Igreja Viva e Peregrina Ano XV - Nº 95 - Novembro / Dezembro 2012 Publicação Bimestral da Paróquia São Roque
O NATAL DO SENHOR!
da poesia que é a própria vida. Porém, para se conservarem como valores cristãos devem estar iluminados pela fé. Qual é a mensagem que Lucas e Mateus intencionaram com a história da infância de Jesus? Atrás da simplicidade de algumas cenas esconde-se uma teologia profunda e pensada até nos seus mínimos detalhes. A infância de Jesus é pensada e escrita à luz da teologia e da fé que se criara ao redor de sua vida, morte e ressurreição. A fé professava que Jesus é o Salvador, o Messias, o Profeta anunciado, o Sentido de tudo - o Verbo. Mas uma pergunta instigava os apóstolos: em que momento de sua vida Deus instituiu Jesus como Salvador? A pregação mais antiga responde: na morte e na ressurreição - 1Cor 15,3-8; At 10,34-43. Marcos que escreveu por volta dos anos 67 afirma: com o batismo de Jesus, Jesus foi ungido pelo Espírito e proclamado Messias. De fato, o Evangelho de Marcos começa com o batismo do Senhor. Mateus e Lucas que escreveram por volta dos anos 85 respondem: Desde o nascimento, Jesus é o Messias esperado. Inclusive, toda a história da salvação caminha para ele. Por fim, João, por volta do anos 100, herdando uma longa e profunda meditação sobre quem era Jesus responde: Jesus era Filho de Deus já antes de ter nascido, em sua preexistência junto a Deus, muito antes da criação do mundo porque no princípio era a Palavra. A fé procura entender - Todo esse processo é fruto do amor. Quando se ama uma pessoa, procura-se saber tudo dela: sua vida, seus interesses, sua infância, sua família, seus antepassados etc. O amor vê mais longe que o frio raciocínio. A Ressurreição revelou as verdadeiras dimensões da figura de Jesus: ele interessa não só aos judeus (Abraão), nem só aos homens todos (Adão), mas até o universo porque “sem ele nada se fez de tudo o que foi criado” (Jo 1,3). O sentido teológico dos relatos da infância não é tanto narrar fatos do nascimento de Jesus mas, através da roupagem de narrações teológicas, anunciar para as comunidades dos anos 80-90 quem é e o que é Jesus de Nazaré. Ele é o Salvador, o Filho de Deus, o Verbo encarnado. Portanto, deve-se buscar menos história e mais mensagem de fé. Pe. Daniel Balzan - Pároco Concílio Vaticano II - Parte 2 Parabéns, Pe. Daniel! Catequese / Movimento Mãe Peregrina Avaliação Bíblica / Humor / Agenda Paroquial Viagem à Terra Santa Comunidades / Pastoral da Juventude Catequese de Iniciação à Vida Cristã Festa do Divino 2013 Festas de Agosto 2013 Álbum dos Ex-Festeiros (53) Expediente
Pág. 02 Pág. 02 Pág. 02 Pág. 03 Pág. 04 Pág. 05 Pág. 06 Pág. 07 Pág. 07 Pág. 08 Pág. 08
“... Juntos, demos o primeiro passo, mas a caminhada é longa! A nossa Comunidade Paroquial está de braços abertos para acolhê-los!... ” (Página 06)
Estando no “Ano da Fé”, inaugurado recentemente pelo Papa Bento XVI, torna-se necessário situar o Natal no ensinamento do Concílio Vaticano II. O Documento que fala do Natal do Senhor é a Constituição sobre a Liturgia: Sacrosactum Concilium. Este escrito é o 1º documento promulgado pelo Concílio, que afirma: “no dia que a Igreja chamou Domingo, a Santa Mãe Igreja comemora a Ressurreição do Senhor, celebrando-a uma vez também, na solenidade máxima da Páscoa, juntamente com sua sagrada Paixão. No decorrer do ano, revela o Mistério de Cristo, desde a Encarnação e Natividade até a Ascensão, o dia de Pentecostes e a expectação da feliz esperança e vinda do Senhor” - SC 102. Por isso, o Ano Litúrgico se constrói sobre o seguinte esquema: Ciclo Natalino: Advento, Natal e Tempo do Natal; Ciclo Pascal: Quaresma, Semana Santa, Páscoa, Tempo Pascal e Pentecostes; Tempo Comum: Festa da Santíssima Trindade, Vida Pública de Jesus e Cristo Rei. O Ciclo Pascal é o mais antigo. Portanto, antecede o Ciclo Natalino. Primeiramente, os cristãos celebravam a Páscoa do Senhor. Não havia outras festas além da Páscoa. E isto era feito semanalmente: “Eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, no repartir do pão e nas orações” (At 2,42); “No primeiro dia da semana, estávamos reunidos para fração do pão” (At 20,7). Natal na História - Quando, onde e como surgiu a festa litúrgica do Natal? Esta festa surgiu na Igreja de Roma. No ano 336 tem notícia de uma festa do Natal em Roma, onde era celebrada a 25 de dezembro. Por Santo Agostinho conseguimos saber que, também na África, mais ou menos na mesma época, se celebrava o Natal em data idêntica. No fim do Sec. IV, a festa já se acha estabelecida no norte da Itália e o que acontece também na Espanha. No mesmo período, também em Antioquia se celebrava o Natal a 25 de dezembro como festa vinda de Roma. Nesta cidade, porém, havia outra festa celebrada a 6 de janeiro Epifania. Conforme São João Crisóstomo - 349 - esta festa celebrada em janeiro, comemorava o nascimento e o batismo de Jesus. Isto significa que, inicialmente, as duas festas, Natal e Epifania, constituíam uma única festa que tinha um único objetivo: a Encarnação do Verbo. Ambas as festas eram celebradas com nomes, acentuações e datas diferentes no Oriente e no Ocidente: Ocidente - 25 de dezembro – Natal; Oriente - 6 de janeiro - Epifania. Origens - 25 de dezembro não é a data histórica do nascimento de Jesus. Foi escolhida na tentativa, pela Igreja de Roma, de suplantar a festa pagã do “Natalis Solis Invicti”. O culto do sol estava muito em voga nesse período de paganismo. Celebrava-se o solstício do inverno com celebrações solenes. A Igreja convidou os cristãos a considerarem o nascimento de Cristo, verdadeira luz que ilumina todo homem. Natal nos Evangelhos - Os trechos bíblicos que falam do Natal se encontram em Mateus e Lucas. Atrás dos relatos da infância se esconde um trabalho teológico muito profundo num esforço de decifrar o mistério de Jesus e anunciá-lo para os fiéis dos anos 75-85. No presépio, diante do Menino na manjedoura, a Virgem e o Bom José, os pastores e as ovelhas, a estrela, a natureza, o universo das coisas e dos homens se congraçam e reconciliam. O Mundo da Infância - No dia do Natal todos nos tornamos meninos e deixamos que, uma vez pelo menos, o pequeno príncipe que mora em cada um de nós, fale a linguagem inocente das crianças que se fascinam diante do presépio, das velas acesas e das bolas cristalinas. O homem mergulha no mundo da infância, do simbólico e