LANÇAMENTO DE PUBLICAÇÃO - 50ª SEMANA MINEIRA DE FOLCLORE

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50ª Semana Mineira de Folclore 1965 - 2016

Lançamento de Publicação 50ª Semana Mineira de Folclore Acadêmia Mineira De Letras Data: 20/08/2016 - Sábado Horário: 15h00 as 18h00

VEJA OS CONVIDADOS, ARTIGOS E PROGRAMAÇÃO 1 Web-livre é web–lendo" - Aquarela 21x29cm - 2016 - Autor: Adão Rodriguess


convidados - Tita Maria José de Souza

Antônio de Paiva Moura 22

Frei Chico


convidados Joana Ortigão

José Moreira 3

Romeu Sabará


PROGRAMAÇÃO

Lançamento de Publicação 50ª Semana do Folclore Academia Mineira de Letras Data: 20/08/2016 Horário: 15h00 as 18h00 Lançamento da Obra: Reinado e Poder de Maria José de Souza Ação seguida de bate papo com pesquisadores convidados. Convidados: Maria José de Souza (Comissão Mineira de Folclore) Antônio de Paiva Moura (Comissão Mineira de Folclore) Frei Chico (Comissão Mineira de Folclore) Joana Ortigão (Comissão Mineira de Folclore) Romeu Sabará (Comissão Mineira de Folclore) Professor Moreira (Comissão Mineira de Folclore)

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LANÇAMENTO


SEMANAS MINEIRA DE FOLCLORE As Semanas Mineiras de Folclore foram instituídas por inspiração da Comissão Mineira de Folclore pelo, então, Governo Magalhães Pinto, no ano de 1965. Mas, há lembrar que essas semanas têm antecedentes. Em primeiro lugar, os fundadores da Comissão Mineira de Folclore participaram das Semanas Nacionais de Folclore criadas pela Comissão Nacional de Folclore. A transformação das Semanas Nacionais de Folclore em Congressos Brasileiros de Folclore foram oportunidade de todas as Comissões Regionais se reunirem em diferentes capitais. Com o recesso desses congressos, alguns membros da Comissão Mineira de Folclore se valeram de instituir a Semana Mineira de Folclore, no ano de 1965. Isso aconteceu em época em que havia uma secretaria de Estado denominada de “Secretaria de Estado do Trabalho e da Cultura Popular”. Vale chamar a atenção para esse nome. No interior dessa secretaria a Cultura Popular se juntava ao Departamento da Habitação Popular. Mari'Stella Tristão narra esse momento: Para quem não conhece os antecedentes, vale a pena esclarecer, que em 1965, durante o governo Magalhães Pinto, a Secretaria de Trabalho e da Cultura popular, então dirigida pelo dr. Jenner José de Araújo promoveu a 1ª Semana de Folclore , instituída pelo Decreto nº 8307 de 13 de maio de 1965 assinado pelo governador do Estado. (...) 6


Nelson de Figueiredo, chefe do Departamento de Cultura Popular daquela Secretaria, o coronel folclorista Saul Martins e a autora desta coluna [Mari'Stella Tristão] compunham a equipe criadora e coordenadora de um programa que foi cumprido na semana de 16 a 22 de agosto, intitulada “1ª Semana Mineira de Folclore” e que constou de conferências proferidas por Aires da Mata Machado, Saul Martins, Edison Carneiro, Espetáculos de danças folclóricas, desle de 2.000 congadeiros, dramatização de episódios relativos à escravatura, exposição de artesanato, inédita em Belo Horizonte, tudo foi feito naquela semana. A promoção culminou com a criação do Museu de Arte Popular pelo Decreto nº 8474 de 2 de junho de 1965 cuja direção foi entregue ao professor Saul Martins. Mari'Stella Tristão informa, em seguida, que as semanas mineiras de folclore continuaram nos anos seguintes promovidas pelo “Conservatório Mineiro de Música” – atual Escola de Música da UFMG. Desse modo a série prosseguiu sem interrupção. Contudo, no ano de 1969, o professor Washington Peluso Albino de Souza , também membro da Comissão Mineira de Folclore, assumiu a direção do Centro de Estudos Mineiros que era nessa época órgão da estrutura suplementar da Reitoria da UFMG. Nessa mesma época a Universidade ensaiava a implantação de programas de Extensão Universitária coordenados pelo Conselho de Extensão – hoje, Pró-Reitoria de Extensão. Surgiu, então a Primeira Semana de Folclore da UFMG com um plano ambiciosíssimo, como tudo que saía da cabeça do professor Washington Peluso Albino. Nessa série inagurada em 1969 a Comissão Mineira era uma das parceiras, juntamente com o Governo do Estado, a Campanha de Defesa do Folclore,o IBECC e as principais unidades da Universidade. Parece que as Semanas Mineira de Folclore e as Semanas de Folclore da UFMG permaneceram juntas até o ano de 1971. 7


Nesse ano, quando o Diretor Executivo do Conselho de Extensão nomeou um de seus assessores para coordenar a III Semana de Folclore da UFMG, a senhora Mari'Stella Tristão como assessora do Departamento de Turismo da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte entendeu promover a Semana Mineira de Folclore sem vínculo com a UFMG. Passou a haver uma divisão do trabalho altamente instigante: O Folclore para o Turismo e o Folclore para chamar a atenção da Universidade sobre o saber popular. Estamos, hoje, realizando a 50ª Semana Mineira de Folclore e esperamos tornar cada vez mais tradicional esse compromisso. Tradicional compreendido como aquilo que se mostra necessário à compreensão do Saber Viver em Minas Gerais.

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ARTIGOS

REINADO E PODER NO SUL DAS MINAS GERAIS de José Moreira de Souza

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REINADO E PODER NO SUL DAS MINAS GERAIS José Moreira de Souza

POÇOS DE CALDAS EM FESTA Foi no dia 5 de março que nossa companheira de Comissão Mineira de Folclore, Maria José de Souza - Tita -, apresentou a Poços de Caldas seu estudo sobre o “REINADO E PODER NO SUL DAS MINAS GERAIS”. Esta obra como já foi comentado nesta página, examina as diferentes manifestações do Reinado em sete cidades do Sul de Minas: São Sebastião do Paraíso, Machado, Pratápolis, Cássia, Passos, Alpinópolis e Poços de Caldas, mas vai muito além disso. Percorre a formação espacial do Brasil com atenção para os movimentos em direção às Minas do Ouro, a ocupação diferenciada do Sul de Minas, a divisão territorial e a estrutura de poder e as “Festas dos Negros” no interior da ordem escravista e sua mensagem libertadora ou de resistência. O Reinado e as Congadas merecem especial atenção, não apenas como manifestação da cultura, mas, especialmente como saber que sintetiza formas de interpretação do viver em condição de dominação. Há em Poços de Caldas uma instituição sui generis atualmente presidida por nossa Maria José – Tita -; trata-se do “Chico Rei Clube”. É um nome emblemático que coloca essa cidade quase nos limites com São Paulo, saudosa o espírito do saber viver em Minas Gerais. Em Minas houve muitos quilombos; os quilombolas assustavam a ordem colonial a todo momento. O Quilombo Grande ou do Ambrósio tornou-se desao para os historiadores. Contudo, Chico Rei, ao sintetizar o saber viver e interpretar as relações étnicas em Minas, contém mensagem diferente do quilombola. Arma o crioulo; aquele que sabe a riqueza que produz e abre oportunidade para seus companheiros de infortúnio celebrarem a Liberdade. A obra se apresenta em sete capítulos: 1. Os descaminhos do processo civilizatório no Sul das Minas Gerais. 2. Da permissão de organização: um Reinado Fictício. 3. Fé, tambores, Cores e Sabores. 4. A Congada e suas relações mais expressivas. 5. Elementos de conguração dinâmica. 6. Trabalho, cultura, pertencimento e poder. 7. Análise sintetizadora do fenômeno. 10


Além de inúmeras guras colorias ilustrativas, há anexos documentais em diversos capítulos apresentados em edição primorosa. Para ser el ao movimento dos folcloristas, Tita doou aos leitores estudiosos não apenas o resultado de 40 anos intensamente dedicados aos temas analisados, mas todos os recursos pessoais para garantir a qualidade da edição. É certo que a obra recebeu recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Poços de Caldas. Isto lhe possibilitou remunerar a Mazza Edições com o sinal de R$15.000,00. Os restantes R$17.000 são da Caderneta de Poupança da própria autora, Maria José de Souza - Tita. Não bastasse esse mecenato, Tita doou a todos os que contribuíram para a elaboração da obra um exemplar com dedicatória cheia de delicadezas. Reservou 50 exemplares para a Comissão Mineira de Folclore promover o lançamento em Belo Horizonte e nos homenageou com na página de “Dedicatória” com os seguintes dizeres: “Aos companheiros e companheiras da Comissão Mineira de Folclore, pela coragem”. É claro que Poços de Caldas se engalanou na noite do dia 5 de março. O salão principal do Hotel Nacional – um dos mais nobres da cidade – se encheu de convidados, jornalistas, repórteres de rádio e televisão registravam o acontecimento para o mundo. Quase trezentas pessoas aplaudiram a autora, professora Maria José e longas las aguardaram pacientemente o autógrafo. A convite da autora, coube ao representante da Comissão Mineira de Folclore saudar o público e comentar rapidamente a importância de “Reinado e Poder” para o estudo da formação histórica do Sul de Minas e o processo das relações étnicas em região de mineração, pecuária e agricultura para exportação. Lançamento solene na 50ª Semana Mineira de Folclore Nossa companheira, Tita, estará lançando solenemente no dia 20 de agosto, na Quinquagésima Semana Mineira de Folclores uma das obras mais importantes 11


sobre a formação espacial de Minas Gerais, com atenção para o Sul de Minas, o processo de ocupação, a divisão do trabalho e o saber dos povos escravizados no interior dos processos históricos. Trata-se de uma obra que nasce clássica. Sua leitura há de se impor em todas as áreas do saber humanístico, de literatura, história social e política, economia política, ciências sociais, estudos losócos e pedagógicos, artes, dança, música e tudo que a divisão do trabalho intelectual vem insistindo em criar especializações. Há que ressaltar o pioneirismo da obra. Sem pretensão de ordenar a importância enumero o valor da contribuição. 1. Muito antes de os estudos do Congado – Reinado – interessarem ao registro do Patrimônio Imaterial, Maria José – Tita – desenvolveu levantamento sistemático das manifestações do Reinado em sete cidades Passos, Pratápolis, Cássia, Alpinópolis, Poços de Caldas, São Sebastião do Paraíso e Machado. Sob esse ponto de Vista Reinado e Poder anuncia há 40 anos como se deveria promover o estudo do “Congado” para promover o Registro do Patrimônio Imaterial. Merece lembrar também o apreço da Comissão Mineira de Folclore pelo tema e pelo processo, há quase 70 anos, quando desenvolveu o primeiro estudo sobre o Congado na oportunidade de celebração dos 50 anos de Abolição da Escravatura. 2. O estudo de Tita se faz não sobre o Congado ou o Reinado como categorias abstratas, recheadas de casos e exemplos escolhidos para justicar permanências, mas sobre o Reinado localizado, interpretado segundo a ordem local, suas relações próximas ou distantes. 3. O estudo é feito fundamentado na história da autora. Ou seja, não se trata de um despertar acadêmico para oportunidade de cobrir áreas no vazio, mas de aprofundar o saber pessoal e publicizá-lo tanto para os pares de vivência, quanto para os que se julgaram competentes para dizer e interpretar. Sob esse ponto de vista, é obra focada no “saber local” o que não é outra coisa que obra de folclorista no sentido mais exato. Tita é 12


mestiça, lha de descendentes da Lei do Ventre Livre e da Lei Áurea da Princesa Izabel, vivenciou o trabalho doméstico e descortinou nas frestas das políticas de educação oportunidades de para se inserir no mercado de trabalho a partir da compreensão dos cursos voltados para o comércio – Contabilidade. 4. É obra que convoca as especialidades acadêmicas a examinarem os pontos cegos das abordagens especializadas. Tita cursou mestrado na Bahia – UFBA -, e especialização em Antropologia, Metodologia de Educação e Pesquisa Interdisciplinar, Filosoa e Folclore, na UNICAMP. 5. Finalmente, é obra que merece ser apresentada num seminário em cuja mesa estejam presentes, tanto pessoas do IPHAN/IEPHA, quanto nossos companheiros da Comissão Mineira de Folclore: Romeu Sabará, Edimilson de Almeida Pereira, Carlos Felipe de Mello Marques Horta, Kátia Cupertino, Juliana Garcia, Antônio de Paiva Moura, Frei Francisco van der Poel, Frei Leonardo Lucas Pereira, e Antônio de Oliveira Melo. A esses companheiros, acrescento os professores doutores da FAFICH – UFMG e todos que em algum momento se dedicaram ao estudo do Reinado, do Congado, das manifestações afro-brasileiras. Esta obra de Tita nos dá a dimensão de estudos do saber crioulo como o revelado em "O Antropólogo e sua Magia" - tese de doutorado de Vagner Gonçalves da Silva.

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50ÂŞ Semana Mineira de Folclore

Academia Mineira de Letras 15


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