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(G4087 86 CAMPANHA DE PROPAGANDA ADVERSA - TENTATIVA
DE
REESCREVER A INTENTONA COMUNISTA DE 1935.
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1. Participantes da ala intelectual do PARTIDO
COMUNISTARASILEIRO (PCB) estão empreendendo campanha com a ft nalidadeide invalidar a imagem negativa do episódio
denominado
Intentoka COmunistè, de 1935, segundo eles estereotipado pela pro pagandá oficial. 2. O mais desgastante nesse evento, segundo
os
comunistas, é o aspecto violento e sarguinãrio de que se revesti ram suas açóes. 4.11111.
Com relação ao episódio, o arquiteto NIEMEYER argumenta:
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eomuníóta4 não matakam nínguém donmíndo,
poíó nínguém doxith: em quaAte1 ,scb itegíme de pkontídao...". Segunda AGILDO BARATA, falecido, um dos comu nistas que .‘amaram parte no levante, o DEPARTAMENTO DE IMPRENSA . PROPAGANDA_IDIP), do Governo do ex-Presidente GETOLIO VARGAS, foi o responsãvel pela origem dessas "caGnía4". 3. Nesse sentido, persistem os comunistas em des virtuar os fatos, moldando-os a seu gosto, de modo a tornã-los, diante da opinião pública, meras invencionices, elocubraçóes das "6onças neacionakíaó". 4. A revista "AFINAL", de n9 65, de 26 NOV 1985, reportagem especial sob o titulo "O ATAQUE COMUNISTA -A VERDA DE SOBRE A INTENTONA, 50 ANOS DEPOIS", em dezenove pãginas,repro duz vãrios depoimentos de "tevoltoisois", comunistas que tomaram parte no movimento, e faz o revisionismo histórico dos fatos,pre conizado pelo marxismo,constituindo-se em exemplo de matéria ad versa, divulgada pelos órgãos de comunicação social, de maneira oportuna, justamente ãs vesperas da comemoração dos trãgicosacon tecimentos ee 27 NOV 1935, quando a sociedade civil brasileira e as Forças Armadas reverenciam as vitimas da insanidade comunista.
Z7: COPIA XEROX DE REPORTAGEM DA REVISTA "AFINAL".
Zl: S1M. (399 - Após aprovação
14/FM3,.)133981/43A/B1C/26118`
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1)S1M/TC., em 31 de dezembro de 1985 e aprovou a difusão proposta por B1C.. G2S -SEC/GAB 2)A B1C., em 03 de janeiro de 1986. G2S -SEC/GAB
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Agildo Ribeiro, o comediante, conta usamos camas. Na enfermaria, 1' ► . que descobriu a vtrdade sol rt a revolta estava abrindo feridas com gilt te P trair as balas, porque não ha'. ia :e. comunista de 1935 com um soco na rara. Seu pai, o capitão Agildo Barata, foi Nós telefonamos para o Hosvral Co Coival do Exército, pedindo ajuda. Dissemos o comandante dos revoltosos comunistas que estávamos com dois oficiais ferido( que há 50 anos — mais precisamente a Mas eles responderam, em tom dc pro27 de novembro de 1935 — tornaram o vocação: 'O general Dutra vai levar as 3? Regimento de Infantaria, na Praia Vermelha, Rio de Janeiro, numa das maamhulãncias para vocês"'. nobras destinadas a derrubar o governo As tropas comandadas pelo general de Getúlio Vargas e chegar ao poder. Eurico Gaspar Dutra sitiaram e bombarÀ marca imposta ao movimento — o badearam até a rendição o 3? RI e a Escola tismo dc Intentona Comunista, por muide Aviação Militar. Mas em seu relatório sobre o episódio em nenhum momentos considerado pejorativo — somou-se 'outra, a da covardia: há 49 anos as orto Dutra se refere a militares mortos endens do dia que aludem à data, nos quarquanto dormiam. Os dois oficiais a que téis, como lembra o pesquisador e cien- Resstel: crença na versão histórica. José Gay Cunha se refere acabaram mortista político Paulo Sérgio Pinheiro, repetem que os revoltosos rendo. Mas os laudos das autópsias (reproduzidos pelo histocomunistas mataram seus colegas de farda enquanto estes dor- riador Hélio Silva em seu livro 1935 — a Revolta Vermelha) miam. Agildo, adolescente, um dia discutiu com o pai e por tornam factível a versão de Gay Cunha sobre as camas usadas desaforo repetiu essa versão. Por isso levou do velho Agildo como macas. Sobre o capitão Armando de Souza Melo Barata um soco que o derrubou e este conselho: "Nunca mais lê-se que "apresenta sobre o abdome um penso formado viga essa infâmia. Essa é a maior mentira que já disseram con- de gazes, esparadrapo e ataduras de crepom; que retirado tra seu pai". Agora, a verdade que emerge de preciosos docu- esse penso mostra uma ferida cirúrgica (...), intervenção mentos da época, do trabalho de respeitados estudiosos e de cirúrgica, laparatomia por efeito de provável ferida penedepoimentos pessoais feitos a Afinal repõe estes fatos: de parte trante do abdome (...)". E diz o laudo do tenente Daa parte os que morreram naquele relance da História estavam nilo Paladini: "ferida (...) penet.ante no tórax e de direção todos bem acordados — e lutando. de cima para baixo". CAMAS E MACAS — Uma exceção no quadro das lutas ocor-
ridas no Rio foi o tenente Benedito Lopes Bragança, morto pelo capitão Agliberto Vieira de Azevedo quando estava preso dentro de um carro, num outro palco de lutas — a Escola de Aviação Militar do Campo dos A fonsos. "Meu irmão não estava dormindo, era um homem ativo, de grande vivacidade e capacidade dc liderança", confirma hoje o general José Lopes Bragança, de Minas Gerais (embora anuncie que irá relembrar num ato sobre a Intentona, no dia 27, "as atrocidades de que é capaz um homem impregnado pela ideologia materialista e atéia do comunismo"). Uma testemunha, que depôs no 1PM sobre a revolta, o tenente Oswaldo Ribeiro Mendes, afirmava em 1935: "O capitão Agliberto, ouvindo o primeiro tiro disparado da direção da Casa dos Pilotos, visou friamente o tenente Bragança e atirou. Este caiu para o lado direito dentro do carro, morto". O tenente Bragança, relata a testemunha, fora feito prisioneiro momentos antes. Uma referência a camas — e sua possível ligação com a versão de gente morta enquanto dormia — surge nas declarações que faz hoje o então tenente José Gay Cunha, um dos revoltosos da Esco'1 de Aviação. Conta como ficaram gravemente feridos em tiroteio o tenente Danilo Paladini e o capitão Souza Melo, legalistas, e relembra: "Nós improvisamos uma enfermaria onde funcionava o curso para sargentos, mas era tudo muito precário. Como não tínhamos padiolas para remover aquele., dois oficiais feridos, 8
Onde, afinal, nasce a versão dos militares mortos enquanto dormiam' "As ordens do dia sempre repetiram isso, mas em nenhum momento foi citado qualquer fato real, apresentada qualquer prova", diz o deputado estadual (PMDBSP) e jornalista Fernando morais, que durante três anos pesquisou, aqui e no exterior, os acontecimentos ligados a 1935 para escrever seu livro Olga a vida da mulher de Luis Carlos Prestes. Este é também um dos pontos levantados pelo professor de ciência política da USP e Unicamp, Paulo Sérgio Pinheiro, que desde 1978 prepara sua tese de livre docência "A Internacional Comunista e o Brasil, de 1919 a 1935", em vias de publicação. Outro fato destacado p'r estudiosos e personagens dos acontecimentos, que refutam a versão das ordens do dia: como os militares poderiam estar dormindo se estavam sob rigorosa prontidão? O almirante da reserva e senador Amaral Peixoto acha que esse argumento não prova nada: "Mesmo um quartel em prontidão tem gente dormindo. Eu fiquei em prontidão muitas vezes, a bordo do encoura, çado Minas Gerais, e dormindo. Mas não sei se em 1935 houve morte de gente dormindo". José Gay Cunha, o ex-tenente da Escola de Aviação Militar, considera ofensivo aos militares da Escola e do 3? RI supor que estivessem dormindo durante uma prontidão tão rigorosa. Agildo Barata brada indignado dc várias páginas dc seu livro de memórias Vida de um Revoluciondrio contra o que considera calúnias. Em certo trecho da obra, escrita em 1962, lança um desafio: "Das páginas deste livro eu dirijo um desafio aos. AFINAL, 26 DE NOVEMBRO DE 1985
-----,.;Ivfn noine,, dos'asinfame,calutaddore,. t,;1 sa,,sibádo,,' c como o fu:,dn", 1. 1, v h iable localira a origem das "calúnias": o Depart,iiimito de Imprensa e Propaganda ---- o DIP O general ,..erva Rubens Resstei, estudioso do tema em ansão do império soviético, inclui em sua entrevista a Afinal militare:, mortos dairnindO, Mas .oloca assim a questão: "Pelo menos a sersão corrente no Exército e aceita por todos os militares de geração cm geração é essa". Mas há um outro general da reserva, bem posicionado nos fatos, que pode falar: o general Dilet mando Monteiro integrava, como tenente, as tropas do Governo que sitiaram e invadiram o 3° RI rebelado. Em alguns setores at ribui-se a Dilennando a afirmação de que teria visto os corpos dos que morreram dormindo. Mas ele desmente: "Não vi, mas não duvido. Eu entrei pisando em sangue coalhado no Corpo da Guarda. Minhas pegadas no sangue ficaram bem marcadas na minha memória. Mas quando entrei, o Batalhão de Guardas já havia retirado todos os corpos". E no Campo dos Afonsos havia também, naquelas horas, uma testemunha importante! o tenente-coronel Eduardo Gomes, então comandante do Regimento de Aviação. Em seu depoimento no 1PM sobre os acontecimentos ele também em nenhum momento fala de mortos dormindo.
como sua manifestação oficial —, li:-se. "A inxin reiça, não ocasionou a implantação direta do Fs!ad0 N,,‘o n:71) o Persuadinl,)•110., agravamento das conttadkões internas ademais, que não tivesse ocorrido a luta armada de 35, o Estado Novo sobreviria com feições mais abertamente Ciseistas" Também se disse, e o general Resstel refere em sua ...tuas:, ta, que houve estupros em Natal: "Ijles Os comunistas) low:miram a cidade, houve saque, houve estupro, saquearam o tlanco do Brasil". O sapateiro José Praxedes de Andrade, um dos comunistas da junta que governou Natal por quatro dias, 'nono no ano passado, dá sua versão sobre esses fatos em urn lis ro que adiante será mostrado. Mas ele afirma que estupros existiram apenas na onda de boatos lançados sobre a cidade. E Hélio Silva, em seu livro, esclarece em certo trecho: "Espalharam (tile os revolucionários haviarr violentado as moças da Escola Doméstica, estabelecimento de alto padrão criado pelo governo José Augusto. Os ruis das moças e o bispo Marcolino Dantas desmentiram tal acusação". F:m mos( or la cabeça de I
1 atos como esse certamente não passavam pe'arlos Prestes quando ele chegou a Moscou em 1931, celebrizado como O DISCURSO — Onde surgiu comandante da coluna que essa história? O professor durante dois anos e seis meses, Paulo Sérgio Pinheiro vai de 1925 a 1927, percorrera buscá-la em dois momentos: o 25.000 quilómetros em 12 Esprimeiro, no discurso que o tados brasileiros. Sem perder presidente Getúlio Vargas fez um combate para as tropas do à Nação pela passagem do Governo, mas também sem Ano-Novo, nos primeiros mialcançar seu propósito de dernutos de 1936. Precisamente rubar o presidente Artur }serneste trecho: "Padrão elonardes. Durante o exílio, enqüente e insofismável do que quanto estava na Bolívia e na seria o comunismo no Brasil Argentina, Prestes conhecera tiiemo-lo nos episódios de a doutrina comunista e se conbaixa rapinagem e negro vanvertera; depois fora convidadalismo de que foram teatro do a ir a Moscou, onde estaas ruas de Natal e de Recife va quando o Partido Comudurante o surto vergonhoso nista Brasileiro começou a dos implantadores do credo mandar para lá animados sirusso, assim como na rebelião Morte do tenente Bragança: Agliberto atira à queima-roupa. nais de que o Brasil estava de 27 de novembro, nesta capital (Rio), com o registro de ce- pronto para a revolução. Esta verdade, da qual os russos não nas de revoltantes traições e, até, de assassínio frio e calculado se convenceram facilmente, existia principalmente no fantasiode companheiros confiantes e adormecidos (grifo de Afinal)". so desejo do seca etário geral do PC, Antônio Maciel Bonfim, Outra referência com a mesma tônica, diz Paulo Sérgio Pinhei- o "Miranda". Mas o fato é que o Comintern, o comando da ro, foi feita pelo então ministro da Justiça Vicente Rao no en- Internacional Comunista, com sede em Moscou, acreditou neterro dos mortos da revolta. le e destacou para a ação no Brasil agentes experimentados. A Por quê? "É evidente que o Getúlio se beneficiou intensa- começar por um estrategista como Luis Carlos Prestes, que volmente da radicalização", diz Paulo Sérgio. "Ele soube se be- tou para seu país — pol .'nuosos e longos caminhos — com neficiar, competentemente, do fracasso de 1935. E a versão dos uma agente destacada para protegê-lo. Era Olga Benário, uma 'dormindo' vai nesse bojo. Transformar aquelas mortes em as- judia alemã vivendo em Moscou, que se tornaria mulher de sassinato de adormecidos, ai é o aproveitamento do Getúlio." Prestes, acabaria presa e, mesmo grávida, seria deportada paE Agildo Barata, em seu livro, diz que os chefes militares, em ra a Alemanha nazista — onde morreu numa câmara de gás. seus boletins de 27 de novembro, repetem "a velha calúnia do Para contar a vida de Olga, Fernando Morais fez um cuidaDIP getulista, esquecidos de que Getúlio tinha um propósito doso levantamento da ação dos agentes destacados que o Coao alimentar o clima de anticomunismo sistemático, tomandn- mintern enviou para o Brasil. Prestes chegou aqui sob o disnos como bodes expiatórios de sua solerte propaganda para con- farce de um rico negociante português, falsamente chamado Antinuar no poder, 'salvando a democracia' ". tônio Vilar, com si!a mulher Maria. De uma importante misEstas interpretações, porém, não coincidem com a avaliação são em Xangai, na China, vieram os assessores políticos Ardo Partido 1:omunista do Brasil, o PCdoB. Em um texto atri- thur Ernst Ewert e sua mulher Elise, que aqui eram os nortebuído a um de seus lideres, já morto, Pedro Pomar, publicado americanos Harry I3erger e Machia Lenczycki. Um não menos no jornal A Classe Operciria, dez anos atrás, quando a revolta importante assessor veio de Buenos Aires, Rodolfo Ghioldi, aqui comunista completava 40 anos e que o PCdoB apresenta hoje Luciano Busteros, e sua mulher Carmen. Dos Estados Unidos+. 10
AFINAL, 6 DE NOVEMBRO DE 1985
dor
.chegou um jovem especialista em , adiocomunicações, Victor Allen Barrou; da Europa, o casal :evIgit Alphonsine e Léon-Jules Vallée, responsáveis pelas 1,,,ança e também assessores políticos; e da Alemanha um técnico em .-:xplosivos e sabotagem com sua mulher, datMgrafa e motorista, Paul Grubet r Erika. Em abril de 1935, quando Vilar-Prestes e Maria-Olga caegaram ao Brasil, os enviados do Comintern já viviam há alguns meses no Rio.
Se espantaram com a 110; iria e a segar inça com que foi dada. Ghioldi pediu que Prestos fizesse a eeatileza de repetir o que acabara de dizer. Prestes itsistiu: 'A Marinha de Guerra esta comprometida comigo pari tomar o poder'. Ghioldi e Ewet t se curvaram ao argumentt,. E foi o argentino quem falou: 'Se é assim, que se faça a insurreição' ".
to tu -- Uma rajada de metralhadora e um brado --deflagraram a rebelião do 3? Regimento viva a Res uluçào A ALIANÇA — teor essa época, uma organização recém- de Infantaria, na Praia Vermelha, na madrugada de 27 de nolançada, a Aliança Nacional Libertadora, crescia assombrosa- vembro. O capitão Agildo Barata cumpria ali pena de 20 dias mente no Pais. Sob grande influência dos comunistas, mas in- de prisão, por um manifesto com o qual [alçara a ANL no tegrada por gente de todas as classes, tinha como uma de suas Rio Grande do Sul. Em seu livro, Agildo conta que foi Prestes bandeiras o combate ao crescimento do integralismo, de inspi- "quem determinou, ou pelo menos transitaram por ele, as orração fascista. E para coroar outro de seus propositos, a "li- dens que chegaram a alguns quartéis da guarnição militar do bertação do Pais", nomeou-se corno presidente de honra um Rio, determinando a eclosão da luta armada no dia 27 de noadmirado revolucionário: Prestes, o "Cavaleiro da Esperança". vembro". Agildo demonstra não saber quem exatamente asOs frentistas julgavam-no no exterior ainda. Mas a verdade é sessorava Prestes porque fala da existência, no Rio, de "um que ele e Olga, já sua mulher, viviam em uma casa da Rua Ba- comitê revolucionário completamente dominado pelo PC e tenrão da Torre, em Ipanema, no Rio — mesmo bairro onde mo- do Prestes pessoalmente a dirigi-lo". E conta como na tarde rava o casal Ewert, em cuja casa os enviados do Camintern de 26 de novembro um estafeta "do tal comitê revolucionário" se reuniam para avaliar a situação e traçar seus planos. Mas chegou ao 3? RI e entregou ao responsável pelo levante uma ordem assinada por Prestes, enquanto a ANL se expandia, um bilhete manuscrito: "O 3? o Partido Comunista se infilRegimento Popular Revolutrava nos quartéis, para onde cionário deverá levantar-se às retornavam, anistiados, jovens 2 horas da madrugada de 26 oficiais que haviam participapara 27 do corrente e, a pardo de revoluções anteriores. A tir das 3 horas, iniciar a exedireção dos quartéis, cm vez cução das missões constantes do rumo das fábricas, preocudo plano ;nexo por mim rupava os asf:essores mandados pela Rússia. Até que em 11 de 4."?. bricado". O plano anexo determinava: "Um batalhão dejulho, um ato do Governo agiet ia deslocar-se para as prota o Pais: usando a recémt ximidades do Arsenal da Macriada Lei de Segurança Narinha e impedir desembarques cional, Getúlio Vargas fecha a r de tropas da Marinha; um ouANL; o crescimento da orgadeveria batalhão tro nização e a força de seu dissubdividir-se em dois destacacurso tinham assustado o prementos, indo um para as prosidente. O pretexto fora um k "9" ximidades do Morro de San.1• IA duro manifesto de Prestes, deli^ to Antônio, para impedir "mandado do exterior'', con- Agliberto (centro) depondo em 1937, com Ghioldi e Barata. tra Getúlio, que uma multidão aplaudira dentro e fora da Cá- qualquer ação da Polícia Especial, cujo quartel se localizava ama dos Deputados. A ANL caiu na ilegalidade e passou ao naquele morro — enquanto o outro destacamento iria para as controle quase total dos comunistas. A orientação agora esta- proximidades do quartel da Policia Militar, na Rua São Clemente, para impedir qualquer ação repressiva desse batalhão. va definida: a insurreição programada pelo Comintern. Mas essa idéia encontrava resistências de pessoas tão dife- Finamente, o terceiro batalhão deveria deslocar-se para as prorentes quanto Miguel Costa, grande companheiro de Prestes na ximidades do Palácio do Catete". Aqui ficava a sede do goColuna, que lhe manda urna carta com criticas; e os próprios verno. Agildo conta que, solicitado por oficiais do 3° RI, exaniagentes mandados por Mascou. Como acontecia com Olga, os argumentos e o jeito fanfarrão de Miranda, o secretário geral nou um plano de levante, achou-o ruim e acabou elaborando do PC, não os convenciam inteiramente. _E foi no domingo, outro, que no dia 26 — o ea véspera — não tinha seus execudia 24 de novembro de 1935, que o grupo recebeu Urna notícia tores designados. E a correlação de forças era brutalmente dessurpreendente: um levante ocorrera no dia anteror, em Natal favorável: o RI tinha cerca de 1.700 homens, a maior parte de (e naquele mesmo doth:no acontecia outro, no Recife). Na casa recrutas recém-chegados e sem nenhuma instrução militar. Os de Prestes e Olga em Ipanema, reuniram-se o casal Ewert, o oficiais e sargentos compunham 30o quadros, a quase totalidaargentino Ghioldi e Miranda. Prestes foi o único a defender de fiel ao governo — ou que pelo menos ficaria ao lado da "orum levante imediato no Rio. O próprio Nliranda relutou um dem estabelecida". E a célula do PCB nesse quartel tinha dois pouco até aceitar a idéia e empolgar-se. O livro de Fernando oficiais, um cabo e nove ou dez soldados. O núcleo aliancista Morais descreve: "Foi ai que Prestes jogou sobre a mesa aqui- do qual a célula fazia parte não atingia 30 pessoas. "A proporlo que Ghioldi chamaria de o ás de ouros escondido na manca. ção de nossas forças em relação às do governo era, assim, de Solene, ele informou :t seus companheiros: 'A Marinha de Guer- 1 para 10!" Flavia um reforço, o próprio Agildo Barata, que ra es tá comprometida Conosco e se fizermos O levante ela toma "lá não servia e era portanto desconhecido da tropa cujo codois eNti angen Os giliiI)idi t' ES% t'n iria ter de arrebatar. .le passar a comandar".Outro• O poder ao tio ,,,o nma „..
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A rendição dos militares comunistas na manhã de 27 de novembro, Na primeira fila, Agildo Barata é o terceiro da esquerda para a direita, assinalado com um xis. Estava terminada a revolta, com a fachada do quartel em ruínas. AFINAL. 26 DE NOVEMBRO DE 1585
:problema: um elemento importante, a surpresa, tinha sido minado "pela infiltração inimiga nas altas esferas da direção revolucionária". Agildo Barata diz que "no Rio, possiveltnente mais que em outro lugar qualquer, a polícia tinha--se infiltrado nos órgãos dirigentes do PC. Os agentes da Intelligetice Service, do FBI e da Gestapo, com os agentes de Getulio, foram os que conduziram o 'baile', à cata de um acidente que servisse à idéia fixa de Getúlio: ficar. A ditadura getulista nunca divulgou essa sua hábil infiltração, porque prefei iu apresentar-se como vítima de um golpe de surpresa". Com isso, "a prontidão era rigorosa e os repetidos chamados de alerta eliminavam completamente a possibilidade de agirse de surpresa". O plano de Agildo marcava para meia hora antes a eclosão do levante, numa tentativa de conseguir alguma surpresa: às 2h30 "o tenente Otero daria algumas rajadas de fuzil-metralhadora, bem corno um brado de viva a Revolução!".
Mi sael de :',1eird onça, quando procurava inteirar-se dos acontecimentos, logo nu começo da R. olta, morre atingido por baIa, junto à porta d a Companhia de Metralhadoras do Regímento", Estas, salienta Agildo Barata, foram as únicas "baixas por morte" ocorridas d urante o levante: "A do tenente Meireles, do lado da Revolu são, e a do major Misael, do lado do Governo". Depondo no IPM sobre os fatos, o comandante do 3? RI, coronel José Fernando Afonso Ferreira, diz que tomou "todas as providencias tendentes a evitar a eclosão de qualquer movimento local, pois nunca pensara que se tal se desse fosse generalizado". Conta que rece beu ordens superiores para que o regimento saísse assim que c hegasse condução, mas deixando no quartel "força capaz de dere•ridê-lo". Ouviu logo depois a "filzilaria". Descreve a morte d o tenente Meireles: incumbiu o tenente Armando Pereira de u rna missão "dando-se nessa ocasião o encontro desse oficial om o tenente Tomás Meireles, o qual tentando matá-lo foi po ele morto". O subcomandanPRECAUÇÕES — O governo, descreve Agildo, tornara muitas te, tenente-coronel Henrique Pe eira, diz que se reuniu na Caprecauções. "Toda a tropa, armada e municiada, com seus co- sa das Ordens com o comandai) te e vários oficiais, sofreram mandantes à frente, estava recolhida nos alojamentos. As ar- grande ataque, até conseguir sair e chegar ao cassino, onde soumas ensarilhadas no meio dos alojamentos e os soldados com be: os chefes eram os capitães Agil do Leite Brasil e Álvaro de permissão de se recostarem nas tarimbas Souza. E "sou be ainda que haviam mor(espécie de cama) desde que o fizessem rido o major M isael de Mendonça, comanvestidos. Os oficiais percorriam os estreidance do 3? Ba talhão, no cumprimento tos corredores entre as filas das tarimbas, do dever, e segun do-tenente Tomás Meiempunhando suas pistolas e vigiando os reles, revoltoso". soldados. Ninguém podia levantar-se de De madrugada, lê-se agora no livro de sua tarimba sem expressa licença de um Agildo Barata, os rebeldes fizeram três dos oficiais da companhia. Mesmo para tentativas de sair d o quartel, mas não ir ao WC tal licença tinha que ser solicio conseguiram vencer o fogo cerrado das tada; o oficial, então, determinava que o forças do Governo qu • o cercavam. Um cabo de dia acompanhasse o solicitante." sargento rebelde morre u aí. Armas autoE o pátio interno, dividido em setores, era máticas, colocadas pelo general Dutra nos vigiado por oficiais legalistas de arma em morros da Urca e da Ba bilõnia, entre os punho. A formação de grupos, mesmo de quais se espremia o quart el, despejavr m oficiais, estava proibida. Essa vigilância fogo. Além disso, o Grupo de Obuses de atrapalhava os rebeldes: tendo substituí155 milímetros "entrou a disparar suas do um plano por outro, precisavam transpeças contra o velho quarte " e, afirma mitir instiaçÕcs, o que só conseguiam Agildo, acabou por incendiá- lo. Em da"apressada e disfarçadamente". Nos fundo momento uma corneta toco u o cessardos do pátio havia um local estratfr,..o, Gay Cunha, hoje e quando tenente. fogo. Um mensageiro do gene a' Dutra uma balaustrada mantida por muro:. de arrimo a 3 metros do entregou a Agildo um bilhete com urna exigência: a r endição. solo. Foi lá que o comandante, o coronel Afonso Ferreira, co- Agildo considerou o tom do bilhete "petulante" e ale s disso locou uni decisivo pelotão, comandado pelo tenente Fis.ncisco pelo rádio vinham notícias de que a Escola de Aviação Militar 1 eis a Otero. Este tenente era irn lo de um secretário de Getú- tinha se levantado. Resolveu que resistiriam "até um pr iramlio Vargas, portanto considerado de confiança. "Aconteceu, en- ciamento qualquer da aviação". E pouco depois das I horas tretanto, que o tenente Leivas (itero era um dos companheiros realmente surgiram os aviões. Eram três. "Ansiosos, acontpa mais responsáveis pelo êxito de movimento revolucionário" — nhamos as graei -,sas curvas dos perigosos engenhos de gr ete até por isso recebera a tarefa de dar "o brado inicial de eclo- ra." Mas "os avies 'picaram' e despejaram suas bombas sosão do movimento" e as rajadas de metralha. bre nós". Agildo compreendeu que era o fim. E foi o que, efetivamente, aconteceu na hora marcada. "Dado o sinal de partida, em cada companhia os companheiros apriLVSOLINA — Os revoltosos da Escola de Aviação Milisionaram os comandantes e os oficiais subalternos, imobiliza- tar tinham conseguido, em meio aos tiroteios, chegar aos aviões ram os sargentos e assumiram o comando da tropa". Em cada da escola — os biplanos Boeing de caça, os Corsários, os Wacompanhia, os rebeldes tinham um "encarregado do levante", co. "Queríamos decolar para ajudar o 3? RI a sair à rua", reque "agindo coto energia e decisão" conseguira assumir o co- corda o ex-tenente José Gay Cunha, hoje com 74 anos, em seu mando em "cerca de 10 minutos após o deflagrar do mov imen- apat tamento era São Paulo. Mas não conseguiram: prevenido, to". Nisto, doi., militares morreram: "Na 1' Companhia o te- o comando da Escola deixara os aviões sem gasolina. Um dos nente legalista Armando Pereira (...), aproveitando-se de um principais líderes da revolta, o então tenente Dinarco Reis, recochilo do nosso companheiro Tornas Meireles, alsejou-o e o inemo( a em seus 83 anos, em seu apartamento no Rio, o que projétil foi atingir Meireles na cabeça, prs,strando-o sem ida". se seguiu: "Quando s, imos que estas sern cotmihtrstivel, reA outra 11101W e relatada assim (como Agildo reproduil no in. .oi‘ em°, tomar o 1? Regimento de Aviação, que ficava a uns LÇ:itierito feito pela policia "No (13atallri-ro, o major .50(1 meti Os dali Um grupo de cabos alunos, comandado por
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Ivan Ribeiro, um oficial, seguiu para lá. Sabíamos que aquele regimento não estava de prontidão e queríamos usar seus aviões. Mas nosso grupo foi recebido a bala e teve que voltar, sem sucesso. O comandante do 1? Regimento era o então tenente-coronel Eduardo Gomes que saiu ferido na mão". Integrante do comité central do PCB, no partido desde 1932, tendo lutado em várias revoluções, Dinarco Reis fala num "intensivo trabalho nos quartéis" para preparar o movimento armado, e a surpresa com os levantes de Natal e Recife. "Foi aí que recebemos a orientação do partido para nos insurgir nos quartéis, num levante que devia se realizar com o apoio da classe operária." Contavam também com que "outras guarnições se levantassem, porque assim éramos informados pela direção da ANL. Essas informações, mais tarde pudemos constatar, não correspondiam à realidade". A base do partido na escola, lembra Dinarco, "era composta por estico oficiais, 15 cabos-alunos e meia dúzia de soldados. E havia também ali cinco oficiais e 15 cabos-alunos, aliancistas. O ex-tenente lembra como c'tegou à escola com outros sete oficiais, em carros, perto das 3 horas. Conseguiram enganar uma guarda com metralhadora, viram que a escola estava de prontidão; acabaram despertando a atenção de cinco oficiais, que atiraram. Seguiram-se vários tiroteios, Gay Cunha e um outro tenente tinham se apresentado antes, como voluntários, para ajudar na prontidão. Por isso estavam dentro do quartel e, aos primeiros tiros, começaram a agir. Cunha foi à 3f Companhia do Corpo de Praças para revoltá-los, o que conseguiu. Mas estes, lembra, estavam desarmados — também por medida do comando. Portanto, arrombaram um 14
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"'dia da revolta. De lá, com o esperado êxito do movimento, Prestes rapidamente chegaria à Vila Militar e dali assumiria o comando da Nação. Na noite do mesmo 26 de novembro Victor Barron, o técnico em comunicações, fez sua primeira transmissão pela estação de rádio que, num trabalho de quase um ano, montara em uma casa. Mandou para o Comintern uma mensagem cifrada: o levante foi de.).:ncadeado. Mas a realidade dos
acontecimentos fez Prestes e sua mulher voltarem ao sobrado que mantinham na Rua Barão da Torre. Tiveram que fugir de lá quando a policia de Filinto Midler prendeu, aii perto, o casal Arthur E ‘4. ert e Use — que seriam torturados, por meses, na prisão. Os homens de Filinto acabaram chegando à casa da Rua Barão da Torre, onde o cofre estava cheio de documentos importantes. Mas Prestes sabia que o técnico em explosivos Paul Gruber, um dos enviados do Comintern, preparara urna armadilha: na hora em que fosse aberto, o cofre explodiria. Só que não explodiu. O comportamento de Crubt r, que teria atenções especiais ao ser preso com a mulher, Erika, levantou uma forte suspeita: ele seria um agente duplo. Victor Barron, o técnico em comunicações, foi preso o morto no prédio da Policia Central; a versão oficial foi de que ele se suicidou, pulando de uma janela. O argentino Ghioldi e sua mulher tentaram escapar num trem para São Paulo e foram presos na viagem. Bonfim-Miranda, o secretário geral do PC, foi reconhecido por um policial e preso. Sua mulher, EIs ira Colônio, 20 anos, a "Garota", posta depoi. em liberdade, acabou detida por uru comité do Partido Comunista, julgada culpada de colaborar com a Polícia e esecutada.
CAÇA A PRESTES — Em fevereiro de 1936, entrando o Carnaval, a Policia politica não conseguira apanhar sua principal caça: Prestes e a mulher. Filinto Müller ordenou uma batida casa por casa, que chegou ao bairro do Méier, onde o líder comunista morara quando criança. Duzentos soldados foram mobilizados e as duas semanas de busca acabaram tendo por resultado a prisão do casal — Prestes de pijama — numa humilde casa do bairro. Nove anos depois, beneficiado pela anistia, Prestes seria libertado. Olga acabou sendo extraditada para a Alemanha nazista e morta na câmara de gás. Aprimeira das revoltas comunistas de 1935 — que surpreendeu Prestes e seu grupo — na verdade foi vitoriosa, embora por quatro dias. Durante esse tempo, Natal foi governada por% unia junta comunista que decretou a reforma agrária, distribuiu alimentos para a população, baixou o preço das passaLiberdagens de bonde e tirou urna (única) edição do jornal de. O cabo Dias e o operário Praxedes tiveram papel importante no movimento. O primeiro, o hoje secretário geral do PCB Giocondo Dias, 72 anos, deflagrou o movimento. Prematuramente e por conta própria, segundo José Praxedes de Andrade, sapateiro que até o ano passado — quando morreu, aos 84 anos — visei], casou, teve filhos com o falso nome de Eduardo Pereira da Silva. Em suas memórias, deixadas no livro Praxedes — Um Operário no Poder, do jornalista Moacyr de Olis eira Filho (que o localizou e ouviu numa cidade próxima a Salvador, no ano passado), conta que às 3 horas do sábado, 23 de nos embro, o cabo Dias procurou a direção do Partido ComuBatalhão de. nista para dizer que a revolta era iminente no
► C'açadores.Piaxedes,um dos dirigentes cm Natal, pediu tem- (h mantimentos foram recolhidos e dr,stribindos ao po 1,, po: queria dei dias para consultar a direção do partido no Re- palácio Inemuo. O poso fez fila e cada INcoa levas a tire,, ra cife. "Não has íamos recebido nenhuma instrução par a desen,o, com I quilo de anui, feijão, farinha, açúcar e cal nc". cadear o levante", justifica no ro. E Giocondo diz que foi Além desses mantimentos, a junta requisitou t odo, o, ,ario, com idado para a reunião e que a decisão do levante partiu da da cidade para o transporte das tropas. Meras o do bispo, "que ANI.. O fato é que a situação estava tensa. "A disciplina e a era para não bulir com a Igreja". Mas tornas;,-se também ne• hierarquia militar estavam profundamente abaladas" (escreve cessário conseguir dinheiro para a revolução. A junta resolveu Moacir de Oli‘eira Filho). Os militares promovidos durante a expropriar os cofres do Banco do Brasil, do Banco do Rio GranResolução de 1930 voltaram a de do Norte e da Recebedoria suas patentes originais depois de Rendas. Os cofres arromdela. Além disso, as !emoções bados, mais as quantias mane ameaças de expulsão, mais dadas de cidades ocupadas no a extinção da Guarda Civil peinterior, resultaram, segundo to gmernador Rafael Fernansapateiro-secretário, em pero Mie g Jbs (e a ievolta desses guardas) to de l5,000 contos de reis. Na El• C ..41; e "o enfraquecimento das formadrugada do dia 27, quancas anticomunistas no Rio do as forças do Governo Grande do Norte" contribuiavançaram sobre Natal e os riam para a eclosão da integrantes da junta se preparevolta. ravam para fugir, o dinheiro Relata hoje.Giocondo Dias: mudou de mãos. Conta Pra"Nós tomamos o 21° BC em xedes: "Colocamos os (nosapenas 20 minutos, sem dar sos) homens em forma, em fium tiro. Éramos muito orgala por dois, pegames as caixas Em Na al, acima, o bata hão de nizados e tínhamos a maioria. de dinheiro c fomos distripolicia que De 35 cabos, 33 eram nossos buindo para o pessoal, sempre os cor iunistas aliados. O levante foi às 7 da dizendo que aquele dinheiro metra,haram. noite. Como era sábado, só era do partido, que eles deveA direita, em Recite, o ataque trabalhávamos meio expedienriam usar apenas o indispendos legalistas. te. Mas ficamos no quartel até sável e guardar o resto porque a noite". Depois de dominao partido poderia precisar". da a situação, conta GioconDesse dinheiro,' escreve do e ré-se no livro de Moacyr, os militantes do PC, incluindo Moacyr de Oliveira Filho, o governo recuperou 922 contos de pessoal das docas, entraram no quartel, receberam armas e mu- réis. O resto "ou foi recuperado pelo partido ou ficou em ponições. E fardas. "Fardou-se todo mundo, até as mulheres", der dos policiais encarregados da repressão". contaria Praxedes. Os revoltosos dividiram-se; um grupo nadiHélio Silva relata em seu livro que "terminada a revolta, a reçào do Teatro Carlos Gomes, onde o governador e as autori- policia procurou recuperar esse dinheiro. Invadiu casas de podades mais importantes se encontravam; outro na dr QG da pulares, obrigando os familiares a entregarem o que os chefes, Polícia Militar. Mas no caminho os que iam para o teatro cru- ausentes, tinham escondido. Consta que vieram três policiais zaram com ?lguns soldados, um recruta revoltoso afobou-se e do Recife, Siqueira, Cisneiros e Alípio e arrecadaram, para si disparou um tiro. Seguiu-se um tiroteio no qual o cabo Dias mesmos, o que puderam recolher. A derrama de dinheiro assifoi ferido por três balas e que alertou as autoridades no teatro. nalou um surto de progresso. O índice das construções cresceu Estas fugiram para consulados (o governador paia o da Itália) assustadoramente". Mas a revolta comunista de Natal acabaou foram reforçar o QG da Polícia Militar, que assim resistiu ria com Praxedes responsabilizando Giocondo Dias pelo frapor 19 horas até a rendição. Formou-se o Governo Popular Re- casso: "Quando vi que Giocondo libertara todos os prisioneivolucionário, que foi aclamado durante sua proclamação em ros pensei comigo mesmo: está tudo perdido". E Giocondo afirfrente ao quartel do 21? BC. "Foi uma verdadeira festa", con- mando que a decisão foi de todos os militares revoltosos, totaria Praxedes, nomeado secretário do Abastecimento. mada "quando a derrota já estava certa", com estes objetivos: "impedir que os prisioneiros nos perseguissem quando est ivesPAI RI'Liiiks--A junta de governo divulgou um comunicado semos em retirada" e "garantir a vida deles", que temiam ser e um aviso, duror (reproduzidos no livro de Moacyr), amea- massacrados. çando punir severamente quem praticasse qualquer excesso, incluindo "atos atentatórios à moral e ao decoro público" ou mesRESISTËNCIA — As tropas rebeldes mandadas para o interior, mo andar nas ruas "em visível estado de embriaguez". Disse com o objetivo de alcançar Recife, ao Sul, e Fortaleza, ao Norte, Praxedes: "Nossas patrulhas ficaram o tempo todo na rua pa- ocuparam várias cidades do Rio Grande do Norte (depuseram ra garantir a ordem e o respeito às pessoas". os prefeitos, mandaram o dinheiro para Natal) mas não pudeO historiador Hélio Silva diz que "casas comerciais foram ram progredir. Encontraram resistência do ex-senador e dono despojadas de viveres, roupas e utensílios domésticos que aquela de terras Dinarte Nlar'z, apoiado pelo Governo da Paraíba. E gente não podia comprar". O sapateiro Praxedes explica de ou- do Recife o comandante das tropas legalistas mandava um tetra forma. Diz que a junta requisitou oficialmente os alimen- legrama exigindo a rendiçáo e informando que, na capital de tos: "O assédio do povo faminto era muito grande e então eu, Pernambuco, os "amotinados foram presos". Porque, no dia como secretário de aprovisionamento, determinei que nossa gen- seguinte ao da revolta em Natal — portanto a 24 de novemte fosse ao armazém de um português chamado Manoel Ma- bro, domingo — o 29? Batalhão de Caçadores também se lechado e requisitasse alimentos para o Palácio do Governo. vantara, cm Recife. ► 16
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s de resistir." O cabo Teodoro Melo tinha 18 anos e empolgou-se quando do Recife e nós não teríamos condicoa O historiadc Hélio Silva traz em seu :o sobre os fatos de seu sargento, Eupídio, convidou-o para um levante armado que aconteceria naquela manhã de domingo. "A ANL, seus obje- 1935 o relato do general Frederico Mindelo, que, como Capitivos, para mim não diziam muita coisa", lembra hoje aos 68 tão, comandava o 29:' BC. Ele conta que travou luta corporal anos o membro efetivo do Comitê Central do PCB Teodoro com os revoltosos, levou um golpe de cabo de fuzil, foi preso Melo. "O importante é que eu ia tomar parte de um movimen- e conseguiu libertar-se, e obteve por fim a rendição dos revolto justo." Havia em Pernambuco "um permanente estado de tosos "que usavam os quepes voltados para trás". Por fim, reMeiconspiração", mas "no Recife ninguém sabia de nada sobre lata: "O grupo principal dos rebeldes, chefiados por Silo revolta. Nem a direção da ANL nem o Partido Comunista. A ordem de iniciar o levante partiu do Comando Militar Revolucionário da ANL". Eram no INP-19 quartel 20 militantes, comandados por dois oficiais — conta Teodoro. O plano virej era um tenente, Lamartine, entrar no alowtinrr AGLIDERTO VIE jamento dos soldados e dar um brado revolucionário. Os soldados poderiam ou MA DE AZEVEDO autscurssrsi não aderir. "E eles aderiram." Um retv:ATADOFR DE OFICIA:st cruta estabanado (porque a maioria era C.irla de de novos, que não sabiam atirar) "disnobre Min .linetra orizonte parou um tiro sem querer e isso alertou Belo H, 4 de Fever•iro de L.9216. Desatacado: os oficiais legalistas". E começou um ti• • do m eu filho? me anal m te fez 4? roteio em que "ninguém saiu ferido por1e Mataste-o Impiedosa:tient. pela que ninguém sabia atirar". Mas os revolde defuma. Ele era um tua ambicao de nós tinha o poder que tu tosos cucaram o pavilhão do comando mando servidor da Pátria que tu traiste. mas• Assassino. ambicionavas nas tuas "e com,:çou um tiroteio que só teria fim mãos. Mataste meu Alho. Cri dever na manhã seguinte". acalmia hora no cumprimento do velava enquanto tu•maldito feria tua—Grande , demente seu Aqui, como aconteceu em Natal — e ide lista escrilego a tua madrasta — Mde—Malvado, ao tanto podes Juntes com, R ussia — •• só não aconteceu no Rio — civis aderiMatricida. devolva-me meu filhol Rasgaste o peito da ram à revolta. Teodoro Melo conta que boa a tua mocidade. dando-te mãe que quatro anos embalou o tenente rebelde Besouchet, ferido, foi toa, no meio de centenas rou ptu, afimentacio, ensincnesde ir Covarde. para Jaboatão, a cidade mais próxima do mãos, ferindo-a no corarão. lar ora quartel; e o outro tenente, Lamartine, seNemaExercito morte te quer: tu que leal não tens venaltnente quireste *alm. Matate, desgracado, guiu com 16 homens -- incluindo Teolá coragem para te matares. te guiar á que traiste mães que soubessem doro — para Recife. "Depois eu soube Menta parasenda do bem • que chorar a tua perda certamente não terá sentiEstaspa lavras que começaram a chegar civis ao quartel filh, o certamente te *gai tas com lagrimas de saudade de meu para pegar em armas. Calculo que uns causardo raiva. meu filho foi bemIdolafrodo em toda a erteruldo da palavra — 2.0(X) civis estiveram no depósito de mufilhoOabencoado. funde feliz 25 ano', porque teve nições para pegar armas. Mas só uns 200 bon Viveu ns sentimento*: educarão a par dos SOU% lutaram realmente." Às 5 da tarde os resempre trabalhador, gracas a Deus sempre cumpriu com o seuestudioso • leal, — o dever morreu. deve: • cuomindo voltosos que tinham seguido para o ReEu, no meto da tristeza, da amarçrura e cife chegaram lá e conseguiram a adesão do sentimento que tenho não ver mais meu Idolatrado filho. que tuadenide, sou mais teliz essa infeliz, se de 30 soldados da Polícia Militar. Mas ainda viva, se não a mataste alada para ver onde foste gerado! "de repente, bem ao longe, atravessanO meu Benedito é mais ofenda tranquila • Justo se feliz do que há, morreu de con• do a Ponte dos Afogados, começamos a nome na terra 4 venerado acha na noz de Deus, • o s•u corno limbo.% A carta da ver se aproximar uma companhia de 150 nas O Brasil inteiro, e muito especialmente Minas, clamou twu mãe do homens, que devia estar indo para o homenagens que lhe tributaram nos funerais. E tu, qual será o teu tini! tenente quartel". O tenente revoltoso, conta TeoCertamente na pupila do olho de Moscou Bragança, doro, aplicou um blefe, dizendo que cenDemente,— olha Matricida poispara o céu, fita o sol se és caco: ? de 1936.. esta hora tua mete deve estar morta de tenas de revoltosos estavam chegando. dor, que tu lhe causastes. Traidor. Será lida Os soldados legalistas se assustaram. Ass nino. asno próximo Estava quase tudo resolvido quando "um Maldito. mll es maldito. BI desgracadvoezdas minhas lagrimes. motociclista louco, sem saber o que esdo meu d per?,1 H edm oia ri72:ec,nlote. tava acontecendo, atravessa com toda a a) BALINHA LOPE.SBRAGANCA. velocidade a ponte. E um de nossos homens se apavorou e meteu bala". O motociclista foi-se sem problemas mas "o tiro precipitou tudo e reles e Lamartine Cominho, ganhara a estrada para o sertão. começou o tiroteio .Os PMs mudaram de lado, "mas nós tí- Para azar deles, grande parte da Policia do Estado estavz, no nhamos metralhadoras pesada,, muitos civis aderiram ao mo- interior, em busca de Lampião. Recebeu ordens para regres .ar pelas estradas, cercando os rebeldes onde os encontrassem. N,-,o vimento e conseguimos resistir". quartel, às 9 da manhã houve resisténcia. Entregaram--,.. ,,.rn lutar e foram tra/idos preIsso durou até o dia seguinte. da Negunda feira, o. revoltosos se rendiam. O pessoal que sos para Recife e recolhidos à Penitenciária, transformada em lutava no l arco da Ni logo recebeu ordens paia re- Pre.idio Especial". tio Rio, uma nova Rev ()it.: ia Ilha já estava muito prOvirno çar batalh cuar.
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em 1935. Preso, cumpriu pena até 1937, quando fugiu ao ruguai e depois para a Espanha, onde participou da pma ('uni a derrota dos repUblie,fflo A Intentona continuará sendo traição Paris. Preso novamente, passa mais de um ano num campo dc "Na ordem do dia de 27 de novembro o ministro do Exérci- concentração. Consegue fugir na época da inx asão da nano to, I .cônidas Pires Gonçalves, lembrará a buentona Comunis- pelos nazistas. De volta ao Brasil em 1942, Dinarco Reis pari ita com o sentimento cia tropa: o da traição." Esta informação cipa da ação comunista na clandestinidade, goza a ligeira leeaé de um oficial do Exército com gabinete próximo ao do mi- lidadr. do final dos anos 40, volta à militãncia clandestina. 1'm nistro, que acitscenta: "A tropa não deve esquecer que foi traí- 1973, perseguido pelo governo militar, refugia-se outra vez no da. O sentina. ido de traição deve estar vivo. O Exército jamais exterior, retornando no finai da década, com a anistia. Hoje, perdoa os ti aidores e nós continuaremos a dar a importância aos 83 anos, recorda para c repórter Ali Kamel, de Afinal. o que a Intentona teve na história da instituição. A Intentona é que se passou no 27 de novembro de 1935: uma página histórica e deve ser tratada assim no dia 27 de no"No princípio de 1935, as forças democráticas formaram a vembro ". Aliança Nacional Libertadora. Em pouco tempo, essa organiAfirma ainda que "a mudança do regime não altera os prin- zação se espalhou por todo o País, cresceu muito. E Getúlio cípios do Exército, Nós somos radicalmente contra o comunis- tomou a decisão de torná-la ilegal. Ao mesmo tempo, desencamo. O ministro Leônidas afirmou, quando da legalização dos deou uma violenta repressão ao Partido Comunista. Getúlio tenpartidos comunistas, que nós podemos conviver com os par- dia a instituir no Brasil um regime fascista, como de fato contidos comunistas, mas isso não quer dizer concordar", seguiu mais adiante, em 1937. E as esquerdas prepararam-se Um outro inibia, que fala dos acontecimentos dc novembro para impedir c,:se processo. Portanto, já em julho ou agosto de 1935 é o general da reserva Dilermando Municiai que, co- de 1935 existia no Brasil unia situação de confronto armado. mo segundo-tenente, participou.da invasão legalista ao 3? RI "Como cm toda conspiração, tomávamos medidas para enrevoltado, no Rio: "Acho que muitos mifrentar a situação, com uni intensivo Pralitares que participaram da sublevação o . alho nos quartéis, quando fomos surfizeram movidos pela ingenuidade, em preendidos pelo levante de Natal. As nomeio do sentimento geral dc revolta que ticias eram escassas, mas já no dia seguinos baixos salários provocavam. E;a um te vinha a noticia de que Recife também movimento utópico". se rebelara. Foi aí que recebemos a orienDilermando diz que "havia alguns fatação do partido, para nos insurgirmos nos quartéis, num levante que deveria se náticos muito organizados. Eu mesmo tirealizar com o apoio da classe operária. nha um cabo dc tanta confiança, no 2? RI, que tomava conta do alojamento onContávamos que outras guarnições se lede dormíamos, armado de metralhadora. vantassem, porque assim érams inforEle foi um dos primeiros a sublevar-se. mados pela direção da ANL. Essas inforDepois ea soube que sua função seria nos mações, mais tarde pudemos constatar, matar. Só não o fez porque, no fundo, não correspondiam à realidade. "Na Escola de Aviação, o levante iria nos estimava muito". contar com aproximadamente 46 pessoas. O general considera que "1935, para aqueles que, como eu, não tinham preoBem perto das 3 da manhã do dia 27, cupações de ordem ideológica, foi um eu e mais sete oficiais nos dirigimos de alerta. Descobrimos que havia pessoas cairo à Escola de Aviação, que já estava com idéias subversivas subsidiadas pelos Dinarco: "A revolta foi um erro." de prontidão. Isso deixa claro que o russos. Passou a haver desconfiança entre companheiros de far- verno já sabia da possibilidade de uma revolta. Nos aproximada, coisa que nunca havia ocorrido antes". Sobre a ação de mos por unia porta lateral, no fundo da Escola, onde estava que participou, rei-cobra: "Soubemos que o Batalhão de Guar- um sargento que me conhecia e não desconfiou de nada. Chedas do 2° RI estava atacando pelos flancos. Isso permi- gamos, então, ao pátio interno. Descemos do carro, empunhantiria o assalto. Bastou esta ação para o pessoal do RI se do revólveres, e rendemos sem maiores dificuldades os dois terender". í41 nentes que estavam no comando da guarda. Próximo, porém, havia um grupo de cinco oficiais do comando da Escola. Esses nos receberam a bala. Nós revidamos e estabeleceu-se a confusão. Naturalmente, houve muita luta. Nesse momento, os cabosalunos vieram nos ajudar e o tiroteio generalizou-se. Houve feE os comunistas eram mal-informados ridos e mortos de lado a lado. Meia hora depois, a situação Antes de se tornar comunista, Dinarco Reis participou, co- estava sob nosso controle. E mais tarde, as unidades da Vila mo jovem oficial, de vários movimentos militares. Ao lado do Militar começaram a nos atacar. A Vila desencadeou ui,, inGoverno, em 192 contra o tenentismo. Contra o Governo, tenso bombadeio contra a Escola, incendiando vários edifícios. em 1930, na revolução que depôs Washington Luís e colocou Nós tentamos organizar a defesa, libertamos vários presos, Getúlio Vargas na Presidência. Novamente com o Governo, em para que não morressem queimados Conseguimos resistir até 1932, ajudando a sufocar a Revolução Constitucionalista de São pelas 6, 7 da manhã. Mas no final fomos todos presos. Paulo. Já como comunista, lutou contra o governo getulista "Hoje, sabemos que a revolta de 1935 foi um movimento que.
A hova ordem do dia
O Governo já sabia
U.Depois eu soube que a função do cabo era nos matar 33 General Dilerrnando Monteiro, tenente iewilista em 1935.
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t,riNAL, 26 DE NOVEMBRO DE 1985
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► não correspondia à realidade. Um erro político cujas conseqüências pagas foram grandes para todo o povo brasileiro. Getúlio teve o pretexto que precisava para implantar a ditadti rd elo Estado Novo." J4)
Em defesa de Getúlio "Ele nunca deu ordem de expulsão" O senador Amaral Peixoto, 80 anos, almirante reformado. era um jovem oficial ajudante-de-ordens do presidente Getúlio Vargas, seu sogro, em 1935. Nesta entrevista a Fernando Barros, de Afinal, ele fala do que viu acontecer há 50 anos. Amaral — Eu estava no Palácio do Catete, de prontidão, na madrugada do 27 de novembro. Já se esperava pela revolta dos comunistas no Rio de Janeiro, pois tinha havido dias antes a intentona no Rio Grande do Norte. Eu estava tomando chá com o general Pinto, que era o chefe da Casa Militar, quando Eduardo Gomes, comandante da Escola de Aviação Militar, telefonou: "Estão atacando agora. Vou desligar" E desligou. E eu passei a informação para o Ministério da Guerra. Em seguida, tocou o telefone novamente. Era um médico, que morava perto do 3° RegimentJ, na Praia Vermelha: "Há qualquer coisa no quartel. É um tiroteio muito forte". Comunicamos isso também ao Minirrio da Guerra.
E por que Olga não foi mantida no Brasil, onde estava p.-esa?
Não sei as razões que levaram à deportação. Quem punidenciou isso foi o Filinto com o Rao. O doutor Getúlio apenas assinou o ato.
Os espiões em ação Quem passava informações ao Governo
Sete anos depois, em 1942, um dos principais responsáveis pela revolta de 1935 corresponde-se amavelmente com o chefe da polícia política de Getúlio Vargas: da prisão, Maciel Bonfim, o "Miranda", felicita Filinto Müller por seu aniversário. Esta é uma prova inédita, de que Miranda mudou de lado, segundo interpreta o deputado estadual (PN1DB-SP) e jornalista Fernando Morais, autor de livro Olga, sobre a vida da mulher de Luis Carlos Prestes. Este dado só chegou a Fernando quando o livro, resultado de ttès anos de pesquisas em vários países, que desembocara na revolta comunista de 1935, já estava pronto. Mas diz Fernando: "Ninguém tem provas, nem haveria como provar, que o Miranda fosse um policial infiltrado. Como secretário geral do partido, o homem mie representava o partido, ele vai a Mose mi e chega ao delírio de levar um mapa gigantesco do Brasil e enchê-lo de per.:eveAfinal — O senhor confirma que hajos vermelhos, apontando as cidades onvia prontidão. E os comunistas usam esde a situação revolucionária estava dada. se argumento para negar que militares leMas ele era um sujeito despreparado pogalistas tenham sido mortos enquanto liticamente, tudo o que se lê sobre ele deidormiam. xa a impressão de um sujeito de caráter Ah, não! Mesmo num quartel em e personalidade ft acos, sem história, sem prontidão tem gente dormindo. Eu fiquei tradição. Eu acho que o Miranda aderiu, de prontidão muitas vezes, no encouraporque ele aderiu, disso siai) tenho dúviçado Minas Gerais, e dormindo. Não sei das, por essa sua personalidade frágil, se houve mortes de gente aormindo. Mas mas também porque mataram a mulher o fato de estar de prontidão não quer didele (Elvira Colõnio, julgada por traição zer que o quartel inteiro esteja acordado. e morta pelos comunistas). Outro ponto polêmico ainda hoje é a "Já o Prestes não sei como se decidiu deportação de Olga Benário, mulher de pela revolta. Pode-se apontar nele uma séPrestes, para a Alemanha naiista. O se- Amaral: "Há quem durma de prontidão." rie de defeitos, mas ninguém pode negarnador Castão Müller isenta seu tio, Filinto Midler. Ele acusa lhe o g;:nio militar. Ele fez r Coluna aqui anos antes de o Mao Getúlio Vargas pela deportação. Isso é correto? Zedong fazer a Grande Marcha, na China. A daqui não triunNão. O doutor Getúlio nunca deu uma ordem de prisão, uma fou mas é muito mais épica até pela invencibilidade, porque ordem de expulsão. Ele, como presidente, teve que assinar o ato a Grande Marcha perdeu batalhas. Eu suponho -- é uma susde deportação, é claro. Agora, eu sei detalhes que me foram con- peita lessoal — que a atitude de Prestes talvez viesse de uni tados pelo Vicente Rao, que era ministro da Justiça. Por causa entusiasmo muito grande com o que a ANL foi no Brasil. Em da Olga Benário, o Filinto e o Rao tiveram entendimentos com segundo lugar, a clandestinidade deforma muito a visão do suvárias chancelarias sul-americanas, como Argentina, Paraguai jeito a respeito da realidade. E ele ficou o tempo todo ctandes* e Chile, para que ela fosse deportada para esses países. Nenhum tino nos meses que passou aqui até ser preso. Isso pode ter dedeles aceitou, porque não queriam complicações com o Pa tido formado a visão que ele estava tendo do movimento de massa, Comunista. Aí, o Filinto teve entendimentos com autoridades da correlação de forças. alemãs, que se comprometeram a não executá-la. "Eu acho que o movimento estava fadado ao insucesso porDe que forma? não tinha o apoio popular que eles imaque não tinha mas Isso eu não sei. Quem me contou foi o Rao, anos depois. ginavam -- porque a ANL virado, na ilegalidade, uni apaMas parece que ela foi morta porque tomou parte num movi- relho só de quadt , )s. Mas cada dia mais me convenço de que mento, numa revolta, quando tentaram incendiar uma prisão. o Paul Gruber (ian dos enviados pelo Cominiern) foi quem enOs nalist as justificai um a morte dela por isso. 1.0i essa a razi-io tregou. Ele era o típico agente duplo competente, profissiot ,al. Quando ele estava para ser deportado (depois. de pre.so), o Fo...
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Ct Miranda aderiu, talvez porque mataram a mulher dele.39 Fernando Morais, deputado e jornalista, autor do livro Olga. 4'
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lês- pede Of fice,(1 Niinistél a) das Reias.'"es is(11 i 's por ele, para não ser deportado para a Alemanha. deixa claro -- um negócio expresso, não é urna coisa subentendida, não --- que gessas às informações prestadas pot ele foi pos-..kel combater o comunismo em 1935 no Brasil. Outro dado: os arquivos do Departamento dc Estado em Washington comprovam que o Gruber, enquanto esteve no Brasil, recebia dinheiro dos Estados Unidos. E quando foi preso, com sua mulher, Erika, foi pelo Exército c não pela polícia. Ou seja, não foi tratado corno um preso qualquer". Sobre as críticas do senador Gastão Muller ao seu livro, Fernando Morais diz: "Em nenhum momento digo que foi o Filinto Midler quem deportou Olga. O que eu digo, e provo com documentos, é que Filinto Miiller chefiou pessoalmente a caaçuda a Olga e Prestes no Rio. E que fez parte da Coluna Prestes, foi promovido a major por ordem de Prestes e nove dias depois desertou e fugiu para a Argentina levando 1(X) contos dc réis da Coluna. E o fato de que foi expulso e teve a patente retirada por ordem de Prestes é público. Mas eu posso dizer também que quem preparou a exposição de motivos que justificou a expulsão de Olga foi a policia de Filinto Müller. Um subalterno de seu gabinet.e. É inadmissível que essa exposição de motivos fosse levada ao presidente da República sem que tivesse passado pelas mãos dc Filinto — o homem da polícia que tinha contato direto com Getúlio .AI Vargas".
Sobre a revolta comunista de 1935. "Cometeranse f1111110s, UI T (1`. , Naquela época, pra! j!¡,•/••, L ! ,p l c pareça, era mais fácil construir o partido nos qual lei, ,,, L»c nas fábricas. Creio que a peiict ração das idéias com tit.1, !:1 na, Forças Armadas se (laxa primeiro pelo meu próprio e\ernplo. Eu era um capitão cio Exército que, em maio de 193o, 1‘ ,:iliwil com a candidatura de Getúlio. A revolta de 1930 disidiu o Usercito. A disciplina era frouxa. Todo dia havia levantes contra a comida nos quartéis, os jornais do partido eram lesados às mesas dos comandantes, por provocação. E isso estava errado: o trabalho nos quartéis deve ser de propaganda, para fornecer apoio quando as classes trabalhadoras se levantarem. "O movimento de Natal foi espontáneo e pegou-nos dc surpresa total. Em seguida, Pernambuco apoiou. No Rio, as informações que nos chegavam garantiam que tínhamos grande força na Vila Militar, no Batalhão Nasal, na Mai inha de Guerra, na Escola dc Aviação Militar e no .3" Regimento de Infantaria. Com base nessas informações, tomei a posição de que o Rio deveria apoiar o movimento do Norte". Sobre Antônio Bonfim, o Miranda, secretário geral do PC' na época: "Era um nacionalista. De marxista não tinha quase nada, Ele falava de revolução sem se preocupar em preparar a classe operária para isto. Era um homem carregado de exagero subjetivista pequeno-burguês, buscando transformar seus desejos em realidade, como há muitos por aí. Mas não era um homem ignorante, como se disse. Era professor na Ferrovia Leste, falava Mi: to bem francês. Era muito inteligente. CaE a verdade de Prestes pitulou com sua prisão. Passou para o serviço secreto do Exército." O nome de Luís Carlos Prestes, há Sobre Elvira Colônia, ou fia Fernanmais de 50 anos, tornou-se um símbolo des, a "Carola", executada por comunisde militância e de liderança comunista no tas, por delações — e por ordem de PresBrasil. Já em 1935, embora admitido há tes, segundo a versão mais corrente: pouco no Partido Comunista, partiu de"Minha mensagem ao partido foi male a decisão de sublevação nos quartéis nipulada pela reação. Eu não falei em Rio de Janeiro, em apoio aos com misexecução: julgava que medidas de segutas sublevados dias antes no Rio Grande rança deviam ser urgentemente tomadas e em Pernambuco. Entrevistado Norte e num caso grave de traição que poderia ledo pela chefe da sucursal de Afinal no Prestes: "Foi um grande movimertw". Rio, Elisabeth Carvalho, Prestes lembra, aos 86 anos, o que var os companheiros à capitulação total. Estava na posição de se passou em 1935, suas conseqüências e fala também da de- combatente revolucionário". Sobre sua condição na prisão: portação de sua primeira mulher, Olga Benário, para a Ale"A prisão medieval erguida por Macedo Soares (ministro da manha nazista,. ondr foi morta. Justiça na época) permitia-me dar sete passos de unia extremiSobre seu regresso ao Brasil em 1935: "Uma das primeiras calúnias que se difunde nas comemora- dade a outra. Para os próprios guardas era uma tortura passar ções da reação de 27 de novembro é a de que o movimento o dia ali dentro. Cerca de dez deles foram expulsos porque me se deu por ordem do Comintern, numa decisão da 111 Interna- dirigiram a palavra: eu não podia conversar com ninguém". Autocrítica sobre a revolta Gr 1935: cional, para ser seguida pelos 'serviçais brasileiros'. Isto é com"Creio que a situação objetiva ::ão foi avaliada. O Brasil, na pletamente falso. Eu me encontrava na União Soviética desde fins de 1931, estudando o marxismo e trabalhando como enge- verdade, já estava saindo da crise iniciada em 1929 e o governo nheiro, quando o integralismo surgiu aqui no Brasil. Tornou- de Getúlio não era mais tão impopular. Ficou clara também a se evidente que o nazi-fascismo buscava um avanço no Brasil, debilidade do movimento operário. Não houve protestos dc maior com o apoio de Getúlio Vargas. Julguei-me então no deves de vulto que ser issem de suporte ao movimento nos quartéis. "Mas foi um grande movimento armado.Scus efeitos permitivir ao Brasil lutar contra a fascistização do País. Foi por isso que voltei. Por vontade própria. O secretário da Internacional ram uma mobilização só derrotada em 1964 apesar de várias Comunista, Dimitri Manuilski, tornou-se muito meu amigo e tentativas da reação (a campanha que levou a morte de Getulio em 1954, a tentativa de impedir a posse de Kubitscheck, a re-. ele próprio era contra a minha volta".
Calúnias, erros.
L'rk2É falso que agimos obedecendo ordens do Comintern33 Luis Carlos Prestes, líder comunista. 20
AFINAL 26 DE NOVEMBRO DE '985
.nrincia de Jânio e a tentativa de impedir a posse de Jango). Subestimar e atacar é muito fácil. O comportamento dos derrotados foi de grande dignidade". fl
Uma violência negativa Más conseqüências da revolta de 1935
Há coisas do absurdo de eles considerarem os cangaceiro.; corno verdadeiros partisans. Mas voltando ao Rio, o movimento lá não poderia ter nenhuma chance, porque a vaga de greves logo depois de 1930, até 1934, já estava domada. O movimento operário já estava normalizado. A Revolução de 1930 já tinha expul sado os dirigentes comunistas e anarquistas de diversas procedências. "Então, ao nivel da conjuntura social nada levava a indicar que, como eles esperavam da insurreição, fosse o proletariado, o operariado brasileiro se levantai. . E o próprio Prestes disse: 'Nós recrutávamos mais nos quartéis do que nas fábricas'. Mas eu acho que não r: uma questão de responsabilização, de transformar o Luís Carlos Prestes em maior culpado. Eu acho que o problema é extremamente mais complexo do que atribuir responsabilidades a heróis, mesmo que fracassados. Isso não é correto do picoto de vista político e historiográfico".
"Eu acho que a importância do movimento de 1935 para estes 50 anos é uma referência negativa. Atrasou intensamente a inserção dos comunistas no processo político, atrasou a cultura política brasileira, o debate público na esquerda, a critica ao status dominante. O apelo à violência com tanta incompetência não trouxe nenhuma vantagem, nenhuma contribuição positiva", esta conclusão é do professor de ciência política da USF e da tinicamp (Universidade Estadual de Campi.las) Paulo Sérgio Pinheiro, que desde 1978 prepara sua tese de livre docência "A Internacional Comunista e o Brasil, de 1919 a 1935". Ele qualifica o movimento de 1935 como putsch, definido assim pelo PC Alemão em 1919: "Ações menores com objetivos políticos que mirem a conquista do poder político por parte do proletariado são putsch". Eis a, avaliação de Paulo Sérgio Pinheiro: "Foi Getúlio quem deportou Olga" "Essa revolta de 1935 é igual às revoltas tenentistas. E o que é uma revolta teNo próximo dia 27, o senador matonentista' É um golpe de Estado. Eles pregrossense Gastão Midler ocupará a tribuR' tendiam sair do 3? RI na Praia Vermelha na do Senado para um pronunciamento para tornar o Palácio do Catete, conquisem defesa da memória de seu tio, o extar o centro do poder. Quer dizer, é uma senador Filinto Midler, e lebrizado como tentativa de golpe de Estado. É um putsch. o violento chefe de polie .1 do Rio nos temO problema é que nada pode ser simples pos da ditadura de Gen.:ia Vargas. Injusem relação a 1935. Porque ao mesmo temtamente celebrizado, no entender do sopo que é um golpe de Estado na tradição brinho Castão, que se revolta de modo esdas revoltas tenentistas, também é pensapecial corn as informações — "desinfordo enquanto uma insurreição na tradição mações", sustenta ele — trazidas no livro soviética. Isso porque o modelo militarisO' a, lançado há um mês pelo jornalista ta está dentro da revolução soviética, que e deputado Fernando Morais. Aqui, o sefoi basicamente um golpe de Estado milinador antecipa o que dirá no pronunciatar bem-sucedido. Quanto ao Prestes, era mento: um bom estrategista'ao nível da Coluna. "Quem deportou Olga Benário, gráviMas o Estado que a insurreição de 1935 da de sete meses, foi o 'Pai dos Pobres', vai enfrentar não é o Estado debilitado dos Getúlio Vargas. Filinto cumpria ordens. anos 20. O Exército com que o Prestes está Gestão ~ler: "Filinto só obedecia". Uma vez o próprio Mito me disse que, trabalhando não é o Exército subvertido pela desordem hierár- num encontro com Vargas, manifestou-se contrário a deportaquica dos tenentes. Mas sim onde os repressores dos tenentes ção. Considerava inconveniente a deportação. Além disso, o PC são chefes, corno o general Dutra. Na percepção da Internacio- já estava desmantelado. Mas Vargas preferiu seguir a linha do nal Comunista se falava do Brasil como nos anos 20 mas o apa- processo instaurado pelo Ministério da Justiça. Filinto era um relho do Estado, a conjuntura tinham mudado. Além disso, o executor do Governo e não pode ser condenado por isso. Ele apoio da popularidade que o Prestes tinha como Cavaleiro da era executor de ordens para caçar os comunistas. Mas não tinha Esperança já não era o mesmo. razões para ter ódio pessoal de Prestes. "Há outro ponto: o recrutamento dos apoios de 1935 foi tão "Minha mãe me contou que Prestcs,quando Filinto o prendcã, incompetente que só não queria saber no Governo quem não estava com princípio de tuberculose. Filinto ficou prexupado com quisesse dar crédito. Quando começam a passar bilhetinhos pa- a saúde dele e ordenou que o serviço médico desse todo o atendira pessoas que não sabem se vão aderir... E o Prestes, as cartas mento necessário. Com isso, ele evitava que o Governo fosse resque ele mandou para os próprios companheiros. Imagine o que ponsabilizado pela morte de Prestes na cadeia. A cela de Prestes não se comentava que o Prestes ia fazer sua revolução! PC 7 isso era especial e privilegiada. Tinha até urna boa biblioteca. só podia haver a prontidão, sem se falar das rebeliões que ti"Esse jornalista (Fernando Morais) afirma que Filinto foi da nham acabado de aconic..er Natal e Recife. Destas, acho que Coluna Prestes e do convívio entre os dois teria surgido a ania de Nii.tal teria ocorrido de qualquer maneira. Agora, você tem mosidade. Filinto nunca foi da Coluna Prestes. Em 1924, Filintambém que levar em conta que o Nordeste era urna região de to era da coluna de Isidoro Dias Lopes, de São Paulo. As duas grandes expectativas para o, comunistas e para a Internacional. colunas se encontraram umas Filinto se recusou a seguir junto..
Em defesa de Filinto
quJ os comunistas tentaram foi um golpe de Estado73 Paulo Sérgio Pinheiro, profe-, ,or
ciénica politica.
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para o Paraguai e para a Argentina, onde fo; até lavador de pratos. Retornou ao Brasil em 1926, foi descoberto e preso. "O fato é que Filinto é o bode expiatório da ditadura Vai gas, da mesma maneira que Medici é o bnde expiatório da Revolução de 1964. Procura-se fazer crer que foram eles que fizeram tudo o que aconteceu de ruim. Não posso admitir a hipótese de que Filinto tenha mandado matar e fazer violências contra as pessoas. A violência policial é unia instituição internacional. Lá embaixo, nos porões, é difícil contê-la".
Um atraso de 50 anos "O Kremlin julgou a ação desastrada" a
que se realizou no Brasil o congresso constitui is o do Pdrt alo Comunista. Esse congresso, urna ser cothtnuido, aderiu mad.i III Internacional, que se chamava Comint n e ft): 11,,tituida por 1 enin em 1919. Ela impunha 21 itens de acen,,„',-10 por qualquer partido comunista. E o sexto item dizia que para esta aceitação deviam renunciar ao pau iotismo e ao pacifislio social. Quando o corpo dc oficiais dc nosso Exército ton.rsu conhecimento desses itens de aceitação, naturalmente ampl sua prevenção contra os comunistas. E em 1935 a intentona marcou muito o Exército. Nunca tinha acontecido nada ieual ao País. Ela vacinou o Exército contra o comunisAi mo."
Um tiro a sangue frio
A Intentona atrasará a i.•.plantação de um regime comunis- O general fala da morte de seu irmão ta no Brasil em pelo menos 50 anos. Foi assim que os dirigenEm Belo Horizonte, no dia 27, deverá acontecer "a primei• tes do Kremlin avaliaram os resultados da revolta comunista de 1935, segundo revela hoje o general da reserva Rubens Ress- ra manifestação anticomunista dentro da atual situação polítitel. Ovl.; a conseqüência destacada pelo general: a Intentona "va- ca", segundo as próprias palavras de seu organizador, o genecinou o Exército contra o comunismo". ral da reserva José Lopes Bragança. Num ato sobre a IntentoSobre a repercussão que os acontecimentos de 1935 tiveram na Comunista, que deverá ter entre os presentes o general Euelides Figueiredo, irmão do ex-presidente, em Moscou, diz o general: "Depois de tuo general Bragança, que teve um irmão do chegou ao nosso conhecimento, atramorto durante os acontecimentos de vés dos serviços de informação, que os di1935, pretende advertir para "as atrocirigentes do Kremlin julgaram desastrada dades de que é capaz um homem imprega ação dos comunista:, aqui no Brasil -nado da ideologia materialista e atéia do embora, é verdade, tenham sempre preservado o Luis Carlos Prestes. Acharam comunismo". Bragança esclarece que foi contra os colegas engajados na Intentoque o planejamento foi mal-feito, a exena, quando ela estourou. "Não foi a morcução pior ainda; que os comunistas brate de meu irmão que me tornou anticosileiros não sabiam se organizar, nem se munista; mas a partir daí reforcei ainda disciplinar. Concluíram assim que a ação mais minhas convicções." precipitada levou a uma reação tão forAté hoje, a todo momento ele procura te, que atrasaria em 50 anos a implrntação de um regime comunista entre nós". propagar meticulosamente a doutrina anticomunista. Foi um dos mais atuantes Cin.iirenta anos se passaram. Os partiadversários do governo João Goulart e dos comunistas estão agora legalizados, um dos mais ardorosos militantes do moassim como estava a Aliança Nacional Livimento de 1964. Diz sobre a morte do bertadora às vésperas da Intentona. O ge1 .irmão, o tenente Benedito Lopes Braganneral acha que os comunistas brasileiros aprenderam a se organizar e a se discipli- Bragança: "Meu irmão Já era visado". ça: "O capitão da aviação militar Aglinar? E que a partir de agora têm condições de alcançar a vitó- berto Vieira de Azevedo matou meu irmão no r:ampo dos ria? "A ação deles agora é mais cautelosa", diz o militar, anti- Afonsos quando ele tinha sido feito prisioneiro e colocado dencarro dos revoltosos. Imagino que o capitão resolgo chefe de uma equipe de estudos sobre a expansão do impé- tro de rio soviético. "O importante, no momento atual, não é a guer- veu matar o meu irmão e um segundo-tenente que também esra dc arma na mão (a dos comunisiaf.), mas a que prevê a con- tava preso dentro do carro (mas, neste caso, o revólver falhou) quista da mente do homem e da população. Mudaram os mé- porque não havia testemunhas e porque naquela altura o tirotodos. Acho muito improvável que eles voltem a cometer o er- teio já era intenso entre revoltosos e a guarnição do quartel leal ro de um levante armado. E acredito que ainda não aprende- ao Governo. Meu irmão foi visado por sua liderança e por suas ram a se organizar e a se disciplinar, tanto é que estão dividi- idéias abertamente anticomunistas e também pelo fato de comandar a tropa de Infantaria da Escola de Aviação, para onde dos em várias facções, lutando entre si." E sobre o Exército o general diz que na Rússia os comunis- foi cedido pelo 12° Regimento de Infantaria de Juiz de Fora, tas, querendo tomar o poder, sabotavam o Exército de seu bem como por sua excepcional condição física. Com 25 anos, ele tinha feito o curso de educação física do Exército e tinha país: "Minavam o patriotismo, que é a base moral do Exército,e um preparo notável. Certa vez, lutou contra e tirou de combaisso infringia dois dogmas: a hierarquia e a disciplina. Essas te, um a um, cerca de dez guardas civis, que tentaram prendênotícias chegaram aqui e a partir de então o Exército brasileiro lo achando que era um paisano. Meu irmão estava armado, passou a ter uma prevenç....) contra o comunismo. Em 1922 sur- mas enfrentou a todos apenas na mão". E o irmão mais novo do tenente morto, o general reforma-. giu aqui o movimento dos tens ites e foi exatamente nesse ano
!CA Intentona vacinou o Exército contra o comunismo,' General Rubens Resstel AFINAL 26 DE NOVEMBRO DE
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.do Elcino Lopes Bragança, acrescenta: "Logo após a Intentona o coronel Eduardo Gomes, comandante da Escola de Aviação, fez questão de me conhecer. E contou-me que o Be nedito estava visado pelos oficiais comunistas, porque fora incumbido de um inquérito para apurar a distribuição de panfletos revolucionários dentro da Escola de Aviação".
O levante de Nata;
Por que a insurreição era previsível O secretário geral dr Partido Comunista Brasileiro, Giocondo Dias, 72 anos, era o cabo Dias que deflagrou o levante do 21? Batalhão de Caçadores de Natal, em 23 de novembro de 1935. Hoje, em seu apartamento no Rio, ele diz: "Eu me espanto com que os companheiros do Rio, entre eles Prestes, tenham-se surpreendido com o levante. A ordem, tenho certeza, partiu da direção da ANL, que era quem podia dar ordens. Quem dirigia nossos trabalhos era Quintino Clemente de Barros, dirigente da ANL. em Natal. Não fizemos nada sem consentimento da ANL. A orientação que nós tínhamos era de que, se houvesse a ameaça real de que nossos compa-
"Vivíamos em 1935 um momento de grande agitação.Os integralistas estavam nas ruas, faziam pros ()cações. O fascismo encontrava-se em franca ascensão na Europa e iniciava uma escalada entre nós. Nossa luta era fundamentalmente antifascista. Quando, em julho, Getúlio decretou a ilegalidade da Aliança Nacional Libertadora, o trabalho da União Feminina do Brasil apenas estava começando. Queríamos prosseguir a qualquer custo. Tentamos de toda forma a via judiciária mas todas as portas foram-se fechando. Começamos então a trabalhar na clandestinidade. A revolta de 27 de novembro surpreendeu-nos. Eu não imaginava que ia estourar. Mas sabia claramente que deveria agüentar com suas conseqüências. "O partido abrigava muitos intelectuais, mas não havia um proletariado organizado, ao contrário do que diziam informações vindas de elementos ligado.; ao secretário geral do partido. Dizia-se, por exemplo, que milhares de metalúrgicos iriam levantar-se para apoiar a revolta dos quartéis, quando não havia coisa nenhuma. O próprio Prestes foi vitima dessas
informações. "Ficamos todos apreens;vos. Lembro que, no próprio dia 27,
correram à minhq casa vários companheiros aliancistas, entre eles o pintor Di Cavalcanti e Nílton Freitas. Todos acreditanheiros, quase todos militares, fossem vam que, por ser filha do deputado Juspresos ou reformados, nós deveríamos to de Moraes, estariam ali em local segunos levantar. E como havia a informação ro. Mas fui presa no dia 19 de dezembro, de que muitas prisões iriam ocorrer, nós em meu trabalho de advogada da Caixa Econômica. A sala 4 da Detenção encheu nos levantamos. em pouco tempo. Ali convivemos cerca "A orientação política da ANL só pode 12 a 14 mulheres, em me lia,entre elas dia levar àquilo, à insurreição. A linha política e o próprio trabalho realizado 'Sabo' (Elise), casada com Ferger, cruelcontribuíram para que o levante se desmente torturada pela polic i de Filinto se. Se em vez de fazer um trabalho nas Nlüller. fábricas ele é feito nos quartéis, a insur"As mulheres presas, de modo geral, não eram organizadas. Quando Olga Bereição não pode ser surpresa. Se você se rrado foi levada à Detenção, tentou orconcentra em uma gráfica, sairão livros ganizar melhor as presas da sala 4. Mas ou panfletos. Nos quartéis, não dá outra coisa: insurreição. Na época não adroi não teve muito êxito. Era uma mulher firfiamos isto, mas hoje é uma constatação: me e corajosa. Não é verdade que houve a orientação da ANL era estreita. Se o reféns na rebelião que tomou conta do fascismo estava em ascensão, nós tínhapresidio quando um grupo de oficiais veio buscá-la para a deportação. Houve sim mos que ter uma atuação mais ampla, deuni violento canecuo e unia forte v ramos alargar as alianças contra os 1.. s- Maria Werneck, a última a ver Olga, Listas. Mas não. Eramos nós de um lado, lutando contra o resistência, que lesou a direção do presídio a propor a escolha fascismo de outro. Os camaradas do Rio não podiam se sur- de uma comissão de presos que deveria acompanhá-la supus preender. Se a linha política era aquela, a insurreição eclo- tamente até uni hospital. Olga, de fato, não estava passando diria mais cedo ou mais tarde. Em Natal, ou em qualquer bem. De modo qae acreditamos que nossa presença poderia, Outro lugar". pl efetivamente, c. induzi-la ao hospital. "Deveríamos acompanhá-la, eu e o médico Campos da Paz, até o hospital. Mas já na rua: compreendemos o golpe: Campos da Pai foi separado de nós e metido num camburão 010 A clandestinidade como única saída e eu seguimos na ambulância e paramos, para sarpres:., minha, na porta do Hospital Guinle. Renaweram nossas esperanças. Maria Werneek de Castro viveu um ano e meio na sala 4 Mas neste momento, o 'I< ing Kong', um conhecido membro da Casa de Detenção do Rio de Janeiro, o primeiro presídio da Polícia Especial, encostou-rue a metralhadora nas costas e político feminino brasileiro. Foi ela quem acompanhou Olga mandou-rne entrar rio camburão. anim-me, com Campos Ilená,io, também prisioneira, que seria levada para um hospi- da Pai, para a prisão da rua Frei Caneca. Tenho contigo a tal — e que, em vez disso, acabou deportada para a Alemanha cons iccão — criticada por alguns companheiros de que HMna; isca. Advogada cise!, 76 anos, pertenceu ao Partido Comu- to Muller foi mai, responsável que Getrilio pela deportação de nista até a expulsão de Luis Carlos Prestes do comité central, Ol a. l: ilint,) tinha ódio de PI cste,, estas a empenhado numa seis anos atrás. O depoimento de Maria Werneck de Castro: 5 in ',2a1 1‘;:l p‘>N0,11... ïJ
As mulheres na luta
USeguimos, em Natal, a ordem da Aliança: levantar.53 Gsocondo Dias, secretario geral dn PCB. cabo do
Exer
n,
1935
PRe,
AGEL\104A CENTRAL FIdHA DE DISTRIBUIÇÃO DE DOCUMENTOS
000063
A CE :",) -11 087
)
86
-3JAN86
1. CARACTERIZAÇÃO DO DOCUMENTO DOCUMENTO
MEMO 005-CH/GAB/SNI, de 03 JAN 86 ASSUNTO
CAMPANHA DE PROPAGANDA ADVERSA - TENTATIVA DE REESCREVER A INTENTONA COMUNISTA DE 1935.
REFERENCIA
ANEXOS
W /FM3 03981 430 B1C 135
F
DISTRIBUIÇÃO INICIAL mGTC
ORIGINAL
,zw CHE FE SNI CHEFE AC/SNI
[
CHEFE GAB/SNI
SC.1
CHEFE GAB/AC
SC-2
ri
VICE -CHEFE AC ri ASSESSOR
[1 SC-3
SC4
PRE CE DÉNCIA
ri
SE -07
1 E .08 DI V ADM
[ JSE .09
LJ
—RUBRICA DO RESPONSÁVEL PELA DISTRIBUI CÃO INICIAL
3.ORDENS PARTICULARES
R UBRICA DO RESPONSÁVEL PELAS ORDENS PARTICULARES
1 4 PR OVIDENCIAS
MUI
19
CONFIDENCIAL I--
SERVIÇO ÍJAC/ONAL DE INFORMAÇÕES GABINETE DO MINISTRO MEMORANDO N9
005
/02/CH/GAB/SNI
03 DE JANEIRO DE 1986 XsSUNTO:
CAMPANHA DE PROPAGANDA ADVERSA - TENTATIVA DE REESCREVER A INTENTONA COMUNISTA DE 19 35
RI FF.RFNCIA:
x x x
oRR"
AC/SNI (F.25:6/12/85)
DIFUSÃO:
AC/SNI
ANEXO:
W/FM3/03931/430/B1C/261185
1.
O Exmo. Sr. Ministro-Chefe do SNI aprovou a difusão proposta pc essa Agenria Central.
a
2.
PARA PARA USO DO DESTINATÁRIO
DiESPACHO:
ACOMPANHAR
EMITIR PARECER
1PROFUNDAR
,111íZO SINTÉTICO
REGISTRAR
PROVIDÉNCIAS CABIVEIS
CONHECER
PRODUZIR INFORMAÇÃO
[
1 ARQUIVAR
POSSÍVEL APR( WEITANIEN1f0
1
1 O QUE CONSTA
PIFUNDIR PARA
PROCESSAR
rj< VE R ITEM 1 ACIMA
(
)
CONFIDENCIAL