CONCEITO A ARQUITETURA | DESIGN | ARTE | ESTILO DE VIDA
O design
boa mesa
da
chefs e ingredientes espaços criativos ideias deliciosas Roberta Sudbrack Felipe Bronze Sept aujour Cadas Abranches Ascânio MMM Andrea Marques Em 2 Design Mauricio Nóbrega Paola Ribeiro In Town Group Mucki Skowronski Cristiano Riberio do Valle Fernanda Marques ABS Rio
Cozinhas incríveis
Sim, todo mundo quer ter uma
capa_CA15.indd 1
19.08.13 16:47:54
Foto: Renato Elkis
ArtefActo por M么nicA Gerv谩sio
RIO DE JANEIRO: CASASHOPPING - Av. AyrtON SeNNA, 2.150 - BlOCO K | t.: 3325 7667 www.ArtefACtO.COm.Br
bbec
fotos: Ox Foto Fotografe o cテウdigo e surpreenda-se
RIO
DE
JANEIRO
-
casashopping
1ツコ
piso
tel:
Sテグ PAULO - al. gabriel monteiro da silva, 820
21
2108
8244
tel: 11 3062 5052
D&D shopping piso superior tel: 11 5506 5248 | shopping lar center piso B tel: 11 2252 2903 | outlet - rua joaquim antunes, 747
tel: 11 4362-5244
www.breton.com.br
CASASHOPPING BLOCO I BARRA TEL 3328 6006 WWW.FLORENSE.COM
A
QUALIDADE
QUE VOCÊ PROCURA,
COM TODO REQUINTE QUE VOCÊ MERECE.
LOJA CONCEITO CasaShopping Av. Ayrton Senna, 2.150 Barra da Tijuca - Rio de Janeiro/RJ (21) 2108-8217 | (21) 8559-0000
trancarte.com.br /trancarte
CasaShopping T: (21) 3325 0077 Rio Design Leblon T: (21) 2259 0357 Casa & Gourmet Shopping T: (21) 2244 1161 Niter贸i, Icara铆 T: (21) 2710 1512 Way Corporativo vendas@waydesign.com.br T: (21) 2491 8496 waydesign.com.br
Os designers que estรฃo re-escrevendo a histรณria do mobiliรกrio brasileiro.
Poltrona BW por Tadeu Paisan
poltrona
mombasa pufe
twiga cadeira
maasai pufe
quaga mesa
samburu
WWW . MACMOVEIS . COM . BR
NOVA COLEÇÃO
CONCEITO A
Mix Pitanga / Ecollection Teca
www.portobelloshop.com.br Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1227 Posto VI | Copacabana | Rio de Janeiro Tel. [21] 2267 4462 | Cel. [21] 8800 4805 rj.copacabana@portobelloshop.com.br
Rua Mena Barreto, 129 Botafogo | Rio de Janeiro Tel. [21] 6814 1892 rj.botafogo@portobelloshop.com.br
Estacionamento para clientes: Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1380
Estacionamento Pr贸prio no local.
finger.ind.br
//Um ambiente de cinema. Em todos os sentidos.
sumário // edição 15
106
152
210 48 26
EDITORIAL O design da boa mesa
30
ESPAÇO A Produtos e tendências
48 COZINHA EMOCIONAL
Roberta Sudbrack e a alta gastronomia
58 VIDA NOVA
Arquitetura de Paola Ribeiro
70 CLÁSSICO RENOVADO
Tríplex assinado pela InTown
80 SUBINDO A SERRA
O estilo inconfundível de Maurício Nóbrega
88 DUPLA PERSONALIDADE
O traço refinado da Em2 Design
98 ESPAÇO DO ARQUITETO
A modernidade de Cadas Abranches
106 SONHO REALIZADO
Ascânio MMM e sua galeria de arte
114 TEMPLO DA CULTURA
A linha neoclássica da Biblioteca Nacional 24 Conceito A N. 15 2013
122
176 COZINHA A BORDO
128 ESPECIAL COZINHA
ENTRE DOIS MUNDOS Pierre Verger, fotógrafo étnico
ACERVO Arnaldo Danemberg e as cômodas de estirpe As sugestões mais inovadoras
142
CONVERSA DE COZINHA Sergio Pagano entre cliques e panelas
148 VALE QUANTO PESA
A marca Le Creuset atravessa o tempo
152
A CONVERSA É OUTRA Pipo, o botequim chique da cidade
158 TIM-TIM!
Histórias do vinho pela ABS Rio
162 HAMBÚRGUER:
A REINVENÇÃO Novas versões do sanduíche
166 TIRAGEM LIMITADA
As tortas maravilhosas da Sept auJour
170
ARQUITETURA DA GULA Restaurantes, pratos, chefs
172
ARMAZÉM Acessórios sofisticados para cozinha
O arrojo do Iate Prestige 550
182
190 TRAÇOS MODERNISTAS
Hotel cinco estrelas em Salvador
196 EXPLORE...
A mesa pelo mundo
198
CORES SEM FRONTEIRAS O jeito de viver de Mucki Skowronski
206 VITRINES DO RIO
Junior Grego indica lojas e produtos
210 CASA DO COSTUREIRO
A elegância sutil de Andrea Marques
216
QMÁXIMO! Geração que curte estilo
218
FLORESTA ESTILIZADA Cristiano Ribeiro do Valle e o design em madeira
224 ESTÉTICA MÚLTIPLA
O ar cosmopolita de Fernanda Marques
234
ONDE ENCONTRAR Contatos da edição
ray 10 U
TNCOM
Toque o céu com a ponta dos pés.
ex c l u s i ve • handm ade • carpet
CASASHOPPING Av. Ayrton Senna, 2150 Bloco F - 2º piso | Barra da Tijuca (21) 2429-8338 | 2431-1180 www.casajulio.com.br ex c l u s i ve • handm ade • carpet
editorial editorial PUBLISHER Kathia Pompeu EDITORA-CHEFE Kathia Pompeu kathia@rioconceitoa.com.br EDITORA ASSISTENTE Elda Priami eldapriami@rioconceitoa.com.br REPORTAGEM Marina Couto reportagem2@rioconceitoa.com.br REDAÇÃO Paulo Serpa redacao@rioconceitoa.com.br FOTOGRAFIA Agência ÂNGULO foto@agenciaangulo.com.br Marco Antonio Rezende marco.rezende@agenciaangulo.com.br
Foto Marco Antonio Rezende
Design da boa mesa Poucas coisas nos dão mais prazer na vida do que compartilhar com pessoas queridas o privilégio de comer e beber bem. À mesa, celebramos momentos especiais, brindamos conquistas ou simplesmente alimentamos o corpo e a alma com receitas elaboradas para agradar ou, muitas vezes, provocar. É a mesa a grande agregadora das conversas boêmias quase sem fim, da sagrada reunião da família, das paixões apetitosas, da multiplicação do pão e do vinho. Quadrada, redonda, retangular, é o espaço dos prazeres lícitos, dos gozos palatáveis, da experimentação. Da alta gastronomia elaborada por chefs estelares, que encantam os comensais com suas técnicas e ingredientes inusitados, ao intuitivo deleite de cozinhar uma simples massa e servir aos amigos, dedicamos essa edição às tentações da gula e, com a bênção do bem viver, nos absolve-
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Ângulo Design Cristiana Ribas cristiana@rioconceitoa.com.br COLABORADORES Aristides Corrêa Dutra Arnaldo Danemberg Bruno Agostini Denilson Machado Filico Gilza Velloso Junior Grego Kity Bezerra Leonardo Costa Nathalia Pompeu Paulo Debom Rodrigo Azevedo
mos de todos os pecados.
GERÊNCIA FINANCEIRA Viviane Wyllie financeiro@rioconceitoa.com.br
Mas tudo isso é só o aperitivo da história. O prato principal desse banquete editorial é a nossa capa,
GERÊNCIA COMERCIAL Cecilia Daves cecilia@rioconceitoa.com.br
assinada por Roberta Sudbarck com a sensibilidade e a linguagem minimalista autoral que utiliza em fartas doses nas suas coleções culinárias. E ela abusou! Sua verve criativa foi buscar na simplicidade de um longilíneo vegetal e suas delicadas sementes o potencial estético que só os gênios fecundos poderiam enxergar. Das texturas e formas orgânicas do quiabo, extraiu o design exato para ilustrar a nossa capa. Nada mais original e inusitado... além
COMERCIAL Patricia Barreto patricia@rioconceitoa.com.br Ana Benchimol anabenchimol@rioconceitoa.com.br
de, cá pra nós, de uma beleza simples, franciscana, natural. Puro conceito!
PUBLICIDADE publicidade@rioconceitoa.com.br
Mas jamais seria diferente. Não se convida em vão a maior chefe do país para interpretar a capa de
ASSINATURA assinatura@rioconceitoa.com.br
uma revista de design, arte e arquitetura.
IMPRESSÃO Leograf
“Os ingredientes do cotidiano brasileiro são meu espaço de pesquisa e investigação preferidos.
TIRAGEM 12 mil exemplares
Sempre me imponho esse desafio de extrair o melhor do simples, de olhar o banal por uma perspectiva capaz de inverter os papéis e propor novas possibilidades.”, conceitua Roberta Sudbrack . Depois disso, é degustar o conteúdo da revista, que está delicioso, com nomes e ideias do mais puro bom gosto. Bom apetite! Kathia Pompeu 26 Conceito A N. 15 2013
CONCEITO A Praça Floriano nº 55, grupo 1104 Centro | Rio de Janeiro 20031-050 | [21] 2524 8962 www.canala.com.br
PAREDES DIVISÓRIAS INTELIGENTES
CLEAN LIGHT
COLOR FRAME
CANVAS PAINTING
LIGHT TECH
PAREDES DIVISÓRIAS WALL WORKS, PARA ESCRITÓRIOS DE SUCESSO
CADEIRAS INTERSTUHL
MÓVEIS BORTOLINI
CLASSIC WALL oferece versatilidade na configuração entre painéis, portas e lâminas de vidro.
A W. WORKS OFFICE OFERECE SOLUÇÕES DE INTERIORES PARA ESCRITÓRIOS DE SUCESSO, PENSADOS PARA O wworksoffice.com.br
BEM-ESTAR DAS PESSOAS NO AMBIENTE DE TRABALHO.
VISITE NOSSO SHOWROOM NO CASASHOPPING: Central Nacional de Atendimento: 0800 022 3050 Rio de Janeiro: 21 3326-2211 info@wworksoffice.com.br
Por elda priami
Geometria poética O racionalismo da tecnologia de ponta, aliado à sensibilidade das formas, resultou no revisteiro Pétalas, que o arquiteto Leonardo Lattavo e o designer Pedro Moog criaram para a Lattoog Design. A dupla carioca sempre surpreende com produtos funcionais, de linhas harmônicas, orgânicas e sinuos as. Em vidro cristal incolor, o revisteiro, que forma também uma bela escultura, é composto de três peças idênticas. Tendo como base o tetraedro, sua estrutura é resistente, além de ter um visual leve, dinâmico e sofisticado. Não está em perfeita sintonia com o minimalismo atual? www.hettygoldberg.com.br
Elegância com rigor técnico Claudia Moreira Salles entre as peças da coleção atual, Convívios, exclusiva para a Firma Casa. Abaixo, banco com vigas de peroba de demolição e elementos de concreto.
32 Conceito A N. 15 2013
O livro Claudia Moreira Salles, lançado em maio pela
na galeria Espasso, na abertura da mostra de móveis
Editora Bei, registra o processo criativo de uma das
e objetos da coleção atual. Nela, Claudia usa a madei-
mais importantes designers brasileiras. Em uma pu-
ra, aliada ao concreto, às pedras, às fibras trançadas,
blicação bilíngue (português e inglês) e graficamente
ao Corian e ao aço. Para o jornalista e arquiteto Raul
impecável, as obras são valorizadas pela diagramação
Barreneche, “os artesãos que vêm colaborando com
refinada. Um achado, o formato do texto: a designer é
ela ao longo dos anos desempenham o papel de prota-
entrevistada por Karen Stein, arquiteta formada pela
gonistas na história de seu design”. Quais os talentos
Universidade de Princeton e membro da Architectural
necessários para um bom designer? Claudia responde:
League em Nova York. O tom é intimista e, em cada
“Curiosidade, coerência e clareza quanto às habilidades
página, há uma revelação da trajetória da artista. O li-
técnicas e limitações de fabricação”. Com 260 páginas,
vro foi lançado no mesmo mês também em Nova York,
o livro é indispensável para quem ama o belo!
Couros, soletas, painéis e tapetes.
RIO DE JANEIRO CASASHOPPING AVENIDA AYRTON SENNA - 2.150 BLOCO B - SALAS 223/226
www.italianleather.com.br (21) 3326-1094
Olha a bolinha O fun design segue fazendo a cabeça de muitos profissionais, mundo afora e aqui. Para o designer mineiro Gustavo Pianetti, esse conceito vai ao encontro de sua maneira bem-humorada de trabalhar. A mesinha lateral Pega-Zazoo nasceu da brincadeira de jogar uma bolinha para seu cão pegar. Com base em madeira revestida de laca, tem o tampo em vidro com a bolinha em destaque. Repare nas formas arredondadas bem anos 70. www.hettygoldberg.com.br
Da moda para o design Jum Nakao é múltiplo. Depois de fazer uma coleção inteira em papel e rasgá-la no fim do desfile, na São Paulo Fashion Week, em 2004, seu nome ficou marcado pela capacidade de criar uma obra que estava muito além da moda. Em 2005, lançou o livro A costura invisível, junto com um DVD que mostra a elaboração do processo criativo. De lá pra cá, o design ganhou mais espaço em sua trajetória. A cadeira Nuvens, em madeira maciça e compensado, com acabamento em laca, ganha cores vibrantes. O assento e o encosto em forma de nuvem entram na estética fun, que continua em alta na atual temporada. www.arquivocontemporaneo.com.br
Jogo de cores O diálogo com as cores continua divertindo os designers e também os consumidores mais descolados. Tendo como ponto de partida o Tropicalismo – movimento musical que sacudiu a cultura brasileira no fim dos anos 60 –, a Fetiche Design aposta no banco e na banqueta Bar Tropicália. Em compensado multilaminado, madeira maciça e corda, as peças têm acabamento em laca e investem na irreverência. Vamos nessa? www.waydesign.com.br
34 Conceito A N. 15 2013
Classe A Ela arrasa!
Mesmo diante de tantas interpretações inusitadas do passado,
As sobreposições de curvas de vários tamanhos
alguns objetos mantêm a sua ma-
e em várias camadas fazem da luminária Boule,
neira old fashion de ser. Por sinal,
a mais recente criação do festejado designer
um revival marcante nos dias de
Fernando Bernucci, algo precioso. Em madeira
hoje. É o caso do abajur Art Déco,
laqueada e tecido quase transparente, brinca
que revive as formas circulares
com a percepção de quem a vê e provoca a ilu-
dos anos 40. Com base dourada e
são de movimento. Gera um efeito óptico mes-
cúpula cromada, ele brilha. Anti-
mo quando está apagada. Acesa, a luminosidade
go? Não, moderno.
ganha nuances sutis e belas. www.lojateo.com.br www.artmaison.com.br
Sensações A luminária Croma tem o firme propósito de atiçar os sentidos. A partir de um ciclo contínuo de cores, com lâmpadas LED, ela cria efeitos luminosos em tons vibrantes. É uma peça pequena e instigante, em policarbonato, que provoca “viagens” visuais. Experimente. www.fom.com.br
36 Conceito A N. 15 2013
Vamos balançar Inspirada na cadeira que era uma verdadeira febre nos anos 70, a Trançarte fez uma interpretação bem moderna da peça. A chaise Bowl Scorpion tem o formato de um globo, estrutura de alumínio e pés em aço inox trançados à mão com junco sintético. O estofado e as almofadas são em tecido acrílico. Charme que une a fase flower power do passado com tecnologia atual. www.trancarte.com.br
Supercharmosa Com uma pegada aparentemente casual, a poltrona Leblon, de Leonardo Lattavo e Pedro Moog, da Lattoog Design, tem como referência principal o desenho da orla do bairro. Mas em cada detalhe há uma noção rigorosa de proporção, muito talento para jogar com assimetrias e funcionalidade. Em madeira e compensado, ela tem o assento em cinza, cor que está com muita força nesse segmento. www.waydesign.com.br
Artesanato industrial À primeira vista, parece que foi colocada uma capa sobre a cadeira, que ficou meio desajeitada. Mas é justamente nesse detalhe informal que está o charme cosmopolita da peça. A cadeira Filzka, do designer tcheco Borek Sipek, tem estrutura em aço tubular com revestimento de neoprene. Reparou na espécie de bolso ao lado? E nos pespontos aparentes? Aqui, a influência da moda é evidente e não há mais fronteira com o design. www.alotof.com.br
38 Conceito A N. 15 2013
Um luxo! Os produtos relacionados ao vinho atingem o parâmetro da excelência. Para degustá-lo com
Retrô estiloso A sobriedade do Bar Provence, à moda dos anos 50, agora ganha um artifício mágico: a cor. A fusão de formas geométricas com o humor das perninhas curtas, que têm como referência os móveis franceses Luís XV, valoriza essa peça, em que há lugar também para uma adega. Em madeira com acabamento em laca, o perfil antigo com releitura atual é um ponto forte da decoração atual festejado por designers importantes. www.udinecasa.com.br
Barzinho descolado O olhar do consagrado arquiteto e designer paulistano Isay Weinfeld está cheio de humor no Bar Totó. Em madeira freijó, ele organizou o espaço com versatilidade funcional e muito charme. O acabamento impecável, como tudo o que ele faz, é mais um motivo para o sucesso dessa peça, que tem até uma tira de couro (ou coleira?) para se deslocar pra lá e pra cá. www.etelinteriores.com.br
40 Conceito A N. 15 2013
mais prazer ainda, saiba a temperatura ideal. O termômetro de vinho da Menu é um produto criado pelos designers escandinavos Jakob Wagner & Martin Sonne, em borracha tecnológica, aço escovado e visor digital. Essa peça, que ganhou o Red Dot Design Award, com certeza fará um sucesso enorme em sua casa. www.scandinavia-designs.com
Traço ousado Com poucos elementos e técnica de marcenaria tradicional, Paulo Alves renova a ideia de banco. O Charlotte joga com o contraste claro-escuro da madeira maciça e com os pés deslocados de seu lugar convencional. O banco ficou mais leve e personalizado. Como se dizia antigamente, foi feito para durar a vida inteira. www.dpot.com.br
Tortinho Além de ser um designer de sucesso, o paulista Paulo Alves é o dono da Marcenaria São Paulo. Rodeado por variadíssimas espécies de madeira, ele cria as suas coleções. A banqueta Descartes, em multilaminado Parica, com assento aparente e acabamento em verniz acrílico, nasceu da observação de troncos descartados pela natureza. Ele deu uma interpretação refinada, com traços assimétricos. Perfeita em espaços cosmopolitas. www.estarmoveis.com.br
Grafismo O bufê Lasca, criação mais recente da designer gaúcha Rejane Carvalho Leite, surpreende pela construção geométrica aparentemente simples, mas inovadora. O nome dele é uma referência ao desenho de marcheteria do bloco central, em madeira muiracatiara e catuaba. A estrutura da peça em MDF laqueado dá a impressão de flutuar sobre a base de madeira maciça. Com 2,40 m de largura, 0,55 cm de profundidade e 0,82 de altura é um móvel moderno e cheio de bossa. www.novoambiente.com
42 Conceito A N. 15 2013
www.ogalpao.com.br CasaShopping | Bloco F - Loja 103 Tel.: 21 2108 8877
Showroom BenďŹ ca Tel.: 21 2254 5400
Do lado da cama Seguindo o conceito simples-chique, a mesa de cabeceira Ville, em laca, faz de uma peça funcional algo atraente. Quem resiste à vibração do vermelho? O design simétrico segue a beleza atemporal que não abre mão da qualidade. Vamos ousar? www.quartocomposto.com.br
Artesanato fashion Enquanto a moda coloca franjas nas roupas, o design usa esse elemento em móveis. O pufe Fatboy, em náilon, supermacio, tem uma pegada pop bem ao gosto de consumidores jovens e fica um charme em um quarto moderno. É uma das peças da nova loja carioca LZ Studio. www.lzstudio.com.br
Tudo junto Reeditado pelo Salão do Móvel de Milão 2013, o Abitacolo é um projeto histórico de 1979, assinado pelo italiano Bruno Munari e agraciado com o importante prêmio Compasso d’Oro. Esse artista, que marcou sua presença em vários segmentos, criou uma cama multifuncional para atender a todas as necessidades dos jovens. A estrutura de aço é revestida com pintura epóxi e tem duas superfícies aramadas. O móvel é equipado com prateleiras, cestas e uma mesa reclinável em laminado. www.codbr.com
Colaborou Marina Couto 44 Conceito A N. 15 2013
Tudo o que você precisa em um só lugar!
decoração | saúde | beleza | vestuário | fotografia
Estrada da Bar ra da Tijuca, 1636 Itanhangá www.espacoitanhanga.com.br
CONCEITO A
cursos de dan莽a | pet shop | centro gastron么mico
nome próprio // roberta sudbrack
Cozinha emocional A ALTA GASTRONOMIA BRASILEIRA TEM EM ROBERTA SUDBRACK UMA PIONEIRA. SEU ESTILO ARTESANAL LUXUOSO GANHA O MUNDO E ELA NÃO PARA DE SURPREENDER
POR ELDA PRIAMI FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE
A chef que sabe despertar como ninguém prazeres sensoriais inesquecíveis, com sabores sutis e inusitados, entra na Livraria Argumento, no Leblon, pontual mente às 15h30. Mesmo às vésperas de uma viagem ao exterior para fazer pesquisa, Roberta Sudbrack está calma e sorridente. Pede água mineral e, sem qualquer artifício, revela a satisfação de ter a fruta-pão como a mais recente estrela de seu restaurante. “Ainda estamos em fase experimental: nossa devoção a ela vai durar um ano. Nesse período, esperamos desvendar seus mistérios e proporcionar a esse ingrediente a possibilidade de se expressar de maneiras diferentes”. Assim como aconteceu quando Roberta apresentou sua interpretação do maxixe e do quiabo, a fruta-pão desperta as mais diferentes reações, mas já caiu no gosto apurado de seus clientes. “Depois de experimentar, as pessoas adoram, mas antes quem não conhece quer saber o que é aquilo. Quem conhece aposta que não tem gosto de nada e pensa que serve apenas para reforçar a refeição de algumas populações de periferia, indígenas ou ribeirinhas. A experiência tem sido um mundo de novas sensações que surpreendem com sabores e texturas versáteis”. O Chocochuchu, chocolate artesanal da Ilha do Combu, Belém do Pará, com cristal de chuchu. Na página ao lado, a chef, na mesa desenhada por Chicô Gouvêa.
exercício de criatividade da chef é extrair de um produto suas possibilidades nada óbvias, sem alterar a identidade dele. “Não quero que o ingrediente seja algo que não pediu para ser. Busco novas dimensões, sim, coloco o pensamento, a técnica, a emoção nele, mas sem transformá-lo no que não é. Quero que se manifeste com dignidade”. Em relação à alta gastronomia, sua especialidade, ela se coloca do lado oposto ao conceito tecnológico. Sem papas na língua, afirma que faz uma cozinha moderna e
44
emocional. “Se a gente não usar a técnica e a emoção na
O ano de 2012 foi intenso para Roberta em viagens ao ex-
mesma medida, não convence ninguém. A fase científica é
terior, eco do sucesso de seu trabalho. Nesse primeiro se-
importante, mas não é a linha de que gosto. Ninguém pode
mestre, o ritmo ficou ainda mais acelerado. Ela vive num
dizer que o Ferran Adrià não é um grande chef. Ele trouxe
vaivém constante que mudou sua rotina. “Internacional-
uma reflexão sobre os alimentos e revolucionou todo um
mente, estamos colocando a cabeça para o lado de fora.
pensamento. Algumas pessoas importaram essas máqui-
Há um especial e genuíno interesse pelo que fazemos em
nas. Não tenho os aparelhos e não quero ter. Minha cozi-
culinária e em outras áreas”. Entre os importantes even-
nha é de vanguarda, mas sempre com o pé no chão”. Para
tos de que participou, ela destaca o banquete que fez na
ela, o artesanato é muito importante e a modernidade
abertura da exposição dos Irmãos Campana e o banque-
está conectada com a tradição, com o fogão a lenha e com
te que apresentou o projeto de renovação do mítico Ho-
tudo o que faz parte de nossa cultura gastronômica. Por
tel Lutetia, ambos em Paris. Os franceses piraram com o
isso, não aceita o rótulo “nova cozinha brasileira”.
caviar de quiabo. Ela também ministrou várias aulas de gastronomia em países como Espanha, Itália, França e
Coleção de santos de várias religiões, presentes de amigos: Roberta já tem mais de cem imagens. Na página ao lado, a equipe em ação.
50 Conceito A N. 15 2013
“Sou totalmente contra esse conceito. Não podemos ser
Canadá, sempre com mais de 500 pessoas nos auditórios.
presunçosos e desprezar o passado. A gente está escre-
Sua agenda até 2014 está lotada. “Não somos mais espec-
vendo novas páginas dessa história, mas como ignorar
tadores e sim protagonistas. Quando você faz algo em que
a Ofélia, uma expressão genuína da comida doméstica?
acredita, chega o reconhecimento”, declara, feliz. Algum
Ou o José Hugo Celidônio, que foi o primeiro chef a tra-
novo projeto? A resposta está na ponta da língua: “Pre-
zer novas referências? Ser moderno é deixar sua cultu-
tendo em 2014 ter um lugar específico para SudDog e
ra conectada com o que está acontecendo no momento,
SudBurguer, que cada vez mais ganham asas próprias. Por
mas sem perder a coerência e sem pegar carona no mo-
ora, só posso revelar essa pequena parte do segredinho”.
dismo da vez”. Quando ela se refere à cozinha brasileira, inclui todas as influências, já que em cada parte do
Aos 45 anos, autodidata, Roberta Sudbrack já quebrou
Brasil a maneira de se alimentar recebe uma inspiração
muitos paradigmas e está disposta a continuar essa tra-
estrangeira. “É preciso parar com a hipocrisia que nega
jetória. Ela deu um salto na cena gastronômica interna-
o que vem de fora. A cozinha é genuinamente brasileira
cional ao fazer de legumes estrelas de seu cardápio. No
quando expõe a nossa verdade que está nessa mistura
ano passado, tornou-se a primeira chef olímpica na his-
rica de manifestações”.
tória do esporte brasileiro. Em Londres, durante as
44
Conceito A N. 15 2013
51
Olimpíadas, foi a responsável pelo Cristal Palace, centro desportivo de alta performance montado para os atletas brasileiros. Mas, antes, ela já havia mostrado seu talento e sua ousadia. Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, de 1995 a 2002, foi a primeira mulher a ser chef no Palácio da Alvorada, em Brasília, e até hoje seu nome está associado ao do ex-presidente. “O Palácio da Alvorada atravessou meu caminho. O plano sempre foi ter um restaurante, mas sinto orgulho daquele período. Mudamos um comportamento instalado há 40 anos. Claro que tive algum receio, mas em torno da mesa a gente pode mudar uma história. Minha vida está marcada por desafios e eles me colocam em movimento”, declara a chef, que durante esse tempo deixou com água na boca reis, rainhas, presidentes e muitas outras personalidades mundiais com o sabor incomparável de seu estilo autoral. Roberta Sudbrack abriu, em 2005, o restaurante que leva seu nome, no Jardim Botânico, e chocou muita gente. “Não dava opção de você fazer uma refeição rápida e não dou até hoje. Por que só tenho um menu por dia? Porque só sirvo o melhor!” Ela lembra que muita gente levava um susto porque não podia escolher o prato. Hoje o seu estilo está assimilado não só pelos cariocas, como também por turistas nacionais, estrangeiros e personalidades importantes. Confessa que desde pequena sonhava em ter um restaurante com o formato que criou. “Tenho 22 funcionários e atendo 40 pessoas por noite. Só. É complicado? É, mas o retorno é a satisfação do cliente ao degustar o que posso oferecer de melhor. O show está no ritual, na comida bem feita, nos ingredientes que têm de ser os melhores que puder encontrar, sem efeitos espalhafatosos”. Em junho, ela lançou mais uma coleção culinária, cujo tema é Feitos à Mão. Coleção? Sim. A inspiração vem da moda que se renova a cada seis meses, e o seu segmento é a alta-costura. “A ideia de coleção traz em si a possibilidade cumulativa de conhecimento e permite manter o ritmo das estações. Também busco uma cozinha de essência, feita à mão, em um minucioso processo artesanal que dá a devida atenção ao detalhe e lança novos olhos para ingredientes considerados banais”. 44
Peixe vermelho envolto em textura de fruta-pão e caldo de cajuína. Acima, fruta-pão caramelizada, foie gras, farinha de banana. Na página ao lado, mesa arrumada e cadeiras de Sergio Rodrigues. 52 Conceito A N. 15 2013
Conceito A N. 15 2013
53
Ovo de codorna rasgado e antenas de camarão.
Essa gaúcha que foi morar em Brasília, estudou veterinária em Washington e escolheu o Rio para viver e trabalhar define-se como um cão farejador. “Quando viajo, procuro não só os restaurantes dos lugares, famosos ou não, mas os mercados locais, as feiras, os supermercados, as pessoas, os balés, as exposições de arte, a música e, acima de tudo, os livros. Essa é minha fonte de conhecimento e minha forma preferida de aprendizado”. A referência mais importante em sua vida? Diante da pergunta, ela para alguns segundos e com a voz mais baixa e emocionada diz: “Minha avó materna, que é, na verdade, minha mãe, porque foi ela que me criou. Meu avô é meu pai. Eles são mineiros, descendentes de portugueses. Talvez a minha relação tão forte com Minas Gerais venha daí, nem tinha me dado conta”. Roberta mora com a avó, Iracema, uma senhora de 91 anos, muito sensível e lúcida.
séria e comenta: “Ninguém imagina o que é enfrentar
“É uma guerreira que enfrentou todas as minhas fases.
uma cozinha todos os dias. Quando todo mundo está che-
Quando fui vender cachorro-quente, ela fazia o molho
gando em casa, você está colocando seu jalequinho para
porque eu não sabia fazer. Eu comprava duas caixas de
trabalhar”. E Roberta concorda: “Cozinha é doação, prati-
tomate, duas vezes por semana, e trabalhava até de ma-
camente um sacerdócio. Sou exageradamente emocio-
drugada. Quando acordava, o molho estava prontinho.
nal, tanto que sofro muito mais do que deveria com tudo,
Isso aconteceu quando meu avô faleceu e resolvi vender
mas também me jogo inteira dentro de um prato”, revela a
cachorro-quente para nos sustentar”.
chef, que tem em Antonin Carême seu ídolo.
Roberta comenta que agora a avó já se acostumou com a dinâmica de sua vida, mas, de vez em quando, ela fica
54 Conceito A N. 15 2013
t
Roberta Sudbrack
Avenida Lineu de Paula Machado, 916 | Jardim Botânico [21] 3874 0139
Linha Provence
Foto: Mario Grisolli | Produção: Maurício Nóbrega
T NCOM
A mais charmosa releitura contemporânea do estilo retrô.
CasaShopping • (21) 3325.5554 Rio Design Leblon • (21) 2294.3144 São Paulo • Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.889 • (11) 3791.5333 Belém • R. Benjamim Constant, 1.670 • (91) 3241.7998
www.favomoveis.com.br
portf贸lio // paola ribeiro
Vida
nova
POR MARINA COUTO FOTOGRAFIA LEONARDO COSTA E GILZA VELLOSO
Muitos são os planos ao iniciar uma vida a dois. Um dos mais importantes é ter uma casa que traduza perfeitamente a maneira de viver dos moradores, para abrigar personalidades diferentes em um mesmo teto. É preciso bom senso e olhar apurado, qualidades que não faltaram à arquiteta Paola Ribeiro ao projetar a primeira morada de um jovem casal. Os proprietários do apartamento, localizado no Alto Leblon, estavam em busca de um lar aconchegante e convidativo, em que pudessem receber os amigos e também aproveitar os momentos a sós. Além disso, sonhavam ter um filho, desejo que logo se concretizou. De acordo com a vontade dos moradores, a arquiteta apostou então na versatilidade, sobretudo na integração dos ambientes. 44
ASSINADO POR PAOLA RIBEIRO, O PROJETO NO LEBLON REÚNE, COM BOM GOSTO E DISCRIÇÃO, OS ANSEIOS DE UM JOVEM CASAL
60 Conceito A N. 15 2013
Com as cortinas abertas, as grandes janelas da sala principal integram a paisagem externa ao design de interiores. Conceito A N. 15 2013
61
Otimizar os espaços foi a premissa básica na arquitetura
emolduram a verdejante paisagem ao redor e valorizam
do projeto. As linhas retas e as texturas suaves garan-
a iluminação natural. As cortinas de cores claras foram
tiram a sensação de amplitude dos ambientes. Entre os
estrategicamente colocadas para dar um clima mais inti-
recursos, foram usadas portas de correr e venezianas, o
mista, sem prejudicar a beleza do cenário.
que viabiliza a livre circulação e ainda favorece a ventilação. O piso, assim como as paredes, seguiu uma linha
Para compor a paleta de cores do apartamento linear,
discreta, com tonalidades neutras que cobrem toda a área
Paola Ribeiro optou pela simplicidade, com requinte nos
social, com exceção do quarto do casal, que recebeu piso
detalhes. Com a predominância de materiais naturais no
de madeira, conferindo um ar mais caloroso ao espaço.
mobiliário, principalmente a madeira, os tons neutros são os protagonistas da cena. As cores fortes ficaram a
Com categoria, a arquiteta soube também tirar provei-
cargo dos elementos decorativos. O colorido das obras de
to de um dos pontos altos do apartamento: sua vista
Gonçalo Ivo e Marcelo Catalano divide espaço com as pe-
deslumbrante. Lançou mão de imponentes janelas, que
ças adquiridas no antiquário de Arnaldo Danemberg, 44
A arquiteta utilizou portas de correr para definir e conectar os ambientes. À esquerda, detalhe da sala de jantar.
Conceito A N. 15 2013
63
As linhas retas e a cor branca dominam a cozinha do casal. A simplicidade também é recurso investido na copa, ao fundo.
em uma mistura criativa entre o clássico e o contemporâneo. O verde da paisagem externa também foi trazido para dentro de casa, com plantas em vasos assimétricos espalhados pelos diferentes ambientes. Um charme a mais! A pedido do casal, Paola criou ambientes clean e descontraí dos, com ênfase na parte social. No living, uma mesa, com um conjunto de quatro cadeiras e luminária de chão, recepciona amigos e familiares, que também podem se aconchegar nos confortáveis sofás [NOVO AMBIENTE] ornados com almofadas estampadas [EMPÓRIO BERALDIN]. Ao lado, a sala de jantar exibe um tom mais formal, reforçado pelo mobiliário em cores quentes e luminária pendente de cristal [LALLA BORTOLINI]. Integrada à sala de estar, a sala de TV tem proposta multifuncional, com uma bancada que serve como ambiente de trabalho. O tapete com estampa Missoni [BY KAMY] dá o toque divertido ao ambiente e faz parceria visual com o sofá off white e a banqueta de couro marrom. 44
64 Conceito A N. 15 2013
A cozinha [FLORENSE] segue a mesma concepção, em linguagem atualizada. Toda branca, a área é pontuada por aparelhos modernos em inox e pela coleção de livros de culinária do casal. O bom gosto se estende à copa, projetada com móveis de madeira e luz direcionada. Com projeto de iluminação feito em parceria com a Prolight, Paola Ribeiro privilegiou a luz indireta no quarto do casal, para garantir o máximo de conforto aos moradores. Para completar, um pequeno espaço com sofá, banquetas e aparador finaliza a decoração. Com design dinâmico e linhas simples, o imóvel enfatiza o bem-estar, em harmonia com a nova fase do casal.
No quarto do casal, poucos móveis garantem o conforto, com um espaço reservado para assistir TV.
PROJETO Arquiteta PAOLA RIBEIRO Mobiliário ELLE ET LUI MAISON, NOVO AMBIENTE, ARTEFACTO B&C, ARNALDO DANEMBERG, Q&E Objetos de decoração EMPÓRIO BERALDIN, STUDIO GRABOWSKY, RUG HOLD Objetos de arte GABY INDIO DA COSTA, STUDIO GRABOWSKY Projeto de iluminação PROLIGHT Luminárias INTERNI, LALLA BORTOLINI Cortinas BRASIL INTERIORES Tapetes BY KAMY, ISFAHAN Cozinha FLORENSE Climatização AIR PLANET
66 Conceito A N. 15 2013
t
é não morder Clareamento dentário, próteses, reabilitação oral, implantes Tratamento com anestesia inalatória (óxido nitroso) Atendimento para pacientes especiais em residências, hotéis, casas de repouso, clínicas e hospitais Estacionamento para clientes
Dr. Roberto de Aquino Leite Reabilitação Oral e Prótese
Dra. Rosanna Telles Minervini Endodontia
Dr. Marcos de Aquino Leite Ortodontista
Av. Nossa Senhora de Copacabana, 749 sl. 810 • rio de janeiro t. 21 2235.6994 • 2235.5532 • 9155.6377
CONCEITO A
Pecado
portfólio // intown group
Clássico
renovado A VISTA IMPACTANTE PARA A PRAIA DE IPANEMA FOI O PONTO DE PARTIDA DOS ARQUITETOS ALEXANDRE GEDEON E HUGO SCHWARTZ PARA REVITALIZAR UMA COBERTURA
POR MARINA COUTO FOTOGRAFIA DENILSON MACHADO/
MCA ESTUDIO
O imóvel de 340 metros quadrados, distribuídos em três níveis, era dividido em pequenos ambientes. Com vista privilegiada para o mar de Ipanema, a missão dos arquitetos da InTown foi transformar um apartamento clássico em um espaço funcional, com pé-direito alto e de acordo com o estilo de vida do proprietário. A planta original foi totalmente repaginada para incorporar a bela paisagem à decoração. Com proposta minimalista, característica do estilo de Alexandre Gedeon e Hugo Schwartz, os ambientes ficaram arejados e integrados. O projeto rendeu à InTown o prêmio de melhor design no prestigiado International PropertyAwards, no fim de 2012. 44
Com design premiado, o espaço projetado pelos arquitetos Alexandre e Hugo aproveita ao máximo a paisagem ao redor. 70 Conceito A N. 15 2013
72 Conceito A N. 15 2013
O primeiro andar do tríplex é destinado à área íntima. Traços retos e tonalidades neutras destacam-se nos ambientes, em que predominam o branco e o cinza, com nuances de cores fortes apenas nos objetos decorativos. Por conta da localização à beira-mar, alguns cuidados foram tomados para facilitar a manutenção dos cômodos, como o uso de madeira de lei de garapa nos pisos, aplicação de Corian® na bancada da cozinha, utilização de concreto revestido em tecnocimento na bancada do banheiro e tinta fosca nas paredes. A presença de materiais como a madeira, o aço e o concreto no mobiliário e nos revestimentos dá um toque industrial à morada e garante uma linguagem visual masculina, sem abrir mão do refinamento. 44
As poltronas Charles Eames e Donna trazem sofisticação à cena. Em linguagem atualizada, a harmonia entre as peças icônicas e o quadro grafitado. Conceito A N. 15 2013
73
Já no segundo pavimento, onde ficam a sala de jantar e o home, a ousadia urbana é o destaque. Os enormes e coloridos quadros dos grafiteiros Dinho e Toz, figuras conhecidas nas ruas cariocas, juntam-se a alguns ícones de design em uma combinação provocativa e inusitada. A coleção de toy art e os inúmeros livros do morador completam a atmosfera do ambiente. Como as amplas janelas permitem grande incidência de luz natural, o projeto de iluminação, também assinado pela InTown, foi pensado para valorizar os objetos e segue o mesmo conceito usado pelas galerias de arte. 44
As cores vibrantes dos objetos de decoração, com destaque para a coleção de toy art do proprietário.
Conceito A N. 15 2013
75
A escada em ferro dá acesso ao terceiro nível, dedicado ao lazer e ao convívio social. A piscina é a estrela do ambiente, com um recurso de borda infinita que permite a conexão do espaço com a natureza. O andar conta ainda com sala e banheiro, separados da área externa por grandes portas de vidro. E a vista é deslumbrante! O mar de Ipanema é integrado ao ambiente, graças ao recurso de borda infinita da piscina.
76 Conceito A N. 15 2013
Cada vez mais, as moradias cosmopolitas próximas à praia fazem um mix entre o sofisticado e o simples. Alexandre Gedeon e Hugo Schwartz captaram essa tendência com bom gosto e muito charme.
t
PROJETO Arquitetos ALEXANDRE GEDEON E HUGO SCHWARTZ Mobiliário interno MICASA, NOVO AMBIENTE, ATRIUM, MW MARCENARIA, WAY DESIGN Mobiliário externo MAC MÓVEIS Quadros GALERIA MOVIMENTO Climatização LIDOAR Luminárias LUMINI Cortinas EMPÓRIO BERALDIN, CONFECÇÃO SIENA Piso FOREX Cozinha KITCHENS Acessórios de banheiro FANI
O uso da madeira e do concreto nos ambientes deixou o apartamento com um visual masculino e bem sofisticado.
78 Conceito A N. 15 2013
GIGA BARÃO DE JAGUARIPE 141 IPANEMA RIO DE JANEIRO RJ F. 21 3649 6416 WWW.LZSTUDIO.COM.BR facebook.com/lzstudio F. 2 1 2 4 8 3 3 7 5 0
ACO N CHEG UE-SE : A DI S T RI BU I ÇÃO “FAT BO Y“ É N O S SA_INFORME-SE LZ
portfólio // maurício nóbrega
Subindo a
serra O ESTILO RÚSTICO-CONTEMPORÂNEO GANHA SOFISTICAÇÃO NO PROJETO DO CONSAGRADO ARQUITETO PARA UMA CASA EM PETRÓPOLIS
POR MARINA COUTO FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE e
RODRIGO AZEVEDO
Envolvido pelo friozinho constante em Pedro do Rio, região serrana carioca, o imóvel projetado por Maurício Nóbrega prova mais uma vez que ele domina como poucos a arte de trazer aconchego para dentro de casa. O refinamento despojado está nos três andares planejados para um casal com dois filhos adolescentes. Segundo Maurício, “o resultado é uma clássica casa de campo”. Para que a casa ganhasse essa atmosfera, ele fez uma reforma geral. As linhas retas e as formas puras, marca registrada do arquiteto, predominam em todo o espaço, com ambientes integrados e descontraídos. A área social foi ampliada, a pedido do casal, e uma casa de hóspedes foi construída, em harmonia com a principal, para dar mais privacidade aos convidados. O primeiro andar é dedicado ao lazer, com piscina, spa e sauna. No andar do meio, que dá acesso à casa, ficam a cozinha e as salas de estar e de jantar, além de dois quartos. No piso superior, está o quarto do casal. 44
Móveis e objetos de antiquário marcam presença na sala de estar, como o cavalo de madeira da grife Arnaldo Danemberg.
82 Conceito A N. 15 2013
O uso recorrente da madeira em quase todos os espaços foi proposital, explica o arquiteto. “Uma casa de campo que se preze pede um visual mais rústico para ficar em sintonia com o entorno, em que o verde é a moldura”. Em alguns lugares, as pérgulas foram forradas internamente com biribinha, material resistente e flexível, que permite boa ventilação e proporciona um interessante jogo de luz e sombra nos ambientes. Além da madeira, tecidos de algodão e veludo cotelê foram outros revestimentos utilizados para aquecer os ambientes. Assim, eles ficaram confortáveis sem perder a sofisticação. O design de interiores segue o mesmo estilo rústico-contemporâneo da arquitetura. Os objetos, garimpados no antiquário de Arnaldo Danemberg, refletem vivências e trazem um pouco de história aos moradores. Aliás, o toque retrô é uma característica marcante
44
A biribinha promove um bonito sombreado nos espaços, descontraídos e ao mesmo tempo elegantes.
Conceito A N. 15 2013
83
84 Conceito A N. 15 2013
nos projetos de Maurício, que sempre aproveita o que os clientes têm de bom e, em linguagem atualizada, dá novo uso aos objetos e móveis. É o caso de dois medidores de árvores antigos, que o arquiteto resgatou e
Ousadia na lareira instalada no centro da sala. A madeira garante o estilo rústicocontemporâneo, com destaque para peças clássicas.
colocou na parede da sala de jantar. O mesmo acontece com a escada, usada como apoio para revistas, e com o imponente cavalo de madeira, que enfeita a sala de estar. Uma proposta diferente e inusitada. Em cada cantinho, a linguagem bucólica é apreciada, como a lareira instalada no living, ideal para bater papo e relaxar. O aspecto contemporâneo aparece na mistura do novo com o antigo. Um bom exemplo são os pôsteres vintage acima dos armários de cozinha, em harmonia com os aparelhos funcionais que facilitam a vida moderna. 44
Conceito A N. 15 2013
85
Na cozinha, a boa mistura entre os aparelhos modernos e tecnológicos com os pôsteres retrôs.
O projeto de iluminação também é assinado pelo escritório de Maurício Nóbrega, que acompanha todos os detalhes das obras que faz, da concepção à ambientação. Aqui,
Arquiteto MAURÍCIO NÓBREGA
a prioridade são as luzes pontuais e indiretas, que dão um
Mobiliário e objetos de decoração ANTIQUÁRIO ARNALDO DANEMBERG, INTERNI, L’OEIL, ARTEIRO, EMPÓRIO MARIA MARIA
clima mais intimista.
Objetos de arte GALERIA TEMPO
Os tons quentes do mobiliário e as diferentes texturas, conjugados ao colorido de almofadas e paredes, complementam a decoração. Com muito bom gosto e elegância, Maurício projetou no endereço serrano um recanto tranquilo e convidativo, que estimula o bem-viver.
86 Conceito A N. 15 2013
PROJETO
t
Construtora CMN Marcenaria ANARTE MARCENARIA
designer // mariana betting ferrarezi e roberto hercowitz
Dupla personalidade UMA ELEGÂNCIA SUTIL MARCA A NOVA COLEÇÃO DA DUPLA RESPONSÁVEL PELA EM2 DESIGN, QUE MISTURA COM MUITA BOSSA O RÚSTICO E O REFINADO
POR ELDA PRIAMI FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE
Os produtos da Em2 Design, que hoje são encon-
descasaram-se e continuam em plena lua de mel profissio-
trados em lojas importantes do Rio de Janeiro e de São
nal. Talentosos e divertidos, garantem que sempre discu-
Paulo, transmitem modernidade em formas geométricas
tem a relação, desde que o design seja o ponto em comum.
e proporções inusitadas. No lançamento deste ano, o plus está na união da madeira com bronze e concreto. Aparen-
O apartamento de Mariana, em Ipanema, além de ser sua
temente simples, as peças têm uma estética funcional,
casa, é o escritório da empresa. Na mesa da sala, com bis-
sempre acompanhada de um toque de humor, que foge
coitos caseiros e chá geladinho, Roberto enfatiza: “Criamos
ao lugar comum, assim como a trajetória dos designers.
uma metodologia de trabalho. Tem gente que diz que rende menos em casa. Não é o nosso caso. Por ser um negócio
A marca criada por Mariana Betting Ferrarezi e Roberto
nosso, temos liberdade para organizar os compromissos”.
Hercowitz nasceu em Barcelona, em 2006, e encontrou no
Mariana completa: “Os clientes ficam mais à vontade aqui.
Rio o lugar ideal para se expandir. Há uma ligação anticon-
Além disso, aproveitamos melhor o tempo porque não en-
vencional que funciona muito bem entre os dois. Eles fo-
frentamos o trânsito, nem temos carro. Acordo, vou correr
ram casados, tornaram-se também parceiros de trabalho,
na praia, tomo banho e começo o dia”. 44
Mesinhas da linha Concretista em madeira, aço e concreto. Destacam-se as formas circulares.
Conceito A N. 15 2013
89
Morar no Rio de Janeiro foi uma opção da dupla, que, an-
na os impactos ambientais gerados pela produção de uma
tes de criar móveis, jogou a toalha para a vida burocrática.
peça”. Mariana acrescenta: “Só trabalhamos com madeira
Mariana conta: “Nos conhecemos em 1998. Como somos
certificada, pensando no lado ecológico, mas, infelizmen-
paulistas – eu de Araraquara, no interior do Estado, e ele
te, o consumidor ainda se assusta com os preços”.
paulistano –, morávamos na capital. Eu trabalhava com marketing em um banco de investimento e o Roberto, que
E como foi a experiência de viver em Barcelona? Mariana
se formou em Desenho Industrial, era responsável pelo
não se esquece do agito cultural e confessa que adorava a
design das bancas e displays em livrarias da Editora Abril”.
sensação de se perder pelas ruas, envolvida com cada cantinho que descobria. Roberto relembra a vida noturna agi-
Bufê Bicos em madeira laqueada com pernas curtas em madeira escura. Na página ao lado, cadeira Acan em forma triangular e pernas assimétricas em madeira escura.
90 Conceito A N. 15 2013
Para Mariana, o prazer pelo design começou de mansinho,
tada, o movimento das galerias de arte e a delícia que era
em 1999, quando ela observava o trabalho do marido, que
estar perto do mar. Afinal, ele foi velejador e bicampeão no
na época já era freelancer nesse segmento. “Dava alguns
esporte. Assim que eles terminaram os respectivos cur-
palpites e, ao mesmo tempo, estava desmotivada com o
sos, receberam um convite irrecusável do curador brasilei-
banco. Quando ele resolveu fazer mestrado de Ecodesign
ro Marcelo Dantas, para ambientar uma grandiosa mostra
na Escola Superior de Design e Engenharia de Barcelona,
para a Casa Real, em Madri, que celebrava os 25 anos da
em 2002, e perguntou se eu queria ir junto, eu disse sim
Constituição espanhola. Mariana relata, empolgada: “Era
na hora, sem saber o que poderia fazer”.
uma exposição que incluía mobiliário, e havia muita verba para desenvolver livremente as ideias. Nos mudamos para
A nova fase começava. Ela optou pelo curso de Design de
Madri por um período fechado de oito meses. Aí, pela pri-
Móveis e Interiores no Instituto Europeu de Design (IED)
meira vez, trabalhamos juntos e vimos que dava certo”.
e se apaixonou pelo tema de forma obsessiva, como costuma afirmar. “Por estar amadurecida, valorizava mais o
Voltaram para Barcelona com vontade de permanecer na
que aprendia”, lembra Mariana. Para Roberto, o mestrado
Espanha. Roberto fala do projeto: “A ideia era abrir um ne-
em Ecodesign desencadeou uma mudança radical na sua
gócio lá, porque naquele momento a gente não pensava
forma de pensar: “Aprendi que é um processo que relacio-
em voltar para o Brasil. Começamos a fazer alguns traba-
lhos e estruturar a Em2 Design. Desenvolvíamos pequenos objetos, como revisteiro feito com folhas de revistas, vasos, apoios para pratos quentes, coisas que podíamos produzir por conta própria. As melhores lojas de design e galerias de arte compravam nossos produtos”. Mariana não nega que era difícil conseguir fornecedores. Por isso, quando encontravam algum que tivesse metal, por exemplo, faziam uma série de peças com essa matéria-prima e bancavam a produção. Ela desabafa: “Ser estrangeiro é muito difícil, por mais que a gente seja bem aceita e se adapte à cultura do país. Há um preconceito, sobretudo em relação aos sul-americanos. Para a gente poder se manter, além de fazer design, fui garçonete durante uma época e o Roberto trabalhou como garçom”. 44
Conceito A N. 15 2013
91
Depois de três anos fora do Brasil, sentiram que tinham
certa e foi ao encontro do desejo de um tipo de consu-
dois caminhos: ficar lá de vez ou voltar. Resolveram vol-
midor que gosta de novidade personalizada. O protótipo
tar e, durante um ano, organizaram o retorno. Roberto
foi aprovado por uma grande fábrica e, em julho de 2006,
relata o plano: “Em São Paulo, marcamos dez encontros
os dois voltaram para São Paulo com um caminho engati-
com grandes empresas e todas se interessaram pelos
lhado, como define Roberto: “A gente estava com um bom
nossos produtos. Voltamos animados para Barcelona e
currículo, experiência, já tinha assimilado conhecimento
desenvolvemos o protótipo da chaise Hamaca – rede em
e as portas estavam abertas aqui”.
castelhano –, nossa primeira peça, que tem a estrutura Mesinhas Blocos, desmontáveis, em madeira. A parte superior pode ser também uma bandeja. Na página ao lado, poltrona Skin, com estrutura em metal pintado e revestimento em couro soft.
92 Conceito A N. 15 2013
de madeira e o assento é uma rede, só que feita com fios
A poltrona Hamaca foi selecionada pelo Museu da Casa
de couro. Uma das características de nosso trabalho é pe-
Brasileira, em 2006, em São Paulo, e no mesmo ano foi pu-
gar tendências de moda e trazer para o design”. Mariana
blicada na revista Wallpaper. Depois saiu nessa prestigiosa
interrompe, eufórica: “A mãe dele fez toda a pesquisa de
publicação mais três vezes e também em um guia de design
materiais e descobriu algumas fábricas no bairro do Brás,
de Milão. “Começamos com o pé direito”, festeja Mariana.
em São Paulo, que poderiam fazer os fios em couro. Imagine a loucura, nós em Barcelona e ela em São Paulo”.
E o Rio, como entrou nessa história? Os dois começam a rir e trocam um olhar de cumplicidade. Mariana é definitiva:
Na época, tanto a moda quanto o design começaram a
“Foi uma opção. Decidimos pelo Rio, que tem um jeito pa-
valorizar muito o artesanato. A Hamaca chegou na hora
recido com o de Barcelona, assim como Madri lembra 44
Conceito A N. 15 2013
93
A cadeira Hamaca, de 2006, é a primeira peça da dupla. Foi exposta no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, e citada com destaque na revista Wallpaper.
94 Conceito A N. 15 2013
São Paulo”. Roberto admite que eles se arriscaram demais
Hoje, eles fazem o protótipo de uma peça e o apre-
porque não conheciam absolutamente ninguém no Rio. Ma-
sentam a uma fábrica. Se for aprovado, o produto é
riana relembra: “É um recomeço, dizia ao Roberto, por que
confeccionado em pequena escala num esquema de
não morar onde a gente quer?” Ela começa a rir e comenta:
royalties. Nenhum dos dois pretende massificar o es-
“Eu saí de um banco e comecei a fazer bancos e incentivei
tilo que criaram. Desde 2009, também produzem uma
o Roberto a assumir a nova profissão. Se não der certo, a
coleção autoral voltada para um público antenado em
gente volta para São Paulo, dizia para ele”. Arrependidos?
novidades. Em 2011, outra surpresa: a poltrona Fago,
Nem pensar. Mariana dispara: “Fomos muito felizes na nos-
confeccionada com ripas de madeira e estofada com
sa opção porque a gente ama morar aqui”. Roberto se anima:
tecido estampado, ganhou o maior prêmio do setor, o IF
“Para o nosso trabalho, na produção e na criação, é muito
Product Design Award.
melhor morar no Rio. Quando estamos cansados, basta uma caminhada, um mergulho no mar e logo ficamos revigora-
Nesse momento, a dupla está empolgada com a coleção
dos”. Mariana confidencia um detalhe pessoal: “Depois de
2013, que inclui as mesinhas concretistas expostas este
um ano morando no Rio, terminamos o casamento, mas não
ano em Milão, no evento Rio+ Design. Eles encontraram o
a parceria profissional e a amizade. Sabe que a gente mora-
jeito ideal de trabalhar e de viver, com uma boa porção de
va nesse mesmo prédio? Só que em outro apartamento.”
tempero espanhol e carioca.
t
1993 Centro
2000
Barra da Tijuca
Há quase 50 anos oferecendo as melhores opções para seu projeto corporativo.
2009 Botafogo
2013 Niterói
Arquiteto, antecipe-se ao lançamento. Agende uma visita através do número 3209-0271
cadas abranches
Carisma pop
O ESTILO DESPOJADO E ELEGANTE DE CADAS ABRANCHES ESTÁ EM SEUS PROJETOS. SINÔNIMO DE MODERNIDADE, ELE FOGE DO CONVENCIONAL E AMA os ROLLING STONES
POR ELDA PRIAMI FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE
A pele dourada de sol, o cabelo despenteado que
adaptada para ter seis salas, já que nela trabalham qua-
lhe dá um charme anárquico e o jeito informal de se ves-
tro funcionários e mais uma equipe de 12 arquitetos que
tir, com um detalhe irreverente, compõem o look de Cadas
dão suporte aos 20 projetos em andamento. Na sala de
Abranches. Seus projetos têm a beleza de traços simples
Cadas, uma mesa de madeira rústica, sem nenhuma ga-
e marcantes, características de um estilo inconfundível.
veta, domina o ambiente. Ao redor dela, quatro cadeiras. Na estante, além de livros, estão alguns objetos de valor
Há mais de duas décadas, o escritório de Cadas fica no
afetivo, como carrinhos antigos, um capacete colorido,
térreo de um amplo sobrado dos anos 40, em Ipanema,
uma foto de David Bowie, algumas peças de toy art e,
com estrutura original preservada. No interior, a casa foi
em destaque, um livro dos Rolling Stones, sua paixão. 44
98 Conceito A N. 15 2013
Na sala, a mesa de madeira rústica domina o ambiente. Na página ao lado, Cadas com seu look irreverente.
Em todos os ambientes, o piso é emborrachado e as paredes são brancas, com algumas luminárias charmosas de Maneco Quinderé. Na sala de reuniões, outra mesa de madeira rústica e cadeiras Ghost, de Philippe Starck. Tudo simples e funcional. No lugar do quintal, criou-se um pátio com mesa, cadeiras, plantas e ligeiro ar zen. Perfeito para refeições rápidas e bate-papo no fim do expediente. “Às vezes, a gente faz reunião aqui, acende uma velinha e troca uma ideia”, diz, com voz pausada. Para Cadas, serve como um porto seguro esse espaço pertinho da praia, que já dividiu tempos atrás com o arquiteto Chicô Gouvêa. Mas quem disse que ele fica parado muito tempo? “Quando caminho na orla, dou um mergulho no mar, almoço sozinho em um dos tantos restaurantes da área. É o tempo em que mais trabalho. Em restaurantes aonde vou muito, até pedem para eu assinar croquis que faço na toalha da mesa”, se diverte. Viajar para o exterior é outro método de criação que não ele dispensa. “Em viagens, presto muita atenção em tudo que não tem ligação com arquitetura, mas que pode me motivar nos projetos. Gosto também de clipes musicais, com locações bacanas. Isso me inspira!” Cadas não gosta de ficar muito tempo fora do Rio. “Quando chego de viagem, a primeira coisa que faço é dar um mergulho na praia, para tirar aquela sensação do avião. Em viagens mais longas, fico com saudade do escritório e quero voltar logo para cá”. Como alguns arquitetos cariocas bem-sucedidos, ele também coordena vários projetos em São Paulo. Conta que os clientes paulistas acham graça de sua maneira descontraí da de se vestir e de ser. “Só não vou de bermuda naqueles prédios que tiram fotografia da gente. Não tenho escritório na cidade e não pretendo ter. Gosto de ir e voltar”. Enquanto fala, ele brinca com uma lapiseira que está ao lado da planta de um projeto. “Hoje, faço menos croquis. Antigamente, as pessoas mandavam emoldurar os meus croquis porque gostavam das perspectivas coloridas. Isso acabou, mas ainda tem cliente que pede o desenho, em vez de ver o projeto no computador”. Apesar de não ter muita intimidade com tecnologia, ela está presente em seu dia a dia. “Depois de arrematar as ideias, vou para o computador. Eu, não, mas fico
Carrinhos, toy art, capacete, canetas e croqui. Na página ao lado, sala de reuniões com cadeiras de Philippe Starck e luminárias de Maneco Quinderé.
4 4
Traรงos marcantes no apartamento com ambientes integrados. Na pรกgina ao lado, a sala de um apartamento que se transformou em oficina de bicicleta. Luxo transgressor.
102 Conceito A N. 15 2013
junto da galera que é rápida e sabe lidar com os programas. Vou dando os toques e eles mexem aqui, mexem ali, até chegar aonde quero. Estou até com iPhone! Ainda não me adaptei a ele porque tinha um telefoninho daqueles que caem na água, na areia e não acontece nada. Continuo com ele só para ir à praia”, brinca, com jeito relax. Ele admite que sente saudade da época em que só fazia projetos à mão. “Gosto de desenhar com caneta pilot. Num instante, fica pronto o que imagino. É meu lado artesão.” Sua ousadia e sua liberdade manifestam-se em formas imprevistas, em projetos residenciais ou comerciais. No ano passado, por exemplo, uma casa que fez em Itaipava, região serrana do Rio, ganhou destaque no site Contemporist, um dos mais conceituados sobre arquitetura e design contemporâneos. Aparentemente simples, a construção em madeira tem enormes paredes de vidro que produzem um efeito lúdico e a integram à natureza.
4 4
Conceito A N. 15 2013
103
Quem chega ao seu escritório busca um toque irreverente. ”Não adianta alguém pedir algo convencional, porque não rola. Aí digo: ‘Olha, bicho, parte pra outra que não vai ser aqui, não’. Para administrar o que as pessoas querem, o ideal seria ter um divã na sala”, ri. Mesmo com um olhar que sempre discorda do óbvio, Cadas admite que a configuração contemporânea de um espaço não muda muito. É difícil encontrar alguém que tope o inusitado porque 90% das pessoas preferem o padrão. Mas existem exceções. Tenho um cliente que chegou à conclusão de que não precisava de sala de jantar. Gosta de comer numa mesinha. A sala de jantar virou sua oficina de bicicleta. Ele se deu o direito de escolher a forma de seu espaço. Isso é maneiro, raro”. Aos 58 anos, Cadas desfruta do prazer da profissão que desejava ter desde garoto. “Minha mãe, que perdi aos 12 anos, era completamente ligada em arte. O contato com ela foi mínimo, mas ficou essa herança. Acho uma felicidade você saber aos 17 anos o que quer de sua vida, e eu sempre quis ser arquiteto. Também veio da infância o apelido Cadas. Hoje, se me chamarem de Ricardo, nem sei quem é”, debocha. Esse arquiteto que prefere criar espaços inesperados espanta-se com a verticalização das cidades, admira as formas surreais de Zaha Hadid e Santiago Calatrava, mas suas referências mais importantes são os arquitetos japoneses Kengo Kuma e Shigeru Ban. E tudo isso ao som dos Rolling Stones!
t
Rua Redentor, 23 - Térreo
[21] 2533 2449
A casa de Itaipava, em madeira e vidro, foi destaque no site Contemporist, uma referência em arquitetura. Na parte externa, varanda com arrojada forma oval.
104 Conceito A N. 15 2013
| Ipanema
curadoria // ascânio mmm
Sonho realizado O NOVO ATELIÊ DO EMBLEMÁTICO ESCULTOR ASCÂNIO MMM PODERIA SER UMA MODERNÍSSIMA GALERIA DE ARTE, MAS ELE QUER O ESPAÇO SÓ PARA COLOCAR SUAS OBRAS. AFINAL, É UM PROJETO DE VIDA
POR ELDA PRIAMI FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE
O bairro é o Estácio, tradicional reduto da arquitetura carioca. Ali, restam ainda muitos casarões do começo do século passado, grande parte deles abandonada, infelizmente. Mas, diante de três sobrados que mantêm a fachada histórica lindamente restaurada, pintados da mesma cor, o motorista do táxi não se contém e comenta: “Já pensou se todos estivessem assim?” Nem é preciso dizer que ele nasceu ali e exalta a terra dos sambistas Ismael Silva, Bide e Marçal. Enquanto conto o dinheiro para pagar a corrida, ele continua: “Sem esquecer que Luiz Melodia e Gonzaguinha também nasceram aqui”. Quem abre a porta do ateliê é o próprio Ascânio, sorriso franco e jeito simples de artesão. Famoso por suas obras monumentais, sobretudo as públicas, presentes não só aqui como no exterior, ele vive uma fase única em sua vida. É emocionante ver o espaço de 1.200 metros quadrados no qual estão integradas as três construções. Digo que me sinto em uma parte do museu londrino Tate Modern. Ele não disfarça a alegria com a comparação: “Levei dois anos restaurando isso. Estou aqui desde setembro, mas ainda não consegui organizar tudo. Sempre sonhei em ter um espaço para guardar as minhas obras, que são de grandes dimensões”. Vamos até o único sobrado que permaneceu com os dois andares originais. Na parte superior, fica o escritório, no qual trabalha um funcionário 44
Escultura 2.5 (1978-1997), em madeira pintada. Na página ao lado, Ascânio com as Qualas (2008), quadrados de alumínio presos com argolas.
que digitaliza sua obra, onde não falta uma quantidade enorme de desenhos, fitas cassetes e até filmes em super-8. Ele constrói um museu com minucioso cuidado. Nos dois galpões com oito metros de pé-direito, piso de concreto, paredes brancas e portas de vidro, estão, de um lado, as grandiosas obras em madeira da fase branca, dos anos 60 e 70, que o transformaram em um dos nomes mais importantes da arte, e, de outro, as Qualas, imponentes peças feitas com quadrados de alumínio e presas com argolas. “Elas foram expostas no Museu de Arte Moderna do Rio, em 2008. Penduradas no teto e nas paredes, são verdadeiras instalações que se movimentam”, ele explica. Há ainda a fábrica, onde Ascânio e seus dois assistentes trabalham com o alumínio. Ao fundo, avista-se um lindo jardim. “Agora, sim, as peças podem ficar montadas. Antes, quando voltavam das mostras, eram colocadas em caixotes, onde permaneciam por anos, o que era a minha grande frustração. Restauro hoje uma peça em madeira, a Fitangular, de seis metros de comprimento, que também foi exposta no MAM do Rio, em 1984. Depois de 29 anos, ela respira fora da caixa”. 44
Formação 1 (1978), em madeira (coleção Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro). Na página anterior, vista do ateliê com as obras Flexos 4 (2004), penduradas. Ao fundo, a peça Piramidal (1991), em alumínio, e a Acajucatinga (1986), em madeira.
Conceito A N. 15 2013
109
110 Conceito A N. 15 2013
O investimento financeiro foi grande. Ascânio sente orgulho em afirmar que realizou o projeto com a venda do seu trabalho. “Não tive patrocínio e me sinto realizado porque é o resultado de cinco décadas de empenho, de 1964 a 2013. Ainda hoje, quando entro aqui, me emociono. Acho incrível ter esse espaço porque quem trabalha com escultura, com obras grandes, precisa sempre de lugares grandes. Não é o caso do pintor, nem do gravurista ou da turma que faz performance. De vez em quando, me dou conta do sonho realizado e ainda me surpreendo. Esse é um espaço meu, íntimo, reservado. Aqui é o meu mundo”, confessa o artista, que nasceu em Portugal, veio para o Brasil aos sete anos e não tem dúvida de que é carioca. É no ateliê que ele passa o dia, de nove da manhã às seis da tarde. Sua obra atual é feita em alumínio. “O que há de novo nos meus trabalhos, hoje, são os materiais e a minha postura em relação a eles. Antes, eu usava muito parafuso, agora uso arame de aço inoxidável e argolas. E também trabalho com a madeira em seus tons naturais”. Ascânio Maria Martins Monteiro, ou Ascânio MMM, como é conhecido, ganhou notoriedade com seu estilo geométrico. “Fiz arquitetura, e embora meu trabalho esteja muito ligado a ela, é uma arquitetura mais intelectualizada, lúdica. Se é que posso afirmar isso, meu trabalho é abstrato geométrico” (e ele mostra os movimentos das obras). 44
Oficina onde Ascânio faz os protótipos de suas obras. Conceito A N. 15 2013
111
Aos 72 anos, define o ato de criar: “Para mim, criar
Este é um ano muito especial para ele. Em março, foi lança-
é colocar em cheque meus valores e também minha
do o livro Ascânio MMM: poética da razão, amplo estudo so-
necessidade de liberdade. Meu processo de criação
bre sua obra, elaborado pelo curador e crítico de arte Paulo
está muito ligado ao fazer. As ideias partem de minha
Herkenhoff, em edição luxuosa da Bei. Já está sendo produzi-
cabeça e aí pego minhas ferramentas. Só sei pensar
da a versão em inglês. Contagiado pelo entusiasmo da nova
fazendo. A maioria dos meus trabalhos é um desdo-
fase, ele renova seu site e prepara duas obras novas. Também
bramento de outros”. Ele mostra os esboços de uma
conta que gosta de participar de feiras, como a SP-Arte, em
obra que está na Praça da Sé, em São Paulo, e de outra,
São Paulo. Recentemente, esteve na feira ArcoMadrid, na Es-
que está no Centro Empresarial Botafogo, no Rio. “Ao
panha, e na Art Basel Miami, nos Estados Unidos.
Até hoje, o artista continua a produção de suas esculturas em branco. Na página anterior, no chão, vários módulos em madeira pintada, da fase branca. Na parede, peça da série Quadrados (1968).
ver as obras nas ruas, me emociono. Vim de uma cidade pequena de Portugal diretamente para uma cidade
Quando pergunto se financeiramente se sente remune-
grande que é o Rio de Janeiro. Meu choque com a be-
rado à altura de sua arte, ele dá um sorrisinho irônico e
leza desse lugar foi imenso. Hoje, sou mais um artista
dispara: “É lógico que não sou uma Beatriz Milhazes e nem
brasileiro do que português”.
uma Adriana Varejão, mas sou, sim, bem-remunerado”.
t Conceito A N. 15 2013
113
mem贸rias do rio // biblioteca nacional
T
Templo da cult u ra cultura Templo da O BELO PRÉDIO DE ESTILO NEOCLÁSSICO DA BIBLIOTECA GUARDA UM DOS MAIS RICOS ACERVOS DO MUNDO, INCLUINDO MUITAS OBRAS RARAS
Arquitetura neoclássica da Biblioteca Nacional: abrigo e imagem institucional de nosso mais precioso acervo bibliográfico.
Texto e fotografia Aristides CORRÊA Dutra
Com a mais ampla fachada a se debruçar sobre a Ci-
ríntias em escala colossal se harmonizam com as da facha-
nelândia, no Centro do Rio, o prédio da Biblioteca Nacional é
da do Theatro Municipal. Mas aqui o resultado é mais pró-
também o mais neoclássico entre seus belos vizinhos. Sua
ximo de um templo romano, com colunas livres e frontão
marca visual é o imponente portal, no qual seis colunas co-
triangular com figuras em relevo moldadas em bronze. 44
Conceito A N. 15 2013
115
No setor de iconografia, os móveis originais resguardam os ares da época da inauguração; no saguão, o bronze enriquece com detalhes portas, balaustradas e lustres.
Há certa austeridade na imponência dessa fachada. Mas
época de sua inauguração. Com mesas de consulta em
ela se transforma em franco deslumbramento quando
madeira maciça e pesadas cadeiras de ferro, pesquisar
chegamos ao saguão do edifício. Eixo central da articula-
nessa sala é como viajar no tempo.
ção de suas três alas, cuja planta forma um T invertido, o saguão de entrada eleva-se por quatro pavimentos deco-
Um andar acima fica a sala que abriga a coleção de obras
rados com toda a elegância e o refinamento estabelecidos
raras e a presidência da biblioteca. Projetada para funcio-
pelo estilo beaux arts importado de Paris, que por aqui
nar como sala de leitura — hoje transferida para o nível
nós chamamos de eclético.
principal —, a sala é, sem dúvida, a mais bonita e ornamentada do prédio. De planta quadrada e totalmente circun-
116 Conceito A N. 15 2013
A progressão dos andares acompanha a sequência
dada por um mezanino, sua parte central tem pé-direito
dos estilos da arquitetura clássica. No andar princi-
duplo e é coroada por um vitral arqueado. Circundando
pal, as duas grandes salas de leitura têm colunas com
esse vão central, o teto sobre o mezanino é coberto por
capitéis dóricos. As colunas do segundo andar são
uma sequência de pequenas cúpulas em que arcos e vol-
jônicas e as do terceiro, coríntias. No quarto andar,
tas, ressaltados em verde e vinho sobre um fundo creme,
pilastras mais simples ladeadas por arcos conduzem
formam uma malha de linhas elegantes que combinam
a um teto fechado por uma luminosa claraboia de vi-
com a estrutura arqueada do vitral. Uma belíssima sala
tral com toques de art nouveau.
para nossa mais importante biblioteca.
De todas as salas do edifício, duas merecem especial
Nossa brasileiríssima Biblioteca Nacional, no entanto,
atenção. No andar principal, a sala do setor de icono-
nasceu portuguesa. E sua história é movimentada como
grafia é a única que ainda mantém a mobília original.
um romance de aventura. Em 1755, um terremoto seguido
É a que mais se aproxima do estado da biblioteca na
de incêndio arrasou Lisboa e destruiu sua biblioteca, 44
então chamada Real Livraria. O Palácio da Ajuda foi es-
foi novamente renomeada, tornando-se finalmente
colhido para abrigar uma nova biblioteca que, 50 anos
a Biblioteca Nacional. Em 1910, com um acervo que já
depois, já reunia 60 mil itens.
contava com 705 mil peças, a biblioteca mudou-se para seu endereço definitivo, na então novíssima Avenida
Depois que a corte portuguesa se transferiu para o Bra-
Central, atual Rio Branco.
sil, fugindo à investida do exército de Napoleão, todo o acervo da biblioteca foi trazido ao Rio em três viagens
O projeto do edifício atual é do engenheiro Francisco
de navio realizadas entre 1810 e 1811. A primeira sede
Marcelino de Sousa Aguiar, autor, entre outros, do Pa-
da biblioteca foi o Convento da Ordem Terceira do Car-
lácio Monroe — infelizmente já demolido — e do Quartel
mo, na Rua Direita, hoje Primeiro de Março. Com a inde-
Central do Corpo de Bombeiros, no Campo de Santana.
pendência do Brasil, em 1822, o acervo foi reclamado por
Entre os artistas que produziram obras para a decoração
Portugal, mas um acordo internacional estipulou uma
do edifício, estão Rodolfo Amoedo, Eliseu Visconti, os ir-
indenização de 800 contos de réis, e os livros tornaram-
mãos Rodolfo e Henrique Bernardelli e Modesto Brocos
se nossos em definitivo. O nome passou a ser Biblioteca
y Gómez, artista chileno radicado no Brasil. Como era de
Imperial e Pública da Corte.
praxe na construção dos grandes edifícios públicos do
Da grande sala do acervo ao gradil das escadas secundárias, é marcante a presença da arte.
período, algumas de suas partes foram encomendadas Com o contínuo crescimento do acervo, a biblioteca foi
a empresas ou artesãos europeus. Os bronzes vieram da
instalada em 1859 no prédio onde hoje funciona a Es-
Alemanha, as portas, da Inglaterra, o piso hidráulico, de
cola de Música da UFRJ, na Rua do Passeio. Em 1876,
Portugal, e os vitrais, da França. 44
Conceito A N. 15 2013
119
Mas, por mais que o prédio de uma biblioteca seja impo-
Algumas de suas obras são tão preciosas, que ficam tran-
nente, seu verdadeiro patrimônio é, certamente, o acervo.
cadas em cofres. É o caso da Bíblia de Mogúncia, impressa
E nossa Biblioteca Nacional figura entre as mais impor-
em 1462 sobre pergaminho, com letras capitulares pin-
tantes de seu gênero, listada pela Unesco como uma das
tadas à mão. Dos cerca de 60 exemplares conhecidos e
dez maiores bibliotecas nacionais do mundo. Estima-se
espalhados pelo mundo, dois estão aqui. Também temos
que o acervo reúna atualmente nove milhões de itens.
dois exemplares dos Lusíadas, de Luís de Camões, datados Foto: Marc Ferrez
de 1572, um dos quais é da primeira edição. O mais antigo manuscrito da Biblioteca Nacional é um evangeliário dos séculos XI e XII, com textos em grego sobre pergaminho. E um dos mais decorados é o belíssimo Livro de Horas, do século XV, escrito em latim com letra gótica e ricamente ilustrado à mão. Outro grande tesouro é a coleção com mais de 50 mil itens coletados pela imperatriz D. Teresa Cristina e pelo imperador D. Pedro II em suas andanças pelo mundo. As fotografias da coleção, com um forte viés geográfico e etnográfico, são uma preciosidade reconhecida internacionalmente. Em 2003, a coleção tornou-se o primeiro conjunto documental brasileiro a ser inscrito pela Unesco como Registro Internacional da Memória do Mundo. Não restam dúvidas: a Biblioteca Nacional do Brasil é o feliz casamento da cultura com a beleza.
t
Biblioteca Nacional
Reprodução
Avenida Rio Branco, 219 | Centro [21] 3095 3879
120 Conceito A N. 15 2013
Um prédio imponente para um acervo precioso: dentre os inúmeros tesouros, a Bíblia de Mogúncia e o belissimamente ilustrado Livro de Horas, ambos do século XV.
ACERVO
{
A cômoda de estrutura Império, muito elegante e sóbria, foi usada até o período Luís Felipe. Além de contar com puxadores em metal e três gavetões, é interessante a gaveta dissimulada em moldura Dulcine que ela tem em seu tampo (França, meados do século XIX).
122 Conceito A N. 15 2013
A
Arnaldo Danemberg e o antiquariato
cômoda
Como nos ensina nossa mestra Tilde Canti
Em estruturas curvilíneas ou retilíneas, dependendo do
(O móvel no Brasil, Editora Agir), a cômoda é uma evolu-
estilo, a cômoda se apresenta, quanto à sua manufatura,
ção da arca, que foi adquirindo paulatinamente gavetões
de forma erudita (palaciana ou citadina) e popular (cam-
e gavetas até abranger toda a sua caixa. Móvel de guar-
pesina). Sempre foi um móvel objeto da minha admiração,
da por excelência, a cômoda era usada originalmente em
por sua estrutura, seu porte e sua representação estilís-
quartos. Com o tempo, ganhou novos usos e passou a
tica. Uma boa cômoda sempre dá um realce, denota erudi-
compor também salas e os ambientes de visita.
ção e bom gosto. Nas salas, então, as considero especiais. Garimpei em meu acervo alguns exemplares, que comento a seguir.
São de grande aceitação os móveis de uso naval, como mesas, arcas e baús, além das cômodas. Em estrutura retilínea, cômoda inglesa em madeira clara acetinada (cedro) e metal. Tem encaixes aparentes, cantoneiras em bronze, assim como puxadores, três gavetões (sendo o último de abrir), fundo falso e pés torneados em bolachas (móvel de navio, Inglaterra, século XIX).
Em manufatura campesina, rural, a cômoda portuguesa distingue-se pela singeleza de sua forma, que denota elegância e discrição. Em madeira clara acetinada (pinho), tem estrutura retilínea, três gavetões com puxadores em metal lavrado e moldura na base (Portugal, cerca de 1900).
A cômoda Luís Felipe caracteriza bem o móvel citadino burguês de meados do século XIX. Em raiz de nogueira e tampo de mármore, com puxadores requintados, tem três gavetões e gaveta dissimulada na cimalha em moldura Dulcine (França, meados do século XIX).
Conceito A N. 15 2013
123
Em madeira clara, a cômoda inglesa da cabana, dita e conhecida como de cottage ou provincial English furniture, transmite a leveza própria das pequenas casas rurais britânicas. Em pinho, tem estrutura retilínea, com duas gavetas, três gavetões e puxadores em metal recortado (Inglaterra, século XIX).
Por fim, as cômodas em miniatura de minha coleção particular, que são minha paixão. Feitas como “prova de exame”, mostruário ou mesmo para crianças, são hoje em dia colocadas em estantes, sobre mesas e ainda sobre outras cômodas. Uma forma de ter diversas peças num só ambiente. As dessa página são todas europeias em estruturas retilíneas do século XIX, em nogueira, mogno e pinho. A miniatura resume e sua coleção agrupa uma paixão.
124 Conceito A N. 15 2013
NADA SERÁ COMO ANTES
NA PENÍNSULA Prepare-se. Os maiores talentos em arquitetura, decoração e paisagismo vão surpreender você.
DE 10/10 A 18/11, AV. DOS FLAMBOYANTS 500 – BARRA DA TIJUCA blog: acordacasa.com.br www.casacor.com.br PATROCÍNIO MASTER
PATROCÍNIO NACIONAL
PATROCÍNIO LOCAL
/casacorrio
@casacorrio APOIO LOCAL
CARTÃO OFICIAL
O MELHOR AMBIENTE DA CASA DESIGN É O MELHOR LUGAR DA CASA. COZINHA GOURMET DO CASAL. PREMIADO COMO MELHOR AMBIENTE DA MOSTRA CASA DESIGN. ARQUITETAS PAULA MOTTA E MAGDA CURI + TRESELLE
p
(21) 2429-8268 路 WWW.TRESELLE.COM.BR
cozinha especial
HOJE, esse espaço É O NOVO PONTO DE ENCONTRO DAS PESSOAS, EFEITO DIRETO DA IMPORTÂNCIA QUE A GASTRONOMIA GANHOU HÁ DUAS DÉCADAS. SE ANTES ELA FICAVA ESCONDIDA, AGORA ESTÁ À VISTA DE TODOS COM VISUAIS SURPREENDENTES QUE INSTIGAM A SUA RENOVAÇÃO
POR MARINA COUTO FOTOGRAFIA DENILSON MACHADO/ MCA ESTUDIO
A Florense tem uma história inspiradora. Tudo começou em 1953 com uma tímida marcenaria, de 200 metros quadrados e piso de chão batido, na serra gaúcha. Nos anos 70, de olho nas tendências europeias que chegavam por aqui, o fundador e presidente da empresa, Lourenço Darcy Castellan, decidiu investir em design e tecnologia, firmando uma parceria com um importante consórcio italiano de fabricantes de máquinas. O investimento certeiro foi o maior empreendimento da história da Florense. De lá para cá, a aposta em design, alta tecnologia e qualificação de mão de obra têm sido os fatores decisivos para o fortalecimento da marca. Com lojas no Brasil e no exterior, a empresa se organiza para que todo o processo de desenvolvimento dos produtos seja sustentável, desde a entrada das matérias-primas até a expedição dos móveis prontos. O mesmo conceito se estende aos materiais gráficos usados na divulgação, totalmente de acordo com os princípios da sustentabilidade.
128 Conceito A N. 15 2013
Florense Avenida Ayrton Senna, 2.150
| Bloco I | Loja 202 | Barra da Tijuca [21] 3328 6006
Antenada com os principais comportamentos do mercado, a Florense percebeu a importância da cozinha gourmet e começou a desenvolver peças exclusivas para esse ambiente. Beleza e funcionalidade se aliam a um design inovador. A marca trabalha com todos os tipos de materiais e padrões de acabamento da indústria moveleira mundial, além de ser parceira dos mais renomados arquitetos brasileiros e internacionais. “A Florense é inovadora e preza a qualidade, sempre fiel na execução de seus projetos”, define a arquiteta Roseli Müller. 44
Conceito A N. 15 2013
129
Em um projeto de cozinha gourmet, na Barra da Tijuca, ela optou pelos armários sob medida com portas em melamina branca e vidro. Os armários off white trazem leveza visual, proporcionando a sensação de amplitude. Com a base neutra, os toques estratégicos em azul-marinho sobressaem. Como a proprietária adora cozinhar, Roseli criou um espaço aconchegante, para que a família possa interagir durante o preparo das refeições. A cozinha ficou elegante na medida certa e dentro da linguagem contemporânea, o que é característico nos projetos da arquiteta.
130 Conceito A N. 15 2013
t
Peças assinadas • Decor ação Náutica Residencial • Comercial • Corpor a tivo • Constr utor a s
Rua Jornalista Costa Rêgo, n. 104, São Conrado Te l : 2 1 2 1 3 5 3 5 6 5
•
7828 0714
contato@marecota.com
CONCEITO A
Objetos para Decoração de Interiores
132 Conceito A N. 15 2013
Favo Avenida Ayrton Senna, 2.150
| Bloco E | 2o piso | Loja 104 | Barra da Tijuca [21] 3325 5554
O DNA da Favo é carioca. Foi fundada no Rio de
desse espaço gourmet, além de dar um charme todo es-
Janeiro em 1977, mas em 2006 expandiu sua marca para
pecial ao ambiente. Os projetos são personalizados para
São Paulo e, dois anos depois, chegou a Belém, marcando
atender às especificidades de cada cliente.
presença nos principais polos de decoração do Brasil. As arquitetas Claudia Pimenta e Patrícia Franco não Com soluções criativas para todos os ambientes da casa,
hesitaram em optar pelos móveis da Favo para um
ganha destaque no mercado de móveis planejados de luxo.
projeto de cozinha gourmet. Os armários escolhidos
A cada nova coleção, desenhada pelo estúdio Favo de de-
fazem parte da linha Glass, que se caracterizam pelas
sign, são criadas peças arrojadas e funcionais, que valori-
portas em vidro. A ilha no centro da cozinha acopla o
zam o espaço. Politicamente correta, a Favo só utiliza em
cooktop e a coifa com praticidade. Para complemen-
seus produtos madeiras selecionadas de reflorestamento
tar, o requinte da cor marrom faz um link perfeito com
e matérias-primas ecologicamente responsáveis.
o amadeirado do painel e da mesa e ainda destaca o amarelo vibrante das cadeiras.
A estética caminha junto com a tecnologia: as peças contam com sistemas exclusivos que facilitam a abertura
Alinhados com o décor contemporâneo, que valoriza o
de portas e gavetas. Em seu showroom, a Favo surpre-
convívio social, os projetos de cozinhas da Favo têm um
ende ao antecipar tendências do setor moveleiro. Suas
conceito dinâmico, em que o espaço deixa de ser apenas
cozinhas coloridas, em tons de azul-turquesa, vermelho
para o preparo das refeições e se transforma em um am-
e amarelo, despertam a atenção para os novos conceitos
biente de interação e bem-estar.
t
Conceito A N. 15 2013
133
Como o próprio nome em inglês já sugere, a Kitchens não deixa dúvidas quanto à sua especialidade. Combinando o forte know-how com os constantes investimentos em tecnologia, a marca facilita o dia a dia com peças personalizadas e propostas inteligentes. Há 49 anos no segmento, a empresa totaliza 19 lojas distribuídas pelo país. Como reflexo de sua expansão, passou a produzir também móveis para copas, áreas de serviço e banheiros e uma linha exclusiva de armários e acessórios para dormitórios. E não para por aí: oferece também produtos complementares que ampliam as opções de seus clientes, como eletrodomésticos, fornos elétricos, cooktops, coifas, refrigeradores e batedeiras. Em todos os projetos, são empregados o MDP e o MDF como matérias-primas, fabricados pela Duratex com modelagem exclusiva. Os materiais foram escolhidos em função da estabilidade e da resistência necessárias às diferentes estruturas dos armários e das gavetas. Para combater os micro-organismos, a Kitchens incorporou no interior dos armários de cozinha um sistema de proteção antimicrobiana, que ajuda na higienização dos móveis e garante a aparência de peças novas por mais tempo. Para cada projeto, é feito inicialmente um estudo personalizado e minucioso da área disponível. No anteprojeto, por meio de um cinema 4D, o cliente pode visualizar o que está sendo programado e definir a escolha de todos os detalhes, como revestimentos e puxadores. Só então se inicia o detalhamento da planta definitiva. A Kitchens faz um acompanhamento direto de todas as etapas do processo. Isso significa que a empresa se responsabiliza não só pela venda e pela elaboração do projeto, mas também pelo financiamento, pela produção, pela instalação e pela assistência técnica. Com um dos mais modernos parques industriais do setor moveleiro do mundo, a empresa mantém um sistema em que todas as lojas estão conectadas online com a fábrica, o que reduz o tempo de produção e entrega ao prazo recorde de 15 dias. Rapidez e inovação que impressionam.
134 Conceito A N. 15 2013
t
Kitchens Avenida Rodolfo de Amoedo, 347
| Barra da Tijuca [21] 3485 9450Â
Conceito A N. 15 2013
135
A Treselle é a mais jovem entre as empresas es-
Em seus projetos de cozinha, a empresa valoriza a cone-
pecializadas em móveis de alto padrão, mas já firmou sua
xão do espaço com os outros ambientes da casa. Uma ilha
marca no design de interiores com muita personalidade
de apoio é fundamental, tanto para envolver os convida-
e bom gosto. Há 24 anos no mercado, a empresa carioca
dos no momento de preparo das refeições quanto para
faz projetos sob medida para cozinhas, salas e quartos,
delimitar os espaços.
sempre com a preocupação de combiná-los inteiramente com o perfil de seus clientes.
Em parceria com a arquiteta Cristina Côrtes, da Arqvisual, a Treselle projetou uma cozinha de acordo
Com frescor de sobra e liberdade de criação, a Treselle
com esse conceito, criando um espaço conectado à parte
atua com fornecedores de ponta no setor de móveis,
social da casa. A proposta foi unir o ambiente de preparo
como a Cinex, na fabricação de vidros e alumínio, e a
ao local de refeição, seguindo as especificações de ma-
Blum, com sistemas de elevação e extensão. O resultado
teriais solicitados pela arquiteta.
é um mobiliário de alta qualidade que se adapta aos mais diversos ambientes.
Na cozinha, que faz parte da linha Techno, destaque para os vidros Cristallo Ébano, laminado branco nos
Em relação à matéria-prima, a empresa investe na estabili-
compartimentos e madeira Teca. No mobiliário, o uso do
dade do MDF e do compensado com colagem naval, materiais
laminado justifica-se pela fácil manutenção e pela sen-
resistentes que garantem a longa duração de seus produtos.
sação de amplitude visual, sem excessos. A madeira, por
Associado a isso, aposta em acabamentos variados e nas inte-
sua vez, faz um contraste harmônico com os modernos
ligentes soluções em acessórios, o que só corrobora a expertise
equipamentos da cozinha. Um mix contemporâneo de
da marca. Conta ainda com uma equipe formada por profissio-
revestimentos e materiais, que traz em sua essência o
nais da área de arquitetura e design, além de uma equipe de
estilo único e revigorado da Treselle.
montagem própria e assistência técnica permanente.
136 Conceito A N. 15 2013
t
Treselle Avenida Ayrton Senna, 2.150
| Bloco D | Loja 101/102 | Barra da Tijuca [21] 2429 8269
Conceito A N. 15 2013
137
138 Conceito A N. 15 2013
Ornare Avenida Ayrton Senna, 2.150
| Bloco L | Lojas 101/106 | Barra da Tijuca [21] 2108 8064
Em 2012, a Ornare ganhou o prêmio Top Of
vem da qualidade e da alta tecnologia de seus móveis
Mind como Empresa do Ano, em uma pesquisa realiza-
feitos sob medida, que têm as mais variadas opções e
da pelo Instituto Datafolha com as grandes marcas do
soluções para toda a casa.
segmento de arquitetura, decoração e construção. No mesmo ano, venceu também na categoria Armários sob
Fundada em 1986, em São Paulo, pelos empresários Es-
Medida para Quartos, categoria que já premiou a empre-
ther e Murillo Schatan, fabricava inicialmente apenas
sa por mais de oito vezes. O merecido reconhecimento
móveis para quartos. A repercussão positiva dos consumidores na década de 1990 animou os empresários a expandir sua linha de produtos, que passou a incluir também móveis para salas, cozinhas, banheiros e escritórios. Hoje, a Ornare tem lojas por todo o Brasil e também movimenta o mercado estrangeiro com uma filial em Miami, nos Estados Unidos. A empresa não mede esforços no atendimento ao cliente e no serviço de pós-venda. Todos os vendedores das lojas, incluindo a de Miami, são arquitetos e passam por um rigoroso treinamento de três meses antes de terem contato com o público. A mesma atenção é destinada à formação dos profissionais que vão até a casa dos clientes para fazer a montagem dos móveis. Uma das primeiras a investir em design, mantém um núcleo permanente de criação, o Studio Ornare, que tem firmado parcerias com grandes nomes do design nacional. Para compor um projeto de cozinha gourmet, no Leblon, a arquiteta Fernanda Pessoa de Queiroz utilizou os móveis Ornare da linha Satyrium. Nos armários superiores, a opção foi pelo acabamento em vidro branco, enquanto nos gabinetes ela usou o laminado da mesma cor. Um dos grandes trunfos da Ornare está no acabamento, o que fica bem claro na pintura – cada peça recebe exatamente sete demãos no processo de criação. A arquiteta, adepta da fusão de estilos, misturou a modernidade dos acessórios com um toque rural, presente na estante em uma pequena horta junto com livros de receitas dos moradores. As formas limpas e retilíneas dos móveis contribuem para o sucesso dos animados encontros ao redor da mesa.
t Conceito A N. 15 2013
139
Divulgação
Solidez e experiência são características marcantes da Todeschini, que contabiliza 70 anos de mercado. Com sede em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, a empresa é uma das maiores fabricantes de móveis planejados da América Latina, com mais de 260 lojas exclusivas distribuídas em todo o Brasil e no exterior. Fabrica móveis e produtos complementares para ambientes personalizados, tanto em espaços residenciais quanto em projetos corporativos e hoteleiros. A capacidade de renovação, materializada nas novidades lançadas a cada ano, é um dos trunfos da marca. A coleção mais recente, Identidade, contempla as múltiplas influências culturais do Brasil, assim como os nomes que batizam os produtos. Amazônia, Cacau, Ouro Preto e Cerrado são alguns dos vocábulos que nomeiam acabamentos e cores. O revestimento Jangada traz o frescor das praias, enquanto o acabamento Cajá aposta na cor vibrante da fruta. Se o ambiente for mais sóbrio, cai bem o tom Petróleo usado em portas e gavetas. As mesas de design vintage, com pés de palito, foram batizadas de Maculelê. As cozinhas da nova coleção também apelam para a proposta multicultural. Na Duna, por exemplo, o tom nobre do pinhão reforça a sobriedade elegante do ambiente. Já na Mar, destaque para os madeirados suaves e de cores claras. A Verena Rajado aposta em frentes com texturas e a Maribo pega carona no design escandinavo, com forte contraste de veios em distintas tonalidades. Os lançamentos investem ainda em uma produção totalmente sustentável, revestindo o MDF com o polietileno tereftalato (PET), material conhecido por compor embalagens plásticas. Além disso, os painéis são compostos de tiras de madeira reflorestada, orientadas em camadas sobrepostas e unidas por resina. A Todeschini também aprimorou os seus processos produtivos, com atenção especial ao tratamento de resíduos antes de serem devolvidos à natureza. A coleção Identidade, além de realçar a estética, promove uma interessante revalorização do universo cultural brasileiro. As cozinhas se transformam em ambientes divertidos e originais, com referências marcantes traduzidas em formas, texturas e cores.
140 Conceito A N. 15 2013
t
Todeschini | Tijuca [21] 2208 0228
Divulgação
Rua Uruguai, 386
Conceito A N. 15 2013
141
BOM DE CLIQUES E TAMBÉM DE PANELAS, SERGIO PAGANO FOTOGRAFOU ARQUITETURA EM MILÃO E SHOWS DE ROCK PELO MUNDO, MAS NO BRASIL FICOU FAMOSO POR SUA ESTÉTICA REFINADA EM GASTRONOMIA
conversa cozinha
de
sergio pagano
Versatilidade al dente
POR ELDA PRIAMI FOTOGRAFIA SERGIO PAGANO
Há quase três décadas no Rio de Janeiro, esse
Enquanto testa a máquina fotográfica, Sergio pergun-
milanês não perdeu o sotaque e ainda faz um mash up
ta, em tom irreverente: “Você prefere que eu coloque o
charmoso dos idiomas italiano e português. Afora isso,
spaghetti na frente do meu rosto ou não?”. A dúvida é
tem um humor irônico e sofisticado que combina com seu
apenas um pretexto para analisar: “Sempre fui cômico.
visualfashion. “Adoro moda. Além de fazer parte da estéti-
A gente não tem de se levar muito a sério. A ironia é he-
ca, é um prazer pessoal”, declara com a maior naturalidade.
rança de meu pai, um napolitano que, apesar de ter enfrentado a guerra, levava a vida na esportiva. Eu e meu
Na cozinha, enquanto prepara a luz para fazer um au-
irmão nascemos em Milão, mas cultivamos aquele modo
torretrato, comenta que não gosta de ser rotulado de
de viver típico de Nápoles, que fica entre o jeito baiano
fotógrafo de gastronomia. Mas não tem jeito: seu nome
e o carioca. A cozinha era o centro da casa. A sala só era
está associado à arte de comer bem. A plasticidade de
usada quando a família se reunia em datas convencio-
suas imagens ilustra mais de 30 livros, entre os quais
nais e nos almoços de domingo”.
alguns de renomados chefs, como Roberta Sudbrack, Claude Troisgros, Emmanuel Bassoleil e Olivier Anquier.
Como ele veio parar no Rio? Com um tom de voz mais in-
Além disso, assina as fotos de livros de restaurantes,
timista, Sergio faz outra pergunta: “Como você cai num
como Gero de São Paulo, Satyricon, Sushi Leblon e Ca-
lugar diferente do seu? Por amor ou contrato de traba-
pricciosa, e de sete volumes da coleção Aromas e Sa-
lho. Profissionalmente, estava muito bem na Europa. Vim
bores da Boa Lembrança. Em abril de 2012, em parceria
por amor”. E ele conta a história. “Comecei a achar Milão
com a jornalista Alice Granato, lançou o livro Sabor do
muito provinciana, queria conhecer o mundo. Em 1977, fiz
Brasil, que demorou dois anos para ser concluído. Edi-
uma longa viagem de navio a Cuba para fotografar um
tado pela Sextante, é uma referência fundamental das
festival de música da juventude comunista. Era corres-
comidas típicas de cada região brasileira, acompanha-
pondente de um jornal italiano. Naquela época, conheci
das de belíssimas fotos. Até o fim do ano, ele lança ou-
minha primeira mulher, que é brasileira, e resolvemos
tro livro, dessa vez sobre a gastronomia do spa Lapinha,
morar em Paris, onde ficamos mais de uma década. Es-
de Curitiba, um dos mais prestigiados.
tava com 27 anos e fomos na base da aventura.
4 4
Conceito A N. 12 2012
143
O primeiro ano foi difícil, fui até fotógrafo e iluminador de uma companhia de teatro. Ah!, também trabalhei como ator. O teatro foi uma grande terapia. Deixei de ser tímido e virei um sem-vergonha”, brinca. Durante cinco anos, Sergio foi contratado por um grande empresário do show business europeu para fotografar os melhores shows de rock pelo mundo. Em 1985, fez a cobertura fotográfica do primeiro Rock in Rio para uma agência francesa. Voltou a Paris, onde convivia com muitos brasileiros exilados, entre eles Fernando Gabeira e Paulo Coelho. Em 1986, fez seu pied-à-terre aqui, onde tinha muitos contatos profissionais. Sergio logo viu suas fotos publicadas nas melhores revistas de arquitetura e decoração. Em 1988, começou a fotografar gastronomia, à força, como costuma dizer. Foi o então editor da Elle, Leonel Kaz, que o intimou a ir para a cozinha porque percebeu a sutileza de seu olhar. Sergio lembra que se espantava ao ver que as cozinhas daqui eram praticamente separadas da casa, onde as pessoas só tomavam o café da manhã. “Em fotos de decoração, as cozinhas quase nunca eram mostradas. Na Itália, mesmo quando as cozinhas não eram abertas como as atuais, a gente vivia nelas e vive até hoje. Quantas discussões e quantas gargalhadas em volta da mesa! Aqui fotografei mansões maravilhosas que tinham cozinhas sem nenhuma personalidade”. Enquanto fala, ajusta o tripé da máquina fotográfica e relembra: “Quando a gastronomia começou a ter importância, há mais de uma década, as pessoas entenderam que a cozinha não poderia ficar escondida”. Pede um minuto e vai ao banheiro molhar o cabelo. “Assim fica melhor do que despenteado?” A dúvida passa rapidamente e ele tira mais algumas fotos de si próprio. Em seguida, retoma o tema: “Hoje, a cozinha ganhou vida e virou o centro das A estética refinada está na composição do prato de doces. Na página ao lado, o camarão em outro clique inspirado.
atenções em um projeto de arquitetura, seja em versão contemporânea ou retrô. E integra as pessoas”. O fotógrafo que começou a carreira nos anos 70 trabalhando para importantes galerias de arte, assim como para as principais revistas de decoração, fica compenetrado e revela: “Fiz escola de fotografia, mas a foto conceitual treinou meu olhar, porque ela é o pensamento traduzido em imagem. Foi minha grande escola.
144 Conceito A N. 12 2012
4 4
Conceito A N. 12 2012
145
Para mim, Oliviero Toscani sempre foi o cara mais inteligente e inovador. Muito criticado, mesmo na Itália, ele expôs um lado realista da vida em campanhas polêmicas”. Além de criar imagens que dão água na boca, Sergio tem um paladar apurado, típico de quem está acostumado a provar do bom e do melhor. Indagado se sabe cozinhar, ele reage à provocação com uma deliciosa gargalhada. “Não, compro quentinha. Claro que sei cozinhar. Aos 18 anos, fui morar sozinho e cozinhava para mim, mas não sou um mestre cuca. Os temperos são o meu ponto forte: harmonizo os produtos e faço poucas misturas. Sigo o caminho clássico da cozinha mediterrânea italiana. Posso fazer um prato brasileiro, mas com sabor da Itália. Não é só o tempero, é a mão. O importante é que a namorada não passe fome!”, ri. Ele não se aventura pela cozinha típica brasileira, mas gosta de comer a feijoada tradicional. “Aquela mistura de carne é trash e deliciosa quando bem feita. Gosto muito dos peixes do Norte. O Rolland Villard tem o menu Amazônia, que, na minha opinião, é o melhor. Os grandes chefs sabem extrair dos produtos a sua essência”. Peras flambadas ganham efeito luminoso.
RECEITA DE SERGIO PAGANO Penne al pesto (para quatro pessoas)
A água que ele colocou na panela está fervendo e o vapor vai direto em seu rosto. “É melhor apagar o fogo ou fotografamos com esse efeito de fog?”, debocha. Opta por desligar o fogão. Vaidoso assumido, verifica se a camisa, da
Ingredientes: um pacote de penne italiano de grano duro (500 g);
marca francesa Agnès B, está amassada. Depois de mais
dois maços de manjericão fresco (de preferência, comprado na feira);
alguns cliques, confidencia que tem uma condição para
oito tomates cereja; 100 g de nozes moídas; um copo de azeite de oliva
comer fora de casa: “É preciso que o lugar me surpreen
italiano extra virgem; dois dentes de alho, sal e pimenta-do-reino a
da. Fui conhecer o Lima Resto Bar, em Botafogo, especia-
gosto; queijo parmesão a gosto.
lizado em comida peruana. Não saberia fazer em casa o ceviche com aquele tempero. Também me surpreendem
Modo de preparo: Junte os ingredientes no liquidificador, menos a
algumas cozinhas clássicas italianas, como a do Fasano. É
massa e os tomates, e bata até que a mistura fique quase cremosa.
caríssimo, mas muito bom. Para comer baratinho, não vale
Eu coloco duas colheres de café, de água quente, para diluir a textura.
a pena sair de casa, porque os alimentos não têm sabor”.
Cuidado para o molho não ficar ralo. O pesto está pronto. Quando a sessão de fotos termina, ele se senta no sofá, Cozinhe o penne até ficar al dente. Ainda quente, coloque o molho pes-
de frente para a Lagoa Rodrigo de Freitas. Fim de tarde,
to e enfeite o prato com os tomates cortados. Sirva em pratos fundos,
com direito ao pôr do sol. “Estou há tanto tempo aqui e
com as folhas de manjericão e queijo ralado. Buon appetito!
sempre me emociono com a beleza dessa cidade”, revela o fotógrafo, com o olhar tarimbado de quem se habituou a captar belas imagens com sua lente em várias partes do mundo.
146 Conceito A N. 12 2012
t
Vale quanto
A NOTORIEDADE DA MARCA FRANCESA LE CREUSET GANHA CADA VEZ MAIS ESPAÇO NAS COZINHAS GOURMANDES MUNDO AFORA E VIRA FETICHE DOS AMANTES DA CULINÁRIA REQUINTADA NO BRASIL Por ELDA PRIAMI
Panela em ferro fundido, esmaltada: modelo tradicional.
pesa
Indispensáveis para uma elite internacional
fetiche. E os comerciantes “espertos” já fizeram as versões
que só se contenta com o que há de melhor, as panelas Le
genéricas, que podem ser encontradas até em supermer-
Creuset são únicas e, por isso mesmo, têm um preço que
cados, sobretudo em tamanhos míni. Mas isso não abala a
corresponde ao seu valor. Ou seja, altíssimo. Aqui, antes
imagem criada em 1925 pelos dois industriais belgas que
do boom gastronômico, que aconteceu há mais ou menos
revolucionaram com sua invenção o prazer de comer bem.
15 anos, elas eram associadas somente aos chefs e às co-
148 Conceito A N. 15 2013
zinheiras de alto padrão. Hoje, além dos profissionais, as
O encontro entre Arnaud Desaegher, especialista em fer-
pessoas que gostam de cozinhar com equipamentos de ca-
ro fundido, e Octave Aubecq, mestre na técnica de esmal-
tegoria olham para elas como objeto de desejo. Viraram um
tar peças, foi em Fresnoy-le-Grand, cidadezinha do norte
da França onde ambos moravam. Conversa vai, conversa vem, eles tiveram a ideia de unir suas áreas de eficácia e começaram com uma pequena produção artesanal de panelas de ferro fundido esmaltadas. Ao visual colorido, acrescentam-se os benefícios provenientes desse modelo de cozimento: a excelente transmissão e a retenção de calor do ferro fundido impedem que o alimento perca seus líquidos e propriedades nutritivas, além de poten-
A dupla de criadores se animou e desenvolveu uma gama
cializar o sabor e o aroma da comida. A qualidade do pro-
variada de produtos, de travessas a utensílios de cozi-
duto conquistou de imediato o paladar refinado de gente
nha, mas ainda são as panelas, em seus vários modelos,
abonada, apesar do peso de cada peça. Também iniciou
a maior sensação da marca. A variedade de cores fortes
um novo hábito: servir a comida na própria panela. Afinal,
transformou-se em importante diferencial do produto.
ela, por si só, já é uma atração! Em 1952, começou a busca por novos mercados, sobretuEm 1930, cinco anos depois do seu lançamento, as pane-
do os Estados Unidos, que garantiam 50% da produção. O
las Le Creuset eram festejadas na França pela mídia da
processo artesanal passou a incorporar a tecnologia e, em
época – rádio e revistas – como artigo de alta qualidade.
1973, o design da linha tradicional foi alterado pelo
4 4
Bowl com forminhas e acessórios. Terrine geométrica.
traço marcante de Enzo Mari. Nesse período, o mundo reconheceu a gastronomia francesa como uma das melhores e mais sofisticadas, o que projetou ainda mais a marca Le Creuset no mercado internacional. Hoje, há uma infinidade de produtos com essa logomarca, como grelhas, frigideiras, conjuntos para fondue, molheiras, réchauds e travessas, além de espátulas, colheres e artigos têxteis para cozinha. Os materiais também se diversificaram, como a chaleira fabricada em aço esmaltado e a ampla linha de cerâmica s toneware. Com o crescimento do consumo no Oriente, em 1993 foi criada a primeira panela Wok. A Le Creuset está presente em 60 países e tem 14 filiais próprias, inclusive no Brasil. Para os consumidores mais tradicionais, a marca mantém suas peças intocáveis. Os novos consumidores, sempre ávidos por novidades, não podem se queixar, porque em cada temporada recebem uma nova versão de algum produto. A aposta mais recente, por exemplo, são as panelas em tom rosa da linha Antique Rose. Em 2005, a marca comemorou 80 anos com o lançamento do livro Le Creuset – Le livre de cuisine, de David Rathgeber. Até os dias atuais, algumas regiões do interior da França mantêm uma curiosa tradição: quando
Reproduções
Variedade de produtos que investem em novas formas e cores.
150 Conceito A N. 15 2013
há um casamento, a noiva recebe de presente da mãe ou da sogra uma panela Le Creuset usada. A intenção é desejar sorte no relacionamento. Se depender da panela, a união será para sempre.
t
CONCEITO A
Andrea Mayer Mini bolos
beM-casados
|
|
sweet dreams
boMbons
pã e s d e M e l
pa l h a i ta l i a n a | c a k e p o p
tRabalha poR encoMenda Vill a 9 0 Mix - Rua M a Rq uês de s ão Vic ente, 9 0 - G áV e a | (21) 2511-59 42 | 9 93 9 -5 0 55
gastronomia // pipo
A conversa é
outra
NA FUSÃO ENTRE A VANGUARDA DA CULINÁRIA BRASILEIRA E A TRADICIONAL COMIDINHA DE BOTEQUIM, FELIPE BRONZE INAUGURA MAIS UM ENDEREÇO AUTORAL EM QUE A PROPOSTA É PROVOCAR O PALADAR: É O PIPO, INSTALADO NO LEBLON, COM MESINHAS NA CALÇADA E CARDÁPIO INUSITADO
POR KATHIA POMPEU FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE E
ARISTIDES CORRÊA DUTRA
Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa...
o tal boteco tem grife e dá novos sabores ao tradicional
ostras, steak tartare e uma Röter Brauhof bem gelada. No
cardápio que encanta a boemia carioca de tantas décadas.
mais novo botequim da cidade, a conversa de Noel Rosa, cantada em verso e prosa, agora seria bem outra.
Num dos trechos mais disputados do Leblon, na Rua Dias Ferreira, é espaço que propõe descontração. Seu nome
Reduto do chef Felipe Bronze – cuja criatividade nos fei-
remete à infância do chef: Pipo, um diminutivo carinhoso
tos gastronômicos já rendeu inúmeros prêmios, um qua-
de Felipe, mas que se mostra grandioso na concepção das
dro na TV, um livro e mais uma séquito de fãs à mesa –,
receitas servidas por lá. Supimpa! 44
O novíssimo Pipo, do chef Felipe Bronze, é assinado pelo arquiteto Miguel Pinto Guimarães e conta com projeto luminotécnico do designer Maneco Quinderé.
Conceito A N. 15 2013
153
A experiência começa na apresentação do cardápio, descartável e impresso em papel de pão, que faz as vezes de toalhinha de mesa e já aponta para o freguês as delícias da casa. Com destaque para a dica “pratos para compartilhar ou não”, nesse rol estão listados entradinhas, petiscos, sanduíches e outras tantas especialidades de botequim, só que com a levada do dono da casa. Afinal, Felipe Bronze é autor e, até para fazer um caldinho de feijão, deixa evidente sua assinatura. No caso do pitéu agora citado, preparou um caldo tenro, bem temperado, coberto por uma atualíssima espuma de couve mineira. Servido num copo de vidro, daqueles que qualquer bar tem, é uma releitura folgazona para abrir com estilo a proposta gastronômica do lugar. E se preparem para o que vem adiante. Para quem já experimentou as criações do Oro, o restaurante estelar de Bronze, que há três anos surpreende na combinação inteligente (e deliciosa) de ingredientes e plasticidade, não fica a dúvida de que no Pipo a receita jamais seria outra. A vontade que se tem ao sentar no Pipo – definido pelo chef como um “boteco carioca com comida de vanguarda” – é de não parar de provar e se deliciar com originalíssimas criações. Lá tem a dupla de pastéis quentinhos e crocantes, que alternam o recheio de queijo Campo Redondo, o “emmental mineiro”, com alho-poró acidulado, e o de bochecha de boi desfiada, servido com pimenta biquinho. Já o camarão com catupiry, com alho-poró e tomate agridoce, é servido numa louça de cerâmica que reproduz a clássica embalagem do queijo pasteurizado. Entre os sandubinhas, o Ostrix chega à mesa com ostras empanadas fritas em meio a suaves fatias de pão de milho, maionese de ostras, limão siciliano confit e cebola roxa. O resultado no palato é uma explosão de sabores. E tem até um tributo ao Cervantes, bar-restaurante das antigas e que faz bonito até hoje, especialmente no endereço pioneiro, em Copacabana: é o Carioquices, que combina pão de leite, barriga de porco, compressa de abacaxi, maionese defumada e folhas de mostarda.
154 Conceito A N. 15 2013
No restaurante, a criatividade vai da cozinha à mesa, passando pela apresentação dos pratos e bebidas personalizadas.
Lá do Oro ele trouxe a sua elogiada versão carbonara, preparada com spaghettini fresco, ovo caipira, espuma de parmesão e linguiça Pavelka cortada em delicados quadradinhos. Puro esmero culinário. Como em todo botequim que se preze, não falta cerveja... das boas. Na geladeira da casa, a pedida são as de rótulo próprio, fabricadas em Barra do Piraí pela Röter Brauhof, nas versões Pipo Summer Ale, leve, frutada e refrescante, e a Pipo Pale Ale, acobreada, de corpo médio e notas de mel. As duas fazem bela presença na tulipa. No rol dos drinques, ênfase para o Jiro San, que reverencia o sushi-chef japonês, e adiciona saquê, shissô e lichia à taça. Já para a turma do vinho, a sommelière Cecilia Aldaz assina uma seleção redondinha, que prioriza a equação custo-qualidade e o equilíbrio com os pratos do lugar. Para adoçar o paladar ou, na linguagem da boemia, encerrar os trabalhos, as sobremesas comparecem com ares caseiros, mas na boca não são nadinha triviais, como arroz doce com doce de leite e coco tostado, entre outras quatro opções. 44
Conceito A N. 15 2013
155
Fotos: Tomas Rangel
Mas, para desfrutar dessa experiência, é bom chegar sem pressa. Além de o botequim não aceitar reservas, é possível que tenha uma pequena fila de espera. Mas vale a pena aguardar! São apenas 48 lugares num espaço bem descontraído, concepção do arquiteto Miguel Pinto Guimarães, que deu uma pitada industrial à ambientação, com estoque aparente e luminárias de aço projetadas pelo designer Maneco Quinderé. Por sinal, é a mesma dupla responsável pelo décor do Oro. Critério essencial à contemplação dos pratos, não dá pra deixar de enfatizar a escolha das louças e acessórios de mesa. No Pipo, as receitas saem da cozinha servidas em peças sob medida para a melhor apreciação, algumas delas trazidas de viagens mundo afora, outras desenvolvidas pelo designer Alexandre Fischer, da empresa Pé de Sonhos, responsável pela identidade visual das casas de Bronze. Cada uma mais interessante do que a outra. Inventividade até na hora de fechar a conta, quando a “dolorosa” (lá os preços são compatíveis com a qualidade e a elaboração dos ingredientes) é entregue dentro de uma latinha de manteiga Aviação. Simples e funcional. Só faltou ovo rosa. Bom, nas mãos do Pipo, tudo é possível, e pode até ser que o pitoresco aperitivo chegue qualquer dia desses ao balcão do bar, mas certamente em tonalidades e recipientes inimagináveis.
t
Pipo
Rua Dias Ferreira, 64 | Leblon | [21] 2239 9322 Terça a sábado, de 18h à meia-noite Domingo, de 13h às 18h
As tradicionais comidas de boteco ganham releituras inusitadas. O caldinho de feijão, por exemplo, é servido em copinho americano e finalizado com espuma de couve mineira.
156 Conceito A N. 15 2013
CONCEITO A
Edna Belletti Festeiras eventos
21 2239 3791
8893 9356
festeiraseventos@bol.com.br
Tim-
tim
AO COMPLETAR 30 ANOS, A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SOMMELIERS DO RIO ESTREIA nesta edição um espaço dedicado a falar dos prazeres do vinho. UM BRINDE A BACO E A SEUS SEGUIDORES!
POR RICARDO FARIAS*
Quem bebe uma taça de vinho desfruta o prazer sensorial dos aromas, sabores e tons de uma bebida que faz parte da história da boa mesa desde a antiguidade. Hoje, em pleno século XXI, Baco, deus do vinho na mitologia romana, é lembrado não só nos cult wines, cujas marcas emblemáticas provocam exclamações a cada gole, mas também pelos milhares de consumidores que o transformaram em uma indústria poderosa, atuando no mundo inteiro. Quando me perguntam qual a melhor maneira de apreciar um vinho, eu digo: aprenda mais para melhor usufruir essa fantástica bebida. É isso que a ABS do Rio vem fazendo nesses 30 anos: disseminando o conhecimento e o consumo do vinho. Durante esse tempo, colocamos no mercado cerca de 800 pessoas por ano, que passaram pelos nossos cursos básicos e aprenderam a apreciar melhor a bebida. A ABS Rio, uma entidade sem fins lucrativos, gira em torno do mundo do vinho e tem como objetivos principais sua divulgação e o treinamento de novos enófilos e sommeliers profissionais. A associação foi fundada em 1983, no Rio de Janeiro, por Danio Braga, o principal sommelier do Brasil. Em 1990, foi inaugurada uma filial da ABS em São Paulo e criada a ABS Brasil, de cunho normativo, presidida por Danio Braga. Hoje, a ABS está em vários pontos do país, como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Goiás, Minas Gerais, Bahia, Ceará, Paraíba, Santa Catarina e Paraná. 44
158 Conceito A N. 15 2013
Danio Braga teve um papel muito importante nesse pro-
confrarias que se formam: os encontros são na ABS Rio,
cesso. Ele trouxe o conceito de como o vinho deve ser
mas sempre alguém convida o grupo para uma degusta-
degustado e agregou uma consideração maior em rela-
ção em sua casa. Além do conhecimento do vinho, as pes-
ção aos restaurantes. O Enotria – primeiro restaurante
soas fazem amizades e brindam os encontros com vinho.
que ele abriu, no Rio, nos anos 80, em Copacabana – só
Tem coisa melhor? Temos hoje cerca de 550 associados
aceitava clientes que fizessem reservas. Ele criou novos
participando dos grupos de degustação e já imprimimos
hábitos e melhorou o nível de conhecimento do vinho as-
quase 30 mil diplomas dos cursos.
sociado à gastronomia. Quem aprendeu a apreciar o vinho vai exigir um serviço De que forma a ABS Rio participa desse processo? Mi-
de melhor qualidade em um restaurante e vai se interes-
nistrando cursos, degustações dirigidas, organizando
sar em ouvir a opinião do sommelier. E tudo isso é gerado
viagens didáticas e mais de uma centena de atividades
pelos cursos da associação. O papel da ABS é fundamen-
por ano, abertas exclusivamente aos seus associados.
tal, e não há dúvida de que influenciamos de forma positi-
A porta de entrada para o mundo do vinho é a partici-
va o mercado. Por isso, vamos celebrar os 30 anos com um
pação no que chamamos de curso básico, dirigido para
bom vinho? Os meus preferidos são os franceses. Não vou
enófilos iniciantes, com sete aulas, uma vez por sema-
indicar marcas, mas regiões. Amo os da Borgonha, de Bor-
na, com quatro turmas em dias diferentes, sendo três
deaux e de Champagne. Mas é muito bom a gente consta-
no Flamengo e uma na sede da Barra da Tijuca. Depois
tar que nossos vinhos não fazem feio, pelo contrário. Até
dessa etapa, vem o curso de degustação, com mais sete
os nossos espumantes, hoje, estão muito bem cotados, e
encontros. É o complemento natural do primeiro curso,
produzimos vinhos de ótima qualidade.
em que o aluno se aprofunda na técnica da degustação e pode apreciar o vinho com mais conhecimento. Eu diria
Um último recado: não esqueçam que o vinho congrega as
que, com os dois cursos, a formação básica está pronta.
pessoas e origina amizades – dificilmente um adepto do
A ABS Rio tem também o curso para profissionais, com
vinho abre uma garrafa sozinho. O próximo curso será em
duração de nove meses, dividido em três ciclos, com uma
outubro, e está aí a porta de entrada para o mundo do vi-
média de 25 aulas cada ciclo. Diferentemente do curso
nho. Junte-se à ABS Rio, que você não se arrependerá.
para enófilo, este inclui provas. O associado que fez o curso básico e o de degustação pode se juntar com mais oito pessoas e formar os chamados grupos de degustação, que se reúnem quinzenalmente. Nesses grupos, além do vinho de boca (sempre um espumante nacional), são degustados três vinhos. Os alunos aprimoram o que aprenderam de maneira mais prática e descontraída. O desdobramento extraordinário está nas
160 Conceito A N. 15 2013
* Ricardo Augusto B. L. de Farias é presidente da Associação Brasileira de Sommeliers – Seção Rio de Janeiro. ABS - Rio
[21] 2285 0497 | 2421 9640
t
Conceito A N. 15 2013
161
sirva-se // sanduíche
Hambúrguer: a reinvenção
Rio Foto
PRATO TÍPICO DAS REDES DE FAST-FOOD, O POPULAR SANDUÍCHE INSPIROU OS GRANDES CHEFS DA CIDADE, QUE O SERVEM NA FORMA TRADICIONAL OU EM VERSÕES AUTORAIS, COM INGREDIENTES DE PRIMEIRA LINHA, PÃES ARTESANAIS E CARNES ESPECIAIS
162 Conceito A N. 15 2013
Por Bruno Agostini
Alexander Landau
O cardápio é farto para os apreciadores do sanduíche que combina macias fatias de pão com a consistência tenra e envolvente da carne moída. Só que nesse caso o hambúrguer desponta em receitas bem mais elaboradas. Num giro pelos bons restaurantes cariocas, listamos alguns deliciosos exemplos que não abrem mão da informalidade do prato, mas que se esmeram na apresentação e na experiência palatável. Vamos a eles! Cozinheiro de mão-cheia, Claude Troisgros serve uma versão já clássica em sua CT Brasserie, com a devida inspiração francesa: o CT Burger, com filé mignon, tomate confit e cebola caramelizada no brioche. Na mesma direção, seu filho Thomas Troisgros inaugura uma casa especializada, na Galeria River, no Arpoador, que tempera de brasilidade a receita consagrada de sanduíche, usando ketchup de goiaba e picles de chuchu. É o Reserva TT Burger. Cristiana Beltrão é outra apreciadora do sanduíche, servido de acordo com a receita clássica nas três unidades do Bazzar Café. Preparado com carne de picanha, é um dos melhores da cidade entre os que seguem a linhagem mais tradicionalista. No novo Bubble Bar, na matriz da Rua Barão da Torre, em Ipanema, ela inventou, em parceria com o chef Cláudio de Freitas, um hambúrguer de wagyu, cebolas caramelizadas e alho negro. A inspiração vem de Daniel Boulud, que criou uma versão com carne de costela assada longamente e recheada com fígado gordo de pato, carro-chefe do DB Bistro Moderne, em Nova York. Também claramente inspirado no DB, Felipe Bronze prepara no Oro um dos mais aclamados hambúrgueres da cidade, de fraldinha recheada com costelinha de porco
Até a primeira-dama da gastronomia brasileira, Rober-
e foie gras, com ketchup de goiaba, molho que é criação
ta Sudbrack, tem o seu e usa wagyu para preparar o
antiga do chef. Já no Pipo, seu boteco chique recém-
SudKobeB urguer. Suculento e na medida da satisfação, co-
inaugurado na Rua Dias Ferreira, no Leblon, ele apre-
leciona fãs ardorosos, gente que corre para lá quando o san-
senta o sanduíche em versão pequena, para ser comido
duíche é servido, anunciado nas mídias sociais pela chef.
em três ou quatro dentadas, e que chega à mesa em dupla, próprio para ser “compartilhado”, segundo a filoso-
Pedro de Artagão, do Irajá, é um dos chefs jovens que
fia da casa. Servido no pão de milho, feito especialmen-
gostam de criar versões de receitas clássicas. Não poderia
te para o chef pela Escola do Pão, tem carne de wagyu,
faltar uma leitura autoral do sanduíche. No seu restau-
queijo canastra, picles de maxixe e cebola, mostarda e o
rante, em Botafogo, prepara a sua interpretação com car-
ketchup de goiaba. Vale repetir!
ne moída na casa (uma capa de entrecôte black angus),44
No Q, hambúrger em versão reduzida com creme de cogumelos trufado. Na página anterior, o sanduíche servido no Meza Bar, com folhas de rúcula, lascas de parmesão e azeite de trufas.
Conceito A N. 15 2013
163
Chefs celebrados, como Felipe Bronze e Roberta Sudbrack, também oferecem versões personalizadas e saborosas para o clássico sanduíche.
queijo minas padrão (que derrete melhor), compota de
com queijo cheddar, alface, tomate, cebola e bacon, e outra
bacon artesanal, cebola confit e pão caseiro, servido com
mais autoral, de inspiração italiana, ao molho de funghi
aquelas batatas fritas caseiras e maionese de manteiga
com rúcula, lascas de parmesão e azeite de trufas.
dourada. “Um dia, eu abro uma burger shop que nem o Thomas Troisgros”, diz o chef, que adora esse clássico.
No Astor, em Ipanema, há duas versões: o Vesper Burguer, feito com contrafilé, bacon e queijo, acompanhado
Nas andanças pelos bares e restaurantes dos mais di-
de batata frita, e o Petit Burguer, em tamanho menor,
versos estilos e procedências na cidade, encontro cada
como o nome indica, servido em trio – um com gorgonzo-
vez mais deliciosas versões do hambúrguer. Entre eles,
la, outro com emmental e mais um com bacon. Na medida
no Meza Bar, endereço jovial de menu caprichado, existe
da fome. Já no Brigitte’s, no Leblon, a carne é de picanha,
uma versão tradicionalista, o Classic American Burger,
e o sanduíche tem emmental, vinagrete de mostarda de
Tomas Rangel
Dijon e cebolas roxas crocantes. Espécie de gastropub carioca, o Q serve o hambúrguer em formato menor, tipo petisco, com creme trufado de cogumelos (criação do chef Ronaldo Canha), e tem ainda o hambúrguer Q, no tamanho mais convencional, que vale por uma refeição, feito com filé, picanha e pancetta, queijo emmental, tomate e alface, acompanhado com molhos de mostarda forte e chantilly trufado. Numa seleção de endereços de diferentes nacionalidades que servem bons sanduíches, entra ainda o italianíssimo Coccinelle Bistrô, no Centro, dedicado aos ingredientes e aos vinhos orgânicos. O hambúrguer da chef Maya vem se convertendo em uma das melhores pedidas, em suas diferentes versões, já que o menu varia sempre, ao sabor dos ingredientes encontrados. Um dia pode ser feito com pão caseiro, barriga de porco assada a fogo baixo, tomate confit, cebola caramelizada, ovo frito, molho de tomate caseiro com ervas e mostarda de Dijon. Em outra ocasião, podemos encontrar na lousa o anúncio do hambúrguer de alcatra, com tomate confit, alface, cebola caramelizada, queijo gruyère derretido, ovo frito, bacon, molho de tomate caseiro com ervas e mostarda de Dijon. Delícia. Com tempero europeizado, no Chez L’A mi Martin, casa francesa do chef Pascal Jolly no Leblon, o hambúrguer novamente recebe tratamento gaulês: a carne é a fraldinha, coberta com queijos brie e gruyère, tomate-cereja e alface, acompanhado de mostarda, ketchup, cebola empanada e batatas fritas. No bar de tapas ipanemense Venga, por sua vez, a receita do hambúrguer, claro, tem sabor espanhol: ele é feito com pescado, em versão reduzida, servido em dupla, para ser dividido. O pequeno hambúrguer de atum com maionese de pimenta de piquillo é uma das melhores pedidas do menu do bar. Enfim, um cardápio cheio para apreciar o mais consumido e conhecido sanduíche do mundo, em imperdíveis combinações.
164 Conceito A N. 15 2013
t
Reaviva nossas alegrias e é o óleo para a chama da vida... Se você bebe moderadamente, o vinhos gotejará em seus pulmões como o mais doce orvalho da manhã...” (Sócrates)
Aprenda a identificar um bom vinho sob seus aspectos aromáticos e gustativos. Faça nossos Cursos Iniciais e ingresse em nossa reconhecida e respeitada instituição do vinho. Um ótimo ambiente para fazer amigos, trocar informações e passar horas agradáveis. Associe-se à ABS-RIO!* *Membro da Association de la Sommellerie Internationale (ASI).
Sede: Praia do Flamengo, 66 | blc B | sl. 311 | Flamengo | Rio de Janeiro | RJ | Tel.: (21) 2285-0497 Barra: Av. Ayrton Senna, 3000 | blc 2 | sl. 210 | Via Parque Offices | Rio de Janeiro | RJ | Tel.: (21) 2421-9640 www.abs-rio.com.br | abs@abs-rio.com.br | abs-barra@abs-rio.com.br
CONCEITO A
“O Vinho molha e tempera os espíritos e acalma as preocupações da mente...
gastronomia // sept aujour
Tiragem
limitada
SEM EXAGERO, E COM LICENÇA DA GULA, A COLEÇÃO SEPT AUJOUR INCLUI ALGUMAS DAS MELHORES TORTAS DE CHOCOLATE DA CONFEITARIA DE AUTOR. CONFECCIONADAS EM RECEITAS EXCLUSIVAS DO PÂTISSIER MARCO MUSSI, A CADA COLHERADA... UMA EPIFANIA
POR KATHIA POMPEU FOTOS filico
O sobrenome faz lembrar um doce paladar. Mussi nos remete a mousse, o que já denota, quem sabe, uma predestinação. Aliás, espiritualidade é um tema delineador na vida profissional do empresário e pâtissier carioca Marco Mussi: seu trabalho é sensitivo, quase místico. Ele afirma que tem como principal ingrediente a energia dos produtos que manipula e das pessoas que usufruem de sua alquimia à base de chocolate e açúcar. Trabalha pelo prazer de provocar prazer ao palato. Bom carma! Para reforçar a magia, o cabalístico número 7 exerce influência em toda a sua produção. A começar pela tiragem limitada em sete tortas diárias, confeccionadas fresquíssimas, nos sete dias da semana. Vem daí o nome Sept auJour, que numa tradução literal fica “sete por dia”. Tá explicado. Produção minuciosa, de acabamento artesanal, requer apuro na elaboração, pois o ponto perfeito da massa depende essencialmente da combinação dos ingredientes e do tempo de maturação. “Na pâtisserie, as técnicas culinárias se mostram precisas: qualquer segundo, grama ou grau a mais ou a menos podem alterar profundamente o resultado do produto”, diz Marco. Quanto às receitas, com perdão do trocadilho, são trancadas a sete chaves por seu criador, que só deixa revelar o aroma e o paladar de suas criações. Na coleção requintada que evidencia a presença do cacau, uma das criações mais requisitadas é a Mussi, a torta-conceito da Sept auJour. Aliando técnicas consagradas da pâtisserie, como a mousse tradicional francesa, o gaO empresário e pâtissier Marco Mussi entre suas criações. Para a confecção das sete tortas diárias, ele utiliza técnicas precisas de culinária.
166 Conceito A N. 15 2013
nache e o cozimento ao forno, sua massa leva um blend de chocolates nacionais e importados que provoca diferentes sensações à boca. 44
168 Conceito A N. 15 2013
Outra doce tentação é a Unique, com lascas fartas de chocolate, para ser degustada fria e acompanhada de generosas porções de soft frosting, um creme de consistência suave, da família do chantilly, criação exclusiva da marca. Já a Noir tem a textura e a harmonia dos chocolates semelhantes ao da original Mussi, só que com uma provocante nota de amargo. Essa torta permite ainda a camuflagem comestível batizada pela marca de Celebration, uma cobertura em pó de ouro e prata que causa um efeito festivo. Além de ficar linda. A seleta produção abre espaço ainda para tortas clássicas, como a cheesecake, com chocolate branco e morangos frescos, ou a key lime pie, tradicional do sul da Flórida. Traços próprios de toda a coleção, sobressaem o sabor intenso e a textura ao mesmo tempo densa e cremosa, com marca autoral na qual predomina a assinatura criativa de Marco Mussi em todas as etapas da fabricação. uma minitoalha de cetim em cores específicas para cada No currículo, de mais de 30 anos de atividades, carrega
produto. Na Unique, por exemplo, o rosa forte forma belo
os estudos em hotelaria na Suíça, a expertise em desen-
contraste com o marrom forte da torta de chocolate.
volvimento de negócios e estratégias e ainda a administração de uma fábrica de doces em sistema terceirizado
Para a nova temporada, vai iniciar uma linha exclusiva de
para outras marcas. Essa trajetória lhe permitiu obser-
caixas customizadas em parceria com artistas plásticos e
var e absorver diferentes conhecimentos na área de
designers, que além de servirem para transportar as tor-
gastronomia, que, ao longo dos anos, transformou em
tas ainda poderão se reutilizadas pelo cliente com outras
habilidade culinária.
funcionalidades. A primeira da série leva a assinatura do
O toque de amargo é o saboroso diferencial da torta Noir. Na página anterior, o minucioso cuidado no preparo das tortas.
grafiteiro Andrea Brandani. É ele quem comanda o forno e o fogão na confecção das tortas, reinando absoluto na cozinha da sua factory, na Barra.
Mas as novidades não param por aí. Para comemorar o ani-
Sem qualquer ajudante, Marco seleciona os fornecedores,
versário de dois anos da marca, registrado em novembro,
compra ingredientes e põe a mão na massa. Até a limpeza
Marco Mussi desenvolveu uma linha de bolos com a mesma
dos utensílios e acessórios de cozinha corre por sua conta.
elegância característica da marca. É a coleção Sept auJour Gateau, que não leva farinha de trigo e só contém ingre-
Os únicos processos em que conta com apoio são o aten-
dientes orgânicos. E, claro, em sete excepcionais versões
dimento ao cliente e a entrega dos produtos, funções a
acompanhadas de sete diferentes caldas. Entre as inusita-
cargo da mulher (e também sócia na empresa), Luciana
das combinações, promete arrebatar os comensais o bolo
Bergallo. Com experiência administrativa no mercado
de tomate com calda de pesto doce. Só provando! Tem tam-
gastronômico, ela organiza a agenda da semana e apre-
bém o bolo de coco com calda de abacaxi, o bolo de cacau
senta os produtos aos novos clientes. Seu envolvimento
com calda de chocolate e wasabe ou ainda, para agradar
salta aos olhos até nas joias que usa, como o pingente de
aos paladares mais tradicionais, o bolo Orange, com calda
colar com a logomarca da empresa: um sete estilizado em
concentrada com tangerina e laranja.
ouro criado pela grife Sara, utilizando como matéria-prima as alianças do casal. Um significativo amuleto.
E tem mais: para a degustação ficar ainda mais saborosa, Marco promete em breve promover sessões dirigidas de har-
Por conta de tantos detalhes, e no intuito de aperfeiçoar
monização entre tortas, bolos e vinhos de excelência, com a
cada vez mais o tipo de serviço que oferece, a Sept auJour
condução de sommeliers e enófilos convidados, para peque-
mantém a edição limitada em sete fornadas por dia – bus-
nos grupos de clientes. Um privilégio com hora marcada e va-
ca da excelência que também é identificada na apresen-
lores compatíveis com o alto nível da proposta. Voilà!
tação das embalagens, em geral entregues ao cliente em uma pasta-ofício noir, sob azulejaria com papel seda e
t
Sept auJour
[21] 9510 3511 | 7286 5525
Conceito A N. 15 2013
169
da gula Por Kathia pompeu
Geladíssimo!
Foto: Selmy Yassuda
A R Q UI T E T UR A
O sorvete italiano, famoso pela consistência, textura e sabor, ganha de mansinho espaço nobre no Rio. A tradicional marca gourmet Venchi, referência para quem ama um autêntico gelato, se instalou no Leblon. Um privilégio dos cariocas, já que é a primeira loja na América do Sul. Os sabores nos transportam imediatamente para a Itália, com ingredientes como as avelãs do Piemonte e o pistache da Sicília. Entre os 20 sabores, estão hits como o Gianduia, clássica mistura de chocolate e avelãs, e o Cuor di Cacao, feito com 75% de chocolate escuro. A novidade é o gelato Açaí, desenvolvido especialmente para a loja carioca. Já a linha dos chocolates inclui delícias em forma de barras, bombons e balas, além das versões em pó, creme e granulado. Experimente o Chococaviar, perfeito para polvilhar em sobremesas e gelatos. Venchi
Rua Dias Ferreira, 217 | loja A | Leblon | [21] 3596 5170
Atmosfera francesa
A ideia não poderia ser mais interessante: revalorizar a comida caseira, aque-
O nome do restaurante homenageia o bairro boêmio pari-
la que traz lembranças deliciosas da infância. Para reforçar ainda mais esse
siense de Saint-Germain-des-Prés, no 6o arrondissement.
conceito, o novo restaurante Volta – do mesmo grupo do Venga – encontrou
É o Paris 6, do restaurateur Isaac Azar, que chega ao Rio
o espaço ideal em um sobrado dos anos 40, no Jardim Botânico. O arquiteto
com as mesmas características da matriz paulista, num
Chicô Gouvêa, que assina o projeto, chamou Maneco Quinderé para fazer as
espaço de 200 lugares. O décor segue a estética de bistrô
luminárias, e o espaço se transformou numa bem-humorada volta ao passado.
francês dos anos 20, de forma cenográfica com detalhes
Repare nos bules que viraram pendentes. A estrutura da casa foi mantida e
em rococó, dourados, sofás estofados em capitonné, só
nela estão mesas e cadeiras dos anos 50, descombinadas de propósito, com as
que com algumas pitadas de despojamento que combi-
cores da época. Na cozinha, o chef
nam mais com o jeito carioca. O cardápio, inspirado no
Fernando Pavan, que trabalhou
clássico francês, oferece mais de 190 sugestões.
Foto: Alexander Landau
Memória afetiva
no premiado restaurante Brasil a Gosto, em São Paulo, instiga o paladar com canja de galinha, salpicão, carne assada, camarão com chuchu, arroz de forno, galinha com quiabo e coquetel de camarão. Tem até uma vendinha com produtos na linha feito em casa. A descontração contemporânea está não só no décor vintage como também na apresentação e na releitura de cada prato. Reserve um espaço para as sobremesas criadas pelo chef Frédéric de Maeyer e relembre gostosuras, como a banana split.
170 Conceito A N. 15 2013
Volta Rua Visconde de Carandaí, 5 Jardim Botânico | [21] 3204 5406 www.restaurantevolta.com.br
Paris 6
Avenida Érico Veríssimo, 725 | Jardim Oceânico [21] 2494 7329 | www.paris6.com.br
CONCEITO A
Produção própria de pães, terrines, quiches, bolos, tortas e sobremesas. Aberto para café da manhã, almoço e lanche da tarde.
Rua Capitão Salomão, 14-B
Humaitá
{21} 2535 2465
1
2
1. O personagem arrumadinho que dá vida ao saca-rolhas nada mais é do que um autorretrato do seu criador, o designer italiano Alessandro Mendini. LZ Studio
[21] 3507 7554
2. Cronometrar o tempo de preparo das refeições é mais divertido com o timer cheio de personalidade da marca italiana Alessi. Repare como as cores e as brincadeiras estão up to date.
Armazém
LZ Studio
[21] 3507 7554
POR MARINA COUTO
PERFEITOS PARA OS DESCOLADOS, PRODUTOS DIVERTIDOS RENOVAM O DIA A DIA NA COZINHA, enquanto OBJETOS INDISPENSÁVEIS GANHAm VISUAl incomum. E NÃO RESISTA ÀS TENTAÇÕES PARA MOMENTOS ETÍLICOS!
4
3
3. Desenhado pelo arquiteto e
designernorte-americano Michael Graves, o passarinho no bico da chaleira avisa quando o chá está no ponto. É apenas um detalhe, mas como tem charme!
LZ Studio
[21] 3507 7554
4. O descascador de legumes Gym tem formato lúdico, que faz referência ao mundo fitness. Sua afiada lâmina facilita o manuseio. Cecilia Dale
[11] 3064 2644
172 Conceito A N. 12 2012
1
1. O azul dá o tom para a caçarola La Cocotte
em ferro, um utensílio multifuncional. O ferro tem poderes quase mágicos para manter os ingredientes com seus valores nutricionais.
Escola do Pão
[21] 2294 0027
2. As facas são ferramentas essenciais
na cozinha. Esse conjunto, com seis, em cerâmica, destaca-se pelo design moderno e pelos pontos de cores fortes. Não há chef consagrado que não tenha as suas facas de estimação.
Elle et Lui Home
[21] 2259 5045
3
3. Fabricada pela australiana Maxwell & Williams, a exótica panela de cerâmica é ideal para cozimentos mais lentos, em baixas temperaturas. Produtos como esse fazem toda a diferença para elaborar receitas menos triviais.
Spicy
[21] 3325 5058
4. Os condimentos orientais provocam o paladar com sabores surpreendentes. Para quem quiser se aventurar nessa experiência, o kit de temperos da Cosa Nostra Deli, simpática e tradicional loja de produtos de Ipanema, vem com seis pimentas do Oriente, seis variedades de sais, 12 especiarias e um pacote de flor de sal. Cosa Nostra Deli
[21] 2523 2745
4
2
2 1
3
3. O jogo Feellings Rona é composto de decanter e duas taças de vinho de vidro transparente, para um brinde a dois. Para completar o clima romântico, notas de jazz ao fundo e luz de velas são componentes infalíveis!
4
Domi
[31] 3227 2068
1. Última palavra em tecnologia, a adega
com iluminação suave, de aço inox, conta com um exclusivo sistema termoelétrico que resfria a bebida rapidamente, sem ruídos e vibrações.
Spicy
[21] 3325 5058
2. Estilo é o que não falta na
champanheira Kenya: tom vibrante e linhas curvas. Em acrílico, faz uma releitura dos anos 70.
Cavist
[21] 3252 2747
5
4. Nada melhor do que ter ao lado de uma taça de vinho um pratinho para colocar queijos e outros aperitivos. Nesse tempo de revival, o desenho típico dos franceses está com tudo. A Cerâmica Luiz Salvador tem uma série que põe em evidência uma tendência que atravessa o tempo. Cerâmica Luiz Salvador
[24] 2222 2712
5. Clássica, a jarra em cristal da grife francesa Christofle tem formas simples e guarda a bebida com requinte. Mesmo a água, quando servida em um produto luxuoso, fica mais atraente. Elle et Lui Home
[21] 2259 5045
174 Conceito A N. 12 2012
náutica // prestige
Cozinha
a bordo
PRIVILÉGIO DE DAR ÁGUA NA BOCA, UMA DAS MAIORES ATRAÇÕES DA PRESTIGE 550 É A COZINHA VOLTADA PARA A POPA, QUE CONCILIA O PRAZER DA BOA MESA COM A DELÍCIA DE NAVEGAR ENVOLVIDO POR BELAS PAISAGENS. UM ESTÍMULO AO APETITE!
176 Conceito A N. 15 2013
Por KITY BEZERRA Fotografia ARQUIVO PRESTIGE COLABORAÇÃO RODRIGO SOARES
Harmonia no design e garantia de potência e segurança, o sucesso da marca baseia-se em alguns conceitos simples: todos os espaços de convívio em um mesmo nível, vistas panorâmicas de 360 graus, uma suíte independente para o proprietário. Mas é a cozinha na parte de trás da embarcação, para facilitar o acesso de quem está no exterior do barco, que faz desse modelo (o mais premiado da marca) o objeto de desejo dos gourmands amantes da navegação. Criada há mais de 20 anos pelo estaleiro Jeanneau, em Les Herbiers, na França, a Prestige foi apresentada pela primeira vez em 2011, em Düsseldorf, na Alemanha, e a partir de então ganhou cobiçados prêmios do segmento náutico pelo mundo afora. Levou, por exemplo, as láureas de Melhor Design Interior, no World Yachts Trophies
4 4
Conceito A N. 15 2013
177
Awards, em Cannes, e Melhor Motor de Yacht, no Nautical
O design característico e elegante do flybridge, que
Design Awards, em Milão. Hoje, é a série top do fabrican-
tem perfil ainda mais alongado e personalidade for-
te e, reconhecida internacionalmente, está presente nos
te, reitera o conceito atual da marca e ainda oferece
quatro continentes por meio de uma rede especializada
espaços atraentes para prazerosos get together en-
de revendedores treinados pelo próprio estaleiro.
tre amigos, drinques no final da tarde, piqueniques em alto-mar...
Sucesso também por esses mares, em apenas três anos a marca se posicionou entre as principais do mercado
Na hora do descanso, a Prestige comporta uma ampla
altamente competitivo de iates a motor de luxo no Bra-
suíte privativa para os proprietários, a meia-nau, com
sil. Revendedora oficial dos iates Prestige no Brasil, o
entrada totalmente reservada das outras cabines.
Yacht Center Group comemora a venda de mais 25 em-
Um requinte!
barcações da marca para clientes diretos e em grandes eventos, como o Rio Boat Show. Não à toa, foi eleita em
Composta de 13 modelos excepcionais, a gama de pro-
2012 a maior revenda do ano na América do Sul.
dutos da Prestige se beneficia por dedicar o máximo de atenção aos detalhes das linhas de produção do
Não é para menos. Seu design interno contemporâneo
estaleiro. Uma série que permite escolher a potência
apresenta inovações no conceito e no layout dos espaços
do motor, as dimensões, o layout e a distribuição dos
de convívio social e privativo, que incorporam detalhes
espaços habitáveis a bordo, além de todo o design dos
inteligentes para maior conforto e beleza. É o caso da co-
interiores, como a seleção de tecidos, marcenaria e
zinha, já citada, que permite a instalação de equipamen-
acessórios de composição cênica. Um banquete para
tos modernos e funcionais, como cooktop, adega, freezer
o bom gosto.
e micro-ondas, sem comprometer a circulação e o aproveitamento do espaço. Dá até para convidar um chef de cozinha para promover deliciosas degustações a bordo.
178 Conceito A N. 15 2013
t
Yacht Center Group
[21] 3823 8181
retrato // pierre verger
Entre dois
mundos
POR INÚMERAS VIAGENS CRUZANDO BAHIA E ÁFRICA, O FOTÓGRAFO TESTEMUNHOU, ENCANTADO, AS SIMILARIDADES ENTRE OS POVOS EM LADOS OPOSTOS DO ATLÂNTICO. NAS CRENÇAS, COSTUMES E TIPO FÍSICO, REGISTROU PELAS LENTES DA SUA ROLLEIFLEX UMA HISTÓRIA ENTRELAÇADA, QUE RESULTA EM IMAGENS DE FORÇA ARTÍSTICA E CARÁTER ETNOGRÁFICO
POR KATHIA POMPEU FOTOGRAFIA PIERRE VERGER
*FUNDAÇÃO PIERRE VERGER
Ser itinerante, Pierre Verger percorreu quilômetros em experiências de vida. Aos 30 anos, deixou de fincar endereço na Paris onde nasceu, em 1902, e optou pelo movimento. Munido de câmera fotográfica e curiosidade antropológica, captou o cotidiano simbólico e imaginário nas mais diversas culturas nos dois hemisférios. Mas é notadamente entre a Bahia e a África que seu legado autoral comparece entre os principais registros de interpretação histórica. Usou a fotografia como passaporte para ingressar nesses dois mundos. E lá ficou. A formação estética se deu na França entreguerras, época das vanguardas revolucionárias, do inconformismo cultural. Conviveu com importantes nomes ligados ao surrealismo, como Michel Leiris e Jacques Prévert, o que aguçou seu interesse artístico e provocou a ruptura com a sociedade burguesa, com a qual não se identificava, apesar de fazer parte de uma família abastada. Em busca de expressão, a compra da primeira câmera impulsionou Pierre Edouard Leopold Verger a seguir o rumo que, anos depois, tornaria sua assinatura Fatumbi – consequência da imersão na religiosidade africana. Assim, por uma trilha em preto e branco, rompeu as fronteiras entre etnografia e arte. Com o olhar voltado especialmente às periferias, obteve imagens documentais de dimensões estéticas. A cada nova viagem, colaborou para as melhores publicações da época e se mantinha com a venda das fotos em linhas quadradas, oriundas do negativo em formato
4 4
Conceito A N. 15 2013
183
6 X 6, característico da alemã Rolleiflex. Mas, como nunca
Fundamental da África Negra (Ifan). Partiu em 1948
almejou a fama, muito menos carreira sólida em nenhum
e, entre idas e vindas, viveu seu renascimento reli-
desses lugares, estava sempre de partida: “A sensação de
gioso, recebendo a alcunha de Fatumbi e a iniciação
que existia um vasto mundo não me saía da cabeça e o de-
como babalaô.
sejo de ir vê-lo me levava em direção a outros horizontes”. Nessa fase, Verger começou novo ofício, como pesquisaTocado por esse espírito, foram 14 anos na estrada, per-
dor, a pedido do Ifan. E a câmera ganhou a companhia da
correndo países aleatórios de civilizações díspares, até
máquina de escrever. História, costumes e a religião pra-
que desembarcou na Bahia, em 1946. Enquanto a velha
ticada pelos povos iorubas e seus descendentes, no eixo
Europa vivia o caos do pós-guerra, em Salvador o clima
África-Bahia, passaram a ser temas centrais. Atuou como
era oposto. Seduzido pela hospitalidade e a riqueza cul-
emissário entre esses dois mundos.
tural, decidiu ficar. Os negros predominavam na cidade, como também nas fotos de Verger, que buscou conhecer
Para compreender a fundo raízes e semelhanças, dedi-
as origens dessa população.
cou-se ao estudo da diáspora africana, com ênfase no tráfico de escravos e no retorno de muitos deles após
184 Conceito A N. 15 2013
Descobriu o candomblé, estudou o culto aos orixás
a abolição. Esse estudo deu origem a sua principal obra
e, como estímulo ao seu interesse, conquistou uma
escrita, Fluxo e refluxo, um dossiê com 718 páginas, que
bolsa para estudar rituais na África, pelo Instituto
levou cerca de vinte anos para ser concluído. 44
“Muitos dos negros, ao voltarem libertos para a África com costumes brasileiros, fizeram lá uma espécie de Brasil, assim como se formou aqui uma espécie de África”, afirmou Verger, que sempre incentivou o reatamento dos laços entre os povos irmãos. Com esse intuito, criou em 1988 a Fundação Pierre Verger, transformando sua própria casa num centro de pesquisa. Em fevereiro de 1996, Pierre Verger, ou Fatumbi, morreu aos 93 anos na Bahia que o acolheu e despertou amor pátrio, fincando seu nome na cultura afro-brasileira e essencial contribuição para a etnologia. Além das fotografias, sua obra constitui documentos, conferências, artigos e livros, a ponto de ter sido reconhecido pela Universidade de Sorbonne, com grau doutoral em 1966. Um feito e tanto para quem abandonou a escola aos 17 anos e optou pelo ensinamento empírico, muito além das cadeiras acadêmicas. Axé Santé!
186 Conceito A N. 15 2013
t
Nossa bússola aponta o seu CONCEITO A
melhor caminho... Viagens Congressos Feiras / Exposições Organização de Eventos Hospedagens Cruzeiros Marítimos Roteiros Gastronômicos City Tours Transfers
RBW Agência de Turismo e Eventos Ltda. IATA 57-5 26906 Rua México, 45 / Sls. 201 a 203 • Centro • Rio de Janeiro • 20031-144 Tel: (21) 3513-9100 • Fax: (21) 2215-2960 www.rbwtravel.com • e-mail: sac@rbwtravel.com Ligue também para RBW das seguintes capitais no Brasil: São Paulo (11) 4063-4398 • Porto Alegre (51) 4063-9132 • Curitiba (41) 4063-5332
Alimente o lado bom da vida A Casa da Cachaça, charmoso bar e restaurante localizado nos jardins do Sheraton Rio Hotel & Resort, oferece o melhor da tradicional culinária brasileira. Seu estilo colonial português, deck com vista para o mar e música ao vivo nas noites de quinta, sexta e sábado são um delicioso e irresistível convite. Aberto para almoço e jantar.
Informações e reservas: (21) 2529-1115 - Av Niemeyer, 121 - Leblon - Rio de Janeiro
©2013 Starwood Hotels & Resorts Worldwide, Inc. Todos os direitos reservados. Sheraton e sua logo são marcas registradas de Starwood Hotels & Resorts Worldwide, Inc., ou suas afiliadas.
Traços
explore // sheraton da bahia
MEMÓRIA PRESERVADA DA ARQUITETURA BRASILEIRA DOS ANOS 50, NO EPICENTRO POLÍTICO-CULTURAL DE SALVADOR, O HOTEL ESTELAR REVIVE HISTÓRIA, ARTE E DESIGN DE ÉPOCA
modernistas
POR KATHIA POMPEU FOTOGRAFIA ÂNGULO e ARQUIVO STARWOODS HOTELS
Em maio de 1952, Salvador viveu uma noite de festa
salões do Estado, abrigando eventos grandiosos na
com a inauguração do Hotel Bahia, que naqueles anos
história oficial da cidade.
dourados levou para a capital baiana uma atmosfera glamorosa, sem abdicar dos traços fortes da cultura e da
Através dos anos, o caráter político deu lugar a uma vo-
identidade regionais.
cação essencialmente voltada ao turismo. Sexagenário, o endereço agora atende pelo nome de Sheraton da Bahia
Instalado perto do Palácio da Aclamação – que foi du-
Hotel. Com fachada, volumetria e obras de arte tombadas
rante anos a residência oficial dos governadores da
pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac) da
Bahia –, o hotel era também como uma extensão dos
Bahia, o prédio é um marco da arquitetura modernista 44
190 Conceito A N. 15 2013
Peças importantes da movelaria modernista brasileira fazem parceria estética com a genuína arte regional, na combinação de nomes como Sergio Rodrigues e Carybé.
No bar do lobby, a principal atração é a parede de cobogós, em linguagem arquitetônica dos anos 1950.
baiana e uma das mais importantes construções do perío
ção o pé-direito duplo, que, em meio a uma ambientação só-
do no país, com projeto influenciado pela escola Bauhaus
bria, deixa destacar um mural de Carybé, com 19 metros de
assinado por dois grandes nomes da arquitetura da épo-
comprimento, feito sob encomenda para esse espaço.
ca, Diógenes Rebouças e Paulo Antunes Ribeiro. Aliás, o acervo original do hotel abriga cerca de 400 Com investimento de R$ 70 milhões, o hotel passou nessa
obras, entre telas, painéis, fotografias e esculturas de
nova fase por uma renovação meticulosa, que revalorizou
nomes consagrados na história cultural da Bahia, como
suas raízes culturais e artísticas. Respeitando o projeto
o fotógrafo francês Pierre Verger, com sua obra de im-
original de sua arquitetura, suas instalações oferecem
portância antropológica.
uma viagem no tempo por meio da arte e do design. Com essa proposta, toda a ambientação das áreas sociais Construção do início dos anos 50, o empreendimento tor-
foi pensada para refletir o jeito de morar cinquentista
nou-se uma das principais referências da hotelaria brasi-
brasileiro, por meio da releitura do mobiliário da época,
leira, atraindo turistas de todo o mundo, por ser o primeiro
como palhinha trançada ou cadeiras e mesas com pé pa-
cinco-estrelas do Nordeste. Passou por grupos e reformas
lito, aliada a peças originais do porte da Poltrona Mole, do
diversas até agora, quando recuperou sua importância
designer Sergio Rodrigues. Uma obra prima.
histórica com o selo Starwood Hotels & Resorts. Nessa busca do passado pela decoração, ganha presença O projeto de revitalização foi conduzido pelo escritório
soberana na área de convívio social do hotel uma pare-
de arquitetura André Sá e Francisco Mota Arquitetos
de de cobogós – conceito arquitetônico criado no Recife
(AFA), com design de interiores desenvolvido em parce-
em 1929 e popularizado na arquitetura modernista das
ria com a Foguel Reis Sá Arquitetura, que conseguiu um
décadas de 1940 e 1950 –, formando uma conceitual di-
resultado cinco-estrelas.
visória em cerâmica branca vazada entre o bar em tons acobreados e um dos restaurantes do hotel, o Passeio da
192 Conceito A N. 15 2013
A começar pela entrada do hotel, que teve a fachada restau-
Vitória. Com uma área externa ocupada por mesas do
rada, ostentando um painel azul de azulejos com conchas
restaurante e mais um convidativo lounge com jardins,
do artista Paulo Antunes Ribeiro. Já no lobby, chama aten-
chama atenção o gradil escultural que envolve uma das
escadas de incêndio do hotel, assinado pelo artista plástico Tatti Moreno e denominado Revoada de pássaros. Um esmero visual com ares retrôs. Sem perder o requinte vintage, os apartamentos foram totalmente renovados para o Sheraton da Bahia receber um perfil de hóspede de acordo com o mercado hoteleiro internacional de altíssimo padrão. Classificados em seis diferentes categorias, são identificados como Classic, Superior, Club Room, Club Suite, Premium Club Suite e Presidencial, que se diferenciam pelo tamanho e por contar com varanda ou hidromassagem, entre outros luxos privativos. Comum a todos os aposentos, uma atmosfera elegante em tons de sépia, enfatizada na ambientação e nos critérios de conforto da hospedagem, como a cama Sweet Sleeper, de linhas anatômicas de exclusividade Sheraton, aliada a uma coleção de travesseiros de plumas, lençóis e edredons que fazem sonhar. Requinte à parte, o 11o andar tem um perfil mais executivo, com 36 unidades de 25 metros quadrados da categoria Club Room, em que os hóspedes contam com serviços exclusivos do Sheraton Club – espaço com área business, sala de estar e estação para café da manhã e happy hour. Luxo dos luxos, a Suíte Presidencial, com 298 metros quadrados de sofisticação, é outro exemplo dessa excelência. Abriga sala de estar, sala de jantar, cozinha completa com serviço de copeira e mordomo (mediante solicitação) e uma varanda panorâmica com piscina de borda infinita, hidromassagem e vista tanto para a Praça do Campo Grande quanto para a Baía de Todos os Santos. A referenciada culinária baiana também recebeu um olhar mais atual e inovador, sem deixar de lado a tipicidade do tempero regional, sob o comando do chef Leandro Strattmann, de origem gaúcha e experiência nos fornos e fogões internacionais. No já citado Passeio da Vitória, sobressai o serviço de bufê para café da manhã, almoço e jantar, com pratos típicos da Bahia e da culinária brasileira. O segundo restaurante, batizado de Genaro de Carvalho, oferece alta gastronomia e abre apenas para o jantar. No menu de influência mediterrânea, a especialidade são os
Na área da piscina, a proposta é bem mais contempo-
frutos do mar, que ganham receitas inovadoras envolvi-
rânea, com lounges formados por mesas, cadeiras e
das pelo clima modernista do salão de forma arredonda-
espreguiçadeiras em fibra sintética em linhas atualís-
da. O nome do restaurante é uma homenagem ao famo-
simas [Trançarte]. Para complementar o ambiente,
so artista baiano autor do mural que circunda o espaço,
um bar de sanduíches e drinques transados, com des-
pintado em traços e cores folclóricos e recém-restaurado
taque para os panini italianos. 44
pelo Studio Argolo.
O mural assinado por Genaro de Carvalho inspirou o nome do restaurante, que serve alta gastronomia envolvida pelo clima multicolorido da arte baiana.
Conceito A N. 15 2013
193
A ampliação do hotel permitiu ainda a criação da Adega Gourmet, um cantinho intimista que conta com cozinha própria. Pode-se agendar um dos chefs do hotel para preparar pratos harmonizados para pequenos grupos, a partir da escolha dos vinhos entre dezenas de rótulos das mais diferentes origens. Para relaxar e recarregar as energias com muito estilo, o spa instalado próximo à piscina utiliza produtos e conceitos da grife francesa L’Occitane e dispõe de um vasto cardápio de massagens e terapias revigorantes. Uma coleção de experiências cinco-estrelas que contribuem para uma nova identidade em hotelaria na folclórica Salvador, na combinação de seu perfil sincrético religioso com a contemporaneidade do bem-receber.
t
Sheraton da Bahia Hotel
Avenida Sete de Setembro, 1.537 | Salvador [71] 3021 6700 www.sheraton.com/dabahia
Móveis de design moderno e linhas contemporâneas, combinados a um seleto acervo de obras de arte, contribuem para a exclusividade da Suíte Presidencial. Na página anterior, a escada de incêndio, que divide espaço com a varanda gourmet, ganhou um gradil escultural chamado Revoada de pássaros, criação de Tatti Moreno.
Conceito A N. 15 2013
195
Explore... Por Kathia pompeu
À mesa pelo mundo
Rotas Gastronômicas Destinos em que hospedagem e gastronomia motivam viagens memoráveis, cercadas de requintes em todos os serviços. Proposta apetitosa desenvolvida com conhecimento de causa por Ricardo Werwie, na RBW Turismo. Um gourmand aficionado por receitas inusitadas, servidas em regiões de prestígio culinário. Com suporte do sócio Ricardo Ribeiro,que tem com o xará compatibilidades que vão além do nome e resvalam numa maneira sofisticada de interpretar o mundo, surgiu o programa Rotas Gastronômicas, dedicado a clientes que fazem da boa mesa um estilo de vida. Mas nada de roteiros padronizados. Criar é o melhor tempero para a dupla, com sugestões de dar água na boca. Experimentado por Werwie, a temporada na Toscana é uma das indicações, precisamente em Maremma, onde fica o L’ Andana. Idealizado por Alain Ducasse, envolvido no duplo papel de chef e hotellier, o endereço concilia hotelaria campestre e altíssima gastronomia. Grife do The Leading Hotels of the World, abriga o Trattoria Toscana, única assinatura do cozinheiro francês na Itália, com cardápio que já justifica o check in, e ainda organiza cursos de gastronomia para grupos seletos. À frente do atendimento, Christophe Martin, supervisionado pelo mestre, revela sabores genuínos da região. Boa viagem e bom apetite! RBW Turismo
| [21] 3513 9100
Harmonia cinco-estrelas Ícone do charme cinquentista do Rio, que jamais perde a majestade, o Copacabana Palace tem sempre uma novidade para alimentar a paixão dos cariocas e turistas, muitos deles célebres, das mais diferentes nacionalidades. A bossa da vez são os jantares enogastronômicos, promovidos uma vez por mês, no aristocrático Cipriani. Conduzida pelo chef Nicola Finamore, a proposta consiste em harmonizações de vinhos de castas das mais prestigiadas, alinhadas a uma sequência de pratos elaborados sob medida com o que é servido nas taças. Um banquete! Um evento para paladares finíssimos, a preços justos, a cada edição deliciosas combinações do chef fazem a festa dos comensais, como a degustação regada pelos vinhos portugueses Monte da Ravasqueira ou os nacionalíssimos rótulos da Miolo, cada vez mais surpreendentes. Uma experiência cinco-estrelas. Cipriani |
196 Conceito A N. 15 2013
[21] 2548 7070
PRIVILÉGIO, um programa do Circuito Elegante, exclusivo para pessoas como você, únicas! O PRIVILÉGIO de contar com serviços exclusivos, especiais e personalizados, em toda a rede de hotéis e restaurantes seletos.
1
2
3
4
5
6
1 - Praia do Estaleiro Guest House - Balneário Camboriú/ SC 2 - Pousada do Ouro - Paraty/ RJ 3 - La Suite Boutique Guest House - Rio de Janeiro/ RJ
4 - Pousada Bicho Preguiça - Angra dos Reis/ RJ 5 - Pousada Bromélias - Paraty/ RJ 6 - Pousada Terra da Luz - Visconde de Mauá/ RJ
COMO FUNCIONA - O CIRCUITO ELEGANTE, disponibiliza aos seus clientes associados, o programa PRIVILÉGIO, totalmente sem custos. Com ele você terá atendimento personalizado nos hotéis selecionados e benefícios exclusivos. Veja como se associar: 1. Acesse o nosso site e realize o seu cadastro. Garantimos que as informações prestadas são confidenciais e visam apenas garantir um atendimento personalizado em todos os hotéis e restaurantes do CIRCUITO ELEGANTE. Após a sua primeira reserva em um de nossos estabelecimentos de hospedagem, você passa a obter as vantagens do programa; 2. Se você for indicado por uma de nossas empresas parceiras – hotéis, restaurantes ou empresas conveniadas, automaticamente você já estará participando do programa PRIVILÉGIO, além de benefícios extras previamente negociados com exclusividade. Com o programa PRIVILÉGIO, todas as suas reservas passam a acumular pontos, os quais poderão ser trocados no GIFT SHOP no site www.circuitoelegante.com.br.ais poderão ser trocados no GIFT SHOP no site www.circuitoelegante.com.br.
www.circuitoelegante.com.br . 0800 282 0484
estilo de viver // mucki skowronski
Cores
sem fronteiras O MUNDO PARTICULAR DE MUCKI SKOWRONSKI É TÃO AMPLO QUANTO SUA COLORIDA INVENTIVIDADE: VAI DO RIO À BAHIA POR UM RASTRO ARCO-IRISADO QUE UNE OS DOIS ENDEREÇOS, ONDE ALTERNA MORADIA E PRODUÇÃO CRIATIVA, COM TRAÇOS FORTES DE PERSONALIDADE ARTÍSTICA
por Kathia Pompeu Fotografia Marco Antonio Rezende
Duas casas e infinitas cores formam abrigo
paiol à beira do litoral sul da Bahia. Para ela, não exis-
para Mucki. Com identidade e geografia distintas,
tem paredes divisórias entre a dupla morada: alterna
soma a construção sobre pilotis do endereço no Rio,
as semanas num vai e vem, da malemolência baiana
instalada no alto da Gávea, ao horizonte azulado do
ao ritmo da descontração carioca. 44
O living exibe arte e design em toda a sua extensão. O destaque escultural é o teto com relevos originais da construção. 200 Conceito A N. 15 2013
Traço comum às duas residências, o sotaque univer-
ral familiar, por parte de pai, que justifica o sobrenome de
salizado da linguagem artística ressalta não só no
muitas consoantes e biotipo europeu.
trabalho manual assinado por Mucki como também na arquitetura rica em história, que caracteriza am-
Formada em Artes Decorativas pela École Supérieure
bas as estruturas.
des Emsembliers, na Suíça, Mucki maneja cores com desenvoltura e conquistou uma carreira por meio da
A casa do Rio é obra dos anos 50, projeto modernista
constante experimentação com tecidos, tintas, pincéis
do arquiteto Paulo Antunes Ribeiro. No Nordeste, um
e tudo mais que achar pertinente.
Móveis clássicos, arrematados em antiquário, contrastam com a arquitetura modernista, em combinação de linhas retas e curvas.
paiol centenário herdado das Minas Gerais, desmontado, transportado e remontado em Ilhéus.
Movida por esse olhar aguçado para identificar o potencial das formas, há 10 anos Mucki encontrou o endereço
Em pinceladas biográficas, vale contar que Maria Beatrice
carioca em que mora ao lado do marido, o empresário
Skowronski ganhou o apelido Mucki por conta da boneca
Arthur Bahia, e dos filhos adolescentes, Antonio e Ar-
austríaca com que brincava na infância. Herança cultu-
thur. “Quando olhei o pé-direito altíssimo da sala, as 44
Conceito A N. 15 2013
201
Na praia de Ilhéus, sob a bênção de Iemanjá, o paiol trazido de Minas e remontado à beira-mar. As características rústicas da madeira ganham sofisticação em ambientes montados com a sensibilidade artística da proprietária.
linhas retas da edificação e a vegetação em volta, me
O clima remete à serra, tanto pela geografia quanto pela
apaixonei de imediato”.
temperatura amena, comum no alto da Gávea, que permite até uma lareira na sala de estar. Nos dias invernais,
Além de obra ilustre – catalogada no livro Arquitetura
conta Mucki, a família costuma usá-la, de preferência na
moderna no Brasil, de Henrique Mindlin –, o imóvel havia
companhia de amigos acomodados nos sofás cobertos
sofrido algumas interferências estruturais com assina-
em capas de linho branco, com o aconchego de almofadas
tura de Cláudio Bernardes. Depois, nas mãos de Mucki,
desenvolvidas pela proprietária.
ganhou contornos estéticos admiráveis na ambientação. Faz sentido: na casa de Mucki, o ditado “casa de ferreiro, Cada cômodo é composto de arte contemporânea da
espeto de pau” não se aplica. Sua marca está presente por
melhor qualidade e contém telas da amiga de longa data
todos os lados, desde cortinas até quadros de texturas
Gabriela Machado e esculturas de Almir de Castro, como
provocantes em temas idem. Produção artesanal inces-
também mobiliário consagrado do design nacional.
sante que sai do ateliê, montado nas cercanias, e que acaba de ganhar um showroom em parceria com Sonia In-
202 Conceito A N. 15 2013
É o caso do banco Mucki, de Sergio Rodrigues, que a artis-
fante, da Arteiro de Itaipava. O espaço, para exposição e
ta chama afetivamente de tio. A peça, o nome já denun-
venda, é distribuído em sala, quarto e copa-cozinha e tem
cia, foi criada em sua homenagem e acrescenta charme
até uma pequena réplica do seu paiol baiano no quintal. E
ao móvel colocado no living.
por falar nisso... 44
No endereço baiano, o colorido de almofadas e revestimentos de poltronas em equilibrada profusão.
Quilômetros adiante, fica sua outra morada. Garimpado
com 180 metros quadrados, armado com ripas de antigas
no interior mineiro, o galpão que se metamorfoseou em
barcaças para secagem de cacau.
casa de praia foi transportado para Ilhéus por uma frota de três caminhões, tábua por tábua, e remontado ao
Na fachada, a trama da madeira foi mantida ao natu-
modo regional – projeto apoiado em sustentabilidade,
ral, enquanto as paredes internas foram pintadas de
pelo aproveitamento do material que estava abandonado
branco e as esquadrias, de azul. Por dentro, a identida-
e entregue ao desgaste do tempo.
de visual reflete simplicidade com bossa, com a maioria dos móveis em madeira de demolição e vibrantes
Amiga dos proprietários, a arquiteta Márcia Müller tocou
tecidos colorizados.
a reforma e acrescentou metragem ao paiol, entre outros
204 Conceito A N. 15 2013
sistemas e benefícios estruturais. Como a formatação
Construído como segunda casa, o paiol representa para
original, com cerca de 100 metros quadrados, não tinha
Mucki “seu lugar preferido de mundo” e também suporte
divisórias internas, a solução foi buscar madeira similar
para que ela e o marido acompanhem de perto o atendi-
nos casebres do interior baiano. Na soma final, acabou
mento na pousada Fazenda da Lagoa, de sua propriedade.
ganhando mais 30 metros quadrados, resultando num
Mas essa é outra história, que vale a pena conhecer de-
pitoresco sala, dois quartos e cozinha, e mais o deque,
pois, em detalhes.
t
Junior Grego p e rco r r e as lojas da cidade
N ó s ... da ma d e i r a
POESIA EM BLOCOS O escultor carioca Galvão, que vive e trabalha em Nova Friburgo, região serrana do Rio, não se baseia apenas na dimensão fria e racional da geometria. Seu trabalho pode ser considerado uma poesia acomodada em blocos de cedro, em que o contraste entre a parte mais clara e a mais escura evidencia a sua beleza. A criativi-
PEÇA NOBRE
dade de Galvão está na intervenção racio-
O elegante aparador Cacos, assinado
nal do desenho e nas respectivas formas
por Etel Carmona, é feito em freijó e
e posições da madeira, uma vez disposta
tem um sistema deslizante de aber-
no espaço bidimensional do quadro. Com
tura que lembra mosaico. Gosto muito
mais de 40 anos de profissão, sempre dia-
do efeito visual desse móvel pratica-
logando com as madeiras e as cores, ele
mente artesanal. Os pés de cavaletes
comprova o seu exercício lento e conspi-
dão o toque final de bom gosto e de-
rador com a matéria-prima, companheira
sign equilibrado. A sensação é de um
de sonhos e realizações de alto nível artís-
móvel flutuante. Impecável!
tico. Sem dúvida, um trabalho atemporal. Recomendadíssimo!
206 Conceito A N. 15 2013
Arquivo Contemporâneo
[21] 2497 3363
CORINGA Com design de meu querido Chicô Gouvêa, a estante Escada de Biblioteca é um coringa dentro de casa, uma peça que, com certeza, tem grande versatilidade: pode ser usada como mesa de cabeceira ou mesa lateral. Em imbuia, ganha imagens do Rio de Janeiro aplicadas em sua superfície. Aliás, na loja, são tantas as referências bacanas com essas impressões cariocas, que vale a pena conferir. Olhar o Brasil
[21] 2523 9070
TRÊS EM UMA As mesinhas de apoio Trip, num conceito moderno, ocupam pouco espaço e têm linhas geométricas que fazem um mix interessante com a madeira brilhante e o aço inoxidável. Para quem precisa de várias, naqueles dias de casa cheia de gente, minha sugestão é espalhar as peças pela sala. Breton
[21] 2108 8244
PEÇA ATEMPORAL A luminária coluna Cocometti, da designer Claudia Troncon, tem 1,70 metro de altura, uma tonalidade de madeira
TRAÇOS SIMPLES
linda e fica muito bem em espaços que precisam de pontos de luz estratégicos. Curto muito essa mistura da colu-
O banco Luzia, de Ronald Sasson, tem uma pegada for-
na clássica que brinca com o conceito
tíssima de arquitetura. De shape fino e inspirado em
mais moderno da cúpula. É o tipo de
linhas simples, é muito resistente. Construído em MDF,
luminária atemporal apropriada aos
tem revestimento em lâmina natural e acabamento interno em pintura automotiva polida. Sua
dias de hoje. Um efeito de luz que deixa
resistência vem da inserção de longarinas de aço embutidas nele. O banco Luzia foi finalista
qualquer ambiente com aquela cara de
da edição 2012 do Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, ganhou o selo de bronze no Design
bem cuidado. Gosto muito!
Award, na Itália, e este ano foi premiado no Idea Brasil. Finish
| [21] 2429 8196
All Light
[21] 2438 8081
Conceito A N. 15 2013
207
NA ESTANTE
Orla Kiely, que o The Guardian certa vez chamou de “a rainha da impressão”, é uma designer irlan-
Em madeira de demoli-
desa que iniciou seu trabalho com
ção, a estante tem duas
chapéus e rapidamente mudou o
partes
foco: em Nova York, passou a criar
Pode ser feita em vários
tecidos e papéis de parede. Cole-
tamanhos, mas as me-
ção Harlequin, uma exclusividade
didas requeridas estão
da nossa Orlean.
sujeitas a avaliação téc-
desmontáveis.
nica e também devem estar de acordo com as
Galeria Almacen, do Casa & Gourmet: o espaço está lindo, total-
regras
mente europeizado, com a expo-
Gosto muito da forma
ergonômicas.
sição Primavera Negra do cubano
como o móvel está pre-
Alejandro Lloret. Imperdivel!
sente no ambiente, sem interferir no restante. A
A Portobello Botafogo, do meu
minha sugestão é que a
querido Paladino, acabou de rece-
estante seja usada como
ber a linda coleção Super Bee. São
uma alternativa para di-
revestimentos que lembram favos
vidir espaços. Dado o
de mel, transformando-se numa
recado!
maxitextura bacanérrima.
Velha Bahia
[21] 2108 8052
Arthur Fernandes, da MAC Móveis, está contando os minutos para a inauguração da sua megaloja na ampliação do CasaShopping.
CONFORTO É BOM VERSATILIDADE EM ALTA
Criada, produzida e importada
O aparador Bicos, da Em2 Design, de Mariana Betting e Rober-
de para a loja O Galpão, a pol-
to Hercowitz, é um móvel prático, bonito e com certo ar vintage
trona Best tem linhas clássicas
da Indonésia com exclusivida-
bastante charmoso. Ele tem gaveta e tampo em madeira jequi-
e proporciona grande conforto.
tibá natural e pés em jequitibá castanho. É interessante não só
Em teca maciça, seu diferen-
pelo design, mas também pelas facilidades de adaptação aos
cial é a verdadeira consciên
ambientes. É uma peça inspirada nos prismas de cristais e nas
cia ambiental: as pernas e os
pedras preciosas lapidadas que transmitem a luz por refração,
braços são feitos de pedaços
atribuindo-lhes diferentes ângulos, brilhos e tonalidades. O ga-
de madeira que, normalmente,
binete em MDF com pintura em laca destaca os pés em madeira
seriam descartados, o que lhe
tauari. É uma joia bruta que foi lapidada para trazer nobreza e di-
confere um valor muito maior
ferencial aos espaços atuais. O mais bacana desse produto com
do que aquele pago pelo con-
cinco gavetas é a versatilidade. De gaveta em gaveta, pode ficar
sumidor. Justamente por isso,
maior, dependendo de cada lugar.
seu nome é Best. O mais bacana de tudo é o conforto que ela propor-
Novo Ambiente
Casashopping [21] 3325 2529 | Ipanema [21] 2523 5468
208 Conceito A N. 15 2013
ciona e aquela sensação de estar bem acomodado. O Galpão
| [21] 2108 8877
casa do costureiro // andrea marques
CASA DO
COSTUREIRO A ELEGÂNCIA TEM IDENTIDADE MODERNA E SUTIL NO ESTILO DE ANDREA MARQUES, CUJO ALVO É A MULHER REAL. NO VERÃO 2014, ELA APOSTA NO NOVO MINIMALISMO
andrea marques
Traço próprio
POR ELDA PRIAMI FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE
A marca Andrea Marques já nasceu consagra-
coleção é muito feminina e delicada. Sua identidade está
da. Não é para menos: ao assumir uma imagem própria,
nos pequenos detalhes”. O tema, novo minimalismo,
em 2007, a estilista vinha de uma trajetória vitoriosa de
refere-se às modelagens soltinhas com um olhar mais
quase 15 anos na Maria Bonita Extra e na Maria Bonita.
limpo. Ela usa preto e branco, cores, estampas florais e
Ou seja, categoria ela tem de sobra, assim como fama e
gráficas e assimetrias com leve toque retrô. Foi esse o
respeito da mídia especializada. Desde o início de sua car-
conceito que apresentou no Fashion Rio deste ano, a se-
reira, Andrea destacou-se por modelagens impecáveis,
mana de moda carioca. Para Andrea, o evento é funda-
composições incomuns de cores e estampas, modelos
mental. “Em 2009, participei pela primeira vez e, a partir
que fogem do óbvio, ideais para a mulher cosmopolita que
daí, a marca ganhou um espaço, desabrochou. O desfile
dispensa o visual alegórico.
é o momento em que você expõe o que pensa para um público especializado. Por isso, é a melhor forma de mos-
Em seu ateliê, em Copacabana, Andrea exibe uma ra-
trar um trabalho”.
diografia de seu estilo, chique e descontraído ao mesmo tempo. Veste um confortável macacão em seda pura com
Num mundo globalizado, em que tudo é permitido em
grafismo assimétrico. O cabelo ondulado, em lindo corte
moda, como se orientar diante de tantas tendências? “Em
Chanel, e a maquiagem suave completam o look de um
abril, depois de terem sido apresentados todos os desfiles
dos nomes mais fortes da moda carioca. Apesar da voz
no Fashion Rio, uma repórter do canal GNT quis saber o
mansa, ela não disfarça sua natureza decidida. “Meu tra-
que a Costanza Pascolato achava que iria pegar no próxi-
balho é dirigido para a mulher real, aquela que vive o dia a
mo verão. Ela respondeu com a maior naturalidade: ‘Não
dia sem fantasia no corpo. Ela pode estar com uma roupa
sei’. Foi a melhor resposta que ouvi atualmente. É muito
no trabalho e sair direto para jantar fora, por exemplo.
difícil afirmar o que vai ser objeto de desejo. A opinião
Desenho para mulheres independentes que querem rou-
dela, uma profissional respeitada, uma mulher encanta-
pas versáteis, adequadas para todas as ocasiões”.
dora, foi simples e verdadeira”. Andrea concorda que é necessário adequar as tendências à imagem de cada marca.
Na sua sala, entre croquis, amostras de tecidos e muitas
“É óbvio que a gente precisa ter uma maneira autoral de
peças do verão 2014, ela explica a nova fase. “Depois de
lidar com as propostas. Às vezes, você não segue uma
fazer um mix & match de estampas, dei uma reviravolta.
tendência e acaba sendo tragada pelo inconsciente cole-
Quando a gente fala em minimalismo, logo vêm à cabe-
tivo. Está tudo ali e não quer dizer que seja bom para todo
ça as formas amplas e sóbrias lançadas pelos estilistas
mundo. Não se pode perder de vista a própria identidade e
japoneses na década de 1980. Não foi isso que fiz. Minha
o perfil da cliente que compra a sua marca”. 44
Aos 44 anos, ela tem uma certeza: “Não adianta a estilista querer ser autêntica, ter um trabalho maravilhoso e não ser viável comercialmente. Hoje, esse aspecto é importantíssimo”. Depois de ter participado da exposição Le Brésil Rive Gauche, que terminou em junho, na loja de departamentos Le Bon Marché, em Paris, com 120 marcas, ela está disposta a investir mais no mercado internacional. “Para isso, precisamos ter preços competitivos. Aqui, a mão de obra é cara, falta tecnologia de ponta e nosso produto fica com um preço final muito alto. Além disso, não temos acesso a determinadas matérias-primas que garantem qualidade. Isso nos deixa atrás da Europa e dos Estados Unidos. O Brasil tem moda para exportar, mas precisa ser muito alimentado. É um movimento que tem um resultado em longo prazo”. Como competir com as mais famosas grifes internacionais que estão chegando ao Brasil? Ela respira fundo e constata: “Quando você vê que os preços da Prada, no shopping Village Mall, no Rio, são 15% mais altos do que os que ela vende lá fora, é uma loucura. Esse fato dificulta a nossa relação não só no mercado externo como, agora, também no mercado interno”. Qual seria o futuro da moda? Ela indica um caminho: “A moda exige investimentos muito altos, não dá para brincar e é muito difícil manter uma marca só com recursos próprios. Até determinado momento, é possível dar conta, mas depois é preciso ir ao encontro de um investidor para viabilizar o negócio. Até hoje, não busquei esse respaldo, mas acredito que num futuro próximo será o caminho”. 44
Na parede de sua sala, pedaços de tecidos com estampas exclusivas do verão 2014. Ao lado, croquis da coleção atual. Na página ao lado, vestido com assimetrias e motivo geométrico. A sandália branca está de volta.
212 Conceito A N. 15 2013
Existe moda brasileira? Andrea, sempre com uma visão bem lúcida, analisa: “Existem um design e uma moda brasileiros, sim. Agora, se a moda é forte o suficiente para ser reconhecida lá fora, é outra história. Acho que a nossa moda ainda é vista como um clichê: colorida, despojada, sensual. Porém, a situação está mudando. Quanto mais autêntica for a moda brasileira, mais credibilidade ela terá. E autenticidade é enxergar no trabalho de alguém traços próprios”. Impossível, em sua opinião, fazer uma moda brasileira sem usar cores. Mas ela concorda que apresentar um conceito sofisticado e autoral é nosso desafio. “A moda brasileira nunca será preta-branca-bege”, começa a rir. Ao mesmo tempo em que tem um olho no mercado estrangeiro, Andrea tem o outro bem focado aqui. No ano passado, assinou uma coleção para a C&A que fez muito sucesso. “Ter vendido para uma clientela que não teria acesso à marca fora da minha loja foi uma experiência abrangente”. Andrea acredita que no começo da carreira é natural buscar referências nos trabalhos de quem admira, mas não deixa dúvidas ao declarar: “Ninguém cria dentro de uma bolha. É natural também que depois de um tempo À esquerda, blusa e bermuda soltinha com motivo gráfico. O mocassim branco voltou. Bermuda large e camiseta ampla. Abaixo, as texturas exclusivas da coleção.
214 Conceito A N. 15 2013
o profissional comece a fazer um trabalho cada vez mais personalizado”. Formada em Comunicação Social e Publicidade, esta carioca, que garante que nunca teve síndrome de estilista, quando começou a trabalhar com moda, falou para si mesma: “Encontrei o meu lugar”. Andrea Marques
Rua Garcia D´Ávila, 149/sobreloja | Ipanema [21] 3202 2700
t
CONCEITO A
cursos
. palestras . workshops . viagens . circuitos
Um selo cultural com especialização nas histórias da moda, da arte e do design Curadoria dos mestres Aristides Corrêa Dutra e Paulo Debom
elegancia@elegancia.art.com.br [21] 9393 8804
. [21] 9443 6966
q
MÁXIMO! Por nathalia Pompeu
Sabor de cinema Criativa e irreverente, a grife Charlotte Olympia tem sempre alguma peça antimonotonia para dar um toque de humor ao figurino. Já arrasou com as clutches em formato de frascos de perfume antigos e as sapatilhas carinha de gato, e agora desperta o desejo fashionista com uma linha inspirada
Clique apetitoso
na sétima arte, como as bolsas tipo claquete,
Uma delícia, a 35 mm La Sardina, a câmera analógica
coleção que merece todos os holofotes.
rolo de filme e o clássico saco de pipoca. Uma
grande-angular mais fresquinha da Lomography, que reproduz a forma de uma simples lata de sardinha. Fácil de
www.modaoperandi.com
usar e desenvolvida para oferecer o máximo em criatividade e agilidade na captação das fotos, a loja exclusiva da
Bom de garfo
marca, em Copacabana, tem uma variação de design, em cores e padrões apetitosos.
Um mimo que chefs e gourmands adoram (quase todos têm o seu) é o pingente em
[21] 2267 2226
forma de talher. Em ouro 18 k, o delicado acessório cai bem tanto numa gargantilha fininha quanto numa pulseira. Há quem o use no estilo button, preso por um alfinete igualmente dourado. www.joiasbrasil.com.br
Tim-tim aristocrático Depois de inspirar uma linha de cosméticos e maquiagem exclusiva para a rede de lojas londrina Mark & Spencer, incluindo gloss, hidratantes, sabonetes e até velas perfumadas, Downton Abbey brinda os fãs da saga com mais uma produção inebriante. A empresa norte-americana Wines That Rock já anunciou o lançamento de um rótulo
Pizza vintage
oficial inspirado na série de televisão. Em parceria com
A Imaginarium revisita os anos 80 e lança uma coleção inspirada no velho
um produtor francês, pretende recriar os vinhos impor-
bolachão. É a linha Vinil, fun design que inclui um kit para servir pizza tão
tados pela aristocracia britânica no início do século XX,
funcional quanto decorativo. Na mesma pegada criativa da marca, tem ainda
utilizando as mesmas castas, em solos e condições seme-
descanso de panela, porta-copos e relógio de parede, entre outras peças no
lhantes ao que era encontrado em 1900.
formato de disco.
www.winesthatrock.com
www.imaginarium.com.br
216 Conceito A N. 15 2013
CONCEITO A
off rio // cristiano ribeiro do valle
Floresta
DA MADEIRA BRUTA, O DESIGNER FAZ PEÇAS LUXUOSAS E COMEMORA DEZ ANOS DE SUCESSO COM IDENTIDADE BRASILEIRA
estilizada POR ELDA PRIAMI
No showroom de 600 metros quadrados, em Campo Belo, região centro-sul de São Paulo, estão expostas desde o dia 1o de julho dez novas peças do designer. No amplo espaço, também ganham destaque as mais de cem criações que têm a floresta como inspiração. A mostra, que segue até o fim do ano, comemora uma década de sua trajetória. Depois de viver durante um ano na Amazônia, o designer Cristiano Ribeiro do Valle encontrou a maneira ideal de se expressar profissionalmente. Engenheiro agrônomo por formação, ele resolveu produzir peças em madeira com base nas formas orgânicas da natureza, preservando as marcas da ação do tempo e as imperfeições da matéria-prima, como buracos, rachaduras e marcas de queimadas. Com um olho na floresta e outro na cidade, esse paulistano de 37 anos hoje domina o conceito rústico-chique e sabe como poucos modernizar a madeira in natura. Foi em 2003 que Cristiano lançou a marca Tora Brasil, líder no segmento de móveis provenientes de áreas de manejo florestal com a certificação FSC, da sigla de Forest 44
Cristiano parte do desenho para criar suas peças mais elaboradas. Na página ao lado, cadeira Kerá, em madeira e ferro: um estilo vintage.
Conceito A N. 15 2013
219
Stewardship Council® (Conselho de Manejo Florestal). A consciência com a sustentabilidade na produção resultou, em 2007, na conquista desse selo. Sua ligação com a natureza é tão forte, que ele incorporou em sua vida viagens frequentes à Amazônia. A identidade brasileira está presente também nos nomes dos produtos, todos batizados em tupi-guarani. O nome de uma de suas obras mais conhecidas, a namoradeira Anhubana, feita sem emenda ou encaixe, significa abraçar. O sofá Avás Canoeiros, construído com tábuas maciças de ipê, designa uma tribo indígena que tem uma população estimada de apenas 14 integrantes. A poltrona Ubá refere-se a um termo que significa pai, explica Cristiano, que assim vai desvendando o idioma escolhido para nomear seu trabalho. “Comecei em uma garagem na Vila Madalena e, por seis anos, tive um showroom, de 150 metros quadrados, em Pinheiros, dois bairros bem descolados. Nessa mesma época, abri uma fábrica na região de Vinhedo, no interior de São Paulo, mas foi em 2007 que inaugurei uma loja no endereço mais importante do décor paulistano, na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, onde fiquei até 2011. Hoje, posso estar aqui, fora do circuito badalado, porque as pessoas já conhecem o meu estilo e eu precisava de um lugar amplo para expor o que faço e o que fiz até agora”.
Mesa de centro Embá, em que o vidro valoriza a matéria-prima bruta. Abaixo, Namoradeira em nova versão, feita de um só tronco de madeira. Na página ao lado, poltrona Ubá, peça escavada em tronco de árvore, sem nenhuma emenda.
Na nova coleção, o banco Juru (que significa árvore de madeira dura) é uma peça geométrica que mescla a madeira com uma delicada lâmina de ferro. O revisteiro e mesa de centro Ecatu (que quer dizer bem) é multifuncional e simples. A cadeira Kerá (dormir, em tupi) tem um toque vintage e, ao mesmo tempo, moderno. Uma linha de ferro linear é o apoio dos braços. As dez peças trazem o seu traço forte. Para que uma obra rústica adquira visual cosmopolita, ele intercala a madeira maciça com acrílico, vidro ou metal, que são sempre valorizados por texturas e formas irregulares. “Muitas vezes, quando estou na floresta, visualizo uma peça que quase não deverá ter a minha interferência e o desenho surge lá mesmo. Em outras, a inspiração sai da prancheta. Aí, os desenhos são mais elaborados, e a minha interferência é mais evidente”. Ele segue o desenho natural dos troncos de madeira, que geralmente são descartados pela indústria moveleira porque têm um aproveitamento mínimo, pela quantidade de “defeitos” nas toras. E está justamente aí o seu ponto de interesse. 44
220 Conceito A N. 15 2013
Conceito A N. 15 2013
221
Mas ele não olha só para a madeira e confidencia: “A água, por exemplo, me influenciou a fazer vidros em formatos orgânicos”. De tanto observar riachos e rios, ele faz uma releitura deles, como na mesa de centro Embá (oco, vazio), em que uma tora é cortada ao meio e sobre ela repousa um lindo vidro fumê. Cristiano segue os processos artesanais antigos e usa a tecnologia para valorizar ainda mais os contornos da natureza. Admira o trabalho de George Nakashima, marceneiro e arquiteto nipo-americano. “Ele é um dos inovadores do design de móveis do século XX e pai do american craft movement, que valorizava o artesanato. Começou no século XIX na Inglaterra e chegou no começo do século XX aos Estados Unidos”. A madeira vive um novo apogeu, o que se reflete nos trabalhos dos novos designers internacionais e nacionais. Cristiano tem uma teoria a respeito: “O mundo está muito artificial, impessoal e repetitivo. Por isso, as pessoas sentem falta de interagir com as outras e também com a natureza. A madeira acolhe e, em suas infinitas cores e texturas, revela-se como um elemento mágico”.
t
Tora Brasil
Fotos: Divulgação
Rua Padre Leonardo, 504 | Campo Belo | São Paulo [11] 3819 8001
Showroom com lançamentos da coleção e peças do acervo. Acima, banco Juru, peça geométrica que mescla madeira com lâmina de metal.
CONCEITO A
Lopes
Pisos Laminados Revestimentos sob medida para o seu espaรงo orรงamento com hora marcada
{21} 9421-8050 - 8528-4254 - 8291-4663 - 2675-2818
off rio // fernanda marques
Estética múltipla A HABILIDADE PARA UNIR ELEGÂNCIA, ACONCHEGO E MODERNIDADE REFLETE-SE NO ESTILO DA ARQUITETA PAULISTANA
POR ELDA PRIAMI
Desde 1990, quando abriu seu escritório de arquitetura em São Paulo, Fernanda Marques une a estética contemporânea e a atmosfera intimista em seus trabalhos. Multidisciplinar, ela assina projetos de residências e de lojas de marcas consagradas, como Ermenegildo Zegna, John John, Le Lis Blanc e L’Occitane, e se especializou também em decoração de interiores, paisagismo e desenho industrial. Há dois anos, dá os primeiros passos (por sinal, bem-sucedidos) como designer. Em 2012, ganhou duas vezes o AD Awards, na Itália, pelo design do banco Infinito, nas versões madeira e aço. Inquieta e com apetite para o novo, ela acredita que as mudanças mais significativas em arquitetura, nas duas últimas décadas, relacionam-se com a escolha do lugar de uma construção, tanto do ponto de vista físico quanto sociocultural, e há um desejo maior para explorar a área externa. Ou seja, a casa pretende ser mais transparente, e o luxo está em dispor de tempo e de infraestrutura para contemplar o espaço onde se vive. Eis o conceito que ela aplica em seu trabalho, aqui e no exterior, onde tem vários
Na página ao lado, ideias que exprimem o conceito de Fernanda Marques: telas de Demian Golovaty junto de sofá com texturas naturais (note-se o anão dourado de Philippe Starck usado como mesinha de apoio).
44
226 Conceito A N. 15 2013
projetos em andamento, sobretudo em Nova York e Miami. Mas garante que no Brasil ainda se trabalha com maior liberdade, com menos restrições em todos os níveis. Supercosmopolita, ela leva para o campo ou para a praia sua visão de conforto e beleza. Foi o que aconteceu com o projeto de uma casa térrea em Paraty – município no litoral oeste do Rio de Janeiro –, com estrutura clássica e com um teto triangular em madeira, na grande sala principal. O terreno de 1.400 metros quadrados tem 600 metros quadrados de área construída, com seis quartos, uma varanda enorme, churrasqueira, piscina e jardins. “Percebi que a casa poderia ficar estilosa com poucas modificações e optei por transformações pontuais. Brinco que dei um tapa nela, já que a reforma foi feita em 35 dias. As medidas mais radicais foram trocar a cor externa – de amarelo para branco – e pintar o chão da parte interna de preto, o que trouxe sofisticação e uma pitada de ousadia à casa de praia. De obra estrutural, só uma pequena mudança: desloquei a porta da
44
Na grande sala com pé-direito alto em madeira, o piso é pintado de preto. Objetos e obras de arte misturam-se em ambiente clean e elegante. Conceito A N. 15 2013
227
cozinha do centro da sala para um canto do ambiente”. Resultado: Fernanda deu seu jeitinho de tornar o espaço moderno. Ela concorda e acrescenta: “Fiz questão de investir na decoração e manter a personalidade da
Poltrona de couro Jangada, de Jean Gillon. Paredes com ripas em madeira e, em semicírculo, os passarinhos de cerâmica, de Gabriela Albergaria.
construção original. As principais estrelas são as criações de designers brasileiros. Há cadeiras de Paulo Mendes da Rocha, mesa de Sergio Rodrigues, espreguiçadeiras de Carlos Motta e cadeiras de Flávio de Carvalho. A contemporaneidade do projeto está nas fotos de Demian Golovaty, sem esquecer do casulo-banco de Hugo França, dos passarinhos de cerâmica de Gabriela Albergaria e do anão dourado de Philippe Starck”. 44
Conceito A N. 15 2013
229
Na ampla varanda, sofás e poltrona confortáveis com estrutura em madeira rústica. Como mesa de centro, um móvel antigo. Na página ao lado, cadeiras de sol com revestimento que lembra grama.
Essa é outra característica sua: colocar o melhor da arte contemporânea e do design nacional e internacional em tudo o que faz. “Gosto de criar um envolvimento verdadeiro entre a arte e o morador. Só entendo a arte assim. No momento, me interesso muito pelos jovens artistas asiáticos e, em arquitetura, estou na fase Jean Prouvé. Ele realiza uma síntese entre brutalismo e otimismo que tem me inspirado bastante”. Para Fernanda, o mix de peças modernas com algumas antigas é outro ponto forte. “Acho que a mistura dá uma bossa ótima aos projetos, mas tudo fica em evidência se a iluminação estiver adequada. Ela é essencial até para valorizar a luz natural, porque dá vida a uma arquitetura mais transparente, com superfícies mais abertas e translúcidas. Do ponto de vista técnico, a tecnologia led, além de econômica, está se tornando cada vez mais eficiente também em seu desempenho luminoso. Isso não impede de colocarmos algumas luminárias de maneira estratégica para marcar pontos de luz e destacar alguns objetos. Daí surge a personalidade do ambiente”. 44
230 Conceito A N. 15 2013
Conceito A N. 15 2013
231
Fotos: Divulgação
Cadeira Zig Zag, da Érea, em acrílico.
Como designer, Fernanda Marques lançou este ano o pufe Tronco, peça revestida em tecido com estampa de tronco de madeira, e a poltrona Madeira, com estrutura em madeira, revestida de tecido que também imita madeira, e pés em metal. Sobre seu encontro com o design, ela conta: “A princípio, foi uma necessidade de tornar meus trabalhos de decoração de interiores ainda mais pessoais. Depois, percebi uma necessidade de seguir também esse caminho. Hoje, as peças de design têm identidade própria e independem de meus projetos. Trabalho o aço inoxidável e a madeira em móveis contemporâneos e já estou em minha terceira linha”. Como ela não para de criar, lançou uma sapatilha feita em recortes assimétricos para a marca Tatiana Loureiro. Assim, ela junta design e moda. “Não costumo estabelecer distinções. Moda é também criação e, sendo assim, paralela à arquitetura e ao design. No caso, o objeto é o corpo. Em essência, é isso o que muda. E eu gosto de estar sempre movimentando a minha cabeça”.
232 Conceito A N. 15 2013
t
onde encontrar
ABS RIO [21] 2285 0497 – pág. 165
MAC RIO [21] 2620 2400 – pág. 16 e 17
ANA PAULA TORRES [21] 3936 5025 e 8704 5642 – pág. 121
MAR & COTA [21] 2135 3565 – pág. 131
ARNALDO DANEMBERG [21] 2236 4574 e 2255 0325 – pág. 27
MIOLO 0800 9704 165 – pág. 161
ARTEFACTO BEACH & COUNTRY [21] 3325 7667 – pág. 2 e 3
MIRAGE [21] 3297 7777 – pág. 96 e 97 MITSUBISHI 0800 702 0404 – pág. 180 e 181
BRETON ACTUAL [21] 2108 8244 – pág. 4 e 5
MORAR MAIS POR MENOS www.morarmais.com.br – pág. 233
CAFÉ BOTÂNICA [21] 2535 2465 – pág. 171
NOVO AMBIENTE [21] 3325 2529 – pág. 236
CASA COR www.casacor.com.br – pág. 125
NÚCLEO CARIOCA DE DECORAÇÃO [21] 2425 2694 – pág. 22 e 23
CASA & GOURMET SHOPPING [21] 2542 5693 – pág. 56 e 57 CASA JULIO [21] 2429 8338 e 2431 1180 – pág. 25
O GALPÃO [21] 2108 8877 - pág. 43
CERÂMICA LUIZ SALVADOR [24] 2222 2712 – pág. 175
OLHAR O BRASIL [21] 2523 9070 – pág.14 e 15
CIRCUITO ELEGANTE 0800 282 0484 – pág. 197 CURSO ELEGÂNCIA [21] 9393 8804 e 9493 6966 – pág. 215 DR. ROBERTO DE AQUINO LEITE [21] 2235 5532 – pág. 67 EDNA BELLETTI [21] 2239 3791 e 8893 9356 – pág. 157
ORTOBOM [21] 2107 8873 – pág. 205 PORTOBELLO SHOP [21] 2267 4462 – pág. 18 e 19 PRESTIGE [21] 3823 8181 – pág. 179 RBW TURISMO [21] 3513 9106 – pág. 187
EKKO REVESTIMENTOS [21] 3439 8010 – pág. 31 EMPÓRIO BERALDIN [21] 3512 7800 – pág. 35
SEPT AUJOUR [21] 3429 1777 – pág. 147
ESPAÇO ITANHANGÁ [21] 2495 8000 – pág. 46 e 47
SHERATON HOTEL [21] 2529 1115 – pág. 188 e 189 STUDIO GRABOWSKY [21] 2529 2359 – pág. 39
FABRIMAR 0800 221362 – pág. 235
SWEET DREAMS [21] 2511 5942 – pág. 151
FAVO [21] 3325 5554 – pág. 55 FIBRAS ARTE [21] 2776 2260 – pág. 45
THAKE [21] 3311 5833 – pág. 37
FINGER [21] 9816 0135 – pág. 20 e 21
THEATRO NET [21] 2147 8060 – pág. 209
FLORENSE [21] 3328 6006 – pág. 8 e 9
TODESCHINI www.todeschinirio.com.br – pág. 87
GARDEN RIO BARRA [21] 2491 7110 e 2437 7717 – pág. 105
TRANÇARTE [21] 2108 8217 – pág. 10 e 11 TRESELLE [21] 2429 8268 – pág. 126 e 127
HOMERO BARROS [21] 2259 6727 – pág. 217
TROUSSEAU www.trousseau.com.br – pág. 95
ITALIAN LEATHER [21] 3326 1094 – pág. 33
VELHA BAHIA [21] 3325 1444 – pág. 68 e 69 VILASECA [21] 2539 2320 – pág. 41
LIDER INTERIORES [21] 2499 7537 pág. 6 e 7 LOPES PISOS [21] 2675 2818 e 9421 8050 – pág. 223
W. WORKS [21] 3326 2211 – pág. 28 e 29
LZ STUDIO [21] 3649 6416 – pág. 79
WAY DESIGN [21] 3325 0077 – pág. 12 e 13
O RIO CADA VEZ MAIS CONCEITO A r e v i s t a q u e t e m o p e r f il d a c i d a d e
Receba em casa o melhor da arquitetura, design, arte e estilo de vida
234 Conceito A N. 09 2011
Central de assinaturas: [21] 2524 8962 | www.canala.com.br
e-commerce
www.novoambiente.com
OBRA DE ANNA BELLA GEIGER FOTO MCA ESTÚDIO
novoambiente@novoambiente.com
RJ IPANEMA (21) 2513 2255 CASASHOPPING (21) 3325 2529
COPACABANA (21) 2542 0747 SHOPPING DA GÁVEA (21) 2239 5090
CORPORATIVO RJ (21) 2542 4690 SP VILA OLÍMPIA (11) 3O62 3351 (11) 3062 1529
Mobiliário contemporâneo com a bossa carioca