Março 2021 / Covid-19
“Carregou sobre si as nossas dores!” (Is 53,4) Estamos ainda na Quaresma e daqui algumas semanas entraremos na Semana Santa. No intuito de manter a Família Paroquial viva e irmanada neste tempo difícil de COVID-19, reunimo-nos sistematicamente em torno da mesa Eucarística. Percorremos também o itinerário do Senhor rumo ao Calvário, pela prática penitencial da Via-Sacra. Neste ato de piedade, acompanhamos a Via Dolorosa em tempo de COVID-19, e reconhecemos Jesus se identificando com as vítimas da Pandemia. Vemos personagens bíblicas como Simão de Cirene, a Verônica e a própria Mãe de Jesus caminhando conosco nesta Via Dolorosa que o mundo passa. Vivenciamos o drama de tanta gente caída, sendo despojada de suas vestes, e marcamos presença silenciosa nos velórios de pessoas anônimas enterradas em covas improvisadas! Já se completa um ano que o Santo Padre, por ocasião da Semana Santa do ano passado, dispensou os católicos do preceito dominical e abriu as portas para as transmissões online das celebrações litúrgicas nas Igrejas, sem a participação presencial de fiéis. A Pandemia estava ainda no início, dizimando multidões, implantando terror e espalhando perplexidade nas nações do mundo. As coisas pouco mudaram depois daquele tempo e a Pandemia não deixa sinais de recuo! Uma parte da sociedade ficou insatisfeita com o isolamento e distanciamento social e, aos poucos, foi sendo iniciada uma abertura gradual e segura do comércio e estabelecimentos públicos. Muito em breve, veremos, finalmente e para a nossa alegria, as portas da nossa Igreja Matriz sendo abertas durante o dia para visitação e oração pessoal dos fiéis. Isto traz um “novo ar” para os fiéis. Não devemos ter a ilusão de que a vida voltará ao normal rapidamente! Somos obrigados a conviver com este mal por longo tempo ainda! A abertura da Matriz servirá apenas como sinal de amparo e acolhida. Continuará tendo acesso limitado ao recinto interior do Templo. Não se trata de uma “liberação geral”, pois, isto trará consequências e colocará a Paróquia na contramão da defesa da vida. Não obstante isso, com a vacinação em andamento, feixes de luz despontam no horizonte, trazendo consigo esperança.
Edição Especial nº 26
Tudo isso coincide também com a visita do Santo Padre ao Iraque nos dias 5 a 8 de março último. Em plena Pandemia e em meio a tantas hostilidades entre grupos rivais, Francisco decididamente marcou presença numa terra banhada de sangue. Levou-nos consigo para ver de perto as chagas abertas, no corpo de famílias e grupos humanos. Carregou nos ombros cansados as cruzes da humanidade; demonstrou no corpo curvado e no seu semblante, as chagas abertas pelo “Pecado do Mundo” e pelos pecados individuais. Francisco buscou ser para o mundo “Sinal” de que a paz e a amizade social são possíveis. O gesto do Santo Padre vai o encontro de sua última carta Encíclica “Fratelli Tutti” (Todos Irmãos). Ele reconhece que “a paz social é laboriosa e artesanal” (FT-217). O Mundo carece de líderes capazes de conduzir pelo caminho da “Cultura do Encontro”! Faltam figuras referenciais que, por seu testemunho, levam a fechar feridas nos próprios países e no mundo! Faltam artesãos e arquitetos da paz mundial (FT-225). A advertência de Francisco serve muito para nós, num país dividido e padecente como o nosso! Tudo isso é Quaresma: caminho em direção à Páscoa do Senhor! O percurso é árduo e cheio de obstáculos, porém, a Ressurreição do Senhor mantém viva em nós a esperança! Desde já, feliz Páscoa para todos! Pe. Daniel Balzan - Pároco