Conceito A 15

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CONCEITO A ARQUITETURA | DESIGN | ARTE | ESTILO DE VIDA

O design

boa mesa

da

chefs e ingredientes espaços criativos ideias deliciosas Roberta Sudbrack Felipe Bronze Sept aujour Cadas Abranches Ascânio MMM Andrea Marques Em 2 Design Mauricio Nóbrega Paola Ribeiro In Town Group Mucki Skowronski Cristiano Riberio do Valle Fernanda Marques ABS Rio

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sumário // edição 15

106

152

210 48 26

EDITORIAL O design da boa mesa

30

ESPAÇO A Produtos e tendências

48 COZINHA EMOCIONAL

Roberta Sudbrack e a alta gastronomia

58 VIDA NOVA

Arquitetura de Paola Ribeiro

70 CLÁSSICO RENOVADO

Tríplex assinado pela InTown

80 SUBINDO A SERRA

O estilo inconfundível de Maurício Nóbrega

88 DUPLA PERSONALIDADE

O traço refinado da Em2 Design

98 ESPAÇO DO ARQUITETO

A modernidade de Cadas Abranches

106 SONHO REALIZADO

Ascânio MMM e sua galeria de arte

114 TEMPLO DA CULTURA

A linha neoclássica da Biblioteca Nacional 24 Conceito A N. 15 2013

122

176 COZINHA A BORDO

128 ESPECIAL COZINHA

ENTRE DOIS MUNDOS Pierre Verger, fotógrafo étnico

ACERVO Arnaldo Danemberg e as cômodas de estirpe As sugestões mais inovadoras

142

CONVERSA DE COZINHA Sergio Pagano entre cliques e panelas

148 VALE QUANTO PESA

A marca Le Creuset atravessa o tempo

152

A CONVERSA É OUTRA Pipo, o botequim chique da cidade

158 TIM-TIM!

Histórias do vinho pela ABS Rio

162 HAMBÚRGUER:

A REINVENÇÃO Novas versões do sanduíche

166 TIRAGEM LIMITADA

As tortas maravilhosas da Sept auJour

170

ARQUITETURA DA GULA Restaurantes, pratos, chefs

172

ARMAZÉM Acessórios sofisticados para cozinha

O arrojo do Iate Prestige 550

182

190 TRAÇOS MODERNISTAS

Hotel cinco estrelas em Salvador

196 EXPLORE...

A mesa pelo mundo

198

CORES SEM FRONTEIRAS O jeito de viver de Mucki Skowronski

206 VITRINES DO RIO

Junior Grego indica lojas e produtos

210 CASA DO COSTUREIRO

A elegância sutil de Andrea Marques

216

QMÁXIMO! Geração que curte estilo

218

FLORESTA ESTILIZADA Cristiano Ribeiro do Valle e o design em madeira

224 ESTÉTICA MÚLTIPLA

O ar cosmopolita de Fernanda Marques

234

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editorial editorial PUBLISHER Kathia Pompeu EDITORA-CHEFE Kathia Pompeu kathia@rioconceitoa.com.br EDITORA ASSISTENTE Elda Priami eldapriami@rioconceitoa.com.br REPORTAGEM Marina Couto reportagem2@rioconceitoa.com.br REDAÇÃO Paulo Serpa redacao@rioconceitoa.com.br FOTOGRAFIA Agência ÂNGULO foto@agenciaangulo.com.br Marco Antonio Rezende marco.rezende@agenciaangulo.com.br

Foto Marco Antonio Rezende

Design da boa mesa Poucas coisas nos dão mais prazer na vida do que compartilhar com pessoas queridas o privilégio de comer e beber bem. À mesa, celebramos momentos especiais, brindamos conquistas ou simplesmente alimentamos o corpo e a alma com receitas elaboradas para agradar ou, muitas vezes, provocar. É a mesa a grande agregadora das conversas boêmias quase sem fim, da sagrada reunião da família, das paixões apetitosas, da multiplicação do pão e do vinho. Quadrada, redonda, retangular, é o espaço dos prazeres lícitos, dos gozos palatáveis, da experimentação. Da alta gastronomia elaborada por chefs estelares, que encantam os comensais com suas técnicas e ingredientes inusitados, ao intuitivo deleite de cozinhar uma simples massa e servir aos amigos, dedicamos essa edição às tentações da gula e, com a bênção do bem viver, nos absolve-

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Ângulo Design Cristiana Ribas cristiana@rioconceitoa.com.br COLABORADORES Aristides Corrêa Dutra Arnaldo Danemberg Bruno Agostini Denilson Machado Filico Gilza Velloso Junior Grego Kity Bezerra Leonardo Costa Nathalia Pompeu Paulo Debom Rodrigo Azevedo

mos de todos os pecados.

GERÊNCIA FINANCEIRA Viviane Wyllie financeiro@rioconceitoa.com.br

Mas tudo isso é só o aperitivo da história. O prato principal desse banquete editorial é a nossa capa,

GERÊNCIA COMERCIAL Cecilia Daves cecilia@rioconceitoa.com.br

assinada por Roberta Sudbarck com a sensibilidade e a linguagem minimalista autoral que utiliza em fartas doses nas suas coleções culinárias. E ela abusou! Sua verve criativa foi buscar na simplicidade de um longilíneo vegetal e suas delicadas sementes o potencial estético que só os gênios fecundos poderiam enxergar. Das texturas e formas orgânicas do quiabo, extraiu o design exato para ilustrar a nossa capa. Nada mais original e inusitado... além

COMERCIAL Patricia Barreto patricia@rioconceitoa.com.br Ana Benchimol anabenchimol@rioconceitoa.com.br

de, cá pra nós, de uma beleza simples, franciscana, natural. Puro conceito!

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Mas jamais seria diferente. Não se convida em vão a maior chefe do país para interpretar a capa de

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uma revista de design, arte e arquitetura.

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“Os ingredientes do cotidiano brasileiro são meu espaço de pesquisa e investigação preferidos.

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Sempre me imponho esse desafio de extrair o melhor do simples, de olhar o banal por uma perspectiva capaz de inverter os papéis e propor novas possibilidades.”, conceitua Roberta Sudbrack . Depois disso, é degustar o conteúdo da revista, que está delicioso, com nomes e ideias do mais puro bom gosto. Bom apetite! Kathia Pompeu 26 Conceito A N. 15 2013

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Por elda priami

Geometria poética O racionalismo da tecnologia de ponta, aliado à sensibilidade das formas, resultou no revisteiro Pétalas, que o arquiteto Leonardo Lattavo e o designer Pedro Moog criaram para a Lattoog Design. A dupla carioca sempre surpreende com produtos funcionais, de linhas harmônicas, orgânicas e sinuo­s as. Em vidro cristal incolor, o revisteiro, que forma também uma bela escultura, é composto de três peças idênticas. Tendo como base o tetraedro, sua estrutura é resistente, além de ter um visual leve, dinâmico e sofisticado. Não está em perfeita sintonia com o minimalismo atual? www.hettygoldberg.com.br



Elegância com rigor técnico Claudia Moreira Salles entre as peças da coleção atual, Convívios, exclusiva para a Firma Casa. Abaixo, banco com vigas de peroba de demolição e elementos de concreto.

32 Conceito A N. 15 2013

O livro Claudia Moreira Salles, lançado em maio pela

na galeria Espasso, na abertura da mostra de móveis

Editora Bei, registra o processo criativo de uma das

e objetos da coleção atual. Nela, Claudia usa a madei-

mais importantes designers brasileiras. Em uma pu-

ra, aliada ao concreto, às pedras, às fibras trançadas,

blicação bilíngue (português e inglês) e graficamente

ao Corian e ao aço. Para o jornalista e arquiteto Raul

impecável, as obras são valorizadas pela diagramação

Barreneche, “os artesãos que vêm colaborando com

refinada. Um achado, o formato do texto: a designer é

ela ao longo dos anos desempenham o papel de prota-

entrevistada por Karen Stein, arquiteta formada pela

gonistas na história de seu design”. Quais os talentos

Universidade de Princeton e membro da Architectural­

necessários para um bom designer? Claudia responde:

League em Nova York. O tom é intimista e, em cada

“Curiosidade, coerência e clareza quanto às habilidades

página, há uma revelação da trajetória da artista. O li-

técnicas e limitações de fabricação”. Com 260 páginas,

vro foi lançado no mesmo mês também em Nova York,

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Olha a bolinha O fun design segue fazendo a cabeça de muitos profissionais, mundo afora e aqui. Para o designer mineiro Gustavo Pianetti, esse conceito vai ao encontro de sua maneira bem-humorada de trabalhar. A mesinha lateral Pega-Zazoo nasceu da brincadeira de jogar uma bolinha para seu cão pegar. Com base em madeira revestida de laca, tem o tampo em vidro com a bolinha em destaque. Repare nas formas arredondadas bem anos 70. www.hettygoldberg.com.br

Da moda para o design Jum Nakao é múltiplo. Depois de fazer uma coleção inteira em papel e rasgá-la no fim do desfile, na São Paulo Fashion Week, em 2004, seu nome ficou marcado pela capacidade de criar uma obra que estava muito além da moda. Em 2005, lançou o livro A costura invisível, junto com um DVD que mostra a elaboração do processo criativo. De lá pra cá, o design ganhou mais espaço em sua trajetória. A cadeira Nuvens, em madeira maciça e compensado, com acabamento em laca, ganha cores vibrantes. O assento e o encosto em forma de nuvem entram na estética fun, que continua em alta na atual temporada. www.arquivocontemporaneo.com.br

Jogo de cores O diálogo com as cores continua divertindo os designers e também os consumidores mais descolados. Tendo como ponto de partida o Tropicalismo – movimento musical que sacudiu a cultura brasileira no fim dos anos 60 –, a Fetiche Design aposta no banco e na banqueta Bar Tropicália. Em compensado multilaminado, madeira maciça e corda, as peças têm acabamento em laca e investem na irreverência. Vamos nessa? www.waydesign.com.br

34 Conceito A N. 15 2013



Classe A Ela arrasa!

Mesmo diante de tantas interpretações inusitadas do passado,

As sobreposições de curvas de vários tamanhos

alguns objetos mantêm a sua ma-

e em várias camadas fazem da luminária Boule­,

neira old fashion de ser. Por sinal,

a mais recente criação do festejado designer

um revival marcante nos dias de

Fernando Bernucci, algo precioso. Em madeira

hoje. É o caso do abajur Art Déco,

laqueada e tecido quase transparente, brinca

que revive as formas circulares

com a percepção de quem a vê e provoca a ilu-

dos anos 40. Com base dourada e

são de movimento. Gera um efeito óptico mes-

cúpula cromada, ele brilha. Anti-

mo quando está apagada. Acesa, a luminosidade

go? Não, moderno.

ganha nuances sutis e belas. www.lojateo.com.br www.artmaison.com.br

Sensações A luminária Croma tem o firme propósito de atiçar os sentidos. A partir de um ciclo contínuo de cores, com lâmpadas LED, ela cria efeitos luminosos em tons vibrantes. É uma peça pequena e instigante, em policarbonato, que provoca “viagens” visuais. Experimente. www.fom.com.br

36 Conceito A N. 15 2013



Vamos balançar Inspirada na cadeira que era uma verdadeira febre nos anos 70, a Trançarte fez uma interpretação bem moderna da peça. A chaise Bowl Scorpion tem o formato de um globo, estrutura de alumínio e pés em aço inox trançados à mão com junco sintético. O estofado e as almofadas são em tecido acrílico. Charme que une a fase flower power do passado com tecnologia atual. www.trancarte.com.br

Supercharmosa Com uma pegada aparentemente casual, a poltrona Leblon, de Leonardo Lattavo e Pedro Moog, da Lattoog Design, tem como referência principal o desenho da orla do bairro. Mas em cada detalhe há uma noção rigorosa de proporção, muito talento para jogar com assimetrias e funcionalidade. Em madeira e compensado, ela tem o assento em cinza, cor que está com muita força nesse segmento. www.waydesign.com.br

Artesanato industrial À primeira vista, parece que foi colocada uma capa sobre a cadeira, que ficou meio desajeitada. Mas é justamente nesse detalhe informal que está o charme cosmopolita da peça. A cadeira Filzka, do designer tcheco Borek Sipek, tem estrutura em aço tubular com revestimento de neoprene. Reparou na espécie de bolso ao lado? E nos pespontos aparentes? Aqui, a influência da moda é evidente e não há mais fronteira com o design. www.alotof.com.br

38 Conceito A N. 15 2013



Um luxo! Os produtos relacionados ao vinho atingem o parâmetro da excelência. Para degustá-lo com

Retrô estiloso A sobriedade do Bar Provence, à moda dos anos 50, agora ganha um artifício mágico: a cor. A fusão de formas geométricas com o humor das perninhas curtas, que têm como referência os móveis franceses Luís XV, valoriza essa peça, em que há lugar também para uma adega. Em madeira com acabamento em laca, o perfil antigo com releitura atual é um ponto forte da decoração atual festejado por designers importantes. www.udinecasa.com.br

Barzinho descolado O olhar do consagrado arquiteto e designer paulistano Isay Weinfeld está cheio de humor no Bar Totó. Em madeira freijó, ele organizou o espaço com versatilidade funcional e muito charme. O acabamento impecável, como tudo o que ele faz, é mais um motivo para o sucesso dessa peça, que tem até uma tira de couro (ou coleira?) para se deslocar pra lá e pra cá. www.etelinteriores.com.br

40 Conceito A N. 15 2013

mais prazer ainda, saiba a temperatura ideal. O termômetro de vinho da Menu é um produto criado pelos designers escandinavos Jakob Wagner & Martin Sonne, em borracha tecnológica, aço escovado e visor digital. Essa peça, que ganhou o Red Dot Design Award, com certeza fará um sucesso enorme em sua casa. www.scandinavia-designs.com



Traço ousado Com poucos elementos e técnica de marcenaria tradicional, Paulo Alves renova a ideia de banco. O Charlotte joga com o contraste claro-escuro da madeira maciça e com os pés deslocados de seu lugar convencional. O banco ficou mais leve e personalizado. Como se dizia antigamente, foi feito para durar a vida inteira. www.dpot.com.br

Tortinho Além de ser um designer de sucesso, o paulista Paulo Alves é o dono da Marcenaria São Paulo. Rodeado por variadíssimas espécies de madeira, ele cria as suas coleções. A banqueta Descartes, em multilaminado Parica, com assento aparente e acabamento em verniz acrílico, nasceu da observação de troncos descartados pela natureza. Ele deu uma interpretação refinada, com traços assimétricos. Perfeita em espaços cosmopolitas. www.estarmoveis.com.br

Grafismo O bufê Lasca, criação mais recente da designer gaúcha Rejane Carvalho Leite, surpreende pela construção geométrica aparentemente simples, mas inovadora. O nome dele é uma referência ao desenho de marcheteria do bloco central, em madeira muiracatiara e catuaba. A estrutura da peça em MDF laqueado dá a impressão de flutuar sobre a base de madeira maciça. Com 2,40 m de largura, 0,55 cm de profundidade e 0,82 de altura é um móvel moderno e cheio de bossa. www.novoambiente.com

42 Conceito A N. 15 2013


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Do lado da cama Seguindo o conceito simples-chique, a mesa de cabeceira Ville, em laca, faz de uma peça funcional algo atraente. Quem resiste à vibração do vermelho? O design simétrico segue a beleza atemporal que não abre mão da qualidade. Vamos ousar? www.quartocomposto.com.br

Artesanato fashion Enquanto a moda coloca franjas nas roupas, o design usa esse elemento em móveis. O pufe Fatboy, em náilon, supermacio, tem uma pegada pop bem ao gosto de consumidores jovens e fica um charme em um quarto moderno. É uma das peças da nova loja carioca LZ Studio. www.lzstudio.com.br

Tudo junto Reeditado pelo Salão do Móvel de Milão 2013, o Abitacolo é um projeto histórico de 1979, assinado pelo italiano Bruno Munari e agraciado com o importante prêmio Compasso d’Oro. Esse artista, que marcou sua presença em vários segmentos, criou uma cama multifuncional para atender a todas as necessidades dos jovens. A estrutura de aço é revestida com pintura epóxi e tem duas superfícies aramadas. O móvel é equipado com prateleiras, cestas e uma mesa reclinável em laminado. www.codbr.com

Colaborou Marina Couto 44 Conceito A N. 15 2013



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Cozinha emocional A ALTA GASTRONOMIA BRASILEIRA TEM EM ROBERTA SUDBRACK UMA PIONEIRA. SEU ESTILO ARTESANAL LUXUOSO GANHA O MUNDO E ELA NÃO PARA DE SURPREENDER

POR ELDA PRIAMI FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE

A chef que sabe despertar como ninguém prazeres sensoriais inesquecíveis, com sabores sutis e inusitados, entra na Livraria Argumento, no Leblon, pontual­ mente às 15h30. Mesmo às vésperas de uma viagem ao exterior para fazer pesquisa, Roberta Sudbrack está calma e sorridente. Pede água mineral e, sem qualquer artifício, revela a satisfação de ter a fruta-pão como a mais recente estrela de seu restaurante. “Ainda estamos em fase experimental: nossa devoção a ela vai durar um ano. Nesse período, esperamos desvendar seus mistérios e proporcionar a esse ingrediente a possibilidade de se expressar de maneiras diferentes”. Assim como aconteceu quando Roberta apresentou sua interpretação do maxixe e do quiabo, a fruta-pão desperta as mais diferentes reações, mas já caiu no gosto apurado de seus clientes. “Depois de experimentar, as pessoas adoram, mas antes quem não conhece quer saber o que é aquilo. Quem conhece aposta que não tem gosto de nada e pensa que serve apenas para reforçar a refeição de algumas populações de periferia, indígenas ou ribeirinhas. A experiência tem sido um mundo de novas sensações que surpreendem com sabores e texturas versáteis”. O Chocochuchu, chocolate artesanal da Ilha do Combu, Belém do Pará, com cristal de chuchu. Na página ao lado, a chef, na mesa desenhada por Chicô Gouvêa.

exercício de criatividade da chef é extrair de um produto suas possibilidades nada óbvias, sem alterar a identidade dele. “Não quero que o ingrediente seja algo que não pediu para ser. Busco novas dimensões, sim, coloco o pensamento, a técnica, a emoção nele, mas sem transformá-lo no que não é. Quero que se manifeste com dignidade”. Em relação à alta gastronomia, sua especialidade, ela se coloca do lado oposto ao conceito tecnológico. Sem papas na língua, afirma que faz uma cozinha moderna e

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emocional. “Se a gente não usar a técnica e a emoção na

O ano de 2012 foi intenso para Roberta em viagens ao ex-

mesma medida, não convence ninguém. A fase científica é

terior, eco do sucesso de seu trabalho. Nesse primeiro se-

importante, mas não é a linha de que gosto. Ninguém pode

mestre, o ritmo ficou ainda mais acelerado. Ela vive num

dizer que o Ferran Adrià não é um grande chef. Ele trouxe

vaivém constante que mudou sua rotina. “Internacional-

uma reflexão sobre os alimentos e revolucionou todo um

mente, estamos colocando a cabeça para o lado de fora.

pensamento. Algumas pessoas importaram essas máqui-

Há um especial e genuíno interesse pelo que fazemos em

nas. Não tenho os aparelhos e não quero ter. Minha cozi-

culinária e em outras áreas”. Entre os importantes even-

nha é de vanguarda, mas sempre com o pé no chão”. Para

tos de que participou, ela destaca o banquete que fez na

ela, o artesanato é muito importante e a modernidade

abertura da exposição dos Irmãos Campana e o banque-

está conectada com a tradição, com o fogão a lenha e com

te que apresentou o projeto de renovação do mítico Ho-

tudo o que faz parte de nossa cultura gastronômica. Por

tel Lutetia, ambos em Paris. Os franceses piraram com o

isso, não aceita o rótulo “nova cozinha brasileira”.

caviar de quiabo. Ela também ministrou várias aulas de gastronomia em países como Espanha, Itália, França e

Coleção de santos de várias religiões, presentes de amigos: Roberta já tem mais de cem imagens. Na página ao lado, a equipe em ação.

50 Conceito A N. 15 2013

“Sou totalmente contra esse conceito. Não podemos ser

Canadá, sempre com mais de 500 pessoas nos auditórios.

presunçosos e desprezar o passado. A gente está escre-

Sua agenda até 2014 está lotada. “Não somos mais espec-

vendo novas páginas dessa história, mas como ignorar

tadores e sim protagonistas. Quando você faz algo em que

a Ofélia, uma expressão genuína da comida doméstica?

acredita, chega o reconhecimento”, declara, feliz. Algum

Ou o José Hugo Celidônio, que foi o primeiro chef a tra-

novo projeto? A resposta está na ponta da língua: “Pre-

zer novas referências? Ser moderno é deixar sua cultu-

tendo em 2014 ter um lugar específico para SudDog e

ra conectada com o que está acontecendo no momento,

SudBurguer, que cada vez mais ganham asas próprias. Por

mas sem perder a coerência e sem pegar carona no mo-

ora, só posso revelar essa pequena parte do segredinho”.

dismo da vez”. Quando ela se refere à cozinha brasileira, inclui todas as influências, já que em cada parte do

Aos 45 anos, autodidata, Roberta Sudbrack já quebrou

Brasil a maneira de se alimentar recebe uma inspiração

muitos paradigmas e está disposta a continuar essa tra-

estrangeira. “É preciso parar com a hipocrisia que nega

jetória. Ela deu um salto na cena gastronômica interna-

o que vem de fora. A cozinha é genuinamente brasileira

cional ao fazer de legumes estrelas de seu cardápio. No

quando expõe a nossa verdade que está nessa mistura

ano passado, tornou-se a primeira chef olímpica na his-

rica de manifestações”.

tória do esporte brasileiro. Em Londres, durante as

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Conceito A N. 15 2013

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Olimpíadas, foi a responsável pelo Cristal Palace, centro desportivo de alta performance montado para os atletas brasileiros. Mas, antes, ela já havia mostrado seu talento e sua ousadia. Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, de 1995 a 2002, foi a primeira mulher a ser chef no Palácio da Alvorada, em Brasília, e até hoje seu nome está associado ao do ex-presidente. “O Palácio da Alvorada atravessou meu caminho. O plano sempre foi ter um restaurante, mas sinto orgulho daquele período. Mudamos um comportamento instalado há 40 anos. Claro que tive algum receio, mas em torno da mesa a gente pode mudar uma história. Minha vida está marcada por desafios e eles me colocam em movimento”, declara a chef, que durante esse tempo deixou com água na boca reis, rainhas, presidentes e muitas outras personalidades mundiais com o sabor incomparável de seu estilo autoral. Roberta Sudbrack abriu, em 2005, o restaurante que leva seu nome, no Jardim Botânico, e chocou muita gente. “Não dava opção de você fazer uma refeição rápida e não dou até hoje. Por que só tenho um menu por dia? Porque só sirvo o melhor!” Ela lembra que muita gente levava um susto porque não podia escolher o prato. Hoje o seu estilo está assimilado não só pelos cariocas, como também por turistas nacionais, estrangeiros e personalidades importantes. Confessa que desde pequena sonhava em ter um restaurante com o formato que criou. “Tenho 22 funcionários e atendo 40 pessoas por noite. Só. É complicado? É, mas o retorno é a satisfação do cliente ao degustar o que posso oferecer de melhor. O show está no ritual, na comida bem feita, nos ingredientes que têm de ser os melhores que puder encontrar, sem efeitos espalhafatosos”. Em junho, ela lançou mais uma coleção culinária, cujo tema é Feitos à Mão. Coleção? Sim. A inspiração vem da moda que se renova a cada seis meses, e o seu segmento é a alta-costura. “A ideia de coleção traz em si a possibilidade cumulativa de conhecimento e permite manter o ritmo das estações. Também busco uma cozinha de essência, feita à mão, em um minucioso processo artesanal que dá a devida atenção ao detalhe e lança novos olhos para ingredientes considerados banais”. 44

Peixe vermelho envolto em textura de fruta-pão e caldo de cajuína. Acima, fruta-pão caramelizada, foie gras, farinha de banana. Na página ao lado, mesa arrumada e cadeiras de Sergio Rodrigues. 52 Conceito A N. 15 2013


Conceito A N. 15 2013

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Ovo de codorna rasgado e antenas de camarão.

Essa gaúcha que foi morar em Brasília, estudou veterinária em Washington e escolheu o Rio para viver e trabalhar define-se como um cão farejador. “Quando viajo, procuro não só os restaurantes dos lugares, famosos ou não, mas os mercados locais, as feiras, os supermercados, as pessoas, os balés, as exposições de arte, a música e, acima de tudo, os livros. Essa é minha fonte de conhecimento e minha forma preferida de aprendizado”. A referência mais importante em sua vida? Diante da pergunta, ela para alguns segundos e com a voz mais baixa e emocionada diz: “Minha avó materna, que é, na verdade, minha mãe, porque foi ela que me criou. Meu avô é meu pai. Eles são mineiros, descendentes de portugueses. Talvez a minha relação tão forte com Minas Gerais venha daí, nem tinha me dado conta”. Roberta mora com a avó, Iracema, uma senhora de 91 anos, muito sensível e lúcida.

séria e comenta: “Ninguém imagina o que é enfrentar

“É uma guerreira que enfrentou todas as minhas fases.

uma cozinha todos os dias. Quando todo mundo está che-

Quando fui vender cachorro-quente, ela fazia o molho

gando em casa, você está colocando seu jalequinho para

porque eu não sabia fazer. Eu comprava duas caixas de

trabalhar”. E Roberta concorda: “Cozinha é doação, prati-

tomate, duas vezes por semana, e trabalhava até de ma-

camente um sacerdócio. Sou exageradamente emocio-

drugada. Quando acordava, o molho estava prontinho.

nal, tanto que sofro muito mais do que deveria com tudo,

Isso aconteceu quando meu avô faleceu e resolvi vender

mas também me jogo inteira dentro de um prato”, revela a

cachorro-quente para nos sustentar”.

chef, que tem em Antonin Carême seu ídolo.

Roberta comenta que agora a avó já se acostumou com a dinâmica de sua vida, mas, de vez em quando, ela fica

54 Conceito A N. 15 2013

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Roberta Sudbrack

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Foto: Mario Grisolli | Produção: Maurício Nóbrega

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A mais charmosa releitura contemporânea do estilo retrô.

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portf贸lio // paola ribeiro


Vida

nova

POR MARINA COUTO FOTOGRAFIA LEONARDO COSTA E GILZA VELLOSO

Muitos são os planos ao iniciar uma vida a dois. Um dos mais importantes é ter uma casa que traduza perfeitamente a maneira de viver dos moradores, para abrigar personalidades diferentes em um mesmo teto. É preciso bom senso e olhar apurado, qualidades que não faltaram à arquiteta Paola Ribeiro ao projetar a primeira morada de um jovem casal. Os proprietários do apartamento, localizado no Alto Leblon, estavam em busca de um lar aconchegante e convidativo, em que pudessem receber os amigos e também aproveitar os momentos a sós. Além disso, sonhavam ter um filho, desejo que logo se concretizou. De acordo com a vontade dos moradores, a arquiteta apostou então na versatilidade, sobretudo na integração dos ambientes. 44

ASSINADO POR PAOLA RIBEIRO, O PROJETO NO LEBLON REÚNE, COM BOM GOSTO E DISCRIÇÃO, OS ANSEIOS DE UM JOVEM CASAL


60 Conceito A N. 15 2013


Com as cortinas abertas, as grandes janelas da sala principal integram a paisagem externa ao design de interiores. Conceito A N. 15 2013

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Otimizar os espaços foi a premissa básica na arquitetura

emolduram a verdejante paisagem ao redor e valorizam

do projeto. As linhas retas e as texturas suaves garan-

a iluminação natural. As cortinas de cores claras foram

tiram a sensação de amplitude dos ambientes. Entre os

estrategicamente colocadas para dar um clima mais inti-

recursos, foram usadas portas de correr e venezianas, o

mista, sem prejudicar a beleza do cenário.

que viabiliza a livre circulação e ainda favorece a ventilação. O piso, assim como as paredes, seguiu uma linha

Para compor a paleta de cores do apartamento linear,

discreta, com tonalidades neutras que cobrem toda a área

Paola Ribeiro optou pela simplicidade, com requinte nos

social, com exceção do quarto do casal, que recebeu piso

detalhes. Com a predominância de materiais naturais no

de madeira, conferindo um ar mais caloroso ao espaço.

mobiliário, principalmente a madeira, os tons neutros são os protagonistas da cena. As cores fortes ficaram a

Com categoria, a arquiteta soube também tirar provei-

cargo dos elementos decorativos. O colorido das obras de

to de um dos pontos altos do apartamento: sua vista

Gonçalo Ivo e Marcelo Catalano divide espaço com as pe-

deslumbrante. Lançou mão de imponentes janelas, que

ças adquiridas no antiquário de Arnaldo Danemberg, 44

A arquiteta utilizou portas de correr para definir e conectar os ambientes. À esquerda, detalhe da sala de jantar.

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As linhas retas e a cor branca dominam a cozinha do casal. A simplicidade também é recurso investido na copa, ao fundo.

em uma mistura criativa entre o clássico e o contemporâneo. O verde da paisagem externa também foi trazido para dentro de casa, com plantas em vasos assimétricos espalhados pelos diferentes ambientes. Um charme a mais! A pedido do casal, Paola criou ambientes clean e descontraí­ dos, com ênfase na parte social. No living, uma mesa, com um conjunto de quatro cadeiras e luminária de chão, recepciona amigos e familiares, que também podem se aconchegar nos confortáveis sofás [NOVO AMBIENTE] ornados com almofadas estampadas [EMPÓRIO BERALDIN]. Ao lado, a sala de jantar exibe um tom mais formal, reforçado pelo mobiliário em cores quentes e luminária pendente de cristal [LALLA BORTOLINI]. Integrada à sala de estar, a sala de TV tem proposta multifuncional, com uma bancada que serve como ambiente de trabalho. O tapete com estampa Missoni [BY KAMY] dá o toque divertido ao ambiente e faz parceria visual com o sofá off white e a banqueta de couro marrom. 44

64 Conceito A N. 15 2013



A cozinha [FLORENSE] segue a mesma concepção, em linguagem atualizada. Toda branca, a área é pontuada por aparelhos modernos em inox e pela coleção de livros de culinária do casal. O bom gosto se estende à copa, projetada com móveis de madeira e luz direcionada. Com projeto de iluminação feito em parceria com a Prolight­, Paola Ribeiro privilegiou a luz indireta no quarto do casal, para garantir o máximo de conforto aos moradores. Para completar, um pequeno espaço com sofá, banquetas e aparador finaliza a decoração. Com design dinâmico e linhas simples, o imóvel enfatiza o bem-estar, em harmonia com a nova fase do casal.

No quarto do casal, poucos móveis garantem o conforto, com um espaço reservado para assistir TV.

PROJETO Arquiteta PAOLA RIBEIRO Mobiliário ELLE ET LUI MAISON, NOVO AMBIENTE, ARTEFACTO B&C, ARNALDO DANEMBERG, Q&E Objetos de decoração EMPÓRIO BERALDIN, STUDIO GRABOWSKY, RUG HOLD Objetos de arte GABY INDIO DA COSTA, STUDIO GRABOWSKY Projeto de iluminação PROLIGHT Luminárias INTERNI, LALLA BORTOLINI Cortinas BRASIL INTERIORES Tapetes BY KAMY, ISFAHAN Cozinha FLORENSE Climatização AIR PLANET

66 Conceito A N. 15 2013

t


é não morder Clareamento dentário, próteses, reabilitação oral, implantes Tratamento com anestesia inalatória (óxido nitroso) Atendimento para pacientes especiais em residências, hotéis, casas de repouso, clínicas e hospitais Estacionamento para clientes

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CONCEITO A

Pecado




portfólio // intown group

Clássico

renovado A VISTA IMPACTANTE PARA A PRAIA DE IPANEMA FOI O PONTO DE PARTIDA DOS ARQUITETOS ALEXANDRE GEDEON E HUGO SCHWARTZ PARA REVITALIZAR UMA COBERTURA

POR MARINA COUTO FOTOGRAFIA DENILSON MACHADO/

MCA ESTUDIO

O imóvel de 340 metros quadrados, distribuídos em três níveis, era dividido em pequenos ambientes. Com vista privilegiada para o mar de Ipanema, a missão dos arquitetos da InTown foi transformar um apartamento clássico em um espaço funcional, com pé-direito alto e de acordo com o estilo de vida do proprietário. A planta original foi totalmente repaginada para incorporar a bela paisagem à decoração. Com proposta minimalista, característica do estilo de Alexandre Gedeon e Hugo Schwartz, os ambientes ficaram arejados e integrados. O projeto rendeu à InTown o prêmio de melhor design no prestigiado International Property­Awards, no fim de 2012. 44

Com design premiado, o espaço projetado pelos arquitetos Alexandre e Hugo aproveita ao máximo a paisagem ao redor. 70 Conceito A N. 15 2013



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O primeiro andar do tríplex é destinado à área íntima. Traços retos e tonalidades neutras destacam-se nos ambientes, em que predominam o branco e o cinza, com nuances de cores fortes apenas nos objetos decorativos. Por conta da localização à beira-mar, alguns cuidados foram tomados para facilitar a manutenção dos cômodos, como o uso de madeira de lei de garapa nos pisos, aplicação de Corian® na bancada da cozinha, utilização de concreto revestido em tecnocimento na bancada do banheiro e tinta fosca nas paredes. A presença de materiais como a madeira, o aço e o concreto no mobiliário e nos revestimentos dá um toque industrial à morada e garante uma linguagem visual masculina, sem abrir mão do refinamento. 44

As poltronas Charles Eames e Donna trazem sofisticação à cena. Em linguagem atualizada, a harmonia entre as peças icônicas e o quadro grafitado. Conceito A N. 15 2013

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Já no segundo pavimento, onde ficam a sala de jantar e o home, a ousadia urbana é o destaque. Os enormes e coloridos quadros dos grafiteiros Dinho e Toz, figuras conhecidas nas ruas cariocas, juntam-se a alguns ícones de design em uma combinação provocativa e inusitada. A coleção de toy art e os inúmeros livros do morador completam a atmosfera do ambiente. Como as amplas janelas permitem grande incidência de luz natural, o projeto de iluminação, também assinado pela InTown, foi pensado para valorizar os objetos e segue o mesmo conceito usado pelas galerias de arte. 44

As cores vibrantes dos objetos de decoração, com destaque para a coleção de toy art do proprietário.

Conceito A N. 15 2013

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A escada em ferro dá acesso ao terceiro nível, dedicado ao lazer e ao convívio social. A piscina é a estrela do ambiente, com um recurso de borda infinita que permite a conexão do espaço com a natureza. O andar conta ainda com sala e banheiro, separados da área externa por grandes portas de vidro. E a vista é deslumbrante! O mar de Ipanema é integrado ao ambiente, graças ao recurso de borda infinita da piscina.

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Cada vez mais, as moradias cosmopolitas próximas à praia fazem um mix entre o sofisticado e o simples. Alexandre Gedeon e Hugo Schwartz captaram essa tendência com bom gosto e muito charme.

t



PROJETO Arquitetos ALEXANDRE GEDEON E HUGO SCHWARTZ Mobiliário interno MICASA, NOVO AMBIENTE, ATRIUM, MW MARCENARIA, WAY DESIGN Mobiliário externo MAC MÓVEIS Quadros GALERIA MOVIMENTO Climatização LIDOAR Luminárias LUMINI Cortinas EMPÓRIO BERALDIN, CONFECÇÃO SIENA Piso FOREX Cozinha KITCHENS Acessórios de banheiro FANI

O uso da madeira e do concreto nos ambientes deixou o apartamento com um visual masculino e bem sofisticado.

78 Conceito A N. 15 2013


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portfólio // maurício nóbrega

Subindo a

serra O ESTILO RÚSTICO-CONTEMPORÂNEO GANHA SOFISTICAÇÃO NO PROJETO DO CONSAGRADO ARQUITETO PARA UMA CASA EM PETRÓPOLIS

POR MARINA COUTO FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE e

RODRIGO AZEVEDO

Envolvido pelo friozinho constante em Pedro do Rio, região serrana carioca, o imóvel projetado por Maurício Nóbrega prova mais uma vez que ele domina como poucos a arte de trazer aconchego para dentro de casa. O refinamento despojado está nos três andares planejados para um casal com dois filhos adolescentes. Segundo Maurício, “o resultado é uma clássica casa de campo”. Para que a casa ganhasse essa atmosfera, ele fez uma reforma geral. As linhas retas e as formas puras, marca registrada do arquiteto, predominam em todo o espaço, com ambientes integrados e descontraídos. A área social foi ampliada, a pedido do casal, e uma casa de hóspedes foi construída, em harmonia com a principal, para dar mais privacidade aos convidados. O primeiro andar é dedicado ao lazer, com piscina, spa e sauna. No andar do meio, que dá acesso à casa, ficam a cozinha e as salas de estar e de jantar, além de dois quartos. No piso superior, está o quarto do casal. 44

Móveis e objetos de antiquário marcam presença na sala de estar, como o cavalo de madeira da grife Arnaldo Danemberg.



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O uso recorrente da madeira em quase todos os espaços foi proposital, explica o arquiteto. “Uma casa de campo que se preze pede um visual mais rústico para ficar em sintonia com o entorno, em que o verde é a moldura”. Em alguns lugares, as pérgulas foram forradas internamente com biribinha, material resistente e flexível, que permite boa ventilação e proporciona um interessante jogo de luz e sombra nos ambientes. Além da madeira, tecidos de algodão e veludo cotelê foram outros revestimentos utilizados para aquecer os ambientes. Assim, eles ficaram confortáveis sem perder a sofisticação. O design de interiores segue o mesmo estilo rústico-contemporâneo da arquitetura. Os objetos, garimpados no antiquário de Arnaldo Danemberg, refletem vivências e trazem um pouco de história aos moradores. Aliás, o toque retrô é uma característica marcante

44

A biribinha promove um bonito sombreado nos espaços, descontraídos e ao mesmo tempo elegantes.

Conceito A N. 15 2013

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84 Conceito A N. 15 2013


nos projetos de Maurício, que sempre aproveita o que os clientes têm de bom e, em linguagem atualizada, dá novo uso aos objetos e móveis. É o caso de dois medidores de árvores antigos, que o arquiteto resgatou e

Ousadia na lareira instalada no centro da sala. A madeira garante o estilo rústicocontemporâneo, com destaque para peças clássicas.

colocou na parede da sala de jantar. O mesmo acontece com a escada, usada como apoio para revistas, e com o imponente cavalo de madeira, que enfeita a sala de estar. Uma proposta diferente e inusitada. Em cada cantinho, a linguagem bucólica é apreciada, como a lareira instalada no living, ideal para bater papo e relaxar. O aspecto contemporâneo aparece na mistura do novo com o antigo. Um bom exemplo são os pôsteres vintage acima dos armários de cozinha, em harmonia com os aparelhos funcionais que facilitam a vida moderna. 44

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Na cozinha, a boa mistura entre os aparelhos modernos e tecnológicos com os pôsteres retrôs.

O projeto de iluminação também é assinado pelo escritório de Maurício Nóbrega, que acompanha todos os detalhes das obras que faz, da concepção à ambientação. Aqui,

Arquiteto MAURÍCIO NÓBREGA

a prioridade são as luzes pontuais e indiretas, que dão um

Mobiliário e objetos de decoração ANTIQUÁRIO ARNALDO DANEMBERG, INTERNI, L’OEIL, ARTEIRO, EMPÓRIO MARIA MARIA

clima mais intimista.

Objetos de arte GALERIA TEMPO

Os tons quentes do mobiliário e as diferentes texturas, conjugados ao colorido de almofadas e paredes, complementam a decoração. Com muito bom gosto e elegância, Maurício projetou no endereço serrano um recanto tranquilo e convidativo, que estimula o bem-viver.

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PROJETO

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Construtora CMN Marcenaria ANARTE MARCENARIA



designer // mariana betting ferrarezi e roberto hercowitz


Dupla personalidade UMA ELEGÂNCIA SUTIL MARCA A NOVA COLEÇÃO DA DUPLA RESPONSÁVEL PELA EM2 DESIGN, QUE MISTURA COM MUITA BOSSA O RÚSTICO E O REFINADO

POR ELDA PRIAMI FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE

Os produtos da Em2 Design, que hoje são encon-

descasaram-se e continuam em plena lua de mel profissio-

trados em lojas importantes do Rio de Janeiro e de São

nal. Talentosos e divertidos, garantem que sempre discu-

Paulo, transmitem modernidade em formas geométricas

tem a relação, desde que o design seja o ponto em comum.

e proporções inusitadas. No lançamento deste ano, o plus está na união da madeira com bronze e concreto. Aparen-

O apartamento de Mariana, em Ipanema, além de ser sua

temente simples, as peças têm uma estética funcional,

casa, é o escritório da empresa. Na mesa da sala, com bis-

sempre acompanhada de um toque de humor, que foge

coitos caseiros e chá geladinho, Roberto enfatiza: “Criamos

ao lugar comum, assim como a trajetória dos designers.

uma metodologia de trabalho. Tem gente que diz que rende menos em casa. Não é o nosso caso. Por ser um negócio

A marca criada por Mariana Betting Ferrarezi e Roberto

nosso, temos liberdade para organizar os compromissos”.

Hercowitz nasceu em Barcelona, em 2006, e encontrou no

Mariana completa: “Os clientes ficam mais à vontade aqui.

Rio o lugar ideal para se expandir. Há uma ligação anticon-

Além disso, aproveitamos melhor o tempo porque não en-

vencional que funciona muito bem entre os dois. Eles fo-

frentamos o trânsito, nem temos carro. Acordo, vou correr

ram casados, tornaram-se também parceiros de trabalho,

na praia, tomo banho e começo o dia”. 44

Mesinhas da linha Concretista em madeira, aço e concreto. Destacam-se as formas circulares.

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Morar no Rio de Janeiro foi uma opção da dupla, que, an-

na os impactos ambientais gerados pela produção de uma

tes de criar móveis, jogou a toalha para a vida burocrática.

peça”. Mariana acrescenta: “Só trabalhamos com madeira

Mariana conta: “Nos conhecemos em 1998. Como somos

certificada, pensando no lado ecológico, mas, infelizmen-

paulistas – eu de Araraquara, no interior do Estado, e ele

te, o consumidor ainda se assusta com os preços”.

paulistano –, morávamos na capital. Eu trabalhava com marketing em um banco de investimento e o Roberto, que

E como foi a experiência de viver em Barcelona? Mariana

se formou em Desenho Industrial, era responsável pelo

não se esquece do agito cultural e confessa que adorava a

design das bancas e displays em livrarias da Editora Abril”.

sensação de se perder pelas ruas, envolvida com cada cantinho que descobria. Roberto relembra a vida noturna agi-

Bufê Bicos em madeira laqueada com pernas curtas em madeira escura. Na página ao lado, cadeira Acan em forma triangular e pernas assimétricas em madeira escura.

90 Conceito A N. 15 2013

Para Mariana, o prazer pelo design começou de mansinho,

tada, o movimento das galerias de arte e a delícia que era

em 1999, quando ela observava o trabalho do marido, que

estar perto do mar. Afinal, ele foi velejador e bicampeão no

na época já era freelancer nesse segmento. “Dava alguns

esporte. Assim que eles terminaram os respectivos cur-

palpites e, ao mesmo tempo, estava desmotivada com o

sos, receberam um convite irrecusável do curador brasilei-

banco. Quando ele resolveu fazer mestrado de Ecodesign

ro Marcelo Dantas, para ambientar uma grandiosa mostra

na Escola Superior de Design e Engenharia de Barcelona,

para a Casa Real, em Madri, que celebrava os 25 anos da

em 2002, e perguntou se eu queria ir junto, eu disse sim

Constituição espanhola. Mariana relata, empolgada: “Era

na hora, sem saber o que poderia fazer”.

uma exposição que incluía mobiliário, e havia muita verba para desenvolver livremente as ideias. Nos mudamos para

A nova fase começava. Ela optou pelo curso de Design de

Madri por um período fechado de oito meses. Aí, pela pri-

Móveis e Interiores no Instituto Europeu de Design (IED)

meira vez, trabalhamos juntos e vimos que dava certo”.

e se apaixonou pelo tema de forma obsessiva, como costuma afirmar. “Por estar amadurecida, valorizava mais o

Voltaram para Barcelona com vontade de permanecer na

que aprendia”, lembra Mariana. Para Roberto, o mestrado

Espanha. Roberto fala do projeto: “A ideia era abrir um ne-

em Ecodesign desencadeou uma mudança radical na sua

gócio lá, porque naquele momento a gente não pensava

forma de pensar: “Aprendi que é um processo que relacio-

em voltar para o Brasil. Começamos a fazer alguns traba-


lhos e estruturar a Em2 Design. Desenvolvíamos pequenos objetos, como revisteiro feito com folhas de revistas, vasos, apoios para pratos quentes, coisas que podíamos produzir por conta própria. As melhores lojas de design e galerias de arte compravam nossos produtos”. Mariana não nega que era difícil conseguir fornecedores. Por isso, quando encontravam algum que tivesse metal, por exemplo, faziam uma série de peças com essa matéria-prima e bancavam a produção. Ela desabafa: “Ser estrangeiro é muito difícil, por mais que a gente seja bem aceita e se adapte à cultura do país. Há um preconceito, sobretudo em relação aos sul-americanos. Para a gente poder se manter, além de fazer design, fui garçonete durante uma época e o Roberto trabalhou como garçom”. 44

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Depois de três anos fora do Brasil, sentiram que tinham

certa e foi ao encontro do desejo de um tipo de consu-

dois caminhos: ficar lá de vez ou voltar. Resolveram vol-

midor que gosta de novidade personalizada. O protótipo

tar e, durante um ano, organizaram o retorno. Roberto

foi aprovado por uma grande fábrica e, em julho de 2006,

relata o plano: “Em São Paulo, marcamos dez encontros

os dois voltaram para São Paulo com um caminho engati-

com grandes empresas e todas se interessaram pelos

lhado, como define Roberto: “A gente estava com um bom

nossos produtos. Voltamos animados para Barcelona e

currículo, experiência, já tinha assimilado conhecimento

desenvolvemos o protótipo da chaise Hamaca – rede em

e as portas estavam abertas aqui”.

castelhano –, nossa primeira peça, que tem a estrutura Mesinhas Blocos, desmontáveis, em madeira. A parte superior pode ser também uma bandeja. Na página ao lado, poltrona Skin, com estrutura em metal pintado e revestimento em couro soft.

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de madeira e o assento é uma rede, só que feita com fios

A poltrona Hamaca foi selecionada pelo Museu da Casa

de couro. Uma das características de nosso trabalho é pe-

Brasileira, em 2006, em São Paulo, e no mesmo ano foi pu-

gar tendências de moda e trazer para o design”. Mariana

blicada na revista Wallpaper. Depois saiu nessa prestigiosa

interrompe, eufórica: “A mãe dele fez toda a pesquisa de

publicação mais três vezes e também em um guia de design

materiais e descobriu algumas fábricas no bairro do Brás,

de Milão. “Começamos com o pé direito”, festeja Mariana.

em São Paulo, que poderiam fazer os fios em couro. Imagine a loucura, nós em Barcelona e ela em São Paulo”.

E o Rio, como entrou nessa história? Os dois começam a rir e trocam um olhar de cumplicidade. Mariana é definitiva:

Na época, tanto a moda quanto o design começaram a

“Foi uma opção. Decidimos pelo Rio, que tem um jeito pa-

valorizar muito o artesanato. A Hamaca chegou na hora

recido com o de Barcelona, assim como Madri lembra 44


Conceito A N. 15 2013

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A cadeira Hamaca, de 2006, é a primeira peça da dupla. Foi exposta no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, e citada com destaque na revista Wallpaper.

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São Paulo”. Roberto admite que eles se arriscaram demais

Hoje, eles fazem o protótipo de uma peça e o apre-

porque não conheciam absolutamente ninguém no Rio. Ma-

sentam a uma fábrica. Se for aprovado, o produto é

riana relembra: “É um recomeço, dizia ao Roberto, por que

confeccionado em pequena escala num esquema de

não morar onde a gente quer?” Ela começa a rir e comenta:

royalties­. Nenhum dos dois pretende massificar o es-

“Eu saí de um banco e comecei a fazer bancos e incentivei

tilo que criaram. Desde 2009, também produzem uma

o Roberto a assumir a nova profissão. Se não der certo, a

coleção autoral voltada para um público antenado em

gente volta para São Paulo, dizia para ele”. Arrependidos?

novidades. Em 2011, outra surpresa: a poltrona Fago,

Nem pensar. Mariana dispara: “Fomos muito felizes na nos-

confeccionada com ripas de madeira e estofada com

sa opção porque a gente ama morar aqui”. Roberto se anima:

tecido estampado, ganhou o maior prêmio do setor, o IF

“Para o nosso trabalho, na produção e na criação, é muito

Product Design Award.

melhor morar no Rio. Quando estamos cansados, basta uma caminhada, um mergulho no mar e logo ficamos revigora-

Nesse momento, a dupla está empolgada com a coleção

dos”. Mariana confidencia um detalhe pessoal: “Depois de

2013, que inclui as mesinhas concretistas expostas este

um ano morando no Rio, terminamos o casamento, mas não

ano em Milão, no evento Rio+ Design. Eles encontraram o

a parceria profissional e a amizade. Sabe que a gente mora-

jeito ideal de trabalhar e de viver, com uma boa porção de

va nesse mesmo prédio? Só que em outro apartamento.”

tempero espanhol e carioca.

t



1993 Centro

2000

Barra da Tijuca


Há quase 50 anos oferecendo as melhores opções para seu projeto corporativo.

2009 Botafogo

2013 Niterói

Arquiteto, antecipe-se ao lançamento. Agende uma visita através do número 3209-0271


cadas abranches

Carisma pop

O ESTILO DESPOJADO E ELEGANTE DE CADAS ABRANCHES ESTÁ EM SEUS PROJETOS. SINÔNIMO DE MODERNIDADE, ELE FOGE DO CONVENCIONAL E AMA os ROLLING STONES

POR ELDA PRIAMI FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE

A pele dourada de sol, o cabelo despenteado que

adaptada para ter seis salas, já que nela trabalham qua-

lhe dá um charme anárquico e o jeito informal de se ves-

tro funcionários e mais uma equipe de 12 arquitetos que

tir, com um detalhe irreverente, compõem o look de Cadas

dão suporte aos 20 projetos em andamento. Na sala de

Abranches. Seus projetos têm a beleza de traços simples

Cadas, uma mesa de madeira rústica, sem nenhuma ga-

e marcantes, características de um estilo inconfundível.

veta, domina o ambiente. Ao redor dela, quatro cadeiras. Na estante, além de livros, estão alguns objetos de valor

Há mais de duas décadas, o escritório de Cadas fica no

afetivo, como carrinhos antigos, um capacete colorido,

térreo de um amplo sobrado dos anos 40, em Ipanema,

uma foto de David Bowie, algumas peças de toy art e,

com estrutura original preservada. No interior, a casa foi

em destaque, um livro dos Rolling Stones, sua paixão. 44

98 Conceito A N. 15 2013

Na sala, a mesa de madeira rústica domina o ambiente. Na página ao lado, Cadas com seu look irreverente.



Em todos os ambientes, o piso é emborrachado e as paredes são brancas, com algumas luminárias charmosas de Maneco Quinderé. Na sala de reuniões, outra mesa de madeira rústica e cadeiras Ghost, de Philippe Starck. Tudo simples e funcional. No lugar do quintal, criou-se um pátio com mesa, cadeiras, plantas e ligeiro ar zen. Perfeito para refeições rápidas e bate-papo no fim do expediente. “Às vezes, a gente faz reunião aqui, acende uma velinha e troca uma ideia”, diz, com voz pausada. Para Cadas, serve como um porto seguro esse espaço pertinho da praia, que já dividiu tempos atrás com o arquiteto Chicô Gouvêa. Mas quem disse que ele fica parado muito tempo? “Quando caminho na orla, dou um mergulho no mar, almoço sozinho em um dos tantos restaurantes da área. É o tempo em que mais trabalho. Em restaurantes aonde vou muito, até pedem para eu assinar croquis que faço na toalha da mesa”, se diverte. Viajar para o exterior é outro método de criação que não ele dispensa. “Em viagens, presto muita atenção em tudo que não tem ligação com arquitetura, mas que pode me motivar nos projetos. Gosto também de clipes musicais, com locações bacanas. Isso me inspira!” Cadas não gosta de ficar muito tempo fora do Rio. “Quando chego de viagem, a primeira coisa que faço é dar um mergulho na praia, para tirar aquela sensação do avião. Em viagens mais longas, fico com saudade do escritório e quero voltar logo para cá”. Como alguns arquitetos cariocas bem-sucedidos, ele também coordena vários projetos em São Paulo. Conta que os clientes paulistas acham graça de sua maneira descontraí­ da de se vestir e de ser. “Só não vou de bermuda naqueles prédios que tiram fotografia da gente. Não tenho escritório na cidade e não pretendo ter. Gosto de ir e voltar”. Enquanto fala, ele brinca com uma lapiseira que está ao lado da planta de um projeto. “Hoje, faço menos croquis. Antigamente, as pessoas mandavam emoldurar os meus croquis porque gostavam das perspectivas coloridas. Isso acabou, mas ainda tem cliente que pede o desenho, em vez de ver o projeto no computador”. Apesar de não ter muita intimidade com tecnologia, ela está presente em seu dia a dia. “Depois de arrematar as ideias, vou para o computador. Eu, não, mas fico

Carrinhos, toy art, capacete, canetas e croqui. Na página ao lado, sala de reuniões com cadeiras de Philippe Starck e luminárias de Maneco Quinderé.

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Traรงos marcantes no apartamento com ambientes integrados. Na pรกgina ao lado, a sala de um apartamento que se transformou em oficina de bicicleta. Luxo transgressor.

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junto da galera que é rápida e sabe lidar com os programas. Vou dando os toques e eles mexem aqui, mexem ali, até chegar aonde quero. Estou até com iPhone! Ainda não me adaptei a ele porque tinha um telefoninho daqueles que caem na água, na areia e não acontece nada. Continuo com ele só para ir à praia”, brinca, com jeito relax. Ele admite que sente saudade da época em que só fazia projetos à mão. “Gosto de desenhar com caneta pilot. Num instante, fica pronto o que imagino. É meu lado artesão.” Sua ousadia e sua liberdade manifestam-se em formas imprevistas, em projetos residenciais ou comerciais. No ano passado, por exemplo, uma casa que fez em Itaipava, região serrana do Rio, ganhou destaque no site Contemporist, um dos mais conceituados sobre arquitetura e design contemporâneos. Aparentemente simples, a construção em madeira tem enormes paredes de vidro que produzem um efeito lúdico e a integram à natureza.

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Conceito A N. 15 2013

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Quem chega ao seu escritório busca um toque irreverente. ”Não adianta alguém pedir algo convencional, porque não rola. Aí digo: ‘Olha, bicho, parte pra outra que não vai ser aqui, não’. Para administrar o que as pessoas querem, o ideal seria ter um divã na sala”, ri. Mesmo com um olhar que sempre discorda do óbvio, Cadas admite que a configuração contemporânea de um espaço não muda muito. É difícil encontrar alguém que tope o inusitado porque 90% das pessoas preferem o padrão. Mas existem exceções. Tenho um cliente que chegou à conclusão de que não precisava de sala de jantar. Gosta de comer numa mesinha. A sala de jantar virou sua oficina de bicicleta. Ele se deu o direito de escolher a forma de seu espaço. Isso é maneiro, raro”. Aos 58 anos, Cadas desfruta do prazer da profissão que desejava ter desde garoto. “Minha mãe, que perdi aos 12 anos, era completamente ligada em arte. O contato com ela foi mínimo, mas ficou essa herança. Acho uma felicidade você saber aos 17 anos o que quer de sua vida, e eu sempre quis ser arquiteto. Também veio da infância o apelido Cadas. Hoje, se me chamarem de Ricardo, nem sei quem é”, debocha. Esse arquiteto que prefere criar espaços inesperados espanta-se com a verticalização das cidades, admira as formas surreais de Zaha Hadid e Santiago Calatrava, mas suas referências mais importantes são os arquitetos japoneses Kengo Kuma e Shigeru Ban. E tudo isso ao som dos Rolling Stones!

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Rua Redentor, 23 - Térreo

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A casa de Itaipava, em madeira e vidro, foi destaque no site Contemporist, uma referência em arquitetura. Na parte externa, varanda com arrojada forma oval.

104 Conceito A N. 15 2013

| Ipanema



curadoria // ascânio mmm

Sonho realizado O NOVO ATELIÊ DO EMBLEMÁTICO ESCULTOR ASCÂNIO MMM PODERIA SER UMA MODERNÍSSIMA GALERIA DE ARTE, MAS ELE QUER O ESPAÇO SÓ PARA COLOCAR SUAS OBRAS. AFINAL, É UM PROJETO DE VIDA

POR ELDA PRIAMI FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE

O bairro é o Estácio, tradicional reduto da arquitetura carioca. Ali, restam ainda muitos casarões do começo do século passado, grande parte deles abandonada, infelizmente. Mas, diante de três sobrados que mantêm a fachada histórica lindamente restaurada, pintados da mesma cor, o motorista do táxi não se contém e comenta: “Já pensou se todos estivessem assim?” Nem é preciso dizer que ele nasceu ali e exalta a terra dos sambistas Ismael Silva, Bide e Marçal. Enquanto conto o dinheiro para pagar a corrida, ele continua: “Sem esquecer que Luiz Melodia e Gonzaguinha também nasceram aqui”. Quem abre a porta do ateliê é o próprio Ascânio, sorriso franco e jeito simples de artesão. Famoso por suas obras monumentais, sobretudo as públicas, presentes não só aqui como no exterior, ele vive uma fase única em sua vida. É emocionante ver o espaço de 1.200 metros quadrados no qual estão integradas as três construções. Digo que me sinto em uma parte do museu londrino Tate Modern. Ele não disfarça a alegria com a comparação: “Levei dois anos restaurando isso. Estou aqui desde setembro, mas ainda não consegui organizar tudo. Sempre sonhei em ter um espaço para guardar as minhas obras, que são de grandes dimensões”. Vamos até o único sobrado que permaneceu com os dois andares originais. Na parte superior, fica o escritório, no qual trabalha um funcionário 44

Escultura 2.5 (1978-1997), em madeira pintada. Na página ao lado, Ascânio com as Qualas (2008), quadrados de alumínio presos com argolas.




que digitaliza sua obra, onde não falta uma quantidade enorme de desenhos, fitas cassetes e até filmes em super-8. Ele constrói um museu com minucioso cuidado. Nos dois galpões com oito metros de pé-direito, piso de concreto, paredes brancas e portas de vidro, estão, de um lado, as grandiosas obras em madeira da fase branca, dos anos 60 e 70, que o transformaram em um dos nomes mais importantes da arte, e, de outro, as Qualas, imponentes peças feitas com quadrados de alumínio e presas com argolas. “Elas foram expostas no Museu de Arte Moderna do Rio, em 2008. Penduradas no teto e nas paredes, são verdadeiras instalações que se movimentam”, ele explica. Há ainda a fábrica, onde Ascânio e seus dois assistentes trabalham com o alumínio. Ao fundo, avista-se um lindo jardim. “Agora, sim, as peças podem ficar montadas. Antes, quando voltavam das mostras, eram colocadas em caixotes, onde permaneciam por anos, o que era a minha grande frustração. Restauro hoje uma peça em madeira, a Fitangular, de seis metros de comprimento, que também foi exposta no MAM do Rio, em 1984. Depois de 29 anos, ela respira fora da caixa”. 44

Formação 1 (1978), em madeira (coleção Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro). Na página anterior, vista do ateliê com as obras Flexos 4 (2004), penduradas. Ao fundo, a peça Piramidal (1991), em alumínio, e a Acajucatinga (1986), em madeira.

Conceito A N. 15 2013

109


110 Conceito A N. 15 2013


O investimento financeiro foi grande. Ascânio sente orgulho em afirmar que realizou o projeto com a venda do seu trabalho. “Não tive patrocínio e me sinto realizado porque é o resultado de cinco décadas de empenho, de 1964 a 2013. Ainda hoje, quando entro aqui, me emociono. Acho incrível ter esse espaço porque quem trabalha com escultura, com obras grandes, precisa sempre de lugares grandes. Não é o caso do pintor, nem do gravurista ou da turma que faz performance. De vez em quando, me dou conta do sonho realizado e ainda me surpreendo. Esse é um espaço meu, íntimo, reservado. Aqui é o meu mundo”, confessa o artista, que nasceu em Portugal, veio para o Brasil aos sete anos e não tem dúvida de que é carioca. É no ateliê que ele passa o dia, de nove da manhã às seis da tarde. Sua obra atual é feita em alumínio. “O que há de novo nos meus trabalhos, hoje, são os materiais e a minha postura em relação a eles. Antes, eu usava muito parafuso, agora uso arame de aço inoxidável e argolas. E também trabalho com a madeira em seus tons naturais”. Ascânio Maria Martins Monteiro, ou Ascânio MMM, como é conhecido, ganhou notoriedade com seu estilo geométrico. “Fiz arquitetura, e embora meu trabalho esteja muito ligado a ela, é uma arquitetura mais intelectualizada, lúdica. Se é que posso afirmar isso, meu trabalho é abstrato geométrico” (e ele mostra os movimentos das obras). 44

Oficina onde Ascânio faz os protótipos de suas obras. Conceito A N. 15 2013

111



Aos 72 anos, define o ato de criar: “Para mim, criar

Este é um ano muito especial para ele. Em março, foi lança-

é colocar em cheque meus valores e também minha

do o livro Ascânio MMM: poética da razão, amplo estudo so-

necessidade de liberdade. Meu processo de criação

bre sua obra, elaborado pelo curador e crítico de arte Paulo

está muito ligado ao fazer. As ideias partem de minha

Herkenhoff, em edição luxuosa da Bei. Já está sendo produzi-

cabeça e aí pego minhas ferramentas. Só sei pensar

da a versão em inglês. Contagiado pelo entusiasmo da nova

fazendo. A maioria dos meus trabalhos é um desdo-

fase, ele renova seu site e prepara duas obras novas. Também

bramento de outros”. Ele mostra os esboços de uma

conta que gosta de participar de feiras, como a SP-Arte, em

obra que está na Praça da Sé, em São Paulo, e de outra,

São Paulo. Recentemente, esteve na feira ArcoMadrid, na Es-

que está no Centro Empresarial Botafogo, no Rio. “Ao

panha, e na Art Basel Miami, nos Estados Unidos.

Até hoje, o artista continua a produção de suas esculturas em branco. Na página anterior, no chão, vários módulos em madeira pintada, da fase branca. Na parede, peça da série Quadrados (1968).

ver as obras nas ruas, me emociono. Vim de uma cidade pequena de Portugal diretamente para uma cidade

Quando pergunto se financeiramente se sente remune-

grande que é o Rio de Janeiro. Meu choque com a be-

rado à altura de sua arte, ele dá um sorrisinho irônico e

leza desse lugar foi imenso. Hoje, sou mais um artista

dispara: “É lógico que não sou uma Beatriz Milhazes e nem

brasileiro do que português”.

uma Adriana Varejão, mas sou, sim, bem-remunerado”.

t Conceito A N. 15 2013

113


mem贸rias do rio // biblioteca nacional

T


Templo da cult u ra cultura Templo da O BELO PRÉDIO DE ESTILO NEOCLÁSSICO DA BIBLIOTECA GUARDA UM DOS MAIS RICOS ACERVOS DO MUNDO, INCLUINDO MUITAS OBRAS RARAS

Arquitetura neoclássica da Biblioteca Nacional: abrigo e imagem institucional de nosso mais precioso acervo bibliográfico.

Texto e fotografia Aristides CORRÊA Dutra

Com a mais ampla fachada a se debruçar sobre a Ci-

ríntias em escala colossal se harmonizam com as da facha-

nelândia, no Centro do Rio, o prédio da Biblioteca Nacional é

da do Theatro Municipal. Mas aqui o resultado é mais pró-

também o mais neoclássico entre seus belos vizinhos. Sua

ximo de um templo romano, com colunas livres e frontão

marca visual é o imponente portal, no qual seis colunas co-

triangular com figuras em relevo moldadas em bronze. 44

Conceito A N. 15 2013

115


No setor de iconografia, os móveis originais resguardam os ares da época da inauguração; no saguão, o bronze enriquece com detalhes portas, balaustradas e lustres.

Há certa austeridade na imponência dessa fachada. Mas

época de sua inauguração. Com mesas de consulta em

ela se transforma em franco deslumbramento quando

madeira maciça e pesadas cadeiras de ferro, pesquisar

chegamos ao saguão do edifício. Eixo central da articula-

nessa sala é como viajar no tempo.

ção de suas três alas, cuja planta forma um T invertido, o saguão de entrada eleva-se por quatro pavimentos deco-

Um andar acima fica a sala que abriga a coleção de obras

rados com toda a elegância e o refinamento estabelecidos

raras e a presidência da biblioteca. Projetada para funcio-

pelo estilo beaux arts importado de Paris, que por aqui

nar como sala de leitura — hoje transferida para o nível

nós chamamos de eclético.

principal —, a sala é, sem dúvida, a mais bonita e ornamentada do prédio. De planta quadrada e totalmente circun-

116 Conceito A N. 15 2013

A progressão dos andares acompanha a sequência

dada por um mezanino, sua parte central tem pé-direito

dos estilos da arquitetura clássica. No andar princi-

duplo e é coroada por um vitral arqueado. Circundando

pal, as duas grandes salas de leitura têm colunas com

esse vão central, o teto sobre o mezanino é coberto por

capitéis dóricos. As colunas do segundo andar são

uma sequência de pequenas cúpulas em que arcos e vol-

jônicas e as do terceiro, coríntias. No quarto andar,

tas, ressaltados em verde e vinho sobre um fundo creme,

pilastras mais simples ladeadas por arcos conduzem

formam uma malha de linhas elegantes que combinam

a um teto fechado por uma luminosa claraboia de vi-

com a estrutura arqueada do vitral. Uma belíssima sala

tral com toques de art nouveau.

para nossa mais importante biblioteca.

De todas as salas do edifício, duas merecem especial

Nossa brasileiríssima Biblioteca Nacional, no entanto,

atenção. No andar principal, a sala do setor de icono-

nasceu portuguesa. E sua história é movimentada como

grafia é a única que ainda mantém a mobília original.

um romance de aventura. Em 1755, um terremoto seguido

É a que mais se aproxima do estado da biblioteca na

de incêndio arrasou Lisboa e destruiu sua biblioteca, 44




então chamada Real Livraria. O Palácio da Ajuda foi es-

foi novamente renomeada, tornando-se finalmente

colhido para abrigar uma nova biblioteca que, 50 anos

a Biblioteca Nacional. Em 1910, com um acervo que já

depois, já reunia 60 mil itens.

contava com 705 mil peças, a biblioteca mudou-se para seu endereço definitivo, na então novíssima Avenida

Depois que a corte portuguesa se transferiu para o Bra-

Central, atual Rio Branco.

sil, fugindo à investida do exército de Napoleão, todo o acervo da biblioteca foi trazido ao Rio em três viagens

O projeto do edifício atual é do engenheiro Francisco

de navio realizadas entre 1810 e 1811. A primeira sede

Marcelino de Sousa Aguiar, autor, entre outros, do Pa-

da biblioteca foi o Convento da Ordem Terceira do Car-

lácio Monroe — infelizmente já demolido — e do Quartel

mo, na Rua Direita, hoje Primeiro de Março. Com a inde-

Central do Corpo de Bombeiros, no Campo de Santana.

pendência do Brasil, em 1822, o acervo foi reclamado por

Entre os artistas que produziram obras para a decoração

Portugal, mas um acordo internacional estipulou uma

do edifício, estão Rodolfo Amoedo, Eliseu Visconti, os ir-

indenização de 800 contos de réis, e os livros tornaram-

mãos Rodolfo e Henrique Bernardelli e Modesto Brocos

se­ nossos em definitivo. O nome passou a ser Biblioteca

y Gómez, artista chileno radicado no Brasil. Como era de

Imperial e Pública da Corte.

praxe na construção dos grandes edifícios públicos do

Da grande sala do acervo ao gradil das escadas secundárias, é marcante a presença da arte.

período, algumas de suas partes foram encomendadas Com o contínuo crescimento do acervo, a biblioteca foi

a empresas ou artesãos europeus. Os bronzes vieram da

instalada em 1859 no prédio onde hoje funciona a Es-

Alemanha, as portas, da Inglaterra, o piso hidráulico, de

cola de Música da UFRJ, na Rua do Passeio. Em 1876,

Portugal, e os vitrais, da França. 44

Conceito A N. 15 2013

119


Mas, por mais que o prédio de uma biblioteca seja impo-

Algumas de suas obras são tão preciosas, que ficam tran-

nente, seu verdadeiro patrimônio é, certamente, o acervo.

cadas em cofres. É o caso da Bíblia de Mogúncia, impressa

E nossa Biblioteca Nacional figura entre as mais impor-

em 1462 sobre pergaminho, com letras capitulares pin-

tantes de seu gênero, listada pela Unesco como uma das

tadas à mão. Dos cerca de 60 exemplares conhecidos e

dez maiores bibliotecas nacionais do mundo. Estima-se

espalhados pelo mundo, dois estão aqui. Também temos

que o acervo reúna atualmente nove milhões de itens.

dois exemplares dos Lusíadas, de Luís de Camões, datados Foto: Marc Ferrez

de 1572, um dos quais é da primeira edição. O mais antigo manuscrito da Biblioteca Nacional é um evangeliário dos séculos XI e XII, com textos em grego sobre pergaminho. E um dos mais decorados é o belíssimo Livro de Horas, do século XV, escrito em latim com letra gótica e ricamente ilustrado à mão. Outro grande tesouro é a coleção com mais de 50 mil itens coletados pela imperatriz D. Teresa Cristina e pelo imperador D. Pedro II em suas andanças pelo mundo. As fotografias da coleção, com um forte viés geográfico e etnográfico, são uma preciosidade reconhecida internacionalmente. Em 2003, a coleção tornou-se o primeiro conjunto documental brasileiro a ser inscrito pela Unesco como Registro Internacional da Memória do Mundo. Não restam dúvidas: a Biblioteca Nacional do Brasil é o feliz casamento da cultura com a beleza.

t

Biblioteca Nacional

Reprodução

Avenida Rio Branco, 219 | Centro [21] 3095 3879

120 Conceito A N. 15 2013

Um prédio imponente para um acervo precioso: dentre os inúmeros tesouros, a Bíblia de Mogúncia e o belissimamente ilustrado Livro de Horas, ambos do século XV.



ACERVO

{

A cômoda de estrutura Império, muito elegante e sóbria, foi usada até o período Luís Felipe. Além de contar com puxadores em metal e três gavetões, é interessante a gaveta dissimulada em moldura Dulcine que ela tem em seu tampo (França, meados do século XIX).

122 Conceito A N. 15 2013

A

Arnaldo Danemberg e o antiquariato

cômoda

Como nos ensina nossa mestra Tilde Canti

Em estruturas curvilíneas ou retilíneas, dependendo do

(O móvel no Brasil, Editora Agir), a cômoda é uma evolu-

estilo, a cômoda se apresenta, quanto à sua manufatura,

ção da arca, que foi adquirindo paulatinamente gavetões

de forma erudita (palaciana ou citadina) e popular (cam-

e gavetas até abranger toda a sua caixa. Móvel de guar-

pesina). Sempre foi um móvel objeto da minha admiração,

da por excelência, a cômoda era usada originalmente em

por sua estrutura, seu porte e sua representação estilís-

quartos. Com o tempo, ganhou novos usos e passou a

tica. Uma boa cômoda sempre dá um realce, denota erudi-

compor também salas e os ambientes de visita.

ção e bom gosto. Nas salas, então, as considero especiais. Garimpei em meu acervo alguns exemplares, que comento a seguir.


São de grande aceitação os móveis de uso naval, como mesas, arcas e baús, além das cômodas. Em estrutura retilínea, cômoda inglesa em madeira clara acetinada (cedro) e metal. Tem encaixes aparentes, cantoneiras em bronze, assim como puxadores, três gavetões (sendo o último de abrir), fundo falso e pés torneados em bolachas (móvel de navio, Inglaterra, século XIX).

Em manufatura campesina, rural, a cômoda portuguesa distingue-se pela singeleza de sua forma, que denota elegância e discrição. Em madeira clara acetinada (pinho), tem estrutura retilínea, três gavetões com puxadores em metal lavrado e moldura na base (Portugal, cerca de 1900).

A cômoda Luís Felipe caracteriza bem o móvel citadino burguês de meados do século XIX. Em raiz de nogueira e tampo de mármore, com puxadores requintados, tem três gavetões e gaveta dissimulada na cimalha em moldura Dulcine (França, meados do século XIX).

Conceito A N. 15 2013

123


Em madeira clara, a cômoda inglesa da cabana, dita e conhecida como de cottage ou provincial English furniture, transmite a leveza própria das pequenas casas rurais britânicas. Em pinho, tem estrutura retilínea, com duas gavetas, três gavetões e puxadores em metal recortado (Inglaterra, século XIX).

Por fim, as cômodas em miniatura de minha coleção particular, que são minha paixão. Feitas como “prova de exame”, mostruário ou mesmo para crianças, são hoje em dia colocadas em estantes, sobre mesas e ainda sobre outras cômodas. Uma forma de ter diversas peças num só ambiente. As dessa página são todas europeias em estruturas retilíneas do século XIX, em nogueira, mogno e pinho. A miniatura resume e sua coleção agrupa uma paixão.

124 Conceito A N. 15 2013


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cozinha especial

HOJE, esse espaço É O NOVO PONTO DE ENCONTRO DAS PESSOAS, EFEITO DIRETO DA IMPORTÂNCIA QUE A GASTRONOMIA GANHOU HÁ DUAS DÉCADAS. SE ANTES ELA FICAVA ESCONDIDA, AGORA ESTÁ À VISTA DE TODOS COM VISUAIS SURPREENDENTES QUE INSTIGAM A SUA RENOVAÇÃO

POR MARINA COUTO FOTOGRAFIA DENILSON MACHADO/ MCA ESTUDIO

A Florense tem uma história inspiradora. Tudo começou em 1953 com uma tímida marcenaria, de 200 metros quadrados e piso de chão batido, na serra gaúcha. Nos anos 70, de olho nas tendências europeias que chegavam por aqui, o fundador e presidente da empresa, Lourenço Darcy Castellan, decidiu investir em design e tecnologia, firmando uma parceria com um importante consórcio italiano de fabricantes de máquinas. O investimento certeiro foi o maior empreendimento da história da Florense. De lá para cá, a aposta em design, alta tecnologia e qualificação de mão de obra têm sido os fatores decisivos para o fortalecimento da marca. Com lojas no Brasil e no exterior, a empresa se organiza para que todo o processo de desenvolvimento dos produtos seja sustentável, desde a entrada das matérias-primas até a expedição dos móveis prontos. O mesmo conceito se estende aos materiais gráficos usados na divulgação, totalmente de acordo com os princípios da sustentabilidade.

128 Conceito A N. 15 2013


Florense Avenida Ayrton Senna, 2.150

| Bloco I | Loja 202 | Barra da Tijuca [21] 3328 6006

Antenada com os principais comportamentos do mercado, a Florense percebeu a importância da cozinha gourmet e começou a desenvolver peças exclusivas para esse ambiente. Beleza e funcionalidade se aliam a um design inovador. A marca trabalha com todos os tipos de materiais e padrões de acabamento da indústria moveleira mundial, além de ser parceira dos mais renomados arquitetos brasileiros e internacionais. “A Florense é inovadora e preza a qualidade, sempre fiel na execução de seus projetos”, define a arquiteta Roseli Müller. 44

Conceito A N. 15 2013

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Em um projeto de cozinha gourmet, na Barra da Tijuca, ela optou pelos armários sob medida com portas em melamina branca e vidro. Os armários off white trazem leveza visual, proporcionando a sensação de amplitude. Com a base neutra, os toques estratégicos em azul-marinho sobressaem. Como a proprietária adora cozinhar, Roseli criou um espaço aconchegante, para que a família possa interagir durante o preparo das refeições. A cozinha ficou elegante na medida certa e dentro da linguagem contemporânea, o que é característico nos projetos da arquiteta.

130 Conceito A N. 15 2013

t


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CONCEITO A

Objetos para Decoração de Interiores


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Favo Avenida Ayrton Senna, 2.150

| Bloco E | 2o piso | Loja 104 | Barra da Tijuca [21] 3325 5554

O DNA da Favo é carioca. Foi fundada no Rio de

desse espaço gourmet, além de dar um charme todo es-

Janeiro em 1977, mas em 2006 expandiu sua marca para

pecial ao ambiente. Os projetos são personalizados para

São Paulo e, dois anos depois, chegou a Belém, marcando

atender às especificidades de cada cliente.

presença nos principais polos de decoração do Brasil. As arquitetas Claudia Pimenta e Patrícia Franco não Com soluções criativas para todos os ambientes da casa,

hesitaram em optar pelos móveis da Favo para um

ganha destaque no mercado de móveis planejados de luxo.

projeto de cozinha gourmet. Os armários escolhidos

A cada nova coleção, desenhada pelo estúdio Favo de de-

fazem parte da linha Glass, que se caracterizam pelas

sign, são criadas peças arrojadas e funcionais, que valori-

portas em vidro. A ilha no centro da cozinha acopla o

zam o espaço. Politicamente correta, a Favo só utiliza em

cooktop e a coifa com praticidade. Para complemen-

seus produtos madeiras selecionadas de reflorestamento

tar, o requinte da cor marrom faz um link perfeito com

e matérias-primas ecologicamente responsáveis.

o amadeirado do painel e da mesa e ainda destaca o amarelo vibrante das cadeiras.

A estética caminha junto com a tecnologia: as peças contam com sistemas exclusivos que facilitam a abertura

Alinhados com o décor contemporâneo, que valoriza o

de portas e gavetas. Em seu showroom, a Favo surpre-

convívio social, os projetos de cozinhas da Favo têm um

ende ao antecipar tendências do setor moveleiro. Suas

conceito dinâmico, em que o espaço deixa de ser apenas

cozinhas coloridas, em tons de azul-turquesa, vermelho

para o preparo das refeições e se transforma em um am-

e amarelo, despertam a atenção para os novos conceitos

biente de interação e bem-estar.

t

Conceito A N. 15 2013

133


Como o próprio nome em inglês já sugere, a Kitchens não deixa dúvidas quanto à sua especialidade. Combinando o forte know-how com os constantes investimentos em tecnologia, a marca facilita o dia a dia com peças personalizadas e propostas inteligentes. Há 49 anos no segmento, a empresa totaliza 19 lojas distribuídas pelo país. Como reflexo de sua expansão, passou a produzir também móveis para copas, áreas de serviço e banheiros e uma linha exclusiva de armários e acessórios para dormitórios. E não para por aí: oferece também produtos complementares que ampliam as opções de seus clientes, como eletrodomésticos, fornos elétricos, cooktops, coifas, refrigeradores e batedeiras. Em todos os projetos, são empregados o MDP e o MDF como matérias-primas, fabricados pela Duratex com modelagem exclusiva. Os materiais foram escolhidos em função da estabilidade e da resistência necessárias às diferentes estruturas dos armários e das gavetas. Para combater os micro-organismos, a Kitchens incorporou no interior dos armários de cozinha um sistema de proteção antimicrobiana, que ajuda na higienização dos móveis e garante a aparência de peças novas por mais tempo. Para cada projeto, é feito inicialmente um estudo personalizado e minucioso da área disponível. No anteprojeto, por meio de um cinema 4D, o cliente pode visualizar o que está sendo programado e definir a escolha de todos os detalhes, como revestimentos e puxadores. Só então se inicia o detalhamento da planta definitiva. A Kitchens faz um acompanhamento direto de todas as etapas do processo. Isso significa que a empresa se responsabiliza não só pela venda e pela elaboração do projeto, mas também pelo financiamento, pela produção, pela instalação e pela assistência técnica. Com um dos mais modernos parques industriais do setor moveleiro do mundo, a empresa mantém um sistema em que todas as lojas estão conectadas online com a fábrica, o que reduz o tempo de produção e entrega ao prazo recorde de 15 dias. Rapidez e inovação que impressionam.

134 Conceito A N. 15 2013

t


Kitchens Avenida Rodolfo de Amoedo, 347

| Barra da Tijuca [21] 3485 9450Â

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135


A Treselle é a mais jovem entre as empresas es-

Em seus projetos de cozinha, a empresa valoriza a cone-

pecializadas em móveis de alto padrão, mas já firmou sua

xão do espaço com os outros ambientes da casa. Uma ilha

marca no design de interiores com muita personalidade

de apoio é fundamental, tanto para envolver os convida-

e bom gosto. Há 24 anos no mercado, a empresa carioca

dos no momento de preparo das refeições quanto para

faz projetos sob medida para cozinhas, salas e quartos,

delimitar os espaços.

sempre com a preocupação de combiná-los inteiramente com o perfil de seus clientes.

Em parceria com a arquiteta Cristina Côrtes, da Arqvisual­, a Treselle projetou uma cozinha de acordo

Com frescor de sobra e liberdade de criação, a Treselle­

com esse conceito, criando um espaço conectado à parte

atua com fornecedores de ponta no setor de móveis,

social da casa. A proposta foi unir o ambiente de preparo

como a Cinex, na fabricação de vidros e alumínio, e a

ao local de refeição, seguindo as especificações de ma-

Blum, com sistemas de elevação e extensão. O resultado

teriais solicitados pela arquiteta.

é um mobiliário de alta qualidade que se adapta aos mais diversos ambientes.

Na cozinha, que faz parte da linha Techno, destaque para os vidros Cristallo Ébano, laminado branco nos

Em relação à matéria-prima, a empresa investe na estabili-

compartimentos e madeira Teca. No mobiliário, o uso do

dade do MDF e do compensado com colagem naval, materiais

laminado justifica-se pela fácil manutenção e pela sen-

resistentes que garantem a longa duração de seus produtos.

sação de amplitude visual, sem excessos. A madeira, por

Associado a isso, aposta em acabamentos variados e nas inte-

sua vez, faz um contraste harmônico com os modernos

ligentes soluções em acessórios, o que só corrobora a expertise­

equipamentos da cozinha. Um mix contemporâneo de

da marca. Conta ainda com uma equipe formada por profissio-

revestimentos e materiais, que traz em sua essência o

nais da área de arquitetura e design, além de uma equipe de

estilo único e revigorado da Treselle.

montagem própria e assistência técnica permanente.

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t


Treselle Avenida Ayrton Senna, 2.150

| Bloco D | Loja 101/102 | Barra da Tijuca [21] 2429 8269

Conceito A N. 15 2013

137


138 Conceito A N. 15 2013


Ornare Avenida Ayrton Senna, 2.150

| Bloco L | Lojas 101/106 | Barra da Tijuca [21] 2108 8064

Em 2012, a Ornare ganhou o prêmio Top Of

vem da qualidade e da alta tecnologia de seus móveis

Mind como Empresa do Ano, em uma pesquisa realiza-

feitos sob medida, que têm as mais variadas opções e

da pelo Instituto Datafolha com as grandes marcas do

soluções para toda a casa.

segmento de arquitetura, decoração e construção. No mesmo ano, venceu também na categoria Armários sob

Fundada em 1986, em São Paulo, pelos empresários Es-

Medida para Quartos, categoria que já premiou a empre-

ther e Murillo Schatan, fabricava inicialmente apenas

sa por mais de oito vezes. O merecido reconhecimento

móveis para quartos. A repercussão positiva dos consumidores na década de 1990 animou os empresários a expandir sua linha de produtos, que passou a incluir também móveis para salas, cozinhas, banheiros e escritórios. Hoje, a Ornare tem lojas por todo o Brasil e também movimenta o mercado estrangeiro com uma filial em Miami, nos Estados Unidos. A empresa não mede esforços no atendimento ao cliente e no serviço de pós-venda. Todos os vendedores das lojas, incluindo a de Miami, são arquitetos e passam por um rigoroso treinamento de três meses antes de terem contato com o público. A mesma atenção é destinada à formação dos profissionais que vão até a casa dos clientes para fazer a montagem dos móveis. Uma das primeiras a investir em design, mantém um núcleo permanente de criação, o Studio Ornare, que tem firmado parcerias com grandes nomes do design nacional. Para compor um projeto de cozinha gourmet, no Leblon, a arquiteta Fernanda Pessoa de Queiroz utilizou os móveis Ornare da linha Satyrium. Nos armários superiores, a opção foi pelo acabamento em vidro branco, enquanto nos gabinetes ela usou o laminado da mesma cor. Um dos grandes trunfos da Ornare está no acabamento, o que fica bem claro na pintura – cada peça recebe exatamente sete demãos no processo de criação. A arquiteta, adepta da fusão de estilos, misturou a modernidade dos acessórios com um toque rural, presente na estante em uma pequena horta junto com livros de receitas dos moradores. As formas limpas e retilíneas dos móveis contribuem para o sucesso dos animados encontros ao redor da mesa.

t Conceito A N. 15 2013

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Divulgação

Solidez e experiência são características marcantes da Todeschini, que contabiliza 70 anos de mercado. Com sede em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, a empresa é uma das maiores fabricantes de móveis planejados da América Latina, com mais de 260 lojas exclusivas distribuídas em todo o Brasil e no exterior. Fabrica móveis e produtos complementares para ambientes personalizados, tanto em espaços residenciais quanto em projetos corporativos e hoteleiros. A capacidade de renovação, materializada nas novidades lançadas a cada ano, é um dos trunfos da marca. A coleção mais recente, Identidade, contempla as múltiplas influências culturais do Brasil, assim como os nomes que batizam os produtos. Amazônia, Cacau, Ouro Preto e Cerrado são alguns dos vocábulos que nomeiam acabamentos e cores. O revestimento Jangada traz o frescor das praias, enquanto o acabamento Cajá aposta na cor vibrante da fruta. Se o ambiente for mais sóbrio, cai bem o tom Petróleo usado em portas e gavetas. As mesas de design vintage­, com pés de palito, foram batizadas de Maculelê. As cozinhas da nova coleção também apelam para a proposta multicultural. Na Duna, por exemplo, o tom nobre do pinhão reforça a sobriedade elegante do ambiente. Já na Mar, destaque para os madeirados suaves e de cores claras. A Verena Rajado aposta em frentes com texturas e a Maribo pega carona no design escandinavo, com forte contraste de veios em distintas tonalidades. Os lançamentos investem ainda em uma produção totalmente sustentável, revestindo o MDF com o polietileno tereftalato (PET), material conhecido por compor embalagens plásticas. Além disso, os painéis são compostos de tiras de madeira reflorestada, orientadas em camadas sobrepostas e unidas por resina. A Todeschini também aprimorou os seus processos produtivos, com atenção especial ao tratamento de resíduos antes de serem devolvidos à natureza. A coleção Identidade, além de realçar a estética, promove uma interessante revalorização do universo cultural brasileiro. As cozinhas se transformam em ambientes divertidos e originais, com referências marcantes traduzidas em formas, texturas e cores.

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t


Todeschini | Tijuca [21] 2208 0228

Divulgação

Rua Uruguai, 386

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BOM DE CLIQUES E TAMBÉM DE PANELAS, SERGIO PAGANO FOTOGRAFOU ARQUITETURA EM MILÃO E SHOWS DE ROCK PELO MUNDO, MAS NO BRASIL FICOU FAMOSO POR SUA ESTÉTICA REFINADA EM GASTRONOMIA

conversa cozinha

de

sergio pagano

Versatilidade al dente

POR ELDA PRIAMI FOTOGRAFIA SERGIO PAGANO

Há quase três décadas no Rio de Janeiro, esse

Enquanto testa a máquina fotográfica, Sergio pergun-

milanês não perdeu o sotaque e ainda faz um mash up

ta, em tom irreverente: “Você prefere que eu coloque o

charmoso dos idiomas italiano e português. Afora isso,

spaghetti na frente do meu rosto ou não?”. A dúvida é

tem um humor irônico e sofisticado que combina com seu

apenas um pretexto para analisar: “Sempre fui cômico.

visual­fashion. “Adoro moda. Além de fazer parte da estéti-

A gente não tem de se levar muito a sério. A ironia é he-

ca, é um prazer pessoal”, declara com a maior naturalidade.

rança de meu pai, um napolitano que, apesar de ter enfrentado a guerra, levava a vida na esportiva. Eu e meu

Na cozinha, enquanto prepara a luz para fazer um au-

irmão nascemos em Milão, mas cultivamos aquele modo

torretrato, comenta que não gosta de ser rotulado de

de viver típico de Nápoles, que fica entre o jeito baiano

fotógrafo de gastronomia. Mas não tem jeito: seu nome

e o carioca. A cozinha era o centro da casa. A sala só era

está associado à arte de comer bem. A plasticidade de

usada quando a família se reunia em datas convencio-

suas imagens ilustra mais de 30 livros, entre os quais

nais e nos almoços de domingo”.

alguns de renomados chefs, como Roberta Sudbrack, Claude Troisgros, Emmanuel Bassoleil e Olivier Anquier.

Como ele veio parar no Rio? Com um tom de voz mais in-

Além disso, assina as fotos de livros de restaurantes,

timista, Sergio faz outra pergunta: “Como você cai num

como Gero de São Paulo, Satyricon, Sushi Leblon e Ca-

lugar diferente do seu? Por amor ou contrato de traba-

pricciosa, e de sete volumes da coleção Aromas e Sa-

lho. Profissionalmente, estava muito bem na Europa. Vim

bores da Boa Lembrança. Em abril de 2012, em parceria

por amor”. E ele conta a história. “Comecei a achar Milão

com a jornalista Alice Granato, lançou o livro Sabor do

muito provinciana, queria conhecer o mundo. Em 1977, fiz

Brasil, que demorou dois anos para ser concluído. Edi-

uma longa viagem de navio a Cuba para fotografar um

tado pela Sextante, é uma referência fundamental das

festival de música da juventude comunista. Era corres-

comidas típicas de cada região brasileira, acompanha-

pondente de um jornal italiano. Naquela época, conheci

das de belíssimas fotos. Até o fim do ano, ele lança ou-

minha primeira mulher, que é brasileira, e resolvemos

tro livro, dessa vez sobre a gastronomia do spa Lapinha,

morar em Paris, onde ficamos mais de uma década. Es-

de Curitiba, um dos mais prestigiados.

tava com 27 anos e fomos na base da aventura.

4 4

Conceito A N. 12 2012

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O primeiro ano foi difícil, fui até fotógrafo e iluminador de uma companhia de teatro. Ah!, também trabalhei como ator. O teatro foi uma grande terapia. Deixei de ser tímido e virei um sem-vergonha”, brinca. Durante cinco anos, Sergio foi contratado por um grande empresário do show business europeu para fotografar os melhores shows de rock pelo mundo. Em 1985, fez a cobertura fotográfica do primeiro Rock in Rio para uma agência francesa. Voltou a Paris, onde convivia com muitos brasileiros exilados, entre eles Fernando Gabeira e Paulo Coelho. Em 1986, fez seu pied-à-terre aqui, onde tinha muitos contatos profissionais. Sergio logo viu suas fotos publicadas nas melhores revistas de arquitetura e decoração. Em 1988, começou a fotografar gastronomia, à força, como costuma dizer. Foi o então editor da Elle, Leonel Kaz, que o intimou a ir para a cozinha porque percebeu a sutileza de seu olhar. Sergio lembra que se espantava ao ver que as cozinhas daqui eram praticamente separadas da casa, onde as pessoas só tomavam o café da manhã. “Em fotos de decoração, as cozinhas quase nunca eram mostradas. Na Itália, mesmo quando as cozinhas não eram abertas como as atuais, a gente vivia nelas e vive até hoje. Quantas discussões e quantas gargalhadas em volta da mesa! Aqui fotografei mansões maravilhosas que tinham cozinhas sem nenhuma personalidade”. Enquanto fala, ajusta o tripé da máquina fotográfica e relembra: “Quando a gastronomia começou a ter importância, há mais de uma década, as pessoas entenderam que a cozinha não poderia ficar escondida”. Pede um minuto e vai ao banheiro molhar o cabelo. “Assim fica melhor do que despenteado?” A dúvida passa rapidamente e ele tira mais algumas fotos de si próprio. Em seguida, retoma o tema: “Hoje, a cozinha ganhou vida e virou o centro das A estética refinada está na composição do prato de doces. Na página ao lado, o camarão em outro clique inspirado.

atenções em um projeto de arquitetura, seja em versão contemporânea ou retrô. E integra as pessoas”. O fotógrafo que começou a carreira nos anos 70 trabalhando para importantes galerias de arte, assim como para as principais revistas de decoração, fica compenetrado e revela: “Fiz escola de fotografia, mas a foto conceitual treinou meu olhar, porque ela é o pensamento traduzido em imagem. Foi minha grande escola.

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4 4


Conceito A N. 12 2012

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Para mim, Oliviero Toscani sempre foi o cara mais inteligente e inovador. Muito criticado, mesmo na Itália, ele expôs um lado realista da vida em campanhas polêmicas”. Além de criar imagens que dão água na boca, Sergio tem um paladar apurado, típico de quem está acostumado a provar do bom e do melhor. Indagado se sabe cozinhar, ele reage à provocação com uma deliciosa gargalhada. “Não, compro quentinha. Claro que sei cozinhar. Aos 18 anos, fui morar sozinho e cozinhava para mim, mas não sou um mestre cuca. Os temperos são o meu ponto forte: harmonizo os produtos e faço poucas misturas. Sigo o caminho clássico da cozinha mediterrânea italiana. Posso fazer um prato brasileiro, mas com sabor da Itália. Não é só o tempero, é a mão. O importante é que a namorada não passe fome!”, ri. Ele não se aventura pela cozinha típica brasileira, mas gosta de comer a feijoada tradicional. “Aquela mistura de carne é trash e deliciosa quando bem feita. Gosto muito dos peixes do Norte. O Rolland Villard tem o menu Amazônia, que, na minha opinião, é o melhor. Os grandes chefs sabem extrair dos produtos a sua essência”. Peras flambadas ganham efeito luminoso.

RECEITA DE SERGIO PAGANO Penne al pesto (para quatro pessoas)

A água que ele colocou na panela está fervendo e o vapor vai direto em seu rosto. “É melhor apagar o fogo ou fotografamos com esse efeito de fog?”, debocha. Opta por desligar o fogão. Vaidoso assumido, verifica se a camisa, da

Ingredientes: um pacote de penne italiano de grano duro (500 g);

marca francesa Agnès B, está amassada. Depois de mais

dois maços de manjericão fresco (de preferência, comprado na feira);

alguns cliques, confidencia que tem uma condição para

oito tomates cereja; 100 g de nozes moídas; um copo de azeite de oliva

comer fora de casa: “É preciso que o lugar me surpreen­

italiano extra virgem; dois dentes de alho, sal e pimenta-do-reino a

da. Fui conhecer o Lima Resto Bar, em Botafogo, especia-

gosto; queijo parmesão a gosto.

lizado em comida peruana. Não saberia fazer em casa o ceviche com aquele tempero. Também me surpreendem

Modo de preparo: Junte os ingredientes no liquidificador, menos a

algumas cozinhas clássicas italianas, como a do Fasano. É

massa e os tomates, e bata até que a mistura fique quase cremosa.

caríssimo, mas muito bom. Para comer baratinho, não vale

Eu coloco duas colheres de café, de água quente, para diluir a textura.

a pena sair de casa, porque os alimentos não têm sabor”.

Cuidado para o molho não ficar ralo. O pesto está pronto. Quando a sessão de fotos termina, ele se senta no sofá, Cozinhe o penne até ficar al dente. Ainda quente, coloque o molho pes-

de frente para a Lagoa Rodrigo de Freitas. Fim de tarde,

to e enfeite o prato com os tomates cortados. Sirva em pratos fundos,

com direito ao pôr do sol. “Estou há tanto tempo aqui e

com as folhas de manjericão e queijo ralado. Buon appetito!

sempre me emociono com a beleza dessa cidade”, revela o fotógrafo, com o olhar tarimbado de quem se habituou a captar belas imagens com sua lente em várias partes do mundo.

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Vale quanto

A NOTORIEDADE DA MARCA FRANCESA LE CREUSET GANHA CADA VEZ MAIS ESPAÇO NAS COZINHAS GOURMANDES MUNDO AFORA E VIRA FETICHE DOS AMANTES DA CULINÁRIA REQUINTADA NO BRASIL Por ELDA PRIAMI

Panela em ferro fundido, esmaltada: modelo tradicional.

pesa

Indispensáveis para uma elite internacional

fetiche. E os comerciantes “espertos” já fizeram as versões

que só se contenta com o que há de melhor, as panelas Le

genéricas, que podem ser encontradas até em supermer-

Creuset são únicas e, por isso mesmo, têm um preço que

cados, sobretudo em tamanhos míni. Mas isso não abala a

corresponde ao seu valor. Ou seja, altíssimo. Aqui, antes

imagem criada em 1925 pelos dois industriais belgas que

do boom gastronômico, que aconteceu há mais ou menos

revolucionaram com sua invenção o prazer de comer bem.

15 anos, elas eram associadas somente aos chefs e às co-

148 Conceito A N. 15 2013

zinheiras de alto padrão. Hoje, além dos profissionais, as

O encontro entre Arnaud Desaegher, especialista em fer-

pessoas que gostam de cozinhar com equipamentos de ca-

ro fundido, e Octave Aubecq, mestre na técnica de esmal-

tegoria olham para elas como objeto de desejo. Viraram um

tar peças, foi em Fresnoy-le-Grand, cidadezinha do norte


da França onde ambos moravam. Conversa vai, conversa vem, eles tiveram a ideia de unir suas áreas de eficácia e começaram com uma pequena produção artesanal de panelas de ferro fundido esmaltadas. Ao visual colorido, acrescentam-se os benefícios provenientes desse modelo de cozimento: a excelente transmissão e a retenção de calor do ferro fundido impedem que o alimento perca seus líquidos e propriedades nutritivas, além de poten-

A dupla de criadores se animou e desenvolveu uma gama

cializar o sabor e o aroma da comida. A qualidade do pro-

variada de produtos, de travessas a utensílios de cozi-

duto conquistou de imediato o paladar refinado de gente

nha, mas ainda são as panelas, em seus vários modelos,

abonada, apesar do peso de cada peça. Também iniciou

a maior sensação da marca. A variedade de cores fortes

um novo hábito: servir a comida na própria panela. Afinal,

transformou-se em importante diferencial do produto.

ela, por si só, já é uma atração! Em 1952, começou a busca por novos mercados, sobretuEm 1930, cinco anos depois do seu lançamento, as pane-

do os Estados Unidos, que garantiam 50% da produção. O

las Le Creuset eram festejadas na França pela mídia da

processo artesanal passou a incorporar a tecnologia e, em

época – rádio e revistas – como artigo de alta qualidade.

1973, o design da linha tradicional foi alterado pelo

4 4

Bowl com forminhas e acessórios. Terrine geométrica.


traço marcante de Enzo Mari. Nesse período, o mundo reconheceu a gastronomia francesa como uma das melhores e mais sofisticadas, o que projetou ainda mais a marca Le Creuset no mercado internacional. Hoje, há uma infinidade de produtos com essa logomarca, como grelhas, frigideiras, conjuntos para fondue, molheiras, réchauds e travessas, além de espátulas, colheres e artigos têxteis para cozinha. Os materiais também se diversificaram, como a chaleira fabricada em aço esmaltado e a ampla linha de cerâmica ­s toneware. Com o crescimento do consumo no Oriente, em 1993 foi criada a primeira panela Wok. A Le Creuset está presente em 60 países e tem 14 filiais próprias, inclusive no Brasil. Para os consumidores mais tradicionais, a marca mantém suas peças intocáveis. Os novos consumidores, sempre ávidos por novidades, não podem se queixar, porque em cada temporada recebem uma nova versão de algum produto. A aposta mais recente, por exemplo, são as panelas em tom rosa da linha Antique Rose. Em 2005, a marca comemorou 80 anos com o lançamento do livro Le Creuset – Le livre de cuisine, de David Rathgeber. Até os dias atuais, algumas regiões do interior da França mantêm uma curiosa tradição: quando

Reproduções

Variedade de produtos que investem em novas formas e cores.

150 Conceito A N. 15 2013

há um casamento, a noiva recebe de presente da mãe ou da sogra uma panela Le Creuset usada. A intenção é desejar sorte no relacionamento. Se depender da panela, a união será para sempre.

t


CONCEITO A

Andrea Mayer Mini bolos

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gastronomia // pipo


A conversa é

outra

NA FUSÃO ENTRE A VANGUARDA DA CULINÁRIA BRASILEIRA E A TRADICIONAL COMIDINHA DE BOTEQUIM, FELIPE BRONZE INAUGURA MAIS UM ENDEREÇO AUTORAL EM QUE A PROPOSTA É PROVOCAR O PALADAR: É O PIPO, INSTALADO NO LEBLON, COM MESINHAS NA CALÇADA E CARDÁPIO INUSITADO

POR KATHIA POMPEU FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE E

ARISTIDES CORRÊA DUTRA

Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa...

o tal boteco tem grife e dá novos sabores ao tradicional

ostras, steak tartare e uma Röter Brauhof bem gelada. No

cardápio que encanta a boemia carioca de tantas décadas.

mais novo botequim da cidade, a conversa de Noel Rosa, cantada em verso e prosa, agora seria bem outra.

Num dos trechos mais disputados do Leblon, na Rua Dias Ferreira, é espaço que propõe descontração. Seu nome

Reduto do chef Felipe Bronze – cuja criatividade nos fei-

remete à infância do chef: Pipo, um diminutivo carinhoso

tos gastronômicos já rendeu inúmeros prêmios, um qua-

de Felipe, mas que se mostra grandioso na concepção das

dro na TV, um livro e mais uma séquito de fãs à mesa –,

receitas servidas por lá. Supimpa! 44

O novíssimo Pipo, do chef Felipe Bronze, é assinado pelo arquiteto Miguel Pinto Guimarães e conta com projeto luminotécnico do designer Maneco Quinderé.

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A experiência começa na apresentação do cardápio, descartável e impresso em papel de pão, que faz as vezes de toalhinha de mesa e já aponta para o freguês as delícias da casa. Com destaque para a dica “pratos para compartilhar ou não”, nesse rol estão listados entradinhas, petiscos, sanduíches e outras tantas especialidades de botequim, só que com a levada do dono da casa. Afinal, Felipe Bronze é autor e, até para fazer um caldinho de feijão, deixa evidente sua assinatura. No caso do pitéu agora citado, preparou um caldo tenro, bem temperado, coberto por uma atualíssima espuma de couve mineira. Servido num copo de vidro, daqueles que qualquer bar tem, é uma releitura folgazona para abrir com estilo a proposta gastronômica do lugar. E se preparem para o que vem adiante. Para quem já experimentou as criações do Oro, o restaurante estelar de Bronze, que há três anos surpreende na combinação inteligente (e deliciosa) de ingredientes e plasticidade, não fica a dúvida de que no Pipo a receita jamais seria outra. A vontade que se tem ao sentar no Pipo – definido pelo chef como um “boteco carioca com comida de vanguarda” – é de não parar de provar e se deliciar com originalíssimas criações. Lá tem a dupla de pastéis quentinhos e crocantes, que alternam o recheio de queijo Campo Redondo, o “emmental mineiro”, com alho-poró acidulado, e o de bochecha de boi desfiada, servido com pimenta biquinho. Já o camarão com catupiry, com alho-poró e tomate agridoce, é servido numa louça de cerâmica que reproduz a clássica embalagem do queijo pasteurizado. Entre os sandubinhas, o Ostrix chega à mesa com ostras empanadas fritas em meio a suaves fatias de pão de milho, maionese de ostras, limão siciliano confit e cebola roxa. O resultado no palato é uma explosão de sabores. E tem até um tributo ao Cervantes, bar-restaurante das antigas e que faz bonito até hoje, especialmente no endereço pioneiro, em Copacabana: é o Carioquices, que combina pão de leite, barriga de porco, compressa de abacaxi, maionese defumada e folhas de mostarda.

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No restaurante, a criatividade vai da cozinha à mesa, passando pela apresentação dos pratos e bebidas personalizadas.

Lá do Oro ele trouxe a sua elogiada versão carbonara, preparada com spaghettini fresco, ovo caipira, espuma de parmesão e linguiça Pavelka cortada em delicados quadradinhos. Puro esmero culinário. Como em todo botequim que se preze, não falta cerveja... das boas. Na geladeira da casa, a pedida são as de rótulo próprio, fabricadas em Barra do Piraí pela Röter Brauhof, nas versões Pipo Summer Ale, leve, frutada e refrescante, e a Pipo Pale Ale, acobreada, de corpo médio e notas de mel. As duas fazem bela presença na tulipa. No rol dos drinques, ênfase para o Jiro San, que reverencia o sushi-chef japonês, e adiciona saquê, shissô e lichia à taça. Já para a turma do vinho, a sommelière Cecilia Aldaz assina uma seleção redondinha, que prioriza a equação custo-qualidade e o equilíbrio com os pratos do lugar. Para adoçar o paladar ou, na linguagem da boemia, encerrar os trabalhos, as sobremesas comparecem com ares caseiros, mas na boca não são nadinha triviais, como arroz doce com doce de leite e coco tostado, entre outras quatro opções. 44

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Fotos: Tomas Rangel

Mas, para desfrutar dessa experiência, é bom chegar sem pressa. Além de o botequim não aceitar reservas, é possível que tenha uma pequena fila de espera. Mas vale a pena aguardar! São apenas 48 lugares num espaço bem descontraído, concepção do arquiteto Miguel Pinto Guimarães, que deu uma pitada industrial à ambientação, com estoque aparente e luminárias de aço projetadas pelo designer Maneco Quinderé. Por sinal, é a mesma dupla responsável pelo décor do Oro. Critério essencial à contemplação dos pratos, não dá pra deixar de enfatizar a escolha das louças e acessórios de mesa. No Pipo, as receitas saem da cozinha servidas em peças sob medida para a melhor apreciação, algumas delas trazidas de viagens mundo afora, outras desenvolvidas pelo designer Alexandre Fischer, da empresa Pé de Sonhos, responsável pela identidade visual das casas de Bronze. Cada uma mais interessante do que a outra. Inventividade até na hora de fechar a conta, quando a “dolorosa” (lá os preços são compatíveis com a qualidade e a elaboração dos ingredientes) é entregue dentro de uma latinha de manteiga Aviação. Simples e funcional. Só faltou ovo rosa. Bom, nas mãos do Pipo, tudo é possível, e pode até ser que o pitoresco aperitivo chegue qualquer dia desses ao balcão do bar, mas certamente em tonalidades e recipientes inimagináveis.

t

Pipo

Rua Dias Ferreira, 64 | Leblon | [21] 2239 9322 Terça a sábado, de 18h à meia-noite Domingo, de 13h às 18h

As tradicionais comidas de boteco ganham releituras inusitadas. O caldinho de feijão, por exemplo, é servido em copinho americano e finalizado com espuma de couve mineira.

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CONCEITO A

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Tim-

tim

AO COMPLETAR 30 ANOS, A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SOMMELIERS DO RIO ESTREIA nesta edição um espaço dedicado a falar dos prazeres do vinho. UM BRINDE A BACO E A SEUS SEGUIDORES!

POR RICARDO FARIAS*

Quem bebe uma taça de vinho desfruta o prazer sensorial dos aromas, sabores e tons de uma bebida que faz parte da história da boa mesa desde a antiguidade. Hoje, em pleno século XXI, Baco, deus do vinho na mitologia romana, é lembrado não só nos cult wines, cujas marcas emblemáticas provocam exclamações a cada gole, mas também pelos milhares de consumidores que o transformaram em uma indústria poderosa, atuando no mundo inteiro. Quando me perguntam qual a melhor maneira de apreciar um vinho, eu digo: aprenda mais para melhor usufruir essa fantástica bebida. É isso que a ABS do Rio vem fazendo nesses 30 anos: disseminando o conhecimento e o consumo do vinho. Durante esse tempo, colocamos no mercado cerca de 800 pessoas por ano, que passaram pelos nossos cursos básicos e aprenderam a apreciar melhor a bebida. A ABS Rio, uma entidade sem fins lucrativos, gira em torno do mundo do vinho e tem como objetivos principais sua divulgação e o treinamento de novos enófilos e sommeliers profissionais. A associação foi fundada em 1983, no Rio de Janeiro, por Danio Braga, o principal sommelier do Brasil. Em 1990, foi inaugurada uma filial da ABS em São Paulo e criada a ABS Brasil, de cunho normativo, presidida por Danio Braga. Hoje, a ABS está em vários pontos do país, como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Goiás, Minas Gerais, Bahia, Ceará, Paraíba, Santa Catarina e Paraná. 44

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Danio Braga teve um papel muito importante nesse pro-

confrarias que se formam: os encontros são na ABS Rio,

cesso. Ele trouxe o conceito de como o vinho deve ser

mas sempre alguém convida o grupo para uma degusta-

degustado e agregou uma consideração maior em rela-

ção em sua casa. Além do conhecimento do vinho, as pes-

ção aos restaurantes. O Enotria – primeiro restaurante

soas fazem amizades e brindam os encontros com vinho.

que ele abriu, no Rio, nos anos 80, em Copacabana – só

Tem coisa melhor? Temos hoje cerca de 550 associados

aceitava clientes que fizessem reservas. Ele criou novos

participando dos grupos de degustação e já imprimimos

hábitos e melhorou o nível de conhecimento do vinho as-

quase 30 mil diplomas dos cursos.

sociado à gastronomia. Quem aprendeu a apreciar o vinho vai exigir um serviço De que forma a ABS Rio participa desse processo? Mi-

de melhor qualidade em um restaurante e vai se interes-

nistrando cursos, degustações dirigidas, organizando

sar em ouvir a opinião do sommelier. E tudo isso é gerado

viagens didáticas e mais de uma centena de atividades

pelos cursos da associação. O papel da ABS é fundamen-

por ano, abertas exclusivamente aos seus associados.

tal, e não há dúvida de que influenciamos de forma positi-

A porta de entrada para o mundo do vinho é a partici-

va o mercado. Por isso, vamos celebrar os 30 anos com um

pação no que chamamos de curso básico, dirigido para

bom vinho? Os meus preferidos são os franceses. Não vou

enófilos iniciantes, com sete aulas, uma vez por sema-

indicar marcas, mas regiões. Amo os da Borgonha, de Bor-

na, com quatro turmas em dias diferentes, sendo três

deaux e de Champagne. Mas é muito bom a gente consta-

no Flamengo e uma na sede da Barra da Tijuca. Depois

tar que nossos vinhos não fazem feio, pelo contrário. Até

dessa etapa, vem o curso de degustação, com mais sete

os nossos espumantes, hoje, estão muito bem cotados, e

encontros. É o complemento natural do primeiro curso,

produzimos vinhos de ótima qualidade.

em que o aluno se aprofunda na técnica da degustação e pode apreciar o vinho com mais conhecimento. Eu diria

Um último recado: não esqueçam que o vinho congrega as

que, com os dois cursos, a formação básica está pronta.

pessoas e origina amizades – dificilmente um adepto do

A ABS Rio tem também o curso para profissionais, com

vinho abre uma garrafa sozinho. O próximo curso será em

duração de nove meses, dividido em três ciclos, com uma

outubro, e está aí a porta de entrada para o mundo do vi-

média de 25 aulas cada ciclo. Diferentemente do curso

nho. Junte-se à ABS Rio, que você não se arrependerá.

para enófilo, este inclui provas. O associado que fez o curso básico e o de degustação pode se juntar com mais oito pessoas e formar os chamados grupos de degustação, que se reúnem quinzenalmente. Nesses grupos, além do vinho de boca (sempre um espumante nacional), são degustados três vinhos. Os alunos aprimoram o que aprenderam de maneira mais prática e descontraída. O desdobramento extraordinário está nas

160 Conceito A N. 15 2013

* Ricardo Augusto B. L. de Farias é presidente da Associação Brasileira de Sommeliers – Seção Rio de Janeiro. ABS - Rio

[21] 2285 0497 | 2421 9640

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Conceito A N. 15 2013

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sirva-se // sanduíche

Hambúrguer: a reinvenção

Rio Foto

PRATO TÍPICO DAS REDES DE FAST-FOOD, O POPULAR SANDUÍCHE INSPIROU OS GRANDES CHEFS DA CIDADE, QUE O SERVEM NA FORMA TRADICIONAL OU EM VERSÕES AUTORAIS, COM INGREDIENTES DE PRIMEIRA LINHA, PÃES ARTESANAIS E CARNES ESPECIAIS

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Por Bruno Agostini

Alexander Landau

O cardápio é farto para os apreciadores do sanduíche que combina macias fatias de pão com a consistência tenra e envolvente da carne moída. Só que nesse caso o hambúrguer desponta em receitas bem mais elaboradas. Num giro pelos bons restaurantes cariocas, listamos alguns deliciosos exemplos que não abrem mão da informalidade do prato, mas que se esmeram na apresentação e na experiência palatável. Vamos a eles! Cozinheiro de mão-cheia, Claude Troisgros serve uma versão já clássica em sua CT Brasserie, com a devida inspiração francesa: o CT Burger, com filé mignon, tomate confit e cebola caramelizada no brioche. Na mesma direção, seu filho Thomas Troisgros inaugura uma casa especializada, na Galeria River, no Arpoador, que tempera de brasilidade a receita consagrada de sanduíche, usando ketchup de goiaba e picles de chuchu. É o Reserva TT Burger. Cristiana Beltrão é outra apreciadora do sanduíche, servido de acordo com a receita clássica nas três unidades do Bazzar Café. Preparado com carne de picanha, é um dos melhores da cidade entre os que seguem a linhagem mais tradicionalista. No novo Bubble Bar, na matriz da Rua Barão da Torre, em Ipanema, ela inventou, em parceria com o chef Cláudio de Freitas, um hambúrguer de wagyu, cebolas caramelizadas e alho negro. A inspiração vem de Daniel Boulud, que criou uma versão com carne de costela assada longamente e recheada com fígado gordo de pato, carro-chefe do DB Bistro Moderne, em Nova York. Também claramente inspirado no DB, Felipe Bronze prepara no Oro um dos mais aclamados hambúrgueres da cidade, de fraldinha recheada com costelinha de porco

Até a primeira-dama da gastronomia brasileira, Rober-

e foie gras, com ketchup de goiaba, molho que é criação

ta Sudbrack, tem o seu e usa wagyu para preparar o

antiga do chef. Já no Pipo, seu boteco chique recém-

SudKobe­B urguer. Suculento e na medida da satisfação, co-

inaugurado na Rua Dias Ferreira, no Leblon, ele apre-

leciona fãs ardorosos, gente que corre para lá quando o san-

senta o sanduíche em versão pequena, para ser comido

duíche é servido, anunciado nas mídias sociais pela chef.

em três ou quatro dentadas, e que chega à mesa em dupla, próprio para ser “compartilhado”, segundo a filoso-

Pedro de Artagão, do Irajá, é um dos chefs jovens que

fia da casa. Servido no pão de milho, feito especialmen-

gostam de criar versões de receitas clássicas. Não poderia

te para o chef pela Escola do Pão, tem carne de wagyu,

faltar uma leitura autoral do sanduíche. No seu restau-

queijo canastra, picles de maxixe e cebola, mostarda e o

rante, em Botafogo, prepara a sua interpretação com car-

ketchup de goiaba. Vale repetir!

ne moída na casa (uma capa de entrecôte black angus),44

No Q, hambúrger em versão reduzida com creme de cogumelos trufado. Na página anterior, o sanduíche servido no Meza Bar, com folhas de rúcula, lascas de parmesão e azeite de trufas.

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163


Chefs celebrados, como Felipe Bronze e Roberta Sudbrack, também oferecem versões personalizadas e saborosas para o clássico sanduíche.

queijo minas padrão (que derrete melhor), compota de

com queijo cheddar, alface, tomate, cebola e bacon, e outra

bacon artesanal, cebola confit e pão caseiro, servido com

mais autoral, de inspiração italiana, ao molho de funghi­

aquelas batatas fritas caseiras e maionese de manteiga

com rúcula, lascas de parmesão e azeite de trufas.

dourada. “Um dia, eu abro uma burger shop que nem o Thomas Troisgros”, diz o chef, que adora esse clássico.

No Astor, em Ipanema, há duas versões: o Vesper Burguer, feito com contrafilé, bacon e queijo, acompanhado

Nas andanças pelos bares e restaurantes dos mais di-

de batata frita, e o Petit Burguer, em tamanho menor,

versos estilos e procedências na cidade, encontro cada

como o nome indica, servido em trio – um com gorgonzo-

vez mais deliciosas versões do hambúrguer. Entre eles,

la, outro com emmental e mais um com bacon. Na medida

no Meza Bar, endereço jovial de menu caprichado, existe

da fome. Já no Brigitte’s, no Leblon, a carne é de picanha,

uma versão tradicionalista, o Classic American Burger,

e o sanduíche tem emmental, vinagrete de mostarda de

Tomas Rangel

Dijon e cebolas roxas crocantes. Espécie de gastropub carioca, o Q serve o hambúrguer em formato menor, tipo petisco, com creme trufado de cogumelos (criação do chef Ronaldo Canha), e tem ainda o hambúrguer Q, no tamanho mais convencional, que vale por uma refeição, feito com filé, picanha e pancetta, queijo emmental, tomate e alface, acompanhado com molhos de mostarda forte e chantilly trufado. Numa seleção de endereços de diferentes nacionalidades que servem bons sanduíches, entra ainda o italianíssimo Coccinelle Bistrô, no Centro, dedicado aos ingredientes e aos vinhos orgânicos. O hambúrguer da chef Maya vem se convertendo em uma das melhores pedidas, em suas diferentes versões, já que o menu varia sempre, ao sabor dos ingredientes encontrados. Um dia pode ser feito com pão caseiro, barriga de porco assada a fogo baixo, tomate confit, cebola caramelizada, ovo frito, molho de tomate caseiro com ervas e mostarda de Dijon. Em outra ocasião, podemos encontrar na lousa o anúncio do hambúrguer de alcatra, com tomate confit, alface, cebola caramelizada, queijo gruyère derretido, ovo frito, bacon, molho de tomate caseiro com ervas e mostarda de Dijon. Delícia. Com tempero europeizado, no Chez L’A mi Martin, casa francesa do chef Pascal Jolly no Leblon, o hambúrguer novamente recebe tratamento gaulês: a carne é a fraldinha, coberta com queijos brie e gruyère, tomate-cereja e alface, acompanhado de mostarda, ketchup, cebola empanada e batatas fritas. No bar de tapas ipanemense Venga, por sua vez, a receita do hambúrguer, claro, tem sabor espanhol: ele é feito com pescado, em versão reduzida, servido em dupla, para ser dividido. O pequeno hambúrguer de atum com maionese de pimenta de piquillo é uma das melhores pedidas do menu do bar. Enfim, um cardápio cheio para apreciar o mais consumido e conhecido sanduíche do mundo, em imperdíveis combinações.

164 Conceito A N. 15 2013

t


Reaviva nossas alegrias e é o óleo para a chama da vida... Se você bebe moderadamente, o vinhos gotejará em seus pulmões como o mais doce orvalho da manhã...” (Sócrates)

Aprenda a identificar um bom vinho sob seus aspectos aromáticos e gustativos. Faça nossos Cursos Iniciais e ingresse em nossa reconhecida e respeitada instituição do vinho. Um ótimo ambiente para fazer amigos, trocar informações e passar horas agradáveis. Associe-se à ABS-RIO!* *Membro da Association de la Sommellerie Internationale (ASI).

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CONCEITO A

“O Vinho molha e tempera os espíritos e acalma as preocupações da mente...


gastronomia // sept aujour

Tiragem

limitada

SEM EXAGERO, E COM LICENÇA DA GULA, A COLEÇÃO SEPT AUJOUR INCLUI ALGUMAS DAS MELHORES TORTAS DE CHOCOLATE DA CONFEITARIA DE AUTOR. CONFECCIONADAS EM RECEITAS EXCLUSIVAS DO PÂTISSIER MARCO MUSSI, A CADA COLHERADA... UMA EPIFANIA

POR KATHIA POMPEU FOTOS filico

O sobrenome faz lembrar um doce paladar. Mussi nos remete a mousse, o que já denota, quem sabe, uma predestinação. Aliás, espiritualidade é um tema delineador na vida profissional do empresário e pâtissier carioca Marco Mussi: seu trabalho é sensitivo, quase místico. Ele afirma que tem como principal ingrediente a energia dos produtos que manipula e das pessoas que usufruem de sua alquimia à base de chocolate e açúcar. Trabalha pelo prazer de provocar prazer ao palato. Bom carma! Para reforçar a magia, o cabalístico número 7 exerce influência em toda a sua produção. A começar pela tiragem limitada em sete tortas diárias, confeccionadas fresquíssimas, nos sete dias da semana. Vem daí o nome Sept auJour, que numa tradução literal fica “sete por dia”. Tá explicado. Produção minuciosa, de acabamento artesanal, requer apuro na elaboração, pois o ponto perfeito da massa depende essencialmente da combinação dos ingredientes e do tempo de maturação. “Na pâtisserie, as técnicas culinárias se mostram precisas: qualquer segundo, grama ou grau a mais ou a menos podem alterar profundamente o resultado do produto”, diz Marco. Quanto às receitas, com perdão do trocadilho, são trancadas a sete chaves por seu criador, que só deixa revelar o aroma e o paladar de suas criações. Na coleção requintada que evidencia a presença do cacau, uma das criações mais requisitadas é a Mussi, a torta-conceito da Sept auJour. Aliando técnicas consagradas da pâtisserie, como a mousse tradicional francesa, o gaO empresário e pâtissier Marco Mussi entre suas criações. Para a confecção das sete tortas diárias, ele utiliza técnicas precisas de culinária.

166 Conceito A N. 15 2013

nache e o cozimento ao forno, sua massa leva um blend de chocolates nacionais e importados que provoca diferentes sensações à boca. 44



168 Conceito A N. 15 2013


Outra doce tentação é a Unique, com lascas fartas de chocolate, para ser degustada fria e acompanhada de generosas porções de soft frosting, um creme de consistência suave, da família do chantilly, criação exclusiva da marca. Já a Noir tem a textura e a harmonia dos chocolates semelhantes ao da original Mussi, só que com uma provocante nota de amargo. Essa torta permite ainda a camuflagem comestível batizada pela marca de Celebration, uma cobertura em pó de ouro e prata que causa um efeito festivo. Além de ficar linda. A seleta produção abre espaço ainda para tortas clássicas, como a cheesecake, com chocolate branco e morangos frescos, ou a key lime pie, tradicional do sul da Flórida. Traços próprios de toda a coleção, sobressaem o sabor intenso e a textura ao mesmo tempo densa e cremosa, com marca autoral na qual predomina a assinatura criativa de Marco Mussi em todas as etapas da fabricação. uma minitoalha de cetim em cores específicas para cada No currículo, de mais de 30 anos de atividades, carrega

produto. Na Unique, por exemplo, o rosa forte forma belo

os estudos em hotelaria na Suíça, a expertise em desen-

contraste com o marrom forte da torta de chocolate.

volvimento de negócios e estratégias e ainda a administração de uma fábrica de doces em sistema terceirizado

Para a nova temporada, vai iniciar uma linha exclusiva de

para outras marcas. Essa trajetória lhe permitiu obser-

caixas customizadas em parceria com artistas plásticos e

var e absorver diferentes conhecimentos na área de

designers, que além de servirem para transportar as tor-

gastronomia, que, ao longo dos anos, transformou em

tas ainda poderão se reutilizadas pelo cliente com outras

habilidade culinária.

funcionalidades. A primeira da série leva a assinatura do

O toque de amargo é o saboroso diferencial da torta Noir. Na página anterior, o minucioso cuidado no preparo das tortas.

grafiteiro Andrea Brandani. É ele quem comanda o forno e o fogão na confecção das tortas, reinando absoluto na cozinha da sua factory, na Barra.

Mas as novidades não param por aí. Para comemorar o ani-

Sem qualquer ajudante, Marco seleciona os fornecedores,

versário de dois anos da marca, registrado em novembro,

compra ingredientes e põe a mão na massa. Até a limpeza

Marco Mussi desenvolveu uma linha de bolos com a mesma

dos utensílios e acessórios de cozinha corre por sua conta.

elegância característica da marca. É a coleção Sept auJour Gateau, que não leva farinha de trigo e só contém ingre-

Os únicos processos em que conta com apoio são o aten-

dientes orgânicos. E, claro, em sete excepcionais versões

dimento ao cliente e a entrega dos produtos, funções a

acompanhadas de sete diferentes caldas. Entre as inusita-

cargo da mulher (e também sócia na empresa), Luciana

das combinações, promete arrebatar os comensais o bolo

Bergallo. Com experiência administrativa no mercado

de tomate com calda de pesto doce. Só provando! Tem tam-

gastronômico, ela organiza a agenda da semana e apre-

bém o bolo de coco com calda de abacaxi, o bolo de cacau

senta os produtos aos novos clientes. Seu envolvimento

com calda de chocolate e wasabe ou ainda, para agradar

salta aos olhos até nas joias que usa, como o pingente de

aos paladares mais tradicionais, o bolo Orange, com calda

colar com a logomarca da empresa: um sete estilizado em

concentrada com tangerina e laranja.

ouro criado pela grife Sara, utilizando como matéria-prima as alianças do casal. Um significativo amuleto.

E tem mais: para a degustação ficar ainda mais saborosa, Marco promete em breve promover sessões dirigidas de har-

Por conta de tantos detalhes, e no intuito de aperfeiçoar

monização entre tortas, bolos e vinhos de excelência, com a

cada vez mais o tipo de serviço que oferece, a Sept ­auJour

condução de sommeliers e enófilos convidados, para peque-

mantém a edição limitada em sete fornadas por dia – bus-

nos grupos de clientes. Um privilégio com hora marcada e va-

ca da excelência que também é identificada na apresen-

lores compatíveis com o alto nível da proposta. Voilà!

tação das embalagens, em geral entregues ao cliente em uma pasta-ofício noir, sob azulejaria com papel seda e

t

Sept auJour

[21] 9510 3511 | 7286 5525

Conceito A N. 15 2013

169


da gula Por Kathia pompeu

Geladíssimo!

Foto: Selmy Yassuda

A R Q UI T E T UR A

O sorvete italiano, famoso pela consistência, textura e sabor, ganha de mansinho espaço nobre no Rio. A tradicional marca gourmet Venchi, referência para quem ama um autêntico gelato, se instalou no Leblon. Um privilégio dos cariocas, já que é a primeira loja na América do Sul. Os sabores nos transportam imediatamente para a Itália, com ingredientes como as avelãs do Piemonte e o pistache da Sicília. Entre os 20 sabores, estão hits como o Gianduia, clássica mistura de chocolate e avelãs, e o Cuor di Cacao, feito com 75% de chocolate escuro. A novidade é o gelato Açaí, desenvolvido especialmente para a loja carioca. Já a linha dos chocolates inclui delícias em forma de barras, bombons e balas, além das versões em pó, creme e granulado. Experimente o Chococaviar, perfeito para polvilhar em sobremesas e gelatos. Venchi

Rua Dias Ferreira, 217 | loja A | Leblon | [21] 3596 5170

Atmosfera francesa

A ideia não poderia ser mais interessante: revalorizar a comida caseira, aque-

O nome do restaurante homenageia o bairro boêmio pari-

la que traz lembranças deliciosas da infância. Para reforçar ainda mais esse

siense de Saint-Germain-des-Prés, no 6o arrondissement.

conceito, o novo restaurante Volta – do mesmo grupo do Venga – encontrou

É o Paris 6, do restaurateur Isaac Azar, que chega ao Rio

o espaço ideal em um sobrado dos anos 40, no Jardim Botânico. O arquiteto

com as mesmas características da matriz paulista, num

Chicô Gouvêa, que assina o projeto, chamou Maneco Quinderé para fazer as

espaço de 200 lugares. O décor segue a estética de bistrô

luminárias, e o espaço se transformou numa bem-humorada volta ao passado.

francês dos anos 20, de forma cenográfica com detalhes

Repare nos bules que viraram pendentes. A estrutura da casa foi mantida e

em rococó, dourados, sofás estofados em capitonné, só

nela estão mesas e cadeiras dos anos 50, descombinadas de propósito, com as

que com algumas pitadas de despojamento que combi-

cores da época. Na cozinha, o chef

nam mais com o jeito carioca. O cardápio, inspirado no

Fernando Pavan, que trabalhou

clássico francês, oferece mais de 190 sugestões.

Foto: Alexander Landau

Memória afetiva

no premiado restaurante Brasil a Gosto, em São Paulo, instiga o paladar com canja de galinha, salpicão, carne assada, camarão com chuchu, arroz de forno, galinha com quiabo e coquetel de camarão. Tem até uma vendinha com produtos na linha feito em casa. A descontração contemporânea está não só no décor vintage como também na apresentação e na releitura de cada prato. Reserve um espaço para as sobremesas criadas pelo chef Frédéric de Maeyer e relembre gostosuras, como a banana split.

170 Conceito A N. 15 2013

Volta Rua Visconde de Carandaí, 5 Jardim Botânico | [21] 3204 5406 www.restaurantevolta.com.br

Paris 6

Avenida Érico Veríssimo, 725 | Jardim Oceânico [21] 2494 7329 | www.paris6.com.br


CONCEITO A

Produção própria de pães, terrines, quiches, bolos, tortas e sobremesas. Aberto para café da manhã, almoço e lanche da tarde.

Rua Capitão Salomão, 14-B

Humaitá

{21} 2535 2465


1

2

1. O personagem arrumadinho que dá vida ao saca-rolhas nada mais é do que um autorretrato do seu criador, o designer italiano Alessandro Mendini. LZ Studio

[21] 3507 7554

2. Cronometrar o tempo de preparo das refeições é mais divertido com o timer cheio de personalidade da marca italiana Alessi. Repare como as cores e as brincadeiras estão up to date.

Armazém

LZ Studio

[21] 3507 7554

POR MARINA COUTO

PERFEITOS PARA OS DESCOLADOS, PRODUTOS DIVERTIDOS RENOVAM O DIA A DIA NA COZINHA, enquanto OBJETOS INDISPENSÁVEIS GANHAm VISUAl incomum. E NÃO RESISTA ÀS TENTAÇÕES PARA MOMENTOS ETÍLICOS!

4

3

3. Desenhado pelo arquiteto e

designer­norte-americano Michael Graves, o passarinho no bico da chaleira avisa quando o chá está no ponto. É apenas um detalhe, mas como tem charme!

LZ Studio

[21] 3507 7554

4. O descascador de legumes Gym tem formato lúdico, que faz referência ao mundo fitness. Sua afiada lâmina facilita o manuseio. Cecilia Dale

[11] 3064 2644

172 Conceito A N. 12 2012


1

1. O azul dá o tom para a caçarola La Cocotte

em ferro, um utensílio multifuncional. O ferro tem poderes quase mágicos para manter os ingredientes com seus valores nutricionais.

Escola do Pão

[21] 2294 0027

2. As facas são ferramentas essenciais

na cozinha. Esse conjunto, com seis, em cerâmica, destaca-se pelo design moderno e pelos pontos de cores fortes. Não há chef consagrado que não tenha as suas facas de estimação.

Elle et Lui Home

[21] 2259 5045

3

3. Fabricada pela australiana Maxwell & Williams, a exótica panela de cerâmica é ideal para cozimentos mais lentos, em baixas temperaturas. Produtos como esse fazem toda a diferença para elaborar receitas menos triviais.

Spicy

[21] 3325 5058

4. Os condimentos orientais provocam o paladar com sabores surpreendentes. Para quem quiser se aventurar nessa experiência, o kit de temperos da Cosa Nostra Deli, simpática e tradicional loja de produtos de Ipanema, vem com seis pimentas do Oriente, seis variedades de sais, 12 especiarias e um pacote de flor de sal. Cosa Nostra Deli

[21] 2523 2745

4

2


2 1

3

3. O jogo Feellings Rona é composto de decanter e duas taças de vinho de vidro transparente, para um brinde a dois. Para completar o clima romântico, notas de jazz ao fundo e luz de velas são componentes infalíveis!

4

Domi

[31] 3227 2068

1. Última palavra em tecnologia, a adega

com iluminação suave, de aço inox, conta com um exclusivo sistema termoelétrico que resfria a bebida rapidamente, sem ruídos e vibrações.

Spicy

[21] 3325 5058

2. Estilo é o que não falta na

champanheira Kenya: tom vibrante e linhas curvas. Em acrílico, faz uma releitura dos anos 70.

Cavist

[21] 3252 2747

5

4. Nada melhor do que ter ao lado de uma taça de vinho um pratinho para colocar queijos e outros aperitivos. Nesse tempo de revival, o desenho típico dos franceses está com tudo. A Cerâmica Luiz Salvador tem uma série que põe em evidência uma tendência que atravessa o tempo. Cerâmica Luiz Salvador

[24] 2222 2712

5. Clássica, a jarra em cristal da grife francesa Christofle tem formas simples e guarda a bebida com requinte. Mesmo a água, quando servida em um produto luxuoso, fica mais atraente. Elle et Lui Home

[21] 2259 5045

174 Conceito A N. 12 2012



náutica // prestige

Cozinha

a bordo

PRIVILÉGIO DE DAR ÁGUA NA BOCA, UMA DAS MAIORES ATRAÇÕES DA PRESTIGE 550 É A COZINHA VOLTADA PARA A POPA, QUE CONCILIA O PRAZER DA BOA MESA COM A DELÍCIA DE NAVEGAR ENVOLVIDO POR BELAS PAISAGENS. UM ESTÍMULO AO APETITE!

176 Conceito A N. 15 2013


Por KITY BEZERRA Fotografia ARQUIVO PRESTIGE COLABORAÇÃO RODRIGO SOARES

Harmonia no design e garantia de potência e segurança, o sucesso da marca baseia-se em alguns conceitos simples: todos os espaços de convívio em um mesmo nível, vistas panorâmicas de 360 graus, uma suí­te independente para o proprietário. Mas é a cozinha na parte de trás da embarcação, para facilitar o acesso de quem está no exterior do barco, que faz desse modelo (o mais premiado da marca) o objeto de desejo dos gourmands­ amantes da navegação. Criada há mais de 20 anos pelo estaleiro Jeanneau, em Les Herbiers, na França, a Prestige foi apresentada pela primeira vez em 2011, em Düsseldorf, na Alemanha, e a partir de então ganhou cobiçados prêmios do segmento náutico pelo mundo afora. Levou, por exemplo, as láureas­ de Melhor Design Interior, no World Yachts Trophies

4 4

Conceito A N. 15 2013

177


Awards, em Cannes, e Melhor Motor de Yacht, no Nautical

O design característico e elegante do flybridge, que

Design Awards, em Milão. Hoje, é a série top do fabrican-

tem perfil ainda mais alongado e personalidade for-

te e, reconhecida internacionalmente, está presente nos

te, reitera o conceito atual da marca e ainda oferece

quatro continentes por meio de uma rede especializada

espaços atraentes para prazerosos get together en-

de revendedores treinados pelo próprio estaleiro.

tre amigos, drinques no final da tarde, piqueniques em alto-mar...

Sucesso também por esses mares, em apenas três anos a marca se posicionou entre as principais do mercado

Na hora do descanso, a Prestige comporta uma ampla

altamente competitivo de iates a motor de luxo no Bra-

suíte privativa para os proprietários, a meia-nau, com

sil. Revendedora oficial dos iates Prestige no Brasil, o

entrada totalmente reservada das outras cabines.

Yacht Center Group comemora a venda de mais 25 em-

Um requinte!

barcações da marca para clientes diretos e em grandes eventos, como o Rio Boat Show. Não à toa, foi eleita em

Composta de 13 modelos excepcionais, a gama de pro-

2012 a maior revenda do ano na América do Sul.

dutos da Prestige se beneficia por dedicar o máximo de atenção aos detalhes das linhas de produção do

Não é para menos. Seu design interno contemporâneo

estaleiro. Uma série que permite escolher a potência

apresenta inovações no conceito e no layout dos espaços

do motor, as dimensões, o layout e a distribuição dos

de convívio social e privativo, que incorporam detalhes

espaços habitáveis a bordo, além de todo o design dos

inteligentes para maior conforto e beleza. É o caso da co-

interiores, como a seleção de tecidos, marcenaria e

zinha, já citada, que permite a instalação de equipamen-

acessórios de composição cênica. Um banquete para

tos modernos e funcionais, como cooktop, adega, freezer

o bom gosto.

e micro-ondas, sem comprometer a circulação e o aproveitamento do espaço. Dá até para convidar um chef de cozinha para promover deliciosas degustações a bordo.

178 Conceito A N. 15 2013

t

Yacht Center Group

[21] 3823 8181





retrato // pierre verger


Entre dois

mundos

POR INÚMERAS VIAGENS CRUZANDO BAHIA E ÁFRICA, O FOTÓGRAFO TESTEMUNHOU, ENCANTADO, AS SIMILARIDADES ENTRE OS POVOS EM LADOS OPOSTOS DO ATLÂNTICO. NAS CRENÇAS, COSTUMES E TIPO FÍSICO, REGISTROU PELAS LENTES DA SUA ROLLEIFLEX UMA HISTÓRIA ENTRELAÇADA, QUE RESULTA EM IMAGENS DE FORÇA ARTÍSTICA E CARÁTER ETNOGRÁFICO

POR KATHIA POMPEU FOTOGRAFIA PIERRE VERGER

*FUNDAÇÃO PIERRE VERGER

Ser itinerante, Pierre Verger percorreu quilômetros em experiências de vida. Aos 30 anos, deixou de fincar endereço na Paris onde nasceu, em 1902, e optou pelo movimento. Munido de câmera fotográfica e curiosidade antropológica, captou o cotidiano simbólico e imaginário nas mais diversas culturas nos dois hemisférios. Mas é notadamente entre a Bahia e a África que seu legado autoral comparece entre os principais registros de interpretação histórica. Usou a fotografia como passaporte para ingressar nesses dois mundos. E lá ficou. A formação estética se deu na França entreguerras, época das vanguardas revolucionárias, do inconformismo cultural. Conviveu com importantes nomes ligados ao surrealismo, como Michel Leiris e Jacques Prévert, o que aguçou seu interesse artístico e provocou a ruptura com a sociedade burguesa, com a qual não se identificava, apesar de fazer parte de uma família abastada. Em busca de expressão, a compra da primeira câmera impulsionou Pierre Edouard Leopold Verger a seguir o rumo que, anos depois, tornaria sua assinatura Fatumbi – consequência da imersão na religiosidade africana. Assim, por uma trilha em preto e branco, rompeu as fronteiras entre etnografia e arte. Com o olhar voltado especialmente às periferias, obteve imagens documentais de dimensões estéticas. A cada nova viagem, colaborou para as melhores publicações da época e se mantinha com a venda das fotos em linhas quadradas, oriundas do negativo em formato

4 4

Conceito A N. 15 2013

183


6 X 6, característico da alemã Rolleiflex. Mas, como nunca

Fundamental da África Negra (Ifan). Partiu em 1948

almejou a fama, muito menos carreira sólida em nenhum

e, entre idas e vindas, viveu seu renascimento reli-

desses lugares, estava sempre de partida: “A sensação de

gioso, recebendo a alcunha de Fatumbi e a iniciação

que existia um vasto mundo não me saía da cabeça e o de-

como babalaô.

sejo de ir vê-lo me levava em direção a outros horizontes”. Nessa fase, Verger começou novo ofício, como pesquisaTocado por esse espírito, foram 14 anos na estrada, per-

dor, a pedido do Ifan. E a câmera ganhou a companhia da

correndo países aleatórios de civilizações díspares, até

máquina de escrever. História, costumes e a religião pra-

que desembarcou na Bahia, em 1946. Enquanto a velha

ticada pelos povos iorubas e seus descendentes, no eixo

Europa vivia o caos do pós-guerra, em Salvador o clima

África-Bahia, passaram a ser temas centrais. Atuou como

era oposto. Seduzido pela hospitalidade e a riqueza cul-

emissário entre esses dois mundos.

tural, decidiu ficar. Os negros predominavam na cidade, como também nas fotos de Verger, que buscou conhecer

Para compreender a fundo raízes e semelhanças, dedi-

as origens dessa população.

cou-se ao estudo da diáspora africana, com ênfase no tráfico de escravos e no retorno de muitos deles após

184 Conceito A N. 15 2013

Descobriu o candomblé, estudou o culto aos orixás

a abolição. Esse estudo deu origem a sua principal obra

e, como estímulo ao seu interesse, conquistou uma

escrita, Fluxo e refluxo, um dossiê com 718 páginas, que

bolsa para estudar rituais na África, pelo Instituto

levou cerca de vinte anos para ser concluído. 44



“Muitos dos negros, ao voltarem libertos para a África com costumes brasileiros, fizeram lá uma espécie de Brasil, assim como se formou aqui uma espécie de África”, afirmou Verger, que sempre incentivou o reatamento dos laços entre os povos irmãos. Com esse intuito, criou em 1988 a Fundação Pierre Verger, transformando sua própria casa num centro de pesquisa. Em fevereiro de 1996, Pierre Verger, ou Fatumbi, morreu aos 93 anos na Bahia que o acolheu e despertou amor pátrio, fincando seu nome na cultura afro-brasileira e essencial contribuição para a etnologia. Além das fotografias, sua obra constitui documentos, conferências, artigos e livros, a ponto de ter sido reconhecido pela Universidade de Sorbonne, com grau doutoral em 1966. Um feito e tanto para quem abandonou a escola aos 17 anos e optou pelo ensinamento empírico, muito além das cadeiras acadêmicas. Axé Santé!

186 Conceito A N. 15 2013

t


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©2013 Starwood Hotels & Resorts Worldwide, Inc. Todos os direitos reservados. Sheraton e sua logo são marcas registradas de Starwood Hotels & Resorts Worldwide, Inc., ou suas afiliadas.



Traços

explore // sheraton da bahia

MEMÓRIA PRESERVADA DA ARQUITETURA BRASILEIRA DOS ANOS 50, NO EPICENTRO POLÍTICO-CULTURAL DE SALVADOR, O HOTEL ESTELAR REVIVE HISTÓRIA, ARTE E DESIGN DE ÉPOCA

modernistas

POR KATHIA POMPEU FOTOGRAFIA ÂNGULO e ARQUIVO STARWOODS HOTELS

Em maio de 1952, Salvador viveu uma noite de festa

salões do Estado, abrigando eventos grandiosos na

com a inauguração do Hotel Bahia, que naqueles anos

história oficial da cidade.

dourados levou para a capital baiana uma atmosfera glamorosa, sem abdicar dos traços fortes da cultura e da

Através dos anos, o caráter político deu lugar a uma vo-

identidade regionais.

cação essencialmente voltada ao turismo. Sexagenário, o endereço agora atende pelo nome de Sheraton da Bahia

Instalado perto do Palácio da Aclamação – que foi du-

Hotel. Com fachada, volumetria e obras de arte tombadas

rante anos a residência oficial dos governadores da

pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac) da

Bahia –, o hotel era também como uma extensão dos

Bahia, o prédio é um marco da arquitetura modernista 44

190 Conceito A N. 15 2013

Peças importantes da movelaria modernista brasileira fazem parceria estética com a genuína arte regional, na combinação de nomes como Sergio Rodrigues e Carybé.



No bar do lobby, a principal atração é a parede de cobogós, em linguagem arquitetônica dos anos 1950.

baiana e uma das mais importantes construções do perío­

ção o pé-direito duplo, que, em meio a uma ambientação só-

do no país, com projeto influenciado pela escola Bauhaus

bria, deixa destacar um mural de Carybé, com 19 metros de

assinado por dois grandes nomes da arquitetura da épo-

comprimento, feito sob encomenda para esse espaço.

ca, Diógenes Rebouças e Paulo Antunes Ribeiro. Aliás, o acervo original do hotel abriga cerca de 400 Com investimento de R$ 70 milhões, o hotel passou nessa

obras, entre telas, painéis, fotografias e esculturas de

nova fase por uma renovação meticulosa, que revalorizou

nomes consagrados na história cultural da Bahia, como

suas raízes culturais e artísticas. Respeitando o projeto

o fotógrafo francês Pierre Verger, com sua obra de im-

original de sua arquitetura, suas instalações oferecem

portância antropológica.

uma viagem no tempo por meio da arte e do design. Com essa proposta, toda a ambientação das áreas sociais Construção do início dos anos 50, o empreendimento tor-

foi pensada para refletir o jeito de morar cinquentista

nou-se uma das principais referências da hotelaria brasi-

brasileiro, por meio da releitura do mobiliário da época,

leira, atraindo turistas de todo o mundo, por ser o primeiro

como palhinha trançada ou cadeiras e mesas com pé pa-

cinco-estrelas do Nordeste. Passou por grupos e reformas

lito, aliada a peças originais do porte da Poltrona Mole, do

diversas até agora, quando recuperou sua importância

designer Sergio Rodrigues. Uma obra prima.

histórica com o selo Starwood Hotels & Resorts. Nessa busca do passado pela decoração, ganha presença O projeto de revitalização foi conduzido pelo escritório

soberana na área de convívio social do hotel uma pare-

de arquitetura André Sá e Francisco Mota Arquitetos

de de cobogós – conceito arquitetônico criado no Recife

(AFA), com design de interiores desenvolvido em parce-

em 1929 e popularizado na arquitetura modernista das

ria com a Foguel Reis Sá Arquitetura, que conseguiu um

décadas de 1940 e 1950 –, formando uma conceitual di-

resultado cinco-estrelas.

visória em cerâmica branca vazada entre o bar em tons acobreados e um dos restaurantes do hotel, o Passeio da

192 Conceito A N. 15 2013

A começar pela entrada do hotel, que teve a fachada restau-

Vitória. Com uma área externa ocupada por mesas do

rada, ostentando um painel azul de azulejos com conchas

restaurante e mais um convidativo lounge com jardins,

do artista Paulo Antunes Ribeiro. Já no lobby, chama aten-

chama atenção o gradil escultural que envolve uma das


escadas de incêndio do hotel, assinado pelo artista plástico Tatti Moreno e denominado Revoada de pássaros. Um esmero visual com ares retrôs. Sem perder o requinte vintage, os apartamentos foram totalmente renovados para o Sheraton da Bahia receber um perfil de hóspede de acordo com o mercado hoteleiro internacional de altíssimo padrão. Classificados em seis diferentes categorias, são identificados como Classic, Superior, Club Room, Club Suite, Premium Club Suite e Presidencial, que se diferenciam pelo tamanho e por contar com varanda ou hidromassagem, entre outros luxos privativos. Comum a todos os aposentos, uma atmosfera elegante em tons de sépia, enfatizada na ambientação e nos critérios de conforto da hospedagem, como a cama Sweet Sleeper­, de linhas anatômicas de exclusividade Sheraton, aliada a uma coleção de travesseiros de plumas, lençóis e edredons que fazem sonhar. Requinte à parte, o 11o andar tem um perfil mais executivo, com 36 unidades de 25 metros quadrados da categoria Club Room, em que os hóspedes contam com serviços exclusivos do Sheraton Club – espaço com área business, sala de estar e estação para café da manhã e happy hour. Luxo dos luxos, a Suíte Presidencial, com 298 metros quadrados de sofisticação, é outro exemplo dessa excelência. Abriga sala de estar, sala de jantar, cozinha completa com serviço de copeira e mordomo (mediante solicitação) e uma varanda panorâmica com piscina de borda infinita, hidromassagem e vista tanto para a Praça do Campo Grande quanto para a Baía de Todos os Santos. A referenciada culinária baiana também recebeu um olhar mais atual e inovador, sem deixar de lado a tipicidade do tempero regional, sob o comando do chef Leandro Strattmann­, de origem gaúcha e experiência nos fornos e fogões internacionais. No já citado Passeio da Vitória, sobressai o serviço de bufê para café da manhã, almoço e jantar, com pratos típicos da Bahia e da culinária brasileira. O segundo restaurante, batizado de Genaro de Carvalho, oferece alta gastronomia e abre apenas para o jantar. No menu de influência mediterrânea, a especialidade são os

Na área da piscina, a proposta é bem mais contempo-

frutos do mar, que ganham receitas inovadoras envolvi-

rânea, com lounges formados por mesas, cadeiras e

das pelo clima modernista do salão de forma arredonda-

espreguiçadeiras em fibra sintética em linhas atualís-

da. O nome do restaurante é uma homenagem ao famo-

simas [Trançarte]. Para complementar o ambiente,

so artista baiano autor do mural que circunda o espaço,

um bar de sanduíches e drinques transados, com des-

pintado em traços e cores folclóricos e recém-restaurado

taque para os panini italianos. 44

pelo Studio Argolo.

O mural assinado por Genaro de Carvalho inspirou o nome do restaurante, que serve alta gastronomia envolvida pelo clima multicolorido da arte baiana.

Conceito A N. 15 2013

193



A ampliação do hotel permitiu ainda a criação da Adega Gourmet, um cantinho intimista que conta com cozinha própria. Pode-se agendar um dos chefs do hotel para preparar pratos harmonizados para pequenos grupos, a partir da escolha dos vinhos entre dezenas de rótulos das mais diferentes origens. Para relaxar e recarregar as energias com muito estilo, o spa instalado próximo à piscina utiliza produtos e conceitos da grife francesa L’Occitane e dispõe de um vasto cardápio de massagens e terapias revigorantes. Uma coleção de experiências cinco-estrelas que contribuem para uma nova identidade em hotelaria na folclórica Salvador, na combinação de seu perfil sincrético religioso com a contemporaneidade do bem-receber.

t

Sheraton da Bahia Hotel

Avenida Sete de Setembro, 1.537 | Salvador [71] 3021 6700 www.sheraton.com/dabahia

Móveis de design moderno e linhas contemporâneas, combinados a um seleto acervo de obras de arte, contribuem para a exclusividade da Suíte Presidencial. Na página anterior, a escada de incêndio, que divide espaço com a varanda gourmet, ganhou um gradil escultural chamado Revoada de pássaros, criação de Tatti Moreno.

Conceito A N. 15 2013

195


Explore... Por Kathia pompeu

À mesa pelo mundo

Rotas Gastronômicas Destinos em que hospedagem e gastronomia motivam viagens memoráveis, cercadas de requintes em todos os serviços. Proposta apetitosa desenvolvida com conhecimento de causa por Ricardo Werwie, na RBW Turismo. Um gourmand aficionado por receitas inusitadas, servidas em regiões de prestígio culinário. Com suporte do sócio Ricardo Ribeiro,que tem com o xará compatibilidades que vão além do nome e resvalam numa maneira sofisticada de interpretar o mundo, surgiu o programa Rotas Gastronômicas, dedicado a clientes que fazem da boa mesa um estilo de vida. Mas nada de roteiros padronizados. Criar é o melhor tempero para a dupla, com sugestões de dar água na boca. Experimentado por Werwie, a temporada na Toscana é uma das indicações, precisamente em Maremma, onde fica o L’ Andana. Idealizado por Alain Ducasse, envolvido no duplo papel de chef e hotellier, o endereço concilia hotelaria campestre e altíssima gastronomia. Grife do The Leading Hotels of the World, abriga o Trattoria Toscana, única assinatura do cozinheiro francês na Itália, com cardápio que já justifica o check in, e ainda organiza cursos de gastronomia para grupos seletos. À frente do atendimento, Christophe Martin, supervisionado pelo mestre, revela sabores genuínos da região. Boa viagem e bom apetite! RBW Turismo

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Harmonia cinco-estrelas Ícone do charme cinquentista do Rio, que jamais perde a majestade, o Copacabana Palace tem sempre uma novidade para alimentar a paixão dos cariocas e turistas, muitos deles célebres, das mais diferentes nacionalidades. A bossa da vez são os jantares enogastronômicos, promovidos uma vez por mês, no aristocrático Cipriani. Conduzida pelo chef Nicola Finamore, a proposta consiste em harmonizações de vinhos de castas das mais prestigiadas, alinhadas a uma sequência de pratos elaborados sob medida com o que é servido nas taças. Um banquete! Um evento para paladares finíssimos, a preços justos, a cada edição deliciosas combinações do chef fazem a festa dos comensais, como a degustação regada pelos vinhos portugueses Monte da Ravasqueira ou os nacionalíssimos rótulos da Miolo, cada vez mais surpreendentes. Uma experiência cinco-estrelas. Cipriani |

196 Conceito A N. 15 2013

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PRIVILÉGIO, um programa do Circuito Elegante, exclusivo para pessoas como você, únicas! O PRIVILÉGIO de contar com serviços exclusivos, especiais e personalizados, em toda a rede de hotéis e restaurantes seletos.

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estilo de viver // mucki skowronski


Cores

sem fronteiras O MUNDO PARTICULAR DE MUCKI SKOWRONSKI É TÃO AMPLO QUANTO SUA COLORIDA INVENTIVIDADE: VAI DO RIO À BAHIA POR UM RASTRO ARCO-IRISADO QUE UNE OS DOIS ENDEREÇOS, ONDE ALTERNA MORADIA E PRODUÇÃO CRIATIVA, COM TRAÇOS FORTES DE PERSONALIDADE ARTÍSTICA

por Kathia Pompeu Fotografia Marco Antonio Rezende

Duas casas e infinitas cores formam abrigo

paiol à beira do litoral sul da Bahia. Para ela, não exis-

para Mucki. Com identidade e geografia distintas,

tem paredes divisórias entre a dupla morada: alterna

soma a construção sobre pilotis do endereço no Rio,

as semanas num vai e vem, da malemolência baiana

instalada no alto da Gávea, ao horizonte azulado do

ao ritmo da descontração carioca. 44


O living exibe arte e design em toda a sua extensão. O destaque escultural é o teto com relevos originais da construção. 200 Conceito A N. 15 2013


Traço comum às duas residências, o sotaque univer-

ral familiar, por parte de pai, que justifica o sobrenome de

salizado da linguagem artística ressalta não só no

muitas consoantes e biotipo europeu.

trabalho manual assinado por Mucki como também na arquitetura rica em história, que caracteriza am-

Formada em Artes Decorativas pela École Supérieure­

bas as estruturas.

des Emsembliers, na Suíça, Mucki maneja cores com desenvoltura e conquistou uma carreira por meio da

A casa do Rio é obra dos anos 50, projeto modernista

constante experimentação com tecidos, tintas, pincéis

do arquiteto Paulo Antunes Ribeiro. No Nordeste, um

e tudo mais que achar pertinente.

Móveis clássicos, arrematados em antiquário, contrastam com a arquitetura modernista, em combinação de linhas retas e curvas.

paiol centenário herdado das Minas Gerais, desmontado, transportado e remontado em Ilhéus.

Movida por esse olhar aguçado para identificar o potencial das formas, há 10 anos Mucki encontrou o endereço

Em pinceladas biográficas, vale contar que Maria Beatrice

carioca em que mora ao lado do marido, o empresário

Skowronski ganhou o apelido Mucki por conta da boneca

Arthur Bahia, e dos filhos adolescentes, Antonio e Ar-

austríaca com que brincava na infância. Herança cultu-

thur. “Quando olhei o pé-direito altíssimo da sala, as 44

Conceito A N. 15 2013

201


Na praia de Ilhéus, sob a bênção de Iemanjá, o paiol trazido de Minas e remontado à beira-mar. As características rústicas da madeira ganham sofisticação em ambientes montados com a sensibilidade artística da proprietária.

linhas retas da edificação e a vegetação em volta, me

O clima remete à serra, tanto pela geografia quanto pela

apaixonei de imediato”.

temperatura amena, comum no alto da Gávea, que permite até uma lareira na sala de estar. Nos dias invernais,

Além de obra ilustre – catalogada no livro Arquitetura

conta Mucki, a família costuma usá-la, de preferência na

moderna no Brasil, de Henrique Mindlin –, o imóvel havia

companhia de amigos acomodados nos sofás cobertos

sofrido algumas interferências estruturais com assina-

em capas de linho branco, com o aconchego de almofadas

tura de Cláudio Bernardes. Depois, nas mãos de Mucki,

desenvolvidas pela proprietária.

ganhou contornos estéticos admiráveis na ambientação. Faz sentido: na casa de Mucki, o ditado “casa de ferreiro, Cada cômodo é composto de arte contemporânea da

espeto de pau” não se aplica. Sua marca está presente por

melhor qualidade e contém telas da amiga de longa data

todos os lados, desde cortinas até quadros de texturas

Gabriela Machado e esculturas de Almir de Castro, como

provocantes em temas idem. Produção artesanal inces-

também mobiliário consagrado do design nacional.

sante que sai do ateliê, montado nas cercanias, e que acaba de ganhar um showroom em parceria com Sonia In-

202 Conceito A N. 15 2013

É o caso do banco Mucki, de Sergio Rodrigues, que a artis-

fante, da Arteiro de Itaipava. O espaço, para exposição e

ta chama afetivamente de tio. A peça, o nome já denun-

venda, é distribuído em sala, quarto e copa-cozinha e tem

cia, foi criada em sua homenagem e acrescenta charme

até uma pequena réplica do seu paiol baiano no quintal. E

ao móvel colocado no living.

por falar nisso... 44



No endereço baiano, o colorido de almofadas e revestimentos de poltronas em equilibrada profusão.

Quilômetros adiante, fica sua outra morada. Garimpado

com 180 metros quadrados, armado com ripas de antigas

no interior mineiro, o galpão que se metamorfoseou em

barcaças para secagem de cacau.

casa de praia foi transportado para Ilhéus por uma frota de três caminhões, tábua por tábua, e remontado ao

Na fachada, a trama da madeira foi mantida ao natu-

modo regional – projeto apoiado em sustentabilidade,

ral, enquanto as paredes internas foram pintadas de

pelo aproveitamento do material que estava abandonado

branco e as esquadrias, de azul. Por dentro, a identida-

e entregue ao desgaste do tempo.

de visual reflete simplicidade com bossa, com a maioria dos móveis em madeira de demolição e vibrantes

Amiga dos proprietários, a arquiteta Márcia Müller tocou

tecidos colorizados.

a reforma e acrescentou metragem ao paiol, entre outros

204 Conceito A N. 15 2013

sistemas e benefícios estruturais. Como a formatação

Construído como segunda casa, o paiol representa para

original, com cerca de 100 metros quadrados, não tinha

Mucki “seu lugar preferido de mundo” e também suporte

divisórias internas, a solução foi buscar madeira similar

para que ela e o marido acompanhem de perto o atendi-

nos casebres do interior baiano. Na soma final, acabou

mento na pousada Fazenda da Lagoa, de sua propriedade.

ganhando mais 30 metros quadrados, resultando num

Mas essa é outra história, que vale a pena conhecer de-

pitoresco sala, dois quartos e cozinha, e mais o deque,

pois, em detalhes.

t



Junior Grego p e rco r r e as lojas da cidade

N ó s ... da ma d e i r a

POESIA EM BLOCOS O escultor carioca Galvão, que vive e trabalha em Nova Friburgo, região serrana do Rio, não se baseia apenas na dimensão fria e racional da geometria. Seu trabalho pode ser considerado uma poesia acomodada em blocos de cedro, em que o contraste entre a parte mais clara e a mais escura evidencia a sua beleza. A criativi-

PEÇA NOBRE

dade de Galvão está na intervenção racio-

O elegante aparador Cacos, assinado

nal do desenho e nas respectivas formas

por Etel Carmona, é feito em freijó e

e posições da madeira, uma vez disposta

tem um sistema deslizante de aber-

no espaço bidimensional do quadro. Com

tura que lembra mosaico. Gosto muito

mais de 40 anos de profissão, sempre dia-

do efeito visual desse móvel pratica-

logando com as madeiras e as cores, ele

mente artesanal. Os pés de cavaletes

comprova o seu exercício lento e conspi-

dão o toque final de bom gosto e de-

rador com a matéria-prima, companheira

sign equilibrado. A sensação é de um

de sonhos e realizações de alto nível artís-

móvel flutuante. Impecável!

tico. Sem dúvida, um trabalho atemporal. Recomendadíssimo!

206 Conceito A N. 15 2013

Arquivo Contemporâneo

[21] 2497 3363


CORINGA Com design de meu querido Chicô Gouvêa, a estante Escada de Biblioteca é um coringa dentro de casa, uma peça que, com certeza, tem grande versatilidade: pode ser usada como mesa de cabeceira ou mesa lateral. Em imbuia, ganha imagens do Rio de Janeiro aplicadas em sua superfície. Aliás, na loja, são tantas as referências bacanas com essas impressões cariocas, que vale a pena conferir. Olhar o Brasil

[21] 2523 9070

TRÊS EM UMA As mesinhas de apoio Trip, num conceito moderno, ocupam pouco espaço e têm linhas geométricas que fazem um mix interessante com a madeira brilhante e o aço inoxidável. Para quem precisa de várias, naqueles dias de casa cheia de gente, minha sugestão é espalhar as peças pela sala. Breton

[21] 2108 8244

PEÇA ATEMPORAL A luminária coluna Cocometti, da designer Claudia Troncon, tem 1,70 metro de altura, uma tonalidade de madeira

TRAÇOS SIMPLES

linda e fica muito bem em espaços que precisam de pontos de luz estratégicos. Curto muito essa mistura da colu-

O banco Luzia, de Ronald Sasson, tem uma pegada for-

na clássica que brinca com o conceito

tíssima de arquitetura. De shape fino e inspirado em

mais moderno da cúpula. É o tipo de

linhas simples, é muito resistente. Construído em MDF,

luminária atemporal apropriada aos

tem revestimento em lâmina natural e acabamento interno em pintura automotiva polida. Sua

dias de hoje. Um efeito de luz que deixa

resistência vem da inserção de longarinas de aço embutidas nele. O banco Luzia foi finalista

qualquer ambiente com aquela cara de

da edição 2012 do Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, ganhou o selo de bronze no Design

bem cuidado. Gosto muito!

Award, na Itália, e este ano foi premiado no Idea Brasil. Finish

| [21] 2429 8196

All Light

[21] 2438 8081

Conceito A N. 15 2013

207


NA ESTANTE

Orla Kiely, que o The Guardian certa vez chamou de “a rainha da impressão”, é uma designer irlan-

Em madeira de demoli-

desa que iniciou seu trabalho com

ção, a estante tem duas

chapéus e rapidamente mudou o

partes

foco: em Nova York, passou a criar

Pode ser feita em vários

tecidos e papéis de parede. Cole-

tamanhos, mas as me-

ção Harlequin, uma exclusividade

didas requeridas estão

da nossa Orlean.

sujeitas a avaliação téc-

desmontáveis.

nica e também devem estar de acordo com as

Galeria Almacen, do Casa & Gourmet: o espaço está lindo, total-

regras

mente europeizado, com a expo-

Gosto muito da forma

ergonômicas.

sição Primavera Negra do cubano

como o móvel está pre-

Alejandro Lloret. Imperdivel!

sente no ambiente, sem interferir no restante. A

A Portobello Botafogo, do meu

minha sugestão é que a

querido Paladino, acabou de rece-

estante seja usada como

ber a linda coleção Super Bee. São

uma alternativa para di-

revestimentos que lembram favos

vidir espaços. Dado o

de mel, transformando-se numa

recado!

maxitextura bacanérrima.

Velha Bahia

[21] 2108 8052

Arthur Fernandes, da MAC Móveis, está contando os minutos para a inauguração da sua megaloja na ampliação do CasaShopping.

CONFORTO É BOM VERSATILIDADE EM ALTA

Criada, produzida e importada

O aparador Bicos, da Em2 Design, de Mariana Betting e Rober-

de para a loja O Galpão, a pol-

to Hercowitz, é um móvel prático, bonito e com certo ar vintage

trona Best tem linhas clássicas

da Indonésia com exclusivida-

bastante charmoso. Ele tem gaveta e tampo em madeira jequi-

e proporciona grande conforto.

tibá natural e pés em jequitibá castanho. É interessante não só

Em teca maciça, seu diferen-

pelo design, mas também pelas facilidades de adaptação aos

cial é a verdadeira consciên­

ambientes. É uma peça inspirada nos prismas de cristais e nas

cia ambiental: as pernas e os

pedras preciosas lapidadas que transmitem a luz por refração,

braços são feitos de pedaços

atribuindo-lhes diferentes ângulos, brilhos e tonalidades. O ga-

de madeira que, normalmente,

binete em MDF com pintura em laca destaca os pés em madeira

seriam descartados, o que lhe

tauari. É uma joia bruta que foi lapidada para trazer nobreza e di-

confere um valor muito maior

ferencial aos espaços atuais. O mais bacana desse produto com

do que aquele pago pelo con-

cinco gavetas é a versatilidade. De gaveta em gaveta, pode ficar

sumidor. Justamente por isso,

maior, dependendo de cada lugar.

seu nome é Best. O mais bacana de tudo é o conforto que ela propor-

Novo Ambiente

Casashopping [21] 3325 2529 | Ipanema [21] 2523 5468

208 Conceito A N. 15 2013

ciona e aquela sensação de estar bem acomodado. O Galpão

| [21] 2108 8877



casa do costureiro // andrea marques


CASA DO

COSTUREIRO A ELEGÂNCIA TEM IDENTIDADE MODERNA E SUTIL NO ESTILO DE ANDREA MARQUES, CUJO ALVO É A MULHER REAL. NO VERÃO 2014, ELA APOSTA NO NOVO MINIMALISMO

andrea marques

Traço próprio

POR ELDA PRIAMI FOTOGRAFIA MARCO ANTONIO REZENDE

A marca Andrea Marques já nasceu consagra-

coleção é muito feminina e delicada. Sua identidade está

da. Não é para menos: ao assumir uma imagem própria,

nos pequenos detalhes”. O tema, novo minimalismo,

em 2007, a estilista vinha de uma trajetória vitoriosa de

refere-se às modelagens soltinhas com um olhar mais

quase 15 anos na Maria Bonita Extra e na Maria Bonita.

limpo. Ela usa preto e branco, cores, estampas florais e

Ou seja, categoria ela tem de sobra, assim como fama e

gráficas e assimetrias com leve toque retrô. Foi esse o

respeito da mídia especializada. Desde o início de sua car-

conceito que apresentou no Fashion Rio deste ano, a se-

reira, Andrea destacou-se por modelagens impecáveis,

mana de moda carioca. Para Andrea, o evento é funda-

composições incomuns de cores e estampas, modelos

mental. “Em 2009, participei pela primeira vez e, a partir

que fogem do óbvio, ideais para a mulher cosmopolita que

daí, a marca ganhou um espaço, desabrochou. O desfile

dispensa o visual alegórico.

é o momento em que você expõe o que pensa para um público especializado. Por isso, é a melhor forma de mos-

Em seu ateliê, em Copacabana, Andrea exibe uma ra-

trar um trabalho”.

diografia de seu estilo, chique e descontraído ao mesmo tempo. Veste um confortável macacão em seda pura com

Num mundo globalizado, em que tudo é permitido em

grafismo assimétrico. O cabelo ondulado, em lindo corte

moda, como se orientar diante de tantas tendências? “Em

Chanel, e a maquiagem suave completam o look de um

abril, depois de terem sido apresentados todos os desfiles

dos nomes mais fortes da moda carioca. Apesar da voz

no Fashion Rio, uma repórter do canal GNT quis saber o

mansa, ela não disfarça sua natureza decidida. “Meu tra-

que a Costanza Pascolato achava que iria pegar no próxi-

balho é dirigido para a mulher real, aquela que vive o dia a

mo verão. Ela respondeu com a maior naturalidade: ‘Não

dia sem fantasia no corpo. Ela pode estar com uma roupa

sei’. Foi a melhor resposta que ouvi atualmente. É muito

no trabalho e sair direto para jantar fora, por exemplo.

difícil afirmar o que vai ser objeto de desejo. A opinião

Desenho para mulheres independentes que querem rou-

dela, uma profissional respeitada, uma mulher encanta-

pas versáteis, adequadas para todas as ocasiões”.

dora, foi simples e verdadeira”. Andrea concorda que é necessário adequar as tendências à imagem de cada marca.

Na sua sala, entre croquis, amostras de tecidos e muitas

“É óbvio que a gente precisa ter uma maneira autoral de

peças do verão 2014, ela explica a nova fase. “Depois de

lidar com as propostas. Às vezes, você não segue uma

fazer um mix & match de estampas, dei uma reviravolta.

tendência e acaba sendo tragada pelo inconsciente cole-

Quando a gente fala em minimalismo, logo vêm à cabe-

tivo. Está tudo ali e não quer dizer que seja bom para todo

ça as formas amplas e sóbrias lançadas pelos estilistas

mundo. Não se pode perder de vista a própria identidade e

japoneses na década de 1980. Não foi isso que fiz. Minha

o perfil da cliente que compra a sua marca”. 44


Aos 44 anos, ela tem uma certeza: “Não adianta a estilista querer ser autêntica, ter um trabalho maravilhoso e não ser viável comercialmente. Hoje, esse aspecto é importantíssimo”. Depois de ter participado da exposição Le Brésil Rive Gauche, que terminou em junho, na loja de departamentos Le Bon Marché, em Paris, com 120 marcas, ela está disposta a investir mais no mercado internacional. “Para isso, precisamos ter preços competitivos. Aqui, a mão de obra é cara, falta tecnologia de ponta e nosso produto fica com um preço final muito alto. Além disso, não temos acesso a determinadas matérias-primas que garantem qualidade. Isso nos deixa atrás da Europa e dos Estados Unidos. O Brasil tem moda para exportar, mas precisa ser muito alimentado. É um movimento que tem um resultado em longo prazo”. Como competir com as mais famosas grifes internacionais que estão chegando ao Brasil? Ela respira fundo e constata: “Quando você vê que os preços da Prada, no shopping Village Mall, no Rio, são 15% mais altos do que os que ela vende lá fora, é uma loucura. Esse fato dificulta a nossa relação não só no mercado externo como, agora, também no mercado interno”. Qual seria o futuro da moda? Ela indica um caminho: “A moda exige investimentos muito altos, não dá para brincar e é muito difícil manter uma marca só com recursos próprios. Até determinado momento, é possível dar conta, mas depois é preciso ir ao encontro de um investidor para viabilizar o negócio. Até hoje, não busquei esse respaldo, mas acredito que num futuro próximo será o caminho”. 44

Na parede de sua sala, pedaços de tecidos com estampas exclusivas do verão 2014. Ao lado, croquis da coleção atual. Na página ao lado, vestido com assimetrias e motivo geométrico. A sandália branca está de volta.

212 Conceito A N. 15 2013



Existe moda brasileira? Andrea, sempre com uma visão bem lúcida, analisa: “Existem um design e uma moda brasileiros, sim. Agora, se a moda é forte o suficiente para ser reconhecida lá fora, é outra história. Acho que a nossa moda ainda é vista como um clichê: colorida, despojada, sensual. Porém, a situação está mudando. Quanto mais autêntica for a moda brasileira, mais credibilidade ela terá. E autenticidade é enxergar no trabalho de alguém traços próprios”. Impossível, em sua opinião, fazer uma moda brasileira sem usar cores. Mas ela concorda que apresentar um conceito sofisticado e autoral é nosso desafio. “A moda brasileira nunca será preta-branca-bege”, começa a rir. Ao mesmo tempo em que tem um olho no mercado estrangeiro, Andrea tem o outro bem focado aqui. No ano passado, assinou uma coleção para a C&A que fez muito sucesso. “Ter vendido para uma clientela que não teria acesso à marca fora da minha loja foi uma experiência abrangente”. Andrea acredita que no começo da carreira é natural buscar referências nos trabalhos de quem admira, mas não deixa dúvidas ao declarar: “Ninguém cria dentro de uma bolha. É natural também que depois de um tempo À esquerda, blusa e bermuda soltinha com motivo gráfico. O mocassim branco voltou. Bermuda large e camiseta ampla. Abaixo, as texturas exclusivas da coleção.

214 Conceito A N. 15 2013

o profissional comece a fazer um trabalho cada vez mais personalizado”. Formada em Comunicação Social e Publicidade, esta carioca, que garante que nunca teve síndrome de estilista, quando começou a trabalhar com moda, falou para si mesma: “Encontrei o meu lugar”. Andrea Marques

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oficial inspirado na série de televisão. Em parceria com

A Imaginarium revisita os anos 80 e lança uma coleção inspirada no velho

um produtor francês, pretende recriar os vinhos impor-

bolachão. É a linha Vinil, fun design que inclui um kit para servir pizza tão

tados pela aristocracia britânica no início do século XX,

funcional quanto decorativo. Na mesma pegada criativa da marca, tem ainda

utilizando as mesmas castas, em solos e condições seme-

descanso de panela, porta-copos e relógio de parede, entre outras peças no

lhantes ao que era encontrado em 1900.

formato de disco.

www.winesthatrock.com

www.imaginarium.com.br

216 Conceito A N. 15 2013


CONCEITO A


off rio // cristiano ribeiro do valle

Floresta

DA MADEIRA BRUTA, O DESIGNER FAZ PEÇAS LUXUOSAS E COMEMORA DEZ ANOS DE SUCESSO COM IDENTIDADE BRASILEIRA

estilizada POR ELDA PRIAMI

No showroom de 600 metros quadrados, em Campo Belo, região centro-sul de São Paulo, estão expostas desde o dia 1o de julho dez novas peças do designer. No amplo espaço, também ganham destaque as mais de cem criações que têm a floresta como inspiração. A mostra, que segue até o fim do ano, comemora uma década de sua trajetória. Depois de viver durante um ano na Amazônia, o designer Cristiano Ribeiro do Valle encontrou a maneira ideal de se expressar profissionalmente. Engenheiro agrônomo por formação, ele resolveu produzir peças em madeira com base nas formas orgânicas da natureza, preservando as marcas da ação do tempo e as imperfeições da matéria-prima, como buracos, rachaduras e marcas de queimadas. Com um olho na floresta e outro na cidade, esse paulistano de 37 anos hoje domina o conceito rústico-chique e sabe como poucos modernizar a madeira in natura. Foi em 2003 que Cristiano lançou a marca Tora Brasil, líder no segmento de móveis provenientes de áreas de manejo florestal com a certificação FSC, da sigla de Forest 44

Cristiano parte do desenho para criar suas peças mais elaboradas. Na página ao lado, cadeira Kerá, em madeira e ferro: um estilo vintage.


Conceito A N. 15 2013

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Stewardship Council® (Conselho de Manejo Florestal). A consciência com a sustentabilidade na produção resultou, em 2007, na conquista desse selo. Sua ligação com a natureza é tão forte, que ele incorporou em sua vida viagens frequentes à Amazônia. A identidade brasileira está presente também nos nomes dos produtos, todos batizados em tupi-guarani. O nome de uma de suas obras mais conhecidas, a namoradeira Anhubana, feita sem emenda ou encaixe, significa abraçar. O sofá Avás Canoeiros, construído com tábuas maciças de ipê, designa uma tribo indígena que tem uma população estimada de apenas 14 integrantes. A poltrona Ubá refere-se a um termo que significa pai, explica Cristiano, que assim vai desvendando o idioma escolhido para nomear seu trabalho. “Comecei em uma garagem na Vila Madalena e, por seis anos, tive um showroom, de 150 metros quadrados, em Pinheiros, dois bairros bem descolados. Nessa mesma época, abri uma fábrica na região de Vinhedo, no interior de São Paulo, mas foi em 2007 que inaugurei uma loja no endereço mais importante do décor paulistano, na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, onde fiquei até 2011. Hoje, posso estar aqui, fora do circuito badalado, porque as pessoas já conhecem o meu estilo e eu precisava de um lugar amplo para expor o que faço e o que fiz até agora”.

Mesa de centro Embá, em que o vidro valoriza a matéria-prima bruta. Abaixo, Namoradeira em nova versão, feita de um só tronco de madeira. Na página ao lado, poltrona Ubá, peça escavada em tronco de árvore, sem nenhuma emenda.

Na nova coleção, o banco Juru (que significa árvore de madeira dura) é uma peça geométrica que mescla a madeira com uma delicada lâmina de ferro. O revisteiro e mesa de centro Ecatu (que quer dizer bem) é multifuncional e simples. A cadeira Kerá (dormir, em tupi) tem um toque vintage e, ao mesmo tempo, moderno. Uma linha de ferro linear é o apoio dos braços. As dez peças trazem o seu traço forte. Para que uma obra rústica adquira visual cosmopolita, ele intercala a madeira maciça com acrílico, vidro ou metal, que são sempre valorizados por texturas e formas irregulares. “Muitas vezes, quando estou na floresta, visualizo uma peça que quase não deverá ter a minha interferência e o desenho surge lá mesmo. Em outras, a inspiração sai da prancheta. Aí, os desenhos são mais elaborados, e a minha interferência é mais evidente”. Ele segue o desenho natural dos troncos de madeira, que geralmente são descartados pela indústria moveleira porque têm um aproveitamento mínimo, pela quantidade de “defeitos” nas toras. E está justamente aí o seu ponto de interesse. 44

220 Conceito A N. 15 2013


Conceito A N. 15 2013

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Mas ele não olha só para a madeira e confidencia: “A água, por exemplo, me influenciou a fazer vidros em formatos orgânicos”. De tanto observar riachos e rios, ele faz uma releitura deles, como na mesa de centro Embá (oco, vazio), em que uma tora é cortada ao meio e sobre ela repousa um lindo vidro fumê. Cristiano segue os processos artesanais antigos e usa a tecnologia para valorizar ainda mais os contornos da natureza. Admira o trabalho de George Nakashima, marceneiro e arquiteto nipo-americano. “Ele é um dos inovadores do design de móveis do século XX e pai do american craft movement, que valorizava o artesanato. Começou no século XIX na Inglaterra e chegou no começo do século XX aos Estados Unidos”. A madeira vive um novo apogeu, o que se reflete nos trabalhos dos novos designers internacionais e nacionais. Cristiano tem uma teoria a respeito: “O mundo está muito artificial, impessoal e repetitivo. Por isso, as pessoas sentem falta de interagir com as outras e também com a natureza. A madeira acolhe e, em suas infinitas cores e texturas, revela-se como um elemento mágico”.

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Tora Brasil

Fotos: Divulgação

Rua Padre Leonardo, 504 | Campo Belo | São Paulo [11] 3819 8001

Showroom com lançamentos da coleção e peças do acervo. Acima, banco Juru, peça geométrica que mescla madeira com lâmina de metal.


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off rio // fernanda marques

Estética múltipla A HABILIDADE PARA UNIR ELEGÂNCIA, ACONCHEGO E MODERNIDADE REFLETE-SE NO ESTILO DA ARQUITETA PAULISTANA

POR ELDA PRIAMI

Desde 1990, quando abriu seu escritório de arquitetura em São Paulo, Fernanda Marques une a estética contemporânea e a atmosfera intimista em seus trabalhos. Multidisciplinar, ela assina projetos de residências e de lojas de marcas consagradas, como Ermenegildo Zegna­, John John, Le Lis Blanc e L’Occitane, e se especializou também em decoração de interiores, paisagismo e desenho industrial. Há dois anos, dá os primeiros passos (por sinal, bem-sucedidos) como designer. Em 2012, ganhou duas vezes o AD Awards, na Itália, pelo design do banco Infinito, nas versões madeira e aço. Inquieta e com apetite para o novo, ela acredita que as mudanças mais significativas em arquitetura, nas duas últimas décadas, relacionam-se com a escolha do lugar de uma construção, tanto do ponto de vista físico quanto sociocultural, e há um desejo maior para explorar a área externa. Ou seja, a casa pretende ser mais transparente, e o luxo está em dispor de tempo e de infraestrutura para contemplar o espaço onde se vive. Eis o conceito que ela aplica em seu trabalho, aqui e no exterior, onde tem vários

Na página ao lado, ideias que exprimem o conceito de Fernanda Marques: telas de Demian Golovaty junto de sofá com texturas naturais (note-se o anão dourado de Philippe Starck usado como mesinha de apoio).

44



226 Conceito A N. 15 2013


projetos em andamento, sobretudo em Nova York e Miami. Mas garante que no Brasil ainda se trabalha com maior liberdade, com menos restrições em todos os níveis. Supercosmopolita, ela leva para o campo ou para a praia sua visão de conforto e beleza. Foi o que aconteceu com o projeto de uma casa térrea em Paraty – município no litoral oeste do Rio de Janeiro –, com estrutura clássica e com um teto triangular em madeira, na grande sala principal. O terreno de 1.400 metros quadrados tem 600 metros quadrados de área construída, com seis quartos, uma varanda enorme, churrasqueira, piscina e jardins. “Percebi que a casa poderia ficar estilosa com poucas modificações e optei por transformações pontuais. Brinco que dei um tapa nela, já que a reforma foi feita em 35 dias. As medidas mais radicais foram trocar a cor externa – de amarelo para branco – e pintar o chão da parte interna de preto, o que trouxe sofisticação e uma pitada de ousadia à casa de praia. De obra estrutural, só uma pequena mudança: desloquei a porta da

44

Na grande sala com pé-direito alto em madeira, o piso é pintado de preto. Objetos e obras de arte misturam-se em ambiente clean e elegante. Conceito A N. 15 2013

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cozinha do centro da sala para um canto do ambiente”. Resultado: Fernanda deu seu jeitinho de tornar o espaço moderno. Ela concorda e acrescenta: “Fiz questão de investir na decoração e manter a personalidade da

Poltrona de couro Jangada, de Jean Gillon. Paredes com ripas em madeira e, em semicírculo, os passarinhos de cerâmica, de Gabriela Albergaria.

construção original. As principais estrelas são as criações de designers brasileiros. Há cadeiras de Paulo Mendes da Rocha, mesa de Sergio Rodrigues, espreguiçadeiras de Carlos Motta e cadeiras de Flávio de Carvalho. A contemporaneidade do projeto está nas fotos de Demian Golovaty, sem esquecer do casulo-banco de Hugo França, dos passarinhos de cerâmica de Gabriela Albergaria e do anão dourado de Philippe Starck”. 44

Conceito A N. 15 2013

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Na ampla varanda, sofás e poltrona confortáveis com estrutura em madeira rústica. Como mesa de centro, um móvel antigo. Na página ao lado, cadeiras de sol com revestimento que lembra grama.

Essa é outra característica sua: colocar o melhor da arte contemporânea e do design nacional e internacional em tudo o que faz. “Gosto de criar um envolvimento verdadeiro entre a arte e o morador. Só entendo a arte assim. No momento, me interesso muito pelos jovens artistas asiáticos e, em arquitetura, estou na fase Jean Prouvé. Ele realiza uma síntese entre brutalismo e otimismo que tem me inspirado bastante”. Para Fernanda, o mix de peças modernas com algumas antigas é outro ponto forte. “Acho que a mistura dá uma bossa ótima aos projetos, mas tudo fica em evidência se a iluminação estiver adequada. Ela é essencial até para valorizar a luz natural, porque dá vida a uma arquitetura mais transparente, com superfícies mais abertas e translúcidas. Do ponto de vista técnico, a tecnologia led, além de econômica, está se tornando cada vez mais eficiente também em seu desempenho luminoso. Isso não impede de colocarmos algumas luminárias de maneira estratégica para marcar pontos de luz e destacar alguns objetos. Daí surge a personalidade do ambiente”. 44

230 Conceito A N. 15 2013


Conceito A N. 15 2013

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Fotos: Divulgação

Cadeira Zig Zag, da Érea, em acrílico.

Como designer, Fernanda Marques lançou este ano o pufe Tronco, peça revestida em tecido com estampa de tronco de madeira, e a poltrona Madeira, com estrutura em madeira, revestida de tecido que também imita madeira, e pés em metal. Sobre seu encontro com o design, ela conta: “A princípio, foi uma necessidade de tornar meus trabalhos de decoração de interiores ainda mais pessoais. Depois, percebi uma necessidade de seguir também esse caminho. Hoje, as peças de design têm identidade própria e independem de meus projetos. Trabalho o aço inoxidável e a madeira em móveis contemporâneos e já estou em minha terceira linha”. Como ela não para de criar, lançou uma sapatilha feita em recortes assimétricos para a marca Tatiana Loureiro. Assim, ela junta design e moda. “Não costumo estabelecer distinções. Moda é também criação e, sendo assim, paralela à arquitetura e ao design. No caso, o objeto é o corpo. Em essência, é isso o que muda. E eu gosto de estar sempre movimentando a minha cabeça”.

232 Conceito A N. 15 2013

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