coletivo
NON GRATXS liberte-se!
#1
2.
Ellen
"Quando a deusa Ishtar foi estuprada enquanto dormia, ela entupiu os poços de sua terra com seu sangue. Foi sangue que irrigou as plantações(...)" THOMPSON, Craig. "Habibi". São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p. 325-356.
3.
"É muito difícil escrever isso. Lembrar de tudo me dá náuseas. No entanto, sinto que preciso desabafar, encorajar outras meninas a não se calarem. Aquela noite, apesar de ter muito o que estudar, escolhi dormir na casa de B. Durante a noite, aconteceu o inesperado: acordei sendo penetrada. Eu estava dormindo, quando B abaixou minha calcinha e começou a transar sozinho. Fiquei em choque! O que estava acontecendo? Como meu namorado poderia fazer isso comigo? Como alguém pode achar normal transar com quem está dormindo? A casa, a cama do meu namorado pareciam um local seguro. Pareciam. Fiquei com medo, não falei nada na hora sobre o acontecido, fiquei procurando motivos para aquilo. Eu não queria acreditar que tinha sido estuprada pelo meu então namorado. Sofri calada, chorava todas as noites e passei a evitá-lo. Eu me sentia culpada, afinal não estávamos mais transando com tanta frequência, eu só pensava em estudar para terminar meu projeto... Acabei falando com ele sobre o acontecido duas semanas depois. O pior aconteceu quando tivemos nossa conversa final. Eu consegui falar sobre o absurdo da situação de ser penetrada contra a própria vontade, enquanto estava dormindo. B disse que “Não me garantia que aquilo não
aconteceria de novo”. Senti-me humilhada. Fui estuprada e meu estuprador disse que não se seguraria em outra ocasião. Como assim? Quem fica com você tem que se submeter a ser penetrada à noite, enquanto está dormindo e não dizer nada? B me culpou por tudo o que eu não havia feito por ele, por tudo que havia feito, por todas as minhas opiniões e atitudes. E eu achei que era culpada. Carreguei a culpa por um bom tempo. Posso dizer que meu erro foi tirar a culpa dele. Eu achava que a culpa era minha, que tinha feito algo de errado. Eu errei me calando, ele havia me violentado e nada justificava aquela agressão. Nada justifica uma agressão. Nada! Nem crise, nem a falta de sexo, nada! Sofri muito para entender como fui culpabilizada. Meu agressor era meu namorado, então foi muito mais difícil aceitar que tinha namorado um estuprador. Ninguém acreditaria em mim. Quem via como as partes do casal se comportavam em público não poderia imaginar as agressões em âmbito doméstico. Ele sempre foi o extremamente sociável e eu a carrancuda. Todos os homens podem ser machistas agressores, um dia. Até seu namorado. Não fique calada, a culpa não é sua!"
Juliana Sheepcore.
4.
dEBRA.
5.
maria, joana, luiza aperta o passo que um homem vem vindo a rua escura esconde tudo menos teu sexo o barulho dos passos no cimento do chão, a distância inexata, um rosto oculto, te afligem, eu sei
você completa seu trajeto sem destino, mas ao final do dia a garganta aperta
a insegurança, só ela parece te compreender entre uma quadra e outra
teria sido sorte escapar dessa vez? é como se o perigo não fosse evitável e sim remarcável
uma duas e o homem sempre próximo
hoje consegui porém quanto tempo ainda tenho até falhar?
acaso cotidiano?
então eu digo: vamos, não chores a culpa não é sua tua carne não é fraca
três loucura? quatro sumiu
erguei-te conta o que te aprisiona e encontrarás outras marias, joanas e luizas dispostas a te segurar a nossa luta também é por você.
Clarissa.
6.
eLEN.
7.
. A M E CIN O Silencio de Melinda “Eu provavelmente deveria contar a alguém, a qualquer um, só pra colocar pra fora.” Quantas de nós já não sofremos algum tipo de abuso? Quantas já não se calaram por medo, vergonha ou receio? Melinda é uma garota na fase da adolescência que teve sua vida inteiramente mudada quando um alguém não entendeu o seu NÃO, não entendeu que um beijo, ás vezes é só um beijo e não um convite a algo mais. Com medo e vergonha, ela se esconde na parte mais profunda de seu ser e usa o silencio para se afastar e entender porque seu mundo desmoronou de tal maneira, enquanto é hostilizada e sofre bullying na escola. Uma história comovente e bastante revoltante, de uma simples menina que teve que aprender logo cedo que ser mulher não é algo fácil dentro de uma sociedade machista e desigual. Seu silencio por vezes incomoda o expectador, mas destaca bem o que o filme quer mostrar, que ao escolher o silencio, tendemos a nos fechar dentro do problema e não há como ser
ajudada. Nossa voz tem muito poder e com ela podemos mudar o rumo das coisas. Speak é um filme estadunidense e independente de 2004, adaptado do romance de Laurie Halsen, e que aqui no Brasil recebeu o nome de O Silencio de Melinda. Tem a atriz Kristen Stewart no começo de sua carreira. Quantas Melindas existem por ai? Quem de nós já foi uma Melinda? É preciso falar, expor e se necessário gritar para ser ouvida! A CULPA NÃO É SUA! Todas nós merecemos o mesmo respeito e o mesmo apoio! Você não esta sozinha! Juntas somos mais fortes!
Isabelle.
8.
subestimada e mal tratada uma vida dedicada no final não vale nada falta de respeito, humilhação servem só pra exaltar a sua condição homem, dominante e favorecido impositivo e mal agradecido,
a existência dela não se resume a você.
Rafa.
9.
Feminismo
não é um machismo às avessas. Essa afirmação pode parecer meio óbvia para algumas pessoas mas acreditem, não é algo incomum de ouvir. Para ficar claro: machismo é uma forma de dominação, feminismo é uma luta por direitos iguais. O feminismo não dissemina ódio, não dita regras onde as mulheres subjulguem os homens ou ainda contra eles, não prega a ideia de que a mulher é melhor do que o homem. O feminismo deseja o fim da dominação de um gênero sobre outro. A necessidade de criação de uma rede de solidariedade feminista, de apoio mútuo, onde nós mulheres sejamos as protagonistas é eminente. O sexismo está presente cotidianamente em nossas vidas, afinal vivemos em uma sociedade patriarcal que privilegia os homens e, que em sua maioria, objetifica as mulheres como mera mercadoria (que deverá estar disponível para servir, sem questionar, nem se opor). Já passou da hora de nos apoiarmos, de produzirmos juntas numa relação de reciprocidade e cooperação, de criarmos espaços seguros para que possamos debater e (des)construir tudo aquilo que nos é imposto em anos de dominação historica-cultural. O feminismo é necessário para nos fortalecermos, para nossa autonomia e liberdade. E foi por todos esses motivos que surgiu o Coletivo Feminista Non Gratxs: a ideia de nos aproximarmos umas das outras numa rede de apoio e luta para a construção de uma sociedade onde a mulher não mais seja vítima do patriarcado. Com a tentativa de desconstruir a “normalidade” que as pessoas encaram essas ações violentas, nos organizamos para produzirmos atividades, discussões, zines e outras coisas que visam o entendimento do feminismo como algo extremamente necessário. Sabemos que o caminho é longo, mas temos certeza de que juntas somos fortes.
xGingerx (Tathi).
10.
Natรกlia.
11.
da a r u t A cul cia n violê
A T AS
B
Dizem que a culpa é da vitima. Que as mulheres provocam certas situações. Com naturalidade falam daquele cara que não conseguiu controlar seus impulsos sexuais. Esses hábitos, que permeiam o nosso cotiano e nossa cultura, incentivam o silêncio das vítimas e também sustentam a ideia de que a mulher pode ser vencida pelo cansaço. Que para conquistar 'aquela mina' nem precisa se esforçar muito. Que mulher gosta de se fazer de difícil. Que quando ela diz 'não' na verdade quer dizer 'sim'. A cultura favorece. A sociedade não só tolera como também compactua com a violência contra a mulher. A cultura da violência é a nossa cultura. A cultura do estupro é a nossa cultura. É preciso combatê-la!
dÉBYS.
12.
ROLLER DERBY, UM ESPORTE PARA TODXS! Para quem não conhece ou nunca ouviu falar, o roller derby é um esporte de contato originado nos EUA em meados dos anos 1930, e ressurgido com novas regras nos anos 2000. É praticado sobre patins, e quem compõem os times são, em sua maioria, mulheres (existem poucos times masculinos) de diferentes idades, alturas e tipos físicos. Aqui no Brasil é completamente independente, e todos os eventos e campeonatos são organizados no maior estilo DIY possível, já que, no país do futebol, encontrar patrocinadores se torna uma tarefa muitíssimo complicada. Por: Marcos Vinicius Almeida Biguzzi
O que difere o roller derby de outros esportes é que o básico necessário para praticá-lo é ter força de vontade e dedicação: o resto pode vir em diferentes formas e tamanhos, e todas elas serão muito bem vindas! Por ser um esporte, traz uma série de benefícios físicos, mas além disso te ajuda a ter segurança e confiança sobre si mesmx e o seu corpo. Mostra que todxs temos nosso lugar e nossa importância. E te dá a chance não só de constantemente se superar, mas também de conhecer pessoas tão diferentes e que no final podem ser tão parecidas consigo mesmx.
Por ser um esporte independente, xs meninxs sempre precisam de apoio! Se informe e tente ajudar, seja indo a jogos, ou comprando merch das ligas.
"O Vagine Regime BR busca construir uma comunidade brasileira de derby people queer, les, bi e trans e seus simpatizantes."
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Por: Karla Machado Por: Marcos Vinicius Almeida Biguzzi
FICOU INTERESSADX? PROCURE A LIGA MAIS PRÓXIMA, COLOQUE O PATINS NO PÉ E COMECE A TREINAR!
S SÃO PAULO: Gray City Rebels (contato@graycityrebels.com.br)
Ladies of Helltown (contato@ladiesofhelltown.com.br)
Babi.
13.
Mari.
14.
Filhos? Não ! a d a g i r b o Um pequeno pensamento sobre escolher ou não a maternidade, sobre patriarcado, coletivizar a educação das crianças e liberdade de escolha sobre nossos corpos. Pode soar estranho do alto do puerpério, uma mãe lançar-se em defesa das mulheres que dizem não a maternidade. Arrependida? Não, com certeza. Autobiográfica? Tampouco. Proponho a reflexão do tema, porque muito embora a opressão sobre as mães seja grande e cruel (ex.: Essa criança não tem mãe não para ser assim tão bagunceira? / Deu o filho para adoção...não tem coração!) a opressão sobre as mulheres que optam por não ter filhos é igualmente enorme e merece ser discutida sem preconceitos e com muita transparência, existe coisa mais triste do que ouvir “existe mulher que nasce para ter filho e mulher que nasce para ser mãe”, como se às mães fosse dado um “dom” especial. Sempre me pergunto se o nome desse
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dom é sofrimento, sim, porque de fato mãe boa é aquela que sofre pelo filho, não é mesmo? Aquela que abdica de si própria, que a tudo suporta, justificando que “ser mãe é padecer no paraíso” e eu acredito totalmente que não, acredito que maternagem pode e deve ser coletiva, por isso sororidade. É esperado hoje em dia que a responsabilidade de ser mãe recaia completamente nos ombros da mulher e isto é muito cruel, pois enquanto esse pensamento patriarcal permear nossas relações a identidade dessa mulher estará sempre presente como uma marca d’água, quase apagada, a responsabilidade da criação de outros indivíduos é coletiva, mães, pais, tios, tias, amigos e amigas, pois “É preciso toda a aldeia para educar uma criança”, nos ensinaram os sábios educadores de Nampula, Moçambique. Me parece especialmente compreensível optar por não ter filhos quando a maternidade não é solidária, não é coletiva e não é igualitária. É preciso reconhecer que a ideia de maternidade e família (no modelo standart) está atrelada a religião, a bíblia dos homens diz que um casamento (?) sem filhos é uma rebelião contra Deus. Pois bem, a humanidade evoluiu, métodos anticoncepcionais estão aí e é totalmente legítimo optar por não ter filhos e existem inúmeras razões para não os ter e talvez a maior delas é simplesmente não desejar, essa decisão é pessoal e não afeta em absolutamente a vida de outro individuo. Vale pensar o porquê é tão desejável que as mulheres tenham filhos, de quem é a necessidade? Seria para garantir a perpetuação da espécie? Para manter relacionamentos que muitas vezes já estão desfeitos? Para justificar a relação com o companheiro? Para sentir-se completa? A imposição da maternidade é uma construção do patriarcado que pretende rotular, estigmatizar, limitar e punir a mulher. Se realmente houvesse instinto materno, todas as mulheres adorariam ser mães e é óbvio que não funciona assim, o amor materno não vem junto com a notícia da gravidez, ele é construído, então não é justo impor a nenhuma mulher que ela tenha filhos como também não é justo sobrecarregar as que desejaram ter, maternar um indivíduo diz respeito às práticas que podem ser exercidas por qualquer um de nós, independente de orientação sexual e de gênero, mas isso é para um outro texto, que fale de maternar para revolucionar (:
Janaina.
Anarco-feminista, dona de casa, trabalhadora, mãe do Erich, na briga pela erradicação dos preconceitos e uma sociedade mais justa por e para nós todxs.
o ã s r e v b u S . a t s i n i m e F Mulheres inquietas com muitas perguntas e algumas soluções, cada uma de um canto, com diferentes formações, opiniões e ideias, mas com um só objetivo: nos aproximarmos umas das outras numa rede de apoio e luta para a construção de uma sociedade onde a mulher não mais seja vítima do patriarcado. A ideia do coletivo surgiu por motivos de reação e apoio às vítimas atingidas por mais um desses episódios machistas que nos deparamos diariamente. Na tentativa de desconstruir a “normalidade” que as pessoas encaram essas ações violentas, nos organizamos para produzirmos atividades, discussões, zines e outras atividades que visam o entendimento do feminismo como algo extremamente necessário. Sabemos que o caminho é longo, mas temos certeza de que juntas somos fortes. Coletivo Non Gratxs
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