Conceito AV#10

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grupo av | foto estĂşdio gato louco



Isay Weinfeld  13 A “poesia do concreto” de Paulo Mendes da Rocha  49 Um traço único, um resultado surpreendente...isto é Arthur Casas!  54 Andando pelo centro de São Paulo  61 Comer, rezar e pedalar...   84 Chicago OS BONS VENTOS DA ARQUITETURA  90 Fernanda Yamamoto: A nova moda da Vila  103 ALMA MARIA: A Alma de Arthur em um recanto na Oscar Freire  106 conceito Moda  114 Close: Adriana Barra  122 Como vivem os arquitetos baianos: Paulo Andrade, Sidney Quintela, Camilo Baiardi, Thiago Manarelli  125 In Loco: Dado Castello Branco  153 In Loco: Rebecca de Gonzaga  163 In Loco: O contemporâneo paulista por Marco Aurélio Viterbo  171 Irmãos Campana  187 conceito Música  193 Conceito Fotografia  196 Musa Madalena  206 Tô Retrô  210 Sofá 214


editorial stou vivendo um momento muito especial na minha vida e quero dedicar este ano a todos os meus amigos, a minha família. Meus pais, meus irmãos, minha sogrita, meus cunhados e sobrinhos, aos filhos lindos e ao meu marido, que sabe como ninguém aplaudir de pé cada conquista na minha vida. Mas vocês devem estar curiosos sobre o que me faz tão feliz. Os motivos, gente, são variados. O primeiro deles é a comemoração da 10º edição da Conceito AV, um projeto que nasceu de um grande sonho, que começou a engatinhar e agora ensaia os seus primeiros passos. Essa edição vem com o projeto gráfico completamente renovado pelo designer Nando Cordeiro. A minha idéia foi mais uma vez apresentar ao mercado algo novo e inusitado, nunca visto. Por isso decidimos produzir uma revista que homenageasse SP, passando pela arquitetura de Isay sem se distanciar da antiga arquitetura do centro paulistano, do design dos Irmãos Campanas, da musicalidade de Crioulo, do Close de Adriana Barra ao toque retrô de Santa Madalena. Foi assim que construímos o nosso Especial Sampa, que, vez ou outra, visita a Bahia, mostrando o jeito de viver de alguns nomes do cenário de arquitetura e decoração baiano. Além da nossa 10º edição, outras novidades me fazem comemorar: o Blog AV está fazendo 1 ano e o programa Tudo AV comemora 8 anos de sucesso retornando para Band! E para fechar com chave de ouro, conseguimos realizar outro grande sonho: a nossa CASA CONCEITO: um espaço múltiplo de trabalho, onde funcionará a produtora, a editora, o escritório de arquitetura e designer NV, um versátil estúdio de gravação e um espaço de entretenimento com direito a mesa de bilhar e muita alegria! É mesmo tempo de brindar! Andrea Velame – editora coordenadora


Quem faz

Andrea Velame direção geral

Tarcisio Almeida produção

Thais Muniz produção

Nyala Cardoso produção

Letícia Tararam jornalismo

Nando Cordeiro design gráfico

Lucas Assis e Paula Reis fotógrafos

Impressão Editora Vox

Secretária Mery Santos

Marcelo Negromonte fotografia de arquitetura

Revisão Textual Ernest Bowes

TUDO AV Editor-chefe de vídeo Eduardo Monteiro Assistente de produção Giancarlo Santos

Distribuição Salvador e São Paulo – Departamento comercial comercial@programatudoav.com.br – Fale com a redação producao@andreavelame.com.br




Isay Weinfeld Conceito Arquitetura

Texto Andrea Velame

Foto Leonardo Finotti

Cineasta Diretor de Teatro Apaixonado por Música Fascinado por Ingmar Bergman Arquiteto por Formação Mestre por aptidão!

unca morou fora do Brasil, foi estudar arquitetura por lhe parecer um curso aberto o suficiente para abrigar suas preferências, Isay Wenfield tem um estilo elegante apurados sem excessos, mas poderá sorrir em situações inimagináveis assim como na sua arquitetura, carregada de elementos surpresas.


Toda casa projetada por Isay Weinfield tem uma entrada camuflada, discreta, imperceptível a contextualização urbana, poeticamente seria como sussurar aos visitantes o quão gostoso é o prazer da descoberta. Isay faz brincadeiras sensoriais, aberturas inusitadas, trabalha muito bem a luz. Os corredores nos seus projetos passaram a nos reportar a sonhos, no traço deste mestre que transita com desenvoltura absoluta na arquitetura do século XXI.



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A loja Carina Duek, localizada na Rua Oscar Freire, em São Paulo, foi projetada por Isay Weinfeld para ser um verdadeiro closet dos sonhos. O conceito desenvolvido pelo arquiteto expressa perfeitamente o estilo e a moda criada pela estilista, unindo o romântico e delicado ao contemporâneo. Ao centro da fachada de vidro da loja foi colocado um grande guarda-roupa antigo de madeira. É preciso atravessá-lo para entrar na loja, dando a sensação ao cliente de estar entrando num closet. O projeto traduz o espírito da marca e da estilista, feminina e inquieta, mesclando referências da moda e arte.

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O projeto da Livraria da Vila, no Shopping Cidade Jardim, pauta-se na valorização do produto e o conforto do cliente. Ocupando 2.300 m², distribuídos em dois andares, a nova loja apresenta uma escala completamente diferente da antiga. A forma encontrada por Isay para transitar pelos grandes vãos foram pequenas pontes a partir do mezanino. Três volumes avançam sobre o grande vazio central a abrigar, distintamente, o auditório, a seção de CDs clássicos e jazz, e o espaço para eventos de lançamento de livros. O grande destaque do projeto fica por conta das duas escadas pintadas de amarelo que servem como circulação vertical.



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HOTEL FAZENDA BOA VISTA ocalizado na Fazenda Boa Vista, no interior paulista, a menos de 100 km de São Paulo, o hotel Fasano Boa Vista é o primeiro empreendimento de campo com a marca Fasano no país. Referência no Brasil, na Fazenda Boa Vista a natureza tem papel principal. São mais de 100 alqueires de mata nativa, fechada e preservada, e 15 lagos, além de bosques e jardins cuidadosamente integrados às construções já existentes e futuras do condomínio. Em vez de ruas, alamedas com árvores de mais de 50 anos. O empreendimento já conta com as Villas Fasano e um restaurante. Com projeto de Isay Weinfeld, o hotel traz todo o conforto, requinte e sofisticação da grife Fasano para o ambiente descontraído do campo. Excelência no serviço, totalmente integrado à natureza, e o ambiente despretensioso do campo se unem com o conforto e sofisticação da marca comandada pelo restaurateur e hoteleiro Rogério Fasano. A arquitetura do Hotel Fasano reforça o trabalho de Isay Weinfeld, que materiais nobres e atemporais se tornam marca registrada nos seus projetos.


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A “poesia do concreto” de

Paulo Mendes da Rocha Conceito Arquitetura

Texto Andrea Velame Fotos Leonardo Finotti

ma arquitetura monolítica da década de 70, uma reverência ao concreto, uma casa sem janelas. Isto tudo nos faz refletir sobre a força da arquitetura de Paulo Mendes da Rocha, o segundo brasileiro – antecedido por Oscar Niemeyer – a receber o Prêmio Pritzker, prêmio de arquitetura de maior prestígio no mundo, pelo conjunto da sua obra.



Nessa residência peculiar, Paulo Mendes da Rocha foi na contramão da estética modernista da “transparência”, em que costumava basear seus projetos. O concreto armado é eleito como o principal protagonista, e é através dele que o espaço interno é moldado, sobrando ao teto de vidro iluminar o interior. Uma vez que a iluminação natural interna é conquistada basicamente por meio de clarabóias, em um terreno escavado com muros de arrimo e paredes-viga, a leitura externa do edifício pouco revela de seu interior. É concreto em estado puro. Na planta original, o pavimento térreo recebeu a cozinha, sala de estar e jantar . Os quartos e escritório definem o primeiro andar, e uma escada externa helicoidal liga os três pavimentos, saindo do escritório e chegando até a lavanderia. A cobertura da casa, além de possuir os panos de vidro horizontais que delimitam a iluminação interna, se constitui por uma laje nervurada, sistema que seria utilizado anos mais tarde em muitos projetos contemporâneos. A Casa Leme, por suas experiências com iluminação, se revela como importante laboratório de ideias e vivências. Na casa, não é possível saber o que acontece na rua, a maior companhia é o brio do céu. É desta forma, sublime, divina, que aprendemos a sentir a poesia, que o mestre Paulo Mendes da Rocha extrai da rigidez do concreto.



Rua Cezar Zama, 211, Barra, (71) 3267-2386 Salvador Shopping, 2ยบ piso, (71) 3018-1912 Salvador - Ba www.facebook.com/BonieMaison


Conceito Arquitetura

Um traço único, um resultado surpreendente... ...isto é

Arthur Casas!


Texto Andrea Velame Fotos Leonardo Finotti

cliente: um jovem casal de 35 anos, com 02 filhos e que sonhavam com a segunda residência para usufruir nos finais de semana. Escolheram o condomínio Quinta das Baronesas, endereço exclusivo, a duas horas de São Paulo. Justamente por estar em um local menos caótico do que a grande metrópole, a residência foi desenvolvida com o objetivo de se tornar um oásis dos fins de semana, ou seja, um ponto de fuga da correria estressante do dia-a-dia.


58 O volume da entrada da casa se transforma quando visto lateralmente: uma grande janela de vidro traz o horizonte para dentro da casa.


O cubo que projeta o living para fora recebeu uma grande esquadria de vidro para privilegiar a integração com o externo, e uma marquise horizontal foi projetada sobre a piscina para equilibrar definitivamente a arquitetura de Arthur Casas.

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Para projetar esse “pequeno pedaço do paraíso”, o casal convidou ninguém menos que o arquiteto Arthur Casas. As exigências eram poucas: pediram uma casa brilhante com uma visão total do campo de golfe e o máximo de integração entre construção e a natureza. Desenvolver um projeto onde a casa ficasse despercebida, do ponto de vista da rua, em função da topografia acidentada, era um dos objetivos do projeto. Por isso, a integração entre a construção e a natureza ao redor era essencial. A entrada da casa fica em um nível acima dos outros, o que deixa a parte principal escondida e mais protegida, com a vista livre para o horizonte. Ter elementos surpresas e uma volumetria singular foi o maior desafio do arquiteto, que desenvolveu o projeto desta casa usando materiais orgânicos como a madeira cumaru de manejo sustentável e tijolos antigos de demolição, conseguindo com isto a harmonia perfeita entre o interno e o externo.


60 A arquitetura de interiores da casa reitera o trabalho de Arthur, onde as peças só existem quando damos funções à ela.


Flavio Moura

Wagner Paiva

Paulo Andrade

Mariana Barreto

Eles preferem Black Tie. Mac, uma quest達o de estilo.

Mario Figueiredo

Marlon Gama



Andando pelo centro de São Paulo texto Juan Esteves Fotos Juan Esteves

arquitetura conta, a sua maneira, a história de uma cidade. Por meio de suas construções, podemos perceber também o quanto o homem evoluiu e o quanto não. Por maior que seja a falta de atenção, uma pessoa não fica indiferente ao andar pelas ruas de Roma ou Paris, por exemplo. Os vestígios das suas antigas civilizações chamam a atenção do transeunte inexoravelmente. Estão ali expostos, clamam pelo nosso olhar, buscam por alguém que escute novamente suas histórias.

EDIFÍCIO ALEXANDER MACKENZIE (Antiga Light , companhia que gerenciava os bondes e a energia de São Paulo ) fica na Rua Xavier de Toledo com Viaduto do Chá é um projeto dos arquitetos norte-americanos Preston e Curtis, foi construído entre 1925 e 1929. Projetado como sede da Cia Light (empresa de origem canadense) Foi construído em duas etapas. A primeira, a fachada mais extensa é no Viaduto do Chá, e foi terminada em 1929 e executada pelo escritório Técnico Ramos de Azevedo. A segunda fase, com fachada para rua Formosa, construída em 1941 é do Escritório Severo & Villares (sucessor de Ramos de Azevedo).


A cidade de São Paulo não é muito diferente. Precisamos, em certos momentos, voltar à sua arqueologia recente. Apesar de centenária, ao contrário da arquitetura italiana ou francesa, não está ali protegida, destacada. Nossa “Capital” histórica reside, inerte, sobre diversas camadas, que nos afugentam de sua percepção. Creio que a função da fotografia é penetrar esta trama e revelar o que a maioria não vê, quase uma restauração de um objeto digno de ser preservado e estudado.

IGREJA DE NOSSA SENHORA DA BOA MORTE Situada na rua do Carmo, foi construída em Taipa de Pilão em 1810 com decoração rústica. Fica no início do caminho da Serra e seus sinos anunciavam a chegada das personalidades vindas do Litoral. Com quase 200 anos e depois de longo período de decadência e abandono o templo foi restituído ao seu estilo original, o barroco colonial paulista em 2007-2008)


PRÉDIO RUA SAO BENTO 201 Foi uma casa residencial do período da Primeira República, modernizada na década de 1920, em estilo Art Noveau.

Venho de uma família de arquitetos há três gerações. Arquitetura e fotografia tem muito em comum. Fotografia e história mais ainda, lidam com a memória, com aquilo que deve ser mantido e, quase me torno a quarta geração. Entretanto, as imagens que via, ainda garoto, em antigas coleções de revistas como Habitat e Módulo e, mais tarde, a revista Projeto, me incutiram outros caminhos, que não o da construção, mas o da preservação pelo registro imagético. Coisas na verdade não excludentes, mesmo quando documentais e artísticas.


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Residência DINO BUENO O sobrado construído no final do século XIX era do senador e governador Dino Bueno e pertenceu a família até 1933. Está situado na rua Guaianazes, no Bairro do Campos Elíseos, que é considerado o primeiro loteamento planejado de São Paulo. Esta residência e a vizinha, que também pertenceu a Dino Bueno, são construções contemporâneas e apresentam características que as enquadram no ecletismo dominante no período. O interior da casa ainda guarda a compartimentação da primitiva planta, articulada irregularmente, além de elementos originais como esquadrias, forros, batentes e vidros.


Estação da Luz (São Paulo Railway Station) Aberta ao público em 1º de março de 1901, a Estação da Luz ocupa 7,5 mil m² do Jardim da Luz, onde se encontram as estruturas trazidas da Inglaterra que copiam o Big Ben e a abadia de Westminter. A estação tornou-se porta de entrada também para imigrantes, promovendo a pequena vila de tropeiros a uma importante metrópole. Esta importância, concedida à São Paulo Railway Station, como era oficialmente conhecida, durou até o fim da Segunda Guerra Mundial. Em 1946, o prédio da Luz foi parcialmente destruído por um incêndio. A reconstrução da estação foi bancada pelo governo e se estendeu até 1951, quando foi reinaugurada.

O roteiro desta Capital tem muito de autoral. O uso do preto e branco remove a temporalidade dos edifícios, tornando-os mais palpáveis em suas nuances, em suas tonalidades, e principalmente na suas belíssimas geometrias que beiram o dramático em sua acepção mais ampla. A remoção dos ruídos, que impedem a visão clara, os tornou definitivamente mais legíveis e, em certos casos, renovados em seu esplendor original.

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CASA ALVES DE LIMA Um dos edifícios mais antigos da cidade, situado na rua Barão de Itapetininga, entre a Praça da República e a Praça Ramos, no coração do centro de São Paulo, está sendo recuperado dentro de um programa patrocinado pela Empresa Municipal de Urbanização (Emurb) e pela Associação Viva o Centro. Ramos de café na decoração da sacada e mármores de Carrara nos pisos atestam a opulência dos primeiros proprietários, os Alves de Lima, que moraram ali até os anos 50. Em 1960, quando a família resolveu transformar a residência em prédio comercial, desmembrando os nove andares em 248 unidades.


O centro histórico que observamos no perímetro em que essas belas construções se encontram é compacto, resultado de uma expansão violenta e não muito organizada. À medida que a cidade se verticalizou, esta compactação aumentou ainda mais. Um desafio enorme para quem trabalha com luz e sombra, fundamentos básicos de qualquer imagem, monocromática ou não, mas de certa forma extremamente prazeroso em sua busca.

Minha intenção foi produzir imagens que se tornassem próximas de seu registro memorialista, mas que não perdessem a afinidade com o observador. Por isso a escolha de ângulos que salientassem mais as características arquitetônicas e menos sua totalidade que, na verdade, seria impossível vertê-la por um mero aparato ótico como a câmera fotográfica. Aquele mesmo ângulo visto por qualquer pessoa que andasse pelas ruas, ou melhor por aquele flâneur, buscando delicadas marcas entre um gigantesco bloco.

THEATRO MUNICIPAL DE SAO PAULO Na Praça Ramos de Azevedo. Projeto dos arquitetos Ramos de Azevedo, Domiziano e Claudio Rossi. Recebeu influência da Opera de Paris e sua arquitetura tem traços renascentistas e barrocos. As suas obras começaram em 1903 e após 8 anos foi inagurado com a ópera Hamlet, de Ambroise Thomas. São Pauo então se integrava aos grandes espetáculos intenacionais. Por ele passaram nomes como Ana Pavlova, Isadora Duncan, Nijinsky, Enrico Caruso, Ella Fitzgerald, e a famosa Semana de Arte moderna de 1922, foi organizada em seu prédio. Teve até hoje 3 grandes restaurações.


EDIFíCIO GUINLE Foi projetado pelo arquiteto Hippolyto Pujol em 1913, foi um dos prédios mais arrojados da época e se destacava no centro. Era sede das empresas da família Guinle, construído para abrigar os escritórios que gerenciavam a Cia Docas de Santos, cuja família Guinle teve concessão por décadas.


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EDIFÍCIO MARTINELLI Na rua São Bento, surgiu por desejo do Conde Giuseppe Martinelli, que sonhava ser arquiteto. A idéia é que o edifício fosse um tributo a cidade que o adotara. Para isso vendeu toda sua frota de navios e, em 1924, deu início a construção de um prédio, a princípio projetado para 12 andares, na área então mais nobre da cidade. Entre as ruas São Bento, Líbero Badaró e Av.São João. O autor do projeto é o arquiteto húngaro WIllian Filinger. Como Martinelli não parava de acrescentar andares ao projeto, em 1928 ele chegava aos 20 andares e o próprio conde já havia assumido o projeto. Quase embargado pela prefeitura, o prédio tem hoje 25 andares. O topo abrigou por muito tempo a residência de Martinelli, tal qual Gustav Eiffel fizera no topo de sua torre, em Paris. É o símbolo marcante da verticalização da cidade. Hoje, na cobertura, funciona uma visitação pública para ver a vista da cidade.


74 PRÉDIO GLÓRIA É um exemplo dos prédios comerciais de alto nível e foi construído em 1928. Pertenceu ao Dr. Samuel Ribeiro, até então sócio da família Guinle. O projeto é da dupla Albuquerque & Longo e a construção do Escritório Ramos de Azevedo. Tem estilo Luís XVI, com destaque para fachada, encimadas por mansardas, e o magnífico hall de entrada, de mármore. Fica na Rua Conselheiro Crispiniano, ao lado do Theatro Municipal.


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PRÉDIO DA RUA XI DE AGOSTO Próximo a praça da Sé, no centro geográfico mais pontual de São Paulo, por muito tempo teve seu relógio fabricado pela antiga Casa Marcel Kahn, e instalado em 1935, como referência das horas na cidade.


ANTIGO BANCO DE SÃO PAULO Fica na Praça Antônio Prado, próximo ao Vale do Anhangabaú. Foi construído em 1938 para ser a sede do Banco de São Paulo. É o mais importante exemplar paulistano do Art Déco. Foi projetado pelo arquiteto Álvaro Botelho, por encomenda da família Almeida Prado, proprietários do Banco. O prédio está incluído em catálogos internacionais. É utilizado agora pela Secretaria de Estado do Turismo.


Estação Júlio Prestes. Símbolo de uma época em que a cidade era movida pelo café e pela ferrovia, o edifício surgiu em 1938. O projeto original de Christiano Stockler das Neves obedeceu a princípios de composição da Escola de Belas Artes de Paris. Resultado de uma política de conservação do patrimônio e revitalização do centro da cidade, a Estação acaba de ser restaurada para abrigar a sede da Orquestra Sinfônica do Estado. Desenvolvido pelo escritório Dupré Arquitetura & Coordenação, o projeto concilia necessidades acústicas do programa com um desenho arquitetônico contemporâneo.

Aos edifícios abundantes em detalhes, esculturas, pórticos, platibandas, marquises e relevos, se somaram aqueles ricos em sua simplicidade, frutos das mudanças radicais ao longo de décadas. Mostram como estas criações saíram das pranchetas de seus autores. A arquitetura de Ramos de Azevedo Gregori Warchavchik, Aron Kogan ou Oscar Niemeyer não são divergentes, pelo contrário, se somam aos caminhos que aquele que vive ou passa por São Paulo pode apreciar. A imagem fotográfica nos fornece um privilégio de poucos. Aproxima detalhes, revela formas detrás de marquises e de belíssimas esquadrias. Mostra que, com diferentes luzes, temos também diferentes geometrias. Mas, acima de tudo, nos leva ao registro desta memória eletiva e igualmente afetiva. Uma promessa de preservação e de lembranças, entre elas, que na frente destes edifícios ou por suas magníficas portarias, passaram nossos familiares, nossos amigos ou simplesmente anônimos que ajudaram a construir este patrimônio que se chama São Paulo.


Antigo MAPPIN A antiga Casa Anglo-Brasileira (Mappin) – antiga loja de departamentos, o edifício situado na Praça Ramos de Azevedo, coração do centro, é projeto de Elisário Bahiana, o mesmo que projetou o Viaduto do Chá e o Jockey Clube de São Paulo. A construção é de 1936-1939. Originalmente foi construído para ser a sede do banco do Estado de São Paulo. A casa Anglo Brasileira (Mappin) foi fundada em 1774 na cidade de Sheffield, na Inglaterra e trazida para o Brasil pelos irmãos Walter e Herbert Mappin. Teve vários endereços, sendo este seu último, antes de encerrar suas atividades. Fica de frente para o Theatro Municipal de São Paulo.


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EDIFÍCIO ALTINO ARANTES Antigo Banco do Estado de São Paulo, na rua João Brícola, é um dos cartões postais de São Paulo. Foi projetado por Plínio Botelho do Amaral, levou 8 anos para ser construído e foi inaugurado em 1947. É todo de concreto armado com 35 andares. Durante 20 anos foi o prédio mais alto da cidade.


CONDOMÍNIO CICERO PRADO Situado em Campos Elíseos, no ponto mais alto da famosa Av. Rio Branco, o condomínio é projeto do arquiteto Gregori Warchavchik, um dos expoentes máximos da arquitetura modernista. Warchavchik nasceu em Odessa, na Ucrânia, em 1896, e naturalizou-se brasileiro morrendo em São Paulo em 1972. Deixou obras marcantes pelo país.


EDIFÍCIO RACY Situado na Av. São João em São Paulo, foi construído na década de 50 pelo escritório Kogan e Zarzur. O projeto é do arquiteto Aaron Kogan, ( pai do arquiteto Marcio Kogan, um dos grandes da atualidade.) Com linhas sinuosas, é contemporâneo do famoso Edifício Copan, de Oscar Niemeyer. A dupla Kogan e Zarzur faria outros marcos da arquitetura paulistana, entre eles o famoso Edifício São Vito, que já não existe mais.


EDIFÍCIO TRIÂNGULO Obra do Escritório Satélite de Oscar Nieneyer em São Paulo – foi inaugurado em 1955, e em sua entrada traz um painel de Di Cavalcanti. O Escritório Satélite, tinha idealização de Niemeyer e comando do arquiteto Carlos Lemos.

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EDIFÍCIO EIFFEL O Edifício Eiffel é um prédio residencial localizado na Praça da República, em São Paulo, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer em 1953 e inaugurado em 1956 – O edifício foi projetado nos anos 1950, no período em que Niemeyer possuía um escritório em São Paulo, gerenciado pelo arquiteto Carlos Lemos. O prédio, com duas abas laterais, possui apartamentos dúplex (54 unidades de dois, três e quatro dormitórios), uma novidade na época.

EDIFÍCIO ANTIG0 CINE OLIDO Inaugurado em 1957, substituiu o antigo Cine Avenida que foi demolido no início da década de 1950. No seu lugar foi projetado o Cine Olido, em plena Avenida São João. Hoje, abriga a sede da Secretaria Municipal de Cultura e desde 2004 é um centro cultural.


EDIFÍCIO COPAN Projetado por Oscar Niemeyer, foi inaugurado durante as comemorações do IV Centenário da cidade, em 1954, considerada a maior estrutura de concreto armado do Brasil possui 1160 apartamentos, distribuídos em 6 blocos. Talvez seja o maior edifício residencial da América Latina. A Execução do projeto é do arquiteto Carlos Lemos. Levou 15 anos para ser construído. É um dos prédios mais cults da cidade, ocupado por artistas, jornalistas, atores, e pessoas da cultura.



conceito Gastronomia

Comer, rezar e pedalar...

Um roteiro gastronômico por São Paulo texto  Nyala Cardoso

om a missão de fazer um roteiro gastronômico por São Paulo e descobrir as maravilhas de suas panelas, fomos, Nathália Velame, diretora de estilo do Grupo AV, e eu, nos aventurar pela cosmopolita cidade, guiadas, vezes pelo olfato, vezes pelo instinto, e outras ainda, pelas dicas dos mais experientes paladares paulistanos. Optamos sempre pelo inusitado, queríamos fazer descobertas. E descobrimos uma São Paulo gourmet surpreendente e apetitosa, que degustamos durante uma semana inteira. Voltamos para casa e compramos duas bicicletas.

Vamos comer na garagem! Era tudo o que sabíamos antes de chegar no charmoso endereço da Oscar Freire. De fato. Pelas mãos da chef Carla Pernambuco e sua sócia, Carolina Brandão, a garagem de um simpático prédio se tornou um agradável e despretensioso restaurante, de cozinha descomplicada e receitas simples, mas preparadas com delicadeza. No cardápio, todo dia uma gostosa surpresa, por isso está escrito a giz, num quadro negro, logo na entrada. O restaurante tem ainda uma lojinha com louças e acessórios paralelos assinados por Carla e aventais desenvolvidos por Valéria Brandão, mãe de Carolina. Para completar o clima “tudo em família”, a garagem gourmet expõe – e vende – fotografias de Júlia Pernanbuco, filha de Carla, que, com 15 anos e muito talento, clica suas Blythe’s (aquelas bonecas de olhos gigantes) com lentes de artista. Por tudo e cada detalhe, o Las Chicas é uma miscelânea de cores, aromas, sabores e mimos, que vale muito a pena conferir! Rua Oscar Freire, 1.607 – Pinheiros Telefone: (11) 3063-0533

Foto: Rômulo Fialdini

Las Chicas


Robin des Bois

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Com uma charmosa decoração retrô, que mistura vitrais, espelhos de época e gradis antigos, o Robin des Bois, se apresenta aconchegante e acolhedor já à porta. À mesa, pratos à moda francesa atiçam o paladar. Destaque ao clássico Confit Pato. O clima de bistrô francês à meia luz, convida a ficar sempre um pouco mais, entre drink’s de frutas e caipirinhas de saquê, que logo refletem a nostalgia dos muitos cartazes de filmes franceses da década de 40, espalhados pelas paredes do restaurante. Não há um grande salão. São vários ambientes pequenos e intimistas que se distribuem entre saleta, mezanino e um charmoso jardim. Fique à vontade. Rua Capote Valente 86 – Pinheiros Telefone: (11) 3063-2795 www.robindesbois.com.br

The Gourmet Tea

Foto: Djan Chu

A The Gourmet Tea faz da britânica e tradicional hora do chá, um momento lúdico, moderno e descontraído, bem no clima do nosso país tropical. A loja de chás que tem projeto assinado pelo arquiteto Alan Chu Silveira, é divertida e mistura elementos improváveis, com tijolos de olaria com pintura branca, lustres multicoloridos e móveis de madeira maciça assinados pelo designer Aristeu Pires, especialmente para a marca. A casa possui uma carta exclusiva de chás, com 35 opções divididas entre pretos, brancos, verdes, rooibos, oonlong e ayurvédicos, que chegam à mesa gelados e prontos para beber, ou in natura, para a infusão ser preparada na frente do cliente. As embalagens são lindas latinhas de várias cores, que dão um toque especial ao produto e fazem dele um charmoso mimo para presentear alguém querido. Rua Matheus Grou, 89 – Pinheiros Telefone: (11) 2691-2755 www.thegourmettea.com.br


Alma Maria Entrar no restaurante Alma Maria já é uma experiência proveitosa, principalmente para quem se interessa por arquitetura e decoração. O projeto de Arthur Casas é enérgico e cheio de personalidade, justo por isso, ilustra as páginas do nosso Conceito Arquitetura, nesta edição. A cozinha, de origem tradicional espanhola, se reinventa com modernidade e apresenta um menu muy rico, assinado pelo chef catalão Tony Botella, executado por Marcio Dantas, que traz em sua cozinha influência de várias regiões da Espanha, como Andaluzia, Catalunha, Galícia e até das Ilhas Canárias. Entre outras maravilhas, provamos os montaditos – pão torrado coberto pelos mais variados ingredientes – frios e os calientes, tudo aprovado “com distinção”.

Foto: Tadeu Brunelli

Rua Oscar Freire, 439 – Jardins Telefone: (11) 3064-0047

Foto: Tomás Rangel

Prima Bruschetteria Moderno, contemporâneo e descolado, o pub-bar Prima Bruschetteria não poderia ter encontrado lugar melhor para fazer morada em São Paulo do que a agradável e badalada Vila Madalena. A versão paulistana, do homônimo que nasceu no Rio de Janeiro, conquistou a atenção da cidade e já é sucesso na Vila. O projeto, assinado pelo escritório carioca Oficina Par, mistura madeira e móveis em laca verde e vermelha, fazendo do ambiente o que os chefs, Erik Nako e Cristiano Lanna, fazem do menu: uma releitura moderna e descontraída da cucina italiana. As bruschettas são servidas em porções individuais, o que possibilita provar uma diversidade maior dos 25 sabores apresentados no cardápio. Alcachofra e Grana Padano, brie com mel e nozes, foie gras, o surpreendente ovo caipira mexido com farofinha de parma e azeite de trufas, todos de encher a boca d’água, o corpo de satisfação e a mente de prazer, pois, como bendiz a célebre frase da escritora Virginia Woolf, “uno non può pensare bene, amare bene, dormire bene, se non ha mangiato bene”. È vero! Rua Aspicuelta, 471 – Vila Madalena Telefone: (11) 2924-1549


Ping Pong Dim Sum

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O Dim Sum é uma comida mística, a começar pelo nome, que significa algo como “tocar o coração”. São pequenas porções de delicados pasteizinhos fritos ou cozidos no vapor, cada um com número exato das dobrinhas que fecham a massa, definidos de acordo com as rigorosas regras de preparação. Segundo às crenças e lendas chinesas, dobras a mais ou a menos não trazem boa sorte. No restaurante Ping Pong Dim Sum, no Itaim Bibi, degustar esses petiscos é uma experiência muito agradável. O espaço, assinado pelo arquiteto suíço David Marquardt, é imponente e elegante. O contemporâneo projeto de interiores, do designer Alex Hanazaki, traz ao ambiente um exuberante paisagismo vertical e um clima descontraído que faz do Ping Pong um dos mais badalados pontos de encontro da noite paulistana. Para finalizar o menu em grande estilo, vale a pena apreciar os exóticos chás perfumados. É de surpreender qualquer paladar, aqui, ou na China. Rua Lopes Neto, 15 – Itaim Telefone: (11) 3078-5808 www.pingpongdimsum.com.br

Lá da Venda

Rua Harmonia, 161 – Vila Madalena Telefone: (11) 3037-7702 www.ladavenda.com.br

Foto: Tadeu Brunelli

Num charmoso galpão da Vila Madalena, a chef Heloisa Bacellar criou uma receita divida à base de armazém, café e restaurante. Despojado, elegante e com jeitinho de antigamente, o Lá da Venda é uma miscelânea de mimos e delícias. Na lojinha, preciosidades exclusivas e produzidas artesanalmente, colorem a entrada do estabelecimento e enchem as sacolas dos visitantes. É quase impossível sair de lá sem comprar alguma coisa. No café, acomodado entre as prateleiras e balcões da loja, dentre outras delícias está o pão de queijo da Serra da Canastra, o melhor que eu, assídua em terras mineiras, já provei. O restaurante é pra pedir perdão! Os ingredientes são orgânicos, o que dá um sabor acentuado e ao mesmo tempo delicado à comida. O suco de tangerina – também orgânico – é mais saboroso que a própria fruta espremida na hora. Na dúvida entre o quibe vegetariano de abóbora, recheado com ricota e iogurte, e a maminha flambada na cachaça, fomos de Picadinho Brasileiro, com ovo frito, banana empanada e farofa crocante de mandioca, e o Strogonoff de Verdade, feito com cogumelos paris e creme de leite fresco. Tudo absolutamente irretocável!




Chicago Conceito Viagem

OS BONS VENTOS DA ARQUITETURA Texto Camilo baiardi Fotos Camilo baiardi


A metrópole que cresce lenta e organizadamente ao longo das margens do brilhante azul do lago Michigan é vencedora de muitos prêmios nacionais e internacionais, que reverenciam constantemente a inegável qualidade de vida de seus moradores. Um título em especial, o da “cidade que mais investe em parques, praças e áreas verdes do planeta” revela, por si só, que a intenção

institucional e governamental é a de apenas elevar os índices de satisfação dos seus cidadãos. Falando em cidadania, ela é uma das mais fortes características da metrópole, que permanece extremamente humana, a despeito dos inúmeros arranha-céus, da atribulada vida de capital financeira e da efervescência de suas atividades sociais e culturais.

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hicago, “the windy city” – a cidade ventania, numa livre tradução, é um colírio para os olhos mais exigentes, um suspiro de sabor para os mais refinados paladares e, acima de tudo, uma surpresa para o mais profissional dos turistas.



HISTÓRIA

e construiu mais de 200 novos edifícios, além de lagoas artificiais e canais, ocupando mais de 2,4km². Tal distrito foi apelidado de “cidade branca” (white city), por conta do estuque claro que revestia seus prédios neoclássicos e da pesada iluminação urbana, méritos do Arquiteto e Urbanista Daniel Burnham, diretor da feira internacional de 93 e idealizador da nova Chicago.

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Incorporada como cidade, em 1837, após quase setenta anos de existência como posto avançado de negócios, Chicago foi deliberadamente situada pelo governo para acompanhar o crescimento do noroeste americano. Anos de grande progresso e prosperidade financeira culminaram em 1871, quando um incêndio de gigantescas proporções transformou praticamente toda a cidade, cujo principal material constritivo era a madeira, num vasto campo de cinzas. Poucos edifícios permaneceram de pé, entre eles, a torre de água do corpo de bombeiros (Chicago Water Tower and Pumping Station), que permanece como monumento, na principal avenida da metrópole. A cidade foi reconstruída em regime de urgência, realizando grandes aterros com os escombros do incêndio, os quais vieram a se transformar em praças e as bases do Instituto de Arte de Chicago, um dos seus pontos altos, até os dias de hoje. Apenas 22 anos depois, Chicago se relança ao mundo abrigando a “World’s Fair: Columbian Exposition, 1893” – uma exposição de grandes proporções – durando seis meses e atraindo mais de 27 milhões de pessoas à cidade. A metrópole superou Nova Iorque, Washington e Saint Louis para sediar o evento

Renascida, a cidade começa a receber de braços abertos muitos dos mais importantes mestres da Arquitetura mundial, os quais realizaram verdadeiros ícones modernos e contemporâneos, vários dos mais famosos edifícios do planeta, como a Sears Tower (hoje Willis Building), prédio mais alto do mundo por 25 anos consecutivos, superado apenas em 1998, pelo Petronas Tower, na Malásia.


CAPITAL DAS ARTES E CULTURA Chicago reúne uma das mais invejáveis coleções de museus e obras de arte do mundo. Entre eles, o Instituto de Arte de Chicago, guarda distinta coleção de clássicos europeus, notadamente os impressionistas que fazem parte de seu vasto acervo. Não satisfeita, a cidade ainda disponibiliza espaços voltados ao que há de mais atual, como o arrojado Museu de Arte Contemporâneo. Neste, o público interage com os mais diversos tipos de manifestações artísticas, muitos absolutamente fora do convencional e que desafiam as capacidades sensoriais dos visitantes com vídeos, peças dinâmicas e instalações de grande porte.

A arte também está presente nos espaços públicos, pois Chicago pode se gabar dona do mais invejável patrimônio construtivo modernista das Américas e ainda se manter na crista da onda da arquitetura mundial quando o assunto é o pós-moderno. Casa do refugiado arquiteto alemão Mies Van Der Rohe, um dos pais do Estilo Internacional, a cidade desfila várias de suas principais obras. No seu centro, encontram- se os famosos Lake Shore Drive e Praça IBM, entre vários outros. Na periferia universitária ele construiu o pavilhão Crown Hall, Escola de Arquitetura do Instituto de Tecnologia do Illinois, jóia definitiva da coleção, onde suas verdades e ideais tornam-se

cristalinos, não só pelo apuro da forma, como pela clássica seleção de materiais – o aço, o vidro e a pedra natural. Radicalmente contrário ao funcionalismo acima de qualquer conceito, encontramos não muito distante, o mais importante gênio da arquitetura americana: Frank Lloyd Wright. Ironicamente, o mestre construiu sua icônica Robie House (hoje recuperada nos mínimos detalhes e aberta à visitação) no centro do campus da neo gótica Universidade de Chicago, cujo estilo fora escolhido pelo seu fundador, John. D. Rockefeller, sob o pensamento de torná-la imponente à altura de Harvard e Yale. O mestre também edificou sua primeira casa nos arredores


97 de Chicago, em Oak Park, onde logo depois vieram a proliferar várias das suas mais notórias obras residenciais, chegando a 25 unidades, todas de pé. No mesmo distrito esta localizada a Unity Temple, igreja que é a ilustre prova de que nem só do estilo orgânico das “prairie houses”, vivia o arquiteto. Para os que não abrem mão das artes cênicas e da música, Chicago oferece uma vasta gama de oportunidades imperdíveis e é reconhecida como parte do eixo de cidades com maior atividade teatral dos estados Unidos. O Blue Man Group, por exemplo, se apresentará quase 70 vezes na cidade, entre janeiro e abril de 2012.

É praticamente impossível cumprir a vasta agenda de eventos criada e constantemente reeditada pelos gestores e empreendedores culturais da cidade, mantendo-a como centro artístico e parada obrigatória para muitas das principais tournées e exposições da atualidade. Não só as constantes atividades das praças e parques se revezam, mas, também, grandes festivais de música, gastronomia, feiras e o calendário esportivo disputam espaço para acontecer nas bem equipadas e modernas instalações de Chicago, onde o antigo serve apenas de memorial e homenagem à sua história.

Os famosos festivais musicais são comuns; entre eles, um de blues, de jazz, de gospel e até um festival de world music acontecem todo ano. Geralmente, os principais concertos acontecem num espaço extremamente diferenciado e especial: o Millenium Park. Projetado por Frank Gehry, e finalizado em 2004, o complexo localizado no coração de Chicago, concentra mais de 500 programas culturais por ano, todos de graça e abertos ao público. Sua extensão sul é o famoso Lurie Garden, jardim composto apenas por espécies vegetais de pequeno e médio portes, que mudam suas características – e do parque também – a cada estação.


O CENTRO FINANCEIRO

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Chicago é hoje a terceira maior cidade dos Estados Unidos em termos de número de habitantes e volume de negócios. É no seu centro comercial e financeiro – o Chicago Loop, como designado pelos moradores – que a pulsante máquina capitalista não para de trabalhar. Circundado por um trem de trilhos suspensos que abraça os principais edifícios institucionais, bancos e poder público, o centro tornou-se recentemente uma das mais caras áreas do país, a despeito da recente crise internacional. O Loop é cortado pela legendária Michigan Avenue, cujo mais famoso segmento, a Magnificent Mile, desfila uma incansável trilha de lojas de marcas, shoppings, malls e flagstores de alto nível. No entanto, não só as usuais grifes de roupas e jóias estão presentes. Entre elas destaca-se a excepcional caixa de vidro da Apple Store, reputada como “a mais atribulada do país”. Apesar do volume de gente e frenética movimentação de pedestres, carros e até os barcos que percorrem os braços dos rios que entrecortam a cidade, a metrópole consegue se manter organizada e eficiente. Um especial cuidado é tomado com sua aparência, o que só reforça o poderio tradicional deste centro urbano. A grande maioria das ruas do centro de Chicago é tratada com um volume extraordinário de verde. São canteiros, jardineiras e vasos de grandes proporções cheios de variadas flores e folhas, que contracenam com os pesados quarteirões – a dita selva de pedra – que não se faz opressora nesta cidade, graças à atenção que sempre foi dada à sua natureza, mantendo a metrópole bonita e agradável mesmo no clima extremo de seus invernos.


ATRAÇÕES IMPERDÍVEIS Além das já citadas Chicago Loop, Millenium Park, os museus e corredores comerciais, do próprio patrimônio arquitetônico e artístico, a cidade ainda guarda mais opções do que se pode imaginar. Pelo menos dois mirantes revelam o skyline e orla, com toda sua beleza: o Skydeck do Willis Tower e o John Hancock Center Observatory. O primeiro abre-se em dois cubos de vidro, mais de 400m acima do solo e mostra o lado oeste da cidade, fundindo-se com o horizonte sempre cheio de aviões, destinados ao aeroporto mais movimentado do país, o O’Hare Internacional Airport.

O outro localiza-se quase à margem do lago Michigan e mostra a incrível orla urbana, uma sucessão de praias, piers e parques, tratados com o requinte que a cidade exige. Se o viajante prefere a natureza, pode se perder na vastidão do Grant Park, que ladeia o lago Michigan e oferece diversas atrações de passeios, tours urbanos em embarcações com guias especializados e até esportes náuticos. Nele, uma construção especial, o Navy Pier, executado em 1916, é considerado a maior e mais visitada atração turística da cidade. O píer mistura parque, atracadouro para grandes barcos turísticos e espaços

para feiras. O zoológico e a estufa que recria ambientes tropicais e até pré-históricos . As atrações são gratuitas e constantes. Por fim, não há como não se entreter na noite de Chicago. Entre sua gastronomia arrojada e os inúmeros bares e casas de shows, o turista se delicia com a variedade e profissionalismo dos serviços oferecidos pela cidade. Um ponto em especial chama a atenção durante as madrugadas da metrópole: o Buddy Guy’s, bar da lendária e homônima figura do blues, que, de segunda a segunda se mistura com os sons dos constantes ventos da incrível Windy City.




Acontece no Mundo

São Paulo por Nathália Velame

102 Due Cuochi Eleito pela Veja – São Paulo o melhor italiano por quatro anos consecutivos, o Due faz você esquecer da vida... Minha paixão é o nhoque com camarão e aspargos, simplesmente impecável!

Serafina Primeira filial fora dos Estados Unidos, o Serafina é o endereço ideal para quem curte um cardápio essencialmente italiano, com decoração charmosa e despojada. Minha sugestão é sentar-se em uma das mesas ao ar livre e pedir o Tris de Sofia, uma combinação com três massas especiais. O prato vem com pequenas porções de nhoqui ao pesto, ravióli de ricota e espinafre salteado na manteiga, sem esquecer o tagliatelli com molho caseiro de tomate, manjericão e creme de leite. Noite feliz.

Pedaço da Pizza Adega Santiago Sonho em ter um espaço como esse aqui Sem dúvida é o meu xodó na cidade. em Salvador. Puro charme, sem sofisticaDe lá você sai simplesmente feliz. Por ção nem frescurinhas, para aqueles dias favor, não deixe de provar o croquete de que queremos apenas o conforto de não pato, é surreal! A Casquinha é bronzeusar salto e um paladar agradecido. ada e sequinha, com recheio absolutamente cremoso. Como prato principal, deleite ao provar arroz de polvo. Mas inesquecível mesmo foram o churros: pequenos, morninhos e macios. Você pega com a Arturito mão, coloca doce de leite e Aqui sempre encontro um serviço imchega ao paraíso! pecável somado a um ambiente moderno e despretensioso. A cozinha emotiva, dedicada e irretocável. Deu saudade.


The Gourmet Tea Le Jardin Secret Julice Boulangère Como boa “londrina”, não poCom cara de casa de boneca, decoração Nessa linda casa – paraíso para os amanderia deixar de indicar essa loja feminina e louças colecionadas, esse estes de pães – são fabricados, todos os especial que pode tornar o seu paço se torna único. Os doces são leves dias, vinte sabores diferentes que, para a dia mais leve. São mais de 35 e cheirosos e seu diferencial está nas flodieta, entende-se como “carboidrástica”. sabores, com direito a degustares. Cada uma das receitas leva um tipo Mas já que estamos aqui para sermos feção. As sobremesas são ótimas de flor ou erva cristalizada, importadas lizes, sugiro um delicioso café da manhã e em todas as receitas um sabor de produtores artesanais franceses. Vale anti-estresse na área externa. inusitado que quebra o intenso o “momentogordinhafeliz”! do açúcar.

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Kate Spade Adoro a proposta dessa marca nova-iorquina cheia de cores e alegria.

TMLS TENTAÇÃO NA MINHA VIDA! Eu amooooo essa loja por ser recheada com saltos inesquecíveis.

Loja do Bispo Lá você pode encontrar arte em todos os sentidos, é possível garimpar até aquele presente para quem já tem tudo.

Liceu de Maquiagem Eu adoro beleza e maquiagem, e volta e meia estou lendo e assistindo vários vídeos sobre o assunto, mas nunca é demais, e sempre tem um truque que ainda não conheço. Resolvi fazer o curso de um dia com Vanessa Rozan e aprender mais sobre “olho tudo, boca nada”. Entre um passo e Jair Lustres outro, esfumava um olho e deixava o outro Pelas minhas andanças paulistas, fiz essa aberto para guardar os detalhes da decofeliz descoberta. Sou louca por cristais e ração vintage, cheio de espelhos de mão e acho que um bom lustre transforma quallustres antigos. quer ambiente, melhor ainda quando

Maria Brigadeiro Brigadeiro só existe no Brasil. É uma instituição como o futebol, a caipirinha e o carnaval. É meu doce tentação e quem me conhece sabe que “o tal “ é capaz de tudo isso tem um custo justo. me transformar em uma pessoa melhor. Agora você já pode imaginar como me senti ao entrar nesse paraíso. Mais de 40 sabores, embalagens lindas e até mesmo um Kit TPM! Eu AMO o brigadeiro de doce de leite com Aladim Coletivo Amor de Madre flor de sal! e a frase colocada Tá querendo trocar os tecidos de casa Se você curte um design moderninho, na parede da cozinha não me sem fazer um super investimento? certamente essa loja vai fazer sua cadeixa com a consciência peLá é “o” lugar! Minha última aquisição beça. Conheça também a versão virsada: “a vida é curta, comefoi um zig zag a la Missoni que ficou tual, irresistível. ce pela sobremesa”. um arraso na poltrona retrô da sala.



Conceito arquitetura & moda

Fernanda Yamamoto AnovamodadaVila Com projeto grandioso, a loja de Fernanda Yamamoto reuni criações de novos estilistas, design, arte e acessórios, em ambiente inovador, sustentável e sofisticado.

Texto Andrea Velame Fotos Acervo FY

Vila Madalena ganhou mais um espaço dedicado aos novos talentos da moda e da arte. Concebido pela estilista paulistana Fernanda Yamamoto, a loja na rua Aspicuelta tem suas coleções próprias, coleções de estilistas convidados e um espaço permanente da designer de jóias e acessórios Rosely Kasumi, sintetizando a essência do atual panorama de moda da Vila Madalena. Sempre descrito como boêmio e focado no artesanato, o bairro paulistano vem ganhando novas lojas com produtos modernos e sofisticados, porém sem deixar de lado a alma artística e brasileira, o que agrada em cheio o grande número de pessoas que visitam o bairro diariamente.


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O projeto da loja de Yamamoto aposta na força do coletivo e visa estimular o desenvolvimento de novos criadores, valorizar o design nacional e incentivar o consumo de produtos autorais. O projeto, realizado em parceria com o arquiteto Mauricio Xavier, concebeu um espaço moderno e mutável, pensado para proporcionar o máximo de reaproveitamento – característica presente em detalhes como a iluminação, a disposição das tubulações de ar-condicionado e, até mesmo, no estacionamento para bicicletas – sem perder o estilo. No projeto autoral e colaborativo, Fernanda e amigos foram expondo idéias e encontrando soluções para

desenvolver o espaço. Ao invés das tradicionais araras, foram usados andaimes que podem ser montados e modulados de diferentes maneiras, por cada marca. Além disso, todos possuem rodízios o que permite a transformação constante do espaço. Uma das idéias centrais do projeto foi a reutilização de materiais já existentes para outros fins, como a fachada, feita de difusores de ar condicionado. Na vitrine, os galões de água funcionam, as vezes, como vasos e talhas elétricas tiveram o papel de içar os manequins. Um jardim no fundo da loja traduz um ar de despojamento, aconchego e contemporaneidade ao projeto.


Conceito Arquitetura & Gastronomia

ALMA MARIA

A Alma de Arthur em um recanto na Oscar Freire


109 Texto Andrea Velame Fotos Tuca reines

projeto de Arthur Casas denota, mais uma vez, a capacidade do arquiteto em soluções inusitadas e, ao mesmo tempo, absolutamente simples. As soluções no primeiro momento nos parecem óbvias, e vêm sempre seguidas de um “como nunca pensei nisso antes?”, exatamente onde se encontra a genialidade dos projetos que levam a assinatura de Casas. Neste restaurante inaugurado na Oscar Freire, o arquiteto divide o amplo espaço do restaurante em quatro ambientes que recebem luz natural proporcionada pelo teto de vidro.



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A ampla barra que recebe os clientes, logo na entrada do restaurante, ganha charme com as altas banquetas Bertóias forradas com capas azuis-turquesas. A verticalidade da cozinha subterrânea de três pavimentos proporciona uma logística eficaz na produção seletiva do menu e se torna a vedete do projeto. Materiais naturais, como pedra e madeira, ganham modernidade misturados ao aço, vidros e estofados. Grandes estantes de madeira ocupam toda extensão lateral do pé direito do restaurante, divertindo o ambiente com o jogo de cores da impecável produção. As mesas – agraciadas com as cadeiras DKR, do design Charles Eames – algumas vezes servem de inspiração para o desenvolvimento das jardineiras. O tangerina e o azul, além de nos proporcionar absoluto bem-estar, estão totalmente associados aos tons que a Pantone elegeu para 2012. A iluminação âmbar apresenta conforto e prazer. O cobogó de concreto denota o estilo do arquiteto que se atualiza sem nenhuma pretensão de se reinventar. Pra que?



Concreto Amado Thaís Muniz cool hunter

Birô de estilo O concreto leva em sua carga genética uma espécie de minimalismo moderno, onde diversas áreas criativas se curvam e se confortam nas inúmeras formas que ele possibilita aos utensílios e utilitários do cotidiano. O que nos faz sentar para observar suas faces e detalhes, para imediatamente cairmos de amores por ele.

Styling: Thaís Muniz e Tarcisio Almeida | Foto: Estúdio Gato Louco | Modelo: Diego Pombo | Agradecimento: Star Models


Ivanka Ivanka é uma marca húngara que cria acessórios de moda e peças de mobiliário com o design apurado, sempre de concreto, além de colaborar com outros artistas e designers em projetos arquitetônicos. www.ivanka.hu

Bergner Schimidt Originais de Berlim, com inspiração na Bauhaus, as designers Lily Bergner e Elisabeth Schmidt criam jóias de concreto conceituadas na máxima de Mies van der Rohe, onde “menos é mais”. www.bergnerschmidt.com

114 22 Design 22 Design é um estúdio composto por 3 designers de Twaian, que criam utilitários incríveis de concreto. Entre eles: anéis, relógios e a lapiseira 2B, que se torna um presente maravilhoso para quem adora um sketch. www.22designstudio.com.tw

Shmuel Linsk O designer israelense Shmuel Linsk é um outro apaixonado por concreto que criou a Expresso Solo, uma maquina conceito de café expresso, concebida para ser um produto de consumo desejado por todos. Shmuel também criou a Exposed. E quem não adoraria ter esses alto-falantes em casa? www.linskidesign.com

Fragrance A designer alemã Alexa Lixfeld projetou uma série de frascos de perfume com tampa de concreto. Chamado de Fragrance, a coleção inclui três fragrâncias diferentes, cada um com uma tampa diferente, cor de concreto. www.alexalixfeld.com

Xiral Segard A designer francesa Xiral Segard brinca com as diferentes possibilidades do concreto em escalas, usos e tons, a fim de dar uma estética escultural para objetos mundanos domésticos. Entre elas, a luminária Gayalux e o vaso Konkurïto são os meus preferidos. www.xiralsegard.com


Aplomb A Foscarini também se rendeu ao concreto através da Aplomb, uma luminária tipo pendente, desenhada pelos italianos Paolo Lucidi & Luca Pevere. Disponiveis em cinza, marrom ou branco, o resultado é um design elegante e moderno. www.foscarini.it

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Concrete Chesterfield Feito a partir do molde de um Chesterfield real, a empresa londrina Gray Concrete criou uma técnica especial de moldagem para que o concreto conseguisse absorver todos os detalhes do original em couro. A peça foi exposta no 100% Design de Londres. www.grayconcrete.co.uk

Concrete Soft A banheira Concrete Soft leva a assinatura do designer italiano Gigi Rossi, que se inspirou no espírito de descontextualização do ambiente de banho, concebido para aqueles que acreditam na possibilidade de combinar a beleza e eficiência, além de melhorar a qualidade de vida. www.glassidromassaggio.it

Concrete Plates Nascido em Israel, o designer Nir Meiri criou uma série de pratos e suportes de concreto, que foi agraciada com o toque da madeira em suas variadas bases. São quase pés de bailarinas, que delicadamente equilibram as guloseimas. www.nirmeiri.com

Concrete Cubic Lamp Concrete Cubic Lamp tem esse jeitão de refletor mas fica um charme tanto na mesa, quanto no chão. www.mathidesign.com

Tidvis Os suecos da Fosberg Form criaram um relógio minimal com uma imponência leve e uma pitada de surrealismo, causada tanto por seus 1,95 de altura quanto pela limpeza das formas. www.forsbergform.com


conceito Moda Edição de moda Almir JR. / Marcelo Gomes Fotografia Michel Rey Texto Tarcisio Almeida

m cobertor de luz revela a mistura ao trazer a cena um ser metade homem, metade animal. Acuado sobre os portões da cidade, ele está recheados de texturas, peles e brilhos. Vida, doce vida, deve estar em algum lugar para ser encontrada!


Camisa Corporeum [Collection] | Calรงa Corporeum [Code!] | Cinto Alphorria | Lenรงo Triton | Brincos, pulseiras e sandรกlia ABX Contempo | Bolsa Corporeum.


Jaqueta e blusa Ellus | Short SWOOL | Brincos ABX Contempo | Colares Alphorria, Corporeum, ABX Contempo | Bolsa Triton.


Blazer Iodice | Camisa Corporeum [Collection] | Short Ellus Second Floor | Cinto Alphorria [Cult] | Colares, carteira e sandรกlias ABX Contempo.

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Jaqueta e gola Triton | Blusa Ellus | Calรงa Alphorria [Cult] | Colares Alphorria [Collection] e Triton | Cinto Alphorria [Collection] | Pulseiras e sandรกlia ABX Contempo.

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Vestido e colete Alphorria (Collection) | Bolsa Ellus | Colares ABX Contempo.

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Trench coat, Blusa e Lenรงo Triton | Short Alphorria [Cult] | Colar Alphorria [Collection] | Brincos e sapato ABX contempo.


Beleza Ricardo Brandão | Tratamento de imagem Ian Valadares | Finalização Rodrigo Andrade | Modelo Mariana Santanna (Nova York – Next Model)

Jaqueta Coca cola clothing | Camisa Iodice | Calça Ellus second floor | Cinto Triton | Colares Alphorria [Collection] | Bolsa Ellus | Brincos, pulseiras e sandálias ABX Contempo.


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A obra de arte preferida de Adriana são os quadros da Isabelle e Verena que ela ganhou da família.

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Um livro? “You can find inspiration in everything” de Paul Smith.

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A luminária Birdie de Ingo Maurer é o xodó dentre as peças de design de Adriana. Apaixonada pela cores, Adriana buscou na Ucrânia tapetes para sua casa.

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Um presente que emocionou Adriana? “Desenhos dos meus filhos.”

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Para Adriana, a última viagem é sempre a mais inesquecível, e nesse caso “foi o fim-de-ano que passei com minha família e amigos em um paraíso perdido em Alagoas”.

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O All Star vermelho é um verdadeiro amuleto, que Adriana não joga fora!

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A bolsa preferida é a de malha de metal da Chloé.

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Para Adriana, “um super chapéu” é o acessório que dá estilo a qualquer roupa básica.

10 “Usar duas pulseiras iguais, uma em cada braço, já se tornou minha marca registrada”.

Close Texto Thais Muniz Foto Carol Krieger Still Haroldo Sabóia

Adriana Barra nasceu em Londrina, estudou em Firenze e Londres, mas escolheu São Paulo como ponto inicial para começar a concretizar o seu objetivo: estampar o mundo! A estilista e designer é a diva dos patterns , com criações que tiram o fôlego por suas cores e composições incomparáveis. Adriana acabou de lançar uma linha de tecidos chamada Tee See Do!, e A. Farra, uma linha de roupas mais acessível. Mas para o Grupo AV ela abriu as portas do seu apartamento a fim de revelar uma parte de sua vida na forma dos objetos preferidos.

11 Peça de roupa preferida? “Sempre tenho várias e que vão mudando: atualmente um vestido que trouxe da Índia.” 12 Esse vintage da Cartier é “O” óculos preferido de Adriana. 13 A jóia é a sua bolsa vintage do Pucci. 14 Um perfume? “Jo Malone” de Wild Fig & Cassis. 15 O que não desgruda da Adriana? “Meu iPhone! Minha vida mudou depois dele!!!...desgrudei da cadeira e da fábrica!!!”. 16 A máquina fotográfica instantânea sempre acompanha as viagens de Adriana. 17 Adriana para presidente! “acho que toda mulher deveria ter uma penteadeira-camarim, todas elas quando vêem querem uma!”. 18 “Minha casa tanto dentro como fora é meu refúgio de São Paulo, acho que só uma das janelas que tem uma vista, onde vejo prédios”. 19 Algo que coleciona, ou tem vontade de colecionar: objetos que expressem a cultura dos lugares que passo, teria muito & muito mais se pudesse trazer mais na mala.


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In Loco

Como vivem os arquitetos baianos: Paulo Andrade Sidney Quintela Camilo Baiardi Thiago Manarelli


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In Loco Texto Andrea Velame Fotos Marcelo Negromonte

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família composta por um arquiteto, um dentista, que também é fotógrafo e artista plástico, e duas schnauzers, Valentina e Madalena. O apartamento tinha que ter estilo, e ser perfeito para receber visitas, mas aconchegante e identificado fortemente com o gosto de seus habitantes. Ser contemporâneo e abrigar os objetos garimpados ao longo do tempo, com decoração bem resolvida e com o objetivo de unir com presteza elementos clássicos (revisitados), modernos e ícones do design. A cor predominante é o cinza, que deu conforto e serviu de fundo para receber fotos de Cristiano Ferraz. O destaque fica por conta do volume com boiserie, todo em preto fosco. Sobre ela, foto de Mário Cravo Neto e gravura de Emanoel Araújo. A varanda foi incorporada para abrigar o jantar e ampliar o living. A estante branca com nichos irregulares forram toda uma parede e expõe um acervo de livros e objetos, tudo sempre a mão, ao alcance de todos. A iluminação é pontual, pensada com o objetivo de dar conforto e destacar obras de arte. Esculturas de Eliana Kertesz e Cristiano Ferraz se misturam ao cotidiano do casal.

Uma linguagem internacional, um projeto contemporâneo e atemporal, esta foi a forma de viver escolhida pelo arquiteto Paulo Andrade e o dentista Cristiano Ferraz.

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Paulo Andrade


130 O mobiliário foi escolhido a dedo e, parte dele, trazido da Itália pelo próprio arquiteto: a Poltrona Up (de formato voluptuoso assinada por Gaetano Pesce), e as cadeiras de jantar Doyl, todos da marca italiana B&B Itália. A Taccia, luminária dos irmãos Castiglioni, também foi trazida da Itália e ganha destaque de obra de arte. A Poltrona DIZ do designer brasileiro Sergio Rodrigues também fez parte do acervo de peças escolhidos pelo arquiteto, assim com a mesa Ralph em lamina de madeira do designer Guilherme Torres. Espelhos forram paredes, portas e camuflam espaços. Um dos pontos de destaque do projeto é a utilização de mármores revestidos pela Artimex, no lavabo Paulo escolheu mármore Armani traduzindo elegância e sofisticação.


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In Loco Texto Andrea Velame Fotos Marcelo Negromonte

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A casa de Maria, com inspiração Barroca por Sidney Quintella arquiteto Sidney Quintella, que atua a mais de 15 anos no mercado baiano com trabalhos realizados em vários estados e com escritório na Europa, conhecido pela linguagem altamente contemporânea, e por utilizar materiais tecnológicos, escolheu viver de uma forma diferenciada no seu apartamento da Bahia.


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140 Com uma família pequena, Sidney adequou um antigo apartamento em Salvador com inspiração barroca que certa vez ouviu de Ruy Ohtake, o qual se inspirava em Alejadinho para realizar os seus projetos. Foi com esta inspiração que Sidney Quintella projetou a casa de sua Maria, sua única filha. Estofados vermelhos, uma grande estante de madeira e uma mesa de jantar com cadeiras antigas dividem o cenário com uma belíssima tela do artista baiano indicado ao Oscar, Carlinhos Brown. Sidney sempre gostou de inovar e realmente tem conseguido, principalmente ao abrir as portas do seu apê na Bahia.


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In Loco Texto Andrea Velame

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Baiardi House residência Baiardi House, morada dos arquitetos Camilo Baiardi e Gabriela Baiardi, é o que se pode intitular de “casa contemporânea e ecológica”. Projetada ao longo de pelo menos seis meses de pesquisa e desenvolvimento de conceitos não comuns ao meio local, a casa reúne muitas ações construtivas que, verdadeiramente, a tornam sustentável dos pontos de vista energético, térmico, acústico e do uso da água. Lar de uma família de quatro membros, a casa foi sonhada e concebida sob a bandeira da ecologia: cada traço, ambiente e solução, levaram em conta o pensamento de agredir o mínimo a natureza, ou trazê-la para perto de si. Cercada de jardins e altamente ventilada e iluminada de forma natural, a morada oferece muitas opções de vivência, lazer e contemplação. A ventilação cruzada torna a casa confortável até nos meses mais quentes do verão baiano, famoso pelo calor.

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Fotos Marcelo Negromonte



145 A grande maioria da madeira utilizada na residência foi originada da demolição de construções existentes, as coberturas leves, como telhas de alumínio tipo sanduíche (com enchimento de poliuretano e poliestireno), projetadas para cobrir grandes vãos, com mínimo de peso, foram utilizadas em boa parte da casa. Nas fachadas, grandes vãos de vidro dividem espaço com pedras naturais vindas do Rio Grande do Sul.

A casa conta ainda com grande reservatório subterrâneo de água pluvial, destinado ao reuso das águas de chuvas, no regadio, manutenção e limpeza da mesma. Um sistema moderno de captação de energia solar foi instalado, medida que reduz grandemente o uso da concorrente elétrica, gerando economia no dia a dia. Tal potencial foi destinado ao aquecimento de água, reduzindo inclusive a quantidade de instalações elétricas pesadas, e erradicando os chuveiros elétricos, campeões de consumo de energia convencional.


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147 A decoração da casa não foge à regra ecológica, juntando elementos naturais, como os pés de mesa de tronco de madeira ou vegetação de mangue, com materiais sintéticos de grande durabilidade e fácil manutenção. A premissa proeminente artística do tratamento dos interiores é o ponto alto da composição, pois os ambiente revelam seu acervo com destaque: telas, esculturas, objetos e livros. Partidários do conceito “less is more”, os arquitetos acreditam na limpeza e fluidez dos espaços interiores, motivo pelo qual grandes e significativas peças de mobiliário contracenam com a Arquitetura que as envolve, sem criar barreiras visuais, ou excessos. “Aqui cada peça conta uma estória”, costumam dizer os moradores da casa, que não tiveram pressa em compor os ambientes com elementos de muitos países – todos eles, completam, contando a verdadeira história da nossa família.



In Loco Texto Andrea Velame Fotos Marcelo Negromonte

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O estilo Vintage de Thiago Manarelli arquiteto Thiago Manarelli escolheu um imóvel antigo para criar o seu refúgio, repleto de referências de vida, e de tudo que garimpou ao lado do companheiro, o artista plástico e fotógrafo Fabio Betti. O arquiteto optou por preservar elementos arquitetônicos originais do projeto dando um ar Vintage e muito sofisticado ao seu jeito de viver. O piso original em parquet, assim como a porta de ferro de entrada com azulejos originais determinam a personalidade dos moradores.


Cada nova aquisição é um novo momento no projeto, onde realocar obras de arte e abrir espaço para as novas conquistas garimpadas faz parte da paixão dos moradores. Um dos pontos de destaque do projeto é a coleção de luminárias. Thiago e Fabio Betti curtem iluminação difusa daí a escolha de tantas peças decorativas para compor o projeto.





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In Loco Texto Andrea Velame Fotos Marcelo Negromonte

Dado Castello Branco

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ma casa verticalizada em um terreno de aproximadamente 280 metros quadrados, para um jovem casal, apaixonados por arte contemporânea. O jovem casal escolheu o arquiteto que tem como características um profundo apuro estético e um trabalho com linhas puras e contemporâneas, buscando sempre o conforto e o equilíbrio. Obviamente, como todo cliente, eles sonhavam que o arquiteto conseguisse harmonizar as características profissionais a personalidade deles, resultado alcançado através de muitas reuniões e encontros onde Dado veio captando os hábitos, os sonhos, o modo de vida deste jovem casal. “Viagens, filmes, pesquisas e livros e o próprio cotidiano alimentam meu processo criativo”, define Dado Castello Branco.

A casa no jardim paulistano inspirada nas Town Houses de Nova Iorque leva a assinatura de Dado Castello Branco.




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A coleção de arte contemporânea iniciou há três anos junto com a decisão de focar nos artistas brasileiros consagrados como Mira Shandel, Miguel Rio Branco, Sergio Camargo, Paulo Pasta, Piza, Tunga e outros. Elementos naturais e cores claras são constantes em seus projetos. Nesta casa Dado utilizou desde designers internacionais, como Hans Wegner, George Nakashima e Cristian Liaigre, aos grandes nomes nacionais, a exemplo de Etel Carmona.


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In Loco Texto Andrea Velame Fotos Diego Silva

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Rebecca de Gonzaga m Loft pensado para um piloto de Rally, com muita personalidade e cheio de peculiaridades, foi o desafio de Rebecca de Gonzaga, arquiteta, para este projeto realizado em total sintonia com o cliente: um jovem determinado e apaixonado pela vida, que curte música, adora viajar e é apaixonado por animais. Um projeto contemporâneo, cercado das referências que o cliente – e amigo – traz das viagens que costuma fazer pelo mundo. Rebecca conseguiu harmonizar esse mix de objetos que compõe a história de vida deste jovem aventureiro, atendendo aos desejos do cliente, dando ao projeto identidade e equilíbrio. “Eu diria que é um projeto que tem 100% o DNA do meu cliente, por isso me sinto realizada com este trabalho”, declara a arquiteta. Surpresa mesmo Rebecca ficou quando o cliente ligou contando que havia comprado uma raridade: uma coruja branca; e que era preciso criar um viveiro para nova habitante do loft. “Demorei a acreditar e a elaborar o espaço que exigiu estudos específicos, mas, no final, o viveiro passou a ser a vedete do projeto”, confessa Rebecca.


Móveis contemporâneos da Básica Home e de Nair Oliveira deram ao projeto conforto e sofisticação. Além de um belíssimo exemplar de Bel Borba, amigo do proprietário, foram selecionadas algumas obras na galeria de Paulo Darzé. Uma grande estante foi projetada para reunir parte dos hobbys do cliente, como sua coleção de capacetes que dão um colorido surpreendente ao projeto. Aqui, o moderno e o inusitado se unem para dar ao projeto características exclusivas, reafirmando, em cada detalhe, sua autenticidade e identidade. A todo este histórico junte, ainda, o fato do loft estar numa localização singular, debruçado sobre a Baía de Todos os Santos, de onde se pode acordar, toda manhã, acarinhado pela musicalidade das ondas do mar.


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O contemporâneo paulista por Marco Aurélio Viterbo

In Loco Texto Andrea Velame Fotos Alain Bruiger

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Mineiro de Sabará, trabalha há 17 anos como designer de Interiores, Marco Aurélio Viterbo apresenta um apartamento cosmopolita da grande São Paulo. om informações arquivadas, idéias fervilhando na cabeça, lápis na mão, talento e bom gosto nas veias, Marco Aurélio caminha a passos largos criando interiores contemporâneos e atualizados, empregando os materiais do momento, como a madeira, a laca, os metais cromados e o vidro. O bom design, especialmente os clássicos do século passado, estão sempre presentes junto a artistas plásticos renomados.



“Conforto, funcionalidade e atmosfera de acolhimento são fundamentais em qualquer espaço, estes conceitos são inerentes ao estilo de vida de cada um e, portanto, a decoração não deve ter regras rígidas, massificadas”, assegura Viterbo. Essas características são obtidas com muita nitidez nos interiores residenciais e comerciais projetados por Marco Aurélio, que consegue, ainda, aliar tudo isso a toques de bom humor e leveza, tendo como resultado o requinte e o charme naturais de seu estilo. Este projeto de um colecionador de obras de arte, Marco investiu em tons sóbrios e extremamente elegantes, a exemplo do cinza e do açaí, resultando num projeto equilibrado e muito sofisticado. Observem que os tons off white se misturam ora com o prata, ora com o dourado, apenas no intuito de valorar o acervo do cliente. A entrada do apartamento tem um toque dramático, antes de descortinar a beleza de um skiline, perfeito da cidade de São Paulo. Destaque para o lavabo, especial como Marco Aurélio!









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Irmãos Campana Eles conquistaram o mundo criando peças ousadas que contestam os conceitos que definem a arte e o design.

Conceito Design texto Anna Letícia Tararam

onsiderados os designers de maior criatividade do século XXI pela crítica especializada, a trajetória dos irmãos Humberto e Fernando Campana foi marcada pela reutilização de materiais descartados e inusitados pela produção artesanal e pelo uso de uma linguagem baseada na criatividade, no humor e, às vezes, até mesmo na ironia. Com isso, a prática de inverter a valorização das coisas tornou-se a marca registrada dos irmãos. Suas criações descontextualizam o sentido dos materiais usados, o que naturalmente mexe com as expectativas e o saber das pessoas.


190 2005 Blow up collection - Fruitbowl © Alessi

O que queriam ser quando eram crianças: Humberto recusou-se a usar sapatos e disse que queria ser um índio da Amazônia. Fernando sonhava em se tornar um astronauta.

2004 Corallo © Edra

Os Campana começaram a criar, há pouco mais de 20 anos, quando fundaram o Estúdio Campana, que tornou-se conhecido pelo design de móveis e pelas criação de objetos intrigantes. Hoje, os Irmãos Campana tornaram-se um dos nomes mais respeitados do design internacional, inclusive, abrindo espaço para outros designers brasileiros. Eles são procurados por diversas empresas de segmentos variados, transitando muito bem entre a arte, o design e a moda. Desde o início da carreira, foram estabelecendo parcerias com as comunidades produtoras de artesanato brasileiro. Este diálogo constante entre produtos de diferentes naturezas e dimensões é uma das chaves para entender o trabalho, muitas vezes antagônico e surrealista, dos irmãos Campana. As criações da dupla traduzem a invenção e inversão do uso de elementos do cotidiano, transformando o que parecia não ter nenhum valor artístico em extraordinárias peças de Desing-Arte. Intitulada de “Desconfortáveis”, a primeira exposição dos irmãos aconteceu em 1989, na Galeria Nucleon, em São Paulo. As peças de mobiliário, que tinham o objetivo de discutir o aspecto artístico, o erro e a poesia presentes no desconforto, foram feitas em chapas de cobre e ferro e não possuíam acabamento. Eram cadeiras e sofás que causaram estranheza por causa da frieza dos materiais utilizados e da rigidez de suas formas.


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Diferenças e semelhanças entre Fernando e Humberto: Para Humberto, o trabalho é uma tentativa de organização mental. Para Fernando, o trabalho é lazer. Humberto é mais intuitivo, enquanto Fernando é mais racional.

2003 Favela © Edra

2006 Panda Banquete © Luis Calazans

Lascas de madeira, garrafas pet, fios de PVC, cordas, ralos de banheiros, papelão e objetos inusitados, como os ursos de pelúcia, são alguns dos materiais escolhidos pelos Campana para fazer parte das suas criações. Uma das características do trabalho dessa dupla é a apropriação de materiais que destacam a importância dos valores culturais e simbólicos do Brasil. Um exemplo é a cadeira “Favela”, produzida em 1990, que teve como fonte de inspiração a favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Sua estrutura foi produzida com de pedaços de OSB colados uns sobre os outros de forma caótica, fazendo referência ao modo de como uma favela se forma. Em 1994, foram os primeiros designers brasileiros a participarem de uma exposição no MoMA (The Museum of Modern Art), em New York. O trabalho dos irmãos Campana foi apresentado através da “Poltrona Vermelha”, uma criação ousada, feita com cordas e aço inoxidável, que se tornou um marco de suas carreiras e do design mundial. A idéia era criar um móvel com um conceito diferente, no qual um único material desse forma e servisse de estofado. Com 500 metros de corda, eles começaram a construir a “Poltrona Vermelha” e o futuro internacional da dupla.

1998 Vermelha Chair © Edra


2011 Theatro Municipal © Fernando Laszlo

O designer e dono da marca italiana Edra, Massimo Morozzi, se interessou em produzir a peça e entrou em contato com os Campana para solicitar um esboço da poltrona. Era impossível reproduzir o processo de criação, então os irmãos fizeram um vídeo no qual mostravam o método de entrelaçamento utilizado. Desde 1998, a Edra produz a “Poltrona Vermelha”, que ganhou projeção mundial e faz parte da coleção de design de importantes museus, como o próprio MoMA e a Pinakothek Der Moderne, em Munique. No design de interiores, eles já desconstruíram e reinventaram as lojas Camper em Berlim, Barcelona, Florença, Londres, New York e Zaragoza, deixando o DNA dos brasileiros nas principais cidades do design internacional. Mas, o trabalho desta dupla não para por ai. Motivo de orgulho para os brasileiros, Fernando e Humberto redesenharam o Cafe des Hauteurs do Museu D’Orsay, em Paris. No Brasil, a renovação do café-bar do Teatro Municipal de São Paulo também receberá a assinatura deles. Os irmãos Campana apreciam a mesma estética? Em termos de design, arte e arquitetura, sim. Na literatura, música e filmes, não! Humberto é “clássico”, enquanto que Fernando é “pop”.

2011 New Hotel © Yes!Hotels 2011 New Hotel © Yes!Hotels


2011 Grinza © Edra

Qual é a importância dos materiais na obra de um designer? São os elementos que determinam projetos e conceitos. O material indicará o que será criado, uma cadeira, uma luminária. No início, Fernando e Humberto decidiram trabalhar com materiais baratos, uma vez que não tinham o dinheiro para os mais caros. Hoje em dia, esta é uma escolha consciente, devido às suas preocupações com o meio ambiente.

No mundo da moda, assinaram a “Coleção Campana” para a marca de jóias brasileiras H. Stern, em 2001, e mantêm uma parceria constante com a Grendene, criando sapatos e bolsas para a “Melissa”. Em 2009, assumiram o desafio de reinterpretar a tradicional camisa pólo da Lacoste e foi um sucesso, se tornando desejo de consumo dos apaixonados pela marca. Os irmãos Campana criam para as maiores empresas de design do mundo, a exemplo da Edra, Alessi, Artecnica, Bernardaud, Design Corsi, Kreo, Magis, Grendene, Skitsch, Design Plus , bem como pelo próprio estúdio, que assina edições limitadas, e até mesmo exclusivas, de algumas das suas criações. E, como o sonho de todo arquiteto e designer é assinar o projeto de um hotel, surgiu a primeira oportunidade: eles aceitaram o convite para apresentar novas soluções para a ambientação do antigo “Hotel Olympic”, em Atenas.

2005 Melissa Campana Bag + Shoe - Zig Zag Collection © Grendene

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A poltrona Grinza foi desenvolvida para a Edra e apresentada em 2011 no Salone Internazionale del Mobile, em Milão. Uma grande metragem de couro (também na opção de pele ecológica) foi cuidadosamente drapeada sobre a estrutura tubular, feita de aço e preenchimento de poliuretano.


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conceito Música texto  Nyala Cardoso

riolo não precisa de rótulos. Nem sobrenome lhe faz falta. É, enquanto signo social, o exemplar de um retrato respeitável e invulgar: um cara nascido e criado no morro, que escolheu o caminho mais longo, desviou as pedras, e chegou a um dos álbuns mais aplaudidos e premiados de 2011. “Nó na Orelha”, seu segundo disco, fez do rapper – cantor e compositor paulistano – o novo nome do cenário musical brasileiro. O disco de faixas imprevisíveis faz um passeio cultural pela musicalidade, livre de dísticos e sem a prevenção de se enquadrar em um determinado estilo. Esse desapego se deu, talvez, pela maneira despretensiosa como o álbum nasceu. Criolo tinha decidido abandonar os palcos quando foi convidado pelo Matilha, um espaço cultural sem fins lucrativos, para entrar em estúdio. O que seria um registro de algumas composições que pouca gente conhecia e que o músico pretendia guardar em seu arquivo pessoal. Com a insigne coordenação do produtor Daniel Ganjaman, ganhou fôlego, tomou forma própria e deu nó na orelha de muita gente.


Se por um lado as canções seguem um contexto verbal de raízes neo-realistas, reafirmando o rap enquanto instrumento de conscientização social, que delata o cotidiano da periferia e promove uma política de intervenção, por outro, a nova sonoridade, mais macia, aveludada por instrumentos improváveis no rap, como o trompete e o violino, revela uma plástica quase felliniana, que seduz pela atmosfera lúdica. E já que essa nova estética vem sendo recebida com entusiasmo pelo grande público, é relevante considerar que ela seja, por assinto – ou puro acaso – a ferramenta apropriada para resgatar o rap do bairrismo e do estigma de marginalidade que o restringe.

Com cinco indicações ao Video Music Brasil 2011, da MTV, Criolo ganhou os títulos de “Banda ou Artista Revelação”, “Álbum do Ano”, com “Nó na Orelha” e “Música do Ano” com “Não existe amor em SP”, tema que cantou ao vivo na premiação ao lado de Caetano Veloso. Mas a trajetória musical do rapper não começou nesse ano, longe disso. Há “mais de vinte” que Criolo faz história no circuito alternativo do rap. Em 2006 gravou seu primeiro disco, “Ainda Há Tempo” e fundou, junto com Cassiano Cena, a conhecida Rinha dos MC’s, um movimento artístico criado para ouvidos e mãos da nova leva de jovens e talentosos rappers, que surgia no cenário paulistano, e para promover o encontro desses artistas.


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Pelo que diz e faz, Kleber Cavalcante Gomes, o Criolo, prova sustentar princípios e valores generosos. Segundo ele, exemplos de berço: “cresci recebendo muito amor dos meus pais. Seu Cléon, do jeitão dele, é um cara super delicado”. Dona Vilane voltou a estudar quando Klebinho já tinha 13 anos, cursou o colegial ao lado do filho e formou-se em filosofia. Hoje, a imigrante nordestina, mãe de cinco, é uma agitadora cultural, pós-graduada em Língua, Literatura e Semiótica, que promove encontros para discutir Literatura e Filosofia. Não à toa, Criolo escolheu a paciência e o caminho certo, ainda que lento. E de ver tanta gente se perder em atalhos, alerta e insiste: “quando te oferecem um caminho mais curto, fique atento, fique atento”.


Conceito Fotografia Por Felipe Morozini

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São Paulo, a amante. Acordo sempre com você me chamando pontualmente às 6 e meia da manhã. Teus carros serpenteiam por um Minhocão. Cobra de concreto que agride e machuca teu centro. O sol torna tudo dourado a essa hora, o que me deixa feliz e inspirado.

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Antiga Mata Atlântica. Hoje selva de pedra.


Sirenes e maritacas tentam conviver com você. Parece impossível. Mas não ligue para as aparências. Eu ainda te amo. Busco em você teus habitantes perdidos. Pessoas esquecidas no fundo do teu coração. E não quero saber quem elas foram para você. Me satisfaz o registro. A antropologia. O diálogo com o desconhecido.


Prefiro que não me vejam. E que só você saiba de minha obsessão. Te amo também por isso. Por tornar-me anônimo.


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No fim de tarde, como sempre, você chora. Antes garoa. Agora choras tempestade. E tudo se enche de cinza e amor. Porque mesmo embaixo de tuas lágrimas, eu, teu amante, ainda te amo. 21 horas. O Minhocão se cala. Silêncio entre gritos. (Então não é silêncio).



206 E mesmo que você tenha teus defeitos e tuas escuridões. Mesmo assim, me entrego, observo, registro e tento melhorar-me. Porque o amor também não é isso?

Felipe Morozini (1975) fotógrafo e artista das imagens. Homem desavergonhado, voyeur e invasor. É primo próximo do acaso e dono de um olhar simples, cru e belo, como o cotidiano da sua cidade. Vive e trabalha em São Paulo. www.flickr.com/photos/morozini/



Musa Madalena Conceito Viagem

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Texto Nyala Cardoso

ila é arquitetura de poeta. O ar bucólico das românticas vias. As casas coloridas, verde-e-rosas. Aquelas outras num tom de azul quase inexistente. Uma pitangueira na calçada, um pé de romã. A Vila Madalena, no coração paulistano, é assim: um labirinto poético. Só lá a harmonia se encontra com purpurina e caminha lado a lado com Girassol. Parece devaneio dadaísta, mas são os nomes de suas ruas. As ruas da Madá. Nesse clima lírico, passear por ali e descobrir a poesia de certos lugares faz de qualquer tarde um agradável programa.


Durante muito tempo, a Vila Madalena ficou à parte da cobiça imobiliária paulistana, atraindo estudantes, artistas e boêmios que buscavam nela a privilegiada localização e o preço baixo dos aluguéis. No final da década de 1970, o bairro dos intelectuais, começou a chamar a atenção dos “novos modernos”, que traziam novidades e fomentavam um comércio elegante e despretensioso, transformando as ruas, ruelas e becos da Vila naquele que provavelmente seja o mais charmoso bairro paulistano. Numa casinha amarela na rua Girassol, mora a alegria da meninada: a lojinha Santa Paciência. “Inha” de fofinha, a Santa tem moda, design, livros, acessórios e outros achados “para crianças descoladas”, como declara o blog da loja. E é também na rua Girassol que vivem, além do amarelo, as cores todas, colorindo o Estúdio Glória de beleza e vibração. São cristaleiras, penteadeiras, cadeiras, sofás, armários e outras peças antiga, restauradas, uma a uma, pela designer Karina Arruda.


210 Antes de Paris está a rua Aspicuelta, nº 194. As coleções dessa loja de roupas femininas traz um ar de menina antiga, misturada a um toque contemporâneo à decoração, que acompanha a proposta. Vale uma visita. No caminho, o retrô Salão Luxo convida os transeuntes com uma frase um tanto sugestiva: “Está se sentindo meio tombada??? ...então entra!”. Lá dentro, uma viagem no tempo, cheia de simbolismos. O número 145 da mesma rua acomoda outro lugar especial: a Carbono, uma loja de design, moderna, ousada e criativa, idealizada para “pessoas antenadas, que não têm medo de ousar, de errar, de mudar de opinião; e que fogem do comum”, como define o seu criador, Marcus Ferreira. Você faz parte desse mundo? Com muita simpatia e na rua de mesmo nome, o Sr. Ernesto e seus filhos reformam geladeiras antigas há mais de dez anos. Pode levar só a carcaça, que durante a restauração é colocado motor das geladeiras novas, de consumo reduzido e que não poluem o ambiente. O trabalho é feito com esmero e a geladeira velha se torna a musa de qualquer cozinha. E por falar em musa, cozinha e poesia, mesa que tem estilo compra roupa na rua fidalga, nº 73. A loja Roupa de Mesa tem uma infinidade de cores, estampas e modelos de jogo americano, guardanapos, sousplat e adornos para pôr graça à mesa.


Foto: Valdemir Cunha

A rua Harmonia se declama em antigos versos materializados em dois endereços especiais: a Desmobilia Vintage e a Retrô 63. À altura do número 233, a Desmobilia Vintage guarda relíquias garimpadas nos mais diversos lugares do mundo, móveis com forte inspiração vintage e novidades geradas pelo Studio Desmobilia e seus parceiros. Ali, o design vive um estado permanente e excitante de liberdade criativa. Na Retrô 63, o ar de garagem-brechó deixa qualquer um à vontade para explorar os incontáveis móveis e peças dos anos 50, 60 e 70 espalhados pelos quatro cantos, no meio, nas paredes e pendurados no teto da loja. Ainda na rua Harmonia e bem-vinda de terras mineiras, a Oficina de Agosto, criada pelos irmãos Antônio Carlos Bech, o Toti, e Sônia Bech Vitaliano, expõe e vende obras de artes idealizadas por eles e desenvolvida por um grupo de artesãos do vilarejo de Bichinho em Minas Gerais. Cada artesão aprendeu uma técnica e deu às obras um pouco de sua identidade. A loja respira arte em sua forma mais autêntica, valorizando as expressões artesanais da diversidade cultural brasileira. Por esses cantos e tantos outros, a Vila Madalena respira arte e inspira a criatividade. São tantos pedaços de poesia que ela quase se transforma numa epopéia. Caminhar por ai não é, nem de longe, uma jornada turística, mas um passeio lúdico, cheio de nuances, signos e significados. Portanto, vista confortáveis sapatos e vá descobrir esses e todos os endereços que puder, pois a Vila vale cada esquina.


Tô Retrô Texto Tarcísio Almeida

Pode até parecer um contra-senso, mas apesar de toda a efemeridade da moda e o seu significado de mudança, ela sempre está com um pé no passado. Os mais renomados designers e criadores, vez por outra, voltam no tempo para buscar referências, reler discursos e reinventar. Afinal, repetir até ficar diferente são palavras de Manoel de Barros que caem como luvas dentro desse longo passeio. O estilo vintage, por sua vez, é o termo que dá significado ao anseio criativo das pessoas que apreciam essas visitas. Uma busca a tudo que já foi criado, valorizando o uso de peças antigas e mixando às novas possibilidades de imagem, que trazem o interesse crescente pela recuperação de estilos passados. Esse movimento é importante para abrir uma discussão sobre valorização de espaços tradicionais, ora sofisticados ou simples, nascidos pelo desejos de resgatar e difundir objetos icônicos. Esses muitas vezes esquecidos pela velocidade da vida contemporânea. São eles, os brechós!

Entre as velharias do passado surge o verdadeiro significado para o design: amudança. Vistos como espaços empoeirados, os brechós surgiram ainda no século XIX e não tinham nada de glamourosos. As lojas de peças de segunda mão eram procuradas por aqueles que não tinham dinheiro para pagar por peças novas. No entanto, o design contemporâneo marcado pelas releituras iniciou esse processo de valorização do passado trazendo ao movimento uma verdadeira permissão ao mundo fashion. É dessa relação contraditória que vestir-se como nossos antepassados tornou-se sinal de modernidade. A situação é tamanha e sua evolução cada vez maior, que os brechós de hoje se multiplicam, conquistam mais adeptos e se tornam verdadeiros templos para pesquisa, consumo e reflexões sobre a própria maneira consciente de produzir, descartar e reutilizar.


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BrechóLand A terra da garoa, capital do estado homônimo e objeto dos nossos olhares nessa edição, não escapa das principais cidades do Brasil que abrigam esses espaços, que são rota obrigatória a qualquer interessado em garimpar e entender sobre a sua própria história. “Na época – 1992, ele surgiu da necessidade de trabalho e da falta de emprego no período de Collor e Sarney. Foi uma saída de apoiar e juntar com gosto o que se queria fazer: estilo, moda e arte”. Essas, são palavras de Franz Ambrósio, sócio e fundador do Antiguidades Minha Avó Tinha. No período citado, o termo Brechó era extremamente preconceituoso e ainda não havia no país a cultura de consumo de peças Vintage ou de segunda mão. No início, em São Paulo conseguimos registrar poucos espaços especializados em peças antigas. Locais como O Universo em Desfile, Naphtalina, Spázio 1717 e algumas barracas na feira da Praça Benedito Calixto e no bairro do Bexiga são precursores do movimento comercial dos Brechós.

Vitrine do espaço À La Garçonne, localizado no bairro de Pinheiro onde há uma infinidade de casa especializadas em Vintage. Disposição dos objetos e produtos no À La Garçonne. O proprietário Fabio Souza passa parte do ano pelo mundo pesquisando e descobrindo novos produtos para o acervo da loja. O À La Garçonne foi criado para resgatar a atmosfera de uma loja fundada no ano 1929 até meados dos anos 50 e que, de lá pra cá, ficara abandonada. Os móveis e objetos são originais e danificados propositadamente para aparentar o desgaste do tempo.

Nesse contexto, e com um forte empurrão da popularização da informação de moda das roupas antigas, o Brechó ganhou corpo e se alastrou como uma valorosa praga. Abrigando em seus acervos coleções indescritíveis, seleções de diversas épocas e verdadeiros achados, os objetos e roupas resgatam a memória de outros tempos e despertam sentimentos intangíveis para os seus consumidores. Grifes, peças que definem uma época ou estilo e a qualidade dos materiais em que foram desenvolvidos são alguns dos critérios de curadoria na maioria dos espaços encontrados. Neles é possível mergulhar nas infinitas possibilidades que a contraditória e atemporal moda é capaz de permitir.


A casa dos ratos

Fachada do espaço antiguidades Minha Avó Tinha no bairro de Perdizes – SP. Arara de peças femininas. O Minha Avó Tinha separa os seus produtos por sexo e período. A maioria deles estão a venda e outros apenas disponíveis para locação.

Casa Juisi que abriga o coletivo de arte Phosphorus e o Brechó Juisi by Licquor. Acervo Juisi By Licquor.

Inusitados personagens da memória viram produtos. Acervo Galpão 1416. Tradicional Brechó de móveis.

Vintage é o futuro! É o que declara Fábio Souza, fundador do espaço À La Garçonne. “Vivemos num planeta que não suporta mais a interferência do homem poluindo a natureza com a fabricação de novos produtos, reciclar é a palavra chave para mantermos o mundo em harmonia”. Dessa maneira, a política dos novos espaços encontrados na cidade gira em torno da ressignificação dos estilos, da pesquisa e do próprio conceito de reutilização de algo que já existiu. Nada mais contemporâneo no mundo do consumo. O amor pelo Vintage fez nascer espaços extremamente elaborados com um precioso cuidado. Eles incentivam parcerias com profissionais de áreas como cinema, design e moda, facilitam a vida de estudantes e pesquisadores e abrilhantam em grande estilo os seus fiéis consumidores. Dentro das inúmeras contribuições que esses locais permitem, resgatamos em nossa memória a história que uma peça é capaz de carregar. São Paulo, mais uma vez, se torna um novo berço de mistura e profusão cultural alinhado a outras grandes capitais que representam a imagem do que a modernidade é capaz de gerar.


grupo av | foto estĂşdio gato louco


conceito indica

Sofás

Desvendamos os universos de alguns convidados para saber o que neles habita. Livro, música e cinema: vamos compartilhar!

Sofá literário Ivan Marques, Jornalista Jogar e contar A memória do nosso futebol não está na TV ou na internet. São os livros, como Gigantes do Futebol Brasileiro, que nos remotam ao período clássico do esporte. De autoria dos jornalistas João Máximo e Marcos de Castro, a publicação, original de 1965, ganhou uma nova versão em 2011 e conta com perfis de 21 craques, de Friedenreich a Ronaldo, descritos por meio de histórias cotidianas e de vestiário. Essa memória do futebol brasileiro, mesmo com todos craques, não poderia ser imortalizada sem o apoio da imprensa esportiva, que, pelas ondas do rádio, enchia o povo de alegria. História contada no livro Os Donos do Espetáculo, de André Ribeiro, que nos brinda com histórias deliciosas dos bastidores da bola. Alexandre Beanes, designer e pseudo-poeta Para Viver um Grande Amor, de Vinicius de Moraes, mudou a minha vida. Lí na época da escola e me deu vontade ler mais, além de abrir uma inquietude em mim para a arte em geral e colocar no papel as minhas próprias palavras. Nesse mesmo estilo de arrebatamento, e com um apelo social crucial aos nossos dias, Sérgio Vaz e o seu livro Literatura, Pão e Poesia, traz a vontade de espalhar o trabalho dele. Esse cara faz acreditar que se a poesia não mudar o mundo, nada mais fará. Afinal de contas “A Poesia é o esconderijo do açúcar e da pólvora. Um doce, uma bomba, depende de quem devora.”


Sofá com pipoca

Sofá musical

Jana Leite, 1ª Assistente de Direção Em O Último Tango em Paris, um polêmico clássico do inicio dos anos 1970, o sexo sem culpa, despido de freios morais, cuspidos de naturalidade é o fermento principal pra toda trama de Bertolucci. Cada um vai sentir o filme de uma forma, e todas elas servirão para compor o seu significado. Ele é o impulso pra se desprender de rótulos e permitir sentir o que de mais sincero e íntimo existe em nós: o desejo – a cereja do bolo. Lançado no ano passado, Um Conto Chinês é um filme simples e genial! Retrata o poder da comunicação, o sentimento como linguagem universal, a necessidade de se conviver com as diferenças. Os atores são de uma interpretação fantástica. É a amostra de uma desastrosa conexão com o equilíbrio.

Marina Sarno, Artista Visual Brassica – Microvictories Um álbum de cabeceira. Os sons têm timbres texturizados, batidas, quebras, trechos experimentais, melodias bonitas e bem arranjadas. Tem momentos que lembram composições eletroacústicas, uma versão mais amiga do pop. Pra ouvir inteiro de uma vez, viagem sensorial. Psilosamples – Surf Mental Lançamento do príncipe da roça, o Zé Rolê. Psilocibina auricular. Forró transcendental. Uma viagem bonita e maluca. Criatividade e personalidade pra criar composições tão peculiares, misturando, picotando e colando de tudo pelos programas de audio que trabalham duro no laptop. Beats, forró, gente falando, folclore, texturas, ruídos, shimbalaiê e uma ar de nostalgia infantil.

Igor Souto, Cineasta Os Imcompreendidos (1959) de François Truffaut, traz Antoine Doinel: personagem em suas primeiras aventuras adolescentes e seus problemas com o universo que o cerca. Com um tom documental e auto biográfico, o filme em preto-e-branco é baseado na vida de Truffaut. Além de marcar o inicio da relação entre diretor-personagem-ator: que continuará por quase 30 anos. O filme A Árvore da Vida (2011) de Terrence Malick se mostra denso e com questões claras. Pai e filho, o caminho da natureza e o da glória, a evolução como passo natural do ser. Questões existenciais que levam a redenção. Juntamente com uma fotografia e atuação que me fazem não querer esquecer aquelas cenas. Não é um filme para diversão e sim para questionamento.

Jerônimo Sodré – Dj Um álbum clássico pra mim é o She’s in Control (de 2004) do duo musical de Montreal e Nova Iorque Chromeo – Foi o primeiro album da banda e até hoje quando eu ouço, da vontade de ouvir todo!! Toro y moi - Underneath the Pine (2011) já não é tão novo assim, mas pra mim foi um dos melhores desse último ano. “Still sound” é a música escolhida, Indie Disco de ótima qualidade!!


Galeria Pop

Saideira com os Gatos loucos Gustavo . Maria Luiza . Caio Martins

Fotos Estúdio Gato Louco

218 Laís Galvão

Aúrea Barreto Alexandre Winter


Andrea Velame

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Fabbio Pera e Guilherme Pera

Pitty Diniz Daniela Campelo e Paulinha de Nora Patricia e Wagner Paiva

Fofura da noite Roberta Rennó e Andréa Carvalho

Ariel Freitas e Ágata Fidelis


Du Botelho e Hanna Botelho

Sergio Rodrigues e Andrea Velame

Florian Raiss

Andrea Velame e RogĂŠrio Menezes

Naissa Vieiralves e Roberto Leal

Tatiana Melo

Tereza Knittel e Samy Saffe

Ana Claudia Michels


Pablo Passos

Thaíz Bragga e Iamna Samarcevscky

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Mary Santos Luciana Bittencourt

Diego Pombo e Nathália Velame

Flávio Rial

Fabiana Candini






conceito agenda

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À La Garçonne Rua João Moura, 395 – Pinheiros – São Paulo – (11) 2364-3280 – www.alagarconne.com.br Adega Santiago Rua Sampaio Vidal, 1072 – São Paulo – (11) 3081-5211 – www. adegasantiago.com.br Adriana Barra Alameda Franca, 1243 – Jardim Paulista – São Paulo – (11) 2925-2300 – www.adrianabarra. com.br Aladim Tecidos Parque Dom Pedro II, 392/406 – 25 de março – São Paulo – (11) 3229-5111 Alma Maria Rua Oscar Freire, 439 – Jardins – São Paulo – Tel – (11) 3064-0047 – www.almamaria. com.br Antes de Paris Rua Aspicuelta, 194 – Vila Madalena – São Paulo – (11) 3819-6046 – www.antesdeparis.com.br Arredo Shopping Paseo Itaigara, 2º piso, Salvador – 71 3351-1803 Artimex Alameda das Espatódeas, 491 – Caminho das Árvores – Salvador – (71) 3379-6988 – www.artimex.com.br Arturito Rua Artur de Azevedo, 542 – Cerqueira César – Zona Oeste – São Paulo – (11) 3063-4951 – www.arturito.com.br Basica Home Alameda das Espatódeas, 206 – Caminho das Arvores – Salvador – (71) 3341-1706 – www.basicahome. com.br Bonie Rua Cezar Zama, 211 – Barra – (71) 3267-2386 | Salvador Shopping, 2º piso – (71) 3018-1912 | Avenida Paulo VI, 1345 – (71) 3451-3203 Salvador Carbono Design Rua Aspicuelta, 145 – Vila Madalena – São Paulo – (11) 3815-1699 – www.carbonodesign. com.br Casa Conceito Rua Afonso Celso, 102 – Barra – Salvador – (71) 3351-9666 – www.andreavelame.com.br Casa Juisi Rua Roberto Simonsen, 108 – Sé – São Paulo – (11) 3063-5766 juisi.blogspot.com. br Casabella Rua Alameda das Espatódeas, 215 – Caminho das Árvores – Salvador – (71) 3342-5666 – www.casabellamovelaria. com.br Coletivo Amor de Madre Rua Estados Unidos, 2186 – Jardins – São Paulo – SP (11) 3061-9384/3061-9044 – www. coletivoamordemadre.com Desmobília Rua Harmonia, 233 – Vila Madalena – São Paulo – (11) 2679-9982 – www.desmobilia.com.br Divina Parede Rua das Rosas, 658 – Pituba – Salvador – (71) 30175080 – www.divinaparede.com.br Due Cuochi Rua Manuel Guedes, 103 – São Paulo – (11) 3078-8092 – www.duecuochi.com.br Eliane Ottoni Shopping Apipema Center – (71) 3237-8434 | Shopping Paseo Itaigara, Loja Poire Paradoxus – (71) 3353-3604 – Salvador Estudio Gloria Rua Girassol, 654 – Vila Madalena – São Paulo – (11) 3097-9970 – www.estudiogloria.com.br Evviva Bertolini Avenida Paulo VI, 1399 – Pituba – Salvador – (71) 3452-5533 – www. evviva.com.br Felipe Morozini www.flickr.com/photos/morozini Fernanda Yamamoto Rua Aspicuelta, 441 – Vila Madalena – São Paulo – (11) 3032-7979/3032-7200 – fernandayamamoto.com. br Fonseca Shop Alameda das Espatódeas, 173 – Caminho das Árvores – Salvador – 71 3272-2475/3341.1373 Galpão 1416 Rua João Moura, 1416 – Pinheiros – São Paulo – (11) 3873-8099 Home Design Avenida Paulo VI, 1186 – Pituba – Salvador – (71) 3503-5959 – www. homedesign.com.br Iluminação Criativa Avenida Paulo VI, 1345 – Salvador – 71 3451-3203 Jair Lustres Antigos Rua Doutor Melo Alves, 37 – Cerqueira Cesar – São Paulo – (11) 3082-8613 – www. jairlustresantigos.com.br Juan Estevez – Fotografo juanesteves. com.br Julice Boulangère Rua Dep. Lacerda Franco, 536 – São Paulo (11) 3097-9144/3097.9162 – www.juliceboulangere.com.br Kate Spade Rua Bela Cintra, 2182 – Consolação/Higienópolis – São Paulo – (11) 3081-5721 – www.katespade.com.br Lá Da Venda Rua Harmonia, 161 – Vila Madalena – São Paulo – (11) 3037-7702 – www. ladavenda.com.br Las Chicas Rua Oscar Freire, 1.607 – Pinheiros – São Paulo – (11) 3063-0533 Le Jardin Secret Rua Harmonia, 293 – Vila Madalena – São Paulo – (11) 2537-3819 – www.lejardinsecret. com.br Liceu de Maquiagem Rua Pedro Taques, 110 – Consolação – São Paulo – (11) 3083-0500 – www.liceudemaquiagem.com.br Líder Interiores Alameda das Espatodeas, 1167 – Caminho Das Arvores – (71) 3272-0210 – www.liderinteriores.com.br Loja Do Bispo Rua Dr. Melo Alves, 278 – Jardins – São Paulo – (11) 3064-8673 – www. lojadobispo.org Mac Moveis Rua do Timbó, 86 – Caminho das Arvores – Salvador – 71 3019-8208 – www.macmoveis.com.br Maria

Brigadeiro Rua Capote Valente, 68 – Pinheiros – São Paulo – (11) 3085-3687/3087-3687 – www.mariabrigadeiro.com.br Minha Vó Tinha Rua Dr. Franco da Rocha, 74 – Pinheiro – São Paulo – (11) 3865-1759 www.minhavotinha.com Nair Oliveira Alameda das Espatódeas, 515 – Caminho das Árvores – (71) 3341-2953 – www. nairoliveira.com.br Oficina de Agosto Rua Harmonia, 243 – Vila Madalena – (11) 3031-6169/3032-1198 – www.oficinadeagosto.com.br Omni Light Alameda das Espatódeas, 201 – Caminho das Árvores – Salvador – (71) 3271-2264/3272-0535 – www.omnilight.com.br Paulo Darzé Galeria de Arte Rua Dr. Chrysippo de Aguiar, 8 – Salvador – (71) 3267-0930 – www.paulodarzegaleria.com.br O Pedaço da Pizza Rua Augusta, 1463 – Consolação – São Paulo – (11) 3285-2117 – www.opedacodapizza.com.br Ping Pong Dim Sum Rua Lopes Neto, 15 – Itaim – São Paulo – (11) 3078-5808 – www.pingpongdimsum.com. br Prima Bruscheteria Rua Aspicuelta, 471 – Vila Madalena – São Paulo – (11) 2924-1549 Reiki Nordeste Rua Mundo Novo, 110 – Chapada do Rio Vermelho – (71) 3205-5000 – www.reikinordeste.com. br Retrô 63 Rua Harmonia, 63 – Vila Madalena – São Paulo – (11) 25376232 – www.retro63.com.br Robin Des Bois Rua Capote Valente, 86 – Pinheiros – São Paulo – (11) 3063-2795 – www.robindesbois.com.br Salão Luxo Rua Aspicuelta, 193 – Vila Madalena – São Paulo – (11) 3031-5511 Santa Paciencia Rua Girassol, 223 A – Vila Madalena – São Paulo – (11) 3814-9188 – lojasantapaciencia.blogspot.com.br Serafina Restaurante Alameda Lorena, 1705 B – Jardins – São Paulo – (11) 3081-3702 – www.serafinarestaurante.com.br Solarium Espaço Design Rua Alfazema, 761 – Edf. Iguatemi Business & Flat, loja 26 – Salvador – (71) 3355-1025/9227-0166 Sr. Ernesto Geladeiras Antigas Rua Simpatia, 222 – Vila Madalena – São Paulo – (11) 30344865 – www.geladeirasantigas.com.br Studio TMLS Rua Melo Alves, 549 – Jardins – São Paulo – (11) 3063-5352 – loja.studiotmls.com.br Textil Tecidos Shopping Cidade, loja 6 – Itaigara – Salvador – (71) 3351-3799 – www.textiltecidos.com The Gourmet Tea Rua Matheus Grou, 89 – Pinheiros – São Paulo – (11) 2691-2755 – www. thegourmettea.com.br Única Persianas Alameda dos Umbuzeiros 129 – Caminho das Árvores – Salvador – (71) 3354-3232 Via Sono Reconflex Shopping Paseo Itaigara, térreo – Salvador – (71) 33516776 – www.reconflex.com.br Xarmonix Shopping Barra, 3º piso – (71) 3267 2334 | Shopping Iguatemi, 3º piso – (71) 3450 0216 | Shopping Salvador, 2º piso – (71) 3019 9295 | Shopping Salvador Norte, 2º piso – (71) 3365 6728 – www.xarmonix.com.br

ARQUITETOS

Arthur Casas Rua Itápolis, 818 – São Paulo – (11) 2182-7500 – www. arthurcasas.com Camilo Baiardi Rua das Acácias, 470 – Edf. Spazio Empresarial, 401 – Pituba – (71) 3353-6675/9195-6986 – cbaiardi@terra. com.br Dado Castello Branco Rua Itacema, 128, 4º andar – Itaim Bibi – São Paulo – (11) 3079-2088 – www.dadocastellobranco.com.br Guilherme Torres Rua João Moura, 106 – Jardim America – São Paulo – (11) 2872-8620 – www.guilhermetorres.com.br Irmãos Campana www.campanas.com.br Isay Weinfeld Rua Wisard, 305, 7º andar – São Paulo – (11) 3079-7581 – www.isayweinfeld.com Marco Aurelio Viterbo Rua Cônego Eugenio Leite, 285 – Jardim Paulistano – São Paulo – (11) 3062-0304 – www.marcoviterbo.com.br Paulo Andrade Avenida Santa Luzia, 1136, Sala 602 – Horto Florestal – Salvador – (71) 3276-2076 – www.paulomelopauloandrade.com.br Rebecca de Gonzaga www.rebeccadegonzaga.com.br Ruy Ohtake www. ruyohtake.com.br Sergio Rodrigues www.sergiorodrigues.com.br Sidney Quintela Avenida Sete de Setembro, 2872 – Ladeira da Barra – Salvador – (71) 3333-7000 – www.sidneyquintela.com.br Thiago Manarelli – MG Arquitetos Associados Avenida Prof. Magalhães Neto, 1856 – Pituba – Salvador – (71) 3341-8744/7812-8211


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