assim que entram, mas logo percebem que não há perigo. Pelo menos, não naquele momento. Olhando ao redor, encontram uma máquina com uma pessoa presa, e imediatamente reconhecem Bob, que além de amigo dos dois policiais, é jornalista e fotógrafo do jornal da cidade. — O que aconteceu? Como você veio parar aqui? — Eu estava na floresta fotografando animais, quando esses alienígenas me capturaram e me colocaram nessa máquina, mas antes de ficar preso aqui, eu vi uma espécie de templo, com uma grande máquina, parecida com essa, e vários alienígenas. Pelo que entendi, essa máquina retira a alma das pessoas e as converte em energia para continuar funcionando. – Responde Bob, enquanto é retirado da máquina. — Você tem alguma ideia sobre o que eles pretendem? – pergunta Katie. — Não exatamente. Não é possível entender o que eles dizem, mas percebi que enquanto a máquina funcionava, mais criaturas como aquela chegavam. O que sei, com certeza, é que seria o próximo a morrer, caso vocês não tivessem me salvado. – Responde o homem, agradecido. — Eles devem estar se unindo para dominar o nosso planeta! – palpita Fred, assustado. — Bob, temos que procurar esse templo. Enquanto isso, vá para algum lugar seguro. – Adverte Katie. Os policiais então, vão procurar o templo, caminhando para a parte mais afastada e fechada de Moss Blanket. Depois de algumas horas caminhando, encontram uma construção de pedra, aparentemente velha e cheia de musgo. Vários seres iguais aos que viram perto do OVNI entram e saem do local. A situação é assustadora, mas aquelas pequenas criaturas não parecem perigosas, então eles jogam uma moeda em um ponto distante do que estão, e quando os extraterrestres se distraem com o barulho, eles entram pela fenda entre as pedras. Ao verem a grande máquina a que Bob havia se referido, observam de um lugar onde não podem ser vistos, tentando compreender a situação antes de agir. Percebem que além de atrair outros seres alienígenas, a grande máquina mantém a força de todos, fora de seu planeta de origem. Os policiais percebem que sempre que um novo corpo é colocado na máquina, raios e luzes aparecem enquanto a pessoa morre, e eles pulam de felicidade, se sentindo revigorados. Fred sabe que deve destruir a máquina, mas quando tenta se aproximar, quase é alvejado pelos disparos de laser das armas dos alienígenas. Katie, então, lembra-se que possui uma bomba de fumaça, e a atira. Enquanto uma nuvem de fumaça toma conta do lugar, Fred quebra a máquina com golpes, até que pare definitivamente de funcionar. Quando a fumaça acaba, somente Fred e Katie estão na construção de pedra. — Então era isso que estava acontecendo! Eles foram os responsáveis pelos desaparecimentos nessa floresta. – diz o homem, exausto. Eles voltam à cidade e levam outros policiais ao local, para provar o que disseram, já que ninguém acredita, a princípio. Depois desse episódio, os policiais ficam famosos e começam a ser convocados para resolver casos cada vez mais importantes e misteriosos. Então, Fred vira um investigador profissional, e Katie, chefe dos policiais.
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“A ARANHA GIGANTE” por Eduardo Barros
Em busca de oportunidades melhores de trabalho, um rapaz chamado Rhodholpho resolveu morar no Rio de Janeiro. Já no dia de sua chegada na cidade, algo muito estranho aconteceu. No meio do caminho, em sua viagem de trem, houve um pane. O veículo parou e tudo ficou escuro. Quando a energia voltou, se via uma pessoa morta no chão, com buracos no tórax e na cabeça. Todos se chocaram com o que acabavam de ver. O rapaz sempre trabalhou na área investigativa, mas não interferiu naquele momento. Eles seguiram viagem em outro trem, horrorizados. Chegando em seu destino, um hotel que havia reservado, Rhodholpho deixou suas coisas, e já saiu para tentar conseguir um trabalho. Ele conseguiu uma vaga como detetive, mas como só começaria na semana seguinte, resolveu passear pela cidade. Apesar do custo no trem, estava feliz por estar naquele lugar bonito e mais ainda por ter conseguido um bom emprego tão rapidamente. Estava caminhando e fotografando pontos turísticos, quando viu um senhor carregando sacolas pesadas e parou para ajudar. — Obrigado! Meu nome é Arnold, e o seu? — De nada, senhor! Meu nome é Rhodholpho, é um prazer te conhecer. — O prazer é meu. Pude perceber que você não é daqui, quer companhia para conhecer mais da cidade? – Sugeriu o homem. — Claro que sim! Seria muito bom, pois não conheço nada. – Disse o rapaz, contente. Rhodholpho e Arnold passaram horas passeando pelo Rio de Janeiro, conversando. Rhodholpho quis primeiro conhecer os campos de futebol. Quando começou a escurecer, decidiram voltar e se dirigiram à estação de trem. Na estação, viram pessoas saindo apavoradas de um trem que acabava de parar. Ouviram os comentários sobre um corpo no vagão, com perfurações. O rapaz estranhou, pois aquilo já havia acontecido em seu trajeto, naquele mesmo dia. Arnold permaneceu em silêncio, com uma expressão misteriosa. Quando estavam em um lugar vazio, tirou duas pequenas sacolas do bolso e entregou a Rhodholpho. — Meu jovem, use isto para derrotar o que está matando as pessoas. – Disse ele. — O que é isso? Como você sabe o que está causando essas mortes? – Perguntou o rapaz, confuso. — Abra as sacolas e você receberá inteligência, força e agilidade. Não importa quem eu sou, só aconselho que se arme e se prepare. – aconselhou Arnold, enquanto ia embora. Rhodholpho tinha muitas perguntas, mas não havia tempo para isso. Ele queria evitar que mais mortes acontecessem. No dia seguinte, foi até uma loja de facas e comprou uma catana e uma kunai, por serem ótimas facas japonesas. Seguiu para a estação de trem, e constatou que a situação havia piorado. A cada trem que chegava, tudo se repetia. Pessoas corriam apavoradas, após verem um corpo ensanguentado, com cabeça e tórax perfurados. Ele percebeu que não poderia resolver aquilo sem recursos, então foi para seu local de trabalho, onde com certeza haveria informações de peritos sobre os corpos. Pediu para um funcionário acessar os arquivos e leu nos laudos que as perfurações tinham o padrão de patas de aranha. Rhodholpho pesquisou sobre o assunto, e descobriu que na cidade havia uma mina abandonada, que permitia a proliferação de aracnídeos. Ele aproveitou que seu distintivo tinha ficado pronto, e o usou para chamar assistentes para o acompanharem. Não contou sobre a aranha, pois achava que eles não acreditariam, disse somente que iam atrás de pistas de um grande crime. Chegando à mina, eles viram uma teia e uma aranha gigante. Todos saíram correndo, inclusive o rapaz, que ficou muito assustado. Lembrou-se das pequenas sacolas dadas por Arnold e antes mesmo que as abrisse, o homem apareceu. — Como você chegou aqui? Como sabia onde eu estava? - Perguntou Rhodholpho, cada vez mais confuso sobre aquele homem. — Isso não importa. Apenas desvie dos ataques da aranha, atinja-a no ponto certo e... — Como você sabe que tem uma aranha envolvida? – Interrompeu o rapaz. — Ah, meu jovem, tudo que eu faço é por conta de meus poderes. Não conte a ninguém, mas eu sou de outro planeta e tenho poderes místicos. Eu sabia que um dia você precisaria de mim, então fingi não ser forte o suficiente pra carregar minhas compras. – Disse Arnold. Rhodholpho mal conseguiu pensar no que acabara de ouvir, quando o homem novamente desapareceu. O rapaz abriu as sacolas e criou coragem para retornar à mina. Os assistentes estavam mais calmos, então conseguiram acompanhá-lo. Eles começaram a atacá-la, mas ela era tão rápida e tão grande, que era praticamente invencível. Com tiros e facadas, conseguiram matá-la, mas somente depois de três horas. O feito os tornou mundialmente conhecidos como heróis. Tudo corria bem até que Rhodholpho “acidentalmente” mencionou Arnold para a imprensa. Depois disso, nunca mais foi visto. Dizem que o homem místico citado por Rhodholpho se enfureceu e o levou para outro planeta.
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“O MUNDO INVERSO” (Inspirado na série Stranger Things) por Mariana Moretti
Em uma noite comum, Felipe recebeu seus amigos Arthur, Lucas, Gael e Paulo para um jogo de cartas. Felipe jogou uma carta muito forte, a “doyhuina”, e Gael tinha apenas duas opções para se defender, as cartas “esconderijo” e “super raio”. As opiniões se dividiram: Paulo e Lucas achavam que ele deveria jogar “esconderijo”, enquanto Felipe e Arthur preferiam que ele optasse pela outra. Gael ficou confuso e jogou a segunda carta sem nem pensar, batendo-a com força no tabuleiro, que caiu no chão, fechado. Os meninos começaram a arrumar a bagunça e pegaram o que havia caído no cão, quando a mãe de Felipe os avisou de que era hora de irem para casa, porque já havia anoitecido. Eles pegaram suas bicicletas e se despediram do amigo. Gael e Arthur foram juntos, porque moravam perto um do outro. Iniciaram uma corrida, e Gael saiu pedalando o mais rápido que pôde, para ganhar. Quando percebeu que tinha chegado em casa, já nem podia ver o amigo, que havia ficado para trás. Quando estava descendo da bicicleta, viu uma enorme sombra indefinida entre as árvores que ficavam do outro lado da rua. Largou a bicicleta e entrou correndo, gritando os nomes da mãe e do irmão, mas para seu desespero, eles não estavam. Ele olhou pela janela e viu a mesma sombra se aproximando. Entrou em pânico. Pensou, então, em se esconder no sótão, onde havia uma arma de caça. Gael a segurou. Não sabia usar, mas estava com tanto medo que não pensou em outra coisa para se defender. De repente, ouve o barulho de seu antigo violão tocar, e o som se espalhava pelo sótão, ficando cada vez mais agudo, até que sumiu. No dia seguinte, Tatiana chegou de seu trabalho noturno e foi tomar o café da manhã que seu filho mais velho, Beto, havia preparado. Ela estranhou a ausência de Gael, que costumava estar acordado para recebê-la, então pediu que Beto fosse ao quarto chamá-lo. Quando chegou ao quarto do irmão, percebeu que ele não estava lá, e que sua cama estava intacta, o que indicava que ele não havia dormido em casa. Quando Beto contou à Tatiana, ela ficou furiosa, pois o rapaz era responsável pelo irmão em sua ausência. Ele tentou explicar que não tinha culpa, pois tinha ficado preso no trabalho até mais tarde, e que quando chegou, achou que Gael estava dormindo, mas a mãe não ouvia. Ele começou a tentar acalmá-la, contando que o menino tinha dito que ia jogar cartas na casa de Felipe e que poderia ter dormido lá e se esquecido de avisar. Tatiana, esperançosa, ligou para a mãe de Felipe, perguntando pelo filho. A resposta, obviamente foi não (o que você, que está lendo esse texto, já sabia.). Preocupada, ela foi à delegacia. Esperou por três longas horas, cada vez mais aflita. Quando René chegou, ela começou a contar o que tinha acontecido, mas o homem claramente não se importou. — Ele deve estar matando aula ou fazendo coisas de adolescentes. Talvez até na casa de um amigo ou parente. – desdenhou René. - É isso que acontece em 99% dos casos. — E o 1% que sobra? Não importa pra você? – respondeu a mulher, nervosa. —Minha senhora, estamos em Homenbrungo, onde o pior que já aconteceu foi um gato preso no telhado, mas já que insiste, vamos investigar. Eles seguiram para a residência da família, e Tatiana ficou chocada ao ver a bicicleta de Gael na grama. Estava nervosa demais para enxergar qualquer coisa. Quando se aproximaram dela, viram que tinha vários pontos sujos de uma substância verde e gosmenta. Entrando na casa, verificaram os outros cômodos e não haviam encontrado nada suspeito, até chegarem ao sótão e verem que, além da jaqueta que o menino usava estar no local, tanto o chão quanto um violão estavam sujos como a bicicleta. Na escola os meninos estranharam a ausência de Gael, mas não ficaram preocupados, até a polícia aparecer para fazer perguntas. Eles, surpresos, dizem que sempre acharam o bosque em frente a casa do menino um lugar perigoso, igual ao “bosque sombrio”, uma carta do jogo preferido dos cinco. O policial ignorou quase tudo o que os meninos falavam, porque achou que eram apenas fantasia de criança. Prestou atenção somente nas informações sobre a noite anterior, sobre o que fizeram, os horários e coisas assim. Naquela noite, preocupados, os meninos saíram de casa escondidos, com suas bicicletas, para procurar Gael. Adentraram, mesmo com muito medo, o bosque que haviam mencionado para o policial. Enquanto caminhavam, após deixar as bicicletas, ouviram um barulho entre os arbustos. Antes mesmo que pudessem correr, surgiu diante deles uma menina, com as roupas rasgadas e os cabelos raspados. Os meninos, com pena, a levaram para casa de Felipe. Fizeram algumas perguntas, mas ela não respondia. Quando Felipe se aproximou, viu que o número 23 estava escrito em sua nuca. Mais uma vez eles tentaram se comunicar com a garota, perguntando o que aquele número significava, mas ela não disse nada, somente apontou para si mesma. Arthur, então, sugeriu que eles a chamassem de Vintri, um apelido para 23, e os meninos concordaram. O menino disse que ela podia ficar no sótão, desde que não fizesse barulhos, para que seus pais não desconfiassem. Os meninos montaram uma barraca no cômodo para que ela ficasse mais aquecida e se sentisse mais segura, e providenciaram roupas limpas. Felipe tinha que descer para que ninguém desconfiasse, então foi para seu quarto, depois dos outros garotos irem para suas casas. Quando ficou sozinha, Vintri começou a chorar. Ela tinha passado por muitas coisas ruins. Morava em um laboratório com um homem malvado que dizia ser seu pai. Ela acreditava, e fazia tudo o que ele mandava, porém era castigada quando não conseguia. Ela não era uma menina comum, pois era capaz de fazer coisas com o poder da mente Na mesma noite, na casa de Tatiana, ela e Beto se encontravam inconsoláveis por causa de Gael, quando de repente, o telefone tocou. A mulher correu para atender, pensando ser o policial René com notícias de seu filho, mas a princípio não ouve nada do outro lado da linha. Já estava a ponto de desligar quando escutou o choro de Gael. Ela, emocionada e ao mesmo tempo apavorada, começou a gritar seu nome mas ele só chorava. Beto estava sem ação diante dos gritos da mãe.
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Um som aterrorizante pôde ser ouvido e a linha caiu. Tatiana estava em choque, então o filho, arrasado com essa situação, a levou para a cama. Na manhã seguinte, Felipe desceu para ver Vintri assim que acordou. Ele queria que ela aparecesse na porta de sua casa depois que ele saísse e dissesse à sua mãe que estava perdida, para que ela ligasse para a polícia. A menina, ao ouvir sobre a polícia, ficou apavorada. —Não!- Gritou ela, ofegante. Felipe ficou surpreso ao ouvir sua voz, e perguntou o porquê de tanto medo. Ela apenas apontou para si mesma e faz a posição de uma arma com a mão. Felipe disse que ela podia ficar tranquila. Que ele a deixaria onde estava, desde que continuassem sendo cuidadosos para não serem pegos. No colegial, Lila, irmã de Felipe, se encontrou com seu namorado. Na verdade, eles não são exatamente namorados, mas é como se fossem. Thomas a convidou para ir à sua casa, porque vai dar uma festa, aproveitando que seus pais não estavam viajando. A alguns metros, Beto estava sozinho, colando cartazes de “Desaparecido” com a foto do irmão. Lila se aproximou e disse que sentia muito. O rapaz agradeceu e eles se despediram, quando o sinal tocou. Felipe fingiu estar indisposto para poder ficar em casa, pois estava preocupado com Vintri, pois ela precisava tomar um banho e se alimentar, o que seria arriscado sem alguém vigiando a porta. Ele a levou a seu quarto para pegar uma roupa, e quando ela viu uma fotografia dos cinco amigos, começou a apontar para Gael e repetir as palavras “mago” e “escondido”. Felipe estava tentando acalmar Vintri, que tinha ficado transtornada com a imagem de Gael, quando ouve um barulho da porta de entrada da casa, no andar de baixo. Ouviu as vozes de sua mãe e de sua irmã mais nova, voltando do supermercado muito antes do esperado. Sem saber o que fazer, pediu para a garota entrar no armário e desceu para que sua mãe não entrasse no quarto. Sozinha, Vintri começou a ter alucinações, e nelas, viu Gael dentro de uma caixa, em um lindo jardim. O menino estava tranquilo, mas quando começou a escurecer, um monstro apareceu e foi para cima de Gael. Vintri começa a chorar, e abraçou Felipe, assim que ele abriu o armário. Naquela noite, Lila foi à casa de Thomas com Sofia, sua melhor amiga. Elas estavam se divertindo, conversando e dançando à beira da piscina, quando Thomas chegou, insistindo para que elas tomassem bebidas alcoólicas. Elas não gostaram nada da ideia, pois não bebiam e nem tinham idade para isso, mas porque todos começaram a caçoar, elas acabaram cedendo. Lila, depois de beber, só deu atenção a Thomas, deixando a amiga de lado. Sofia, então, decidiu ir embora. Caminhou sozinha até o carro, mas quando estava abrindo a porta, se assustou com uma enorme sombra. Se sentiu sendo puxada e tentou se segurar, mas perdeu os sentidos. Enquanto isso, Tatiana estava em casa, triste e assustada com o que tinha ouvido ao telefone. Inesperadamente, o piano começou a tocar sozinho. Ela, com medo, se aproximou, e nesse momento, o rádio também começou a tocar, e ela reconheceu a música preferida de Gael. Na casa de Felipe, Arthur, Lucas e Paulo se reuniram, pois ainda não havia sinal do paradeiro de Gael. Enquanto eles discutiam, Arthur observou que Vintri apontava para o jogo de cartas. Eles o abrem sobre o chão do sótão, e a garota pega as cartas que Gael havia usado. Ela olhou para os amigos antes de continuar, para se certificar de que estavam atentos, então pegou o tabuleiro e o virou, deixando-o ao contrário. Eles ficaram confusos, mas viram que ela estava tentando dizer algo importante, então se esforçaram. — As cartas são do Gael, então vamos imaginar que elas o representam. – Disse Lucas, esperando pela aprovação de Vintri. A menina assentiu, então ele continuou. — O tabuleiro virado é... o mundo ao contrário? Um mundo inverso? – deduziu. Vintri colocou sobre o tabuleiro a carta “doyhuina”, que havia derrotado Gael na noite em que ele desapareceu. Em seguida, pegou a carta do mago. — O mago é Gael! – constatou Felipe. Naquela noite ele escolheu “esconderijo”. Na demonstração de Vintri ele está escondido, e se ele desapareceu dentro de casa, que fica em frente ao bosque, que no jogo seria o “bosque sombrio”, onde “doyhuina” mora, isso significa que Gael está entre aquelas árvores, em algum lugar. – concluiu, esperando a aprovação de Vintri. A menina confirmou tudo e eles começaram a pensar em como encontrar o amigo. No dia seguinte, na escola, Lila não encontrou Sofia e ficou preocupada. Ela não conseguia se lembrar do que havia acontecido na festa. Ela decidiu procurar Thomas para perguntar se ele sabia de alguma coisa, mas quando o encontrou, viu que estava provocando Beto por ter visto os dois conversarem rapidamente no outro dia. Ela se aproximou a tempo de ver o namorado, nervoso, jogando o celular do rapaz no chão. Quando ela olhou para a tela do aparelho, viu que haviam fotos da festa, que Beto tirou escondido. Mais tarde, certo de que vão encontrar Gael com as pistas de Vintri, os meninos seguiram para o bosque. Quando estavam se aproximando, viram um carro de polícia, bombeiros e até uma ambulância, e quando chegaram ainda mais perto, viram o corpo de Gael sendo levado, após ser retirado do rio. Em choque, Felipe começou a gritar com Vintri, por tê-los feito acreditar que o garoto estava vivo. Felipe correu, inconsolável, para sua casa. Paulo também foi embora. Arthur e Lucas estavam muito tristes, mas também estavam com pena de Vintri, então tiveram que leva-la para a casa de Felipe, já que não havia outro abrigo. Já havia anoitecido quando Felipe ouviu, com espanto, a voz de Gael cantando sua música preferida. Hipnotizado, ele seguiu o som, e ao chegar no sótão, percebeu que ele vinha de uma antena que Vintri vinha mexendo desde que chegara a sua casa. Ela estava tentando consertar o equipamento esse tempo todo. Ele desaba, e eles se abraçam demoradamente, chorando. Na manhã seguinte, Lila foi para a casa de Thomas tentar descobrir algo sobre Sofia, já que no dia anterior, na escola, não tiveram a oportunidade de conversar. Ela estava realmente preocupada. No caminho, encontrou o
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carro da amiga, no mesmo lugar em que estacionaram antes de entrar na festa. Ela estacionou o veículo que dirigia, e se aproximou do de Sofia, e percebeu que estava aberto. Nesse momento, Lila percebeu, aflita, que não estava sozinha. Se virou e viu um vulto apavorante. Conseguiu correr para o seu carro e partiu rapidamente. Por alguma razão, naquela hora, Lila só pensou em Beto. Eles quase nunca conseguiam conversar, por causa de Thomas, mas ela gostava dele e sentia que se tratava de uma pessoa confiável. Quando chegou em sua casa, se trancou no quarto e mandou mensagens para Beto por um aplicativo, contando o que havia acabado de acontecer. Ela achou que ele não fosse acreditar, mas para sua surpresa, ele começou a enviar fotos da festa, as mesmas que ela tinha visto de relance quando seu namorado jogou o telefone de Beto no chão. Ao abrir os arquivos, Lila ficou em choque. O vulto aparecia atrás dela e de Sofia em todas as imagens. Beto desabafou, dizendo que há tempos vinha notando coisas estranhas naqueles arredores, e que achava que aquela coisa tinha matado seu irmão. Lila sentiu muita vergonha por estar enchendo a cabeça de Beto com seus problemas, sem saber que ele estava passando por uma perda. Ela estava tão concentrada em encontrar sua amiga, que não soube da notícia sobre Gael. Eles se encontraram e, juntos, decidiram procurar aquele vulto. Lila temia que, como Gael estava morto, Sofia também poderia estar, então queria se vingar. Eles foram até o bosque. Após andarem por vários minutos, a garota gritou, ao encontrar um servo morto, rodeado de sangue, e vê-lo ser puxado misteriosamente para um buraco. Quando se deu conta, estava sozinha, pois Beto havia desaparecido. Ela correu, amedrontada, e se deparou com uma árvore aberta, com uma aparência que jamais havia visto. Ela estava suja com uma gosma verde, e ela se lembrou de, antes de correr, ter visto essa mesma substância perto do carro de Sofia. Nesse instante, ela ouviu a voz de Beto vindo de dentro do tronco, e o chamou de volta. Ela percebeu, pela distância da qual parecia vir à voz do rapaz, que aquela não era uma árvore comum, então colocou sua cabeça para dentro, e, surpresa, enxergou o bosque, mas como se visto de outro ângulo. Como um universo paralelo. Beto a viu e estendeu a mão, e ela pôde puxá-lo. Tatiana estava inconformada com a morte do filho. Ela não acreditava naquilo, mesmo tendo visto seu corpo, ela sentia que algo estava estranho. Foi até a delegacia pedir que René investigasse, e lhe disse que o corpo retirado da água, parecia com o de Gael, mas não era. O policial sentiu pena, pois achou que ela havia enlouquecido depois de tanto sofrimento, então prometeu que iria até o necrotério se certificar de que nada estava errado. Quando chegou ao local, René mostrou seu distintivo e disse que precisava verificar um cadáver. Quando abriu o freezer, nervoso e enjoado por ter que fazer aquilo, percebeu que Tatiana podia ter razão. O corpo não tinha um aspecto real. Ele pegou seu canivete e fez um pequeno corte na perna do garoto, mas o que se rasgou foi tecido em vez de pele, e imediatamente, vazaram de dentro do pano tufos de algodão e enchimento. René imediatamente foi à casa de Tatiana dizer que acreditava nela, que aquele realmente não era o corpo de Gael. Ela o abraçou, emocionada e agradecida, mas acima de tudo esperançosa, pois seu filho ainda podia estar vivo. Beto, também muito emocionado, tomou coragem e contou tudo o que sabia, inclusive sobre as fotos e a árvore. Tatiana tinha certeza de que Gael estava lá, seu coração de mãe sentia. Ela saiu correndo para buscá-lo, sem nem pensar em como faria isso, então René a acompanhou, pois temia que ela corresse riscos e mais pessoas desaparecessem. Enquanto isso, Vintri havia sido descoberta na casa de Felipe, por Lila. Ela ouviu barulhos no sótão, e subiu assustada, quando flagrou seu irmão e a menina. — Mundo inverso. - Dizia Vintri, quando Lila entrou no sótão. – Bosque. — O que é isso? O que está acontecendo, Felipe? – perguntou a garota, assustada. Felipe explicou tudo, e pediu para que ela não contasse nada a seus pais. — Acho que sei onde Gael e Sofia estão. – Disse o menino, esperançoso. Lila levou Felipe, Vintri e os outros meninos ao bosque, e no caminho, recebeu uma mensagem de Beto, dizendo que estava voltando ao bosque. Eles se encontraram e guiaram todos por entre as árvores, até chegarem àquela em que tudo tinha acontecido. Combinaram de ficar juntos, e entraram. Era realmente assustador. Parecia o mesmo lugar que haviam acabado de deixar, mas mais escuro e muito sombrio. De repente, René, que caminhava na frente, sentiu seu pé esbarrar em algo. Com muito receio, iluminou o chão e todos gritaram, chocados com a visão do corpo de Sophia, já em início de decomposição e coberto por gosma verde. Os meninos sabiam que, no jogo, Doyhuina possuía exatamente esse tipo de substância. Lila começou a chorar e foi consolada por Felipe e Beto. Eles foram obrigados a continuar andando, mesmo cada vez mais amedrontados, pois o caso de Gael ainda não havia sido solucionado. Alguns passos à frente, encontraram Gael com algo que se parecia com cordas dentro das narinas. René verificou e constatou, aliviado, que o garoto estava vivo. Tatiana não conseguia parar de chorar, arrancou aquelas coisas do nariz de seu amado filho e o beijou e abraçou muito. Dias depois, Gael ainda estava no hospital, pois havia chegado fraco, mas estava se recuperando. Quando ele acordou, contou que Doyhuina pretendia mata-lo, mas o tempo todo uma força inexplicável o protegia, inclusive as cordas ligadas a seu corpo, que de um jeito místico o mantinham vivo, mesmo depois de tanto tempo desaparecido e sem se alimentar. Eles descobriram, então, que Vintri usou toda a força de sua mente para manter o menino vivo, para se redimir de tudo o que seu pai a havia obrigado a fazer de ruim. Lila estava feliz por Beto ter seu irmão de volta, mas jamais se perdoou pela morte de Sofia, mas será mesmo que a garota estava morta?
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“O FANTASMA VINGADOR” por Eduardo de Mello
Era noite de sexta-feira em Nova Iorque, quando Jhin, um homem bonito e corajoso estava se arrumando para ir à casa de seu amigo Ezreal. Jhin não se importava com bens materiais, mas seu amigo sim. Ezreal era tão rico, que gastava com coisas desnecessárias, como um telescópio de última geração, que havia acabado de adquirir, somente porque queria observar a lua e as estrelas. Quando terminou de se aprontar, foi de Uber para a casa do amigo. Ezreal morava em um condomínio de luxo, em uma casa linda, com garagem subterrânea. Jhin sempre que ia até lá, gostava de ver os carros que o rapaz possuía, de marcas como Porsche, Panamera, Camaro e Bugatti. Tinham o costume de, após subirem da garagem, irem para a adega e escolherem um vinho. Nesse dia, os amigos decidiram abrir mais de uma garrafa e acabaram ficando bêbados. Após jantarem e conversarem bastante decidiu observar o céu e a paisagem pelo telescópio, pois não tinham nada para fazer. Jhin virava o equipamento para todos os lados, quando percebeu que, ao longe, podia ver o cemitério. Ele reconheceu o lugar, pois já havia estado lá, mas enxergou também uma casa. Uma casa dentro do cemitério? Isso era muito improvável. Jhim compartilhou a visão com o amigo, que o desafiou, — Se você entrar naquela coisa, te dou um milhão de reais! – disse, rindo, Ezreal, bêbado e inconsequente. Ezreal não achava que ter dinheiro fosse a coisa mais importante do mundo, mas a ideia de ganhar uma quantia tão alta foi tentadora. Quem sabe até poderia comprar um carro como o do amigo? Talvez por estar alcoolizado, o rapaz simples não pensou no que estava fazendo, e, em um dos luxuosos carros de Ezreal, Jhin dirigiu até o cemitério. Chegando lá, pulou o muro, mas não conseguia ver nada por conta da neblina. Como nunca havia visto aquela pequena construção, sequer sabia para que lado ir. Viu uma placa que dizia “Doutor Mundo” que apontava para frente, mas não sabia o que isso significava. Desajeitadamente subiu em uma árvore e conseguiu enxergar o telhado do que estava procurando, que curiosamente ficava na direção que a placa indicava. Começou a caminhar e viu vários vultos ao longo do trajeto, mas achou que estava tendo alucinações por causa da bebida. Chegando ao local, ignorou o aviso de “Não entre!” no tapete e entrou. Constatou que era uma casa normal, apesar de muito velha. Estava pegando a câmera para provar a Ezreal que tinha cumprido o desafio, quando ouviu uma voz ensurdecedora. — Você está morto e não adianta fugir! Jhin ficou assustado e correu para a saída, mas o piso velho se quebrou debaixo de seus pés e ele caiu no laboratório que era de Doutor Mundo, um cientista que havia morado na casa antes mesmo do lugar se tornar um cemitério, quebrando sua perna instantaneamente. Morreu horas depois, por conta dos ferimentos. Ezreal acordou no dia seguinte e se lembrou do que aconteceu. Sentiu vergonha por ter feito uma proposta como aquela a seu melhor amigo, então ligou para se desculpar, mas não foi atendido. Tentou outras vezes ao longo do dia, então começou a se preocupar e foi até a delegacia. Garen era um ótimo policial, especialista em desaparecimentos. Confirmou a ida de Jhin ao local indicado por Ezreal, pois o carro no qual ele tinha saído estava estacionado na frente do cemitério. O investigador foi procurar por pistas, e encontrou no chão a carteira do rapaz desaparecido. Caminhando mais um pouco, se deparou com uma casa e estranhou, pois nunca tinha reparado naquela construção antes. Ele pensou se tratar da moradia do coveiro, que pretendia interrogar, então seguiu até a porta. Assim como Jhin, Garen ignorou o aviso no tapete da porta e assim que cruzou a entrada, que estava aberta, ela se fechou. Amedrontado, ele começou a buscar outra saída, mas um vento muito forte, sobrenatural, o derrubou e fez com que batesse a cabeça, levando-o à morte. Jink e Shaco, policiais próximos de Garen, ficaram preocupados com sua demora em voltar, e como sabiam onde ele estava, foram verificar. Observaram a residência por alguns minutos, então Jink entrou, enquanto o colega ficava do lado de fora, para o caso de algo acontecer. A princípio nada suspeito foi visto, mas enquanto caminhava até a porta dos fundos para abrí-la, caiu no buraco aberto acidentalmente por Jhin. Ao ouvir o barulho, Shaco entrou na casa, mas correu quando a luz negra que havia levado revelou a presença de um fantasma. Ligou para o prefeito Amumu, pois sabia que ele não só acreditava como apoiava a resolução de casos sobrenaturais. Amumu achava que aquela casa no cemitério era assombrada por seu amigo de infância, Nocturne, que tinha falecido no local após cair em um buraco e se machucar gravemente. Amumu, que também estava no local, tentou salvar o amigo, mas Nocturne já estava delirando de fraqueza pela perda de sangue, então olhou para o rosto do garoto e o viu rindo, quando na verdade, ele estava desesperado. O prefeito conhecia uma lenda que dizia que quando uma pessoa morria na presença de um amigo, passava a assombrar o local de sua morte, mas não acreditava nisso, até receber a ligação de Shaco. Convencido de que a construção do cemitério era assombrada por seu antigo amigo, contratou um famoso paranormal, chamado Twisted Fate, para conversar com o espírito de Nocturne. Amumu contou a história do passado e o profissional chegou ao cemitério já sabendo como abordar a alma que lá habitava. — Mesmo que Amumu não estivesse rindo de mim, quero algo em troca para não assombrar ou matar mais ninguém. – Disse a voz grave e arrepiante do espírito de Nocturne. – Quero que esse cemitério seja meu por toda a eternidade. — Twisted Fate sabia que aquilo não seria problema, pois certamente encontrariam outro lugar para os mortos da cidade, então prometeu ao espírito que sua vontade seria cumprida. — Mas quero que você traga de volta as pessoas que matou, sei que pode fazer isso. – Desafiou o paranormal. Nocturne aceitou e o cemitério foi interditado para que ele vivesse em paz, mas mesmo assim, Jink, Jhin e Garen
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“A FAMÍLIA” por Bruna Watanabe
No ano de 1998, em uma fazenda bela e tranquila, Fernando e Silvana tiveram uma filha chamada Giovanna e um filho chamado João. Dois dias após o aniversário de dez anos do menino, sua mãe morreu, vítima de um AVC, e o pai passou a cuidar deles sozinho. Alguns meses depois da morte da esposa, Fernando conheceu uma outra mulher e eles se casaram rapidamente. A então madrasta não escondia que não gostava das crianças, assim como eles não gostavam dela. Certo dia, a família foi à praia, e lá, o pai das crianças avistou uma figura estranha próximo da estrada, como se fosse uma pessoa de aspecto translúcido, e mesmo não acreditando em espíritos, reconheceu que aquele ser poderia ser um. Chamou os filhos, que brincavam no mar, e imediatamente decidiu voltar para casa. Quando chegaram perceberam que estavam sem luz, o que deixou a mulher apreensiva, principalmente depois do que tinha acontecido durante o passeio. Ela não tinha visto, mas seu marido lhe contara tudo. Algum tempo se passou, a madrasta já tinha uma relação melhor com as crianças e tudo parecia bem, até que um dia, após uma visita ao túmulo de Silvana, Fernando deu por falta dos filhos. Eles não costumavam sair sem avisar, muito menos sozinhos, o que o deixou apavorado. O que Fernando não sabia era que o espírito que ele havia visto na praia tinha conversado com Giovanna e João, prometendo que os levaria até a mãe, caso eles fossem encontrá-lo no cemitério. O pai procurou por eles por vários dias, desesperadamente, até que um dos amiguinhos de João disse tê-lo visto, junto com a irmã, entrando no cemitério. O pai correu para lá e caiu em prantos quando viu que ao lado da lápide da esposa, haviam outras duas, com os nomes dos filhos.
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“A FAZENDA” por Rafaela Watanabe
Em um dia comum, Noah, Dark Jorge e Larissa foram brincar na casa de Leonardo. Os quatro eram grandes amigos, apesar de terem personalidades muito diferentes. Noah era muito inteligente e engraçado, estava sempre alegre. Leonardo era muito educado e se importava com todos, sempre se mostrando disposto a ajudar. Larissa amava futebol, era muito simpática e carismática. Dark Jorge era calado e sério. Nesse dia combinaram de fazer um campeonato de FIFA18, que foi vencido por Larissa. Depois foram jogar futebol em um campo diferente, um pouco longe de suas casas. Algumas pessoas que estavam na rua, disseram a eles que aquele lugar era mal assombrado, e que eles achavam que o que acontecia ali tinha a ver com uma fazenda abandonada, que ficava exatamente ao lado do campo. Eles não acreditaram, então começaram o jogo. Meia hora depois, nenhum gol havia sido feito, então Dark Jorge, tentando pontuar, chutou a bola com toda a sua força, e ela foi parar do outro lado do muro, na fazenda. — Como vamos pegar a bola de volta? – Disse um deles. — Já sei! O muro não é tão alto, podemos pular. – sugeriu Noah. Dark Jorge, se sentindo culpado, se ofereceu para ir, e todos acharam justo. O ajudaram a passar para o outro lado e, assim que ele olhou ao redor, enxergou a bola, mesmo com o começo do anoitecer. Quando estava se virando para retornar, ouvindo uma voz horrível, que o deixou pálido. — O que você está fazendo aqui, menino? Saia agora! – Gritou a voz. Nesse momento, zumbis começaram a sair do chão e foram na direção do menino. Ele começou a gritar por ajuda e Leo, Noah e Larissa começaram a se auxiliar para pular o muro. Noah ajudou Larissa, Leo ajudou Noah, e depois conseguiu saltar sozinho, pois praticava parkour, então era muito bom em escalar coisas. Já do outro lado, os amigos ficaram surpresos com o que viram. Acharam que encontrariam Dark machucado ou algo assim, nunca imaginaram se deparar com aquelas criaturas. Correram por alguns metros, até que ficaram encurralados. Quando pensaram que o fim havia chegado, ouviram um grito grave. — Parem, não os matem! Uma luz desceu sobre eles e em um piscar de olhos eles se foram com ela. Jamais foram encontrados.
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“A CASA MISTERIOSA” por Maria Luiza Mariano
Em uma cidade na China vivia um casal muito feliz. Alicia era uma mulher bela, alta e magra, mas muito medrosa. Eduard era sério, alto e não muito magro. Era corajoso e muito bonito. Eles eram ricos, viviam em uma linda casa, mobiliada com capricho e elegância. Tudo ia bem na vida do jovem casal, mas após um ano morando no local, coisas estranhas começaram a acontecer. Em uma noite, Alicia tomava banho após chegar do trabalho, quando ouviu a voz de Eduard lhe chamar. Ela estranhou, pois ele não costumava chegar tão cedo, mas respondeu, ouvindo-o chamar novamente em seguida. Ele parecia não ouví-la, pois continuava dizendo seu nome, mas não respondia aos chamados da esposa. Quando desligou o chuveiro e vestiu-se, desceu para encontrá-lo, mas para sua surpresa, não havia mais ninguém na casa. Assustada, passou a verificar as portas e janelas, confirmando que estavam trancadas, e enquanto o fazia, lembrou-se que Eduard teria uma reunião e chegaria mais tarde, então tentou se acalmar, justificando o que ouviu como fruto de sua imaginação. Alicia preparou o jantar e ficou na sala aguardando a chegada do marido, mas como ele demorou mais que o esperado, acabou adormecendo. Eduard chegou por volta das dez horas e acordou a esposa carinhosamente. Jantaram juntos, e a mulher, cansada, foi dormir, e Eduard foi tomar banho. Após se deitar, o homem sentiu algo roçando sua pele, e quando se virou, viu o cabelo de Alicia sobre ele, e ela sorria dormindo, enquanto seu corpo não parecia estar em contato com o lençol. Assustado, o homem se jogou da cama, e quando se levantou, ela estava dormindo normalmente. No dia seguinte, pela manhã, acordaram com o barulho de coisas se quebrando na cozinha. Quando desceram para ver o que era, mas não havia nada. — Como é possível? – questionou Alicia, demonstrando medo em sua voz. — Não sei! - disse ele. — Eduard, vou falar a verdade, coisas estranhas estão acontecendo nesta casa. Ontem, quando eu estava tomando banho, escutei sua voz me chamando, nitidamente, mas quando eu saí, estava sozinha. - confessou ela, notando surpresa e medo no rosto do marido. — Eu também tenho que contar uma coisa. Ontem depois que tomei banho, fui dormir e senti algo roçando em meu rosto. Quando abri os olhos, vi você com o corpo acima da cama, como se estivesse flutuando. Me joguei no chão, por conta do susto, e quando levantei, você dormia pesadamente. – disse Eduard. — Eduard, estou com medo! – disse ela, chorando. — Eu também estou muito assustado. – concordou ele, nervoso. Nesse momento, o homem lembrou-se de que seu amigo Barry, um detetive muito competente, havia lhe contado que algumas pessoas acreditam que na China, especialmente na cidade em eles moram, os espíritos das pessoas permanecem apegados a suas casas. — Então vamos chamá-lo. Talvez ele saiba como resolver, para que possamos ter paz novamente. - disse ela, confiante. — Vou fazer isso amanhã bem cedo. - disse Eduard, por fim. Barry era um detetive de casos sobrenaturais e, assim que ouviu os relatos do casal de amigos, aceitou ajudá-los, investigando a casa. Ele possuía uma série de equipamentos específicos para este tipo de situação. Ele instalou sensores e câmeras para registrar tudo o que acontecia na residência. Enquanto isso, por segurança, Eduard e Alicia se hospedaram na casa de amigos. Dias depois, Barry chamou-os para confirmar as suspeitas de que as vozes, barulhos e visões eram fruto da presença dos antigos moradores da casa, que haviam falecido em um grave acidente, um ano e meio antes do casal adquirir o imóvel. Ao pesquisar a história da família, o detetive descobriu que ele haviam de casado, tido filhos e passado a vida toda naquele lugar. Então, com base em sua longa experiência, Barry sugeriu que eles se mudassem, pois não teriam sossego se permanecessem ali. O casal resolveu continuar na casa, mesmo após o aviso de Barry, pois acreditavam que poderiam resolver as coisas de outra forma. Eles amavam aquele imóvel, o achavam perfeito, não só pela arquitetura, mas pela localização, que era uma das mais privilegiadas da cidade. Decidiram chamar um caçador de fantasmas encontrado na internet, que prometeu que expulsaria os espíritos da casa, instalando dispositivos para afugentá-los. A estratégia deu certo por um mês, período em que Alicia e Eduard se encontravam com Barry, sem fazer qualquer queixa sobre acontecimentos estranhos na casa. Tempos depois, Barry tentou entrar em contato com o casal, mas Eduard e Alicia não foram encontrados em suas casas nem em seus locais de trabalho. Barry, preocupado, voltou à casa de seus amigos com a chave que havia recebido quando foi chamado para ajudar, e encontrou diversos cacos de vidro e sangue espalhados pelo chão. Viu ainda os dispositivos que o caça-fantasmas havia instalado, todos quebrados. De repente, escutou a voz de Eduard chamando pelo seu nome, e começou a seguir a voz. Em alguns momentos o som parecia estar perto, mas em outros parecia estar distante. Sentiu uma forte pancada na cabeça e desmaiou. Quando acordou, estava no hospital, e tinha ao seu lado o parceiro de trabalho Jimmy. Barry perguntou o que tinha acontecido, e Jimmy contou que tentou entrar em contato com ele e que, como ele não respondia, e sabendo que ele tinha ido àquela casa procurar o casal, foi verificar o que tinha acontecido e o encontrou desmaiado no chão da casa. Barry estava confuso e não se lembrava de quase nada, devido a força da pancada, então Jimmy o aconselhou a descansar e saiu do quarto. Quando Barry acordou, horas depois, viu parado ao lado de sua cama o casal da família que estava assombrando a casa de seus amigos, e nesse momento se lembrou de tudo o que havia ocorrido. Ele tentou chamar os enfermeiros, mas quando chegaram no quarto, o homem já estava morto. Ele estava sozinho no quarto quando foi encontrado, e não havia nenhum sinal de violência, então até saírem os
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resultados da autópsia, o declararam morto por infarto fulminante, o que era estranho, pois se tratava de uma pessoa jovem e saudável. Jimmy achou a morte de Barry muito suspeita, então pediu para ver as imagens das câmeras de segurança do hospital, mas nada foi encontrado. Ainda desconfiado de que a morte de seu parceiro tinha alguma relação com a casa de Eduard e Alicia, Jimmy resolveu voltar à residência. Logo que pisou na sala da casa ouviu a voz do Barry chamando seu nome...
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“O SEGREDO” por Erick Ribeiro
Era um dia comum no laboratório do experiente cientista Cliff Frier, que trabalhava com seu assistente e neto Jeremy Frier. — Jeremy, em breve vamos começar um novo projeto. – Disse Cliff, empolgado. — Vamos testar uma substância que desenvolvi, para observar que tipos de mutações genéticas ela provoca. — Uau, que bacana! Como exatamente vai ser? – perguntou Jeremy, interessado. — Vamos injetar o líquido e observar o que irá acontecer, mas não posso, por enquanto te dizer mais. Ainda precisamos decidir sobre a cobaia. Poderíamos fazer os testes em animais, mas seria maravilhoso e ficaríamos famosos se conseguíssemos provar os efeitos dessa droga em humanos. – Disse o homem ao neto. — Famosos? É o que eu mais quero! Ser reconhecido pela ciência, ainda mais com um projeto com o meu avô! Eu serei a cobaia, se o senhor concordar. – Disse o rapaz, sem perceber que estava se colocando em risco. – Se pode ser testado em humanos é porque não é arriscado, certo? – Perguntou. — Claro que não é arriscado. O efeito da substância é rápido, pelo que pesquisei sobre a mistura. Eu te observaria durante dez minutos a cada injeção. – Respondeu Cliff. Então Jeremy e o avô se dirigiram à sala de testes e a substância foi injetada. A expressão de Cliff mudou e se tornou maléfica. Jeremy percebeu que havia algo errado, mas já era tarde. Ele começou a perder o controle sobre seu corpo e caiu, inconsciente. Cliff fugiu e o rapaz foi encontrado em estado grave por Sammer, a assistente pessoal do cientista. Ela percebeu, pela seringa encontrada no local, e pelo sumiço de seu patrão, o que havia acontecido, mas não conseguia entender o porquê. Chocada, chamou uma ambulância, que quando chegou, encontrou Jeremy sem vida. Os pais de Jeremy ficaram arrasados a notícia, não só por terem perdido o filho, mas por ter sido pelas mãos do próprio avô, que o rapaz idolatrava. Poucos dias depois, Cliff foi encontrado pela polícia e preso. O julgamento aconteceu meses depois, resultando na pena de quinze anos de prisão. Pouco tempo depois, houve um grande conflito de rivais na cadeia em que o homem estava, e ele foi morto, juntamente com outras centenas de criminosos, sem jamais explicar à família, à imprensa ou aos policiais o que havia motivado o seu crime. Os pais de Jeremy tiveram que se mudar da casa onde moravam, pois o lugar era repleto de lembranças do rapaz. Alguns meses depois, Benson e Margaret compraram a casa, sem saber nada sobre a história da família que a tinha ocupado antes. Não demorou para eles começarem a perceber coisas estranhas na residência. Havia sempre uma sensação de que não estavam sozinhos. Um dia, a frase “Não restará nenhum! Não depois disso!” apareceu escrita na porta de um dos quartos, que era de Jeremy, com sangue. O casal pediu ajuda à polícia e o caso ficou famoso, repercutindo em todos os noticiários. Rick e Mary, pais de Jeremy, reconheceram sua antiga casa na televisão, e achando que poderiam fazer contato com o filho, foram até o local. Quando entraram no quarto, sentiram uma presença que não podiam ver, e ficaram arrepiados. A porta se fechou bruscamente. — Vocês vão pagar por seus pecados! – Ouviram, em um grito, com a voz de Cliff, e não Jeremy, que era quem esperavam encontrar. Benson e Margaret estavam muito assustados, pois ouviam o casal tentar abrir a porta, sem sucesso. — Não restará mais nenhum! Não depois disso! – Gritou a voz novamente. Só se pôde ouvir um grito, um grito de dor. Rick e Margaret, antes mesmo de conseguirem pedir ajuda, morreram misteriosamente. Cliff foi um assassino, vivo e mesmo depois de morto. Nunca descobriram seus motivos.
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“O SUMIÇO” por Amanda Kaori
Em uma pequena cidade, há muito tempo, havia uma mansão em que morava uma família. Os pais e as filhas gêmeas, Geovana e Gabriela, mantinham um tesouro no local onde moravam, e também uma espécie de calabouço para punir quem tentasse roubá-los. Gabriela era brincalhona e distraída, então seus pais jamais haviam lhe contado sobre todo o dinheiro, joias e diamantes que possuíam, pois tinham receio de que ela contasse à alguém. Geovana, que era aparentemente mais responsável, sabia de tudo, pois se algo acontecesse com o casal, as meninas não poderiam ficar desamparadas. Conforme o tempo passou, os pais das meninas ficaram com mais medo de que algo lhes acontecesse, então contrataram quatro guarda costas. Não demorou para que eles descobrissem que havia algo valioso naquela mansão, então decidiram sequestrar as garotas para que a família fosse obrigada a entregar toda a riqueza. Eles aproveitaram uma tarde em que estavam sozinhos com as crianças, e as levaram à força, de carro, para a casa de um deles. Lá, resolveram tentar descobrir como conseguir o tesouro, sem precisar entrar em contato com a família, para que não houvesse chance deles serem impedidos. — Fica na porta ao lado do cômodo onde o papai trabalha. É um calabouço feito de ossos de pessoas. Pegue um e quebre ao meio e de dentro, por magia, sairá o tesouro. – confessou Geovana, com medo. Dois dos guardas voltaram à mansão e procuraram o lugar descrito pela menina, mesmo achando que não era possível haver um calabouço feito de ossos e um tesouro que aparece por magia. Para a surpresa deles, um lugar repleto de ossos de pessoas que já haviam tentado roubar a riqueza da família foi mesmo encontrado. Um deles escolheu um pequeno osso e quebrou, mas de dentro dele não saíram diamantes ou dinheiro, e sim um espírito. — Eu sei o que vocês procuram. Está no porão. – Disse o espírito, rindo estranhamente. Eles, então, foram até o porão, que era até mais assustador que o calabouço. A família tinha o estranho hábito de homenagear os parentes mortos com uma escultura, e naquele momento, no escuro, só se viam seus olhos, iluminados de vermelho. A porta se fechou com força e eles jamais conseguiram sair. Os outros homens que haviam ficado com as meninas estranharam a demora dos amigos e perceberam que algo ruim tinha acontecido. Com raiva, levaram as meninas para sempre, e seus pais nunca conseguiram encontrá-las, mesmo gastando todo o dinheiro que tinham, procurando.
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“A MALDIÇÃO DA INIMIGA” por Maria Fernanda Souza
Em um dia comum, as irmãs Emilly, de onze anos, e Manuelly, de seis, brincavam com seu cão no quintal de casa. Cinthia, a mãe das garotas, era detetive, mas havia sido demitida por não ter conseguido solucionar um caso de assaltos a bilheterias, então trabalhava em uma agência de viagens. Naquela noite, Cinthia resolveu levar suas filhas ao boliche. Lá conheceram um simpático rapaz chamado Rian, que ficou conversando com Cinthia enquanto as meninas jogavam. Ao fim da partida, elas foram embora jantar. Quando chegaram em casa, a mãe foi para a cozinha preparar a comida, mas percebeu, confusa, que os alimentos da dispensa haviam desaparecido. Ela chamou as meninas, pedindo para que ficassem próximas, pois temia que houvesse um ladrão na casa. Cintia andou com cautela pela residência, verificando se estava tudo bem, e quando chegou no quarto das filhas, encontrou o cachorro morto, e perto dele, uma faca e uma marca de mão, feita com sangue. A mulher emitiu um som de susto, e não pôde evitar que as crianças percebessem que algo havia acontecido e viessem ver. As três choraram juntas pela morte de seu companheiro e ficaram com muito medo, por saber que alguém havia entrado na casa, então chamaram a polícia. Os policiais atenderam o chamado, mas como não encontraram nada, fotografaram as evidências e foram embora. Cinthia chamou um serviço funerário animal para cuidar do corpo de seu cão, e então, mesmo triste e com medo, foi ao mercado que ficava em sua rua, pois Emilly e Manu precisavam se alimentar. Quando entrou no mercado, Cinthia ficou surpresa ao encontrar Rian. — Rian?! Você por aqui? — Cinthia! Que coincidência! Sou o novo morador do bairro, cheguei há alguns dias. — Que bom Rian. Desculpe-me por não poder conversar mais, mas ficamos sem comida em casa e minhas filhas estão com fome. Preciso voltar logo. — Que estranho... Eu também vim ao mercado porque fiquei sem comida em casa. Tudo o que havia lá sumiu. — Na sua casa também? — Que coisa mais estranha! Deve ser o mesmo ladrão. Tenho que ir, Rian, mas me passe seu número de telefone para conversamos, melhor. — Aqui está. Até logo! Uma mulher com uma capa escura estava ouvindo toda a conversa, mas nem Rian nem Cinthia perceberam. No dia seguinte, as meninas foram normalmente à escola, e no caminho de volta, quando a mãe foi busca-las, aproveitou enquanto elas caminhavam para ligar para Rian. Cinthia estava preocupada, pois o menino aparentava ser muito jovem, e ela o tinha visto duas vezes sozinho. Ele foi muito receptivo, e as convidou para conhecerem a casa de sua avó, que era com que ele morava. Lá, ele contou o que tinha acontecido. — Há pouco tempo, meus pais e eu sofremos um acidente. Um pássaro se chocou contra o vidro do carro em que estávamos e meu pai perdeu a visão. Eu fui arremessado para fora do carro, que capotou, matando os dois. – contou o rapaz, emocionado. – Desde então, vivo com minha avó, que não está em casa agora, mas cuida muito bem de mim. A mulher misteriosa que ouviu a conversa deles no mercado os observava novamente, dessa vez pela janela da casa. Ela se chamava Malevily e era inimiga de Cinthia. No passado, elas foram melhores amigas, até que Cinthia fez amizade com outra menina e Malevily não aceitou. Passou a sentir raiva. Com dezoito anos, Malevily descobriu que era uma bruxa, e decidiu usar seus poderes contra a ex-amiga, pois só conseguia pensar em vingança. Observou Cinthia por muitos anos, estudando a melhor forma de atingí-la, até que se cansou de esperar e decidiu agir. Rian e Cinthia conversaram por algum tempo. Ela estava sensibilizada pela história do garoto e já sentia muito carinho por ele. Quando elas foram embora, Rian foi se sentar em frente à casa da avó para relaxar, como fazia normalmente, e acabou sendo parte do plano de Malevily. Ela o matou com uma faca e imediatamente atirou sobre o corpo uma poção, transformando-o em um zumbi, verde e nojento. O dia seguinte era sábado, e como Cinthia precisava trabalhar, deixou as meninas na casa de uma amiga, como de costume. Quando estava entrando no carro, no fim do expediente, sentiu uma mão gelada e gosmenta em seus ombros. Ela perdeu os sentidos, e acordou horas depois, em um lugar desconhecido. — Onde estou? — perguntou Cinthia, confusa. — Em minha casa, Cinthia! — Respondeu Malevily com uma voz sinistra. Cinthia perguntou novamente: — Como você sabe o meu nome? — Perguntou Cinthia. — Não se lembra de mim, amiga? — Respondeu a bruxa, com ironia. Cinthia se lembrou de Malevily e ficou com medo. — O que você quer fazer comigo? — Perguntou Cinthia, chorando. — Quero me vingar, te matando! — Respondeu a mulher gargalhando, enquanto esfaqueava Cinthia. Emilly e Manu esperaram sua mãe naquele dia, preocupadas, mas ela jamais voltou. Elas foram morar com a avó materna, e somente dois anos depois tiveram certeza de que a mãe estava morta, pois um esqueleto foi encontrado em uma casa suspeita e identificado como sendo de Cinthia, após exames. As garotas ficaram inconsoláveis, pois mesmo depois de tanto tempo, ainda tinham esperanças de encontrar a mãe viva. Elas passaram a visitar a túmulo da mãe diariamente, até que um dia desapareceram. Em um beco, no caminho entre a casa de sua avó e o cemitério, foram encontrados os óculos de Emilly e o laço que Manuelly usava no cabelo. Resquícios de gosma verde e impressões digitais estranhas foram identificadas pela perícia que participou das investigações, mas nem as garotas, nem seus corpos foram encontrados.
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“O SEGREDO DA ILHA” por Maria Clara Capucho
Em uma manhã tranquila, acordavam Jack e seu irmão gêmeo Fred. Fisicamente os meninos eram parecidos, mas tinham personalidades muito diferentes. Jack era engraçado, corajoso e competitivo, e Fred era inteligente amigável e tímido. Eles moravam em uma casa a beira mar, com vista para uma linda paisagem, das montanhas e do mar. Os dois tinham 15 anos e moravam com o pai que era viúvo. A mãe dos garotos havia morrido quando eles tinham apenas 3 anos. O pai de Jack e Fred, nessa manhã, havia saído para pescar com seu amigo Phillipe e eles foram para a escola de bicicleta, como faziam normalmente. Lá encontraram seus amigos, Katy e Mike. Katy era gentil, amigável e super corajosa, já Mike era fofo, inteligente porém medroso. Na sala de aula, como a professora Cleusa estava atrasada, eles pegaram seus celulares e, quando abriram a página de notícias, viram que o mar onde as pessoas da região costumavam pescar havia tido ondas violentas, o que não era comum para a região. Jon, pai de Jack e Fred e Phillipe, pai de Kathy, estavam lá. Todos entraram em desespero e foram à sala do diretor, pedir ajuda. — Nos ajude, Senhor Alfred, por favor! — pediu Katy, chorando. — Nossos pais sumiram... — O que houve? – perguntou o diretor, surpreso. — O pai do Jack e da Katy estão no mar, com outros pescadores. Os sites de notícias dizem que várias pessoas desapareceram. — Respondeu Mike. — Vocês estão dispensados, mas vou acompanhar vocês para ajudar. — Disse o diretor. — Tenho um barco, pois pesco nos fins de semana, como hobbie. Fiquem tranquilos, tenho certeza de que nada de mal aconteceu. Eles foram de carro para a casa do diretor, e levaram o pequeno barco até o mar em uma pick-up, após se equiparem com itens de segurança e comida. Após um tempo de navegação, visualizaram a “Ilha da Caveira”, que era famosa por ser um excelente local para pesca. Aquela era a única esperança que tinham, apesar de terem medo das lendas que já haviam escutado sobre a ilha. Eles estavam com medo, mas a vontade de encontrar as pessoas era maior. Eles não tinham certeza de que seus pais estavam lá, até que viram destroços do barco onde estavam Jon e Phillipe. Seguiram em frente e ancoraram o barco, pegaram suas mochilas e foram verificar o que havia sobrado do barco sobre a areia, mas não havia nada. Constataram, com medo, que teriam que entrar na mata. Assim que eles adentraram a região de árvores, Katy e Fred enxergaram uma caverna. Quando se aproximaram, perceberam que haviam pedaços de roupas, sujos com sangue, então entraram. Viram que aquela caverna tinha acesso ao mar, e mais à frente, visualizaram, em pânico, algo estranho, grande e assustador, que parecia estar vivo, mas dormia. Mesmo apavorados, decidiram se aproximar, mas a criatura acordou e eles correram, se aprofundando na caverna. Entraram em uma parte mais estreita, onde aquele monstro não caberia, e então, viram os pescadores. Eles se abraçaram, emocionados, mas não puderam comemorar por muito tempo, pois ainda tinham que arrumar um jeito de sair dali. — Pessoal, como vamos embora? O monstro parece estar guardando a ilha, sem contar que o barco não vai suportar tantas pessoas assim. E as pessoas machucadas? Precisamos arrumar um jeito de estancar esses sangramentos. — Jack tem razão, precisamos de reforços, e precisamos dar um jeito de chamá-los urgente! — Concordou Katy. O diretor se lembrou do rádio comunicador, que estava no barco, mas alguém teria que ir até lá. Fred, Jon e Phillipe se voluntariaram para ir até o rádio, mas de repente ouviram barulhos de sirene. Era a marinha, que havia recebido ligações de moradores dos arredores da ilha, que viram barcos indo naquela direção. Eles tiveram muita sorte, porém não foram os únicos a ouvir a chegada de outras pessoas, o monstro também ouviu. Ele foi sorrateiramente atacar o barco principal, que era maior que os outros e estava cheio de pessoas. Felizmente, eles estavam armados e conseguiram, apesar da dificuldade, matá-lo. Foram coletadas amostras de sangue para analisar o DNA do animal, para que fosse possível identificar o que era. Tudo acabou bem, mas nunca mais as pessoas daqueles arredores tiveram coragem de pescar no mar.
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“A MENINA QUE VIA FANTASMAS” por Maria Clara Moura
Num dia comum, uma menina estava assistindo um filme na televisão enquanto sua bisavó estava costurando no sofá. — Clarice, minha querida, você pode pedir para ligarem o ventilador para mim? Eu estou com calor. — Claro, bisa. A menina, a pedido da bisavó, procurou o pai. — Pai você pode ligar o ventilador da sala? Eu não alcanço o interruptor, e a bisa está com calor. — Filha, pela última vez: sua bisa está morta! — Disse o pai, irritado. — Mas pai, ela está na sala fazendo tricô! — Respondeu Clarice, chateada. — Meu Deus, Clarice! Você com essas coisas de novo... Vou lá ver então. — Cedeu o pai, vendo que a filha realmente estava sendo sincera. A mãe interferiu, dizendo que o marido não devia dar ouvidos a essas histórias, pois elas sempre se repetiam, e no fim, não havia nada do que menina estava falando. O casal começou a brigar e a menina, triste, foi para o quarto. Sua bisavó apareceu a seu lado, sentada na cama. — Minha neta, não fique triste assim por causa dos seus pais, eles só não te entendem porque você vê fantasmas como eu. – Disse a senhora, consolando-a. No dia seguinte, Clarice foi à escola. No caminho, viu alguns espíritos e falou com eles, e como sempre, as pessoas a olharam de maneira estranha, como acontecia na escola, onde era caçoada por todos, menos uma menina, que era sua amiga. As meninas caminhavam juntas para casa depois da escola, quando um barulho atrás de uma moita as atraiu. A amiga de Clarice foi embora, assustada, mas ela se aproximou do homem que a chamava, reconhecendo, com tristeza, o espírito de seu avô. Ele provavelmente tinha acabado de falecer, pois ela havia tido notícias dele naquela manhã, e apesar de muito velho e um pouco adoentado, ele estava bem. O homem queria contar-lhe sobre a maldição dos 300 anos, pois ela colocava as pessoas da cidade em risco, e com o dom de falar com mortos, além de sua mãe, a bisavó de Clarice, e ele, que agora estava morto, ela era a única que poderia deter esse mal. — Ouça com atenção, Clarice. Esse espírito ataca nossa cidade todos os anos quando chega o dia em que ele morreu assassinado. Ele aparece na forma de um zumbi e mata quatro pessoas, pois esse é o número de pessoas responsáveis por sua morte. Ele jurou que fará isso por 300 anos. Você precisa encontrar o livro que está na minha casa. – Explicou o homem. A menina tentou perguntar sobre o livro, mas seu avô desapareceu. Ela pegou seu patinete e foi até a casa de dele e encontrou um livro com aparência muito antiga. Quando o abriu, haviam várias informações sobre a história que o avô havia lhe contado: fotos, notícias antigas e detalhes sobre o espírito que todos chamavam de Gary. Em um papel dobrado, no meio do livro, havia um texto e as instruções, com a letra de seu avô: “deve ser lido ao lado do túmulo de Gary”. Clarice pesquisou no livro, e leu uma notícia da época do crime, em que diziam que seu corpo havia sido enterrado na floresta. Clarice foi até lá, e quando percebeu que a informação era falsa, os zumbis já tinham se levantado e começado a cercá-la. Não houve tempo para mais nada.
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“A CASA MAL ASSOMBRADA” por Kauã Ribeiro
Morava em uma casa uma família rica e feliz. Bob era um homem alto, esbelto, que adorava assistir TV e que apesar de estar sempre ocupado, fazia tudo pela mulher. Charlotte adorava esbanjar dinheiro com coisas de luxo, especialmente roupas e sapatos. Era bonita e tinha estatura mediana. Jerald, o filho do casal era um menino gentil, que gostava de brinquedos e desenhos infantis. A residência da família era grande e confortável. Tinha dois andares, três quartos, três banheiros, uma ampla cozinha e uma linda sala. No dia a dia, o homem sempre estava trabalhando, a mulher lendo revistas de moda e o filho brincando com seus bonecos, quando não estava na escola. Mimada, Charlotte queria cada vez mais luxo, então, convenceu o marido a comprar uma casa maior. O novo imóvel ficava em um bairro pouco habitado, em uma rua sem saída e sem vizinhos. Eles não sabiam que os vizinhos haviam se mudado por medo, pois desconfiavam que a casa fosse mal assombrada. A nova moradia da família uma casa grande e luxuosa. Tinha seis quartos, seis banheiros, duas salas de estar, uma enorme sala de jantar, uma lavanderia, duas cozinhas e um quintal arborizado. Após a mudança, Charlotte até ouviu comentários sobre o lugar, mas não acreditava em fantasmas e era fútil demais para abrir mão do que queria. No primeiro dia correu tudo bem. Jerald adorou seu quarto, pois era maior e tinha mais espaço para seus brinquedos. Ele estava contente, principalmente por ter encontrado um boneco muito diferente na casa. Bob estava feliz, pois havia feito mais uma vez, o que sua esposa queria. No fim, todos estavam satisfeitos. No segundo dia, Bob levou seu filho à escola, e deixou Charlotte no shopping comprando roupas antes de ir para o trabalho. Mais tarde, buscou Jerald e sua mulher e foram para casa. O menino foi para o seu quarto brincar, estava ansioso para rever o boneco. Seus pais nem perceberam aquele novo objeto, pois Bob relaxava em frente à TV e Charlotte só pensava em arrumar as roupas que havia comprado. Algum tempo depois, todos foram dormir. Jerald começou a ter o mesmo pesadelo, repetidamente, onde via outras pessoas morando na casa em que sua família morava. Entre essas pessoas, havia uma criança, que estava segurando um boneco parecido com o que ele encontrou. De repente, todas essas pessoas começavam a dar gargalhadas, e depois se ouvia um grito agudo, ensurdecedor. Ele despertou, e percebeu que era só um pesadelo, mas mesmo assim ficou com muito medo e foi dormir na cama de seus pais. O dia seguinte começou como sempre: Bob levou o filho para a escola e a mulher para uma joalheria e seguiu para o trabalho. Na escola, Jerald teve alucinações com as mesmas cenas de seu pesadelo. Horas depois, voltaram para casa. Jerald foi fazer sua lição de casa, seu pai foi trabalhar um pouco e sua mãe foi ver um canal sobre moda na TV. O menino decidiu contar aos pais sobre suas alucinações e pesadelos. Eles não acreditaram, disseram que era somente imaginação dele. Quando adormeceram, Jerald teve novamente os pesadelos, mas dessa vez um pouco diferente. Dessa vez, uma mulher segurava um boneco parecido com o dele. O menino acordou agitado e ouviu seu pai caminhando pela casa. Foi procurá-lo e viu que ia em direção à cozinha. Quando o alcançou, viu que Bob estava paralisado com o que via: haviam rastros de sangue pelo corredor, como se alguém, sangrando muito, tivesse sido arrastado ali. Quando entraram na cozinha, viram uma mulher morta no chão, e o boneco que Jerald tanto gostava, e que havia sido deixado em seu quarto instantes antes, em cima da pia. Bob chamou a polícia e mandou Jerald ficar em seu quarto. O policial Jonny Lewandowski chegou minutos depois, trazendo reforços para levar o corpo e isolou a área para investigações. Bob passou o restante da noite em claro, aterrorizado com aquela cena. Não conseguia imaginar quem era aquela mulher e porquê ela aparecera morta em sua casa. No dia seguinte, Bob saiu para trabalhar, e deixou o filho na escola para que ele se distraísse, mas Charlotte não tinha ânimo para fazer compras, então ficou em casa. Mesmo assustada, à noite, quando o marido chegou em casa propondo que se mudassem, ela recusou. Algumas horas depois, enquanto Jerald dormia na cama dos pais, por ainda estar se sentindo muito inseguro, ouviu-se um grito agudo e apavorante igual ao de seu sonho. — O que acontece... – tentou perguntar Bob, mas nem pôde concluir sua frase. Jerald viu seu pai e sua mãe sendo puxados pelas pernas e ouviu o barulho de seus ossos batendo nos degraus, enquanto eram brutalmente arrastados pela escada. As pessoas que apareciam em seus pesadelos os levavam. Bob e Charlotte morreram, ao serem arrastados pelos degraus, com várias batidas na cabeça. Assim que terminaram com os adultos, voltaram ao quarto para buscar o menino. No dia seguinte, o policial Lewandowski voltou à residência para avisar que o corpo havia sido identificado, e que se tratava da primeira moradora daquela casa, mas que precisariam abrir uma investigação, pois ela já estava morta há alguns anos, assim como as outras duas pessoas que moravam com ela, que haviam cometido suicídio. Quando ele tocou a campainha, a porta se abriu sozinha. Ele achou aquilo muito estranho, e em outras circunstâncias não teria entrado sem um mandato, mas o cheiro de sangue que sentiu o fez caminhar para o interior da residência. Assim que ele cruzou a porta, ela se fechou de forma violenta. Ele tentou abri-la, mas parecia trancada. Quando se virou novamente, se viu cara a cara com a mulher que havia retirado morta da cozinha há pouco tempo. Jonny foi morto e jamais descobriram como tudo aconteceu. Até hoje, o que ocorreu naquela luxuosa, mas assombrada casa, é um grande mistério.
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“O SEQUESTRO” por Rafael Sene
No ano de 1996, numa cidade chamada Terror Ville, vivia uma família composta pelo casal Anna e Jonh, e também a pequena filha, Lili, que tinha dez anos. Certo dia, Anna desapareceu à caminho do o trabalho. Jonh era policial e tentou de todas as formas localizar a esposa, mas não encontrou ao menos uma pista. Todos ficaram chocados com o sumiço de Anna, mas a que mais ficou traumatizada foi Lili, pois além de ficar sem sua mãe, o fato aconteceu no dia do seu aniversário. Anos depois, Lili e seu pai foram à uma feira de artes, pois ela amava artes de diversos tipos. Lili ficou interessada pelos objetos de arte barroca, e decidiu comprar uma escultura, então entrou na fila, que estava enorme, para comprá-la. A menina ficou ali sozinha, enquanto seu pai foi ver uma exposição de quadros, do outro lado da feira. Quando voltou, sua filha não estava mais na fila, então ele pensou que eles pudessem ter se desencontrado. Andou pelo local por algum tempo, mas não encontrava Lili, então começou a ficar desesperado. Perguntou sobre ela para várias pessoas, mas ninguém a havia visto. Foi correndo para a delegacia onde trabalhava, para pedir ajuda a outros policiais e começar as investigações, mas mesmo depois de vários dias, nada foi encontrado. Jonh estava abatido, mas jamais desistiria de encontrar sua filha. Semanas depois do desaparecimento de Lili, seu pai dirigia pelas redondezas procurando pistas, até que avistou uma pequena casa afastada da cidade, aparentemente abandonada e bastante suspeita. Quando se aproximou, percebeu que ela estava vazia, mas mesmo assim entrou. Estava tudo quieto, então ele desistiu de procurar indícios ali. Enquanto saia da casa, viu o anel da menina no chão, e percebeu que havia um alçapão, e lá estava sua filha, desesperada. Eles se abraçaram e ficaram muito emocionados. Lili avisou a seu pai, enquanto eles saíam do pequeno cativeiro, que havia sido sequestradora por uma mulher, e disse também que a sequestradora repetia o tempo todo que Lili lembrava sua pequena filha. Jonh ficou receoso com o que acabara de ouvir, pois se lembrou de Anna, e de repente, ouviu um carro se aproximar da casa. Pelas formas do corpo, e pelas roupas, era possível ver que se tratava de uma mulher, mas seu rosto estava escondido por uma máscara. Jonh sacou uma arma e atirou para detê-la, e a bala atingiu de raspão sua máscara, que caiu. Para o espanto de Jonh, era sua esposa, Anna. Ele tentou conversar com ela e entender o que estava acontecendo, mas a mesma correu na direção dos dois com uma faca na mão e o atingiu no braço, obrigando-o a atirar novamente, mas desta vez atingindo de forma fatal o olho esquerdo de Anna.
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“KIKA PERRY NA AVENTURA DO SITIO DA VERDADE” por Manuella Peneluppi
Numas férias de verão, Kika e seu irmão foram para o sitio do avô, que se chamava “Sítio da Verdade”. Como sempre, foram recebidos com muitos doces que sua avó havia preparado e depois de brincar bastante, foram dormir, exaustos. No dia seguinte, eles tomaram café da manhã, arrumaram as camas onde haviam dormido, e foram tomar banho. Quando Kika foi ao armário pegar uma peça para vestir, viu um espírito. Ela tinha o dom de ver espíritos e seres sobrenaturais desde os cinco anos, mas nunca tinha se acostumado com o que via, por isso era tão medrosa. Ela nunca tinha dividido essa história com ninguém, mas decidiu contar para sua avó, pois as duas eram muito próximas, mas sua avó não acreditou. Disse que tudo não passava de imaginação. Kika precisava se vestir para a festa que aconteceria no sítio, então, mesmo com medo, precisou abrir o armário. Dessa vez não havia nenhum espírito, mas sim um velho álbum. Ela reconheceu o homem de uma das fotos, pois era o espírito que ela havia visto há alguns instantes. Pelo que ela percebeu, tratava-se de Leonardo, o primeiro dono daquele lugar, já falecido há décadas. Pelos poucos instantes na presença do espírito de Leonardo, foi possível sentir que ele era mau, ao contrário de sua filha, Florzinha, que apareceu também em espírito para Kika, lhe explicando que seu pai era uma pessoa boa, mas que havia ficado amargurado após a morte, pois não queria estranhos em suas terras. Após ser avisada de que Leonardo sempre dava um jeito de fazer mal aos que compravam suas terras, Kika se sentiu na obrigação de impedi-lo. Florzinha a aconselhou a prender o espírito de Leonardo, que só teria a opção de voltar para o além e deixar os vivos em paz. — Você precisa colocar uma cruz dentro de um pote quando ele estiver por perto. Dessa forma, ele ficará preso entre o mundo dos vivos e dos mortos. Ele não conseguirá mais vir para esse lado, e a única saída será voltar para o outro. – Explicou Florzinha. Kika preparou tudo e esperou Leonardo aparecer. — Essa armadilha é para você, menina tola! Isso não me prende no além, isso leva você até lá, para nunca mais voltar. – Disse o espírito de Leonardo, rindo. – Minha filha te enganou direitinho. – completou ele, caçoando da menina. Kika começou a desaparecer. Seu avô, da varanda, notou que algo estava errado e se aproximou da menina. Os dois desapareceram sem deixar rastros.
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“QUEREM ENTRAR?” por Pedro Paloschi
Rafaela, João, Vitor e André eram amigos inseparáveis. Em uma noite de lua cheia resolveram ir a um hospital psiquiátrico desativado que ficava próximo de onde eles moravam, pois haviam escutado várias lendas sobre o local e ficaram curiosos. Uma das lendas dizia que à meia noite era possível ouvir passos e risadas, mas mesmo não acreditando em nada disso, eles resolveram ver com os próprios olhos. Eles foram de bicicleta e repararam que a porta principal estava aberta por causa do tempo de abandono. Entraram e já começaram a fazer muita bagunça. Abriram as portas, começaram a gritar e quebrar coisas, até que ouviram a porta de entrada se fechando violentamente. Ficaram apavorados, e então resolveram se separar para procurar uma saída, mas todas as janelas estavam fechadas. Começaram a ouvir passos, gritos e gargalhadas, até que escutaram o grito de João. Todos correram em direção ao som que haviam escutado, e se viram no corredor principal, próximos a um imenso rastro de sangue que levava a um quarto trancado. A porta, já podre, foi derrubada facilmente, mas nada foi encontrado. Confusos, saíram correndo sem saber o que fazer. André, cansado, parou no caminho, e quando Vitor e Rafaela escutaram mais um grito e olharam para trás, André havia desaparecido. Em meio a cada vez mais gritos e gargalhadas, tentaram se concentrar em procurar uma saída, subindo vários lances de escada, até chegarem ao quarto andar, onde encontraram uma pequena janela aberta. Com muito medo, mas sabendo que não tinham escolha, desceram pelo lado de fora do imóvel, se segurando nos parapeitos das janelas de cada andar. Quando finalmente chegaram ao chão, todas as janelas e portas se abriram, gritos e gargalhas pararam e tudo ficou em silêncio. Instantes depois, escutaram uma voz assustadora dizendo: — Vocês querem entrar? E tudo foi trancado novamente...
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