Circuito 16 site

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16 ANO VI NOV. 2012

Tropical Decor


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PROFISSIONAIS DE ARQUITETURA E DESIGN DE INTERIORES DESTAQUES DO 2˚ TRIMESTRE DE 2012

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2° trimestre 1 Tânia Elizário e Clarissa Broad 2 Eliane Kruschewsky 3 Carla Pires 4 Carla Ribeiro e Paula Moura 5 Paulo Andrade e Paulo Melo 6 Ana Comini 7 Kellen Do Azevedoo e Joel Do Aseveedo 8 Ana Claudia Nonato e Ana Paula Nonato 9 Inez Fraguas 10 Camilo Baiardi 11 Liane Canário e Viviane Rêgo 12 Bianca Coelho e Janice Abreu 13 Simone Selem e Gizelia Souto 14 Cristina Camerino e Vanja Maia 15 Márcia Bandeira e Indayá Duarte 16 Mário Figueiredo 17 Thais Abreu 18 Gabriel Magalhães e Luiz Cláudio Souza 19 Margareth Britto 20 Vanja Paes Coêlho 21 Mila Saraiva 22 Fátima Romeu e Rosário Calmon 23 Paulo Brandenburg 24 Cássia Paixão 25 Cátia Bacellar 26 Luciana Villas Boas Bittencourt, Camila Mariano e Marcus Rolim 27 Verana Souto 28 Maristela Bernal 29 Kaká Bulhosa 30 Márcia Amaral e Regi Amaral 31 Monicka Daniela Loureiro 32 Ana Paula Rios e Lilian Mota 33 Bruno Coelho


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3° trimestre 1 Carla Ribeiro e Paula Moura 2 Ana Claudia Nonato e Ana Paula Nonato 3 Carla Pereira Pires 4 Elio Marques da Silva Junior 5 Paulo Melo e Paulo Andrade 6 Viviane Rego e Liane Canario 7 Luciana Villas Boas Bittencourt, Camila Mariano e Marcus Rolim 8 Tânia Eliezario e Clarissa Broad 9 Flavia Sanjuan 10 Marcia Bandeira e Indayá Duarte 11 Emerson Carvalho 12 Edilson Campelo 13 Vanja Paes Coelho 14 Eliane Kruschewsky 15 Mercia Sales Passos 16 Cristina Camerino e Vanja Maia 17 Maristela Lima Bernal 18 Joel Do Aseveedo e Kellen Do Azevedoo 19 Fatima Romeu de Almeida e Rosario Calmon


PROFISSIONAIS DE ARQUITETURA E DESIGN DE INTERIORES DESTAQUES DO 3˚ TRIMESTRE DE 2012

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20 Camilo Baiardi e Gabriela Baiardi 21 Roberto Leal Neto e Naissa Vieira 22 Mariana Fedulo Sampaio 23 Joselita Vieira dos Passos e Thelma Simões 24 Flora Silveira Martins da Costa Almeida 25 Izabela Mota e Luisa Vasconcelos 26 Andre Ricardo Rabelo Martins 27 Ana Comini 28 Andrea Mesquita Guedes 29 Verena Verde e Fernanda Palles 30 Bianca Coelho e Janice Abreu 31 Paulo Brandeburg 32 Gabriel Magalhães e Luiz Claudio Souza 33 Marcia Amaral e Regi Amaral 34 Maria Clara Mesquita Marback e Patricia Lima 35 Mônicka Daniela Loureiro 36 Camila Pompa Maia Britto


Com a palavra a presidente! “Moro em um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”. A canção escrita por Jorge Ben Jor e Wilson Simonal demonstra muito bem aspectos naturais e culturais do Brasil, que podem se resumir a uma única palavra: Tropicalismo! O movimento cultural teve seu momento de auge na música por dois anos, mas deixou consequências que marcaram a história da música popular brasileira, muitas vezes retratada na arquitetura e decoração. Então, nada mais justo que chegarmos nesta 16º edição relembrando Carmen Miranda, desvendando os Doces Bárbaros e conhecendo trabalhos que são verdadeiros manifestos em prol do conforto e da beleza em ambientes descontraídos e bem coloridos, cheio de materiais naturais, muito paisagismo, cores e luz. Essa também é a nossa última edição. Calma! Não por falta de saúde, tão pouco de criatividade! Essa é a nossa última edição de 2012, que, diga-se de passagem, está tão cheia de conteúdo bom e tão movimentada quanto foi este ano. Só não está melhor que a nossa próxima edição. Afinal, nossas expectativas para o Circuito de Alta Decoração da Bahia, para o setor e para cada um de nossos associados no ano que está chegando são as melhores possíveis e a nossa diretoria já está trabalhando para isso. Trabalhando para que 2013 seja cheio de energia, vivacidade e vitalidade! E, se depender de inspiração, não vai nos faltar transpiração! Boa leitura! Tânia Dias

capa A modelo Daisy Lansac posa com jarra de abacaxi inspirando o tropicalismo um kistch. Sua beleza é assinada por Ricardo Brandão em click do Estúdio Gato Louco na Casa Conceito.


quem faz

Andrea Velame

Nyala Cardoso

Lucas Assis

Paula Reis

Marcelo Negromonte

Nando Cordeiro

editorial  O tropicalismo foi um movimento vanguardista que misturou manifestações tradicionais da cultura brasileira a inovações estéticas radicais, trazendo o novo, o inesperado. Talvez por isso eu tenha sempre me sentido um pouco assim, meio tropicalista. Admiro a estética clássica, tradicional, sim, mas gosto mesmo é de movimento, vibração, fusões improváveis, resultados surpreendentes. É isso! Gosto de ser surpreendida e de surpreender. Gosto de ver o que é bom se transformando em algo ainda melhor. Gosto do que faz perder o fôlego! Eis aqui, nesta edição, um cambalacho elegante, para você se perder e se achar... Delicie-se. Aproveite!  andrea velame

expediente A revista Circuito é uma publicação trimestral da Associação Circuito de Alta Decoração presidente Tânia Dias Nogueira da Silva vice-presidente Paulo Quintiliano da Fonseca diretor financeiro Henrique Furquim White diretora de relacionamentos e marketing Magda Bomfim de Carvalho gerente de marketing Lorena Landim assistente de marketing Luana Lima assistente de comunicação interna Martoni Costa assistente financeiro Vandete Ferreira endereço Av. acm, ed. Golden Plaza, 3213, Parque Bela Vista cep 40280-000, Salvador Bahia, www.circuitodealtadecoracao.com.br 71 3345 1662, 3011 6030 coordenação editorial Andrea Velame colunistas Nyala Cardoso, Lucas Assis, Paula Reis, Joana Rizério, Rodrigo Rangel, Flávio Bustani projeto gráfico Santo Design editoração Nando Cordeiro revisão Ernest Bowes Jr fale com a redação producao@andreavelame.com.br tiragem 5000 exemplares impressão Gráfica Santa Marta


circuito entrevista

t Lucas Assis f Marina de Oliveira

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VirgĂ­nia Moraes


Os mais simplistas acreditam que com apenas quatro triângulos e alguns lacinhos já é possível fazer um biquíni, peça ícone da feminilidade tropical e uniforme obrigatório dos verões brasileiros. As opiniões sobre a vestimenta nunca passam despercebidas. Para a editora de moda Diana Vreeland, o biquíni foi a invenção mais importante do século XX, depois da bomba atômica. Já o presidente Jânio Quadros ameaçou proibir seu uso nas praias e clubes durante seu mandato. A verdade é que a famosa roupa de banho inventada na França ficou mais bonita depois de toques em verde e amarelo, depois de ajustes habilidosos de criadores como a baiana Virgínia Moraes, que faz da marca Vivire um ícone do balneário em nossas areias. Virgínia também é famosa por sua alegria de viver e coleções inesquecíveis, unindo design, arte e cultura popular. Confira a seguir a entrevista que ela concedeu à Revista do Circuito de Alta Decoração da Bahia.

O modelo de biquíni “cortininha lacinho” faz parte do design emocional do nosso país. Sempre foi assim? A moda praia povoa o imaginário das pessoas do mundo como uma moda brasileira. Sabemos que somos conhecidos como pessoas alegres, de bem com a vida e de uma sensualidade peculiar. Nossa cortininha e o lacinho são os mais vendidos e possuem uma graça que caracteriza nossa nação. A modelagem, apesar de se apresentar mais larguinha nos últimos verões, principalmente pela busca do conforto, acaba sempre roubando a cena.

Sua passarela ganhou ares sustentáveis com tecidos ecologicamente corretos feitos com pet. Como é a aceitação desta tecnologia nas araras das lojas? Ainda temos um consumo tímido desses produtos e seu valor agregado, neste caso, a preservação do planeta. Os produtos ainda não têm força para determinar a opção pela sua aquisição. Acho importante as marcas irem fazendo a sua parte, mesmo que timidamente, mas de forma constante e não como uma ferramenta mercadológica. É preciso que essas ações façam parte da construção da marca se realmente esse for o desejo. Em nossas coleções sempre procuramos uma parceria com os artistas populares e seu incrível artesanato. A moda também tem o seu papel social e a Vivire se insere nesse universo que acaba sendo o seu universo particular de criar as coleções e decorar as lojas com peças de artistas baianos.

Sua loja na Praia do Forte é encantadora, chamando a atenção de brasileiros e turistas de outras partes do mundo. A cliente “gringa” possui um gosto muito diferente da brasileira? O que elas têm em comum? As nossas lojas de Praia do Forte estão no seu habitat natural e já fazem parte da Vila há 15 anos. Nós não internacionalizamos nossa modelagem justamente pelo nosso compromisso em oferecer um produto com o design brasileiro. Nossa cliente “gringa” apenas escolhe uma numeração acima, mas a paixão por nossas estampas e tecidos é que conferem a Vivire a exclusividade nos produtos. Tenho um prazer especial em ver como nosso trabalho é valorizado nos quatro cantos do mundo, como nosso cliente se encanta ao chegar na Bahia e encontrar uma marca que materializa o que só se vê na Bahia.

A sua marca já contou com a participação de artistas com DNA baiano como Ayrson Heráclito, incluindo uma de suas mais marcantes obras diante do público fashionista. Como a cultura local se faz tão presente nas suas criações? Foi um desfile que marcou nossa trajetória principalmente, que falava do recôncavo e Danilo Barata, nosso cenógrafo, que teve essa feliz ideia de trazermos a obra de Heráclito e colocarmos no centro da passarela. Jorge Nascimento (nosso designer) e eu sempre brincamos em quando iremos superar esse acontecimento feliz em nossas vidas. A Vivire nasceu com esse compromisso de valorização das pessoas, dos artistas, da nossa cultura e da nossa Bahia.


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#0 #5 16 circuito gente Carmen Miranda: A “baiana” tropical de todas as Américas 20 circuito giro Tropicalizando 22 quero lá em casa! profissionais dão dicas de compras 30 circuito design Nada se perde,... 35 ­circuito projetos premiados do Circuito de Alta Decoração apresentam seus projetos 66 circuito arquitetura Arquitetura verde 72 circuito música Geleia Tropical


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&8 *4 76 circuito moda A Marca Brasil! 78 circuito arte Oiticica o herói, o marginal 84 circuito gourmet A natureza do que vai à mesa 91 circuito confete Flashes de quem circula pelas festas e premiações do Circuito de Alta Decoração


Fotos: Marcelo Negromonte



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Camilo Baiardi

O Mercado de Alta decoração na Bahia tem promovido diversos eventos com a proposta de se tornarem verdadeiras exposições de decoração. São ambientes planejados para mostrar ao público como oferecer soluções inteligentes e diferenciadas para espaços cada vez menores. Fotos: Marcelo Negromonte

A Feira Construir Bahia e o Siac´s (Simpósio Internacional de Arquitetura e Construção Sustentável), homenagearam o escritório Baiardi Arquitetos Associados, reconhecido como o melhor escritório de arquitetura de 2012, com um ambiente onde o arquiteto Camilo Baiardi imprimiu criatividade e funcionalidade. “A realização do Lounge do Arquiteto é nada menos que a realização de um sonho”, declara Camilo. Reconhecido pela atuação constante em trabalhos de caráter institucional e corporativo, o escritório Baiardi Arquitetos Associados tem realizado diversos projetos de destaque. Para cumprir este novo desafio, cada empresa parceira foi cuidadosamente selecionada,

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considerando a excelência em seu atendimento e a qualidade e diferenciação dos seus produtos. “São parceiros que o escritório recorre sempre, pois nossos projetos prezam por um padrão de qualidade”, diz Baiardi. Cientes da importância em promover eventos da área que divulguem o segmento, os empresários, Rodrigo Poegere, proprietário da loja Iluminação Luzelle, Indaiá São Bernardo, proprietária da loja Efeito Home e Nadja Sette, gerente da loja Novo Projeto, apoiaram a iniciativa do escritório gerenciado por Camilo Baiardi em montar o Lounge do arquiteto. Com total dedicação, promoveram um espaço atraente, inusitado e elegante.


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Segundo Rodrigo Poegere, a Iluminação Luzelle sempre se preocupou em apoiar eventos neste contexto e, unindo essa iniciativa à harmoniosa parceria e à admiração pelo trabalho de Camilo Baiardi, imprimiram nesse projeto toda a experiência e conteúdo presentes na atuação da empresa no mercado. Indaiá São Bernardo, empresária do setor de Alta Decoração há 10 anos, afirma que é de extrema importância apoiar projetos de escritórios parceiros como o Baiardi Arquitetos Associados, pois sabe que serão trabalhos arrojados e que priorizam o bom gosto, características que possuem uma afinidade direta com os valores da Efeito Home.

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Para Nadja Sette, apoiar o projeto foi também um agradável desafio: “fizemos uma parceria muito positiva para este evento, onde colocamos as necessidades que o projeto de Camilo Baiardi pedia, alinhado à capacidade de inovar que possuímos, enquanto loja de fábrica. Os móveis sob medida garantiram exclusividade”, esclarece. Todas as empresas envolvidas neste projeto são unânimes em afirmar que Camilo Baiardi confere estilo e harmonia na idealização dos seus projetos. Estar presente em projetos como estes, é, portanto, um desafio compensador que surpreende pela visibilidade e repercussão que confere.



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Carmen Miranda

A “baiana” tropical de todas as Américas t Nyala cardoso Do movimento das mãos e quadris ao revirar dos olhos verdes. Os badulaques, penduricalhos, a boca pintada de vermelho, o sorriso escancarado... Tudo em Carmen era um tanto. Baiana nos babados da roupa engomada, Carmen Miranda era a maior expressão do exagero estético, a contracultura de uma época que se alimentava da mesmice ponderada e discreta de uma distante sociedade europeia. Carmen era o avesso do avesso. O resgate de uma originalidade que ainda nem existia inteira. Um paradoxo estranho e familiar. O excedente do ordinário.

Portuguesa de nascimento, Carmen Miranda foi criada na Lapa carioca nas décadas de 1910 e 1920, no meio de um caldeirão cultural de artistas, malandros e gente de todo tipo. Assimilando a estética, a linguagem e as novas sonoridades do lugar e da época, aprendeu as gírias e expressões das rodas boêmias, suas favoritas, e criou um personagem que seria uma representação do século 20.


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Com envolvente estilo que misturava graça e malícia ingênua, Carmen tornou-se um ícone das massas, a primeira artista multimídia do Brasil. Pioneira, foi a maior estrela do disco, do rádio, do cinema, dos teatros, da mídia, e dos cassinos brasileiros. Talentosa, não só cantava, dançava e atuava, mas sabia, intuitivamente, transitar com desenvoltura pelo que viria a se tornar a indústria cultural, ao mesmo tempo criando e sendo criada por esse novo mundo do entretenimento que se desenhava. Carmen Miranda ousou cantar samba numa época em que o ritmo era abafado nos quintais da periferia, visto com desconfiança pela caucasiana família brasileira - uma “coisa de marginal”, de “mulatos desocupados”. Inventiva, tratava de cantar à sua maneira, muitas vezes trocando a letra das músicas, acrescentando uma bossa própria, um jeito de sublinhar as palavras com seus muitos erres vibrantes. De Lamartine Babo a Ary Barroso, eternizou os mais importantes compositores de seu tempo da música brasileira e partiu para os Estados Unidos. Ganhou Hollywood, fincou os pés na calçada da fama, virou desenho animado da Disney. Foi acusada no Brasil de ser instrumento da estratégia americana de boa vizinhança antes da Segunda Guerra, de servir ao populismo de Getúlio Vargas, de acentuar os estereótipos do Brasil, de rebuscar os gestos, de “americanizar-se”.

A mesma Carmen dadaísta que Caetano cantou em versos tropicalistas e que se tornou a caricatura e a radiografia do tropicalismo já tinha sido hostilizada por esses velhos baianos. Os filhos de João Gilberto, rebuscados, todos “bossa”, também diziam que “ela voltou americanizada”. Até que os baianos se renovaram e beberam da “fonte tropicália” de Oiticica, na primeira tentativa de impor uma imagem brasileira ao contexto da vanguarda mundial da época, reproduzindo a arquitetura orgânica das favelas, manifestando-se contra o conformismo político, cultural e social. Esse novo cenário musical que crescia na Bahia era a voz de um movimento social que queria comer de tudo, sem regimes, nem restrições. Um banquete antropofágico que canibalizava sem pudor a força do estrangeiro, demonstrando uma liberdade um tanto incômoda para os nacionalistas. Nessa nova estética multifacetada, eletrizante, onde tudo se misturava e se reapresentava inédito, caía como vatapá no acarajé a estética de uma mulher nascida em Portugal, criada na marginalidade do Rio de Janeiro, que assumiu uma “estilização espalhafatosamente vulgar” da roupa de baiana, conquistou com seus balangandãs a nação mais poderosa do planeta, virou a atriz mais bem paga de Hollywood e ainda encarnou a porta-bandeira do Brasil.



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Tropicalizando t Nathália Velame

O sol me enche de alegria e preguiça, com os olhos cheios de cores e o peito cheio de amores e saudade... Viva a Bahia! Iluminado de sol, o maxitropicalismo desperta aquela vontade de sair da areia para um passeio num reino imaginário que mistura estampas e cores, e que visita ícones brasileiros. Baixou a Carmen Miranda em mim... que saudade que eu estava da minha terra!



quero lá em casa!

Objetos de desejo profissionais elegem, d ­ entro das lojas do Circuito de Alta Decoração, seus produtos favoritos

Ornato Aline Cangussú A Ornato explora segurança e tecnologia para o desenvolvimento de projetos que abusam da transparência e da leveza. O guarda corpo em destaque é um grande exemplo das avançadas técnicas de têmpera disponíveis na loja, uma referência em vidros de alto padrão e qualidade.

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Xarmonix Camila Maia A profissional se deparou com mais um natal brilhante nas vitrines da Xarmonix. Um espaço perfeito para quem busca complementos fundamentais ao decorar, como ornamentos para mesas temáticas, casuais e sofisticação dos cristais.


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Lider Interiores Luciana Paraíso Móveis com design e conceito são a cara do nosso país. Técnicas conhecidas ganham nova leitura nas linhas pop, rock e vintage da Lider Interiores. Na imagem, Luciana Paraíso aparece em volta da modernidade dos vazados inspirados no Richilieu, nas ripinhas e tachas, sem esquecer do colorido especial da tapeçaria exclusiva produzida pela marca, totalmente customizável.

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Têxtil Tecidos Edeuzuíta Alcântara Basta um toque Têxtil para que seu ambiente ganhe mais cores! A grande variedade de tecidos e padronagens são imensas, sem esquecer o atendimento cordial característico da loja. Edeuzuíta Alcântara também foi conferir as novas coleções de papéis de parede, repletos de estilo e inovação.

AD Design Mila Saraiva O charme atemporal dos papéis de parede faz parte das propostas criativas de Mila Saraiva. A AD Design oferece opções incríveis para os mais diversos tipos de superfície, incluindo versões laváveis e texturas inusitadas que simulam couro e tecidos clássicos como o Jacquad, ícone de elegância.


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Vintage Decor Margarete Setenta Na Vintage Decor Margarete Setenta encontrou peças de época e design contemporâneo em composições inusitadas e coloridas. Um verdadeiro paraíso para encontrar peças cheias de personalidade que proporcionam novos significados e bom humor ao seu espaço.

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Dellano Fatima Romeu & Rosário Calmon Fatima e Rosário usaram tonalidades pastel e a modernidade do vidro para compor um closet interativo. A escolha por um produto Dellano foi um grande diferencial, elas escolheram a porta Movie com TV integrada, unindo tecnologia e praticidade. O critério na escolha das cores remete ao luxo; o vidro Cinex possui uma matiz de Vanilla e o interior do closet é na tonalidade Fendi.

Novo Projeto Virgínia Santa Bárbara A mistura de materiais diferenciados como metal e couro fazem parte do mix de mobiliário desenvolvido pela Novo Projeto. Virgínia Santa Bárbara mostra que os espaços podem ganhar novos ares com a precisão do acabamento encontrado por lá.


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Electroair Climatize Nathália Velame A temperatura ideal faz de qualquer ambiente um local ainda mais agradável. Os aparelhos da Climatize Eletroair são perfeitos para inserir elegância em projetos de todos os estilos, incluindo modelos de instalação mais rápida, eficiente e bonita. Nathália Velame escolheu um aparelho espelhado para manter seu espaço num clima perfeito.



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Nada se perde,... t Nyala cardoso f Tatiana Cardeal No dia 1º de fevereiro de 2012, quarenta e sete pessoas, entre designers, arquitetos e estudantes desembarcam em Várzea Queimada, um povoado esquecido no coração do semiárido nordestino. Uma região habitada por 900 pessoas que sobrevivem do que cultivam, sem saneamento básico e com acesso escasso a um bem de muito valor, a água. Durante os 15 dias seguintes essa equipe desenhou, dia e noite, junto com a comunidade, uma nova possibilidade de futuro através da geração de oportunidades econômicas e sociais. Assim começou o projeto A Gente Transforma 2012 – Chapada do Araripe – [Piauí]. Criado pelo designer Marcelo Rosenbaum o projeto A Gente Transforma (AGT) é uma iniciativa que usa o design para expor a alma brasileira. A primeira edição aconteceu em 2010 no Parque Santo Antônio, periferia de São Paulo, colorindo as casas no entorno do campo de futebol, fundando uma biblioteca e dando vida

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nova à comunidade. “Para conseguir fazer o trabalho lá tínhamos que pedir autorização para o Cabelo, o chefe do tráfico da favela”, conta Rosenbaum. Vendo as mudanças trazidas pelo projeto, Geovani, codinome Cabelo, se sentiu estimulado a largar o tráfico. “Eu tenho três filhos, pensava em dar o exemplo para eles”, confessou. Hoje ele trabalha na ONG Casa do Zezinho. “O Geovani é um empreendedor, um líder, ele só estava jogando do lado errado”, define o designer. A 2ª edição do projeto, desta vez no Piauí, tem como principal objetivo inserir o artesanato no mercado de decoração e apresentar as oportunidades para um novo negócio social. Trata-se de promover a noção de poder dentro da comunidade. Algo que o designer considera diferente do assistencialismo por que, segundo ele, confere à comunidade a capacidade de agir e decidir por si. Do ponto de vista econômico, sua principal característica está em atender os requisitos da nova economia: inclusiva e sustentável. Tem como visão de futuro ser um negócio social, empreender e, ao mesmo tempo, gerar impacto


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social, econômico e minimizar os impactos ambientais em suas áreas de atuação, tendo como plataforma principal o design sustentável. O artesanato e a sustentabilidade já eram realidade em Várzea Queimada. As mulheres trançavam a abundante palha de carnaúba e os homens esculpiam borracha reciclada de pneus velhos. A transformação da matéria prima em um “objeto-conceito” foi feita em parceria com os portugueses Pedro Ferreira e Rita João, do Pedrita Studio e a designer de joias piauiense Kalina Rameiro. Os grupos criaram, ao todo, uma coleção com 30 peças, intitulada Toca da Borracha e Toca da Palha com peças de decoração e joias. O resultado é a criação de coleções exclusivas, esteticamente avançadas e que valorizam o design de raiz. “É empreendedor e ao mesmo tempo gera impacto social, econômico e ambiental em suas áreas de atuação, tendo como plataforma principal o design sustentável”, diz Rosenbaum.

Outra frente de trabalho foi coordenada pelos arquitetos Henrique Pinheiro e Tomaz Lotufo e contou com a participação de 18 estudantes de todo Brasil. O resultado foi a construção de uma casa para os artesãos se reunirem e trabalharem: dois edifícios construídos em terreno público seguindo os critérios da permacultura. Em junho, Marcelo Rosenbaum foi convidado por Paulo Borges, diretor e criador do SPFW, para colocar dentro desta edição do evento uma amostra da vivência do projeto A Gente Transforma. “Fiquei muito feliz quando o Paulo Borges me disse que não esperava que eu fizesse a cenografia, mas que contasse o projeto e expusesse o seu conteúdo dentro do espaço do evento”, conta o designer. A exposição apresentada por Rosenbaum no SPFW é composta por imagens da fotógrafa Tatiana Cardeal impressas em tecido. Também está exposta a coleção de produtos Toca da Palha e Toca da Borracha, desenvolvidas pelo AGT no Piauí. “A exposição não tem a pretensão de decorar o prédio da Bienal, mas trazer ao público um pouco dessa experiência tão rica que o A Gente Transforma tem proporcionado”, reflete Rosenbaum. Empenhado na transformação de uma comunidade através das suas próprias habilidades, o AGT


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une saberes ancestrais a modernas técnicas de design, produzindo parcerias com comunidades que guardam séculos de conhecimento, gerando, assim, produtos esteticamente avançados e que valorizam o design de raiz. Por outro lado – ou mais para dentro – traz uma reflexão sobre uma perspectiva de novos modelos de desenvolvimento para o país. Nega a presente apatia social que se justifica no nosso paradoxal sistema de governo e movimenta-se, remediando o que não está são. Provando que, com algum empenho, TUDO SE TRANSFORMA.

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Rua das Rosas, 658, Pituba, 71 3353.8349 designvidros@terra.com.br


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Novos talentos e profissionais renomados: o Circuito de Alta D ­ ecoração apresenta projetos dos arquitetos e decoradores da Bahia

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t andrea velame f marcelo negromonte

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1 arquitetas anaclaudia@doisaarquitetura.com.br, anapaula@doisaarquitetura.com.br, www. doisaarquitetura.com.br, 71 3013.8202 / 9247.6567 / 8864.4579

Ana Paula Nonato & Ana Claudia Nonato

Tons de madeira e beringela predominam na sala deste apartamento localizado no Morro Ipiranga, onde um pendente de cristal da Luzelle passou a ser o principal elemento do projeto que leva a assinatura das irmãs e profissionais Ana Claudia Nonato e Ana Paula Nonato. Com o recurso dos espelhos, as profissionais tiraram partido dos ambientes que mereciam ser ampliados. O espaço gourmet foi outro ambiente realizado com muito carinho pelas profissionais, que utilizaram mobiliário da MAC e produção da Vintage Decor. O mobiliário da Lider se fizeram presentes neste projeto, nas camas e mesas de centro e laterais. As cortinas e papéis de parede foram da Têxtil. Fechamentos da Balcony Brasil também foram utilizados neste projeto, tendo sempre o cuidado de manter a harmonia do interno com o externo, pois a vista do apartamento já faz parte de um cenário especial.


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Márcia Amaral & Regi Amaral

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Projetar um loft debruçado sobre a Baía de Todos os Santos, mais do que um trabalho foi uma grande fonte de inspiração – definiram os arquitetos Márcia Amaral e Regi Amaral. Um loft para um homem jovem e solteiro, cujo ponto de partida foi criar um espaço moderno, cosmopolita com toque de brasilidade. O cinza, preto e branco formam a paleta de cores utilizadas. Pinceladas de azul, e principalmente de amarelo, fazem referência ao céu e mar da Baía de Todos os Santos que invadem o apartamento, numa vista deslumbrante. Móveis italianos da Incantto se integram a peças do design brasileiro, numa mistura sofisticada, moderna e pop, com uma produção acertada e bem pontuada pela Vintage Decor. Uma cozinha black e portas de passagem ultra modernas receberam a assinatura da Evviva Bertoline. Os mármores da Artimex criaram cenas exclusivas


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no lavabo com a padronagem Armani. Revestimentos, louças e metais da FonsecaShop reiteram a parceria da dupla com a loja. Fechamentos em vidro da Balcony Brasil e cortinas motorizadas da AD Design dialogam com a belíssima vista da Baía de Todos os Santos, a iluminação cênica da Luzelle cria efeitos para valorizar as obras de arte e os vidros e espelhos da Design Vidros criam amplitude e mistério a este projeto digno de aplauso!

2 arquitetos contato@marciaamaral.com, www.marciaamaral.com, 71 3495.2000 / 9202.1503 / 9184.4256

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Kakรก Bulhosa 3 designer de interiores kaka.bulhosa@hotmail.com, 71 9922.8660 / 9198.7289


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O projeto deste apartamento assinado por Kaká Bulhosa segue o estilo contemporâneo funcional. Os ambientes entraram em perfeita sintonia, dando uma sensação de unidade e integração com tons terrosos e azuis. Kaká utilizou móveis da Casa Kaiada, Novo Projeto e puffs folheados da Incantto. Destaque para a iluminação realizada pela Luzelle e na produção de objetos desenvolvida pela Container Home. O painel na parede principal da sala escolhido na FonsecaShop foi a vedete do projeto que teve cortinas de tecidos e papéis de paredes fornecidos pela Têxtil.


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Carla Ribeiro & Paula Moura

4 arquitetas www.mrarquitetos.com, projetos@mrarquitetos.com.br, 71 3267.1599 / 8769.0558 / 8769. 0559


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Um living que divide a cena com o home. Uma varanda que também é espaço gourmet, um jantar integrado à área social. Este projeto é focado em receber amigos e integrar espaços! A dupla de arquitetas Carla Ribeiro e Paula Moura escolheu o branco e cinza e aqueceu com a madeira para a composição deste projeto contemporâneo e extremamente elegante. O projeto de luminotecnia deste apartamento levou a assinatura da Casa Kaiada, assim como a escolha dos móveis contemporâneos. Os bancos em madeira foram da Mega Madeira, o fechamento de vidro da Balcony Brasil e os espelhos da Design Vidros. Outro ponto de destaque deste projeto é o piso de mármore fornecido pela Artimex.

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Emerson Carvalho 5 arquiteto emersoncc3@hotmail.com, 71 3264.3827 / 8101.9508

Branco, preto, cinza e vermelho foram as cores escolhidas pelo arquiteto Emerson Carvalho para este apartamento. O projeto luminotécnico desenvolvido por Emerson foi adquirido na Luzelle. O piso Perfect White da Artimex deu uma amplitude e uma modernidade ao espaço. Os móveis levaram a assinatura da Sierra e as cortinas da AD Design. Todos os metais e a pastilha preta da cozinha foram especificados por Emerscon Carvalho na FonsecaShop. A proposta de Emerson Carvalho foi desenvolver um projeto sem estar preso a regras e tendências, elaborando uma casa que tivesse a alma e o estilo do seu cliente! A monocromia foi quebrada na escolha das obras de arte.


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t andrea velame f Xico Diniz

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Cristina Camerino & Vanja Maia 6 designers de interiores cristinacamerino@yahoo.com.br, vanjamam@yahoo.com.br, 71 3353.7985 / 9961.0934 / 9963.2636

O projeto para um apartamento de 130m2 com estilo contemporâneo realçam conceitos de beleza e bem-estar. As profissionais adotaram como base, gesso e iluminação, que valorizaram o layout e personalizaram o ambiente. Tons pastéis e madeira dão aconchego e elegância integrando o living, a varanda e a sala de jantar numa perfeita harmonia para o bem viver. Móveis da Novo Projeto e Quartier fizeram parte da especificação da dupla. Persianas da S’paço Decor também foram utilizadas na concepção deste projeto.


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t andrea velame f Javier Escudero

Protécnica Arquitetura e Engenharia

Há quase duas décadas no mercado, a Protécnica Arquitetura e Engenharia Ltda. se consolida como referência em arquitetura médico-hospitalar no Nordeste. Alinhada aos interesses de um público tão personalizado, a Protécnica executa grandes projetos na região. Dentre eles, o audacioso empreendimento de implantação de um Cíclotron do Grupo Delfin, no município de Lauro de Freitas. “O grande desafio é fazer com que o trabalho arquitetônico humanizado acompanhe a evolução tecnológica dos equipamentos de diagnósticos e terapêuticos que possuem alto custo e são atualizados constantemente”, explica Tânia Eliziario, sócio-fundadora da Protécnica. Com mais de 8mil m2 de área construída, a Artimex foi uma forte parceiria na realização deste empreendimento. A Protécnica vem intensificando sua atuação em vários estados do Nordeste, realizando projetos de média e alta complexidade e acompanhando a execução destes projetos de forma intensa. “Estaremos sempre onde houver empresas interessadas em trabalho de qualidade e responsabilidade”, sentencia Tânia Eliziario. Este projeto da Protécnica foi realizado pela equipe técnica: Clarissa Broad, Thiago Mendonça e Tânia Eliziario.

7 arquitetas www.protecnica.arq.br, 71 9107.0578, 82 3327.4848, 82 9981.9104


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Foto Estúdio Gato Louco



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t Andrea Velame

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Arquitetura verde Ser sustentável está na moda. Atualmente grande parte da sociedade recicla materiais, economiza água e energia. Mas a nova tendência agora é arquitetura sustentável. Você já ouviu falar?

Nos primeiros dez anos do século XXI aparecem as edificações denominadas de Green Buildings, ou Edifícios Verdes, mas não podemos esquecer que já tínhamos adeptos deste movimento nos anos 60 e que, com a crise do Petróleo na década de 70, se começou a falar sobre a necessidade da construção com um menor impacto ambiental. O conceito desta nova maneira de viver é simples. Na hora de construir, reformar ou decorar é importante ficar atento para adotar práticas sustentáveis de aproveitamento de materiais e, acima de tudo, evitar criar resíduos que causem prejuízos à natureza . Para estar adequado ao conceito de arquitetura verde, devem-se usar produtos que possuem algumas características básicas da sustentabilidade como


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salubridade , qualidade, durabilidade e responsabilidade social e ambiental. O custo de uma casa “verde” depende da tecnologia construtiva utilizada para fazê-la, e este investimento costuma retornar em um curto espaço de tempo. A cada ano, as novidades surgem desde painéis solares, a lançamentos de esquadrias com grandes vãos para garantir melhor iluminação, até reutilização de água em casas e edifícios com sistemas ultra modernos de drenagens. Uma outra grande tendência na arquitetura são as paredes vivas e telhados utilizados para plantações, além de fachadas inteiras revestidas de plantas. É a necessidade de uma readequação da arquitetura trazendo a cada dia a natureza para o entorno.

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Um grande ícone em 1936 A Casa da Cascata, projetada por Frank Lloyd Wright, foi concebida a partir da sua integração com a natureza. O arquiteto iniciou o projeto respeitando o curso d’água que passa pela propriedade e imaginou que os futuros moradores sempre sentissem a força com que cai e passa o riacho, não visualmente, mas através do som que se produz, percorrendo toda a casa. A Casa da Cascata é formada por duas partes: a casa principal dos clientes e o quarto de hóspedes. A casa original contém ambientes simples, proporcionados pelo arquiteto, uma sala de estar ampla com uma cozinha compacta no nível térreo e uma enorme suíte principal no segundo andar. O terceiro nível era o lugar de estudo e dormitório do filho do cliente, o Sr. Kaufmann. Todos os recintos da casa se relacionam com o entorno natural. A sala de estar, inclusive, apresenta uma escada que conduz diretamente ao riacho. A beleza desses espaços se encontra em suas extensões à natureza, feito com grandes varandas em balanço, projetadas em ângulos retos, que são elementos esculturais da casa. Para a estrutura das varandas, Wright trabalhou com concreto armado, um material definitivo para dialogar com o entorno. O exterior da casa impõe certa horizontalidade, que se destaca pela presença das pedras e tijolos, e principalmente das varandas. As janelas apresentam uma condição especial: se abrem também nas esquinas da casa, procurando romper a configuração de caixa e permitir a incorporação da natureza. A perfeição de todos os detalhes leva esta obra a uma consistência de alto grau. É uma obra que vai muito além de sua forma, onde a presença física e espiritual do homem se faz mais transparente, em sincronia com a relação harmônica entre arquitetura e natureza!


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77 anos depois

em construção: o primeiro bosque vertical / boeri studio Bosco Verticales de Boeri Studio é um edifício de alta densidade que experimenta a integração da paisagem com a fachada arquitetônica. As duas torres se encontram atualmente em construção em Milão, lidando com o conceito de recuperar a paisagem perdida pela cidade junto com melhorar a habitabilidade dos edifícios atuais. Ambas as torres, de 80 e 112 metros de altura terão uma capacidade de 480 árvores médias e grandes, 250 pequenas, 16.000 plantas e arbustos; o equivalente a um hectare de bosque.

As plantas crescem na fachada, assim como o fazem em um ambiente natural. Elas atuam de maneira similar como ocorreria em uma ‘fachada inteligente’, filtram a poeira do ar, absorvem o dióxido de carbono e liberam oxigênio ao exterior, enquanto dão sombra e um microclima que refresca os meses de verão. Esta ‘recolonização’ urbana com espécies biológicas, além de gerar maior biodiversidade, cria um ambiente seguro para animais que encontram nestas espécies refugio e alimento. Isto leva vida à cidade, vida tipicamente exclusiva de parques e jardins.

A forma dos edifícios foi escolhida para ajudar a prevenir a expansão urbana, proporcionando aos residentes uma paisagem privada dentro de seus apartamentos e oferecendo as mesmas vantagens de viver em uma cidade. A proposta é o equivalente a 50.000 metros quadrados de bosque e casas de família em um entorno de expansão.


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Paulo Salomao / Editora Abril


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Geleia Tropical t Rodrigo Rangel e Flávio Bustani

Pode ser difícil de imaginar, mas um dia artistas brasileiros se reuniram para realizar uma passeata contra a guitarra elétrica. Eram os tumultuados anos 60, a Ditadura Militar estendia seus tentáculos sobre a liberdade de expressão e a influência política e cultural americana assombrava o Brasil. Nesse contexto, a guitarra tinha se tornado um símbolo da colonização estrangeira à música brasileira, e nomes como Elis Regina, Jair Rodrigues e Edu Lobo deram as mãos para combatê-la.


Gabriel Bittar

Paulo Salomao / Editora Abril

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Neste contexto, fica fácil entender o “desbunde” que Caetano Veloso e Gilberto Gil causaram ao apresentarem, no popularíssimo III Festival de Música Popular Brasileira, músicas que combinavam elementos regionais e da música internacional, inclusive com a tal da guitarra elétrica. Não eram quaisquer músicas, e sim dois futuros clássicos: “Alegria, Alegria” e “Domingo no Parque”. Entre encantamento e protestos, estava lançado ali o embrião de um movimento cultural que estende suas influências até os dias de hoje. Nascia o Tropicalismo. As apresentações de Caetano e Gil, que foram acompanhados respectivamente pelos Beat Boys e pelos Mutantes, expressavam a característica mais fascinante dos tropicalistas: a capacidade de harmonizar diferentes tendências e criar algo extremamente original. Mesclando samba, baião e bossa nova com elementos da cultura jovem mundial, como o rock e a psicodelia, o movimento universalizou a linguagem da música popular brasileira e abriu espaço para o surgimento de novos ídolos. Berimbau, distorção e sanfona; Coca-cola, cangaço e espaçonaves, cabiam tudo na geleia geral.

Seleção brasileira Entre aqueles que engrossaram as fileiras do movimento estão alguns dos nomes mais importantes da música brasileira. As letras e poemas de Capinam e Torquato Neto ganharam vida nas vozes de Gal Costa e Nara Leão, enquanto muitos dos os arranjos


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Para ouvir Tropicália ou Panis et Circencis (1968) Considerado um disco-manifesto, foi produzido por Manoel Berenbein, com arranjos do maestro Rogério Duprat, e traz na capa a emblemática foto com a escalação completa do Tropicalismo (cheia de detalhes bem humorados, que garantem a diversão do observador mais atento). Destaques para “Parque Industrial”, interpretada por Tom Zé; Gal Costa cantando “Baby” (música que marcou a carreira da cantora); e a celebração final com o “Hino ao Senhor do Bonfim”, que encerra o disco.

Acervo Iconographia

receberam o acabamento refinado e criativo do maestro Rogério Duprat. Sem contar a inventividade de Tom Zé, a irreverência dos Mutantes e, mais tarde, o swing de Jorge Ben (ainda sem o Jor). Em suas letras, os compositores tropicalistas se relacionavam mais profundamente com a literatura, influenciados pelo modernismo de Oswald de Andrade e pelos poetas concretistas do final da década de 50. Este aprofundamento estético terminou gerando críticas ao movimento, que supostamente negligenciava a situação política do país ao se afastar das canções de protesto, tão recorrentes na época. Aos críticos restou a hoje célebre frase de Caetano: “Vocês não estão entendendo nada!”.

Aquele abraço Apesar de toda repercussão, o Tropicalismo teve vida curta. Iniciado em 1967, o movimento teve o seu final relacionado às perseguições do governo militar a Gil e Caetano, presos pela primeira vez no final de 1968, e o consequente exílio dos dois em Londres, onde permaneceram até 1972. Se o movimento durou pouco, seus desdobramentos podem ser sentidos até hoje na música brasileira. Alguns de seus participantes se tornaram referências da música mundial e suas sementes proporcionaram o nascimento de ritmos como o samba-rock e o mangue beat. Canções como “Tropicália”, “Alegria, Alegria”, “Baby’, “Panis et Circensis”, “Aquele Abraço” e “Domingo no Parque” se tornaram verdadeiros hinos e continuam sendo cantadas nos quatro cantos do país.

Gilberto Gil (1968) A vibrante capa de Rogério Duarte já anuncia: este é um disco tropicalista. Com arranjos de Rogério Duprat, músicas de Gil em parceria com Torquato Neto e a participação dos Mutantes, que funcionaram como banda base para o álbum, o disco reúne alguns dos pilares do movimento. No repertório estão as marcantes “Frevo rasgado” e “Domingo no Parque”.

Os Mutantes (1968) As ideias tropicalistas tomam formas claras no disco de estreia da banda liderada por Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias. Como em “Panis et Circencis”, que se tornou um dos hinos do movimento, e “Bat Macumba”, que surpreendeu a todos na época pela sua temática afro-religiosa e a relação íntima com a poesia concreta. Destaque ainda para “Adeus Maria Fulô”, baião composto por Humberto Teixeira e Sivuca e “A Minha Menina”, com participação de Jorge Ben Jor.


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A Marca Brasil! t Paula Reis

Não é de hoje que o mundo anda de olho no que se faz nas terras tupiniquins. Desde nossa querida lusitana com alma brasileira Carmen Miranda (1909-1955), que conquistou o Brasil e os Estados Unidos com a célebre canção de Dorival Caymmi (1914-2008) “O que é que a Baiana Tem?”, até a Bossa Nova e o Tropicalismo, o Brasil Tropical sempre representou estilo, design, alegria e sensualidade inigualável. Marcas brazucas cada dia mais despontam nos cinco continentes. As velhas Sandálias Havaianas, aquelas que não soltam as tiras e que não têm cheiro, são sinônimo de conforto e bom gosto em looks de verão. Para se ter uma ideia do atilamento destes calçados, atualmente são exportados, somente nos EUA, 22 milhões de pares por ano, distribuídos em 1.700 pontos de venda. E pensar que, no ano de seu lançamento, em 1958, até a década de noventa, as Havaianas eram consideradas “chinelo de pobre”. Mas campanhas publicitárias com o intuito de divulgar o produto no exterior, a

partir de 1997, centraram na marca como algo tipicamente brasileiro. E este era exatamente o filão. Com suas várias cores a simbolizarem o mar, as matas e as frutas do Brasil, e seu formato simples (uma base de borracha ligada a duas tiras), despojado, perfeito para quem sai à praia, à piscina ou às ruas em dias ensolarados. As Havaianas transformaram-se, nos anos 2000, no maior símbolo da moda vindo de um país emergente, cuja população, com poder aquisitivo crescente, tem viajado mundo afora consumindo com intensidade e sendo, por isto, cada vez mais bem recebida no exterior. Até a maior loja de departamentos do mundo, a Macy’s, apostou na brasilidade como tema do seu verão 2012, em sua campanha “A Magical Journey”. A nossa cultura foi celebrada pela gigante corporação nova-iorquina em diversas coleções inspiradas nas nossas cores e nos nossos artistas, como os designers Marcelo Rosenbaum, Romero Brito, Isabela Capetto, Francisco Costa (o designer da poderosa Calvin Klein), entre outros. Um

time de craques que também vestem a camisa canarinho. Todas estas conquistas e reconhecimentos são reflexos da ascensão econômica brasileira, atual sexta maior economia do Planeta. Somos vistos com olhos diferentes do tempo em que éramos apenas o “País do Futebol”. Claro que o ludopédio continua a desempenhar papel de destaque na projeção do Brasil no mundo.


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Contudo, agora, ele e outros esportes servem como mais um atrativo para a realização de eventos dentro de nosso quintal, o que antes nem se cogitava. Os dois maiores acontecimentos esportivos da Terra, com movimentação financeira de bilhões de dólares, serão realizados consecutivamente no Brasil. A Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas do Rio de 2016 são a prova inequívoca de que nos

tornamos gente grande e com dinheiro aos olhos dos “velhos ricos”. Alguns nem tanto, como a maioria das nações europeias. Com a visibilidade econômica brasileira, o que se produziu e se produz por aqui em termos de artes naturalmente começa a ser procurado pelos “gringos”. Aí é que o Tropicalismo entra em cena. Carmen Miranda, com seus balangandãs, inspirados na música do baiano Caymmi “O que é que a Baiana Tem?” foi a precursora inconsciente deste movimento, materializado e sistematizado cerca de duas décadas depois por Caetano, Gil, Gal, Bethânia e outros. Não apenas Carmen, mas outros brasileiros famosos contribuíram para tornar o Brasil o “País das Cores e dos Sentidos”, hoje revisitado, por esta alcunha, pelos grandes do cenário mundial. Ary Barroso (19031964), compositor de sucessos musicais tipicamente tropicalistas, como “Aquarela do Brasil” e “No Tabuleiro da Baiana”. Di Cavalcanti (1897-1976), pintor responsável por quadros como “Samba” (que

retratava um grupo de sambistas, em primeiro plano, com vários morros ao fundo, lamentavelmente destruídos em agosto deste ano, num incêndio na casa do marchand Jean Boghici), “Mulheres com Frutas”, “Duas Mulatas”. Jorge Amado (1912-2001), autor lido em 55 países e por 49 idiomas e dialetos diferentes, responsável por livros essenciais da brasilidade, como “Gabriela, Cravo e Canela”, “Tenda dos Milagres”, “Tieta do Agreste” e “Jubiabá”. Os artistas e suas obras aqui citados, e outros do gênero, traçam um Brasil, por assim dizer, brasileiro. É o país da mulata, do índio, da floresta, das praias, do sol, das frutas, das aves, das cores, das sensações, enfim, das nossas coisas. Toda esta gama de elementos está dentro da febre pela Pátria Brasilis que tem feito tremer a Terra, sendo estudadas e enaltecidas pelas mais respeitadas casas de moda do mundo. As Havaianas, como já ressaltado, são um símbolo deste bem sucedido processo. O Planeta é Brasileiro, é Tropical!


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Oiticica:

o herói, o marginal t Joana Rizério As últimas notícias que recebi sobre Hélio Oiticica, um dos mais importantes artistas plásticos brasileiros, vieram em um correio maldito: um incêndio, em 2009, destruiu, estima-se, 70% de sua obra. As primeiras, entretanto, foram notícias melhores. Adolescente e sem qualquer repertório de arte, em 2005 visitei o Inhotim, museu de arte contemporânea em Brumadinho, Minas Gerais, e vi, pela primeira e única vez, uma obra de Oiticica. “Cosmococa 5 Hendrix War” é apresentada numa sala com pouca luz e com sofás e redes para o público sentar, caixas de som poderosas tocando “Purple Haze”, de Jimi Hendrix, e projeções de fotos do músico, Marilyn Monroe e Yoko Ono cobertos de desenhos feitos com cocaína. O ambiente faz parte de uma série chamada de “Blocos Experiências em Cosmococa”, todas com trilhas sonoras específicas e projeções com a droga.


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O uso da cocaína na obra de Oiticica é recorrente e aparece como símbolo de resistência ao imperialismo americano e em referência à contra-cultura – coisa que Andy Warhol já tinha feito colorindo Marilyn e replicando as famosas latas de sopa Campbell. Em todas as Cosmococas – aliás, em quase tudo de Oiticica –, o público interage e assim a obra, efêmera por definição, acontece. Nascido em berço fértil - o avô, José Oiticica, foi um conhecido jornalista, anarquista e filólogo; o pai, José Oiticica Filho, era um dos mais importantes fotógrafos brasileiros – Hélio teve educação informal, com aulas particulares ao invés de escola. Deixou o Rio de Janeiro para morar com a família em Nova York aos 10 anos, e na volta, já com quase 20, estudou pintura e desenho. Ele subverte a tela e adota o ambiente como o suporte de sua arte quando funda, em 1959, o Grupo Neoconcreto com Lygia Clark e outros importantes artistas da época. A ideia da arte interativa, fui descobrir mais tarde, era a grande senha pra desvendar um pouco da estética e do jeito de pensar de Oiticica, que morreu em 1980. Da interação nasce o termo antiarte, que Oiticica define como arte experimental, fora dos padrões, que transcende o quadro e invade espaços além de museus e galerias. São obras que, sozinhas, não significam coisa alguma: funcionam apenas com a presença do espectador. Representa a quebra, sobretudo, da relação passiva do visitante, costumaz em tudo que é época. Os Parangolés são o maior exemplo da arte interativa de Oiticica. São tipos de obras para se vestir ou para se usar como estandarte ou bandeira – só “viram” arte assim, quando usadas. Na década de 1960, Oiticica conhece a comunidade do Morro da Mangueira e transforma os integrantes da escola de samba em parte dessa obra. A criação seria apresentada na mostra Opinião 65, no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro. Mas ao ver o circo armado – sambistas, instrumentos, passistas, Parangolés – a direção do MAM resolve expulsar todo mundo. Reza a lenda que Oiticica aproveitou para apresentar a obra na rua, obtendo muito mais sucesso e atenção do que se estivesse do lado de dentro.

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SEJA MARGINAL Nos anos 1970, a imprensa e a polícia carioca brindavam o episódio final de uma história com meses de capítulos: a morte de Cara de Cavalo, bandido à La Robin Hood pintado pela mídia como perigoso por ter supostamente matado um detetive. Depois de histórica perseguição, Cara de Cavalo foi encontrado e morto com mais de cem tiros pela Scuderie Le Coq, organição clandestina criada para vingar a morte do PM. Mais tarde, descobriu-se que Cara de Cavalo não era o autor do assassinato do detetive. Hélio Oiticica era amigo do suposto bandido e fez uma homenagem que, segundo ele, vinha da necessidade de “um momento ético numa sociedade que marginaliza e mata”. A obra Homenagem a Cara de Cavalo é uma caixa com fotografias do jovem morto. Em 1968, Oiticica complementa a obra com o poema-bandeira “Seja Marginal, Seja Herói”, que os tropicalistas Caetano Veloso, Gilberto Gil e Os Mutantes usariam mais tarde como pano de fundo dos seus shows.


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TROPICÁLIA Duas tendas, cenário tropical e uma espécie de labirinto com paredes coloridas, montado sobre um chão coberto de brita, levam a um ambiente totalmente escuro onde há uma televisão sempre ligada. Era preciso tirar os sapatos pra entrar no penetrável Tropicália, de Hélio Oiticica, que integrou a mostra Nova Objetividade Brasileira, exposta no MAM do Rio em 1967, e mudou para sempre o rumo da cultura no Brasil. A obra era um brado pelo fim do mito estrangeirizado da brasilidade, que só existia, como ideia, nos

estereótipos americanos e europeus. Caetano Veloso, no livro Verdade Tropical, conta que a primeira vez que escutou o nome Hélio Oiticica foi num almoço, “na casa de não se sabe quem em São Paulo”, onde pediram que ele cantasse algumas de suas composições. Foi aí que ele entoou “Sobre a cabeça os aviões/ Sob os meus pés os caminhões/ Aponta contra os chapadões meu nariz”, canção ainda sem título definido, e impressionou o fotógrafo e cineasta Luís Carlos Barreto. O amigo, que tinha acabado de

assistir à exposição da obra Tropicália, insistiu que Caetano usasse o mesmo nome. “Eu naturalmente disse que não, que não poria o nome da obra de outra pessoa na minha música”. Na verdade, Caetano não tinha gostado muito do nome, mas gostava muito menos do título Mistura Fina, único em que tinha pensado. “Como eu não achasse nunca um outro melhor e o disco já estivesse pronto,Tropicália ficou e oficializou-se”. A Tropicália, enquanto movimento, começa em uma noite em 1967, no Festival de Música Popular

Brasileira (programa de TV que revelou a maioria dos artistas consagrados da MPB, como Nara Leão, Wilson Simonal e Elis Regina). As apresentações de Gilberto Gil, com Domingo no Parque, acompanhado de grande orquestra e dos então “meninos” dos Mutantes; de Tom Zé, com a emblemática São Paulo – “São oito milhões de habitantes/ De todo canto em ação/ Que se agridem cortesmente/ Morrendo a todo vapor” –; e de Caetano, com Alegria, Alegria, acompanhado do grupo roqueiro The

Beat Boys, marcaram a gênese do movimento. A contribuição de Oiticica foi além do simples empréstimo do nome. Sem deus, demônio ou mártir, o movimento tropicalista traduzia o que Oiticica e outros artistas, estudantes, jornalistas, pintores, escultores, compositores e cineastas de sua época queriam: fazer arte, já que a experiência estética era, ela própria, um instrumento social revolucionário. A outra batalha era por construir uma identidade real, que não negava as nossas araras e bananeiras, mas ia muito além delas.




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A natureza do que vai Ă mesa t nyala cardoso f EstĂşdio Gato Louco

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O Chef Beto Pimentel tem uma presença de espírito tão gostosa quanto as maravilhas que ele põe à mesa, para a delícia de quem tenha o prazer de saboreá-las. Boa praça, divertido e de bem com a vida, o garoto de 79 anos levanta cedo e se mete no pomar, aos fundos do restaurante que mantém há mais de 20 anos no bairro do Cabula, para fazer o que mais gosta: colher os bons frutos do que tem plantado ao longo desses anos todos.

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Marcamos a entrevista numa quarta-feira, quase fim de tarde, tentando fugir do inevitável e bem-vindo alvoroço dos meios-dias, quando o Paraíso Tropical fica repleto de paladares ansiosos, fazendo filas na rua. Sentamos lá nos fundos, entre as plantas da chácara do restaurante, onde estão alguns dos cerca de 35 mil pés de plantas que Beto cultiva– os outros ficam na sua fazenda em Bom Jesus dos Pobres, na região do Recôncavo, lugar de refúgio do chef.

Antes de qualquer pergunta, Beto me deu uma frutinha: “coma isso!”. O Achachairú é um pequeno fruto de cor alaranjada e polpa branca e suculenta. Pequeno no tamanho, mas de sabor imenso. E assim abrimos a entrevista e o apetite, passeando pelo pomar, entre uma agradável conversa e deliciosas degustações in natura.


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“Essa aqui, menina, é a Fruta do Milagre. Tem um fruto vermelho e tão doce, que se você chupar um limão depois, ele também fica doce!”. Beto parecia um alquimista, revelando os mistérios da natureza. Provei uma florzinha de cor rosa pink, que mais tarde coloriu a surpreendente moqueca de camarão. A flor tinha gosto de vinagre e Beto explicou que a usa para dar o sabor acre dos molhos: “não uso nada industrializado, aproveito os sabores característicos das plantas para temperar a minha comida”. É assim com o dendê e o leite de cocô, tudo natural. Até a água que ele cozinha não tem cloro: é agua de coco verde. O dendê ele espreme do próprio fruto direto na panela, no finalzinho do preparo, para que o calor do fogo não transforme o alimento em triglicerídeo, um veneno para o organismo. “Assim como o amor, a gastronomia deve ser permeada pela consciência. Amor inconsequente é pior que não ter amor”, afirma o chef, casado com a bela e simpática fisioterapeuta Luzia Silva. O fascínio e respeito pela natureza é herança do pai, Luiz Pimentel, que saía mata adentro de suas terras plantando de tudo e já naquela época se posicionava contra o desmatamento e a favor da preservação da natureza. “Ai de quem tirasse uma árvore das margens do rio!”, lembra Beto. A paixão pela gastronomia

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aconteceu por acaso, quando Beto fazia Agronomia em Piracicaba, interior de São Paulo, e cozinhava, por saudade, alguns quitutes baianos para os colegas. O dom natural foi revelado e Beto começou a ganhar dinheiro com suas receitas, fazendo jantares de aniversário até nas cidades vizinhas. “Mas eu estava às cegas, naquela época não havia faculdade de gastronomia e eu queria entender como o alimento funcionava no nosso organismo. Aproveitei que minha mãe foi passar um ano na França, fui com ela e me especializei em química alimentar”, conta. Beto foi se alimentando de diversos cursos na área da gastronomia, como apicultura, piscicultura e floricultura, até se tornar um exímio mestre na arte da culinária. Hoje o Paraíso Tropical é o único restaurante no Brasil premiado pelo prestigiado Le Cordon Bleu de Paris e o único sul-americano que ganhou o prêmio de gastronomia da FITUR (Feira Internacional de Turismo), em Madrid. A cozinha de Beto Pimentel é feita, predominantemente, com as maravilhas da flora brasileira. São inúmeras plantas, flores e frutos sazonais que dão cor e sabor às imprevisíveis receitas do chef, numa espécie de ‘culinária tropical consciente’. Para Beto, um país com a dimensão territorial do Brasil, com a fantástica diversidade que nós temos, não precisa passar a vida sendo papel carbono do primeiro mundo. Segundo ele é preciso, aí sim, aprender a técnica deles, que é milenar: “centenas de chefes passaram a vida inteira desenvolvendo técnicas maravilhosas para te dar de mão beijada. Você aprende, agradece e modifica”, pondera.

Não há como não se encantar ainda mais pela natureza e pela agricultura quando se caminha pelos quintais de Beto. A cada planta, uma divertida descoberta. A Sapota Negra, um caqui selvagem de polpa negra e muito doce, foi presente do embaixador do México. A folha da “Menta Verdadeira”, divulgada pelo chef como “a planta pra namorar”, refresca o hálito como uma pastilha de menta mesmo. Tudo cultivado de maneira orgânica, sem agrotóxicos ou aditivos. “Quem dera a gente pudesse abastecer o mundo apenas com produtos orgânicos!”, lamenta Beto, que defende de maneira enérgica um controle de natalidade mais expressivo, por parte do governo. Viúvo de quatro mulheres e pai de 23 filhos, Beto se defende: “Ah, minha filha, naquela época eu não tinha consciência, não. Eu queria era povoar o mundo!”.






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Um brinde ao design! O Circuito de Alta Decoração premiou os arquitetos do 2º e 3º semestres do ano de 2012 em duas noites que brindaram a Decoração Baiana em grande estilo!

4 1 Tania Dias 2 Kaka Bulhosa 3 Camila Mariana 4 Ana Paula Nonato 5 Paulo Fonseca

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6 Naissa Vieiralves e Roberto Leal Neto 7 Fatima Romeu e Rosario Calmon 8 Vanja Maia 9 Wilna Carneiro e Emerson Carvalho 10 Luiz Claudio Souza e Gabriel Magalh達es


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11 Eliane Kruschewsky 12 Cรกtia Bacellar 13 Paula Brandรฃo e Eduardo Schnitman 14 Inez Fraguas Fraga e Danilo Fraga 15 Flรกvio Moura e Nรกdia Taquary


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16 Simone Drouillard e Andrea Sá 17 Mila Saraiva e Maurício D’Ávila 18 Marcia Amaral, Daidone Junior e Regi Amaral 19 Indayá São Bernardo 20 Isa Brandão, Vanja Maia, Monicka Daniela e Cristina Camerino


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21 Marcos Renê e José Amâncio 22 Paula Moura e Paulo Guimarães 23 Rodrigo Poegere e Daniela Silvany 24 Joane Freitas, Andrea Velame e Lucinha Santanna 25 Elio Marques e Lorena Landim 26 Thais Abreu e Vitor Brasileiro


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