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Lê e Passa | Editorial
APROPRIE-SE “A Ordem dos Franciscanos, na sua reivindicação da “altíssima pobreza”, afirmava a possibilidade de um uso totalmente desvinculado da esfera do direito, que eles, para o distinguir do usufruto e de qualquer outro direito de uso, chamavam de usus facti, uso de fato.” Profanações, Giorgio Agamben É fácil entender. O conceito de “propriedade privada” é colocado pela nossa sociedade como um conceito afirmativo: quem tem propriedade possui os direitos sobre ela. No entanto é justamente o contrário. O conceito de “propriedade privada” não é afirmativo, é negativo: a propriedade privada não é direito de uso de um indivíduo, mas é a negação do direito de uso aos outros indivíduos. Até mesmo as palavras que formam esse conceito mostram essa negatividade: é a propriedades privada (que priva) ou propriedade exclusiva (que exclui). Você percebe? São justamente as relações de direito que possibilitam a propriedade privada: alguns são privados/excluídos do direito de uso da propriedade e outros são incluídos. Um dos objetivos do nosso jornal é se desvincular da esfera do direito. Esse jornal não é propriedade de ninguém! Quem “quer” esse jornal precisa encontrar algum jeito criativo de se apropriar dele. Davi Bastos, 3ª
FÉRIAS
Esse texto a princípio tinha um objetivo claro, vou então, antes de tudo, fazê-lo. O jornal, caso você não tenha reparado, chama Lê e Passa e apesar de simples, composto de três palavras e nada mais que oito letras e dois espaços ou dez caracteres, tem muito significado. Muito talvez seja um exagero, mas digamos que tem uma ideia teórica por trás. Quem conhece o Davi sabe das “brisas” (bem legais) dele sobre apropriação do espaço e não teria sido mais ninguém além dele a dizer “menos tiragens, vamos passar o jornal”. Logo me lembrei da aula de temático do Marlito, em que discutimos como o capitalismo faz não usarmos os produtos de fato. Daí veio, passar o jornal, usar ele de fato. Não sei o sentimento do resto das pessoas presentes no grêmio, mas eu me senti salvando o mundo, nosso jornal não seria um produto do capitalismo que é folheado e jogado fora, iria passar de mão em mão, esbanjar talento e dedicação e exalar conhecimento. Até aí tudo certo, primeira edição um sucesso. Mas a segunda lançada iria vir para abrir as férias, no “maravilhosíssimo” último dia de aula. E aí o que fazer? Aumentar as tiragens? Dar um exemplar para cada aluno e deixar que ele acabe no lixo? Sim e Não, aumentaremos a tiragem, você levará esse jornal para casa, mas eu acredito que você ao ler esse texto vai entender que é pra passar o jornal pros amigos de outra escola, primos, pais, titias, irmãos, namorado, paqueras... Acredito mais ainda que você irá ler esse jornal (ou pelo menos ver as imagens) e adquirir um carinho por ele, uma admiração, assim como eu tenho, você vai querer mostrar pras pessoas, passar ele adiante ou se o carinho for muito grande, só emprestar. Vou terminar o texto dizendo como um bom editorial de revista pós modernidade: O Grêmio deseja boas férias pra todos! Muitas viagens loucas, festas, rolês, bares, baladas, músicas, danças, tudo isso “aê”. Para você do segundo ano só digo uma coisa: ACABOU O GRUPO ÚNICO! Comemorem. Pro primeiro: RIBEIRÃO VEM AÍ! . E por último porém mais importante (hehehe) digo pro terceiro ano: A MONOGRAFIA NÃO ACABOU, CHOREM! Bom, a partir de hoje bem vindos ao universo paralelo que são as férias. O grêmio espera vocês nas reuniões do próximo semestre e o jornal espera seus textos e desenhos! BOAS FÉRIAS, ATÉ AGOSTO! Marina Maida, 3ª
Expediente:
Beatriz Demasi, 3ª| Marina Maida, 3ª|Pedro Micussi, 3ª| Vitor Sório, 3ª (diagramação)| Tucci Rosa, 1ª| Bia Carvalho, 2ª| Pedro Canales, 3ª| Davi Bastos, 3ª| Luka Barone, 2ª| Vittorio Polleto, 3ª| Zeca Carvalho, 3ª| Fernanda Damato, 2ª| Heron Luiz, 3ª| Giulio Michelino, 3ª| Sara Sallum, 2ª| Verônica Rosa, 2ª| João Vicente, 3ª (capa)| Catarina Malavoglia, 2ª| Manuela Melo, 2ª| Paulo Martins, 2ª| Marcos Lou, 2ª|
participe do jornal: jornal_equipe@hotmail.com 2
junho de 2012
Lê e Passa | Falando Sério
TÁ FALTANDO! Já ouvi algumas vezes que o Equipe é uma escola que dá o mesmo valor, tanto para matemática quanto para filosofia ou educação física etc. Eu concordo! E isso é uma característica fantástica do colégio. Acontece que tenho observado que não há o mesmo valor que dão para todas as matérias em uma única área da formação que o colégio Equipe proporciona aos alunos: a arte. Claro, tem o curso do Giba e do Salem, muito bom. A Ângela e o Luís Venâncio também têm certa participação nessa área, e até o Nelsão, dança também é arte, certo? Mas é só! Qual é, cadê o incentivo para o teatro, cinema, música, artes visuais... Enfim, claro, o Equipe é uma escola muito boa culturalmente falando, mas me deixou um tanto indignado ao ver a falta de força nisso bem no colégio Equipe! Sabe por quê? A importância artística dessa escola é absurda! Os eventos musicais do Equipe, nossa, quantos grandes músicos brasileiros no começo de suas carreiras tocaram nesses festivais, no início, década de 70 mais ou menos, Caetano Veloso tocou! O festival musical do Equipe foi um dos maiores marcos de contracultura paulistana. Mais tarde, nos anos 80 aproximadamente, Nando Reis, Arnaldo Antunes, quase todos os Titãs se formaram aqui, diversos atores, músicos, artistas plásticos vieram dessa escola. Então este pequeno artigo seria tanto para mostrar ao Equipe como instituição mesmo, que não faz sentido não haver cursos mais aprofundados de diversas atividades artísticas, quanto para nós, alunos, que se interessados nesse tipo de coisa, devemos nos mobilizar, pois a nossa sorte é que o Equipe é um colégio que de uma maneira geral dá “voz” aos alunos, ou seja, se realmente mostrarmos que queremos ou até precisamos de uma formação artística mais forte, talvez possamos conseguir mudar alguma coisa. Pedro Munhoz, 1ª
Pergunte para...
PRIScYLLA!
Priscylla é formada em psicologia, com mestrado em dramas adolescentes da classe média, seu intuito é de responder as questões existenciais que permeiam a cabeça confusa dos equipanos complexos e incompreendidos.
Querida e já íntima Pri, você parece dessas que sabe de tudo um pouco. Então me diga, como faço para me livrar de uma sombra ambulante? Sim, você entendeu direito, me refiro a essas pessoas sem opinião própria que vivem por aí, sugando pouco a pouco o estilo e o jeitinho das pessoas. Eu até gostaria de poder fazer um cartaz bem grande assim, escrito com letras de forma em vermelho: SAI PRA LÁ ENCOSTO CABRA DA PESTE, VAI ARRANJAR UMA VIDA QUE NÃO A MINHA! Certo? Mas eu sou covarde, eis um defeito forte e significante sobre mim que você merece saber. Então, use o seu glamour e a sua inteligência para me explicar o que deve ser feito dessas pessoas. Eternamente grata, ASS: covarde anônima. Querida anônima, eis um problema de Jedis. Yoda provavelmente diria: “da sombra desencanar é preciso, não é preciso brigar”, mas pelo visto, você quer mesmo é cair de cabeça no lado negro da força, então pegue seu sabre de luz e vamos decapitar essa sanguessuga! É importante dizer que não é fácil caminhar no lado negro da força, precisa ser esperta e juntar aliadas! O jeito é deixar sua sombra sem saída, como? Fazendo ela entrar em contradição, isso aprende-se com nosso querido amigo megera: Sócrates. No final, é preciso ridicularizá-la na frente da plateia, que nesse momento, serão suas aliadas. É, querida, a razão pode ser tirana e megera! Mas cuidado: a megerice pode ser prazerosa e viciante! Será que esse é o momento para ser megera? Isso só você saberá, mas cuidado pra não virar um Darth Vader, porque no final do filme quem quebra a cara é ele! Que a força esteja com você! MANDE SUA PERGUNTA PARA: jornal_equipe@hotmail.com
Grêmio Pão de Milho | Lê e Passa
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Lê e Passa | Literário
Lê e Passa | Literário
O QUE ESTÁ NO ALTO É COMO
Primeiro Capítulo
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Era dia de demolição. Um casarão velho dessa vez. Eu desci da Kombi, peguei a marreta no caminhão e entrei. Os noias lá dentro ainda, dou-lhes um pontapé de supetão: “Acorda, vagabundo”. Só mais um dia de trabalho nos Campos Elíseos. Meus parceiros começam a bater. Até parece que tem assombração nas paredes, Deus lhe pague. Que nada, isso daí é a vontade de ter mais que pão na mesa. Sabe como é... mais trabalho, mais capital, é o progresso, que nem fala o doutor de economia da firma. Me pego poetizando, sobre os martelos do nosso trabalho. Batendo, marretando, firmando as estacas que seguram as fundações do progresso. Deixa disso, homem, você tem trabalho! E não é que volto a mim e ouço uma gritaria lá fora: “Mas isso num pode tá certo!” “Deixa, Mato Grosso... os home tá coa razão, nós arruma outro lugar.” “Onde, Barbosa, Adonde?!” “Nós se arranjou antes, nós se arranja outra vez. Fale pra ele, Joca...” “Deus dá o frio conforme o cobertor, Mato Grosso...” “Saiam daí, bando de vagabundo! Chispa!” Os homens tocam eles dali, e toca o alarme. Hora do almoço.
Texto: Luka Barone, 2ª Ilustração: Diogo Tabanez, 2ª
junho de 2012
Os olhos se encontravam já numa tremenda perseguição. Se encaravam fundo, sem medo. As cores chegaram a se fundir junto a eles quando os toques se encontraram, se deixaram ser com miadinhos ao fundo. Tudo fica do exato mesmo tamanho. O telefone toca agudo, porém! O telefone sempre toca. Há sempre a volta. Como ser capaz de abandonar tamanho éden pueril, voluptuoso? Nos abandonará, então? Sairá pela tangente, para voltar depois, quem sabe, mais tarde? No atual estado, ouve-se somente o som da angústia no peito. O som da lembrança. Momento de escolha, mini-momento, interrompido movimento. Texto: Anônimo
CANSADO DE RECEBER SUA REDAÇÃO CORRIGIDA TODA SUBLINHADA EM VERMELHO POR UTILIZAR PALAVRAS INEXISTENTES? CANSADO DE SUSPEITAREM QUE VOCÊ TEM DISLEXIA? VENHA PARA:
ESCOLA TEADORO , TEODORA EM APENAS SEIS MESES VOCÊ TIRA SUA LICENÇA POÉTICA!
LO M PAU AR
DESCASO
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O
DE
| C UR S ROVADO AP P
Paulo Martins, 2ª
AQUELA VELHA HISTÓRIA
Começou com um de cada lado da mesa. Frente a frente, cara a cara. Mini-movimentos e a rua vivendo forte atrás. Cerveja suada no canto e o olhar já um pouco baixo... Sempre, sempre encabulados. Começou assim, pequeno, envergonhado. Começou aos poucos. Digo, contudo, que foi rápido. Agora já estavam à janela, lado a lado, suas laterais se roçando. Havia não mais uma cerveja suada no canto, mas sim uma primavera arroxeada, com suas entranhas compridas que se esticavam preguiçosas pelo jardim. Suculento, verde. A água do prisma fazia com que os gritos do sol se estampassem na parede. Os movimentos continuavam singelos e retidos. Carinho de ponta de dedo. Arrepios suaves de baixo do cotovelo. Diziam muito pouco, quase nada. De vez em quando uma hesitação, uma risada – o que você ia dizer? O que foi, que passa? Tudo suspenso, aquele gosto acre no ar, sei lá, talvez na boca.
O
Não tenho certeza, mas uma das melhores combinações de todos os tempos é manhã + frio + música. Uma coisa completa outra, de certa forma. Na verdade, há tipos de música que combinam com o frio e tipos que combinam com calor. Nessas manhãs frias antes de ir para o colégio ouvia coisas meio tristes. Não porque estava triste de fato, mas o frio passa toda essa atmosfera de melancolia. Mas em uma manhã de junho decidi ouvir algo completamente diferente do usual. “A Tábua de Esmeralda foi Hermes Trismegisto que escreveu”, foi o que ouvi ao entrar no carro. “Com ponta de diamante e lâmina de esmeralda, ele escreveu”. Acho que fazia uns sete graus, e essa mistura do universo dos alquimistas com a temperatura assassina estava me deixando meio embaralhado. “Errare humanum est”. A 23 de Maio estava com um engarrafamento obsceno. “O sol é seu pai, a lua é sua mãe”. Tem uns dias em que eu acordo pensando e querendo saber da onde vem esse estalo que é a junção do pneu com o asfalto. “Angola, Congo, Benguela”. Chegar no Anhangabaú e fazer aquela curva inclinada para a esquerda me faz pensar no mundo em que estão os homens. De um lado, senhores sentados. Do outro, a colheita do algodão branco feita por mãos negras. Ou quase isso. “Que gravata sensacional, que perfeição tropical”. A Consolação tem sempre o mesmo cenário dependurado em um viaduto qualquer. E um jardim suspenso de um homem simpático e feliz. “Até eu”. Finalmente, o solo de guitarra empedalado chega e eu olho pra esquerda e o namorado da viúva passou por aqui, perto do elevado. Ele não vai dar conta do recado. Aí chega a Barra Funda e tem que dançar dançando. Estou perto, me aproximando. Os alquimistas estão chegando os alquimistas e eu também. “Brother, prepare one more happy way for my lord”.
O INSTITU T EL
O QUE ESTÁ EMBAIXO
COM ELA VOCÊ PODE USAR E ABUSAR DO NEOLOGISMO E SUA DIFICULDADE PASSARÁ A SER SUA GENIALIDADE! PARA EQUIPANOS CHOVEMOS DESCONTO! “Inventei, por exemplo, o verbo teadorar” -Manuel Bandeira
LIGUE JÁ: 3S6A-5BI7 Grêmio Pão de Milho | Lê e Passa
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Lê e Passa | Literário
Lê e Passa | Literário
CASCABULHO Logo quem? Foi ao médico com as oreias trazendo aquelas frases, tudo que ele ouviu e não saiu dali de dentro. Disse que era coisa de coração. Coisa séria. Falou - estou vendo coisa. Ficou branco como carne passada. Vi o homem com aqueles óios tristes olhando pra mim. Ele, logo ele que gostava de repetir que a gente tem de vê as coisa boa da vida. Aqui me tem chegado o diabo. O que queria comigo aquele desinfeliz? Nunca fui divertimento. Estou com febre. A vida vai me voltar devagar. Achei um estilo para narrar; gostei porque irrito ele. Vou ficar boa com os ares da serra. A ausência dele me obriga a cair na realidade dura. Não queria mais isto, passei de novo a sofrer como se fosse uma condenada em sentença. A ausência do infeliz me oprimi cada vez mais. Vou matá-lo, sou assassina como as outras, sustento fogo, e nos tiroteios as minhas fúrias são de jararaca. Tenho que matar para não morrer. No dia do ferimento, quando senti a bala atravessar meu peito, vi meu sangue correndo como água de fonte de pé de serra, um fio vermelho na terra quente. Senti a morte, mas ele não faria isto, não me mataria. Quê? Você queria que eu morresse feliz, sem medo, sem dor, só com a secura na boca? Não morri pela Graça de Deus. As tardes mornas encheram meu corpo de coragem. A vida há de tomar conta de mim e meu peito ferido não há de doer mais. Vou criar raiva, eu não queria, mas a gente tem de reagir se tentam matar a gente. Criarei raiva, endurecerei meu coração, tenho que matar, matar nas fúrias com ódio de morte. Chega de ficar doente e chorar no triste viver das emboscadas. Ele não abrange. Diz – não entendo. Digo - pior pra você. Sem versos minha alma seca. É preciso viver assim, não sei matar bicho e tenho de matar gente. A vida já está decidida. Não fui eu que quis. Tenho que pensar em cobras pra entreter meus pensamentos. Meu pensamento conversa com ele - ainda necessito da sua voz, dos seus modos, da sua violência. Sim. Perdi o amor às coisas da vida.
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Tudo perdeu graça. Tudo que era bom sumiu com o sangue que ensopou a terra. A minha vida mudou desde o tiro no peito. O coração já se partiu em dor. O que importa agora é matar. É não ter pena de nada, se a morte chegar, chegará por necessidade. Não vou correr de um lado para o outro feito doida. Já disse a vida não é equação. Tô envenenada com o diabo no corpo. Sinto muito, nem é bom contar, mas conto, porque o pior de tudo foi o desgraçado do silêncio. Ele atirou e nem prestou ajuda. Deixou-me em petição de miséria. Tenho pavor de lembrar, arrastou-me por cima dos espinhos, derrubou-me no chão, e ali mesmo não perguntou se senti dor ou precisei de ajuda. Tô com medo de gente. Não posso afrouxar. Tenho de fazer tanta coisa, tenho de levantar, senão amoleço e perco as forças. Com a morte perto - sinto mudança na vida. A vida é outra. Não, haveria de me matar. Não vou perguntar mais. A força dos versos há de me recuperar. Versos de cobra venenosa.
O MONSTRO DO MEU ARMÁRIO No meu armário tem um monstro, um monstro grande e feio. No nariz desse monstro tem um monstro, um monstro pequeno e bonito. Debaixo da minha cama há um monstro, um monstro gordo e tagarela. No nariz desse monstro tem um monstro, um monstro magro e silencioso. Toda a noite os monstros fazem festa na minha gaveta e eu participo. Canto em português porque não sei monstrês. Hoje eles não fizeram festa porque meu pai os expulsou, mas nós combinamos: Amanhã será na casa do João. Poema: Artur Muller Pereira, 7º Ilustração: Diogo Tabanez, 2ª
Venenosa mesmo é a naja, ophophagus hannah, depois têm o cascabulho, a cascavel, cascavelsete-ventas, crotalus durissos, coral da verdadeira, micurus frontalis, jaracuçu, jararaca pintada, surucucu, urutu, jararaca da seca, jararaca ilhoa, sucuri, cobra de Raddi, jararaca do Peru e bicuda. Estas são as mais perigosas. Mas tem gente que tem boa intenção. Têm cobra espada e jibóia, elas dão pobrema, mas nem chegam a estrupiá ou matar o cabra. As mansa só que só assusta são cobra papagaio, cobra d’ água, papa pinto, quiriripitá, house snake, cobra cipó, caninana, boipeva, papa ovo, coral falsa, jararaca da praia, muçurana e limpa campo Têm até as que ajuda em casa a jiboinha, ratsnake, porque elas comem rato. Têm também umas que não fazem nada só dormem - a dorme-dorme e dormideira. Fecharam o cerco. Eu não queria. Os dias felizes dormiram. Eu agora só penso - o pior é que você não tem dor nem remorso. A vida é outra. Não há de aparecer um homem que possa. Saia-se daqui. De onde? Dos meus versos.
junho de 2012
Angela Marsiglio, professora
B R E V I D A D E REVIDAD EVIDA VID I VID AV I D A R AV I D A D
Poema: Paulo Martins, 2ª Arte: Vitor Sório, 3ª
G R AV I D A D E Grêmio Pão de Milho | Lê e Passa
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Lê e Passa | Literário
Lê e Passa | Literário
AS MÃOS
Bastou um l a m p e j o De um esboço De uma paixão E entendi pra quê serve o amor
As ideias oxigenam
novamente
Vejo poesia nos Nos
cantos escuros tangos dos filmes
E dá vontade de fingir (Não-sei-bem-o-quê)
E eu Que havia pensado Que estava muito cansado Pra inventar paixões 8
junho de 2012
Poema: Fernando Raposo, 2ª Arte: Diogo Tabanez, 2ª
As mãos são compostas por oito ossos cárpicos, cinco ossos metacárpicos e 14 falanges, é atribuído o termo “mão” à extremidade dos braços de mamíferos, tal extremidade contando com um polegar opositor. A mão executa a função de agarrar, pegar, puxar, empurrar. A mesma função pode ser exercida por tentáculos, pinças ou patas, das mais diferentes criaturas. Os diferentes animais utilizam-se destas ferramentas para as diferentes funções no âmbito de sua sobrevivência, os animais são diferentes, suas garras, patas, tentáculos e mãos também. Mas compartilham da mesma função. O calor de uma noite úmida de verão, empesteada de insetos e parasitas desprovidos de mãos são, somente, afastados pela nociva e nauseabunda fumaça de cigarros que queimam nas bocas de seres de olhos tristes e cabelos desgrenhados. Outra chama queima, a chama de sonhos, pouco queima, gradativamente apagada pelas incertezas da vida mundana. As lágrimas correm de seus olhos que miram o além, as palavras são proferidas incessantemente até que suas bocas estejam secas e suas línguas dormentes, os cigarros são apagados. Pouco sobra, apenas mãos. Mãos, garras e tentáculos e fogo, a chama dos sonhos que talvez, muito bem seja, a chama de suas vidas que pouco a pouco extinguisse, os animais são feitos de sonhos. Apesar de suas funções motoras limitadas e formatos diferentes, as mãos compartilham da mesma função, erguer, puxar, agarrar e empurrar. Os animais não tem apenas dois pares de mãos, mas sim vários, quando estes compartilham da mesma pequenina chama, que pode vir a se tornar um grande incêndio, um incêndio capaz de limpar toda a paisagem de suas mentes e dar espaço para um novo plantio, uma nova chama. Os animais sobrevivem, usando suas mãos, tentáculos, patas ou pinças. Pois estas, partilham da mesma função. Os animais sobrevivem. Os homens, sonham. Francisco Cannalonga, ex-aluno
PÉ NO CHÃO Uma vez um velho barbudo disse que contava verdades e as pessoas acreditaram, acreditaram na verdade e depois por consequência, no certo e no errado. Acreditaram também que o outro contava mentiras, se limitaram a unidade. “Eu, Vitor, sou um bloco inteiro, sou uma pessoa, uma personalidade, uma verdade”. Carregamos nas costas o peso da verdade, nas pernas, o peso da unidade, massa vezes gravidade. Limitamos-nos agora a usarmos a mesma fantasia em todos os carnavais e permanecemos tentando descobrir que fantasia é essa: quem sou eu? Mas eu, ignorante por preguiça de tentar me entender, decretei minha liberdade carnavalesca e percebi que entenderme é uma perda de tempo. É fingir que caibo no conjunto dos números inteiros: positivo e negativo. Desencanei de querer ser um par ordenado, de conjugar meus verbos no masculino! A gramática fez questão de separar o homem da mulher, o “eu” do “tu” e do “ele” e a cada dia cortamos em pedaços menores o fio vermelho que um dia fomos, nos transformando em poeira, em resto. Fazemos isso só pela vontade de nos entendermos, só pela busca de uma unidade, uma fórmula e estamos progredindo, graças a Deus! Estamos cada vez mais nos aprofundando, profundo, profundo, profundo, mas esquecemos de olhar pra cima. Se o problema de muitas pessoas um dia foi estar nas nuvens e precisar botar o pé no chão, o nosso é de termos partido do princípio de que o chão é feito de terra e logo podemos cavar eternamente e continuarmos com o pé no chão. Se for pra escolher entre estar nas nuvens e estar na nossa grande cova, não escolho! Quero meu pé no chão, forte, sentir o gosto da maçã tirada do pé, olhar pras nuvens tranquilo e ter vontade de voar, mas sem crise de choro por não poder. Talvez eu até queira ficar de quatro no chão imitando um cachorro. Ou ainda deitar inteirinho, imitando uma cobra. Cansei de achar que ser inteiro é ser imutável, incorporei minhas inconstâncias, incorporei meus neologismos, minha loucura, minha babaquice, minha seriedade e a falta dela, só me sinto inteiro quando não estou sendo, ser alguma coisa é nosso grande equívoco. Estamos sempre inconstantes de paixão e se um dia eu couber numa fórmula que não seja um sexo bom, já não vale mais a pena ser. Vitor Sório, 3ª
Grêmio Pão de Milho | Lê e Passa
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Lê e Passa | Socializando
"Deixa teu corpo entender-se com outro corpo...” Corpos querem outros corpos. Se inquietam, se provocam. Com sorte, se entendem. Recentemente, fui a três exposições diferentes; à princípio, inclusive, bem diferentes. A primeira, “O Fantástico Corpo Humano”, com corpos verdadeiros que, abertos, mostravam todas as estruturas do nosso ser (ok, talvez não deva ser tão definitiva assim, afinal existe mais coisa entre o céu e a terra do que podemos imaginar...). Depois, a do artista Alberto Giacometti; e, finalmente, a do inglês Antony Gormley, “Corpos Presentes”. Todas as três visitas me impressionaram e afetaram muito, de distintas maneiras, é verdade, mas direcionando uma questão comum. Fui perceber a estreita relação entre elas somente quando estava vendo uma obra da mostra “Corpos Presentes”: era uma emaranhado de ferro pendurado, que ao ser visto de uma certa distância formava no centro um corpo. Fiquei olhando aquilo bem abismada, de diversos ângulos e aberturas de olhos. Aquele emaranhado frágil me remetia a muitas coisas. Lembrei então da exposição “O Fantástico Corpo Humano”, e dos tantos modelos do sistema circulatório que havia visto – a semelhança era incrível.
É necessário que ele seja representado. Das mais diferentes formas. Uma espécie de espelho para nós mesmos: ver como é dentro, entender como o somático se constitui na arte, perceber o que nos afeta em nós mesmos, na nossa forma e constituição. Como explorar mais essas possibilidades de representação e uso do nosso corpo? Puxando a sardinha para a linha editorial do jornal, há de existir uma apropriação do corpo, um uso de fato, uma representação ampla, que transgrida as impostas e engolidas diariamente por nós. Observar como aqueles dois artistas representam o corpo e nos olhar “por dentro” realmente dá aquela sensação estranha de quando ficamos muito tempo nos olhando no espelho. Sabe? Temos em nós mesmos um tremendo objeto de estudo, reflexão e representação: o corpo! E sem essa de dualismo, por favor: corpo e mente são a mesma coisa, assim como o céu e a terra; então, fica a dica, vá nessas exposições ou faça massagem em alguém, se olhe muito no espelho ou brinque de gato-mia, desenhe modelos vivos ou estude citologia – aí sim esses dois extremos se tocarão.
Aí, óbvio, comecei a brisar: o emaranhado se ligava através de estruturas cíclicas orgânicas, das quais nós somos formados! Químicas à parte, fiquei pensando como aquela exposição, tão moderna, artística e simbólica tinha a ver com a do corpo humano, e também com a de Giacometti, que representava estruturas corpóreas quase amorfas, mas ainda assim imensamente humanas, com suas esculturas em bronze. Acho que o me chamou tanta atenção nessas três exposições foi justamente o objeto a ser representado por elas: nosso corpo, o corpo humano. E nosso corpo físico, seus limites, formas, estruturas, num âmbito biológico ou artístico. A representação desse corpo suscita em nós as mais variadas reações, já que extrapola o senso comum (e eu diria a ditadura) da representação do nosso corpo.
OBS: a exposição do Giacometti já saiu de cartaz, mas as outras duas ainda estão! A “Fantástico Corpo Humano” por tempo indefinido, no shopping Eldorado, meio carinha, mas vale a pena (só pensar naqueles caras que faziam anatomia sem abrir o corpo ou naqueles outros das dissecações às escondidas). A “Corpos Presentes” ficará até dia 15/7 no Centro Cultural Banco do Brasil, de graça. Programão pras férias!!
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junho de 2012
Beatriz Demasi, 3ª
Bolha Paulistana Mosteiro de São Bento, situado no centro da cidade de São Paulo, no meio do caos, no meio da confusão, da poluição, da pressa, das pessoas que não olham para o lado, das pessoas que não se importam com o seu redor, das pessoas que apesar de estarem no meio de tanta gente estão sozinhas o tempo todo. No meio de toda essa confusão, um prédio passa despercebido pela vida de muitas pessoas, um prédio não, um mosteiro. Eu pessoalmente, já havia passado por lá, e não sequer percebido uma igreja no meio do meu caminho. Mas dessa vez não, fomos lá para visitar o mosteiro, entrar naquela atmosfera tão diferente situada no centro da cidade de São Paulo, no meio do caos, no meio da confusão, da poluição, da pressa, das pessoas que não olham para o lado, das pessoas que não se importam com o seu redor, das pessoas que apesar de estarem no meio de tanta gente estão sozinhas o tempo todo. Entrando lá, foi como um portal no tempo, uma bolha de calma, uma serenidade, tranquilidade que contagiava, que estava presente nas partículas do ar, eu e meu pulmão paulista ficamos até com medo de ter alergia a esse tipo de coisa. Após alguns espirros, tudo se normalizou, e aquela doença me contagiou, e estava completamente maravilhada com todo aquele universo. Estava em outra sociedade, em outro tempo, em outro tipo de pensamento, nada mais me preocupava, nada mais tava na minha cabeça além daquelas estátuas, daquelas imagens, daquela estrutura arquitetônica que me levava a outro lugar, que era uma bolha de calma, uma serenidade, tranquilidade que contagiava, que estava presente nas partículas do ar, eu e meu pulmão paulista ficamos até com medo de ter alergia a esse tipo de coisa, no centro da cidade de São Paulo, no meio do caos, no meio da confusão, da poluição, da pressa, das pessoas que não olham para o lado, das pessoas que não se importam com o seu redor, das pessoas que apesar de estarem no meio de tanta gente estão sozinhas o tempo todo. Passando, pelos bancos, pelas outras pessoas que estavam lá, vivendo esse momento, vivendo nesse outro século, nesse outro momento, nessa outra sociedade, eu vi, percebi que nem todos estão nesse mesmo lugar que eu, nessa mesma sociedade, apesar de estarem no centro da cidade de São Paulo, no meio do caos, no meio da confusão, da poluição, da pressa, das pessoas
que não olham para o lado, das pessoas que não se importam com o seu redor, das pessoas que apesar de estarem no meio de tanta gente estão sozinhas o tempo todo. Além daquelas pessoas que estavam ali só de passagem, tinham os monges, esses sim, prova viva de que a nossa cidade é repleta de pessoas fora do normal, fora do que a gente é acostumado a chamar de normal, fora do que a gente é acostumado a ver. Monges esses que passam anos vivendo nesse universo paralelo, mesmo sendo no centro da cidade de São Paulo, no meio do caos, no meio da confusão, da poluição, da pressa, das pessoas que não olham para o lado, das pessoas que não se importam com o seu redor, das pessoas que apesar de estarem no meio de tanta gente estão sozinhas o tempo todo. Em um segundo, depois de conhecer todo aquele lugar e me supreender a cada instante, saímos, e no mesmo instante, estourou aquela bolha de calma, uma serenidade, tranquilidade que contagiava, que estava presente nas partículas do ar, eu e meu pulmão paulista ficamos até com medo de ter alergia a esse tipo de coisa, estourou aquela bolha e eu voltei para o centro da cidade de São Paulo, no meio do caos, no meio da confusão, da poluição, da pressa, das pessoas que não olham para o lado, das pessoas que não se importam com o seu redor, das pessoas que apesar de estarem no meio de tanta gente estão sozinhas o tempo todo. Mas apesar de tudo, só essa cidade de São Paulo, no meio do caos, blá blá blá, só aqui seria capaz de manter um lugar tão sagrado, um portal no tempo, uma outra sociedade convivendo lado a lado com todos os outros tipos de situações as quais consideramos normais. texto: Bia Carvalho, 2ª ilustração: Lúmina Kikuchi, 1ª
Grêmio Pão de Milho | Lê e Passa
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Lê e Passa | Socializando
Lê e Passa | Socializando
O JOGO DA VIDA DE CONWAY, SEU COMPORTAMENTO CAÓTICO E EMERGENTE
A EMERGÊNCIA
-Projeto de Monografia
O JOGO O Jogo da Vida foi criado em 1970 por John Conway, um importante matemático inglês responsável por estudos na área dos grupos finitos, teoria dos nós, teoria dos números, teoria combinatória dos jogos e teoria de códigos e é o mais conhecido dos Autômatos Celulares Bidimencionais. Este jogo não é um jogo comum, não existe vencedor e a única escolha do jogador é a configuração inical; quais células estarão vivas e quais estarão mortas. O encanto do jogo está na maneira como os padrões se desenvolvem, de maneira ilógica, até que de repente surge um objeto que parece seguir certa ordem, ele oscila, anda, não se desfaz e toma seu rumo. O resto da simulação se acaba em uma imagem piscante... AS REGRAS O Jogo se desenrola em um tabuleiro retangular dividido em células quadradas idênticas, onde as casas pretas significam células vivas e as brancas mortas. O jogo é jogado sozinho, não existem objetivos e tampouco vencedores. Cabe ao único participante apenas escolher a configuração inicial, todo o resto se desenrola, de geração em geração, conforme as seguintes regras de evolução: - Cada célula tem 8 vizinhos, as adjacentes a N, S, L, O, NE, NO, SE e SO; - Cada célula pode estar Viva ou Morta; - Se uma célula viva tem apenas um vizinho, ela morre por subpopulação; - Se uma célula viva tem quatro ou mais vizinhos, ela morre por superpopulação;
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- Se uma célula viva tem dois ou três vizinhos, ela permanece viva; - Uma célula morta se torna viva caso tenha exatamanete três vizinhos. O CAOS A partir dos anos 60, o olhar de alguns cientistas se direciona para um certo aspecto da realidade: A dificuldade de se prever a evolução de certos sistemas dinâmicos, principalmente na meteorologia, mecânica dos fluidos, crescimento populacional, e as oscilações do mercado financeiro. Por incrível que pareça, todas estas áreas o conhecimento, apesar de completamente diferentes, apresentam certos comportamentos em comum e é ao estudo destas semelhanças a que se dedica a teoria do caos, que é, portanto, intrinsecamente interdisciplinar. Geralmente os sistemas caóticos são caracterizados por conter muitas partes individuais, que interagem umas com as outras. Como é o exemplo do mercado de ações, cada investidor compra e vende suas ações de maneira individual, tentando maximizar seu lucro. As inúmeras interações entre os diferentes componentes tornam impossível descrever o comportamento do sistema como um todo a partir de suas partes. Além disso, o caos está intimamente ligado com a geometria fractal, tendo como principal aspecto a auto-similariedade, ou seja, independente da escala utilizada a forma mantém seus principais traços, este é o caso de inúmeras estruturas na natureza: como árvores, nuvens, raios, turbulências e até capilares sanguíneos. A auto-similariedade não é apenas visual, pode ser também estatística, como variações econômicas, ruídos em redes de transmissão e ocorrência de terremotos. O termo fractal foi criado a partir do adjetivo latino fractus, do verbo frangere, que significa quebrar, fracionar. Essas formas têm, portanto, alto grau de irregularidade e rugosidade. Outro aspecto, presente na maioria dos sistemas caóticos, é a hipersensibilidade às condições iniciais, mais conhecida como efeito borboleta. Por se tratar de um sistema com muitas interações entre as partes, qualquer minúscula mudança nos parâmetros iniciais pode acarretar em uma gigantesca diferença na evolução do sistema. A Teoria do Caos ajuda a entender o Jogo da Vida, assim como o Jogo da Vida elucida questões sobre o caos, afinal, apresenta todos os apectos citados acima. junho de 2012
Um neurônio sozinho não pensa, mas vários juntos sim; Cada peixe de um cardume, olha para apenas outros dois peixes, e disto surge a sincronia fantástica do cardume; As propriedades químicas de nosso universo permitem e garantem a existência de seres vivos. Esses são alguns exemplos dos chamados fenômenos emergentes, quando, da interação entre as partes de um sistema, criam-se comportamentos referente ao todo, que obedecem outras regras e não estão acessíveis a cada indivíduo, apesar de derivarem diretamente das interações individuais. A soma das partes não é igual ao todo. O Jogo da Vida também apresenta comportamentos emergentes, os exemplos clássicos são os padrões chamados de Espaçonaves, que se repetem, após um número n de gerações, porém a uma ou mais células de distância do padrão inicial, provocando deslocamento. Espaçonaves podem ser constituídas de apenas cinco células vivas, como também podem conter centenas delas. Outro exemplo ainda mais fantástico de emergência é o fato de ser possível construir padrões que conforme oscilam lançam espaçonaves, estes são chamados de Armas. Ou seja, a partir das regras escolhidas por John Conway, que só levam em consideração os vizinhos mais próximos, é possível criar formas que andam e até formas que produzem formas que andam.
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O Glider é a forma mais simples de espaçonave e se repete a uma célula de distância, na diagonal, depois de 4 gerações.
A Gosper Glider Gun é uma arma que emite um glider a cada período de 30 gerações.
Zeca Carvalho, 3ª
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ajude Pity, o Pirata, a chegar no tesouro!
Caue Bernat, 3ª
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Marina Maizel, 3ª Lê e Passa | Quadrinhos
junho de 2012
Pedro Micussi e Vittorio, 3ª
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Mateus Torralba, 3ª
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Clarice, 9ยบ