Documento curricular de gI e 1ºano/ Colégio Equipe 2014

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Colégio Equipe Março de 2014


Sumário 1. Apresentação ...................................................................... 4 2. O Colégio Equipe ................................................................ 11 3. Documento Curricular de GI e 1º ano ................................... 15 Grupo Interidades: crianças de 3 a 5 anos .............................. 15 1º ano ............................................................................... 25 Principais Diretrizes ............................................................. 26 Grupo Interidades – Inserção social para a aprendizagem ...... 26 1º ano – A organização pessoal e grupal para o aprendizado .. 28 Formação de Grupo e Sociabilidade ....................................... 29 A entrada na escola: pertencer a um novo grupo .................. 29 Adaptação e rotina ........................................................... 30 Independência ................................................................. 42 Autonomia ...................................................................... 45 Resolução de conflitos ...................................................... 50 Metodologia de Trabalho (problematização) ............................ 55 A brincadeira e o faz de conta ............................................ 57 A conversa e a investigação ............................................... 65 Projetos de pesquisa......................................................... 66 Áreas do Conhecimento ....................................................... 70 Ciências da Natureza ........................................................ 70 Ciências Sociais (História e Geografia) ................................ 89 Língua Portuguesa............................................................ 98 Matemática .................................................................... 130 Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


Artes Plásticas ................................................................ 154 Música ........................................................................... 160 Capoeira ........................................................................ 168 Educação Física............................................................... 171 Avaliação .......................................................................... 174 Avaliação do aprendizado ................................................. 175 Atividades de socialização do aprendizado .......................... 178 Avaliação do trabalho e replanejamento ............................. 180 Comunicação da avaliação às famílias ................................ 181 Contatos informais – encontros cotidianos e eventos ............ 189

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1. Apresentação Este documento curricular do trabalho com o Grupo Interidades e com o 1º ano do Colégio Equipe reúne um registro da nossa experiência acumulada de trabalho com as crianças de 3 a 6 anos de idade. Esses dois grupos são considerados, em nossa escola, parte de um primeiro ciclo de escolaridade, que configura um período de transição da casa para a escola e de sistematização coletiva das primeiras

aprendizagens, no qual as

crianças

ampliam vínculos e criam recursos para lidar com as novas situações que se apresentam quando passam a integrar um grupo que tem a aprendizagem como tarefa comum. Embora o 1º ano faça parte do Ensino Fundamental, em nossa escola mantivemos para esse grupo os mesmos desafios que eram planejados para o antigo Pré, que fazia parte da Educação Infantil, por considerá-los adequados a crianças de 6 anos. Objetivamente, isso significa que, além de considerarmos que o 1º ano integra o mesmo ciclo de escolaridade do Grupo Interidades, esses dois grupos têm a mesma carga horária, a mesma forma de organização e nomeação da rotina e de utilização dos materiais, os mesmos procedimentos de avaliação, previstos em nosso Regimento Interno, aspectos, entre outros, que têm uma mudança mais acentuada na passagem dos alunos para o 2º ano do Ensino Fundamental. É importante ressaltar que optamos por trabalhar com grupos de 15 alunos no Grupo Interidades e 20 no 1º ano, e que Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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consideramos que essa é uma das condições, e na nossa avaliação um investimento necessário, para a realização das práticas aqui descritas. O conteúdo deste documento retoma e/ou atualiza diversos registros

sistematizados

até

aqui

por

professores(as),

orientadores(as) e diretores(as) que trabalharam na nossa escola ao longo dos últimos 20 anos. Nesse sentido, reúne registros que expressam experiências distintas, que ao longo do tempo foram sendo aprimorados a múltiplas mãos. Traz

também

novos

registros

de

nossa

experiência

educacional comum, compostos tanto por uma compreensão pessoal construída sobre ela como por diversas vozes que, ao longo desse período, foram se somando para expressar uma forma particular de falar sobre o trabalho na nossa escola. Ele não pode, portanto, ser considerado autoral, já que sistematiza elaborações compostas pela contribuição de diversos autores, muitos que já nem podem ser nomeados. Foi escrito para ser utilizado pelos(as) professores(as) e educadores(as) da nossa escola no contexto do trabalho que realizamos, de forma que precisaria ser recortado e revisto caso venhamos a ter a intenção de divulgá-lo a outros públicos. Seu objetivo não é definir o trabalho que devemos realizar, mas expressar as características e qualidades do trabalho que temos realizado, bem como evidenciar os desafios que ainda temos a enfrentar e que sempre permeiam o trabalho escolar. Nossa expectativa é de que os(as) educadores(as) da nossa escola possam utilizá-lo para seguir planejando o seu Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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trabalho e que possamos manter viva a discussão sobre nossa proposta

educacional

a

partir

deste

registro,

considerando

constantemente se ele de fato expressa o que fazemos e o que queremos fazer; o que precisa ser reescrito para corresponder à nossa experiência e prática atuais; e o que ele nos instiga a estudar e aprimorar. Os(as)

professores(as)

e

orientadores(as)

do

ciclo

receberam uma versão preliminar e foram convidados a avaliá-la nas reuniões pedagógicas ao longo de 2013, tendo como referência a nossa experiência acumulada e como parâmetro o que estabelecem as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil – que norteiam também de forma coerente, na nossa avaliação, uma proposta para o 1º ano –, pela identificação com suas diretrizes e seus princípios. Esse documento traz a seguinte definição de Currículo: Conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do

patrimônio

cultural,

artístico,

ambiental,

científico

e

tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de idade. 1 Temos também como expectativa que nossa proposta educacional seja coerente com os Princípios estabelecidos nas Diretrizes:

1

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, Ministério da Educação e Secretaria de Educação Básica, Brasília, 2010, p. 12. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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 Éticos:

da

autonomia,

da

responsabilidade,

da

solidariedade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente

e

às

diferentes

culturas,

identidades

e

singularidades.  Políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da

criticidade e do respeito à ordem democrática.  Estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade

e

da

liberdade

de

expressão

manifestações artísticas e culturais. As

Diretrizes

estabelecem,

por

nas

diferentes

2

fim,

que

As

práticas

pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira e devem garantir experiências que:  Promovam o conhecimento de si e do mundo por meio

da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais

que

possibilitem

movimentação

ampla,

expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da criança;  Favoreçam

a

imersão

das

crianças

nas

diferentes

linguagens e o progressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual, verbal, plástica, dramática e musical;  Possibilitem às crianças experiências de narrativas, de

apreciação e interação com a linguagem oral e escrita, e

2

Idem, p. 16. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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convívio com diferentes suportes e gêneros textuais orais e escritos;  Recriem, em contextos significativos para as crianças,

relações quantitativas, medidas, formas e orientações espaço temporais;  Ampliem a confiança e a participação das crianças nas

atividades individuais e coletivas;  Possibilitem situações de aprendizagem mediadas para a

elaboração da autonomia das crianças nas ações de cuidado pessoal, auto-organização, saúde e bem-estar;  Possibilitem vivências éticas e estéticas com outras

crianças e grupos culturais, que alarguem seus padrões de

referência

e

de

identidades

no

diálogo

e

conhecimento da diversidade;  Incentivem a curiosidade, a exploração, o encantamento,

o questionamento, a indagação e o conhecimento das crianças em relação ao mundo físico e social, ao tempo e à natureza;  Promovam o relacionamento e a interação das crianças

com

diversificadas

manifestações

de

música,

artes

plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dança, teatro, poesia e literatura;  Promovam a interação, o cuidado, a preservação e o

conhecimento da biodiversidade e da sustentabilidade da vida na Terra, assim como o não desperdício dos recursos naturais; Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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 Propiciem a interação e o conhecimento pelas crianças

das manifestações e tradições culturais brasileiras;  Possibilitem

a utilização de

gravadores, projetores,

computadores, máquinas fotográficas, e outros recursos tecnológicos e midiáticos. As creches e pré-escolas, na elaboração da proposta curricular,

de

acordo

com

suas

características,

identidade

institucional, escolhas coletivas e particularidades pedagógicas, estabelecerão modos de integração dessas experiências.3 No início de 2014, professores(as) de GI e 1º ano e a equipe de orientação e direção de Educação Infantil e Ensino Fundamental I da escola fizeram uma leitura criteriosa de uma versão já modificada e enviaram seus apontamentos para a finalização do documento. Essa nova versão final, sempre provisória, ganhou ainda mais mãos e vozes. Participaram desse processo em 2013: Beatriz Lysei

Luiza Castro

Camilla Guimarães

Mariana Mantovani

Heloisa Cesar

Nélia da Hora

Luciana Gamero

Patrícia Escaleira

Luciana Justi

Patrícia Torralba Horta

3

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, Ministério da Educação e Secretaria de Educação Básica, Brasília, 2010, p. 25. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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E realizaram a revisão final em 2014: Ana Cristina Marotto

Luciana Fevorini

Ausonia Donato

Luciana Gamero

Camilla Guimarães

Luis Marcio Barbosa

Celina Fernandes

Mariana Mantovani

Gilson Pedroso

Patrícia Torralba Horta

Joseane Bomfim

Rosana Araujo

Luciana Justi

Suelena da Silva (Dofona)

Aos que se sentirem autores conosco, considerem nosso reconhecimento e gratidão. Suas vozes continuam ecoando em nós. Adriana Mangabeira março de 2014

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2. O Colégio Equipe Para nós do Colégio Equipe, educação é um processo intencional, diretivo e coletivo de trabalho Desde

1968

educando

crianças

e

jovens,

estamos

processualmente fundamentando um currículo direcionado à formação de um ser humano autônomo, criativo, com valores próprios, com uma sólida base de competências e capaz de participar ativamente numa sociedade democrática e pluralista. No percurso que vai da Educação Infantil ao último ano do Ensino Médio, criamos situações de aprendizagem que partem da problematização do que o aluno já sabe e de conteúdos criticamente escolhidos, possibilitando o desenvolvimento de capacidades, habilidades e atitudes que favoreçam a construção de novos conhecimentos. Objetivos gerais do Colégio Equipe No Colégio Equipe, o processo de ensino-aprendizagem visa a possibilitar ao aluno:  reconhecer as diferentes situações em que está inserido;  conscientizar-se do seu papel de educando;  compreender a extensão, profundidade e relação entre

os conhecimentos tratados nas diferentes áreas de estudo; Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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 compreender a articulação das etapas do processo de

desenvolvimento de seus aprendizados;  direcionar seus esforços no sentido dos objetivos do

grupo, sem renunciar à sua individualidade;  desenvolver sua capacidade de identificar problemas,

levantar hipóteses, coletar dados, analisar, interpretar esses dados e chegar às suas próprias conclusões com método;  desenvolver o autoconhecimento de forma a responder

adequadamente às novas situações, quer no campo do conhecimento, quer no campo socioafetivo;  desenvolver

uma

consciência

crítica

da

realidade,

posicionando-se frente a ela e atuando lucidamente como cidadão. Estudar é buscar respostas a problemas, com método Nosso currículo possibilita aos alunos o aprendizado de conceitos e conteúdos, favorecendo o desenvolvimento das diferentes formas de organização do seu pensamento. Desde as séries iniciais, nossos alunos aprendem que estudar é buscar respostas a problemas, com método, e que o conhecimento não é um conjunto de verdades prontas e acabadas “escondidas” com o(a) professor(a). Os projetos propostos em cada série são uma estratégia importante nesse processo de aprendizagem. Eles se constituem Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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em atividades de pesquisa e investigação que atendem às necessidades curriculares e ao momento cognitivo e socioafetivo dos nossos alunos. Na Educação Infantil, as questões para investigação são elaboradas pelo(a) professor(a) a partir das discussões do grupo. Algumas das questões investigadas nos últimos anos foram: “Como nasceu a primeira pessoa, se ela não tinha uma mãe?”; “Existe vida no deserto?”; “Por que os adultos inventam histórias que dão medo nas crianças?”. No Ensino Fundamental, o principal projeto do 4º ano, por exemplo, articula-se em torno da pluralidade cultural do povo brasileiro, investigada a partir do conhecimento da ascendência dos alunos em um estudo no qual conceitos como cultura, civilização, ambiente, trabalho e cidadania, entre outros, são construídos e auxiliam na compreensão das razões políticas, econômicas e culturais da imigração e das transformações que ela produziu na sociedade brasileira. Já no 8º ano, os alunos buscam respostas à seguinte questão: “Para preservar é preciso isolar?” – por meio de observações, entrevistas, análises e discussões nas cidades de Paraty e Picinguaba. No Ensino Médio, o objetivo do projeto na 1ª série são as relações entre ciência, tecnologia e política, no estudo da agroindústria da cana-de-açúcar na região de Ribeirão Preto. Na 2ª série, o cenário é o processo de industrialização e suas consequências socioambientais na região de Cubatão, tendo como conceito nuclear o trabalho humano. A monografia, realizada pelos alunos da 3ª série, é o projeto que permite sintetizar o Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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processo de aprendizagem, num estudo que mobiliza as principais competências de investigação desenvolvidas ao longo desse percurso.

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3. Documento Curricular de GI e 1º ano Grupo Interidades: crianças de 3 a 5 anos Na Educação Infantil, optamos por trabalhar com grupos que integram crianças de 3 a 5 anos. Nosso objetivo é propiciar aprendizagens a partir dessa interação, em função das diferenças individuais e também pela colaboração entre as crianças. A integração entre idades diferentes sempre fez parte de nossa experiência na Educação Infantil e no Ensino Fundamental I e se tornou curricular em decorrência da observação, pelos(as) professores(as), dos momentos propiciados naturalmente pela nossa forma de organização da rotina no uso dos espaços de lanche e parque, bem como de sua avaliação das propostas que foram criando para intensificá-la e torná-la produtiva. Essa prática revelou-se necessária em alguns momentos, quando avaliamos

a

importância

de

alunos

de

grupos

pequenos

participarem de grupos mais numerosos, com uma dinâmica menos

rígida

ou

cristalizada.

As

propostas

de

integração

permitiram, nesses casos, a ampliação de desafios e também novas possibilidades de parceria. Nessas situações e em outras, nas quais a integração tinha como objetivo reunir subgrupos de trabalho mais homogêneos ou mais heterogêneos, ficou evidente que:

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Aspectos

Observações Muitas crianças de dois grupos contíguos, divididos por idade como costuma acontecer nas escolas, mostram-se em momentos muito

 O desenvolvimento e

a aprendizagem não são lineares.

semelhantes de desenvolvimento e aprendizagem e encontram colegas que se desenvolveram ou aprenderam mais do que elas no grupo anterior, ou que se desenvolveram ou aprenderam menos do que elas no grupo posterior. Nos grupos mais homogêneos, as

 É produtivo trabalhar

crianças tendem a expor com maior

com diferentes

propriedade as suas ideias –

configurações de

explicações, estratégias, hipóteses.

subgrupo:

Isso pode estar relacionado tanto ao

o homogêneos,

fato de seus conhecimentos e

reunindo crianças

concepções serem semelhantes aos

com

dos colegas, o que propicia que de

conhecimentos

fato pensem juntos para resolver

e/ou postura

algo, como à segurança que

semelhantes diante

demonstram para se expressar.

dos desafios de aprendizagem;

Quando formamos grupos mais homogêneos, e assim reunimos crianças com mais dificuldade com o

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conteúdo ou mais reservadas, elas tendem a ter uma atitude mais ativa no grupo; da mesma forma, quando reunimos crianças que confiam muito em seus conhecimentos, mesmo que ainda parciais, ou são muito expansivas, elas tendem a dar mais crédito umas às outras e aprender mais com a interação. Como os grupos na escola são divididos por idade e o desenvolvimento e a aprendizagem não são lineares, é comum que alguns subgrupos mais homogêneos em termos de conhecimento, concepção e postura sejam formados por crianças de dois grupos contíguos. o heterogêneos,

As crianças que sabem algo nem

reunindo crianças

sempre auxiliam ou ensinam os

que podem ensinar

colegas. Por vezes fazem por eles ou

ou auxiliar os

os inibem, por fazerem mais rápido

colegas na

ou por tecerem comentários que

resolução de

desmerecem de alguma forma o

desafios, ou na

saber ou fazer do outro.

execução de propostas, com

Elas precisam, assim, aprender a auxiliar ou ensinar, a partir de uma

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aqueles que

solicitação nossa que explicita uma

necessitam de

expectativa muito clara sobre a sua

acompanhamento.

atuação nesse sentido. Essa organização de subgrupos é muito produtiva, porque todas as crianças que precisam têm acompanhamento, não apenas as que estão realizando a atividade próximas ao(à) professor(a). As que acompanham os colegas se apropriam ainda mais do que aprenderam no exercício de ensinar (um jogo, por exemplo) ou de observar o que o colega faz e de ajudá-lo a seguir produzindo (indicando, por exemplo, a sua vez, auxiliando-o a decidir como realizar uma jogada, a fazer uma leitura ou um registro com desenho ou escrita), já que essa experiência permite, àqueles que se propõem a dividir seu conhecimento, uma reelaboração e conscientização do que sabem.

 Em situações de

Muitas crianças não são

aprendizado, a

naturalmente respeitosas e

convivência entre

colaborativas, mas aprendem a ser.

crianças de diferentes

Comentam com naturalidade que a

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idades e diversos

produção do colega está horrível, se

conhecimentos e

indignam ou fazem gozação com o

posturas diante dos

não saber ou o erro do outro.

desafios escolares

No contexto de grupos mais

promove, com as

heterogêneos e com uma expectativa

devidas intervenções

clara dos(as) educadores(as),

do(a) educador(a), o

aprendem gradativamente não

respeito às

apenas a observar e auxiliar o

diferenças, o

processo dos colegas, como tornam-

aprendizado da

se mais generosas em relação ao

colaboração (saber

próprio aprendizado.

colaborar e aceitar

Se uma criança está demorando a

colaboração) e uma

aprender algo no contexto do seu

melhor compreensão

grupo, mas vê que crianças do grupo

e aceitação do

seguinte também não aprenderam,

próprio processo de

ou só aprenderam nesse novo grupo,

aprendizado (ritmo,

acalma-se ante a constatação de que

facilidades e

isso pode acontecer na escola, de

dificuldades).

que é assim mesmo e de que vai dar tempo de ela aprender. Essa calma só auxilia a aprendizagem, já que o medo normalmente impede que a criança invista nos desafios propostos – algumas fazem rápido para terminar logo, copiam, querem que alguém dite ou faça por elas, ou ainda se

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esquivam, buscando atividades que lhes proporcionam prazer. Quando as crianças confiam em sua capacidade de aprender, ao contrário, os desafios propostos, e mesmo a descoberta das dificuldades e dos erros, chegam a empolgá-las e envolvê-las. Elas investem e podem chegar a tomar gosto pelos desafios, porque descobrem o prazer de realizar conquistas. Em relação aos colegas, em vez de críticas e gozações, começamos a ouvi-las dizer coisas como: ”Calma, eu também não sabia e agora aprendi” ou “É difícil até você aprender, depois fica fácil”. Quando

diversas

propostas

de

integração

estavam

incorporadas em nossa rotina, tanto na Educação Infantil como no Ensino Fundamental I, formamos nosso primeiro Grupo Interidades, reunindo na época crianças de 3 a 6 anos, integrantes dos grupos que tínhamos de Educação Infantil e do antigo Pré (atual 1º ano). A experiência foi tão bem-sucedida que, quando precisamos decidir entre formar dois Grupos Interidades no mesmo período ou separar as crianças por idade, avaliando o que se perde e o que se ganha, nossa escolha foi Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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unânime por manter a integração. O mesmo não pôde acontecer com o 1º ano, pois as crianças precisaram ser separadas em um grupo específico por uma exigência legal, já que passaram a fazer parte do Ensino Fundamental. Com relação aos(às) professores(as), geralmente há uma crença de que em um grupo dividido por idade é mais fácil selecionar os conteúdos e preparar os desafios de aprendizado e as

lições. Já havíamos

constatado, no entanto, que para

acompanhar de fato o aprendizado de todas as crianças de 2, de 3, de 4 ou de 5 anos em grupos organizados por idade, não era possível padronizar desafios ou expectativas, pois as crianças aprendem de formas e em tempos bem diferentes. Tanto nas integrações como em cada grupo, já era nossa prática diversificar (oferecer, para todas, desafios ou lições diversas, ora mais fáceis, ora mais difíceis) ou diferenciar (oferecer desafios ou lições diferentes

para

necessidades

de

crianças

ou

aprendizado)

subgrupos, tanto

as

conforme

propostas

suas

como

a

avaliação (critérios diferenciados conforme as expectativas de aprendizado

estabelecidas

para

cada

criança

no

contexto

coletivo). As dificuldades implicadas no acompanhamento de um Grupo Interidades, dessa forma, já constituíam, em nossa avaliação, aquelas que todo(a) professor(a) deveria enfrentar para acompanhar com seriedade um grupo de alunos formado pelo critério da idade. Com relação às crianças, nossos receios de que as pequenas não tivessem tanto tempo para brincar ou vivenciar experiências sensoriais, ou de que não pudéssemos sistematizar Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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adequadamente com as maiores os seus conhecimentos relativos às letras e aos números, haviam se diluído diante da possibilidade de propiciar todos esses momentos, da riqueza da troca e da constatação de que muitos valores preciosos, relativos à amizade e ao respeito, nasciam desse encontro. Outro receio era de que, com poucas crianças de cada idade em cada grupo, faltassem parcerias de brincadeira para todos, mas o que observamos é que as parcerias dependem mais da disponibilidade delas para isso, independentemente da idade, e que, na falta de parceiros no grupo, as integrações permitem boas parcerias com crianças de outros grupos para as brincadeiras e atividades. Embora haja expectativas de aprendizado estabelecidas para cada faixa etária, nossa experiência nos mostra, assim, que em um grupo mais heterogêneo, as diferenças individuais de conhecimento, ritmo e habilidade ficam mais claras para as crianças, mesmo quando, dentro dele, formamos subgrupos mais homogêneos, já que elas presenciam inúmeras situações em que esses

aspectos

interesses,

não têm relação com a idade, mas

gostos,

investimentos

realizados

ou

com

facilidades

pessoais. As maiores ficam surpresas com algumas manifestações nesse sentido das menores, ao mesmo tempo em que também são capazes de reconhecer aspectos nos quais se destacam em relação a crianças mais velhas do que elas. As

expectativas

de

aprendizado

estabelecidas

são

fundamentais para que possamos planejar desafios adequados a cada idade, ao mesmo tempo em que precisamos considerar os desafios que cada criança necessita na escola, indo além, em Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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alguns aspectos, com algumas e retomando certos desafios com outras.

Muito

antes

de

pensarmos

em

dificuldade

de

aprendizagem, é necessário adequar os desafios e flexibilizar as expectativas, dando a possibilidade de as crianças se apropriarem dos

conhecimentos

necessários,

considerando

inclusive

os

conhecimentos e repertórios que trazem. Ao longo de algum tempo,

uma

demora

em

aprender

pode

se

revelar

uma

dificuldade e, ao mesmo tempo, não ter influência na produção posterior de um aluno. Observamos que a qualidade do texto escrito de um aluno do 3º ano, por exemplo, tem relação com a qualidade da sua narrativa oral e com a sua facilidade para se apropriar e utilizar, em sua produção, das regras gramaticais e de organização

do

texto

sistematizadas,

mas

não

depende

diretamente da idade em que ele se alfabetizou. No Grupo Interidades e em seus encontros com os grupos de crianças mais velhas, isso, que poderia ser apenas uma intenção ou um discurso, torna-se concreto, por exemplo quando as crianças verificam que outra do seu grupo conhece uma extensão maior do sistema numérico ou consegue participar de jogos mais complexos que uma criança do 1º ano, e observam que há um acolhimento para isso na escola. Quem aprendeu e sabe ajuda quem precisa aprender, independentemente da idade. Nossa avaliação é de que as crianças, nesse contexto, adquirem mais tranquilidade para mostrar o que sabem e o que não sabem e para aprender umas com as outras, e que isso promove um ambiente propício à aprendizagem. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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Com a intermediação do(a) professor(a), que valoriza a presença e a opinião de cada uma das crianças nas brincadeiras e conversas,

a

satisfação

com

as

trocas,

descobertas

e

aprendizados se alia ao reconhecimento e ao respeito pelos conhecimentos e contribuições de cada uma. O lugar de pertencimento assim constituído é condição inerente para o desenvolvimento e a aprendizagem de todos no grupo. As crianças do Grupo Interidades compartilham todas as atividades da rotina e encontram desafios diversificados e específicos para a conquista de independência e autonomia e para o aprendizado contínuo dos diferentes conteúdos curriculares. Posteriormente explicitaremos também como as crianças mais velhas contribuem para a interação com propostas de brincadeiras de faz de conta mais elaboradas, das quais as pequenas querem participar, o que enriquece o universo de suas experiências, em parte como ocorria nas famílias numerosas, ou como nas ruas de antigamente, em muitos bairros de nossa cidade; e também para a resolução de conflitos, o que torna o grupo um lugar de convivência mais claramente protegido pelas regras coletivas. Desde que começamos a trabalhar com Grupos Interidades, embora sempre tenhamos lidado com crianças que tentam resolver seus conflitos com agressões físicas, nunca mais tivemos situações em que essa forma de resolução se instituía no grupo e os(as) professores(as) se viam em uma situação difícil, tentando inutilmente, com um sentimento de impotência e sofrendo pressão das famílias, conter essa linguagem impulsiva, Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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que faz parte de um determinado momento do aprendizado e que só se resolve com o tempo. Nossa avaliação é de que os(as) professores(as), nesses casos, não tinham como parceiras, em suas tentativas de contenção, crianças que não apenas não queriam que as coisas fossem resolvidas desse modo, mas que tivessem maturidade e liderança suficiente no grupo para exigir dos

colegas,

conjuntamente

com

eles(as),

que

as

regras

combinadas fossem respeitadas como condição para que as parcerias de brincadeira e aprendizado se mantivessem.

1º ano Propiciar a interação e a colaboração entre crianças de diferentes idades é um valor que perpassa muitas de nossas escolhas e propostas de aprendizado ao longo de toda a escolaridade. As crianças do 1º ano continuam tendo essa oportunidade, realizando atividades curriculares em comum com as mais novas e mais velhas em função de objetivos específicos de aprendizado. É comum planejarmos, durante todo o ano ou em alguns períodos específicos, atividades de brincadeira, artes, jogos, contação de histórias, narrativas, leitura e escrita, entre outras, em integração com as crianças do Grupo Interidades, bem como atividades de Matemática (jogos e cálculos diversos) e Português

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(leitura e escrita), momentos de brincadeiras e atividades de escolha em integração com o grupo do 2º ano. No Grupo Interidades, muitas crianças entram novinhas, são acolhidas e vêm a acolher as mais novas nos anos seguintes. A partir do 1º ano, observamos que muitas já incorporaram essa postura e auxiliam as demais a desenvolvê-la, esperando isso dos colegas. Com o início do trabalho de maior formalização dos conteúdos relacionados à leitura, escrita e matemática, em nossas conversas com as crianças destacamos importância do trabalho em parceria, de escutar a dúvida dos outros, da possibilidade de se aprender com a colocação do outro e do quanto é possível aprender quando estamos auxiliando um colega.

Principais Diretrizes

Grupo Interidades – Inserção social para a aprendizagem Nosso objetivo é receber as crianças de forma acolhedora, atendendo-as

em

suas

necessidades

individuais,

para

que

gradativamente se familiarizem com as outras crianças do grupo e com a escola e estabeleçam parcerias para a brincadeira e a aprendizagem.

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Nesse momento, nossa tarefa é acompanhá-las e desafiálas de forma gradual e contínua, para que cada criança:  conquiste independência crescente com relação à sua

higiene e aos cuidados com os objetos de uso pessoal e coletivo;  conheça,

compreenda o sentido, proponha, discuta,

respeite e exija o cumprimento dos combinados do grupo e das regras de convívio social e institucional;  recorra cada vez mais à linguagem verbal para narrar

fatos significativos e resolver conflitos, conquistando a possibilidade de expressar seu pensamento de forma coerente e de exercitar sua capacidade de argumentação e negociação;  disponha-se a brincar em grupo, partilhando enredos,

rodiziando papéis, dividindo materiais e seguindo regras;  construa conhecimentos sobre o mundo, compartilhando

saberes

e

posições,

descobertas, expressando suas ouvindo

os

colegas

e

ideias

ampliando

e

seus

interesses;  desenvolva

respeito

e

tolerância

para

com

as

contribuições e os aprendizados de cada um no grupo;  perceba

as

diferentes

formas

de

comunicação

do

pensamento e dê importância à qualidade de suas representações nas diferentes linguagens – plástica, textual (oral ou escrita) e matemática.

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1º ano – A organização pessoal e grupal para o aprendizado Nessa idade, as crianças apresentam maior flexibilidade de pensamento para perceber as diferentes opiniões. Interessandose pelo pensamento científico, podem aprofundar a pesquisa nos projetos de estudo e tolerar a diversidade e a permanência das questões, que motivam novas aprendizagens. Nosso trabalho possibilita que a criança:  integre-se ao grupo, tomando iniciativas para articular-

se com os demais na construção de conhecimentos, criação de brincadeiras e solução de problemas;  responsabilize-se pelas tarefas em sala de aula e em

casa, assim como pelos materiais escolares;  conquiste maior independência para o trabalho individual

e coletivo;  compartilhe conhecimentos e descobertas, expressando

suas

ideias

de

forma

coerente

e

exercitando sua

capacidade de argumentação;  valorize o próprio pensamento e o de cada um no grupo,

desenvolvendo tolerância com os próprios erros e os dos outros;  evolua em sua capacidade de expressão nas diferentes

linguagens;

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 no aprendizado da leitura, escrita e matemática, busque

compreender e se aproximar das formas socialmente convencionadas.

Formação de Grupo e Sociabilidade

A entrada na escola: pertencer a um novo grupo Esse primeiro ciclo da escolaridade configura um período de transição da casa para a escola e de experiência das primeiras sistematizações coletivas das aprendizagens individuais. O cuidado com essa passagem vai permitir a confiança necessária entre família e escola para que a criança possa ampliar seus vínculos, criar recursos para lidar com as novas situações que se apresentam e viver uma nova experiência: a de integrante de um grupo cuja tarefa comum é a aprendizagem. Nosso investimento é

para que

as

crianças

possam

constituir vínculos conosco e com os colegas e conquistem a possibilidade de sentir-se seguras para conviver e aprender em grupo. Ter o sentimento de pertencer a um grupo vai favorecer que, gradativamente, disponham-se a construir conhecimentos em conjunto, expondo seu pensamento, ouvindo o dos demais, contribuindo

e

aceitando

contribuições

à

formulação

reformulação de perguntas e ideias. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014

e


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Adaptação e rotina Um processo de adaptação cuidadoso é o que garante uma boa continuidade da vida escolar. O primeiro momento desse processo é constituído pelo tempo que cada criança necessita para despedir-se de seus pais ou substitutos e confiar no adulto que vai acompanhá-la na escola. A confiança entre a família e a escola se estabelece, nesse momento, na medida em que avaliam, juntas:  se a criança está tranquila para despedir-se;  se está controlando a presença do adulto que a trouxe para a escola, mas já tem condições de se separar, mesmo que chore um pouco;  ou se continua necessitando do referencial de segurança desse adulto conhecido para conseguir entrar em contato com a possibilidade de confiar no(a) professor(a) e com as propostas de atividades escolares. Tentar ajustar as escolhas nesse sentido é fundamental para que a criança se fortaleça, já que não acolhê-la o suficiente pode levá-la a sentir-se desamparada, enquanto exagerar no acolhimento é como não confiar na sua capacidade de separar-se e estabelecer novos vínculos. A adaptação a um grupo inteiramente novo é sempre a mais difícil, porque a criança que entra na escola não encontra um grupo

de

referência que

demonstra apropriação e

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segurança para vivenciar cada momento da rotina. Ao ingressar em um Grupo Interidades ou no 1º ano, o fato de parte do grupo já conhecer a escola e a rotina auxilia muito o processo de adaptação, pois a rotina fica mais organizada e a participação do grupo nas propostas dá uma referência de possibilidade de participação a quem chega. A partir dos 5 anos e no 1º ano, a adaptação costuma ser mais rápida, pois as crianças têm, a partir de sua referência anterior de escola, propensão a confiar em nossos cuidados; se necessário, no entanto, a adaptação é realizada gradualmente. Alguns procedimentos básicos podem ser seguidos, no caso das crianças com uma necessidade maior de investimento nesse período inicial:  uma tentativa de que, a partir do segundo dia de aula, fiquem na escola ao menos um pouco de tempo apenas com

o

acompanhamento

do(a)

professor(a),

e

progressivamente um período um pouco maior, para que possam criar vínculo a partir de seus cuidados;  um cuidado, por parte dos(as) educadores(as) que se ocuparão

da

criança,

de

adaptar

as

regras

e

a

necessidade de participação, acolhendo sua forma de aproximar-se gradualmente desse novo universo;  e um investimento no sentido de que os pais ou substitutos saiam do espaço escolar confiantes de que a criança será cuidada e respeitada, o que inclui contratos claros sobre chamá-los a virem buscá-la antes do horário em caso de pedido insistente, choro persistente ou Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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intenso, bem como de transparência no relato de sua estadia

conosco

e

de

nossa

avaliação

quanto

à

continuidade do processo de adaptação. É importante que os pais ou substitutos sempre se despeçam da criança, em qualquer circunstância, pois quando saem sem que ela perceba a fim de evitar o choro, o resultado costuma ser um choro mais desesperado quando ela se vê sozinha e, por vezes, a recusa a voltar à escola ou mesmo a soltar-se de novo do corpo dos pais para brincar. Mesmo que seja difícil separar-se e aceitar os cuidados de outro adulto em outro espaço, a confiança de que estamos partilhando com ela honestamente nossas intenções e ações é o que vai lhe permitir a segurança necessária para prosseguir, rápida ou vagarosamente. A adaptação de uma criança na sua primeira escola é sempre uma situação muito nova e delicada; se é uma primeira experiência também para a família, o momento exige ainda maior atenção, já que o processo envolve todos e é preciso sensibilidade para entender em que momento já há um vínculo de confiança suficientemente estabelecido para que um familiar se despeça e deixe sua criança conosco. Avaliamos, em muitos casos, que a criança fica bem se a família se despede e vai embora com certa tranquilidade pautada na confiança nos(as) educadores(as)/na escola. Destacamos a importância do acompanhamento próximo da Orientação Pedagógica nesse momento, colaborando para a troca de informações, tentativas comuns de compreensão das situações apresentadas, elaboração de

novas

estratégias e

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intervenção com as famílias para retomar combinados, esclarecer e legitimar o sentido de nossas ações e propostas, quando necessário,

para

que

os(as)

professores(as)

fiquem

mais

disponíveis para as adaptações e os cuidados com o grupo. Realizada a despedida, tem início um segundo momento do processo de adaptação, tempo necessário para que a criança adquira familiaridade e segurança diante das situações escolares, criando recursos para lidar com elas de forma cada vez mais independente. É importante, nesse sentido, que a criança se aproprie concretamente do espaço da sala de aula e vivencie uma rotina que lhe permita prever os eventos de sua vida escolar. Aquilo que se

repete

cotidianamente

experiência/convivência

da

com

criança

significado e

do

grupo

para

a

garante

a

conquista gradual de confiança para o enfrentamento do que é constantemente

novo

as

relações,

a

brincadeira,

as

experiências, o aprendizado. Citando apenas algumas formas mais comuns, mas não obrigatórias, de apropriação do espaço, temos:  a nomeação dos cabideiros, dos escaninhos e pastas de desenhos, dando a cada criança um lugar próprio para pendurar

sua

mochila,

identificar

e

guardar

seus

pertences no contexto do grupo e na organização do espaço da sala de aula;  e quadros com fotos de todas as crianças do grupo, listas com seus nomes e formas de registro de todos os momentos

da

rotina

(fotos,

símbolos

escolhidos

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coletivamente

ou

desenhados

pelas

crianças

e/ou

palavras). Como uma das formas mais comuns de organização da rotina, temos por exemplo, na sequência, um momento de brincadeiras ou de atividades de escolha na hora da entrada; roda de conversa coletiva sobre a rotina do dia e a verificação dos registros do grupo (presença, calendário etc.); atividade; lanche; parque; atividade; roda de história; e organização para a saída. Dependendo da faixa etária e do número de alunos novos, é importante inserir também um grande número de idas coletivas ao banheiro, até que todas as crianças tenham adquirido independência para ir sozinhas ou para solicitar companhia ou ajuda. Como “atividades” do dia, podemos inserir aos poucos diversas propostas de artes, narrativa oral, leitura, escrita, jogos, registros numéricos, música etc. Essas propostas promovem variações na rotina cercadas por atividades que se repetem todos os dias, dando parâmetros para as crianças sobre a passagem do tempo na vida escolar (entrada e roda, lanche e parque, história e saída). Em processos de adaptação mais sensíveis, em função de particularidades

ou

necessidades

especiais,

por

vezes

é

necessário que antes de propor a apropriação do espaço e solicitar o conhecimento e o cumprimento de rotinas ou rituais, o(a) professor(a) se disponha a uma dedicação que pode chegar a ser praticamente exclusiva a uma criança. Desse modo, a partir do vínculo assim estabelecido, que garante um acolhimento às Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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suas necessidades ou reproduz o tipo de vínculo que ela vinha mantendo com quem costumava cuidar dela, poderá confiar no adulto para ser trazida gradativamente à convivência em grupo. A entrada em um grupo justifica que uma criança se mostre mais dependente, mais controladora, mais insegura, mais exclusivista do que é em casa ou era em outra escola ou contexto, e devemos ter a tranquilidade de saber que todas as informações a esse respeito nos permitem a ciência de onde queremos chegar, mas não devem nos fazer ter pressa de corresponder a nenhuma expectativa, pois vínculo e confiança exigem investimento. Um(a) professor(a) sabe quando seu vínculo

com

uma

criança

permite

fazer-lhe

exigências

de

separação, espera, independência e participação, e quando tem pressa, o processo de adaptação se prolonga. Deve então se sujeitar, inicialmente, ao controle de uma criança que precisa disso para confiar que seu(sua) professor(a) é capaz de identificar e acolher sua necessidade, e com isso garantido, ela pode mostrar que já cresceu e seguir em suas conquistas. Nessas situações, é fundamental a conversa com o restante do grupo sobre as necessidades que a criança nova está apresentando e sobre nossa avaliação da necessidade de acolhêla para que possa se adaptar e seguir aprendendo conosco, assim todos podem compreender as diferenças de acompanhamento entre uma criança e outra, de acordo com o que cada uma precisa.

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Atividades de escolha O momento de atividades de escolha é proposto quase diariamente, em geral na hora da entrada, para que as crianças escolham

ao

que

querem

se

dedicar

dentre

algumas

possibilidades de atividades, que podem ser de uma mesma ou de diferentes áreas curriculares, como Artes, Matemática e Português – leitura ou escrita. Isso favorece nossa observação das interações espontâneas e as escolhas pessoais das crianças para planejarmos formas de acompanhá-las – como intervenções para que participem, experimentem novas propostas e socializem descobertas – e diferentes desdobramentos para as atividades. Os momentos de atividade de escolha são propícios à integração entre as crianças de Grupo Interidades e de 1º ano, e entre as crianças de 1º e 2º ano, quando elas se reúnem por afinidade em torno de propostas oferecidas em uma ou mais salas, pelas quais circulam livremente. Lição de classe e de casa As crianças fazem lição na escola e levam lição para casa. A lição é uma atividade tipicamente escolar e muito importante. Chamamos de lição uma atividade de produção gráfica que, na escola, as crianças vão fazer normalmente sozinhas ou em duplas, discutindo possibilidades, e em casa vão fazer sozinhas, ou eventualmente com a colaboração dos pais, para depois trazer e socializar. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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As lições fazem parte da nossa rotina, são opcionais para quem tem 3 anos e propostas para a faixa de 4 a 6 anos. Têm como objetivos que as crianças:  realizem

desafios

matemática

de

(sistema

leitura,

desenho,

numérico,

escrita

medidas

e e

representação espacial);  realizem desafios de coordenação motora fina;  aprendam a colaborar entre si nas execuções em classe;  disponham-se a realizar propostas sozinhas, em casa;

verifiquem

o

que

conseguem

produzir,

retomando

atividades experimentadas na escola; e posteriormente socializem no grupo suas escolhas, resultados, possíveis dúvidas ou dificuldades;  criem o hábito de levar uma tarefa da escola para fazer

em casa e o gosto por compartilhar com o grupo suas produções pessoais, aprendendo a contribuir com um ambiente de respeito, curiosidade pelas diferenças, troca de ideias e colaboração;  criem em sua rotina a organização necessária para levar

a pasta de lição para casa, realizar a tarefa e trazer a pasta de volta no dia combinado;  apreciem individual e coletivamente os resultados do

investimento e do capricho na execução das tarefas;  valorizem os compromissos assumidos coletivamente.

Costumamos propor uma lição de casa e uma ou duas de classe por semana, e as crianças de 3 anos normalmente optam por realizá-las, o que por vezes é como uma brincadeira de fazer Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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lição que as aproxima do universo dos maiores. No 1º ano, as crianças passam a realizar a lição de casa duas vezes por semana no 2º semestre. O interesse pelas lições está ligado à curiosidade pelo universo da leitura e do registro; ao prazer que descobrem quando aprendem coisas enfrentando os desafios propostos; e à relação entre estes e aspectos significativos tratados em grupo – o nome dos colegas, as regras de jogos, os temas de estudo, as listas de objetos para uma brincadeira ou atividade, a idade dos alunos etc. As

lições,

evidentemente,

não

são

corrigidas,

mas

socializadas, e por vezes dão início a boas conversas sobre estratégias de leitura ou sobre formas de representação gráfica, de escrita ou de registro dos números, trazendo a oportunidade de as crianças compartilharem resoluções, estratégias e hipóteses distintas. As lições de casa promovem um intercâmbio de conteúdos entre a casa e a escola, incentivam o compromisso com as tarefas combinadas em grupo e criam um vínculo saudável com o fato de se fazer lição em casa, ou seja, de se ter um espaço em casa para produzir ou pesquisar e trazer novos elementos que enriqueçam o aprendizado na escola. A participação dos pais nas lições de casa é importante para garantir a responsabilidade para com as tarefas, a escolha de lugar e momento adequados em casa para a realização das atividades, a disponibilidade e o acesso ao material necessário, o apoio para que as crianças retomem o enunciado e se disponham a realizar o desafio como sabem ou Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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conseguem, o auxílio quando pedido no enunciado e uma orientação para a organização do material ao término da tarefa, incluindo o cuidado para que a pasta de lição volte para a escola no dia combinado. Procuramos combinar com as crianças que as lições devem ser feitas sem outro tipo de ajuda, mas sabemos que isso nem sempre é possível, seja por uma dificuldade específica, seja porque algumas crianças não abrem mão do auxílio dos pais. É preciso considerar que a lição de casa é um desafio importante nessa etapa, pois além de ser o momento em que a criança vai refletir individualmente a respeito do que vem sendo trabalhado em sala, é também a situação em que os pais – e as crianças – muitas vezes se deparam com respostas (saberes, conhecimentos) que podem considerar insuficientes do ponto de vista da expectativa de uma produção convencional, o que por vezes gera preocupação. Os pais têm dúvida se devem ou não intervir para que a criança chegue a uma resposta “mais correta”, e as crianças podem expressar esse desejo porque não querem errar. Embora seja explicitado que as crianças podem trazer a lição sem fazer para discutir sua dúvida ou expressar por que não conseguiram realizá-la, costumamos orientar as famílias que, no caso de uma criança ficar muito preocupada ou a lição se tornar um grande impasse para as relações, os pais podem contribuir para a realização da tarefa, sendo importante apenas que avisem os(as) professores(as) para que possam conversar com as crianças a esse respeito e entender as diferentes necessidades, caso a caso. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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Alimentação O momento do lanche é precioso nessa faixa etária. Os adultos, quando se sentam para comer, são uma referência para as crianças quanto às atitudes esperadas à mesa e à nossa relação com os alimentos. Do que e como nos alimentamos traz também informações sobre a nossa cultura, localização geográfica e estação do ano que as crianças aos poucos assimilam e aprendem. Uma alimentação diversificada é fundamental para o crescimento saudável, de forma que é importante que as crianças experimentem o que é oferecido e escolham sempre algo para comer – um pouco de suco, um pedacinho de fruta ou cereal. Elas não devem ser obrigadas a comer, mas devemos oferecer uma diversidade de alimentos e intervir para que experimentem. O apetite e o paladar são variáveis e particulares de cada um, portanto devemos estar sempre atentos(as) às necessidades e demandas de cada criança. Cabe ao(à) professor(a) observar como cada criança reage aos diferentes tipos de alimento e tentar interagir da melhor forma para que sintam prazer no ato de comer. Quando

as

crianças

não

aceitam

nenhum

alimento,

devemos pedir que experimentem algum. Como exceção, a escola tem sempre uma opção, recurso que precisamos utilizar com cautela, já que algumas crianças tendem a acomodar-se e com isso comer sempre a mesma coisa. A opção tem que ser básica (como banana ou maçã, suco de laranja e bolacha de água e sal Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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integral), para garantir aceitação e não despertar mais vontade do que o lanche variado oferecido diariamente. A ideia é que quando gostamos de algum alimento, repetimos, sem comer demais; quando não gostamos muito, comemos um pouco para nos alimentar e acostumar nosso paladar a diferentes sabores; e quando realmente não gostamos ou algo não nos faz bem, recusamos, o que em geral ocorre apenas raramente. Quando os(as) professores(as) se sentam, mantêm uma conversa calma e comem junto com as crianças, preparando as frutas que precisam ser cortadas na hora e incentivando-as a experimentar o que é servido ou a escolher ao menos algo para comer um pouco, colaboram para o estabelecimento do hábito de uma boa e prazerosa refeição. Há muito a cuidar, se dermos a mesma importância ao refeitório que à sala de aula: observar, planejar e avaliar intervenções para que as crianças comam com tranquilidade, respeitem os colegas e as regras, não desperdicem alimentos e colaborem com a organização do espaço, antes e depois de comer. É preciso dedicar tempo para que elas comam devagar e esperem que todos terminem antes de se levantar, considerando o caráter coletivo e o prazer de partilhar uma refeição.

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Independência De acordo com a diretriz proposta sobre a conquista crescente de independência, consideramos que cabe à escola, a partir de sua observação e avaliação, deixar que cada criança tente e faça sozinha todas as ações do cotidiano relativas à sua higiene e troca de roupas; à organização e manuseio de seus materiais pessoais, como colocar a agenda na mesa do(a) professor(a) ao chegar à escola e guardá-la na hora de ir embora, por

exemplo;

à

organização

dos

materiais

utilizados

nas

brincadeiras e atividades; à organização do refeitório; e à participação na preparação de alimentos simples. Embora os termos independência e autonomia sejam por vezes utilizados como sinônimos, escolhemos, para marcar uma diferenciação

intencional,

o

termo

independência

para

as

conquistas relativas a ações cotidianas e de cuidado consigo, com o outro e com os objetos, enquanto reservamos o termo autonomia para o exercício e a conquista gradual de autonomia moral e intelectual. Dois aspectos básicos influem em nossa avaliação dos desafios necessários a cada criança: a condição que ela apresenta para executar as ações propostas, com ou sem ajuda, e a disponibilidade para fazê-lo, que pode sofrer alteração em função de sono, convalescença ou de um momento de insegurança próprio das oscilações do crescimento.

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De maneira geral, as crianças gostam de conquistar independência e se sentem orgulhosas de seus aprendizados, bem como felizes com nossos elogios, demonstrando que é importante para elas corresponder à expectativa dos adultos aos quais se vinculam afetivamente. Há momentos, no entanto, em que demonstram sentir-se frágeis, e é quando fazermos por elas o que já sabem fazer sozinhas tem o significado de um colo, de um acolhimento, por vezes justo e necessário. Em outros momentos, parece imperar a necessidade de controle sobre o adulto, obrigando-o a fazer por elas essas mesmas ações, embora com um significado diferente: disputar poder, fazer valer a sua vontade. O limite do adulto, nessas situações, é importante, pois as crianças acabam investindo a sua energia nessa disputa em vez de se entreterem com as brincadeiras e descobertas características de sua idade. Fazer por elas o que já podem fazer sozinhas é, nesses casos, submeter-se a uma vontade imperiosa, e mesmo que nossa intenção seja querer protegê-las da dor da frustração de ter que aceitar um limite, isso acaba por não ajudá-las a crescer, ou seja, a se separar, a aceitar que os adultos possam se ocupar com seus próprios afazeres enquanto elas se ocupam dos seus e a recuperar sua constante e prazerosa conquista de independência. É necessário, por vezes, que escola e família tentem uma leitura comum e escolham uma forma possível de intervenção. O que achamos que uma criança mais precisa? Um colo, como se disséssemos: “Calma, é difícil mesmo, mas eu estou com você, vou te proteger e quando você se sentir segura, você tenta de Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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novo”? Ou um limite, com o significado de um corte mesmo, como: “Já chega, você não precisa disso, dá conta sozinha – e depois vamos nos orgulhar juntos”? Se nossa escolha estiver correta e agirmos em conjunto, em breve essa criança voltará a investir na brincadeira, na interação com seus

pares, na

experimentação e na aprendizagem. Um aspecto importante da conquista de independência diz respeito ao uso do banheiro. As crianças aprendem a controlar a musculatura esfincteriana para segurar e soltar seu xixi e cocô no momento e lugar adequados para corresponder a uma solicitação nossa, à expectativa do adulto. O aprendizado do uso do banheiro precisa, assim, envolver demandas claras, conforme a faixa etária e as possibilidades de cada criança. Esse aprendizado abre espaço, como outros aspectos do crescimento e da conquista de independência, para desafios e demonstrações de poder, do tipo “Faço o que quero quando quero e ninguém manda em mim”, o que precisa ser enfrentado com firmeza. Passado o primeiro momento de conquista do controle e quando o uso do banheiro tornou-se um hábito de criança crescida, é preciso ainda investir na conquista do manuseio da roupa, da limpeza com papel higiênico ou similar, do uso da descarga e da habilidade para abrir e fechar a torneira, ensaboar, enxaguar e enxugar as mãos. Algumas crianças logo acham que já sabem fazer tudo isso e não querem a nossa ajuda, mas realizam essas ações sem eficiência, cuidando de forma inadequada de sua higiene, o que pode provocar assaduras ou doenças. Outras já têm habilidade Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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para essas ações, mas esperam pela intervenção do adulto por hábito, falta de treino ou, novamente, para obter nossa atenção sem necessidade. É importante que os(as) professores(as) acompanhem as crianças no uso do banheiro para definir formas de intervenção com cada uma e estabelecer limites ou desafios para que aos poucos adquiram independência com eficiência. A maioria das crianças conquista o controle da musculatura dos esfíncteres em torno dos 2 anos de idade e só vai adquirir independência no uso do banheiro por volta dos 5 ou 6 anos, portanto devemos ter constante atenção para esse aprendizado. A conquista de independência envolve habilidades motoras que são exercitadas e conquistadas também nos jogos corporais, em atividades que geralmente despertam grande prazer nas crianças. É sempre importante investir para que os mais cautelosos se arrisquem e os mais atirados tenham cuidado e exercitem o domínio de seus movimentos para subir, descer, trepar, girar, impulsionar o corpo no balanço, escorregar, pular corda etc. com segurança e independência. As conquistas, nesse âmbito, são sempre muito festejadas e motivo de muito orgulho. Autonomia Para marcar uma diferenciação intencional do trabalho relativo à conquista de independência e enfatizar a importância do trabalho aqui abordado, reservamos o termo autonomia, Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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conforme exposto anteriormente, para as questões relativas ao exercício e à conquista gradual de autonomia moral e intelectual. Participar e pertencer a um grupo, na escola, pautado em valores como amizade, respeito e colaboração, é um desafio e uma construção constante, que necessita da observação e intervenção dos(as) educadores(as). As crianças, de início, vão conhecer as regras próprias de funcionamento desse grupo. Há regras explícitas, como o que se pode ou não fazer em cada momento, espaço ou em relação aos demais, e regras implícitas, relativas à dinâmica do grupo. Nesse âmbito, começam a perceber as reações do(a) professor(a) a diversas situações, por exemplo quando incentiva, se diverte ou impõe limites, bem como as reações das outras crianças, que interagem em brincadeiras e observações sobre as ações, mas também disputando a atenção do(a) professor(a), espaços e objetos, de forma mais ou menos agressiva. As crianças vão então criar recursos para lidar com as diversas situações observando, acatando, tentando compreender, desafiando e/ou transgredindo as regras estabelecidas, formas legítimas que dispõem para fazê-lo. Enquanto algumas regras que não podem ser postas em discussão serão reafirmadas em situações de imposição de limites e explicações para justificá-las, como é o caso, por exemplo, de não se colocar ou colocar o outro em situação de risco, ou de respeitar os outros grupos e pessoas que partilham o espaço escolar conosco, outras regras, relativas ao convívio social interno Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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ao grupo ou à sua experiência nos espaços coletivos da escola, podem e devem ser discutidas coletivamente. Não podemos discutir se podemos ou não correr e gritar no corredor da escola em frente a uma classe onde os alunos estão tendo aula, mas podemos discutir se podemos ou não correr e gritar na nossa sala de aula e em que momentos isso pode acontecer. No âmbito do convívio interno, podemos debater e resolver juntos muitas coisas, como, por exemplo, um critério de ordem quando mais de um aluno quer fazer a mesma coisa, como levar um livro para casa, sair primeiro da sala para ir a outro espaço, mostrar seu brinquedo na roda de conversa, mostrar uma produção ao grupo etc. No âmbito do convívio do grupo nos espaços coletivos, é possível também debater e propor, a outros grupos ou adultos que trabalham na escola, mudanças nas regras ou formas de organização estabelecidas, relativas, por exemplo, à maneira como o lanche é servido, a formas de partilhar o espaço do parque ou de manter guardados os brinquedos desse espaço. Ser capaz de estabelecer regras e cumpri-las, verificando que isto garante um espaço bom de brincadeiras e descobertas, permite que as crianças percebam que elas representam acordos coletivos, que devem ser seguidos enquanto não são propostos e acordados outros melhores, e adquiram a noção de que, ao mesmo tempo em que nos impõem limites, essas regras nos dão a possibilidade de confiar nos outros e conviver no ambiente coletivo com segurança. Propiciar que as crianças se tornem autônomas têm íntima relação com essa construção, processo no qual são convidadas a Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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conhecer, compreender o sentido, propor, discutir, respeitar e exigir o cumprimento dos combinados do grupo e das regras de convívio social e institucional, conforme uma das diretrizes propostas. Esse mesmo processo deverá ocorrer com relação à aprendizagem. A possibilidade de conviver no ambiente social com segurança vai permitir que a criança conquiste confiança também como aluno, aprendiz. Pertencer a um grupo implica que ela pode, naquele contexto, expor seu pensamento, ouvir o dos demais,

contribuir

e

aceitar

contribuições

à

formulação

e

reformulação de explicações, questões, hipóteses e concepções. Quando passam a integrar um grupo na escola, algumas crianças se mostram mais inseguras ou centradas em si mesmas, dispondo-se pouco a partilhar seus conhecimentos e ideias, enquanto outras se mostram extremamente seguras ao afirmar suas verdades, parecendo acreditar que já sabem sobre tudo. Essas posições enfraquecem a troca necessária à construção coletiva de conhecimento, o que compromete a aprendizagem. A omissão das ideias empobrece o rol de dúvidas, explicações, hipóteses, reformulações etc. do grupo; quem se omite acaba, por vezes, acatando as ideias dos demais sem crítica ou contraposição às próprias ideias; e quem acha que já sabe nem sempre abre espaço para de fato rever suas concepções diante das ideias dos colegas ou mesmo das pesquisas realizadas. Cabe à escola intervir em relação ao lugar de cada um no grupo, no sentido de possibilitar que as crianças percebam que cada contribuição

é

única,

singular, diferente

e,

portanto,

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014

é


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importante ser considerada pelo grupo em suas investigações –, bem como no sentido de possibilitar que se tornem capazes de se expor

e

reformular

seus

conhecimentos

e

concepções,

socializando seu percurso e descobertas. Todos estão aprendendo na escola e é necessário buscar coerência entre o domínio dos conteúdos e as atitudes e escolhas que se relacionam com o próprio aprendizado e o dos outros. Se a prática educativa deve promover a formação de pessoas autônomas e solidárias, capazes de mobilizar seus conhecimentos para construir uma visão de mundo crítica, posicionar-se e intervir

a

partir

dela,

é

fundamental

que

nossos

alunos

estabeleçam desde o início, em sua experiência, essa coerência, e desenvolvam respeito e tolerância diante dos saberes, dos pontos de vista e dos posicionamentos defendidos por cada um no grupo. Acreditamos que esse lugar do sujeito da aprendizagem precisa ser construído ao longo da experiência escolar dos alunos e que um bom trabalho nesse sentido colabora para que se crie o gosto pela descoberta, a tolerância com o erro – o próprio e o do outro –, o reconhecimento do valor de cada um. Ter as próprias ideias respeitadas e respeitar as dos demais é essencial na experiência humana de pertencimento a um grupo e, portanto, à aprendizagem.

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Resolução de conflitos Uma parte importante das regras e dos combinados do grupo é a que rege a resolução de conflitos. A experiência com grupos heterogêneos na Educação Infantil, que integram crianças de 3 a 5 anos – e os maiores já com 6 anos no 2º semestre de cada ano letivo –, mostra que a presença dos maiores torna mais fácil para o grupo reger ou regular a resolução de conflitos, e o convívio escolar, portanto, fica mais ameno e agradável para todos. Os mais novos ou mais imperativos costumam mostrar-se mais exigentes quanto à satisfação imediata de seus desejos relativos a um brinquedo ou a uma determinada forma de brincadeira ou interação, e também mais impulsivos ao utilizar os recursos que possuem para conseguir o que querem – tomar, empurrar, bater, chutar, morder. Em grupos só de mais novos, que reúnem muitas crianças mais imperativas, está feita a confusão! Os maiores e mais afeitos à segurança proporcionada pelas regras, por seu lado, tendem a assumir a proposta e organização de brincadeiras mais estruturadas, que muito interessam aos menores. Isso, por si, diminui a incidência de conflitos. Quando eles surgem, porém, de maneira geral os maiores têm mais recursos para uma solução negociada ou para chamar o(a) professor(a) diante de impasses, antes que a tentativa de solução entre as crianças se torne agressiva. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


51

Os

maiores

costumam

também

reagir

de

forma

veementemente indignada diante da agressão de outra criança, pois aceitam abrir mão de infringir regras para obter o que querem em nome da segurança de que outros não farão isso com eles, de forma que recusam a utilização dessas atitudes, chegando

a

manifestar

que

não

desejam

brincar

com

determinada criança se ela continuar fazendo aquilo que não aceitam. Esse limite, imposto por um colega, tem uma enorme força na regulação dos conflitos, pois é em nome do desejo de participação nas brincadeiras e de manutenção dos vínculos que as crianças mais impulsivas conseguem mobilizar recursos para conter-se. Algumas regras são claras, geradas pelo princípio de que, na escola, as crianças precisam respeitar o adulto, as outras crianças e as situações de aprendizagem propostas. Nesse sentido, não é permitido tirar objetos da mão do outro sem pedir, agredir fisicamente, pegar para si o que pertence a outro ou à escola, rasgar os materiais utilizados nas atividades etc. Outras regras, no entanto, envolvem questões subjetivas, que exigem debate e sofrem interferência de diferentes razões ou circunstâncias. Quem manda na brincadeira? Vale a mesma criança mandar o tempo todo? Uma criança tem o direito de dirigir-se para o lanche de mãos dadas sempre com o mesmo colega? Quem propõe uma brincadeira tem o direito de escolher quem pode participar ou não? Uma criança pode impedir que outra se sente ao seu lado na roda de conversa? Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


52

As crianças, além disso, abandonam as agressões físicas e, antes que possamos nos aliviar, passam a utilizar agressões verbais. Xingam-se e trocam ameaças, como “Eu não brinco mais com você” ou “Você não vai mais na minha casa”, e por vezes choram como se isso doesse mais do que um pontapé. Soma-se a isso o fato de que as crianças dizem o que pensam sem considerar como se sentiriam se estivessem no lugar de quem as está ouvindo, comentando, por exemplo, que o desenho de um colega está horrível ou que o cabelo de um colega, que chegou com um novo corte, está ridículo. As crianças não precisam ser amigas de todas as demais, nem convidar todas igualmente para ir à sua casa, nem contar segredos distribuindo-os de forma equilibrada aos colegas... Na escola, porém,

não podem

excluir intencionalmente

outras

crianças de suas brincadeiras e precisam aprender a manter atitudes

respeitosas,

com

discrição

quanto

a

convites

e

confidências particulares. Uma coisa é não convidar um colega, outra é dizer que não vai convidá-lo, ou que está convidando o outro colega pela terceira vez, em detrimento dele. Uma coisa é não contar um segredo, outra é contar na frente de um colega, sem deixá-lo ouvir, ou lembrar que compartilha com o outro um segredo que ele desconhece. Isso, que parece uma obviedade, é uma sutileza que precisa ser aprendida. Acreditamos que a intervenção do adulto, em todos esses aspectos, é fundamental, explicitando as regras, apoiando a verbalização dos incômodos e a imposição de limites entre as próprias crianças, abrindo espaço para conversas sobre as Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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questões mais subjetivas – que dependem do incômodo que as situações geram em cada um no grupo e exigem acordos particulares – e mostrando indignação diante de comentários ou atitudes que, mesmo sem a intenção, são desrespeitosos ou magoam. As crianças não precisam ter medo do adulto para conter seus impulsos e aprender a agir de forma respeitosa com os demais, e nem é isso que queremos, já que, dessa forma, agiriam conforme seus impulsos caso um adulto não estivesse por perto e acreditassem que ele não viria a ter conhecimento. Uma conversa calma e séria sobre como são tratadas por nós, que as educamos para tratarem os demais com respeito, mostrando indignação por atos que consideramos desrespeitosos e agressivos, nos revelou ser o melhor caminho, confiando na necessidade que as crianças pequenas têm de corresponder às expectativas e se sentir aprovadas pelos adultos com os quais mantêm vínculos de confiança. Mesmo as crianças mais difíceis, que parecem não se importar com o que dizemos, sentimos ou pensamos, e que defendem firmemente seu direito de fazer o que querem, aprendem gradualmente a se conter caso tenham a possibilidade de estabelecer um vínculo saudável com o adulto e se sintam acolhidas no contrato coletivo estabelecido, em troca do prazer de serem queridas no grupo. Algumas crianças, em certos períodos, chegam a precisar ser contidas fisicamente por um adulto. Se o fizermos com firmeza, sem raiva e com a certeza de que estamos contribuindo Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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para que possam conviver em grupo, podemos de fato ajudá-las a se conter, enquanto solicitamos que aprendam a fazê-lo sozinhas. Há crianças que se mostram terríveis, por exemplo quando descem para o parque e batem nos colegas ou perturbam a brincadeira ora de um, ora de outro. Dizemos então que já chega e pedimos que se sentem ao nosso lado para observar como os demais estão brincando de forma respeitosa. E não é que eles se sentam? E só se levantam quando dizemos que podem voltar à brincadeira, depois de se comprometerem a voltar de um jeito mais respeitoso. Isso mostra que mantêm e se importam com o vínculo estabelecido conosco. As conversas com uma criança só não podem virar um sermão. Um sermão é quando o adulto fala sozinho, por vezes com a voz alterada, repetindo tudo aquilo que a criança já se cansou de ouvir, o que a leva a se distanciar afetivamente da situação. Aquele adulto, para ela, é um chato; então ela dá de ombros, suporta ouvi-lo dizer o que quiser e mantê-la afastada da brincadeira, mas depois faz o que quer e ri do desespero do adulto, demonstrando prazer pelo fato de que ninguém a controla. As crianças são muito mais ágeis em nos controlar e não temos por que entrar nessa disputa. Precisamos achar o tom da conversa, que nasce do vínculo que temos com aquela criança, da clareza que temos do que ela precisa aprender e da firmeza de que não vamos abrir mão daquela exigência. É como se disséssemos: “Gosto de você e vou continuar gostando, então não vou deixar que estrague isso, que Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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me faça ficar com raiva tendo atitudes agressivas em relação a mim ou aos demais”. Em geral a conversa basta, mesmo que precise ser repetida muitas vezes em circunstâncias similares. Algumas situações de contenção física podem ser também necessárias. Se, nesse processo, avaliamos que o vínculo estabelecido é frágil e que as intervenções

não

têm

resultado,

ainda

que

gradual,

é

fundamental buscar orientação especializada. O olhar e a intervenção do(a) professor(a) são importantes nesse processo. Se o(a) professor(a) deixa passar situações de ofensa, injustiça, exclusão, mesmo que não intencionais, sem intervir, esses modos de relação vão se estabelecendo entre as crianças. A conversa constante com as crianças, coletiva e individual, a partir da reflexão do(a) professor(a) sobre as atitudes e necessidade de aprendizado de cada uma, é que vai garantir

um

avanço

do

grupo

na

questão

da

gestão

e

autorregulação dos conflitos próprios da convivência de forma amistosa, solidária, respeitosa, ética.

Metodologia de Trabalho (problematização) Para que as crianças experimentem, desde o início, a aprendizagem como um processo coletivo, que se constrói com a participação de cada um, a abordagem dos conteúdos curriculares tem íntima relação com a brincadeira e com a conversa em Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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grupo,

nas

quais

elas

expressam

seus

conhecimentos

e

sentimentos a respeito de suas relações com os demais e sobre os fatos e acontecimentos que acompanham ao observarem a vida e os afazeres das pessoas mais próximas ou as notícias sobre o mundo. A observação das brincadeiras das crianças nos permite propor conversas e leituras sobre os temas abordados no sentido de ampliar o repertório comum e investir em formas de o grupo interagir

cada

vez

mais.

conhecimentos

e

das

conjuntamente

novos

A

partir

da

socialização

contribuições

de

materiais

situações

e

todos,

dos

investigamos que

possam

incrementar o próprio jogo, tanto nos temas que surgem espontaneamente

como

naqueles

que

as

crianças,

com

a

intermediação do(a) professor(a), vão sendo capazes de sugerir e se organizar para experimentar. Conforme

o

grupo

se

constitui

e

pode

partilhar

conhecimentos, concepções, explicações e hipóteses, é possível começar a definir questões propícias à investigação

e ao

aprofundamento do aprendizado. Aliar brincadeira, leitura, conversa e investigação é o que nos permite, nessa faixa etária, contar com o envolvimento das crianças no aprendizado dos diversos conteúdos curriculares, já que se vinculam a aspectos que as instigam e as mobilizam diante da necessidade que estão expressando de partilhar e prosseguir em seu processo de questionamento, investigação e aprendizagem. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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A pesquisa em diferentes fontes, a elaboração de uma narrativa oral, de registros gráficos e escritos sobre o processo de estudo e o conteúdo pesquisado, realizados pelas crianças e pelo(a) professor(a), permitem a utilização da linguagem como forma de apropriação e expressão do conteúdo de estudo, possibilitando o aprendizado e permitindo, simultaneamente, sua apreensão e aprimoramento. Nesse processo, consideramos importante que as crianças conheçam e utilizem recursos tecnológicos para a pesquisa, o registro e a socialização de seu processo de estudo e dos conhecimentos alcançados, utilizando, sempre que fizer sentido, máquina fotográfica, filmadora, computador e projetor, entre outros recursos. A brincadeira e o faz de conta Quando uma criança entra na escola, sua família e os(as) educadores(as) querem uma porção de coisas para ela: que aprenda, se relacione e se desenvolva de forma saudável. As crianças, no entanto, passado o período de adaptação, vêm à escola para brincar, encontrar-se com seus pares, e é isso que faz gostarem de vir. Consideramos

fundamental

propiciar

situações

de

brincadeira, não apenas para que gostem da escola, mas porque acreditamos que esse é, por excelência, o melhor caminho para

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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um desenvolvimento saudável, para o aprendizado social e cognitivo. São brincadeiras comuns, dos 3 aos 6 anos, jogos de construção, encaixe e quebra-cabeça, jogos corporais e de regras, jogos de mesa – tabuleiro, cartas e similares – e jogos de faz

de

conta.

Embora

possamos

estabelecer

os

diversos

aprendizados que essas brincadeiras possibilitam, e introduzir brincadeiras no repertório do grupo com objetivos a eles relacionados – como o exercício da coordenação motora; o conhecimento de letras e palavras; o conhecimento de números, da sequência numérica, da contagem e de cálculos simples; e as pesquisas relacionadas a diferentes unidades de medida, entre outros –, as crianças não brincam visando a esses aprendizados, mas brincam porque a brincadeira as instiga e as envolve. Vencer desafios

e

aprender,

evidentemente,

tornam

a

brincadeira

instigante e envolvente. Não é possível afirmar que brincam também porque a brincadeira as diverte e proporciona prazer, porque embora isso seja verdade, em contrapartida a brincadeira também as desafia e impõe situações de contrariedade e frustração. Precisam aprender a lidar com os limites das próprias habilidades, com o conflito de interesses, com a competição e a derrota, o que nem sempre é fácil. É comum que as crianças saiam muito chateadas ou até muito bravas de uma brincadeira porque não conseguem realizar determinado movimento necessário, porque a brincadeira não está acontecendo do jeito que elas queriam ou porque estão perdendo um jogo. No entanto, não conseguem manter por muito Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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tempo sua resolução de não brincar mais e em breve estarão lidando novamente com essas situações pelo desejo de envolverse com as propostas, enfrentar e superar desafios, principalmente se contam com o nosso incentivo no sentido de que precisam se dedicar para aprender, mas que vão conseguir. Precisarão aprender a suportar a frustração para seguir em algumas brincadeiras. Quando

brincam,

simultaneamente:

as

crianças

manipulam,

fazem

conhecem

e

muitas

coisas

experimentam

objetos; utilizam objetos para representar outros; investigam símbolos – figuras ou sinais que representam algo; criam enredos que dão contexto às suas ações com objetos reais ou imaginários; aprendem a negociar e lidar com regras; vivenciam ou repetem cenas de seu cotidiano, de histórias ou inventadas, aproximandose assim das atividades das pessoas à sua volta, experimentando suas tarefas e lidando com sentimentos ligados aos enredos escolhidos; muitas vezes se relacionam com outras crianças, em um jogo paralelo (quando sentem prazer ao observar que se divertem com a mesma ação) ou interagindo (quando a ação de cada criança alimenta a continuidade do jogo), e precisam negociar interesses, desejos e conflitos. Muito já se estudou e afirmou sobre a importância, os aprendizados e as elaborações possibilitadas pelas brincadeiras. Para compreender quais questões mais importantes do conhecimento de si, do outro e do mundo mobilizam as crianças de um determinado grupo, é fundamental promover e observar seu jogo de faz de conta, levando a brincadeira a sério. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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O(a) professor(a) propicia e enriquece o jogo quando oferece diferentes elementos para que ele aconteça: tempo, espaço, materiais e a intermediação necessária para a escolha e ampliação de temas e o gerenciamento dos conflitos. A organização de espaços e materiais promove maior investimento

e

interação

entre

as

crianças, como

quando

encontram espaços circunscritos por mobiliários móveis com materiais relacionados a um tema de brincadeira dispostos de modo a sugerir uma atividade, por exemplo, uma brincadeira de fazer comidas, transitar com carrinhos ou cuidar de bichos. Essa organização favorece os jogos espontâneos entre as crianças,

mas

consideramos

importante

que

a

intervenção

dos(as) professores(as) possa ir além, incluindo, conforme a situação, a observação, a interação, a proposta de produção coletiva de material, a socialização de propostas e a intervenção para a participação de alguns, a troca de papéis ou a vivência de jogos mais coletivos, que incluam todos. Uma ótima maneira de observar os jogos espontâneos é interagir

com

as

crianças

no

contexto

do

próprio

jogo,

considerando e assumindo os papéis, falas e ações que estão desempenhando, em uma participação espontânea, prazerosa, que posteriormente permitirá uma importante reflexão sobre o que está envolvido naquele jogo. Observar de perto o que dizem e combinam muitas vezes as inibe e, terminada a brincadeira, já não são capazes ou não querem recuperar e nos contar de que brincavam. No entanto, quando aceitam com prazer nossa Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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interação, expõem com naturalidade o que estão representando, partilhando conosco seu universo de aprendizados e questões. Não mantemos essa interação por todo o tempo, pois é importante dar espaço para que as crianças brinquem sozinhas ou com outras crianças, sem a nossa intermediação. Crianças saudáveis brincam. No entanto, partilhar de suas brincadeiras, mesmo que por breves momentos, provando uma comida deliciosa ou comentando que o médico está demorando para atender um paciente que lê gibi em uma sala de espera, é uma forma de aproximação privilegiada, pela qual legitimamos a experiência do faz de conta e fortalecemos nosso vínculo afetivo e cognitivo com as crianças. Observando

essas

brincadeiras

de

faz

de

conta

espontâneas das crianças, podemos eleger algumas e propor incrementá-las, promovendo a socialização e ampliação

do

repertório do grupo, em conversas, leituras etc., bem como o enriquecimento das situações por meio da escolha ou produção plástica de objetos, vestimentas e cenários. Sem interferir nos enredos

das

possibilitarão

brincadeiras

espontâneas,

o surgimento de

essas

uma nova

intervenções

brincadeira, que

integrará mais o grupo e propiciará maior envolvimento e investimento das próprias crianças. É possível também, a partir dos temas identificados, propor brincadeiras a partir de histórias e personagens conhecidos que envolvam todas

as

crianças

do grupo, promovendo maior

interação entre elas e, quando possível, a troca de papéis, o que Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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muitas vezes precisa ser negociado com a intermediação do adulto. A leitura e a interpretação de alguns estudos sobre a brincadeira têm levado professores(as) dessa faixa etária a deixar de interagir com as crianças, pelo entendimento de que a interferência do adulto modifica e “corrompe” aquilo que é próprio do universo infantil. Sem discordar da importância do respeito a esse universo e do valor que essa visão trouxe no sentido de proteger as crianças de um excesso de controle e diretividade da brincadeira, como se o bom e saudável viesse sempre do mundo adulto

organizado

e

do

cumprimento

de

regras

bem

estabelecidas, entendemos também que o acompanhamento e a participação do adulto são fundamentais para que o faz de conta, aquilo que é criado, imaginado ou reproduzido, seja legitimado e vivido com a devida intensidade nas ações e nos sentimentos envolvidos. A brincadeira não se torna tão séria para as crianças se esse é o momento em que os adultos estão sempre entretidos com outras coisas. Entendemos que é necessário que as crianças passem por diversos momentos de brincadeiras, que incluam situações apenas entre elas, como brincadeiras espontâneas ou reproduções de brincadeiras conhecidas; situações de interação com os adultos, pontuais ou na interação de papéis; e situações mais coletivas, possibilitadas pela intervenção dos adultos a partir de um tema instigante para o grupo. Além

da

identificação,

socialização

e

ampliação

das

questões que mobilizam as crianças, acreditamos que os(as) professores(as), na escola, promovem assim a integração e o Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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aprendizado da interação, o que se mostra algo natural para algumas crianças e um desafio para outras. Muitas vezes, é apenas a partir da interação do adulto que uma criança passa da brincadeira solitária, da observação ou da interação apenas com os adultos para uma verdadeira participação nas brincadeiras coletivas, vencendo barreiras de diversas naturezas, descobrindo o prazer de brincar, aceitando e aprendendo de fato a interagir. A intervenção do(a) professor(a), assim, chega a ser condição para a entrada de algumas crianças no universo simbólico e na interação social, embora para outras essa seja uma dificuldade que poderá se amenizar apenas com a maturidade ou mesmo permanecer. As questões que mobilizam as crianças podem ainda ser identificadas a partir de sua solicitação de que as mesmas histórias sejam lidas inúmeras vezes, nas quais verificamos sua busca por lidar com determinados temas e sentimentos, que têm íntima relação com o que estão descobrindo, investigando, aprendendo a conviver. A partir de uma interpretação dessas repetições nas brincadeiras e na solicitação de histórias, podemos inferir temas de investigação que mobilizam as crianças, relacionados a questões que sabemos que são instigantes em sua faixa etária, mas

que,

por

razões

específicas,

encontraram

ressonância

naquele determinado grupo e momento específico. São temas comuns do faz de conta, dos 3 aos 6 anos, os cuidados com os bebês, as crianças, os animais domésticos e as plantas; os cuidados com o corpo, como o banho e o penteado; Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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os cuidados com a casa, como limpar, lavar, passar, cozinhar; a vida familiar, com a ida dos pais ao trabalho; o namoro; a consulta médica, a medicação e o tratamento de machucados; as compras em feiras, supermercados e lojas diversas; a ida a lanchonetes e restaurantes; o teatro, o circo e o show musical; a experiência de entrar na água; os passeios de carro, ônibus, trem, barco, avião etc.; variações do antigo “polícia e ladrão”, brincadeiras

nas

quais

dois

grupos

rivais,

por

vezes

representando o bem e o mal, simulam ataques mútuos; cenas de contos de fadas, como o adormecimento da Bela Adormecida e seu despertar com o beijo do príncipe; e cenas com os personagens de desenho animado mais populares do momento, vivendo aventuras que demandam coragem diante de desafios a vencer e com a conquista da vitória ao final. No enredo dessas brincadeiras, podemos identificar temas como a necessidade de proteção e cuidado por parte de filhotes e seres vivos mais frágeis, com os quais nos identificamos; as diferenças entre a vida adulta e a infantil; as profissões; a tecnologia; a vida social e cultural; os conflitos; o medo da perda e da separação; a saúde e a doença; a vida e a morte. Investir em conversas e leituras sobre esses temas possibilita a definição de excelentes recortes de investigação, pautados na lacuna existente entre:  as concepções que as crianças expressam;  as

questões

que

somos

capazes

de

formular

coletivamente a partir delas e das dúvidas, polêmicas ou divergências que surgem; Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


65

 e o conhecimento que possuímos ou podemos obter em diversas fontes sobre o assunto. A conversa e a investigação O que surge de significativo em uma situação é abordado e problematizado em conversas que instigam a socialização e a reflexão coletiva. É

a

partir

intencionalmente

dessas

planejadas

conversas pelo(a)

e

socializações,

professor(a),

que

o

conhecimento é construído coletivamente, em todas as áreas do currículo. Cabe ao(à) professor(a), assim, promover a retomada dos diversos aspectos vivenciados em grupo, promovendo a troca, a abertura para a exposição, a escuta, a reflexão e a reformulação de cada um deles coletivamente. Esse processo envolve tanto os aspectos que regem a vida social do grupo como o conhecimento acerca dos conteúdos escolares. Uma conversa sobre como ocorreu uma brincadeira, do ponto de vista de cada um, pode gerar novos acordos sobre esse momento; uma conversa sobre um registro realizado para o mural pode gerar o debate sobre como utilizar as letras, os números ou diversos tipos de imagem para anotar e/ou expressar o que queremos; e uma conversa sobre um assunto que surgiu em uma brincadeira, que foi lido ou contado no grupo, pode gerar um bom recorte de pesquisa.

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A condição para esses desfechos é que o(a) professor(a), consciente do que tem a ensinar, possa conduzir seu grupo para o aprendizado problematizando aquilo que as crianças já são capazes de mostrar e expressar, promovendo o debate, a argumentação, a investigação, a ampliação de conhecimentos e a consequente revisão de concepções. Para isso, deve abrir mão de apenas ensinar, com a correspondente expectativa de que as crianças devem passar a saber o que ensinou. É claro que o(a) professor(a) ensina, e sabe o que quer que seus alunos saibam, mas acreditamos que ensina melhor quando se dispõe a conduzir o processo de aprendizagem de sujeitos pensantes, que têm suas próprias ideias e concepções, que defendem seus pontos de vista e que não devem simplesmente abrir mão do que pensam para aprender o que consideramos “correto”, mas devem aprender o exercício de colocar sempre em questão o que conhecem no confronto com novas ideias e novos pontos de vista, dispondo-se a considerar ou experimentar aquilo que passa a fazer sentido para elas. Projetos de pesquisa A partir das discussões em grupo, por vezes polêmicas e repletas de dúvidas, definimos temas ou questões de estudo e investigação. Elas podem ser alimentadas por textos expositivos, notícias ou textos literários que problematizam o que foi exposto no grupo, instigando ainda mais a exposição de conhecimentos e Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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concepções, a formulação de explicações, hipóteses e dúvidas para a investigação. Não temos a preocupação de realizar pesquisas na área das ciências humanas ou das naturais em todos os semestres, mas alternamos temas específicos ou que integram conteúdos dessas áreas. Uma boa questão, por vezes associada a questões fundamentais

que

as

crianças

dessa

faixa

etária

buscam

compreender, ou a descobertas do mundo ao seu redor que as instigam, pode demandar estudos em várias áreas para ser investigada. A compreensão sobre as causas da extinção de uma espécie animal, por exemplo, pode envolver estudos de biologia, geografia e formas de organização econômica e cultural de uma população. Embora na Educação Infantil não seja necessário nomear essas diferentes áreas do conhecimento para as crianças, conteúdos e conceitos relativos a elas serão abordados e discutidos ao longo do estudo. Alguns projetos de pesquisa são organizados em torno da busca de resolução de um problema ou resposta a uma questão. A escola, como espaço que privilegiou o aprendizado de respostas, nem sempre consegue ouvir os alunos para ajudá-los a formular as questões que os preocupam e mobilizam diante da necessidade de compreender o mundo e a si mesmos. No entanto, isso é o que os alunos precisam aprender para criar um vínculo significativo com a aprendizagem como um processo contínuo, no qual utilizamos o que sabemos como base para enfrentar novos desafios e avançar. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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A respostas

maioria

das

descritivas,

perguntas facilmente

presentes localizadas

na escola nos

exige

livros.

As

questões problematizadoras por vezes ficam de fora, de forma que, onde a escola é mais necessária, torna-se ausente. Questões

problematizadoras

são

questões

complexas,

polêmicas, que exigem pesquisa em diversas fontes, discussões, a consideração de diferentes pontos de vista, a solução de problemas etc. São questões que não foram respondidas pela humanidade ou que geram polêmica e diferentes visões e opiniões. Sem a presença de um educador que propicie um espaço de reflexão, dificilmente os alunos poderão se sentir sujeitos da sua aprendizagem e construir recursos para enfrentar, com gradual conquista de autonomia, a complexidade dos desafios com os quais vão continuar a se deparar por toda a sua vida. Uma boa pergunta é um desafio para o estudo na medida em que exige uma participação ativa para ser respondida, em um processo de elaboração pessoal na composição e recomposição das informações, como num jogo de quebra-cabeça, ou diante da necessidade de se decifrar um enigma. Outros projetos de pesquisa nascem da necessidade de investigação de um universo desconhecido, com o qual o grupo entra em contato, mas não consegue ainda expor conhecimentos prévios, concepções ou elaborar dúvidas. É o que ocorre quando, por exemplo, a partir da leitura de uma história ou da experiência de uma das crianças, surge a indagação a respeito da existência e Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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característica de outra cultura, diferente e distante da nossa no tempo ou no espaço. Nossa estratégia, então, é trazer informações, socializá-las e discuti-las, possibilitando que o grupo se aproprie desse novo universo e, a partir dele, reflita também sobre o seu – no exemplo citado, sobre as características de sua própria cultura, e eventualmente sobre sua evolução. As crianças também se apropriam de conhecimentos de forma lúdica, produzindo representações e brincando com os objetos que constroem. Nesse processo, se apropriam do que estudaram e se aproximam do universo que estão conhecendo. Embora não haja a necessidade de integração entre os conteúdos das diversas áreas, os projetos de pesquisa em ciências naturais e humanas acabam necessitando e dando contexto a alguns conteúdos do currículo de Artes (representação gráfica como forma de registro do que se observa e do que se imagina); de Português (narrativa oral, leitura e registro escrito) e/ou

de

Matemática

(sistemas

de

medida,

observação

e

representação de formas e de relações entre objetos e espaços). É comum, ainda, que alguns estudos estejam estreitamente vinculados à brincadeira ou suscitem brincadeiras como forma espontânea e/ou intencional de apropriação do tema. É frequente o exercício de discriminação entre realidade e fantasia, já que os temas são abordados do ponto de vista do conhecimento científico acumulado pela humanidade (textos científicos, entrevistas com especialistas etc.), mas também do ponto de vista do que o grupo conhece do universo literário e do Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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faz de conta, bem como de experiências que geram explicações fantásticas ou generalizações características do pensamento infantil, que dependendo da idade precisam ser respeitadas.

Áreas do Conhecimento

Ciências da Natureza Cabe ao(à) professor(a) definir objetivos específicos de aprendizagem conforme o recorte de estudo e a(s) questão(ões) a ser(em) investigada(s) com o seu grupo. Como parâmetros comuns, estabelecemos objetivos gerais e orientações didáticas para a área. Investigações relacionadas a essa área de estudo podem ser realizadas em diversas atividades da rotina ou em sequências didáticas com objetivos específicos, como quando propomos e observamos transformações em brincadeiras

com

observamos

e

água

e

areia,

eventualmente

artes, na culinária ou em por

exemplo,

registramos

ou

quando

propriedades

dos

materiais ou mudanças climáticas. Quando nossa opção é realizar um projeto de pesquisa, uma questão central de um estudo pode ser utilizada para nomear um projeto de pesquisa do grupo, o que é interessante por permitir que outros observadores ou interlocutores se aproximem mais rapidamente do recorte de estudo estabelecido, Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


71

ou seja, do que o grupo está de fato investigando dentro de um determinado tema. Essa questão, no entanto, normalmente é definida pelo(a) professor(a) e passa a fazer sentido para o grupo depois de iniciado o estudo, de forma que, de início, ele é nomeado de acordo com o tema abordado. Quando, ao longo do processo, as questões definidas não abrangem a totalidade do estudo realizado, mantemos o tema como forma de nomear o projeto de pesquisa. O que traduz para nós, no entanto, um bom projeto de pesquisa é o processo de investigação definido conforme os objetivos a seguir, já que um mesmo tema, por exemplo, “luz e sombra”, pode ser conduzido dessa forma ou se resumir a uma apresentação de conteúdos, conceitos e demonstrações com a intenção de que as crianças os apreendam, sem que participem ativamente,

o

que

ocorre

quando

consideramos

suas

concepções e, a partir delas, suas necessidades de investigação. Nossa tentativa, que pode ser mais ou menos bemsucedida, nos recortes estabelecidos nessas séries iniciais, é vivenciar com os alunos um processo de definição de um tema de estudo e de seus problemas que gere uma necessidade de investigação. Essa vivência, como experiência partilhada, é um processo que se dá por meio do diálogo com o grupo. Entendemos que isso é atingido a partir de uma reflexão, escolha e intervenção do(a) professor(a) que inter-relacione:  conceitos considerados estruturantes da área (ser vivo,

transformação, energia etc.); Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


72

 assuntos trazidos pelos alunos ou pelo(a) professor(a)

para

discussão

em

grupo

que,

além

de

gerarem

interesse e curiosidade, se relacionam a preocupações e elaborações da faixa etária (mudanças no corpo, vida e morte etc.); o estudo, dessa forma, pode se tornar uma necessidade

na

medida

em

que

responde

a

uma

possibilidade de a criança ampliar sua compreensão do mundo a partir de uma nova compreensão de si mesma;  e

temas que geram polêmica e que permitem a

socialização de diferentes conhecimentos parciais que se complementam, mas deixam lacunas, bem como de concepções convincentes

e

explicações que

promovem

divergentes

ou

não

problematizações

e

suscitam a definição de boas questões para a pesquisa. De acordo com os objetivos gerais, cabe destacar que não estudamos com as crianças para que acumulem informações sobre algo, mas para que exercitem o pensamento científico, a investigação, estabeleçam relações, reformulem conceitos

e

concepções, ampliem sua visão de mundo e entrem em contato com verdades provisórias e diferentes pontos de vista. Esse processo, no entanto, só ocorre quando as crianças ampliam de fato seus conhecimentos a respeito dos assuntos que estão sendo estudados.

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


73

Objetivos gerais Propiciar que as crianças:  agucem o espírito de investigação, de observação e de

pesquisa;  vivenciem, junto com o(a) professor(a), o exercício do

pensamento científico: o a

problematização

da

realidade

por

meio

da

formulação de perguntas, explicações e/ou hipóteses sobre

os

fenômenos

que

as

instigam

e

cuja

elaboração seja importante no contexto de sua faixa etária; o a identificação do que o grupo sabe e gostaria de

saber; o a exposição de conhecimentos; o o

confronto de suas ideias com as de outras

crianças; o o contato com experiências ou informações que

problematizem e ampliem as hipóteses e explicações formuladas, propiciando que exercitem possíveis e sucessivas reformulações; o o estabelecimento de relações entre hipóteses e

informações pesquisadas; o o aprofundamento da capacidade de discussão a

partir da pesquisa, da retomada das questões e explicações ou hipóteses iniciais e da formulação de conclusões; Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


74

o a retomada do percurso de aprendizagem (memória

narrativa)

individual

e

coletivo,

constatando

as

modificações entre o que achavam/conheciam e o que

sabem

agora/aprenderam

a

partir

da

investigação realizada; o o

registro de

uma síntese

que sistematize as

conclusões a que o grupo chegou, os conceitos que conseguiu formular e as questões que ficaram em aberto;  desenvolvam, junto com o(a) professor(a), algumas

habilidades

para

a

investigação

científica,

tais

como: o a

colaboração

experimentar

com

fazer,

sugestões ou

como,

sobre onde

e

o

que

quando

pesquisar; o a

realização

diferentes

de

experimentos,

fontes

a

(objetos,

pesquisa

em

fotografias,

documentários, relatos, livros, mapas etc.) e/ou a conversa com profissionais sobre o tema de estudo, entrando em contato com diferentes pontos de vista ou teorias para investigá-lo; o o

conhecimento de locais onde podemos obter

informações, como bibliotecas, museus, sites etc.; o a retomada da questão problematizadora formulada

pelo(a) professor(a) ou das questões que motivaram a pesquisa para uma revisão dos conhecimentos, das explicações ou das hipóteses iniciais, bem como para Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


75

a

sistematização

dos

conteúdos

e

conceitos

aprendidos (ou ampliados); o a formulação de novas explicações ou hipóteses a

partir das experiências, observações ou estudos realizados; o a

produção de

registros

sobre

cada etapa de

formulação do estudo e de apropriação de novos conhecimentos

utilizando

diferentes

formas:

desenhos, textos orais ditados ao(à) professor(a), comunicação oral registrada em gravador etc.; o a utilização dos registros produzidos como forma de

retomar e construir uma narrativa sobre o percurso realizado e de divulgar/socializar tanto o conteúdo como o processo de estudo;  formulem e reformulem, ao longo da Educação Infantil e

do Ensino Fundamental I, conceitos da área das ciências naturais, como transformação e permanência, ser vivo, energia, matéria, espaço, tempo, medida e interação, a partir de diferentes aproximações, pela investigação de diferentes processos e pelo seu detalhamento;  investiguem, na aproximação a esses conceitos, temas

que instigam o grupo e que são importantes na atualidade, tais como o corpo humano, o conhecimento da biodiversidade, os fenômenos da natureza, o não desperdício de recursos naturais, a reciclagem e a preservação do meio ambiente, a sustentabilidade da vida na Terra; Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


76

 realizem experiências (que podem envolver diluição,

flutuação, desbotamento, apodrecimento, decomposição, filtração, entre outros processos) sempre que isso fizer sentido no contexto do estudo realizado;  utilizem a observação direta e o uso de instrumentos de

observação para obtenção de dados e informações, como binóculo, lupa, microscópio etc., sempre que isso fizer sentido no contexto do estudo realizado;  utilizem

e

exercitem

leitura/interpretação representação maquetes

de

gráfica

etc.)

e

o

seus imagens

e

recursos e

tridimensional

registro

escrito

de

textos,

a

(desenhos, para

obter

informações e expressar o que observam, conhecem ou imaginam;  utilizem

e

exercitem

seus

conhecimentos

sobre

o

sistema numérico, os sistemas de medida e as relações entre formas, objetos e espaços, sempre que o tema investigado permitir. Orientações didáticas As perguntas a seguir podem auxiliar o(a) professor(a) a redefinir ou ampliar seu recorte de estudo, assim como a selecionar conteúdos para investigação (textos, experimentos, entrevistas etc.) de forma a contribuir para que o processo de pesquisa possibilite a discussão e a elaboração de sucessivas reformulações das concepções e explicações formuladas. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


77

 Que informações (observações, leituras etc.) possibilitam

que as crianças de fato consigam rever e reformular suas concepções

e

explicações,

exercitando

assim

o

pensamento científico? Cabe avaliar quais concepções e explicações formuladas podem ser desestabilizadas a partir de investigações que façam sentido para a faixa etária.  Quais conceitos relativos ao estudo as crianças possuem

e como o processo de desestabilização e reformulação de concepções

e

explicações

possibilita

que

eles

se

ampliem, se tornem mais gerais, no limite do que as crianças conseguem compreender? Cabe recortar com clareza

os

conceitos

da

área,

como

ser

vivo,

transformação etc., para que possam ser debatidos e reformulados.  Na leitura de textos expositivos, destacar a linguagem

própria do gênero expositivo, comparando-a com outras que as crianças conhecem e costumam ler. Seguem, a título de exemplo, questões que nomearam alguns projetos de pesquisa realizados nos últimos anos:  A gente é bicho?  Quem cresce mais: crianças ou plantas?  A estrela-do-mar é a mesma que a estrela do céu?  É possível viver no deserto?

Outros temas investigados foram reciclagem; luz e sombra; o centro da Terra e a arqueologia; o Universo. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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Exemplos A estrela-do-mar é a mesma que a estrela do céu? Grupo Interidades / 2012 – Professora Luciana Gamero As crianças traziam muitas questões relacionadas aos animais, mas uma delas permitiu identificar uma boa possibilidade de problematizar as concepções do grupo: “A estrela-do-mar é a mesma que a estrela do céu?”. Nas discussões em grupo, as primeiras concepções das crianças eram de que as estrelas do céu e do mar são as mesmas, pois são iguais: têm cinco pontas e o mesmo nome. Para explicar como elas iam do céu para o mar e do mar para o céu, argumentaram: “Elas saem do mar à noite e vão para céu, mas é tão rápido que ninguém vê”; “Elas caem com a chuva”; ou “Elas são as estrelas cadentes que caem do céu”. No entanto, havia dúvidas: “Eu já acampei à noite na praia e não vi as estrelas indo para o céu”; “A lua vai para o Japão quando aqui fica de dia, então as estrelas devem ir também”. Diante da pergunta sobre o que achavam que seria uma estrela-do-mar, o grupo trouxe a ideia de ela ser viva, dizendo que ela teria olho, nariz e boca, com referência no desenho do Nemo. O que achavam ser necessário para ela estar viva? A Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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primeira resposta foi que ela tinha que se mexer, já que as pessoas e os bichos se mexem. Depois veio a ideia de que precisava ter olhos, nariz e boca. Questionados sobre se as plantas são vivas, houve certa dúvida no grupo, mas alguns disseram que sim, pois elas se mexem com o vento e crescendo. A professora iniciou um registro para sistematizar o conceito do que é preciso para ser um Ser Vivo, com o objetivo de que, com o estudo, as crianças avançassem nesse

conhecimento.

No

decorrer

das

discussões

e

estudos, as crianças avançaram de uma definição baseada mais em características físicas, como ter braços, pernas, olhos, nariz e boca, para uma definição pautada em importantes funções, como respirar, comer, falar, se mexer, fazer cocô e xixi, dormir e beber água. O registro inicial abarcou, então, um quadro comparando as pessoas, os bichos e as plantas, no qual foram sistematizadas as semelhanças e diferenças entre cada grupo. Depois de muita discussão, foram realizadas pesquisas sobre como é a estrela-do-mar em livros da escola e nos que as crianças trouxeram de casa. O grupo assistiu a um filme que mostra as estrelas-do-mar se mexendo e compreendeu que ela é realmente um ser vivo, um animal marinho. Passaram então a investigar as estrelas do céu, e a partir da observação de imagens começaram a perceber as suas diferenças em relação às estrelas-do-mar. Durante as Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


80

pesquisas realizadas em livros, descobriram que o Sol é uma estrela e que as estrelas do céu são bolas de fogo. Comentaram: “Por isso que os astronautas não vão para as estrelas, porque eles podem se queimar, mas a Lua não é feita de fogo, né?”. Depois

de

muitas

discussões,

pesquisas

e

reformulações de ideias, as crianças finalizaram a pesquisa com novos e valiosos conceitos reformulados e com a percepção de que a estrela-do-mar é um bicho marinho que vive no mar, assim como os peixes, e que a estrela do céu é uma bola de fogo que ilumina a escuridão. O estudo foi, sem dúvida, muito instigador, pois proporcionou às crianças expressarem suas ideias e formularem suas dúvidas, desestabilizou seu pensamento e permitiu que buscassem

reformular

aquilo

que

“achavam”

que

conheciam. Arqueologia Grupo Interidades / 2012 – Professora Luciana Justi Observando as brincadeiras, curiosidades e teorias iniciais que as crianças desse grupo apresentavam para diversos temas, houve um assunto que persistiu por mais tempo, demonstrando ser um bom ponto de partida para uma pesquisa mais profunda e exploradora. No eixo Natureza e Sociedade, o estudo do grupo se concentrou na área de Arqueologia; porém, para chegar a Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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esse ponto, a pesquisa percorreu vários caminhos até que fosse definido esse recorte mais específico. Tudo começou com uma brincadeira recorrente no tanque de areia do parque, na qual diariamente as crianças cavavam dizendo que iam chegar ao centro da Terra. Em rodas de conversa, a professora questionou sobre o que elas iriam encontrar no centro da Terra e por que elas queriam tanto chegar lá. As crianças explicitaram então as concepções de que no centro da Terra tem lava; de que tem dinossauros e plantas gigantes, lembrando-se da história do Júlio Verne; e de que não tem nada, apenas um buraco que vai dar no Japão. O grupo assistiu ao filme Viagem ao centro da Terra, baseado na história de Júlio Verne, e começou a perceber que cavar com pás no tanque de areia não estava sendo muito útil para comprovar o que há no centro do nosso planeta. A professora propôs então a investigação sobre a existência de lava e o grupo pesquisou sobre os vulcões. No levantamento de informações, constataram que a Terra é formada por camadas e, depois de assistirem a um documentário da BBC sobre vulcões, a ideia de existir muita lava no centro da Terra foi se tornando comum a todos do grupo. Ao mesmo tempo, a escavação no tanque de areia foi perdendo sua força, pois além de difícil, ela poderia queimar, segundo a ideia das crianças a partir do avanço Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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da pesquisa. Com a descoberta da existência das camadas que formam o nosso planeta, as crianças perceberam que o que interessava descobrir não era o que estava no centro da Terra, mas na crosta terrestre. Lá, sim, estavam objetos que interessavam a todos do grupo: ossos de dinossauros, vestígios de civilizações antigas, fósseis, utensílios de outras épocas e rochas, como o diamante, tudo isso descoberto com instrumentos concretos, como pás e escavadeiras, em escavações “que não queimam”. Assim, o estudo começou a ficar mais concreto e compreensível. O grupo pesquisou sobre como é a vida de um arqueólogo, o que a Arqueologia estuda e por que é tão importante escavar para compreender o passado da humanidade. Todos esses passos foram registrados em desenhos e pequenos textos informativos. O grupo realizou registros para retomar, no mural, o que estava sendo estudado, e ao final a professora montou um caderno de registro individual para cada criança, a partir de seus desenhos das escavações, dos vulcões, das camadas do planeta e das descobertas provenientes das leituras e outras fontes de informação. Para finalizar o estudo, o grupo realizou uma visita à sede do Centro de Arqueologia de São Paulo, localizado no Sítio Morrinhos, no Jardim São Bento, onde as crianças puderam

observar

seu

acervo,

composto

por

peças

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


83

coletadas em escavações realizadas em várias regiões da cidade de São Paulo “pelo Departamento de Patrimônio Histórico, desde 1979, quando foi firmado acordo entre DPH e o Museu Paulista da USP, no sentido de desenvolver um programa de arqueologia histórica da cidade de São Paulo”4. O acervo do museu possui peças como resquícios da habitação indígena e da colonização posterior – porcelanas, chaves e peças de vidro, entre outras. Há também uma amostra, em tamanho real, de um terreno preparado para escavação arqueológica. As crianças se encantaram com os objetos observados e perguntaram várias vezes se tudo aquilo estava debaixo da terra, se as pessoas que haviam utilizado aquelas peças já tinham morrido e se tudo havia sido encontrado em escavações. Os monitores eram bem preparados para estimular as crianças a pensarem sobre o passado e em como os objetos que estavam ali poderiam ajudar na compreensão sobre a história da cidade de São Paulo. Com esse estudo, as crianças avançaram em suas concepções. A grande maioria abriu mão da hipótese inicial de que no centro da Terra tem dinossauros e plantas gigantes, assim como foi unânime a percepção de que é possível encontrar objetos interessantes enterrados. Uma

4

Fonte: <http://www.museudacidade.sp.gov.br/sitiomorrinhos.php>. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


84

fala marcante foi: “Só se não cavar muito fundo, porque senão encontrará lavas”. Em rodas de conversa, as crianças demonstraram também ter compreendido a importância dos objetos e da Arqueologia no estudo do passado, as descobertas que esse trabalho possibilita e a importância disso na nossa vida atual. Houve ainda um avanço na noção a respeito da estrutura geológica da Terra e do lugar que ocupamos no planeta.

As

crianças

participaram

inclusive

de

uma

conversa com os alunos do 1º ano, mais velhos do que elas, que discutiam se moramos dentro ou fora da Terra, para explicar que não podemos morar dentro em função das camadas que compõem o nosso planeta, que já haviam pesquisado. Perceberam que algumas vezes precisamos definir melhor nosso objetivo para que seja possível continuar uma pesquisa. Outro aprendizado foi que uma maneira de pesquisar

é

brincar

bastante

e

aprofundar

nossas

descobertas, pois sempre há novidades que ajudam a compreender de diferentes maneiras o que queremos saber. Insetos 1º ano / 2013 – Professora Luciana Justi O projeto de pesquisa começou com o interesse do Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


85

grupo por animais de várias espécies. Nesse contexto, surgiu a seguinte questão: por que existem insetos? Era senso comum, no grupo, a ideia de que os insetos só existiam para atrapalhar. O

percurso

que

fizemos

foi

planejado

para

que

pudéssemos tentar compreender o que define um inseto, segundo

características

biológicas

da

espécie,

e

paralelamente ir conhecendo a função ambivalente que os insetos exercem com sua existência e inter-relações com a nossa sociedade. Descobrimos que os insetos funcionam como transmissores de muitas doenças e pragas em lavouras, como também produzem mel, polinizam as flores que tanto gostamos de observar e até mesmo produzem o fio da seda que usamos para fazer roupas. Esse estudo foi importante em vários aspectos, desde o forte envolvimento do grupo pela busca de informações até a conquista de coragem para pegarem vários insetos vivos, como foi possível no estudo em campo que fizemos no Museu do Instituto Biológico. O projeto estimulou as crianças

também

a

elaborarem

seus

desenhos,

pois

queriam representar os detalhes que haviam aprendido sobre os insetos, bem como a avançarem em suas hipóteses de escrita, pois queriam registrar com cuidado o conteúdo estudado, que foi se tornando cada vez mais precioso durante o semestre.

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


86

É possível viver no deserto? 1º ano / 2013 – Professora Luciana Justi Tudo começou com a pergunta: é possível viver no deserto? Inicialmente levantamos hipóteses de como as crianças imaginavam o deserto e o que achavam que era preciso para que houvesse vida nele. Elas chegaram, a princípio, a algumas conclusões: que para sobreviver é necessário água e comida. Já haviam dito que no deserto não há muitos animais e plantas, então a pergunta que fiz para elas foi como fariam para sobreviver no deserto. Foi nesse momento, em uma roda de conversa, que uma criança disse que faria uma plantação para obter comida, uma ideia bem-aceita pelo grupo. Quando acharam que tinham resolvido todos os problemas,

perguntei

como

levariam

água

para

a

plantação, para que a plantação não morresse. Então cada criança formulou sua teoria e expôs sua logística para levar água ao deserto, como pudemos observar no vídeo que mostramos na Reunião de Pais, em que cada criança explicou seu pensamento. Após

essa

discussão,

entramos

no

estudo

de

características do deserto, buscando o maior número possível de informações para tentar compreender melhor essas terras tão desafiadoras, e isso originou um registro com pequenas legendas e desenhos realizados a partir de Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


87

leituras feitas coletivamente. Levantamos essas informações para retornar àquele ponto de como fariam para levar água ao deserto, e até mesmo se levariam água para fazer uma plantação no deserto, e nesse caso, como fariam. Será que continuavam pensando da mesma maneira que na primeira tentativa? As

conclusões

foram

bem

variadas.

As

crianças

mudaram a forma da pergunta inicial, e em vez de dizerem como “levariam”, optaram ao final por mudar o verbo para como “conseguiriam” água no deserto, pois perceberam que levar água seria um tanto inviável. As hipóteses passaram de baldes e regadores para escavações e cactos. O desenvolvimento do ser humano – conquistas e transformações 1º ano / 2013 – Professora Camilla Guimarães Depois das férias, um de nossos grandes cuidados ao decidir alterações na rotina básica do grupo foi buscar ao máximo

preservar

os

momentos

de

brincadeira

e

atividades de escolha. Quando esses momentos ocorriam junto com o Grupo Interidades, foi interessante acompanhar a mudança de postura de grande parte das crianças, que passou a dizer que era melhor ficar apenas em nossa sala, já que a sala do GI é de “crianças muito pequenas”. Continuaram a brincar junto, a receber as crianças do Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


88

outro grupo em nossa sala e a aceitá-las como parceiras de trabalho, mas essa frase, repetida muitas vezes, e a opção de não irem à sala dos pequenos foram entendidas por nós como mais uma manifestação de quem quer deixar claro que está crescendo! Crescer,

perceber

as

conquistas,

acompanhar

as

mudanças em seu próprio corpo, como os dentes que caem e dão lugar a outros maiores, e que “serão para sempre” – entre tantas outras – são motivo de orgulho, mas também de certo receio. Essas mudanças, os medos e dúvidas sobre nossa sobrevivência, o funcionamento de nosso corpo, a necessidade de cuidados, os efeitos que nossas atitudes em relação aos alimentos e atividades podem nos causar foram pautas de muitas rodas de conversa. Foi a partir dessas discussões que definimos nossa questão de estudo: o desenvolvimento do ser humano – conquistas e transformações. Nosso objetivo foi abrir espaço

para

o

exercício

do

pensamento

científico,

formulando algumas perguntas e hipóteses sobre como acreditavam

que

essas

etapas

se

organizavam

e

pesquisando sobre elas em diferentes fontes, sempre com muito espaço para o confronto entre as ideias das crianças e as informações com as quais estavam entrando em contato, bem como para o registro de sínteses que sistematizaram as conclusões pessoais e do grupo. Nossa intenção não foi chegar a uma definição comum sobre o ciclo de vida e suas etapas – nascimento, Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


89

crescimento, reprodução e morte –, mas acolher uma demanda que percebemos ser de grande parte do grupo e oferecer elementos para um processo de elaboração pessoal

na

composição

e

recomposição

de

tantas

informações. Assim, conhecemos mais sobre os meses em que nos formamos dentro da barriga de nossas mães, as conquistas dos primeiros anos de vida e falamos um pouco sobre o que as crianças acreditam a respeito das principais mudanças na adolescência, vida adulta e velhice. Por fim, compilamos nossa pesquisa em um livro coletivo e cada criança organizou sua própria linha do tempo.

Ciências Sociais (História e Geografia) Como na área de Ciências da Natureza, o(a) professor(a) definirá objetivos específicos de aprendizagem conforme as conversas em grupo ou o tema a ser investigado, a partir de parâmetros comuns. Em atividades da rotina ou em sequências didáticas com objetivos específicos, investigamos ou socializamos a história e origem de cada um, como a história do nascimento, do nome próprio, da família, onde e como moram, para onde costumam viajar ou viajaram, gostos e preferências pessoais, dando contexto à criação conjunta da nossa história do grupo. Os tempos e os espaços que habitam e conheceram são os primeiros sobre os quais nos detemos a pensar. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


90

Quando pesquisamos sobre outros tempos, lugares e culturas, por vezes algo instiga as crianças, como uma viagem de uma delas ou a leitura de um texto jornalístico ou literário, mas elas podem ter poucas informações sobre o universo a ser investigado, não sendo possível, de antemão, que explicitem conhecimentos, concepções, explicações. A discussão coletiva tem início, assim,

a

partir

do

próprio estudo

leituras,

entrevistas, análise de imagens ou mapas. Nem sempre o(a) professor(a) estabelece uma questão central a ser investigada, mas considera a importância do debate, das comparações com o que as crianças conhecem do nosso tempo, espaço e cultura e a definição e ampliação de conceitos das áreas no percurso proposto ao grupo. Assistir a filmes e ler histórias sobre o assunto estudado, mesmo que o abordem de forma fictícia, instigam as crianças a pensarem sobre o tema, em função de sua familiaridade e envolvimento com essas linguagens, alimentam as discussões e permitem o exercício de discriminação entre aspectos da História que

conhecemos

pelo

estudo

e

as

histórias

inventadas,

fantasiosas, literárias. Objetivos gerais – História Que a criança:  se interesse pelo mundo social, buscando informações e

formulando perguntas para compreendê-lo, confrontando Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


91

ideias

e

manifestando

opiniões

próprias

sobre

os

acontecimentos;  conheça, valorize e respeite o patrimônio cultural do seu

grupo social bem como o modo de vida de diferentes grupos sociais, em diversos tempos e espaços;  estabeleça relações entre o modo de vida característico

de seu grupo social e de outros grupos estudados;  conheça e respeite as contribuições histórico-culturais de

povos indígenas, afrodescendentes e de outros países, valorizando a diversidade cultural de nosso país;  possa

conhecer e interagir com manifestações das

tradições culturais brasileiras;  entre em contato com conceitos fundamentais ligados à

área, tais como História, fonte, documento e registro histórico, memória, civilização, cultura e trabalho;  discrimine

histórias

literárias

de

relatos

históricos

baseados em diferentes fontes. Objetivos gerais – Geografia Que a criança:  desenvolva a habilidade de observação e descrição dos

espaços estudados e suas transformações;  reconheça a diversidade de uso dos lugares e como esse

uso modifica o espaço físico;

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


92

 perceba as relações entre os seres humanos e o espaço

– o espaço que possibilita as atividades humanas e é também transformado e produzido pelo trabalho;  utilize

o

mapa-múndi

com

auxílio

para

localizar

diferentes países e continentes, tomando-o como um enigma a decifrar, e vivencie desafios de representação de objetos e espaços que lhe permita aproximar-se, gradualmente, da linguagem das plantas e mapas. Alguns projetos de pesquisa realizados nos últimos anos tiveram como questões: Por que os guerreiros [da Idade Média] lutavam?; Por que tinha tanta guerra no sertão [na época do cangaço]?; ou, como tema, comparações entre determinados aspectos de diferentes culturas (costumes, brincadeiras, música, alimentação); legados da civilização egípcia da Antiguidade e a permanência ou não de alguns de seus costumes na atualidade; levantamentos e registros de brincadeiras tradicionais e/ou regionais. Exemplos Egito Grupo Interidades / 2012 – Professora Mariana Mantovani Esse projeto de pesquisa teve origem nas rodas de conversa, a partir do relato de uma das crianças sobre sua viagem de férias ao Egito. A professora considerou o Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


93

assunto

complexo

e

instigante,

por

tratar

de

uma

civilização tão antiga e com costumes tão diferentes. Tudo o que era dito nas rodas foi motivo de pesquisa e as crianças se mostraram curiosas. As pirâmides, as múmias, os sarcófagos, a esfinge, o rio Nilo e o deserto, os faraós foram “tomando forma” através das imagens e leitura de diversos livros, fotos, desenhos, contos... Foi considerado importante tudo o que pudesse aproximar as crianças desse universo tão distante. Os

materiais

trazidos

de

casa

ajudaram

no

entendimento de uma das questões levantadas durante o processo:

“As

construções,

rituais

e

costumes

ainda

existem até hoje no Egito?”. A resposta veio como um “alívio”: as múmias existiram há muitos e muitos anos, elas não eram monstros e hoje podemos visitá-las nos museus do mundo afora. O grupo constatou também que as pirâmides resistiram ao tempo e que no Egito existem muitos costumes diferentes

dos

que

conhecemos

em

nosso

país.

Confrontaram o Egito antigo, o atual e o Brasil em aspectos como a alimentação, a moradia e o lazer, discutindo a necessidade de conhecer, compreender e respeitar diferentes grupos sociais, em diferentes tempos e espaços. O projeto teve característica interdisciplinar, já que na área de Português envolveu muita leitura (pesquisa); em Geografia,

a

utilização

de

mapas,

nos

quais

eram

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


94

localizados os países estudados, de tal forma que as crianças começaram a entender a sua função; em História, as discussões sobre o tempo, os costumes e os valores; e em Artes, desenhos e produções tridimensionais que foram expostas e utilizadas para brincar (um sarcófago com uma múmia, uma pirâmide e vestimentas antigas). O povo egípcio manifestou sua arte na pintura, na escrita, na arquitetura e na escultura, produzida para agradar aos deuses. A arte apareceu para mostrar como viviam as pessoas, o que usavam e como se portavam, conseguindo ter um estilo, um momento e uma época, e ajudou o grupo a perceber como as coisas evoluíram. O

projeto

foi

muito

proveitoso

e

as

crianças

demonstraram interesse pelo tema, na escola e em casa, participando com envolvimento das pesquisas e produções. Por que tinha tanta guerra no sertão? 1º ano / 2012 – Professora Luciana Justi O estudo começou com a leitura do livro Dadá, a mulher do Corisco, de Luciana Savaget. Depois de uma primeira hipótese das crianças relativa à questão norteadora da pesquisa, que foi a falta de amor, o grupo investigou a vida dos sertanejos e dos cangaceiros e repensou se o motivo de tantas brigas e guerras era realmente o fato de que eles não sabiam se amar. A

professora

propôs

que

as

crianças

buscassem

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


95

compreender

o

movimento

do

cangaço

a

partir

de

informações e da literatura sobre os cangaceiros: a literatura de cordel, que os transformou em heróis; o jornal, que os transformou em bandidos; e os livros históricos, que não conseguem definir qual interpretação é a mais próxima dos fatos verídicos. Ouviram músicas sobre o sertão e localizaram, no mapa, essa terra seca, porém rica em cultura. Em função das grandes desigualdades constatadas na sociedade da época, passaram a pesquisar os costumes e a vida atual nessa paisagem tão diferente da conhecida, em São Paulo. Foi proposto, intencionalmente, que tentassem compreender

a

vida

de

uma

criança

sertaneja

em

comparação com a delas desde o seu cotidiano, como a vida escolar ou os hábitos alimentares, para que pudessem se colocar no lugar do outro, imaginar e respeitar um modo de vida diferente, com suas especificidades, com o objetivo

de

que

tentassem

entender

o

sentido

de

motivações ligadas a sentimentos de injustiça ou de ações de indignação e revolta. A partir do estudo, puderam arriscar novas hipóteses sobre a questão inicial. Nas discussões ao final do estudo, explicitaram que o amor existia na época do cangaço, afinal Lampião e Maria Bonita pareciam se amar bastante e os cangaceiros também pareciam se amar enquanto grupo. Indicaram compreender que parecia muito difícil não ficar indignado em uma terra com tanta falta – sem alimentos, Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


96

brinquedos e água – e onde é preciso trabalhar desde muito cedo. O

estudo

foi

encantador

e

despertou

fortes

sentimentos. As imagens da vida das crianças sertanejas e de suas dificuldades tocaram todo o grupo. O caminho percorrido em todo o estudo resultou em um livro que compila os registros realizados. A aquisição de

conhecimentos

em

linguagem

oral

(narrativa

e

argumentação), leitura e literatura, escrita, expressão plástica, compreensão de outras culturas e Geografia puderam ser contempladas. Durante e ao final do processo de estudo, foi possível observar grandes avanços de todo o grupo. Índios 1º ano / 2013 – Professora Camilla Guimarães A escolha por dedicar muitas rodas de história aos contos indígenas aconteceu após uma roda, logo no início do ano, em que apresentei “As serpentes que roubaram a noite”, conto que disparou uma longa discussão sobre o povo indígena: será que ele ainda existe? É preconceito falar que são diferentes? Sua forte ligação com a natureza faz com que sejam inferiores? Ao iniciarmos a pesquisa sobre a cultura indígena, a primeira surpresa das crianças foi perceber que ainda existem muitos índios no Brasil e que eles “são pessoas de Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


97

verdade”.

Seguimos

com

nossas

conversas

e

nos

deparamos com outras “questões polêmicas”: nem todos os índios querem celular, computador e televisão; ainda há comunidades afastadas da civilização; fazer uso dessas tecnologias nem sempre os afasta da natureza; muitos índios lutam pelo direito de permanecer na sua terra e manter

sua

cultura.

Todas

as

expressões

ou

questionamentos das crianças foram acolhidos por nós e procuramos não recebê-los com

indignação, afinal é

expressar o que nos inquieta que abre caminho para uma reflexão maior. Para

alimentar

nossas

discussões,

recebemos

a

professora auxiliar Anita, que esteve por um período trabalhando em uma ONG na Amazônia e veio nos contar suas experiências com índios de verdade. Realizamos ainda muitas rodas de conversa, lemos livros escritos pelo Daniel Munduruku e por antropólogos, sempre ponderando o respeito e a importância de nos disponibilizarmos a aprender

com

o

outro

e

valorizarmos

diferentes

conhecimentos e culturas. Ouvindo a música “Tu Tu Tu Tupi”, de Hélio Ziskind, uma das crianças me perguntou como poderíamos ter o índio dentro da gente, referindo-se ao refrão da música. Levei a questão para o grupo e, conversando, elas concluíram que, como eles estavam aqui no Brasil há muito tempo, “então quando nascemos já tem muitas coisas que vamos aprendendo e que nem sabemos que já era um jeito Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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dos índios fazerem”. A ideia desse estudo foi aproximá-las de outra cultura, aprender que tudo bem ser diferente, que mesmo entre os índios

hábitos,

muitas

que

diferenças, um

muitas

línguas,

muitos

conhecimento

enorme

a

ser

investigado sobre eles e que o mais importante é estar sempre disponível a conhecer mais. Para finalizar, contei a elas que no 3º ano farão um estudo mais aprofundado e, como o interesse era grande, marcamos uma conversa com os alunos atuais dessa série, que nos contaram algumas de suas aprendizagens.

Língua Portuguesa Quando planejamos atividades de Português, buscamos priorizar ora a linguagem oral, ora a leitura, ora a escrita. Embora em muitas atividades essas formas ocorram simultaneamente, tanto a linguagem como os recursos necessários ao discurso oral, à leitura e à produção de textos têm suas especificidades, de forma que consideramos importante garantir que as crianças sejam desafiadas em cada uma delas.

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99

Objetivos gerais Propiciar que as crianças:  ampliem seu vocabulário e desenvolvam seu discurso e

narrativa

para

situações

participar

e

comunicativas,

interagir

nas

interpessoais,

diversas coletivas,

escolares e sociais, apropriando-se da língua para elaborar,

expressar

e

conhecimentos, ideias e

comunicar

histórias,

opiniões, bem como

para

compreender e interpretar a realidade;  aprendam gradativamente a adequar sua linguagem às

especificidades das diferentes situações comunicativas em termos de gênero e formalidade ou informalidade;  entrem

em

contato

e

comparem

gradualmente

a

linguagem utilizada em textos de diferentes gêneros, da ordem

do

narrar,

relatar,

expor,

prescrever

e

argumentar;  desenvolvam o hábito e o gosto por ouvir histórias e

identificar, aos poucos e com o acompanhamento do(a) professor(a), seus temas, variações do gênero narrativo e/ou

autores

preferidos,

familiarizando-se

com

o

universo da literatura;  familiarizem-se com a escrita em função da necessidade

de seu uso no cotidiano, como forma de registro e comunicação, e se disponham a escrever, de início de forma não convencional e, aos poucos, apropriando-se da utilização do nosso sistema de representação. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


100

Linguagem Oral Enquanto uma criança de 3 anos está ampliando seu repertório verbal para enfrentar desafios relativos à comunicação oral, conforme cresce, nosso objetivo é que adquira clareza verbal

nas

situações

escolares

e

na

troca

sobre

eventos

extraescolares, alcançando gradualmente a dicção correta e construindo frases bem elaboradas, com atenção à concordância verbal, expondo suas ideias em uma sequência coerente para o entendimento e desenvolvendo sua capacidade de argumentação. A

elaboração

de

uma

narrativa

detalhada,

em

uma

sequência lógica bem encadeada e possível de ser compreendida, se dá inicialmente na forma oral. Esse domínio da sequência e do detalhamento da narrativa oral vai se refletir na qualidade do texto escrito, pois quando a criança adquire conhecimentos sobre o nosso sistema de representação e aprende a discriminar a diferença de linguagem entre o texto falado e o escrito, ela registra

seu

texto

após

tê-lo

construído,

primeiro,

em

pensamento. Consideramos imprescindível, portanto, que as crianças possam exercer essa capacidade em atividades semanais de relato de acontecimentos e de reconto ou elaboração de histórias, pois nessas atividades estão exercendo, oralmente, a produção de textos, aprimorando a sua qualidade. As atividades planejadas para os desafios orais ocorrem nas atividades cotidianas, em rodas de conversa, rodas de história, rodas de música, momentos de pesquisa, entre outras, Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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nas quais as crianças são solicitadas a relatar um acontecimento, expor um pensamento, hipótese, explicação ou conhecimento, narrar uma história, argumentar em uma situação de conflito ou debate, organizar um jogo, explicitar ou elaborar uma regra, propor uma atividade, socializar o percurso de um aprendizado ou produção. Algumas atividades específicas para os desafios orais garantem que aos poucos todas as crianças vivenciem situações em que se veem diante de um público que se dispõe a ouvi-las e que busca, com intervenções pontuais, compreendê-las. Em encontros para que construam relatos ou narrativas, elas contam sobre suas atividades extraescolares aos colegas, com ou sem o apoio

de

objetos

trazidos

para

isso;

recontam

histórias

conhecidas; contam histórias a partir de imagens; descrevem personagens a partir de figuras; contam a alunos de outros grupos o que e como aprenderam, a partir de seus estudos específicos, quando estes se inter-relacionam aos dos colegas. Nessas propostas, elas precisam se esforçar por utilizar de forma eficiente

sua

capacidade

de

comunicação

oral.

Nossas

intervenções, em forma de perguntas ou com exemplos sobre maneiras de se dizer o que se quer, buscam auxiliá-las nesse processo. Ao término de projetos e pesquisa ou eventos nos quais os grupos expõem produtos planejamos

atividades

de

de trabalho de socialização

diferentes áreas,

dos

processos

de

aprendizagem e de produção para os quais as crianças constroem coletivamente uma narrativa que resgata a memória do percurso Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


102

individual e coletivo, situações que promovem uma maior apropriação do que e como aprenderam e um bom contexto à utilização da linguagem oral de maneira mais planejada e formal. Embora a qualidade da narrativa seja o aspecto mais importante de nossa intervenção, é importante observar que as crianças

devem

adquirir

uma

dicção

correta

aos

5

anos,

necessitando de encaminhamento a um trabalho fonoaudiológico quando fazem trocas ou omissões incomuns à faixa etária, quando há um prejuízo em sua interlocução com as crianças de sua idade, quando há ceceio (posicionamento da língua nos dentes, em vez de no céu da boca) ou outro indício de uma dificuldade que elas podem precisar de ajuda para superar. Diante da necessidade de encaminhamento ou dúvida nesse sentido, a família é chamada para uma entrevista com a Orientação Pedagógica e Educacional. Objetivos – Linguagem Oral Aos 3 anos, que a criança:  amplie

o

uso

comunicativas

de

linguagem

diversas,

oral

passando

da

em

situações

utilização

de

palavras à formação de frases cada vez mais elaboradas, aperfeiçoando a pronúncia e ampliando o vocabulário;  aprimore

a possibilidade

de

expressar verbalmente

desejos, necessidades e sentimentos;  participe

verbalmente

das

rodas

de

conversa

e

discussões em grupo, desenvolvendo a capacidade de Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


103

ouvir e de comunicar suas ideias, conhecimentos e opiniões. Aos 4 anos, que a criança:  aprimore a habilidade de elaborar relatos e narrativas,

expressando as ideias em uma sequência que favoreça a compreensão dos ouvintes;  perceba

a importância da própria participação nas

discussões, bem como de ouvir e considerar o que foi dito pelos colegas para que o diálogo se constitua;  considere diferentes pontos de vista, exercitando a

capacidade de argumentação. Aos 5 anos, que a criança:  conquiste fluidez em seus relatos e em sua narrativa de

histórias, sendo capaz de se fazer compreender e considerando o desafio

de

manter a atenção dos

ouvintes;  conquiste segurança para comunicar suas ideias ao

grupo e a outros ouvintes;  desenvolva a capacidade de argumentar para explicar ou

defender seu ponto de vista;  disponha-se a interagir em situações de socialização e

troca de conhecimentos – apresentação, resposta a possíveis perguntas, escuta dos demais com interesse, elaboração de perguntas e interesse de aprender de fato com quem expõe; Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


104

 adquira

uma

boa

dicção

das

palavras,

resolvendo

possíveis trocas e omissões de letras. Aos 6 anos, que a criança:  conquiste a possibilidade de participar de situações de

interação

verbal

em

grupo,

colaborando

para

a

constituição do diálogo – ouvir, colocar-se de acordo com o assunto e o momento da conversa, posicionar-se mantendo o respeito às diferentes opiniões;  desenvolva

a

disponibilidade

para

participar

de

discussões, exercitando a sua capacidade de argumentar para explicar ou defender seu ponto de vista e de considerar e respeitar a argumentação e o ponto de vista dos demais;  amplie

gradativamente

suas

possibilidades

de

comunicação e expressão, interessando-se por conhecer e começando a diferenciar os variados gêneros orais presentes no cotidiano escolar, relativos à narrativa, ao relato, à argumentação, à exposição e à instrução. Leitura O aprendizado da leitura e da escrita é construído de forma única por cada criança e buscamos intervir com desafios e questionamentos para que avancem em seus conhecimentos, valorizando e respeitando a forma de aprender e o ritmo de cada uma. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


105

Nosso

trabalho

enfatiza

a

função

social

da

escrita,

investindo na familiaridade com uma ampla variedade de gêneros e trazendo a utilização e importância dos atos de ler e escrever de forma contextualizada para o cotidiano do grupo, investigando para que se escreve, quando é necessário ler e por que precisamos recorrer à leitura e à escrita. Nas rodas de história e nas atividades na Biblioteca, após o reconhecimento

de

autores,

ilustradores,

tipo

de

letra

e

personagens de uma história, privilegiamos a compreensão dos textos lidos, a leitura espontânea, a escolha de livros para leitura semanal

acompanhada

ou

independente,

em

casa,

e

a

socialização da apreciação da leitura realizada com indicação a colegas, atividades que propiciam que desenvolvam critérios de seleção pautados no conhecimento e apreciação pessoal dos suportes e gêneros. O acompanhamento e sensibilidade do(a) professor(a) são fundamentais para descobrir, com cada criança, seu gosto pessoal pela leitura, o que vai ajudá-la a inserir o hábito de leitura em sua rotina, aliando compromisso e prazer. O(a) professor(a) introduz as crianças nesse universo também pela sua experiência enquanto leitor, o que inclui as suas escolhas, as suas preferências, o seu prazer ao compartilhar leituras com seus alunos. A adoção de um livro de literatura a cada semestre permite a organização de uma atividade de leitura compartilhada, na qual todos do grupo estão empenhados em interpretar, narrar, decodificar ou ler uma história ao mesmo tempo, respeitando a vez e a forma possível para cada uma. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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Quando as crianças ainda não conquistaram a leitura formal, por vezes adotamos livros que contam as histórias por imagens, para as quais as crianças elaboram uma narrativa oral. Essa atividade, por vezes, acaba se desdobrando em outra, como a confecção de um livro também de imagens, ou com o registro, pelo(a) professor(a), da narrativa das crianças, que pode seguir as figuras do livro de forma fiel, introduzir modificações ou dar continuidade à história original. O livro assim produzido poderá então dar novo significado à atividade de leitura compartilhada, já que as crianças estão bastante apropriadas de seu texto a ponto de, com deleite, quase poder lê-lo. Antes de ler convencionalmente, as crianças são capazes também de acompanhar a leitura e depois ler canções e parlendas conhecidas ou histórias circulares, o que é um grande estímulo para seus investimentos e reflexões sobre o sistema. Quando parte do grupo já consegue ler, livros com texto curto são utilizados em atividades de leitura compartilhada realizada coletivamente ou em pequenos grupos. Na

leitura

realizada

pelo(a)

professor(a),

escolhemos

textos cada vez mais complexos e longos, lidos em partes ou capítulos, com a retomada do enredo a cada sessão de leitura, com discussões para a compreensão das histórias. Dos 3 aos 6 anos, as crianças aprendem, gradativamente, a diferenciar letras e números, sabem que tem algo para ser lido onde há letras e aos poucos passam a inferir seu sentido por indícios como o suporte, a diagramação ou as figuras, elaborando hipóteses

de

leitura

quando

se

deparam

com

palavras

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


107

significativas ou textos decorados. A partir dessa interpretação global, passam também a elaborar hipóteses de leitura de palavras significativas, momento em que se mostram cada vez mais interessadas em compreender o que estão lendo e refletir sobre o nosso sistema de escrita, o que as leva a aprender a ler. Embora não seja nosso objetivo que as crianças aprendam a ler no Grupo Interidades, algumas se alfabetizam e passam a necessitar novos desafios de aprendizagem antes de ingressar no 1º ano. No

ano,

as

crianças

avançam

muito

em

seus

conhecimentos sobre a leitura e a escrita e a maioria aprende a ler.

Voltam-se

cada

vez

com

mais

intensidade

para

o

conhecimento do sistema de escrita, demonstrando grande interesse por ele. Planejamos desafios constantes, embora com enorme respeito pela forma que cada uma tem de se aproximar desses conhecimentos. Em nossas propostas para intervir nesse processo, estão presentes, entre outros, desafios de interpretação e/ou leitura indutiva de textos significativos ou conhecidos, como registros de mural, poemas, parlendas, letras de canção ou receitas; registros realizados pelo(a) professor(a) e posterior leitura coletiva, o que atesta que o que registramos resgata nossa memória com fidelidade ao que elaboramos; socializações sobre as diferenças entre letras e outros símbolos; a identificação de palavras significativas em um texto; o reconhecimento ou a leitura de nomes próprios conhecidos e de palavras significativas, como as que utilizamos para nomear os momentos da rotina, os títulos dos Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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livros lidos, os conteúdos de pesquisa do grupo; a leitura compartilhada, na qual todos têm o texto na mão e tentam ler ou acompanham a leitura realizada pelo(a) professor(a) ou colegas; a identificação de características que diferenciam a linguagem oral da escrita. Objetivos – Leitura Aos 3 anos, que a criança:  familiarize-se com a leitura e sua função social a partir

da necessidade de seu uso no cotidiano, no contato com livros, registros significativos e outros materiais;  acompanhe a leitura de livros de literatura e participe de

conversas de interpretação e apreciação. Aos 4 anos, que a criança:  conheça, na prática, a função social e comunicativa da

leitura como linguagem que possibilita uma ampliação de conhecimentos sobre o mundo e as pessoas;  reconheça o seu nome e outras palavras significativas;  desenvolva estratégias de leitura (indícios de suporte,

diagramação e gênero; imagem global da palavra, letra inicial e/ou outras, quantidade e posição de letras) e arrisque-se a ler segundo suas hipóteses;  acompanhe a leitura de livros de literatura e comece a

familiarizar-se com a identificação de temas, variações do gênero narrativo e autores. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


109

Aos 5 anos, que a criança:  conheça

e

valorize

a

função

social

da

leitura,

diferenciando a linguagem própria de diferentes gêneros de texto;  perceba o uso da representação escrita em diferentes

contextos e levante hipóteses sobre o sistema em situações contextualizadas e sociais;  utilize suas estratégias de leitura para ler segundo os

conhecimentos que possui;  socialize

sua

apreciação

e

suas

hipóteses

de

interpretação das leituras individuais ou compartilhadas;  aprecie a leitura de livros de literatura, comece

identificar

e

socializar

suas

preferências

e

a

fazer

indicações, considerando as preferências dos colegas. Aos 6 anos, que a criança:  reconheça a importância da leitura na participação das

pessoas em nossa sociedade;  arrisque-se a ler segundo suas hipóteses e respeite a

diversidade de hipóteses de leitura entre os colegas de seu grupo;  ao adquirir

a leitura alfabética, exercite a fluência

dispondo-se a ler em situações escolares (consignas, textos, socializações) e em tarefas/compromissos para casa; Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


110

 valorize a leitura como forma de acesso ao conhecimento

e a diversas manifestações artísticas produzidas pelo grupo e pela humanidade;  crie o hábito de ler, de formular e expressar uma

apreciação pessoal e de refletir sobre critérios de escolha e indicação de leituras. Exemplos “Não é uma caixa” Grupo Interidades / 2012 – Professora Luciana Justi O livro Não é uma caixa, de Antoinette Portis, foi adotado por conter uma história que trabalha com a imaginação, tornando-se um bom pretexto para os alunos serem desafiados em sua criatividade e na interpretação do mundo letrado. Com uma história simples e de fácil memorização, possibilitou a primeira leitura individual para as

crianças que estão entrando nesse momento da

alfabetização. O livro encanta por seus traços simples e as crianças se identificam com seu conteúdo e estética. O personagem é um coelhinho que transforma uma mera caixa naquilo que pode imaginar, de um prédio em chamas a um foguete, um pouco como nas situações em que a criança transforma um cabo de vassoura em cavalo ou um controle remoto em telefone – quando a imaginação claramente ocupa um Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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espaço maior do que a representação mimética das coisas em si. Além de inspirar um estudo da Língua Portuguesa, cada criança soltou sua imaginação quando ganhou uma caixa para transformá-la no que quisesse. As crianças se empenharam

no

desenho

e

na

pintura

das

caixas,

brincaram muito com elas e se envolveram com a elaboração e a leitura do nosso próprio livro, produzido com as fotos desse processo. “A escola barulhenta” 1º ano / 2013 – Professora Luciana Justi A partir da leitura do livro A casa sonolenta, de Audrey Wood, o grupo fez muitas lições para compreender como funciona

uma

história

circular.

Quando

os

alunos

compreenderam que os personagens vão aparecendo em uma sequência e que a história cresce gradativamente com a repetição dos personagens e suas ações, iniciaram a discussão sobre como escrever uma história circular baseada nessa. Decidiram fazer a história se passar em uma escola em vez de uma casa; que os personagens poderiam ser eles mesmos, os alunos da escola; e que, em vez de fazer uma escola sonolenta, seria o oposto, ou seja, barulhenta. Surgiu, assim, “A escola barulhenta”. A

história

foi

elaborada

coletivamente,

com

a

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


112

substituição dos personagens da casa sonolenta pelos da escola barulhenta, tendo a professora como escriba. O livro foi então ilustrado com fotos de cada aluno encenando o seu personagem. Como as frases vão se repetindo e a sequência de fotos dá indícios do que vai se modificando no enredo, mesmo as crianças

que

conseguem

não

“ler”

o

estão nosso

lendo livro

convencionalmente e,

nessa

atividade,

identificar muitas palavras. “Em frente à nossa escola” 1º ano / 2013 – Professora Camilla Guimarães Após diversas leituras do livro Em frente à minha casa, de Marianne Dubuc, e conversas sobre a estrutura da narrativa e as inusitadas surpresas que aparecem cada vez que viramos as páginas, convidamos o 1º ano da tarde a imaginar o que poderia surgir “Em frente à nossa escola”. Foram

muitas

rodas

nas

quais

oralmente

experimentamos diferentes narrativas, exercitando nossa imaginação com o cuidado de manter a estrutura circular da história. Elegemos, por fim, uma versão que foi cuidadosamente ilustrada e legendada pelas crianças, que construíram assim uma nova brincadeira ao ler a sua própria história circular. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


113

Escrita Dos 3 aos 6 anos, as crianças se aproximam com intensidade crescente do conhecimento do sistema de escrita, pelo interesse de dar sentido à leitura e à escrita, tão utilizadas em nosso meio. Desejam, assim, aproximar-se das atividades e do repertório das crianças mais velhas e dos adultos. As crianças são convidadas a escrever como sabem ou acham que deve ser, a produzir escritas com modelo e a copiar – o que ocorre quando precisam registrar algo para ser lido por outros. Na comparação entre suas produções nessas diferentes atividades e entre o que produzem e as palavras significativas que aprenderam a “ler” por um reconhecimento global de sua forma, suas hipóteses sobre o sistema de escrita vão se desestabilizando e dando lugar a hipóteses mais elaboradas. Nesse processo, de uma imitação da escrita que se assemelha a uma garatuja, contendo rabiscos e/ou pseudoletras, passam a usar letras em atividades de escrita espontânea e, quando descobrem que há um jeito certo de escrever, muitas vezes passam a copiar modelos como estratégia para fazê-lo de forma convencional ou quando produzem algo que querem que seja lido por outros. Passam, gradativamente e com oscilações, por uma hipótese de que para escrever é preciso usar letras (do início até aqui,

consideramos

que

a

criança

elabora

hipóteses

pré-

silábicas); por hipóteses de que é preciso usar uma letra para representar cada sílaba (ou parte) de uma palavra e de que Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


114

precisam considerar o valor sonoro de cada letra de acordo com o som

predominante

de

uma

sílaba

(hipóteses

silábicas);

e

elaboram a compreensão de que precisam formar sílabas, que geralmente

necessitam

alfabética).

A

partir

de

de

consoantes

então,

e

escrevem

vogais

(hipótese

qualquer

coisa,

precisando apenas aprimorar aos poucos, ao longo do Ensino Fundamental I, conhecimentos ortográficos e gramaticais. Embora algumas crianças mostrem uma escrita alfabética no Grupo Interidades, a maioria realiza essa conquista no 1º ano e outras só apenas no 2º ano, de forma que consideramos imprescindível respeitar as diferenças e os ritmos de aprendizado. Temos assim, no 1º ano, um grupo bastante heterogêneo, no qual as diferenças e os ritmos de aprendizado precisam ser respeitados. Por vezes as crianças ficam preocupadas quando demoram a aprender, então precisamos acalmá-las para que se dediquem à continuidade de seus investimentos, arriscando-se a ler o que já conhecem, a escolher letras pela associação de seu som à sua forma escrita e fazer as comparações que vão propiciar que aos poucos se apropriem da lógica do nosso sistema de escrita. Nossas propostas envolvem a escrita a partir de hipóteses pessoais, de memória, com modelo e cópia, do próprio nome, dos nomes dos colegas, de palavras significativas e de pequenos textos; discussões e troca de conhecimentos a respeito das letras necessárias para se escrever uma palavra, do nome das letras, seu valor sonoro e grafia; o conhecimento do universo de letras do alfabeto; o registro, pelo(a) professor(a), e a correção Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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coletiva, realizada oralmente, de diferentes textos que serão lidos por outras pessoas, com ênfase na diferença entre a linguagem falada e a escrita; a brincadeira e o registro de rimas, adivinhas, reescritas e descrições, realizadas pelas crianças ou pelo(a) professor(a). É importante considerar que as atividades que melhor dão contexto a uma utilização significativa da escrita na escola são as realmente necessárias à organização do cotidiano – registros de presença, rotina e outros – e ao registro daquilo que o grupo precisará retomar – listas de objetos ou aspectos necessários a uma brincadeira ou produção, exposições de estudos e relatos de processos de investigação, entre outros. As crianças se apropriam de objetos de conhecimento pela intermediação da linguagem e aprimoram seu domínio sobre ela quando a utilizam para registrar seu conhecimento. Quando o(a) professor(a) realiza, junto com as crianças, registros para o mural ou para retomar posteriormente – listagens, narrativas, conversas, jogos, pesquisas ou textos –, oferece também um modelo de escrita, mostrando sua direção e sua organização no espaço do papel – de cima para baixo e da esquerda para a direita, o que é uma convenção cultural. Esse aprendizado exige a internalização de referenciais espaciais abstratos, já que não há indicações visuais nos suportes onde as crianças vão escrever. Há crianças que, quando começam escrevendo da esquerda para a direita, seguem nessa direção naturalmente, mas que, em outro momento, começam escrevendo da direita para a esquerda Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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e assim vão por todo o seu texto. Outras, quando terminam o papel, passam a subir pela sua lateral, escrevendo uma letra em cima da outra para terminar sua frase sem ter que mudar de folha. O que para algumas crianças parece ser algo muito natural, para outras é confuso e demora um pouco mais a ser construído, o que gera o espelhamento de letras, palavras ou frases. Devemos observar, seguir dando modelo e respondendo às dúvidas da criança quando ela quer saber se escreveu ou como escrever algo na posição correta, mas em geral o espelhamento vai rareando e desaparece até os 7 anos. Objetivos – Escrita Aos 3 anos, que a criança:  explore a função social da escrita, como forma de

registro e comunicação, em situações reais, ou seja, em contextos em que seja claramente necessária;  demonstre interesse pelos registros coletivos realizados

em grupo;  passe a utilizar, gradualmente, traços diferenciados para

o desenho e a escrita, mesmo que esta última seja representada por traços (“garatuja” da letra cursiva) ou pseudoletras (“garatuja” da letra bastão).

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Aos 4 anos, que a criança:  reconheça

a

função

dos

registros

produzidos

coletivamente;  escreva letras de memória;  copie ou escreva seu nome corretamente;  disponha-se a produzir escritas de acordo com suas

hipóteses e cópia do nome próprio, dos nomes dos colegas de grupo, de palavras ou pequenas frases significativas;  colabore oralmente com a criação e correção de textos,

com atenção para o detalhamento e coerência da sequência narrativa. Aos 5 anos, que a criança:  compreenda o significado e valorize o uso e a função dos

diversos registros e formas de comunicação escrita utilizados no contexto escolar;  amplie

seu interesse pela escrita e disponha-se a

produzir escritas de acordo com suas hipóteses e cópia de listagens, títulos ou frases, para o registro de ideias ou hipóteses pessoais ou coletivas;  conheça o universo de letras do alfabeto e utilize letras

para escrever;  escreva de memória o próprio nome e outras palavras

significativas (nome da mãe, nome do pai);

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 dedique crescente atenção ao valor sonoro das letras ao

escrever, desenvolvendo assim suas hipóteses sobre a lógica da escrita;  colabore oralmente com a criação e correção de textos,

com atenção para o detalhamento e coerência da sequência narrativa, a repetição de palavras (nomes de personagens

e

lugares)

e

conjunções

típicas

da

linguagem oral (“e aí”, “daí”);  observe a direção da escrita no papel/na lousa e a

diferença entre o tempo da fala e seu registro. Aos 6 anos, que a criança:  reconheça a importância da escrita na participação das

pessoas em nossa sociedade;  mostre interesse e investimento na comunicação escrita,

elaborando e reelaborando hipóteses acerca do sistema de escrita;  utilize, em propostas escolares e espontaneamente, o

recurso da escrita para elaborar registros e comunicar ideias;  respeite a diversidade de hipóteses de escrita entre os

colegas de seu grupo;  ao conquistar a escrita alfabética, preocupe-se com a

direção da escrita, com sua organização na folha e passe a formular dúvidas ortográficas;

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119

 valorize a escrita como recurso de registro e memória de

conhecimentos e de diversas manifestações artísticas produzidas pelo grupo e pela humanidade;  colabore com a criação de textos, oralmente e por

escrito, preocupando-se com sua legibilidade e com o uso de linguagem adequada. Exemplos Narrativas coletivas “Quando nasce um vampiro” e “Quando nasce uma princesa” Grupo Interidades / 2012 – Professora Luciana Gamero Em um momento específico para a roda de história diária, a professora trouxe a história Quando nasce um monstro, de Sean Taylor e Nick Sharratt. O grupo se encantou por ela e todos os dias pedia que fosse contada de novo, e foi então que a professora propôs às crianças que inventassem uma nova versão. O grupo aceitou o desafio, mas foi difícil escolher uma única história, por isso

fizeram

duas:

“Quando

nasce

um

vampiro” e “Quando nasce uma princesa”, que foram apresentadas na Mostra Literária. Pela importância do reconto oral e também da autoria de frases e histórias para o desenvolvimento da linguagem e da narrativa, as crianças aprenderam inicialmente a recontar a história do livro, o que fizeram com muita Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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apropriação, se divertindo cada vez que a frase “existem duas possibilidades...” aparecia, conduzindo o enredo para situações inusitadas. Em seguida, o grupo foi convidado a elaborar oralmente as novas versões, mantendo, na estrutura da narrativa, a opção entre “duas possibilidades”. As crianças produziram, ao final, belas ilustrações. Os dois livros são fruto da imaginação das crianças e da alegria de brincar com as palavras, que nessa faixa etária estão tão presentes e pulsantes. “Onde vivem os monstros?” Grupo Interidades / 2012 – Professora Luciana Justi A partir da questão “Onde vivem os monstros?” iniciouse uma brincadeira muito séria, que empolgou todo o grupo. No início do semestre,

haviam

lido algumas

histórias sobre monstros e algumas crianças do grupo, a maioria, diziam acreditar em monstros, principalmente quando fechavam os olhos para dormir. As professoras resolveram então brincar um pouco com isso. Faziam uma roda para inventar um monstro de um determinado lugar e assumiram a função de escribas. Discutiram a estrutura de um texto descritivo e, a partir de perguntas sobre onde moravam, seus poderes e aspectos físicos, entre outros, os monstros do grupo foram surgindo. Depois as crianças desenharam cada monstro que tinham inventado, apresentando uma produção muito boa. Foi Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


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possível perceber o envolvimento e a preocupação de todas as crianças em representar com fidelidade as características inventadas na roda. Ao final, fizeram um dos monstros com sucata, a “Camuda”, o monstro do quarto, e para isso tiveram que pensar em formas que representassem o que tinham criado

e

em

como

montar

os

objetos

de

maneira

proporcional, o que deu contexto para discussões de geometria. Reconto “Victor e o jacaré” Grupo Interidades / 2012 – Professora Mariana Mantovani O grupo iniciou a leitura do livro Victor e o jacaré, de Mariana Massarani, nas rodas de história. Manusearam os livros e observaram as ilustrações. Logo as crianças notaram que o livro não tinha texto verbal e, portanto, poderiam elaborar uma história para ele. O livro foi explorado de diversas maneiras, individual e coletivamente, nas rodas de história, quando cada criança pôde pensar e brincar com as ilustrações e com as narrativas que foram surgindo. O registro de um texto com as crianças permite que elaborem

melhor o detalhamento e

a sequência da

narrativa, além de enfatizar a importância da escrita como forma de lembrarmos o que pensamos e produzimos. Ao final, as crianças realizaram novas ilustrações para a Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


122

narrativa criada pelo grupo. Na Mostra Literária, apresentaram sua produção na forma de um livro coletivo, com o reconto e as ilustrações de cada um, e de um filme das crianças encenando a história. Reconto “A moura torta” 1º ano / 2013 – Professora Luciana Justi O grupo realizou a reescrita do conto popular “A moura torta”, na versão de Ana Maria Machado. Depois de ler e reler algumas vezes a história, as crianças a recontaram coletivamente com suas palavras, com a proposta de que tentassem ser o mais fiéis possível ao texto original. A professora, como escriba, usou um datashow para que elas pudessem acompanhar o que ia escrevendo. Corrigiram então o texto, também em grupo, e imprimiram as cópias para que cada criança pudesse fazer suas ilustrações. Participar de uma reescrita é uma situação muito adequada para a aprendizagem da linguagem escrita, pois a criança pode investir em pensar na linguagem mais adequada ao texto, mesmo antes de se alfabetizar ou de ser capaz de produzir escritas mais longas. É preciso abordar a sucessão de fatos sem omitir partes importantes da história, fazer uso de marcadores temporais, considerar uma linguagem mais formal e organizar o texto de forma que o leitor compreenda todas as nuances a partir do que Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


123

está sendo contado. A dedicação dos alunos e o empenho nessa reescrita ficaram perceptíveis no resultado do livro. A história foi contada com ricos detalhes e ilustrações, que demonstram quão valioso esse trabalho se tornou para o grupo. Livro de rimas 1º ano / 2013 – Professoras Luciana Justi e Nélia da Hora A partir da leitura do livro Assim assado, de Eva Furnari, o grupo se aproximou das rimas e realizou muitas análises de palavras que rimam, produzindo listas de nomes próprios, de comidas e animais com suas possíveis rimas. Aprender rimas envolveu uma brincadeira oral na busca por sonoridades parecidas, a partir da qual as crianças observaram que as palavras que terminam com o mesmo som

terminam

também

com

as

mesmas

letras.

Perceberam, portanto, que as rimas têm relação com o som das palavras e não com as características daquilo que elas representam. O grupo elaborou, individualmente e em parcerias, listas de palavras que rimam e confeccionou um varal de rimas, que serviu de base para as pesquisas para a elaboração de seu próprio livro de rimas. Para o registro, muitas palavras foram escritas na lousa pelas crianças e discutidas pelo grupo, que decidiu, coletivamente, de Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


124

forma muito produtiva, quais letras usar. As professoras fizeram ainda uma última correção, partilhada com as crianças, para a publicação do livro. O livro foi elaborado pelas crianças com foco em rimas engraçadas, que se assemelhassem com a estrutura textual apresentada no livro de Eva Furnari, mas com palavras do repertório delas. Foi muito divertido pensar nas rimas que faziam sentido com as palavras levantadas, em um exercício rico e cheio de descobertas para o grupo, envolvido no processo de leitura e escrita. As ilustrações, além de muito caprichadas, expressaram o esforço das crianças em representar as frases elaboradas. “Os remédios maravilhosos do 1º ano” 1º ano / 2013 – Professora Camilla Guimarães Durante a leitura em capítulos do livro O remédio maravilhoso de Jorge, de Roald Dahl, foi comum terminar os capítulos conversando sobre o que as crianças achavam que iria acontecer quando o personagem criasse o próximo remédio. Envolvidos com a possibilidade de criar diferentes fórmulas e reações, a discussão foi ampliada com a proposta

de

que,

em

duplas

ou

trios,

as

crianças

registrassem suas ideias. Para organizar o registro, o grupo se dedicou a conhecer algumas características das bulas de remédios, Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


125

portadoras de um texto de conteúdo e uso social bastante específico. Com base nesse estudo, definiram o roteiro das produções. Desde muito pequenas, as crianças são convidadas a produzir textos e pensar nas diferenças entre a linguagem oral e a escrita, na maioria das vezes contando com o(a) professor(a) como escriba de seu texto. Com grande parte do grupo já escrevendo convencionalmente, nosso trabalho passou a ter como principal desafio a organização de um texto

escrito,

e

os

textos

descritivos

são

bastante

apropriados para isso. No 1º ano, o foco não é trabalhar a ortografia correta das palavras, e sim possibilitar a reflexão sobre o sistema e a linguagem escrita. Depois da escrita das bulas, a partir do roteiro coletivo, foram realizadas algumas correções com as crianças apenas para que tornassem os textos legíveis, o que permitiu algumas reflexões importantes. Os educadores fizeram então uma última revisão para a publicação, em respeito aos leitores e à importância da leitura na formação de bons escritores, mas é possível reconhecer

a

estrutura

das

frases

que

as

crianças

elaboram nessa idade e também retomar o processo dos subgrupos, desde a primeira escrita, na pasta de lições de cada um. Para

finalizar

a

criação

de

seus

“Remédios

maravilhosos”, as crianças visitaram o laboratório da escola, onde experimentaram, brincando de cientistas, Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


126

misturas de água, anilina, vaselina e alguns brilhos em garrafinhas especiais. “A história do sal” 1º ano / 2013 – Professora Camilla Guimarães Durante o semestre, trabalhamos com o desafio de registrar

a

sucessão

de

fatos

de

uma

história

ou

informações de um texto sem omitir partes importantes, considerando uma linguagem mais formal e organizando o texto de maneira que o leitor compreenda todas as nuances a partir do que está sendo contado. A reflexão sobre a organização de nosso sistema de escrita continua a ser proposta em atividades diferenciadas para algumas crianças, conforme nossa avaliação, e o trabalho de produção de textos costuma ser realizado em duplas ou trios. Essa proposta possibilita colocarmos em prática valores muito pontuados durante todo o primeiro semestre: a importância do trabalho em parceria, de conseguirem escutar a dúvida do outro, de se aprender com a colocação dos colegas, de negociar ideias e sugestões e de respeitar opiniões diversas. Foi proposta a reescrita de um conto popular: “A história do sal”. Esse desafio incluiu ouvir e ler o texto a partir de um novo ponto de vista: para aprenderem a escrever, em um amplo processo de reflexão sobre a língua, quando analisaram diversos aspectos, como a Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


127

estrutura

do

texto,

a

linguagem

adequada

e

as

informações essenciais. Atividades Diversificadas (ADs) de Língua Portuguesa Em uma atividade semanal que nomeamos abreviadamente como ADs de LP, reunimos os alunos de Grupo Interidades a 3º ano em grupos mais homogêneos, considerando os desafios mais importantes que cada um necessita no aprendizado da nossa língua. Nessas propostas, as crianças se dividem então em novos subgrupos, não mais por série, em função dessas diferenças e necessidades, e eventualmente contam com o acompanhamento de parceiros mais experientes, ou coordenadores, que têm como tarefa ajudar sem fazer pelo colega, dando espaço para que ele exponha seus saberes e dúvidas. Objetivos gerais – ADs de Língua Portuguesa  Que os alunos sejam respeitados em suas necessidades

de aprendizado no contexto da heterogeneidade dos grupos

e

encontrem

desafios

de

aprendizagem

adequados ao que precisam aprender ou sistematizar, integrando subgrupos de trabalho mais homogêneos ou produtivos (heterogêneos, com alunos atuando como

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


128

coordenadores), conforme o documento “Projeto de Orientação de Estudos”5. Objetivos específicos – ADs de Língua Portuguesa  Formar subgrupos mais homogêneos para o trabalho em

Língua Portuguesa, independentemente da série dos alunos, enfatizando diferentes aspectos da apropriação da sequência da narrativa: o na narrativa oral; o na leitura; o no registro escrito, com preocupação na reflexão

sobre nosso sistema de escrita e sua compreensão; o na elaboração e registro de narrativas com posterior

revisão da sequência e de aspectos gramaticais e ortográficos.  Possibilitar que os alunos que dominam melhor recursos

para a leitura e para a escrita e revisão de uma narrativa auxiliem ou ajudem a antecipar aspectos desse trabalho aos alunos que estão iniciando esse aprendizado. As propostas para esses subgrupos normalmente abrangem quatro ou cinco formas diferentes de desafios e, dependendo do número de crianças, formamos mais de um grupo para o trabalho

5

Documento sistematizado na nossa escola em 2007. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


129

com a mesma proposta, priorizando grupos menores e contando com a coordenação das atividades também por professores(as) auxiliares

(no

contexto

de

propostas

de

formação

supervisionadas): 1) relato, descrição ou narrativa oral com apoio em objetos ou ilustrações de histórias conhecidas; 2) relato, descrição ou narrativa oral com apoio em sequências de imagens ou de memória; 3)

escrita

quadrinhos),

com

de

frases

curtas

ou

sem

acompanhamento

o

(listagens,

histórias, de

alunos

coordenadores; ou subgrupos de leitura compartilhada – dois alunos conquistando a fluidez na leitura e um aluno bom leitor como coordenador da atividade; 4) produção de uma versão ou um reconto com análise da sequência – detalhamento, coerência, início, meio e fim – e correção ortográfica e gramatical, com o acompanhamento de alunos

coordenadores;

ou

subgrupos

de

leitura

dramática:

ensaios de leitura com atenção à pontuação – ritmo e pausa –, entonação e nuances de interpretação a partir do volume, do timbre e da emoção envolvidas na expressão oral do que é lido; 5)

elaboração

e

revisão

de

narrativas

autorais,

eventualmente a partir do estudo de um novo gênero, com ou sem o acompanhamento de alunos coordenadores.

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


130

Matemática Na área de Matemática, planejamos atividades específicas relacionadas ao sistema numérico e operações, às medidas e à geometria, embora algumas propostas, estudos e jogos tragam desafios que integram esses conteúdos. Objetivos gerais Propiciar que as crianças:  desenvolvam atitude de interesse e curiosidade pela a

Matemática;  construam conhecimentos sobre a sequência numérica

oral e escrita e sobre suas regularidades;  expressem hipóteses, utilizando gradualmente conceitos

matemáticos, e conquistem confiança para se aproximar, com seus conhecimentos, de situações matemáticas desconhecidas;  construam

significados

matemáticos

nos

contextos

sociais, na vida cotidiana e através de informações veiculadas nos meios de comunicação;  utilizem o conhecimento matemático para

comparar

grandezas, resolver problemas cotidianos ou situações de

aprendizagem relacionadas

à

quantificação e

exploração do espaço;

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014

à


131

 utilizem

a

linguagem

matemática

para

comunicar

hipóteses sobre quantidades ou resultados de operações matemáticas. Sistema numérico e operações Os números estão presentes de diversas formas na vida das crianças, que se interessam por seu significado e pelo repertório do mundo adulto. Sabem sua idade e observam números, em casa e na escola, no telefone, no prédio, na casa ou apartamento, nas listas de supermercado, nas páginas dos livros, em suas roupas e sapatos, nas receitas culinárias, nos calendários e jogos. Em

nossas

conversas

cotidianas,

nas

propostas

de

atividades e jogos, aos poucos vamos propondo que socializem e sistematizem seus conhecimentos a respeito da função do número (onde estão presentes, para que são usados e como usálos); da leitura e escrita dos números; da sequência numérica e suas regularidades; da relação entre número e quantidade (ou grandeza); e da compreensão e estratégia para a realização de cálculos. É

importante

que

o(a)

professor(a)

tenha

uma

boa

compreensão das diferentes funções do número para que possa problematizar os conhecimentos e as explicações formuladas pelas crianças, a fim de que progressivamente ampliem sua compreensão sobre o uso social dos números. Os números podem ter as seguintes funções: Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


132

 representar uma quantidade ou uma grandeza (como

peso, altura, volume, distância, velocidade);  representar uma localização (como o andar e a posição

de um apartamento em um prédio);  representar um código (como o número do telefone, da

placa do carro, do segredo de um cadeado). Nos registros utilizados no cotidiano escolar, é possível propor que levantem hipóteses e discutam a leitura dos números ou exercitem sua escrita espontânea, por exemplo ao preencher um calendário ou anotar a idade de um colega, escrevendo como acham que deve ser. Passarão, como na escrita das palavras, por situações de escrita espontânea, com modelo e cópia, e aos poucos se apropriarão da escrita dos números. É importante propor também que discutam como fazem para diferenciar números de letras, o que vai ajudá-las a relacionar cada um com alguns tipos de suporte, fazer com que criem recursos para consultar, em caso de dúvida, lugares onde sabem que vão encontrar apenas um tipo e, afinal, conhecer uns e outros. Como na escrita de letras, o(a) professor(a) realiza registros junto com as crianças, mostrando a direção e os movimentos corretos para a escrita de cada algarismo. Além de observar, dar modelo, responder às dúvidas e esperar o tempo necessário à construção interna de referenciais espaciais para que as crianças definam a direção e a posição dos números, resolvendo as dúvidas que geram o espelhamento da escrita, por vezes é importante, também, no caso de crianças que se mostram mais confusas para desenhar a forma correta, oferecer Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


133

a oportunidade de investigarem e treinarem o movimento da escrita, fornecendo folhas com os algarismos escritos com setas que indicam por onde se deve começar a escrevê-los, em que direção, e por onde continuar, até finalizá-los. Se essa for uma questão para uma ou apenas algumas crianças, podemos deixar modelos em seu material pessoal para que consultem quando tiverem necessidade; se for uma questão para boa parte do grupo, é importante fornecer modelo no mural e se referir a ele com frequência, retomando os parâmetros que nos auxiliam a conseguir uma escrita correta. Esse processo é muito importante no caso dos números, que as crianças vão escrever sempre da mesma forma, já que no caso das letras, ao se alfabetizarem, passarão a aprender e utilizar a letra cursiva, aprendizado que já inclui o estudo da direção correta dos movimentos para conseguirem emendar uma letra na outra da forma mais eficiente. Nesse aprendizado, o exercício anterior com os números, no caso das crianças que necessitam de maior treino, terá sido de grande valia, pois já resolveram como realizar os movimentos necessários para fazer o lápis virar para cá e para lá, subir e descer, dar voltinhas e, nesse processo, já refletiram inúmeras vezes sobre os referenciais de direção e posição. A recitação oral é a forma primeira de apropriação da sequência numérica, e por isso contamos muitas coisas na escola, como quantas crianças vieram e quantas faltaram, quantos dias faltam para algum evento esperado ou quantos pincéis pegar para distribuir a todos. Há muitas músicas e jogos também que Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


134

promovem a repetição da sequência numérica inicial e favorecem que as crianças a decorem. A contagem começa apoiada nesse conhecimento. As crianças pequenas iniciam imitando um adulto ou criança mais velha que conta, recitando a sequência por vezes fora de ordem, ou repetindo números quando os que conhece acabam, e apontando mais de uma vez para o mesmo objeto entre aqueles que procura contar. Isso nos mostra que contar não é tarefa simples, mas que exige um longo aprendizado. Contar com eficiência requer o conhecimento da sequência numérica, a compreensão de que cada número recitado na sequência

acrescenta

uma

unidade

ao

número

recitado

anteriormente e de que cada elemento de um conjunto precisa ser contado, e uma única vez, para sabermos ao certo quantos há ao todo. Essa é uma construção que a criança faz ao longo de uma série de desafios de recitação oral da sequência numérica e de contagem de objetos. Para

apoiar

seu

aprendizado,

sistematizamos

gradualmente, junto com as crianças, uma fita numérica que indica os números até 10, 50, 100, dependendo do momento do ano e do grupo. Para a montagem da fita, é importante a discussão em grupo sobre os números que devem compô-la e em qual ordem. Estabelecido um consenso, os números vão sendo colados, geralmente de 10 em 10, e a fita passa a fazer parte do material de consulta do grupo para recitar, contar ou procurar a forma correta de escrita de um algarismo ou número. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


135

No 1º ano, é comum os números serem organizados em um quadro numérico até 100, onde fica explícita a regularidade das dezenas que ocupam cada linha e das unidades que se repetem a cada coluna. É realizada uma sequência de atividades, que se inicia com a construção de uma tabela coletiva e segue com a solicitação de registros individuais em lições e discussões coletivas para a socialização de descobertas e conclusões a respeito das regularidades do sistema. A récita numérica passa a ser

trabalhada

também

nas

propostas

de

contagem

com

diferentes intervalos, como de 2 em 2, 5 em 5, 10 em 10, em ordem crescente ou decrescente. A escrita dos números a partir do 10 gera muita discussão. Algumas

crianças,

mesmo

quando

conseguem

lê-los,

não

lembram como fazer para escrevê-los, de forma que consultam a fita, contando desde o 1 ou desde um número conhecido, até encontrar o que procuram. Um desafio importante na apreensão de nosso sistema numérico é a observação e gradual compreensão da base 10 e do valor posicional dos números. Embora as crianças não atinjam essa compreensão na Educação Infantil ou nos primeiros anos do Ensino Fundamental I, são capazes de observar as regularidades do sistema numérico, ou seja, suas repetições, e utilizam esse conhecimento para recitar a sequência numérica, contar com eficiência, escrever e comparar números. Embora

tradicionalmente

os

números

tenham

sido

ensinados aos poucos, primeiro até 10 e depois até 30 (talvez em função do calendário), esse recorte já não se justifica. Os Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


136

números estão presentes em nosso cotidiano em grandezas variadas e as crianças entram em contato com eles, tentando entender o que significam. Se tivéssemos que entrar em contato apenas com números pequenos, nosso universo de estudo ficaria muito restrito. Além disso, quando as crianças percebem que a ordem das dezenas repete a das unidades, têm maior facilidade de responder a cálculos com números redondos do que com números baixos – é mais fácil e rápido, por exemplo, saber que 50 mais 50 é 100 do que calcular 7 mais 9. As crianças de 6, e algumas de 5 e 4 anos, demonstram facilidade e gosto pela contagem de 5 em 5 e de 10 em 10, quando conseguem atingir números altos com maior facilidade e domínio. Realizam esse treino em atividades nas quais realizam essas contagens tendo inicialmente como referência todos os números terminados em 0 e 5 pintados com cores diferentes em uma fita numérica; ou na contagem de coleções que, diante de muitas unidades e da dificuldade de contar tudo novamente a cada nova remessa de objetos trazidos para integrá-las, foram organizadas em saquinhos de 5 ou 10 unidades. Esse exercício e domínio lhes possibilita adquirir recursos para efetuar cálculos rápidos, pautados no conhecimento da sequência numérica, como 15 mais 5 ou 50 mais 20, por exemplo. O domínio para operar com as regularidades do nosso sistema, mesmo que sua compreensão venha depois, é um importante

investimento

a

ser

realizado

com

as

crianças

pequenas. Trazemos esse desafio tentando ler e compreender o significado dos números altos, localizando esses números na fita Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


137

ou no quadro numérico, contando de 5 em 5 e de 10 em 10 e problematizando

as

repetições

identificadas

nas

diversas

situações em que precisamos dos números na escola. Nos

jogos,

principalmente,

surgem

os

desafios

mais

interessantes de cálculo. Além da necessidade de compararem números nas cartas, contarem quantidades nos dados e fazerem corresponder essa quantidade ao número de casas a serem percorridas, entre outros, há muitos jogos em que as crianças precisam somar pequenas quantidades para decidir sua jogada ou para saber quem venceu ao final a partir dos pontos parciais de cada jogador ou time. Usam dedos, pauzinhos e objetos para realizar essas somas – apoiadas, portanto, na contagem –, socializando suas estratégias e refletindo formas de calcular. Durante as oficinas de jogos, são poucas as intervenções realizadas pelos(as) professores(as), a maior parte relacionada à administração de conflitos, o que permite que as próprias crianças discutam e comentem as estratégias que utilizam. As intervenções acontecem antes das oficinas de jogos, quando os(as) professores(as) leem e explicam as regras de cada jogo, e depois, quando apresentam para o grupo questões que observaram, como boas estratégias ou grandes impasses, para que as crianças opinem e/ou justifiquem suas jogadas. Após essas discussões, é comum registrarem juntos as conclusões para serem fixadas no mural da sala. Há também os desafios em forma de lição para que as crianças sistematizem alguns conhecimentos e conteúdos já trabalhados nos jogos. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


138

Muitas

atividades

e brincadeiras, como propostas

de

compra e venda, podem também ser tomadas como ponto de partida para que realizem pequenos cálculos em lições e se familiarizem com os problemas de matemática, dispondo-se a pensar o que aconteceu com as quantidades em determinada situação e como fazer para resolver a questão. A

partir

do

ano,

é

possível

problematizar

os

conhecimentos das crianças lançando questões que as leve a discutir como identificar ou definir o antecessor e o sucessor de um número, como saber qual entre dois números com muitos algarismos representa uma quantidade maior, como utilizar a contagem de 10 em 10 para realizar cálculos mentais, como elaborar estratégias para resolver problemas e depois explicá-las oralmente e/ou registrá-las no papel ou na lousa. É possível introduzir a linguagem da sentença matemática, com a utilização dos sinais que representam operações, para propor cálculos e para registrar as estratégias que o grupo utiliza ao fazer operações, a fim de socializá-las e construir um bom material de consulta. Objetivos de aprendizado – Sistema numérico e operações Aos 3 anos, que a criança:  perceba a presença e a importância dos números em

diversas situações cotidianas de seu uso social, tentando identificar os algarismos; Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


139

 utilize a contagem oral em situações cotidianas e de

aprendizagem,

conseguindo

designar

pequenas

quantidades;  comece a relacionar os números às quantidades ou

grandezas que representam;  explore a leitura e a escrita espontânea dos números.

Aos 4 anos, que a criança:  reconheça a função de quantificar dos números;  treine e domine progressivamente a sequência numérica

oral, conquistando precisão na contagem;  perceba, compare e estabeleça relações entre igualdades

e diferenças numéricas;  levante hipóteses sobre a leitura e a escrita de números

de

diferentes

grandezas

presentes

nas

situações

cotidianas e nos projetos de pesquisa;  estabeleça relações entre quantidades usando noções

simples de cálculo para resolver problemas. Aos 5 anos, que a criança:  reconheça

diferentes

funções

sociais

dos

números:

quantificar, indicar uma posição ou um código;  utilize seu conhecimento da sequência numérica oral

como base para o reconhecimento dos números em uma tarja ou quadro;  designe quantidades a partir da contagem; Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


140

 tente contar ou reconhecer a contagem da sequência de

5 em 5 e de 10 em 10, com destaque para esses números em uma tarja ou quadro, identificando neles algumas regularidades;  consiga

ler

e

escrever

os

algarismos,

bem

como

reconhecer ou levantar hipóteses na identificação de números maiores;  elabore estratégias para interpretar e resolver situações-

problema contextualizadas. Aos 6 anos, que a criança:  amplie conhecimentos sobre a sequência numérica oral e

escrita e sobre suas regularidades, sistematizando seus conhecimentos na elaboração e utilização de um quadro de 1 a 100 e pesquisando como seguir;  a partir do conhecimento de regularidades da sequência

numérica, identifique ou designe antecessor e sucessor em uma série.  compare

escritas

numéricas

e

discuta

formas

de

estabelecer relações de grandeza;  exercite o cálculo mental com base na contagem de 10

em 10;  leia, interprete e compreenda enunciados simples de

problemas,

elaborando

estratégias

para

encontrar

em

sentença

soluções e buscando registrá-las;  tente

resolver

operações

simples

matemática, com registro de estratégia; Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


141

 colabore com a sistematização coletiva das estratégias

utilizadas pelo grupo para realizar operações. Medidas Desde que começam a manipular os objetos, as crianças estão observando e comparando características e grandezas. Nosso objetivo, na Educação Infantil, não é ensinar uma por uma as diferentes unidades de medida para que as crianças se apropriem de sua utilidade e saibam usar os instrumentos que nos permitem medir as diferentes grandezas, mas observar, junto com elas, sua presença em nossa vida cotidiana e escolar e problematizar sua utilidade e eficiência. Pequenos problemas muitas vezes podem ser resolvidos facilmente. Se precisamos de um balde maior para fazer um bolo de areia maior, simplesmente procuramos, comparamos, fazemos o bolo e constatamos que temos baldes de tamanhos diferentes e encontramos o que precisávamos. Isso gera uma conversa aparentemente muito simples, mas quem já ouviu uma criança dizer “Amanhã eu fui no circo” ou se confundir para escolher entre alto e baixo, maior ou menor, começa a dar valor a esse tipo de experiência e conversa, que envolve o aprendizado e a utilização correta de conceitos importantes para a comunicação do que percebemos ou medimos. Outros problemas podem demandar maior investimento para ser resolvidos. Perguntamos às crianças, por exemplo, qual sala de aula era a maior, entre duas ou três, para fazermos um Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


142

encontro coletivo. Depois de muitas considerações, hipóteses plausíveis (uma é maior do que a outra porque é mais larga ou tem duas portas) e outras pautadas em generalizações indevidas (todas são do mesmo tamanho porque cada grupo tem uma sala e então são iguais; ou a dos mais velhos é maior porque eles são mais velhos), perguntamos como poderíamos fazer para medir as salas e ter certeza. Algumas crianças conheciam um metro ou uma trena, mas não sabiam usar, então insistimos em uma forma que soubessem usar. Ao longo de muitos anos, usamos lápis, crianças, passos, folhas de papel, barbante e outros objetos para essas medições, realizadas com muito empenho pelas crianças. Foi surpreendente uma discussão com um grupo de 5 anos sobre a importância de os passos terem o mesmo tamanho e a consequente decisão, depois de muito debate, de que a mesma criança daria os passos em todas as extensões a serem medidas. Nesse caso, nossa unidade de medida já não era mais “passos”, mas “passos da Luiza”. Da mesma forma, discutimos com um grupo qual era o caminho mais curto para chegarmos ao refeitório, pois esse era um tema de conflito entre as crianças, já que a professora fazia questão de que todos fossem juntos. Feitas as estimativas e lançadas as propostas de como faríamos para saber, esticamos dois barbantes, um por cada caminho, cortamos cada um do tamanho exato do nosso percurso e comparamos, por fim, seu comprimento. Outro grupo esticou um barbante no parque da escola porque as crianças haviam ficado impressionadas com o tamanho Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


143

de uma baleia e queriam saber se esse bicho caberia no nosso espaço externo. Mediram então o barbante e compararam o resultado

ao

comprimento

da

baleia

informado

no

livro

consultado. São apenas exemplos, que podem ser tomados como uma indicação metodológica de como instigar e lançar desafios relativos à medida a partir de situações do cotidiano. Criar e utilizar unidades de medida não convencionais auxilia

as

crianças

a

compreenderem

de

onde

surgiu

a

necessidade de se criarem os sistemas de medida e as vantagens de se convencionar, em determinadas culturas, sistemas comuns, que permitem compreender e comparar as grandezas abordadas em comum. Os

objetivos

de

aprendizagem,

nessa

área,

buscam

abranger a utilização de diversas unidades não convencionais e convencionais de medida, que não precisam ser ensinadas nem trabalhadas simultaneamente, mas destacadas quando presentes no cotidiano e eventualmente gerar um recorte de investigação mais apurada quando surge um problema instigante para a faixa etária. Os objetivos de aprendizagem elencados para as crianças de 3 a 6 anos incluem desafios progressivos, considerando a possibilidade de as crianças se apropriarem da utilização, leitura e registro de grandezas, unidades de medida e comparações, com ênfase nas formas de marcação e nos conceitos relativos às medidas e indicadores de passagem do tempo. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


144

Objetivos de aprendizado – Medidas Aos 3 anos, que a criança:  manipule objetos e estabeleça entre eles relações e

comparações de grandeza (quantidade, tamanho, altura, peso, volume, temperatura);  observe

a

utilização

de

comparações

de

grandeza

relativas a unidades de medida utilizadas em situações cotidianas, como velocidade ou idade;  utilize

unidades

de

medida

não

convencionais

em

receitas culinárias, de massinha ou outras (xícara, colher, pitada etc.);  realize

estimativas

e

experimentações

de

medidas

(tamanho e distância), com a utilização de instrumentos convencionais e não convencionais;  acompanhe,

em registros relativos à marcação da

passagem do tempo: o a rotina do dia, sendo convidada a utilizar termos

como antes, depois, mais cedo ou mais tarde; o em um semanário, observando a repetição dos dias

da semana, com seus eventos característicos, e utilizando termos como dia e noite, ontem, hoje e amanhã. Aos 4 anos, que a criança:  levante hipóteses, faça estimativas, elabore sugestões

de utilização de instrumentos não convencionais de Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


145

medida

(passos,

lápis,

barbante

etc.)

e

realize

experimentações relativas à medição na resolução de problemas de comparação entre tamanhos, distâncias e alturas;  valorize as unidades de medida mais utilizadas no

cotidiano

como

formas

convencionais

eficientes

de

definição e de comparação entre grandezas (metros ou centímetros, quilos ou gramas, litros ou mililitros, graus centígrados),

sendo

convidado

a

refletir

sobre

a

nomenclatura correta;  explore

instrumentos

e

unidades

de

medida

convencionais (régua, trena ou fita métrica – metros e centímetros; balança – quilos e gramas; copos de medida – litros e mililitros; termômetro – graus Celsius);  produza

grandezas

registros utilizadas

numéricos em

de

atividades

quantidades

ou

culinárias,

em

medidas diversas ou observadas em outras situações;  participe da organização do registro da rotina do dia,

apropriando-se

de

sua

leitura

como

forma

de

acompanhar a passagem do tempo na escola;  realize a leitura e marque a passagem do tempo em um

calendário mensal com a indicação clara da repetição das semanas, conquistando gradual eficiência na utilização de termos indicativos da passagem do tempo.

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146

Aos 5 anos, que a criança:  aprimore a noção da possibilidade de utilização de

unidades não convencionais de medida, como copos, colheres, garrafas etc., elaborando propostas diante de problemas de comparação entre tamanhos, distâncias e alturas;  experimente e aprimore a noção de peso com uso de

balança de dois pratos, com unidades não convencionais como pedras, livros etc.;  reconheça e utilize com gradual eficiência, ao definir e

comparar grandezas, a nomenclatura correta relativa às unidades de medida mais utilizadas no cotidiano;  explore e utilize instrumentos e unidades de medida

convencionais (régua, trena ou fita métrica – metros e centímetros; balança de dois pratos e outras – quilos e gramas;

copos

de

medida

litros

e

mililitros;

termômetro – grau Celsius; ampulheta, cronômetro e relógio – minutos e horas);  explore o dinheiro em brincadeiras de compra e venda,

observando que ele estabelece uma unidade (o real, com seus centavos) e uma medida de valor (mais caro ou mais barato);  produza registros numéricos e elabore pequenos cálculos

a partir das atividades de medida realizadas;  acompanhe a elaboração e realize a leitura de gráficos

de coluna indicativos de medidas realizadas em classe; Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


147

 realize a organização e a leitura do registro da rotina

diária;  realize

a

leitura

e

participe

progressivamente

do

preenchimento e da marcação de eventos significativos em um calendário anual com as folhas dos 12 meses, conquistando

eficiência

na

utilização

de

termos

indicativos das situações passadas, presentes e futuras. Aos 6 anos, que a criança:  elabore hipóteses e faça sua verificação com a utilização

de instrumentos e unidades de medida convencionais para a resolução de problemas de comparação entre grandezas;  use a nomenclatura correta ao utilizar instrumentos e

unidades de medida convencionais;  compare resultados obtidos com instrumentos de medida

convencionais e não convencionais e identifique as vantagens

da

utilização

das

unidades

de

medida

socialmente convencionadas;  produza registros numéricos e elabore pequenos cálculos

a partir das atividades de medida realizadas, com a representação das unidades de medida utilizadas;  conheça algumas diferenças nas unidades de medida

padrão utilizadas em diversos países;  conheça os nomes dos meses do ano;  compreenda a marcação da passagem de um ano e de

outros

eventos

relacionados

ao

calendário,

como

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


148

estações do ano, férias

escolares

e

feriados/datas

comemorativas, fases da lua;  inicie a leitura de horas em relógio analógico e a

realização de pequenos cálculos relativos à passagem do tempo;  produza e/ou interprete registros gráficos, numéricos e

em forma de gráfico de coluna de medidas de grandeza. Exemplo Quem cresce mais: crianças ou plantas? Grupo Interidades / 2010 – Professora Luciana Justi Esse projeto de pesquisa desenvolvido em um Grupo Interidades começou com uma plantação. As crianças prepararam as jardineiras e havia uma grande expectativa com relação às sementes, se iriam brotar e crescer. Quando começaram a nascer, as crianças acharam que elas cresciam muito rápido, o que originou a questão norteadora da investigação: “Quem cresce mais: crianças ou plantas?” Começaram a fazer medidas das crianças e das plantas periodicamente e a utilizar muitas tabelas e gráficos para organizar os dados coletados. Utilizaram mais o calendário, para acompanhar a rega das plantas, e conversaram sobre o assunto em muitas rodas de conversa, discutindo as hipóteses

em

relação

à

questão

central

e

outros

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149

desdobramentos. Fizeram lições, desenhos de observação, contagens de muitas maneiras e estudos de medidas e tamanhos. A hipótese inicial das crianças era de que elas cresciam muito mais do que as plantas, pois eram muito maiores, e que cresciam quando faziam aniversário. Compararam então as medidas delas com as das plantas e mediram os aniversariantes do semestre um dia antes e outro depois do aniversário. Logo elas foram percebendo que suas hipóteses não condiziam com os dados que estavam coletando, o que gerou conversas muito interessantes. Os desenhos de observação das plantas foram muito importantes para a dedicação e desenvolvimento do traçado dos mais novos, pois se esforçavam em tentar reproduzir seus objetos de estudo. O projeto também se desdobrou para o estudo das plantas

e

para

a

relação

entre

tamanho

e

idade.

Observaram bichos que podem ser mais velhos e bem pequenos e grandes que podem ser mais novos do que eles. Espaço e forma (noções de Geometria) Os estudos do espaço e da forma propõem que as crianças observem a posição e o tamanho dos objetos e espaços, ou seja, que observem aquilo que habita e contém o seu universo, identificando

suas

propriedades

geométricas;

que

busquem

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


150

descrever e representar objetos e suas posições, espaços, pontos de referência e percursos ou deslocamentos. Como no estudo das medidas, cabe ao(à) professor(a) propor a observação, questionar e planejar desafios e problemas a partir de situações cotidianas e dos conhecimentos intuitivos que as crianças possuem sobre os objetos e espaços que conhecem e habitam. Os desafios envolvem a reflexão sobre questões espaciais: relações entre o próprio corpo e os objetos, relações entre objetos, relações entre objetos e o espaço, relações entre objetos em deslocamento. As

descrições

elaboradas

pelas

crianças

de

objetos,

movimentos, mudanças de posição e deslocamentos no espaço lembram, de início, as garatujas e rabiscos que são capazes de produzir quando tentam desenhar ou representar esses mesmos objetos, mudanças de posição e deslocamentos no espaço: parecem confusas e são, de fato, de difícil compreensão ou decodificação. Promovem, no entanto, exercícios e pesquisas importantes, como quando as crianças desenham ou escrevem antes de conseguir produzir traços realmente representativos ou conhecer as letras e seu valor sonoro. Esses desafios permitem a observação dos objetos e espaços; a busca por palavras ou traços adequados ao que tentam reproduzir; o exercício de uma narrativa coerente ou do controle do traçado; e a apreciação do resultado alcançado. Preparam as crianças, aos poucos, para descrições

e

representações

cada

vez

mais

completas

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014

e


151

compreensíveis e lançam as bases para a compreensão de plantas e mapas. As atividades propostas envolvem jogos de construção, encaixe e quebra-cabeças; jogos corporais, de comando e circuitos; jogos de mesa (percurso, tabela, bingo, labirintos, Tangran); gincanas ou caça ao tesouro a partir de descrições ou desenhos de lugares e percursos; a elaboração de um jogo de percurso a partir de uma planta ou caminho conhecido; a descrição,

representação

bidimensional

e

tridimensional

de

objetos, espaços e percursos. Objetivos de aprendizado – Espaço e forma Aos 3 anos, que a criança:  manipule objetos, fazendo construções, empilhando ou

encaixando, e exercite a descrição de suas ações;  observe as diferentes formas dos objetos e espaços e

identifique aquelas que sabemos e as que não sabemos nomear;  reconheça e nomeie, em diferentes objetos e no espaço,

formas planas e tridimensionais conhecidas;  seja convidada a diferenciar formas planas (chatas) e

tridimensionais (cheias). Aos 4 anos, que a criança:  seja

convidada

a

descrever

objetos,

espaços

ou

pequenos trajetos conhecidos; Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


152

 observe e descreva a posição e o deslocamento do corpo

e de objetos no espaço, utilizando gradualmente o vocabulário adequado;  em

jogos corporais e de mesa, conquiste gradual

domínio

das

palavras

indicativas

de

posição

e

deslocamento (em cima, em baixo, acima, abaixo, ao lado; subiu, desceu, virou para o lado, pulou uma casa etc.);  realize desenhos de observação de objetos, figuras e

espaços;  explore a composição de figuras e objetos com formas

geométricas

planas

(colagem)

e

tridimensionais

(sucata). Aos 5 anos, que a criança:  socialize e sistematize alguns conhecimentos relativos às

formas

dos

objetos

e

dos

espaços,

considerando

propriedades geométricas como forma do contorno e das faces, número de lados, dimensão etc.;  em jogos corporais e

propriedade

palavras

de mesa, consiga usar com indicativas

de

posição

e

deslocamento;  realize desenhos de objetos e espaços, de memória ou

de

observação,

bem

como

representações

tridimensionais, buscando preservar as formas básicas de origem; Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


153

 faça desenhos de observação de objetos e espaços de

diferentes

pontos

de

vista,

realizando

apreciações

comparativas;  realize a leitura e apropriação da planta de um dos

andares

da

escola,

identificando

os

espaços

representados. Aos 6 anos, que a criança:  tente descrever e representar a localização de objetos

em espaços conhecidos, bem como encontrar objetos a partir da descrição ou representação realizada pelo(a) professor(a) ou por colegas;  na descrição e representação de pequenos trajetos

conhecidos, seja convidada a considerar pontos de referência que auxiliem a interpretação e compreensão de suas informações;  tente se deslocar pelo espaço a partir de descrições ou

representações

de

deslocamento

realizadas

pelo(a)

professor(a) ou por colegas, considerando posições ou pontos de referência informados;  utilize, com maior propriedade, o vocabulário específico

para a descrição de posições do corpo e de objetos no espaço, de suas relações e de seus deslocamentos, segundo as convenções utilizadas para nossa orientação espacial (na frente, atrás, subir, descer, à esquerda, à direita, em frente, na diagonal etc.); Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


154

 invista na representação espacial de percursos, plantas e

mapas, com investigação de pontos de referência, alternativas de circulação e caminhos, e noção básica de escala – representação de proximidade e distância.

Artes Plásticas As atividades de Artes estão presentes em nossa rotina quase

diariamente

e

envolvem

propostas

de

produção

e

apreciação. É fundamental que as crianças pequenas, de 2 e 3 anos, possam explorar e sentir com as mãos materiais como tintas e massas, satisfazendo seu desejo de se “melecar” com materiais propícios a isso e dispondo-se ao conhecimento sensório próprio da idade, sentindo e diferenciando consistências, texturas e temperaturas. Em um grupo que integra várias idades, fica evidente que as crianças de 4 e 5 anos encontram também prazer nessas atividades! Podemos torná-las mais desafiadoras propondo a produção de tintas, massas e “melecas” de diversas cores, consistências

e

com

diversos

materiais,

eventualmente

registrando nossas receitas, o que, no entanto, preserva intato o momento de usar com as mãos ou os pés o que produzimos, passando no papel e muitas vezes no corpo. Dos 3 aos 6 anos, há uma grande ampliação da capacidade simbólica e uma grande evolução na representação gráfica. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


155

Quando uma criança rabisca, ou produz o que chamamos de garatujas, está realizando atividades importantes para essa conquista: observa o efeito da ação de seus movimentos no papel e exercita seu controle sobre eles, produzindo traços retos, curvas e formas circulares (garatujas desordenadas); imita os mais

velhos,

nomeando

seus

traços

e,

posteriormente,

manifestando sua intenção de representar algo, ainda que a produção final se mantenha semelhante ao que observávamos inicialmente (garatujas nomeadas). A partir dessa experimentação de gestos e traços, que devem ser amplamente possibilitadas na escola pela exploração de diferentes riscantes e suportes, surgem os primeiros traços representativos, em geral figuras humanas parecidas com um sol, com um corpo central representando cabeça e corpo, de onde saem raios representando braços e pernas. Aos poucos surgem outras figuras, que vão ganhando detalhes e que aparecem soltas no papel, por vezes sem relação entre si ou permeadas por rabiscos

que

podem

ser

experiências

abandonadas

ou

a

representação de um contexto, uma história ou um movimento. Por volta dos 5 ou 6 anos, as crianças passam a produzir representações de figuras e objetos que mantêm uma relação e gradual proporção entre si e podemos ver, ou estão implícitas, linhas de chão e céu. Conquistam, gradualmente, a capacidade de representar em perspectiva. Nesse percurso de conquista da representação, podemos oferecer-lhes desafios como figuras para completarem, desenhos de observação de figuras, objetos e paisagens ou temas para Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


156

seus desenhos – incluindo ilustrações de livros, representações de objetos de estudo do grupo, de saídas da escola ou de eventos significativos. A

pintura

e

a

representação

tridimensional,

seja

a

construção ou a modelagem, seguem um percurso semelhante, do manuseio à nomeação e posteriormente ao detalhamento e adequação da proporção do que está sendo representado. Dito de outra forma, as crianças exploram o material, produzindo uma espécie de “garatuja”, e gradualmente manifestam a intenção e passam a conseguir utilizá-lo para representar. Todos

os

materiais

podem

ser

utilizados

para

a

representação, e nesse sentido a apreciação pode ser proposta como forma de observarem como outros alunos ou artistas utilizaram materiais para conseguir certos efeitos que estão pesquisando. Escolhemos, portanto, obras que mostrem o uso de diferentes suportes e materiais; o uso das cores como recurso de representação; ou formas de representação de figuras gordinhas, de figuras ou objetos em movimento, de expressões faciais, de paisagens ou construções diversas. No desenho, na pintura, no recorte

e

colagem, na

construção e modelagem, é importante também que conheçam os materiais, os instrumentos que podem auxiliar o seu uso, as características e adequação de diferentes tipos de suporte e as posições em que podem ser utilizados. Para isso, em algumas atividades a ênfase será nessas pesquisas, incluindo tentativas que podem não dar certo ou cujo resultado é ruim do ponto de vista estético, o que será tema de observação e conversa. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


157

Nas atividades de representação, a persistência, o capricho, o investimento no acabamento, como pintar, colorir ou realizar um

trabalho

em

várias

etapas,

por

exemplo,

podem

ser

fundamentais para conseguirem uma boa produção, com a qual aprendam e fiquem satisfeitas. Nas atividades de exploração e conhecimento de materiais, instrumentos e técnicas, a ênfase muitas vezes é outra, como o prazer de manusear, de aprender, ou o envolvimento com possibilidades de pesquisa e descoberta, por exemplo quando buscam por novas formas de fabricar tintas ou novas cores para usar em suas produções. Quando dominam o uso das cores para desenhar e colorir, o uso da tesoura e dos materiais adesivos ou as técnicas para o trabalho com a argila, entre outros, são importantes para que possamos propor projetos mais amplos, como registros ou construções individuais ou coletivos, nos quais possam utilizar seus conhecimentos como recurso para planejar quais materiais e quanto tempo precisarão para realizar a proposta. Atividades de apreciação podem ser propostas também com objetivos diversos daqueles relacionados às pesquisas que as crianças

fazem

para

representar.

Podemos

investir

no

conhecimento da obra de um autor em função de uma exposição importante na cidade, por sua relação com outro estudo do grupo, por ser parente de alguém da escola, por trazer algo inovador; ou podemos investir em apresentar às crianças como vários artistas, de diferentes escolas ou estilos, em diversos contextos

históricos,

representaram

uma

mesma

figura

ou

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


158

paisagem. Aos poucos vão conhecendo artistas de várias épocas e culturas e compreendendo que muito mais há por conhecer. Objetivos Que as crianças:  explorem materiais e atividades plásticas;  exercitem

e

desenvolvam

sua

capacidade

de

representação;  produzam

e observem efeitos estéticos no uso de

materiais, instrumentos e técnicas próprios da área;  produzam trabalhos utilizando o desenho, a pintura, a

modelagem e a construção, desenvolvendo uma estética própria, o gosto e o cuidado no processo de criação e produção;  utilizem seu domínio dos materiais, instrumentos e

técnicas como recurso para planejar a realização de projetos pessoais ou coletivos;  apreciem trabalhos produzidos na escola, no grupo e por

alunos mais velhos, bem como por artistas de variadas épocas e culturas, desenvolvendo a capacidade de observar e de expressar suas impressões estéticas e emocionais,

conhecendo

algumas

relações

entre

a

história de vida e a produção de artistas e observando semelhanças e diferenças entre as características de diferentes obras. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


159

Coordenação motora fina e definição de lateralidade Um importante aspecto a ser observado nas atividades de artes e de escrita é a coordenação motora fina. Quando notamos que, para desenhar ou escrever, uma criança parece se desajeitar ou produz traços entrecortados ou com variação constante de tamanho e pressão, é preciso verificar dois aspectos: a posição de seu corpo e de seus dedos ao segurar o riscante e se a mão usada como dominante se mantém constante. Como a posição para escrever ou desenhar acaba se constituindo em hábito, é importante orientar as crianças a se sentarem a uma distância correta da mesa; relaxarem os ombros; segurarem corretamente os lápis e canetas – sempre com uma pinça tripla formada pelos dedos indicador, médio e anular da mão dominante, a uma altura correta do riscante, sem encostar nem distanciar-se muito do papel – e apoiarem o papel com a outra mão, para que ele não escorregue. A mão que escreve deve apoiar-se no papel, em sua região lateral externa, próxima ao punho, e os cotovelos devem buscar apoio também, pois, se ficarem no ar, a atividade será mais cansativa e os ombros poderão ficar tensionados. Com relação à definição da mão dominante, se uma criança já tem o hábito de desenhar e/ou escrever e persiste trocando os riscantes de mão, poderá ter dificuldade para especializar uma mão para as ações específicas da mão dominante (comer, pentear o cabelo, abrir maçanetas de portas, encaixar peças etc.), bem como para especializar a outra para lhe dar apoio Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


160

(segurar as cartas para que a outra as distribua; segurar o apontador para que a outra aponte o lápis; segurar o papel para que a outra o corte, desenhe ou escreva nele etc.). Para facilitar esse exercício diferenciado e auxiliar a criança nos aprendizados que dele dependem, nossa opção tem sido orientar as famílias e, quando de comum acordo, observar qual mão a criança mais utiliza para as ações de mão dominante, definir a escolha por uma das mãos e ajudar, a partir daí, essa criança a utilizar sempre as mãos definidas para suas ações específicas (as de mão dominante e as de apoio), orientando-a, ainda, para que encontre os movimentos mais adequados para se ajeitar na execução das ações cotidianas.

Música A música está presente em nossa vida de diversas formas e não deve ser diferente na escola. Cantamos para acalmar uma criança que chora, para nos reconhecer enquanto grupo, para dar início a algumas atividades, para brincar juntos com as cantigas de roda, para lembrar uma canção que fala de algo sobre o que estamos lendo ou conversando, para acompanhar a roda de capoeira, para ensinar uma canção nova que aprendemos. Ouvimos música porque adoramos, porque acompanham histórias que escolhemos ouvir, para brincar ou fazer uma atividade, para conhecer ou mostrar aos outros uma canção ou música nova de Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


161

um CD que ganhamos, descobrimos ou que foi lançado por alguém

conhecido.

O

universo

da

música,

enfim,

está

constantemente presente em nosso cotidiano. Ao planejar um aprofundamento do aprendizado sobre esse universo, nosso objetivo é que as crianças

participem de

atividades nas quais possam produzir, apreciar e contextualizar a produção musical ao longo da história. Nas atividades de produção, buscamos propiciar que as crianças possam aprofundar, aos poucos, seu conhecimento da linguagem musical. Escolhemos, para isso, canções que lhes permitam cantar afinadas, acompanhar os tempos da música com movimentos ou instrumentos de percussão, brincar com o volume e experimentar diferentes timbres de voz e de instrumentos disponíveis. Para que consigam cantar afinadas, é importante escolher canções nas quais não haja uma distância muito grande entre a nota mais grave e a mais aguda presentes na melodia, nem grandes saltos entre as notas musicais, e ampliar gradativamente esses desafios a fim de que exercitem sua voz aos poucos. Além disso, é fundamental que o(a) professor(a) cante em uma faixa de altura adequada à voz das crianças, que normalmente cantam bem mais agudo que os adultos. Se cantarmos em um tom muito grave, elas não conseguem entrar no tom e se afinar cantando em uníssono (com a voz vibrando em harmonia com os demais). Acompanhar os tempos da música é outro aprendizado primordial na Educação Infantil. Dançamos no ritmo da música porque sentimos como ela pulsa, e não por uma apreensão Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


162

conceitual do que devemos fazer. As crianças aprendem isso desde que são embaladas para dormir. Para muitas delas, bater palmas, dançar ou tocar instrumentos acompanhando de fato os tempos da música é algo natural. Para algumas, porém, esse aprendizado precisa ser construído, e ele é fundamental para que elas possam compreender e usufruir a música ao longo de sua vida. Além das propostas de acompanhamento de canções e músicas com gestos, movimentos, coreografias e instrumentos, é importante que o(a) professor(a) permita que a criança sinta em seu corpo o pulso da música – ou seja, o intervalo de tempo básico que pulsa por trás de todo o arranjo de instrumentos e voz, cada um destes fazendo um ritmo diferente. Esse pulso é como o coração da música batendo. Ele não para e nos dá a referência para dançar. Permitir que a criança sinta o pulso da música em seu corpo significa que o(a) professor(a) deve unir o próprio corpo ao da criança, andando com ela, batendo com ela em

um

instrumento,

movendo-se

de

diversas

formas,

acompanhando com ela o pulso. Posteriormente

as

crianças

poderão,

eventualmente,

acompanhar um pulso mais lento (o do compasso) ou mais rápido (o da subdivisão, que divide o pulso básico); ou ainda diversos ritmos pautados nesses pulsos e que alternam tempos e intensidades diferentes, compondo o arranjo. A música se organiza por diferentes instrumentos produzindo notas musicais que soam no tempo e alternam duração e silêncio. A possibilidade de as crianças seguirem o ritmo da melodia, quando cantam, Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


163

nasce do domínio sobre esses diversos tempos, que precisa ser conquistado. Uma forma excelente de investir na percepção da música e do que estão produzindo é ensaiar apresentações musicais. Escolhido o repertório, em geral em função do que o grupo mais gosta de cantar junto, é necessário definir o arranjo de cada canção. Isso significa estabelecer quantas vezes a canção será executada;

quem

vai

cantar;

quem

vai

acompanhar

com

instrumentos; se quem toca um instrumento entra antes ou junto com o canto; se entre uma repetição e outra do canto há instrumentos

e

o

que

fazem;

quando

e

como

terminar.

Considerando que em geral preparamos três ou quatro canções para apresentar, ensaiar leva tempo, dá muito trabalho e envolve muitos aprendizados, que retomam e sistematizam o que as crianças foram conhecendo nas rodas ou aulas de música. Costuma ser difícil para as crianças de 3 e 4 anos cantar e tocar um instrumento ao mesmo tempo, portanto é comum que elas só cantem enquanto outras só tocam, ou que só cantem uma vez e só toquem quando a canção é repetida, com outras crianças cantando. As crianças de 5 anos geralmente já conseguem cantar e tocar, e esse é um bom desafio para elas. A variação de quem canta e quem toca promove uma composição interessante do arranjo, além de ser bem desafiador também, pois as crianças precisam se lembrar de quando entrar, se é com a voz ou com o instrumento, quando alternar e quando e como terminar. É possível ainda trazer para os arranjos variações de volume e Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


164

timbre de voz, retomando brincadeiras e experiências que as crianças adoram fazer juntas. É comum, assim, haver enganos na hora da apresentação, mesmo depois de muitos ensaios, o que costuma também acontecer com músicos profissionais, embora nem sempre a gente perceba. O fato é que é complexo participar de uma apresentação em grupo, seguindo todos os combinados para cada canção e ainda enfrentando um público que, sendo de outros alunos ou de pais, é sempre muito importante para as crianças. Nas atividades de apreciação, nosso objetivo é que as crianças possam socializar e ampliar seu repertório, conhecendo novos gêneros e músicas de diferentes culturas, de forma significativa, ou seja, a partir de conversas, estudos e questões levantadas coletivamente. A atitude de pesquisar e apreciar novos

repertórios,

considerando

as

canções,

a

música

instrumental, a música étnica e a trilha sonora – que integra a música a outra linguagem –, deve fazer parte de nosso convívio em grupo. Nas atividades de contextualização, buscamos situar a produção musical em diferentes épocas e culturas, relacionando-a com a história dos povos e civilizações. Tentamos compreender como determinada música foi produzida, quais instrumentos eram utilizados (caseiros, acústicos, eletrônicos, com uso de recursos tecnológicos), por quem era apreciada, como era divulgada e como chegou até nós. Não fazemos isso o tempo todo nem com tudo o que ouvimos, mas alguns recortes nesse sentido acabam mostrando para as crianças que a música é produzida em um Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


165

determinado contexto que define suas características, que aos poucos podemos estudar e conhecer. No Grupo Interidades, as aulas de música são realizadas pelos(as) professores(as) de classe e, a partir do 1º ano, as crianças passam a ter uma aula por semana com um(a) professor(a) especialista. Isso não deve limitar a presença da música no cotidiano, principalmente nos aspectos relativos à apreciação e à contextualização. A ampliação do repertório e o ensaio de apresentações darão contexto à continuidade do conhecimento

sobre

a

linguagem

musical,

com

gradual

conceitualização, ao longo do Ensino Fundamental I, do que está sendo aprendido e produzido. A estratégia principal das aulas de música no Ensino Fundamental I é a utilização de histórias, brincadeiras, jogos rítmicos e melódicos que desencadeiam uma necessidade natural de organização espacial e corporal e a motivação indispensável para

a

prática

do

repertório.

As

aulas

são

organizadas

considerando-se momentos de aquecimento vocal e corporal; de escuta do repertório ou de histórias que vão fundamentar as propostas de exercícios e prática musical do dia; atividades práticas

na forma

organização

de

espacial,

jogos

e

percepção

brincadeiras

que

envolvem

rítmica/melódica,

exercícios

vocais e corporais; e prática de repertório, que no 1º ano se organiza em torno de jogos e brincadeiras. Nesse contexto, são abordados, ao longo do Ensino Fundamental I, conteúdos como a observação, o reconhecimento e a reflexão sobre o universo sonoro do cotidiano e pessoal; o Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


166

desenvolvimento da percepção dos elementos fundamentais da música (altura, duração, intensidade/dinâmica e timbre);

a

introdução de novos exemplos musicais, com a ampliação significativa

do

compositores,

repertório

obras,

folclóricos/étnicos),

do

aluno

instrumentos

estilos,

no

que

musicais

formações,

refere

a

(tradicionais

e

história,

se

festejos

e

padrões; a intensa prática musical em todos os aspectos a que ela se relaciona – canto (solo, conjunto), manipulação de instrumentos

musicais,

manipulação

de

objetos

sonoros,

percussão corporal, movimentação corporal (dança, teatro e música), criação e improvisação e prática de conjunto; o reconhecimento,

a

reflexão

e

a

prática

dos

aspectos

de

comunicação e expressão da música como forma clara de linguagem. Objetivos Que as crianças de 3 a 5 anos:  usufruam constantemente o universo da música em

nosso cotidiano, em diferentes momentos, brincadeiras e atividades;  participem de atividades de produção musical, formando

um repertório comum de canções e exercitando a afinação da voz e o acompanhamento dos tempos que organizam a música (pulsos e ritmos);  desenvolvam a atitude de pesquisar e apreciar música,

participando de atividades de apreciação, socializando e Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


167

ampliando seu repertório, conhecendo novos gêneros e músicas de diferentes culturas;  desenvolvam o interesse pelo estudo da contextualização

da produção musical em diferentes épocas e culturas. No Ensino Fundamental I, nosso objetivo é sensibilizar os ouvidos dos alunos e instrumentalizá-los para que possam, nas diferentes fases do seu aprendizado:  perceber e apreciar reflexivamente a música em seus

elementos;  desenvolver

suas

habilidades

de

comunicação

e

expressão, a cada etapa com mais qualidade, por meio da prática musical;  relacionar

os elementos da música com a prática,

desenvolvendo

seus

níveis

de

consciência

rítmica/melódica;  amplificar os horizontes musicais em todos os seus

aspectos;  vivenciar o fazer musical.

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


168

Capoeira Mais

que

uma

luta,

a

capoeira

é

abordada

educacionalmente em nossa escola como um jogo e uma dança que contribuem para o enriquecimento do conhecimento da cultura popular brasileira, através de uma prática cultural e social afro-brasileira. As aulas, bem como as rodas e atividades de integração, enfocam basicamente movimento e ritmo, em torno de rituais como

o

cumprimento,

a

ginga,

os

passos

típicos,

a

complementaridade entre os jogadores, o equilíbrio/desequilíbrio e a música. O trabalho com o grupo busca propiciar que cada um desenvolva a percepção do próprio movimento, reconhecendo suas

dificuldades

e

suas

habilidades,

aperfeiçoando

a

coordenação motora e o ritmo. O respeito entre os colegas e suas diferenças é uma atitude que

caminha junto com o

aprendizado das

técnicas, dos

movimentos e da música. Assim, no jogo, na roda, procura-se equilibrar a expressão espontânea do modo de ser de cada um através da integração e complementaridade propiciadas pela capoeira.

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


169

Objetivos gerais – GI a 5º ano Propiciar aos alunos:  o conhecimento e a prática da Capoeira Angola como

uma expressão cultural que se desenvolve como um jogo;  a experiência, na prática e no aprendizado da Capoeira

Angola: o da brincadeira, da ludicidade, da espontaneidade; o da compreensão básica de espacialidade corporal; o do conhecimento do repertório de músicas e dos

instrumentos da capoeira; o do desenvolvimento do jogo da capoeira;  desafios em diferentes eixos de aprendizagem: o corporal

(equilíbrio,

lateralidade,

coordenação

motora, agilidade, flexibilidade, reflexo, relaxamento, movimentos específicos da Capoeira Angola); o história

(origem e história da capoeira e dos

instrumentos

musicais,

história

dos

grandes

mestres); o ritmo (movimentação básica da ginga, ritmicidade

corporal e instrumental, cantigas de roda e cantigas de capoeira); o social (interação entre os praticantes e afetividade

nas relações sociais, como respeito, cooperação e companheirismo); Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


170

o relaxamento (descontração muscular que permite

repousar

e

interiorizar

beneficamente

sobre

o

a

aprendizado,

saúde

física,

atuando mental

e

emocional). Objetivos de aprendizagem No Grupo Interidades, que a criança possa:  colaborar para um ambiente agradável e propício para

que a aula aconteça;  desenvolver sua interação com alunos, professores e o

ambiente escolar;  desenvolver o espírito cooperativo, o prazer pelo jogo, a

alegria e a afetividade no grupo;  perceber

a

importância

do

seu

corpo

e

o

do

companheiro, aprimorando sua noção de espaço;  desenvolver a sua percepção rítmica;  entrar em contato com os movimentos propostos nas

brincadeiras e no jogo da capoeira. No 1º ano, que a criança possa:  aprimorar as relações de sociabilidade com os outros

alunos e com os professores;  aprimorar o espírito cooperativo, o prazer, a alegria e a

afetividade através das brincadeiras e dos movimentos da capoeira;  aprimorar a noção espacial da roda; Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


171

 aprimorar a percepção rítmica corporal e musical;  aprimorar os movimentos propostos nas brincadeiras;  aprimorar os movimentos básicos da capoeira.

Educação Física O trabalho proposto é dividido em quatro grandes eixos de aprendizagem: 1. Conhecimento e controle do corpo:  reconhecer

(saber)

diferentes

formas

de

movimento;  saber fazer – utilizar de habilidades motoras estabilizadoras, manipulativas e locomotoras em diversas situações e de diferentes maneiras para solucionar problemas de movimento;  ser autoconfiante, aceitar as limitações, ser e estar consciente

da

importância

da

segurança,

ser

cooperativo. 2. Jogos:  reconhecer (saber) o jogo como uma atividade que possui regras, é realizada em grupo e exige movimentos específicos;  saber fazer – contribuir na elaboração das regras, na utilização do espaço e materiais e na escolha das

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


172

equipes, e seguir a sequência lógica do jogo – começo, meio e fim;  ser disponível para discutir as regras, dividir o material, esperar sua vez, organizar o material após o jogo. 3. Atividades lúdicas formativas:  reconhecer (saber) diferentes tipos de materiais pedagógicos,

ter

consciência

da

exploração

e

manuseio;  saber fazer uso dos diferentes tipos de materiais (bola, corda, peteca e aro), considerando suas características e quantidades no peso, volume, forma etc.;  ser (estar) disposto a melhorar suas relações com os

colegas,

sentir-se

livre

para

explorar

sua

imaginação e criatividade e ser responsável no manuseio do material e no cuidado com os outros. 4. Atividades rítmicas:  saber (conhecer)

sobre

o

seu

corpo e

suas

capacidades, ter consciência de que seu corpo e sua expressão são meios para comunicar-se com o outro, reconhecer seu ritmo corporal (os batimentos cardíacos e a respiração);  saber fazer uso de seu corpo e expressar-se em diferentes contextos (olhar, mãos e voz);

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


173

 ser disposto a melhorar sua relação com o grupo através

da

atividade,

sentindo-se

livre

para

explorar sua imaginação e sua criatividade. As aulas são organizadas considerando os momentos:  de

roda inicial, quando as regras e os jogos são

construídos com os alunos, para que suas regras e o próprio jogo sejam mais significativos;  de jogo;  e de roda final, quando se retoma o que fizeram em

aula, avaliando os aprendizados e a participação e estabelecendo expectativas para a aula seguinte, quando necessário. São aspectos essenciais do trabalho a importância de se respeitarem as regras combinadas e os colegas nas aulas; a organização dos materiais, seu uso adequado e os cuidados necessários

para

preservá-los;

e

a

disponibilidade

para

interagirem com diferentes faixas etárias e gêneros. Objetivos específicos Que as crianças possam:  desenvolver

um conhecimento e uma compreensão

global do corpo, identificando seus segmentos/funções, desenvolvendo uma atitude de interesse e cuidado com o próprio corpo;  conhecer, respeitar e confiar nas próprias competências

e

habilidades

motoras

básicas,

como

manipulação,

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


174

locomoção

e

estabilização,

aperfeiçoamento

considerando

decorre

de

que

seu

perseverança

e

regularidade;  conhecer, identificar e expressar sentimentos e emoções

próprias

e

dos

outros,

através

das

manifestações

e

respeitar as diferentes competências e

corporais;  perceber

limitações dos outros, engajando-se em relações de mutualidade com outras pessoas dentro de valores democráticos;  conhecer, apreciar e usufruir as atividades motoras

relacionadas ao tempo livre, como jogos e atividades rítmicas;  reconhecer os atributos dos objetos que manipula;  trabalhar

orientação

as

principais

variáveis

espaço-temporal,

psicomotoras:

coordenação

motora

dinâmica global e visomotora, consciência e esquema corporal e ajustamento postural.

Avaliação A avaliação faz parte da aprendizagem e é constituída por momentos em que, a partir da observação das crianças na realização das atividades propostas e no convívio com o grupo e os educadores: Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


175

 retomamos os objetivos propostos e refletimos sobre o processo de cada aluno e do grupo;  reavaliamos e replanejamos as propostas e intervenções feitas, buscando proporcionar aos alunos um espaço de aprendizagem mais próximo daquele que desejamos e acreditamos;  partilhamos com as crianças (em conversas coletivas ou individuais) individuais

e e

com de

suas

grupo,

famílias em

(por

reuniões

de

relatórios pais

e

entrevistas) as propostas e intervenções feitas, as conquistas realizadas e os desafios que vêm a seguir;  buscamos uma boa comunicação com as famílias e um vínculo de confiança que nos permita olhar juntos para as conquistas e necessidades de cada criança, buscando acompanhá-las da melhor forma em seu aprendizado. O processo de avaliação engloba, portanto, a avaliação da aprendizagem de cada aluno, a avaliação do percurso do grupo, a avaliação do trabalho coletivo e individual proposto e seu replanejamento e a comunicação desse conhecimento às famílias. Avaliação do aprendizado A avaliação do aprendizado deve ser contínua, pautada em diversos procedimentos:

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


176

 observação de atitudes e formas de participação, bem como

de

alterações

em

função

de

intervenções

planejadas;  observação e análise de produções gráficas e orais e suas alterações a partir das propostas realizadas (lições, sondagens, atividades diversas);  análise da compilação de produções de uma mesma criança (cadernos, portfólios, pastas);  elaboração de

narrativas

sobre

os

conteúdos

e

o

processo de aprendizagem (confecção de registros e sua socialização). É importante socializar com as crianças a nossa avaliação de seus aprendizados e das conquistas que esperamos que realizem, explicitando que vieram à escola para brincar e também para aprender, e que estamos constantemente avaliando seus aprendizados para trazer novas propostas que lhes permitam aprender ainda mais. É comum as crianças dizerem que vêm à escola apenas para brincar e que aprendem sozinhas ou em casa. É importante que aos poucos tenham consciência de que a escola é um lugar de

aprendizagem

e

que

esperamos

seu

investimento

e

colaboração com os demais. No 1º ano, começa a surgir uma preocupação das crianças com os aprendizados esperados e entendemos que esse é o momento de começar a partilhar com elas situações de contrato e retorno da avaliação. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


177

O contrato diz respeito às expectativas que temos em relação ao aprendizado do grupo ou individual. Ele ocorre quando estabelecemos, com as crianças, o que precisamos saber ou aprender

para

realizar

determinada

proposta

principais

procedimentos ou habilidades, como ler, escrever, trabalhar em grupo, pesquisar, conhecer o assunto, inventar histórias, criar personagens, desenhar etc. A avaliação diz respeito à consciência do que cada um aprendeu e pode gerar conversas coletivas ou individuais, que devem permitir a comparação entre o que o aluno e o(a) professor(a) avaliam. O que cada criança aprendeu e em que precisa melhorar? O retorno diz respeito à comunicação às crianças daquilo que o(a) professor(a) está avaliando e partilhando com os pais nos relatórios individuais e no de grupo, na reunião de pais e nas entrevistas, podendo também gerar conversas coletivas ou individuais. É fundamental que esse retorno da avaliação situe a criança em um processo contínuo, ou seja, a avaliação não está afirmando o que ela sabe ou não, aprendeu ou não, mas em que momento ela se encontra do seu percurso, quais conquistas realizou e quais tem a realizar. É importante ainda que as crianças sejam consideradas como sujeitos de sua aprendizagem e possam ser claramente informadas sobre nossas expectativas, os objetivos de nossas intervenções, as conquistas e necessidades que identificamos em seu percurso de aprendizagem na escola. Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


178

Atividades de socialização do aprendizado As atividades de socialização – dirigidas a outros alunos da escola, aos pais ou à comunidade mais ampla – têm por objetivo possibilitar que os alunos se conscientizem do que aprenderam, de como aprenderam e da finalidade do que aprenderam, preparando-se para expressar esse saber e permitir ao outro o direito de partilhar o que conheceram. Essas atividades podem incluir a confecção e divulgação de livros ou materiais que registram o percurso ou o produto final de uma pesquisa, a exposição de trabalhos de artes, a participação em rodas de capoeira ou olimpíadas, a apresentação de textos, canções e resultados dos diversos estudos. A socialização pode acontecer nas reuniões de pais, em eventos específicos das séries ou mais gerais da escola, como a Mostra Literária e o Escola – Arte e Cultura. Ao longo de sua escolaridade, os alunos são convidados a se aprimorar nas atividades de socialização, que pressupõem e conferem sentido à sistematização, apropriação e comunicação do conhecimento, aspectos do aprendizado que valorizamos. Eles se responsabilizam progressivamente pelas diversas etapas de elaboração de registros do conhecimento, construindo uma narrativa que resgata a memória do percurso individual e coletivo e aprendendo a documentar o conteúdo de seus estudos.

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179

Apropriam-se, assim, de seus recursos de aprendizagem e do uso da linguagem em suas diferentes especificidades. Nos encontros de socialização, nosso convite é para que expressem seu percurso e aprendizados e também para que se mostrem ouvintes participativos, interessados em aprender com os colegas. Para as crianças de Grupo Interidades e 1º ano, em geral consideramos mais adequado o desafio de socialização em encontros com colegas até o 5º ano, embora em algumas situações elas partilhem seus relatos sobre o processo vivido e sobre o que aprenderam também em encontros com os pais, como, por exemplo, na roda de leitura em classe da Mostra Literária. Com os colegas, no entanto, normalmente mostram-se menos envergonhadas e agitadas, o que permite que busquem se expressar da melhor forma e consigam responder às questões com seriedade. Avaliamos que a preparação da narrativa, sua repetição no encontro com os diversos grupos e a elaboração de respostas às questões dos colegas colaboram para que as crianças se apropriem cada vez mais de seus conhecimentos. As atividades de socialização permitem, ao(à) professor(a), reavaliar

os

aprendizados

coletivos

e

individuais,

que

se

explicitam e se modificam nesse contexto, fornecendo elementos importantes para seu replanejamento.

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


180

Avaliação do trabalho e replanejamento Embora a avaliação seja contínua, consideramos que o registro

do(a)

professor(a)

é

fundamental

para

que

se

conscientize e se aproprie de suas impressões e as transforme em real intencionalidade no replanejamento de suas propostas e intervenções. Uma

boa

forma

de

registro

do

trabalho

é

reunir

informações de diversas fontes, como observação, resultado de atividades de sondagem, avaliação de produções gráficas, de cada aluno ou coletivas, e utilizar o registro para descrever, refletir e replanejar, tomando-o como base para a elaboração das atividades e estabelecimento de intervenções necessárias no período a seguir. Esse tipo de registro tem a qualidade de poder ser partilhado com o(a) professor(a) auxiliar e com a orientação, além de facilitar, posteriormente, a elaboração de relatórios avaliativos. Quando preparamos as reuniões de pais e redigimos os relatórios individuais e de grupo para entregar às famílias (abordados no item a seguir), a reflexão propiciada por esse grande esforço de síntese nos permite, de forma mais objetiva e consciente, refazer escolhas com referência nos desafios que cada criança e o grupo necessitam para seguir em seus aprendizados e aprimorar sua convivência coletiva. É um momento trabalhoso e primoroso no sentido de nossa conquista de intencionalidade.

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181

Comunicação da avaliação às famílias Na Educação Infantil, registramos a avaliação em relatórios semestrais, individuais e de grupo, dirigidos aos pais. Eles têm por

objetivo

partilhar

com

as

famílias

os

aspectos

mais

importantes da história de cada semestre escolar. Enquanto o relatório geral busca comunicar os desafios de aprendizagem propostos e o processo coletivo, os individuais registram como cada criança se apresenta e interage no grupo, nas brincadeiras, socializações e situações de conflito, assim como as nossas intervenções, ou seja, nossas formas de acompanhá-las em seu vínculo conosco, com o grupo e com os desafios

de

aprendizagem.

Esperamos

que

partilhar

esses

aspectos com os pais possa nos permitir olhar juntos para o processo escolar de cada criança. Esperamos que os pais leiam os relatórios com seus(suas) filhos(as), conversem sobre o que o(a) professor(a) relata, retomem sua possibilidade de narrar suas aprendizagens e, se necessário, sua compreensão sobre os aspectos que precisam aprimorar – em sua postura ou aprendizagem – e sobre como estamos agindo – na escola e em casa – para apoiá-los(as). Objetivo do relatório individual  Comunicar aos pais nossa avaliação da vida escolar, do

desenvolvimento e do processo de aprendizagem de Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


182

seu(sua) filho(a), partilhando a nossa visão da criança, sua forma particular de se relacionar, estar no grupo e aprender, bem como nossas formas de acompanhá-la nesse processo. Objetivo do relatório geral  Comunicar aos pais: o a

formação do grupo e

sua dinâmica, nossas

propostas, intervenções e intenções relativas a esses aspectos; o o trabalho desenvolvido em cada área do currículo –

as

atividades

propostas

em

função

de

nossos

objetivos, a produção e a avaliação dos aprendizados das crianças. A nossa comunicação da avaliação às famílias, tanto individual como grupal, deve refletir nossa proposta educacional e nossa forma de acompanhamento das crianças, ou seja, deve descrever o que

observamos, nossas

intervenções

e

seus

resultados, apontando, quando for o caso, a necessidade de continuidade ou da introdução de novas intervenções, de forma acolhedora às diferenças individuais e às oscilações intrínsecas ao desenvolvimento e à aprendizagem. Nas situações de interação e aprendizado que fluíram com tranquilidade,

nossa

avaliação

pode

resumir

os

principais

Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


183

interesses, pesquisas, descobertas e aprendizados de cada criança nas diversas propostas. Nas situações que envolveram resistências ou conflitos, nossa avaliação deve mostrar de que forma buscamos auxiliar uma criança a interagir e aprender. O registro deve ser capaz de transmitir, em lugar da impressão de que uma criança ainda não consegue

algo

ou

tem

dificuldades,

a

forma

como

o(a)

professor(a) busca garantir para ela um espaço de respeito e aprendizado, mesmo que para isso precise contê-la ou impor limites,

e

como

busca

favorecer

no

grupo

um

lugar

de

pertencimento a todos, onde as questões de cada um são tema importante de conversa e reflexão, ou seja, onde todos têm um compromisso com aquilo que cada um precisa aprimorar, em termos de atitude, ou aprender nas diversas atividades escolares. A avaliação deve, na maioria das vezes, mostrar que há tempo

para

aprenderem

as o

crianças que

aprimorarem

apontamos,

e

suas

que

atitudes

confiamos

e/ou nessa

possibilidade, fundamentalmente porque estamos observando e acompanhando com atenção suas necessidades. Em

alguns

casos,

no

entanto,

estamos

realmente

preocupados(as) com uma criança. Essa preocupação precisa ser partilhada com a família em uma entrevista com a Orientação Pedagógica e Educacional e só deve aparecer no relatório, de forma sucinta, depois disso. O relatório pode então ajudar a família a retomar e compreender, da forma mais objetiva possível, qual é a nossa preocupação; e, sendo um documento avaliativo, é importante também que forneça informações claras Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


184

a outros profissionais que porventura acompanhem ou venham a acompanhar essa criança. Uma preocupação dessa ordem, a nosso ver, deve ser rara, porque não deve estar localizada em um ou alguns aspectos específicos das interações e aprendizados da criança, mas abranger de maneira mais ampla sua forma de se colocar diante dos outros e da aprendizagem, e essa atitude deve ter resistido às nossas intervenções ao longo do tempo. É nosso dever partilhar preocupações e eventualmente recomendar a busca por ajuda especializada quando esgotamos nossas possibilidades de intervenção. Até lá, é importante confiar que as crianças, quando acolhidas e acompanhadas, crescem, fortalecem vínculos e aprendem. Objetivos das reuniões de pais Consideramos

a

educação

das

crianças

uma

responsabilidade compartilhada entre a escola e a família, ambas com papéis importantes e complementares nesse processo, o que pressupõe que precisam estar de acordo com relação a princípios educacionais, sem se sobrepor uma à outra. A partir desse pressuposto, temos como objetivos:  que

possamos

iniciar

ou

dar

continuidade

ao

estabelecimento de uma relação de confiança com os pais, estabelecendo aspectos comuns de observação e troca relativos às nossas possibilidades comuns de Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


185

acompanhamento – pais e escola – do percurso de cada aluno, explicitando: o o espaço constante para a troca de informações,

questões ou conversas para o planejamento de intervenções

comuns,

de

forma

rápida

e

transparente; o a importância de contarmos com sua escuta do que

os alunos contam em casa para o aprimoramento de nossa observação, compreensão e intervenção em diversos aspectos da vida escolar; o o

cuidado

conversas

de

preservar

sobre

eles,

os

alunos

utilizando

o

de

nossas

telefone

ou

entrevistas para evitar que acompanhem nossas preocupações

quando

ainda

em

processo

de

compreensão; o nosso compromisso de transparência com relação à

nossa avaliação do que ocorre na vida escolar dos alunos

e

às

nossas

possíveis

preocupações

e

necessidade de informação, o que não significa contar tudo o tempo todo, já que os alunos têm o direito de constituir seu próprio universo escolar, e os relatos constantes, principalmente em caso de atitudes

que

necessitam

de

limites,

acabam

enfatizando apenas aspectos negativos entre todas as ações e experiências de um aluno;  que os pais compreendam nossa proposta educacional: Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


186

o com a tradução do que está expresso nas diretrizes

para o grupo; o com a explicitação do que esperamos que os alunos

aprendam e dos principais desafios que proporemos ou que foram propostos nesse sentido; o com a exposição dos principais aspectos da vida

escolar dos alunos e da dinâmica da classe, incluindo as

intervenções

realizadas,

as

conquistas

e

necessidades do grupo; o com a apresentação dos principais aprendizados

propostos e realizados e a exposição das produções dos alunos, destacando a nossa avaliação sobre o percurso do grupo e os próximos desafios planejados para a continuidade do processo de aprendizagem; o com a explicitação das situações em que devemos

nos preocupar e daquelas em que devemos apenas ter confiança no processo individual de cada aluno;  que possamos explicitar como compreendemos aspectos

relacionados aos conflitos inerentes ao crescimento nas diferentes idades e como eles se expressam na relação das crianças com os adultos e com outras crianças, suas implicações

na

vida

escolar

e

no

aprendizado,

antecipando possíveis experiências para melhor observálas conjuntamente; e ainda nossas intervenções e suas razões. Podemos citar, como exemplos: o brincadeira solitária e interação; o manha, birra e ataques de raiva; Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


187

o aprendizado do controle esfincteriano e conquista de

eficiência na higiene diária; o rivalidade (ciúme, possessividade, agressividade) e

cooperação (interação, ajuda, cuidado); o a

“mentira”

(impulsividade

x

consciência

da

necessidade de respeito à regra e ao outro); o a agressividade física e verbal e os movimentos de

exclusão; o limites da brincadeira de “namoro”; o a importância da literatura e da leitura cotidiana; o o desenvolvimento da coordenação motora fina; o diferenças no aprendizado: desafios e acolhimento; o roupas adequadas à vida escolar (praticidade e

autonomia) x preocupação precoce com a aparência; o conquista

de

independência

x

necessidade

de

acompanhamento ou auxílio nas tarefas escolares e na organização para sua realização e compromisso com a entrega dos materiais (lições, livros etc.) na escola;  que

os pais compreendam os principais valores e

princípios que regem a vida escolar dos alunos na nossa escola, que se expressam, entre outros: o nas discussões, sempre que necessário, sobre as

regras do grupo e da escola; o nas atividades de integração entre grupos, idades e

períodos (ADs, oficinas, olimpíadas, acampamento etc.); Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


188

o nas atividades de socialização dos conhecimentos e

das produções (Mostra Literária, Escola – Arte e Cultura, atividades internas de socialização etc.). Objetivos das entrevistas As entrevistas podem ser solicitadas pelas famílias ou pela escola e frequentemente são sugeridas pelos(as) professores(as) para

que

possamos

possibilitem

fornecer

transparência

ou e

buscar maior

informações segurança

que no

acompanhamento das crianças. Não há um número de encontros previamente especificado e consideramos que não é necessário realizar entrevistas com todas as famílias. Os objetivos desse encontro particular com a família de cada criança são, dependendo do contexto e da solicitação:  comunicar o processo de socialização e aprendizagem

das crianças e as nossas intervenções;  obter

informações

que

possam

nos

auxiliar

a

compreender melhor os desafios que as crianças estão enfrentando e planejar intervenções;  conhecer a avaliação e a expectativa dos pais quanto ao

trabalho realizado com o grupo e com seu(sua) filho(a), compreender suas razões e prestar os esclarecimentos pertinentes;  fortalecer o vínculo de confiança com os pais para

estabelecer intervenções comuns relativas às atividades escolares: lição de casa, colaboração e participação em Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


189

pesquisas, saídas para passeios, atividades pedagógicas e viagens etc. Contatos informais – encontros cotidianos e eventos Algumas famílias vêm à porta da escola ou da sala de aula eventualmente ou com frequência, bem como comparecem aos eventos e buscam conversar com os(as) professores(as) e com a orientação sobre a vida escolar e o aprendizado das crianças. É importante que possamos discernir se o assunto é pertinente à situação, considerando:  que outras famílias e crianças merecem também atenção

naquele momento;  a necessidade de privacidade da conversa, levando em

conta que não devemos expor as particularidades de uma criança;  que o tempo pode não ser suficiente para uma conversa

conclusiva e a família pode sair mais preocupada do que deveria, não tendo entendido bem o que colocamos ou qual era a nossa intenção, e/ou tomar uma atitude com a

criança,

não

combinada

conosco,

que

venha

a

complicar a situação;  a possibilidade do acompanhamento pela criança do que

está sendo conversado, o que pode ser ótimo no caso de acordos comuns, mas ruim caso a conversa envolva preocupações que a criança não precisa partilhar e que, Documento Curricular de Grupo Interidades e 1º ano – Colégio Equipe / 2014


190

mesmo quando não escuta, acompanha pela observação de nossas expressões e gestos. No contato cotidiano, geralmente o mais adequado é trocar informações objetivas sobre como a criança está na escola, principalmente se está bem: brinca, come, usa o banheiro, desenha, participa etc. Quando o que uma família aborda implica uma preocupação, da própria família ou nossa, devemos sugerir o agendamento de uma conversa, justificando que é uma questão importante, que seria bom abordarmos com calma. Uma família que ainda está conquistando confiança no vínculo

conosco

separadamente,

por para

vezes o(a)

faz

a

professor(a),

mesma o(a)

pergunta,

auxiliar

e

a

orientação, e como nem sempre respondemos da mesma forma, a responsabilidade por emitir uma opinião ou sugerir uma conversa é do(a) professor(a), cabendo ao(à) auxiliar e à orientação ouvir a questão mas remeter a resposta ao(à) professor(a).

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