50ª Semana Mineira de Folclore 1965 - 2016
Folias e os 70 anos de Pesquisa em Minas Gerais 50ª Semana Mineira de Folclore IEPHA MG Rua dos Aimorés, 1697 Data: 24/08/2016 - Quarta Horário: 15h00 as 18h00 VEJA OS CONVIDADOS, ARTIGOS E PROGRAMAÇÃO
Folia Mineira - Autor: Adão Rodriguess
PROGRAMAÇÃO - ESPECIAL
Folias e os 70 anos de Pesquisa em Minas Gerais 50ª Semana Mineira de Folclore IEPHA MG Data: 24/08/2016 - Quarta Rua dos Aimorés, 1697 Horário: 15h00 as 18h00 Temática - Folias e os 70 anos de Pesquisa em Minas Gerais Mesa de conversa com exposição sobre o levantamento do IEPHA sobre Folias em Minas Gerais. Mesa de apresentação da Federação das Folias de Reis no Brasil e em Minas Gerais: Afonso Furtado, Madalena Diniz Bastos. Considerações sobre a trajetória dos estudos das Folias em Minas Gerais a partir das obras dos fundadores da Comissão Mineira de Folclore: Flausino Rodrigues do Vale, Angélica de Resende Garcia: Nossos Avós contavam e cantavam;. João Dornas Filho.
Facilitadores TĂŠcnicos do IEPHA Prof. Moreira Madalena Diniz Bastos Edimilson de Almeida Pereira
SEMANAS MINEIRA DE FOLCLORE As Semanas Mineiras de Folclore foram instituídas por inspiração da Comissão Mineira de Folclore pelo, então, Governo Magalhães Pinto, no ano de 1965. Mas, há lembrar que essas semanas têm antecedentes. Em primeiro lugar, os fundadores da Comissão Mineira de Folclore participaram das Semanas Nacionais de Folclore criadas pela Comissão Nacional de Folclore. A transformação das Semanas Nacionais de Folclore em Congressos Brasileiros de Folclore foram oportunidade de todas as Comissões Regionais se reunirem em diferentes capitais. Com o recesso desses congressos, alguns membros da Comissão Mineira de Folclore se valeram de instituir a Semana Mineira de Folclore, no ano de 1965. Isso aconteceu em época em que havia uma secretaria de Estado denominada de “Secretaria de Estado do Trabalho e da Cultura Popular”. Vale chamar a atenção para esse nome. No interior dessa secretaria a Cultura Popular se juntava ao Departamento da Habitação Popular. Mari'Stella Tristão narra esse momento: Para quem não conhece os antecedentes, vale a pena esclarecer, que em 1965, durante o governo Magalhães Pinto, a Secretaria de Trabalho e da Cultura popular, então dirigida pelo dr. Jenner José de Araújo promoveu a 1ª Semana de Folclore , instituída pelo Decreto nº 8307 de 13 de maio de 1965 assinado pelo governador do Estado. (...)
Nelson de Figueiredo, chefe do Departamento de Cultura Popular daquela Secretaria, o coronel folclorista Saul Martins e a autora desta coluna [Mari'Stella Tristão] compunham a equipe criadora e coordenadora de um programa que foi cumprido na semana de 16 a 22 de agosto, intitulada “1ª Semana Mineira de Folclore” e que constou de conferências proferidas por Aires da Mata Machado, Saul Martins, Edison Carneiro, Espetáculos de danças folclóricas, desle de 2.000 congadeiros, dramatização de episódios relativos à escravatura, exposição de artesanato, inédita em Belo Horizonte, tudo foi feito naquela semana. A promoção culminou com a criação do Museu de Arte Popular pelo Decreto nº 8474 de 2 de junho de 1965 cuja direção foi entregue ao professor Saul Martins. Mari'Stella Tristão informa, em seguida, que as semanas mineiras de folclore continuaram nos anos seguintes promovidas pelo “Conservatório Mineiro de Música” – atual Escola de Música da UFMG. Desse modo a série prosseguiu sem interrupção. Contudo, no ano de 1969, o professor Washington Peluso Albino de Souza , também membro da Comissão Mineira de Folclore, assumiu a direção do Centro de Estudos Mineiros que era nessa época órgão da estrutura suplementar da Reitoria da UFMG. Nessa mesma época a Universidade ensaiava a implantação de programas de Extensão Universitária coordenados pelo Conselho de Extensão – hoje, Pró-Reitoria de Extensão. Surgiu, então a Primeira Semana de Folclore da UFMG com um plano ambiciosíssimo, como tudo que saía da cabeça do professor Washington Peluso Albino. Nessa série inagurada em 1969 a Comissão Mineira era uma das parceiras, juntamente com o Governo do Estado, a Campanha de Defesa do Folclore,o IBECC e as principais unidades da Universidade. Parece que as Semanas Mineira de Folclore e as Semanas de Folclore da UFMG permaneceram juntas até o ano de 1971.
Nesse ano, quando o Diretor Executivo do Conselho de Extensão nomeou um de seus assessores para coordenar a III Semana de Folclore da UFMG, a senhora Mari'Stella Tristão como assessora do Departamento de Turismo da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte entendeu promover a Semana Mineira de Folclore sem vínculo com a UFMG. Passou a haver uma divisão do trabalho altamente instigante: O Folclore para o Turismo e o Folclore para chamar a atenção da Universidade sobre o saber popular. Estamos, hoje, realizando a 50ª Semana Mineira de Folclore e esperamos tornar cada vez mais tradicional esse compromisso. Tradicional compreendido como aquilo que se mostra necessário à compreensão do Saber Viver em Minas Gerais.
ARTIGO
Ainda há espaço para folias? de José Moreira de Souza
Ainda há espaço para folias? José Moreira de Souza
Nos cursos de pós-graduação em Folclore e Cultura Popular, promovidos pela Comissão Mineira de Folclore em parceria com o Unicentro Newton Paiva, foram elaboradas duas monograas tendo como foco as Folias de Santos Reis. A primeira, de Kátia Cupertino, que presidiu a Comissão Mineira de Folclore, no período de 2004 a 2007; e a segunda de Adriana Alice de Andrade Mesquita. A monograa de Kátia tinha como objeto compreender a presença do lundu na folia de reis, e tomava como referência essa prática ritual na comunidade de Justinópolis – município de Ribeirão das Neves -; a de Adriana concentrava-se nas folias existentes na cidade de Três Pontas, no Sul de Minas, atenta para a presença de 50 ternos de reis cujo grande congraçamento ocorre, ou ocorria, no dia de Santos Reis. Para o estudo das folias de Três Pontas, Adriana cuidou de registrar diferenças e semelhanças dessas manifestações no Brasil e ponderou: Como sabemos há inúmeras diferenças entre as companhias de região para região, essas diferenças existem e são muitas, não havendo explicação teórica para isso, apenas que conforme a tradição variam. Por exemplo no norte do Brasil é comum haver “bois” nas companhias enquanto que no sul de Minas não existe; também há companhias que existem a presença de mulheres e outras não. A Companhia de Reis conforme a região varia de nome como: Folia de Santos Reis, Companhia dos Três Reis Santos, Reisado, Reis, Folia, Bandeira de Santos Reis. E desta maneira seus integrantes também variam. Todas são compostas por pessoas devotas aos santos reis que ritualizam no período natalino a procura dos três reis magos pelo menino Deus.
Concluindo o que deve ser ressaltado em todas essas manifestações é a devoção ao sagrado, independente de como é feito, como, que circunstâncias, a fé que o povo tem, sendo portanto a característica principal dessas manifestações. Além desta característica essencial, percebemos ainda que se trata de um grupo social que promove uma manifestação folclórico-devocional caracterizada pela religiosidade e sociabilidade. A Companhia de Reis serve como aglutinante social, isto devido ao caráter religioso que possui. A fé move e impulsiona este povo simples. As camadas mais altas da sociedade embora prevaleçam hierarquizadas, durante o ciclo natalino interagem, a coesão é provocada pelo espírito natalino, de fé, dádiva e devoção. As companhias embora sejam integradas pela camada subalterna da população, arrebanham muitos éis devotos de todas as camadas ,seguidores na sua jornada. Muitas pessoas não participam da manifestação, mas colaboram e recebem os foliões de bom coração e desta maneira também fazem doações, é um esquema de reciprocidade, dar o que podem e receber a benção da bandeira. Há, porém, aspectos que merecem consideração. Em primeiro lugar, podem-se considerar as folias em geral como um gênero de saber fazer a festa. Folias de Reis, Folias de São Sebastião, Folias de São José, Folias do Divino, Folias de Santo Antônio, São João e São Pedro, Folias de São Gonçalo, Folias de Nossa Senhora do Rosário. Enm, folias que anunciam a festa. No caso das festas do Rosário, São Benedito, Santo Elesbão, Santa Egênia e Nossa Senhora das Mercês a marca de folia centra-se no candombe. Examinadas sob essa óptica, as folias demarcam a entrada na Festa e merecem um nome genérico: Entrudo. Consequentemente, as folias são carnavalescas. Anunciam, a seu modo, a Entrada da festa com alegria incontida. São, o que diz
Bakhtin, oportunidades para o “riso, geral, aberto, franco e arrasador”. Às vezes, nem tanto, mas sempre oportunidade de rir. Nossa atenção para as folias de reis, xa a origem ibérica, e a relação com o catolicismo popular, em que festa, alegria e riso são companheiros – há sempre um bufão no meio. A atenção para folias é constante nos estudos de Folclore em todo o Brasil. Origens açorianas em Santa Catarina, relação entre candombe e festa de Reis, revelada por Afonso Furtado, fundador da Federação das Folias de Reis, e de quase todos os membros fundadores da Comissão Mineira de Folclore. A presença de máscaras ou a ausência demarcam a submissão maior ou menor das folias à “urbanidade” e à “civilização”. Isto nos autoriza a armar que, quanto menos riso uma folia favorece, tanto mais agentes externos inuíram nessa manifestação como provocadora do riso conservador. Há que entender como riso conservador, aquelas oportunidades em que as pessoas riem para manifestar discordância e desprezo. O riso geral é sempre transformador. Folia tal e qual e carnaval mal comportado são irmãos gêmeos. Diferentemente do carnaval dos desles e das folias submissas à ordem policial.
50ÂŞ Semana Mineira de Folclore