Natal 2014 Edição Especial nº 09
Publicação Especial da Paróquia São Roque - Diocese de Osasco
O LUGAR PREDILETO DO SALVADOR: A MANJEDOURA Lucas relata no seu Evangelho: “Enquanto estavam em Belém, se completaram os dias para o parto, e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou, e o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles dentro da casa.” (Lc, 2,6-7) Começamos a nossa catequese a partir deste versículo de Lucas: “Não havia lugar para eles na casa”. Que casa era essa? A palavra grega usada por Lucas significa “lugar onde se encontram caravanas” – “Caravançarai”. Este tipo de alojamento indica lugar preparado para receber grande número de pessoas. Portanto, a palavra pode ser traduzida por hospedaria, pensão ou pousada. E, como as caravanas envolviam animais, supõe-se que tais alojamentos comportavam normalmente uma estrebaria, ou seja, local para se guardar coches e carroças. “E Maria enfaixou o menino e o colocou na manjedoura”. Daí, com razão, se deduz que Jesus nasceu num estábulo local onde são alojados os animais. E foi colocado na manjedoura - o lugar onde esses se alimentavam. Geralmente, a manjedoura se encontrava numa das paredes do estábulo, um metro acima do chão, na altura da cabeça de um animal. Ou seja, o ambiente para o recém-nascido não era nada confortável. Jesus Messias nasceu num lugar que a mente humana nunca chegava a imaginar. E mais ainda, tendo como berço uma manjedoura cheia de capim! E por que na arte cristã aparece a gruta? Desde sempre pastores da região circunvizinha de Belém se usaram das grutas para o abrigo dos animais. São Justino (+ 165) e Orígenes (+ 254) registram em seus escritos que Jesus teria nascido numa gruta. Portanto, não há nada de inconveniente colocar a Sagrada Família abrigada numa gruta na noite de Natal! Presépio é exatamente isso. E como entraram o jumento e o boi? Observa-se que nem Mateus nem Lucas contemplam esses animais nos seus relatos natalinos. Então como o jumento e o boi apareceram? Relendo o Antigo Testamento à luz de Jesus, o leitor atento se depara com uma frase do profeta Isaías. Este profeta chama a atenção de seus contemporâneos quanto à obstinação e revolta do povo contra Deus seu Criador. O povo é comparado a um animal doméstico indomável: boi e jumento não domesticados. No entanto, o profeta prega a palavra e esta toca e transforma o coração duro. Aí ele afirma: “O boi conhece o seu dono, e o jumento, a cocheira do seu dono, mas Israel é incapaz de conhecer, o meu povo não pode entender” (Is 1,3). Isto pode nos ensinar que o boi e o jumento representam a humanidade que por si mesma não compreende nem aceita Deus em seu meio. Ela é de cabeça dura. Mas, diante do Menino, isto é, diante da manifestação humilde de Deus na manjedoura, chega a entender. Deus se revela aos pequeninos e somente estes enxergam a epifania de Deus. Por isso, Bento XVI exorta: “Nenhuma representação do presépio prescindirá do boi e do jumento”.
O PRESÉPIO DA IGREJA MATRIZ Todos os anos, a Paróquia confecciona o presépio na Igreja Matriz para conhecimento dos fiéis. Enquanto na Praça construíram a casa do Papai Noel, onde Jesus parece que não tem mais lugar, a Paróquia traz o presépio na sua originalidade e beleza. O presépio deste ano apresenta o tema da Paz - a proposta do Papa Francisco para o ano de 2015: “Ano da Paz” e também o “Ano dedicado à Vida Religiosa”. O presépio contempla este tema. Basta se aproximar dele, fixar o olhar nas personagens e contemplar os detalhes nele contidos. Tudo chama a nossa atenção. Tudo é belo e prende o nosso pensamento! O presépio apresenta, no lado direito, o nascimento de Jesus na Gruta de Belém. Os primeiros a visitar o menino são os pastores. Estes ficam irradiados quando recebem a mensagem do anjo: “Hoje nasceu para vós o Salvador, na cidade de Davi. Haverá um sinal, encontrarão um recém-nascido, envolto em faixas e deitado na manjedoura.” (Lc 2,11-12). De repente, juntou-se ao anjo uma grande multidão de anjos cantando: “Deus quer paz. Nasceu o Príncipe da Paz. Paz no céus e paz na terra.” (cf Lc 2,14). Porém a paz não é apenas um dom de Deus, ela é também um esforço humano; uma busca constante do ser humano. Os magos do Oriente buscam alguém muito especial - o Príncipe da Paz. Ao encontrá-Lo, ficam irradiantes. Levam consigo presentes: ouro, incenso e mirra. Localizam o menino, ajoelham-se diante d’Ele e O adoram. Por que o ouro, o incenso e a mirra? O que Jesus ia fazer com esses presentes? Qual a intenção de Mateus ao relatar isso? Os magos reconhecem em Jesus o verdadeiro Príncipe (ouro), o verdadeiro Senhor (incenso) e o verdadeiro irmão (mirra). Localizam o menino através da estrela. Finalmente, um detalhe: o boi e o jumento. Pergunta-se: como que esses animais entraram no presépio? Os relatos natalinos de Mateus e Lucas não contemplam estes animais. Então, por que foram parar perto da manjedoura do Senhor? Nós já demos a resposta disso no texto acima: essas criaturas representam cada um de nós. Que a estrela do Natal brilhe em nosso caminho e nos leve até o Menino! Amém! Pe. Daniel Balzan - Pároco