Conceito AV#3

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100 anos Burle Marx

A Arte e a Arquitetura do Inhotim revela-se em meio à natureza sugerida por Burle Marx

Zaha Hadid

A iraquiana, de traços fortes e curvos, é a mulher da arquitetura contemporânea

Minas com Bahia

Oito projetos recheiam o In loco. Na capa, a casa do arquiteto mineiro Carico

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Gustavo Penna A obra do arquiteto mineiro é inundada por arte e poesia


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Projeto Nathália Velame  fotos Marcelo Negromonte  Grupo AV

C O N C E I T U A R ESTILO DE VIDA  A Todeschini completa 70 anos em 2009. Ao longo da sua trajetória buscou investir em design, tecnologia e materiais de vanguarda, porém, nunca se afastou da premissa: pessoas felizes, fazem a diferença.

Shopping Paralela, 2o piso – Salvador BA  Tel: |71| 3555-6602

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ÍNDICE

As montanhas de Minas Gerais inspiraram Alberto da Veiga Guignard na construção da maior referência do ensino de arte no país, a Escola Guignard. Livre dos moldes tradicionais, a escola faz diferente  44

Zaha Hadid –a

mulher da arquitetura e o panora ma de sua obra  10 l  166 Gustavo Penna, arquiteto, mineiro de alma poética e firmeza no traço  18 undia

rte maa a g i r ab ureza e nat

am orâne p 2 m e   18 190 nt o s c i e a t n   a ar cio para lgi a o s í n o a r es sv – pa ant ka t r hotim n n I a o n F se

s re rep ne s g e A nd G: gra M a r m u o itet de Arqu co c i m t á e cr ev isto r e a t n rte ate spo b e om , um zc olo P o . v os m leir e a t v a e us c art e s o se m alo co v a a C i IN LOCO  {45} ár lin u C Carico___ 84

OS BONECOS DO GIRAMUNDO  {50} BIRÔ DE ESTILO A coluna desta edição tem tons e formas francesas. Muitas peças, retrô ou contemporâneas. Por Thaís Muniz, nossa cool hunter  67 PATRÍCIA ROLLO  {45}

CHARLÔ  {45} Uma volta em Paris com Lena Lebram  62

Nathália Velame___92 Luiz Lanza___104 Cristina Arcoverde___110 Eliane Pinheiro___116 Adriano Mascarenhas___128 Freusa Zechmeister___ 136 Iolanda Almeida___ 144

GRUPO CORPO  {54}

Moda é arte Ainda melhor quando sob o olhar de quem a consegue enxergar. O argentino Gabriel Rocca, mais uma vez, prova que nasceu com o dom  154

A França é literatura Três designers de interiores da Bahia encararam o espírito e prepararam três cantos de leitura. Uma homenagem à França. Escolha o seu  37


R

editorial eforçando a arquitetura mundial como premissa para refêrencia do que veiculamos, Zaha Hadid seduziu-nos com seu traço experimentalista e foi impossível não publicá-la. Ano da França no Brasil: da união, duplamente charmosa, apresentam-se algumas matérias. Mantendo nossa postura editorial, viajamos. Pautas, referências, fontes, mapas e GPS... Estávamos em Minas Gerais, a anfitriã mais elegante do Brasil. Gentilmente, fomos recebidos por Luis Lanza, Carico, Agnes Farkasvolgi, Eliane Pinheiro. Gustavo Penna nos fez conhecer Araxá e Freuza Zechmeister nos apresentou um palácio. Subimos à montanha e chegamos à Escola Guignard, visitamos o Teatro de Bonecos Giramundo, nos fascinamos pelo Grupo Corpo e tanto ou mais pelo Instituto Inhotim. O Instituto é o que há de mais rico em arte contemporânea e coleção botânica no país. O paisagismo do Inhotim foi iniciado por Burle Marx, quem homenageamos nesta edição pelo centenário, em agosto de 2009. Minas com uma Bahia afrancesada. Foi desta viagem que iniciei o trabalho para a terceira revista. Posso dizer com tranquilidade que esta é uma edição solar, com muitas referências à luz. Em matérias ou no In Loco, com arquitetos ou lighting designers, dentro ou fora dos projetos, muito se fala sobre iluminação nesta Conceito. Ainda bem. De certa forma, confesso: sou muito iluminada – e talvez daí venha tanta luz nesta terceira edição. São 200 páginas do que há de mais irresistível do mundo mais sedutor: arquitetura, arte, design, moda, decoração, gastronomia... Confiram, afinal, vale muito a pena! Andrea Velame – editora coordenadora

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:: q u e m f a z

Grupo AV por Andrea Velame Liderado por Andrea Velame, o Grupo AV engloba o Programa Tudo AV, a Revista Conceito AV, além do portal www.andreavelame.com.br

1– Andrea Velame  direção geral  2– Marcelo Negromonte  fotografia de arquitetura   3–Tiago Nery  direção de arte 4– Luara Lemos  jornalismo   6– Emílio Valu  comercial  6–Tatiana Dourado  jornalismo  7– Thaís Muniz  produção

Grupo AV — direção-geral–Andrea Velame | jornalismo–Tatiana Maria Dourado e Luara Lemos | design gráfico–Tiago Nery | fotografia de arquitetura– Marcelo Negromonte | produção–Thaís Muniz | colunistas–Charlô Whately, Patrícia Rollo, Irá Salles, Lena Lebram | distribuição–Salvador, São Paulo, Recife e Belo Horizonte | departamento financeiro–Maíza Fernandes | fotografia still–Estúdio Gato Louco | impressão–Vox Editora | revisão textual–Lílian Reichert | secretária Mary Santos | departamento comercial–Emílio Valú – comercial@andreavelame.com.br | ilustração–Túlio Carapiá  *Tudo AV  editorchefe de vídeo–Eduardo Monteiro | editor de vídeo–Hudison Vieira | assistente de produção–Mário Fernandes | fotografia de capa– Jomar Bragança Y Fale conosco! jornalismo@andreavelame.com.br, producao@andreavelame.com.br


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por luara lemos

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Nascida na Bagdá dos anos 1950, Zaha Hadid é uma das maiores forças arquitetônicas da cena contemporânea

Senhora de abordagem vanguardista da arquitetura, Zaha Hadid evoca, nos edifícios, o caos da vida moderna, criado sob múltiplas perspectivas e pontos fragmentados

da geometria, o que a identifica com a corrente desconstrutivista da arquitetura, por

quebrar a estética pós-Bauhaus, da repetição ordenada das peças industriais

Hadid faz diferente, cria poesia com a arquitetura

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Após se formar em Matemática pela Universidade Americana de Beirute, em 1972, Hadid foi para Londres, estudar na Architectural Association (AA). Local ideal para arquitetos ambiciosos, a AA da década de 1970 era o lugar mais fértil para a imaginação arquitetônica; lá, floresceram nomes como Rem Koolhaas, Daniel Libeskind, Will Alsop e Bernard Tschumi. Zaha se tornou a única mulher entre os mais cultuados arquitetos da atualidade e a primeira a ganhar o Pritzker Prize for Architecture, em 2004, internacionalmente considerado o prêmio Nobel da Arquitetura. Zaha ocupa, hoje, o ranking dos mais prestigiados arquitetos, ao lado de mestres como Frank Gehry, Renzo Piano e Oscar Niemeyer. Dona de um traço poderoso, os espaços de Hadid são criados com formas inspiradas nas fantasias de futuro, sempre com muitas transparências, cores e entrelaçados. A arquiteta transcende o domínio do papel, com projetos que transpiram fluidez, futurismo e complexidade, em incríveis dimensões, de articulação espacial, mobilidade e imaginação infinita. Ao longo de trinta anos de carreira, muitos dos seus projetos arquitetônicos foram premiados; outros não saíram do papel. Alguns como o Peak Club de Hong Kong (1983) e o da Ópera de Cardiff (1994) não foram realizados, embora tenham sido vencedores em competições internacionais. Ã  VANGUARDA Experimentalista, como ela mesma se define, Hadid não tem medo de arriscar; entre os projetos construídos, o Rosenthal Center for Contemporary Art (1998), em Cincinnati, Estados Unidos, foi apontado pelo New York Times como o mais importante novo edifício da América desde a GuerraFria. No projeto, rampas fazem um zigue-zague em meio a tubos horizontais que saem do nível do solo, rumo ao céu. No chão, luzes dirigem os visitantes de uma obra para outra. O Centro ainda permite que os cura-

Concluído em 2005, o BMW Central Building, em Leipzig, na Alemanha, é o cérebro de toda a

O Móbile Art, inspirado na clássica bolsa de matelassê da Channel, reúne trabalhos de 20 artistas

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Werner Huthmacher

fábrica da BMW. Formas simples e complexas e contrastes: concreto, vidros e transparência

Steve Doublé

Para a Lacoste, inspirado no jacaré da marca

Zaha: única mulher a ganhar o prêmio Pritzker

Para a linha de sandálias brasileira Melissa

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dores customizem o espaço a cada nova exposição. O Vitra Fire Station (1993), o Bergisel Ski Jump (2002), em Innsbruck, Áustria, e o Phaeno Science Center (2005) também estão entre o que há de mais extraordinário no panorama urbano do século 21. Conhecida como uma profissional que transita entra as fronteiras da arquitetura, do urbanismo e do design, seu trabalho experimenta novos conceitos espaciais, abrangendo desde a escala urbana de interiores, o mobiliário e objetos. No cenário da moda, a arquiteta apresenta uma parceria com a Channel, assinando um pavilhão de arte itinerante, denominado Móbile Art. A exposição possui um mix de fotos, vídeos, esculturas e instalações que reúne trabalhos de 20 artistas, inspirados na clássica bolsa de matelassê da marca francesa. Partindo da forma espiral, o pavilhão é uma grande experiência sensorial e espacial. Os espaços são fluidos e dinâmicos e a exposição se desenrola em um fluxo centrípeto, levando a uma área de eventos no centro. Desmontável em sete partes, para ser transportado, o espaço vai navegar o hemisfério norte e estará em Paris entre janeiro e fevereiro de 2010. No setor de calçados, a designer criou seu primeiro sapato para a linha de sandálias de plástico brasileira Melissa. Nas mãos de Zaha, a sandália ganhou ares de bota aerodinâmica, com leve salto e tiras de borracha que circundam o tornozelo em diferentes alturas. A novidade é a parceria de Zaha com a marca Lacoste, que lançou uma edição especial e limitada de um calçado futurista que chega ao Brasil no segundo semestre de 2009. Foram produzidos 10 mil pares, de quatro modelos, divididos nas linhas Limited-Edition (botas) e Diffusion Life (sapatilhas). Para a coleção, Hadid baseou-se na forma do tradicional jacaré, símbolo da marca, explorando superfícies e formatos que misturam o conceito fashion com a ousadia da arquiteta. Arrasa, Hadid!


Helene Binet

Acima, o Rosenthal Centre for Contemporary Art, Cincinnati, EUA, apontado pelo New York Times como o mais importante novo edifício da América desde a Guerra-Fria. As rampas, personalidade do projeto, fazem um zigue-zague e dirigem os visitantes de uma obra para outra. Na página ao lado, da esquerda para a direita: a estação de Nordpark Cable Railway, em Innsbruck, na Áustria, é referência mundial para a utilização de dupla curvatura de vidro em construção. O Mobile Art - Chanel Contemporary Container é desmontável em sete partes e vai viajar por todo o hemisfério norte.

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Helene Binet

Roland Halbe Virgile Simon Bertrand

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A lu z pr ovo ca s ensa ções Os ... ol ho sc ap ta m fo rm as ,c or es , te xt ur as ...

A luz revela espaços...

Em

s ma o h 8T 187

ca étri l e ia erg n e da rtir a p za u lu e t b on o s d E

E agora não faltam mais luminárias...

Foto Marcelo Negromonte GRUPO AV

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Alameda das Espatódeas – no 201, Salvador BA  Tel: |71| 3272-0535

Christian Richters

Roland Halbe


18 Ana Valadares


Aos 8 anos, auxiliad

o por um graveto, Gu

arquiteto stavo Penna fazia po

ntes e barragens co

m a água que caía de

cima da casa de seu pai, em Araxá, MG. Era menino, surpreende-se ao lembrar, mas não nega o indício do que se tornaria em 1973: arquiteto. s. foco em interpretações urso dos 36 anos de carreira, inebria as perc no , caía que água da ntil infa rio O imaginá Pelo deslumbre do olhar receptivo, Gustavo Penna afirma preferir fazer arquitet ura para “velho e criança”. xplica. lítico ou lúdico. s coisas”, e a ana os, o tid it sen u os m pel e am d n se encant ssoal confu poralmente que, contudo, minho, o pe Duas visões distantes tem ca o d io e m “No

, é Plutão ito abaixo

a.

e Proserpin

baixo, mu são. Para n e im d a ir terce o, nasce a as estrelas”. Para o lad ima, é onde moram Para cima, muito ac Apega-se em “para o lado” como prática de vida. “O outro está ao lado, e a arquitetura é um transbordamento de você para o outro”, analisa.

Projetos urbanos, espaços culturais, indústrias, monumentos e praças, escritórios, hospitais e clínicas, residências, edifícios comerciais e residenciais, hoteis e fazendas, casas e restaurantes... Gustavo Penna enuncia-se como clínico geral, “não quero realmente ter uma especificidade, é chato. Mudar de interlocutor todo dia te faz mudar de posição. É muito mais rico”, opina. No universo de Gustavo Penna, ele quem diz, n ã o  e x i s t e  v i d a  s e m  a r t e. Sua arquitetura, por isso, não pode ser menos que propositalmente simbólica.

“Primeiro é o plano onde o homem pode ficar confortavelmente.

Naturalmente, seus olhos brilham e um sorriso que remexe os músculos emana do rosto. Deleita-se em realidade, e todas as ideias à arte se entrelaçam. Seu grande mestre foi um escultor, Amílcar de Castro (1920-2002). “Eu tive grandes professores de arquitetura, mas o Amílcar me provocou a dimensão poética do significado do espaço”. Sob orientações aristotélicas, acolhidas em conversas com Amílcar, levou consigo o ensinamento:

entrevista andrea velame texto  Tatiana dourado

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A Casa Borges está localizada no município de Brumadinho. A 15km de Belo Horizonte, o local é privilegiado por suas características naturais

Você se graduou em Arquitetura e Urbanismo em 1973 e vem desenvolvendo trabalho belíssimo de arquitetura nacional com grande destaque dentro de uma linguagem atemporal. O que é, afinal, arquitetura para você? Eu falo para meu cliente, brincando: Eu só faço o que eu não sei. Eu não sei fazer sua casa, você tem que me contar. Assim como eu não sei fazer um prédio-escritório ou alguma outra coisa. Se eu não tiver o cliente, o outro que me inspire, eu não sei. Vou extrair deles os elementos definidores do espaço. Se vive de forma mais extrovertida, introvertida, se a questão família é importante, se muitos amigos e faz festas, algum hobby, não importa. A casa é sempre um tema interessante. Eu prefiro que meus clientes sejam também interessantes, para que me inspirem coisas boas. Mas eu

Na fachada, a parede branca, no sol da manhã, brinca com as texturas e as sombras em ângulo

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Fotos: Eugênio Sávio

falo: ‘olha, o recado que você está me dando, quando eu for riscar, eu vou riscar com o meu traço’. É como se eu desse um recado, é com a minha voz. Eu não vou fazer voz fina, tenho que ser sincero e dar o recado assim como entendi. Por isso, as casas são deles e minha. São deles, porque o cliente que inspirou aquele posicionamento, o relacionamento entre as partes da casa, para criar uma unidade. Mas, o terreno demanda, o sol demanda, se tiver uma árvore ou uma pedra, um lago... A casa vai mudando, né? São vários demandadores que vão desenhando o espaço arquitetônico. Numa entrevista, você falou um pouco sobre os projetos das grandes cidades, pelo fato de hoje estarem feias e com uma arquitetura que denominou de muda, não dialogando com as pessoas. O que vê hoje como evolução arquitetônica no Brasil? Essa questão dos edifícios mudos é muito séria. Meu avô dizia que a felicidade vem para quem faz os gestos da felicidade. E a arquitetura faz gestos. Se ela fizer gestos de gentileza, a cidade não é mais gentil? Eu acho que quem faz um edifício tem essa responsabilidade. Aqueles que não interpretam dessa forma criam prédios mudos. Prédios que não contam histórias, detestam contar qualquer coisa. São egoístas, autorreferentes, narcíseos. Nada que provoque a cabecinha do menino. Cidades mudas são cidades frias. Cidades onde não existe componente humano no desenho. E a arte pede esse salto no desconhecido. Essa tentativa do novo. O novo existe. O novo sempre vem. Sempre tem gente nova nascendo no mundo e sempre tem coisa nova acontecendo. Então, a melhor aposta é que o novo venha. Vamos criar, vamos inventar!

Com 400 m2 de área, a casa é protegida da rua e se abre para o vale, com o deslumbre da paisagem

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Priorizando a natureza, sem excessos, vidraças panorâmicas desta casa, erguida em uma área de 100 mil m2, nos arredores de Tiradentes, em MG

O grande nome da arquitetura em obras públicas é o nosso mestre Oscar Niemeyer. Você também desenvolve muitos projetos de áreas públicas e monumentos, inclusive em Brasília. Me fale sobre sua experiência nesse segmento. Essa questão do Oscar Niemeyer é o seguinte. Eu até falei isso uma vez, acho interessante. O Tom Jobim não impediu que novos talentos surgissem. O Pelé não impediu que outros jogadores de futebol surgissem. Da mesma forma, o Oscar Niemeyer não impediu que o Paulo Mendes da Rocha vivesse e que outros tantos fizessem seus projetos. Uma pessoa pode criar poética, interpretar e surpreender pelo simbolismo que a arquitetura carrega. A capacidade de carregar símbolos na arquitetura é

fantástica. A arquitetura nasceu para virar símbolo, tudo nasceu para virar símbolo. Às vezes, símbolo de nada, tantas coisas viram símbolo de coisa nenhuma. A capacidade de discurso de metáforas da arquitetura é perfeita. A arquitetura é toda falada, é encomendada através da palavra. Se um cliente entra no meu escritório, como ele pede? Fala. E, se eu não for um interpretador de palavras, não vou saber projetar. Fale o que você quer. E eu sou um interpretador, no sentido da psicanálise, que não é uma visão imediata do sentido daquela palavra, mas tudo o que está em torno dela. Esse sentido a arquitetura pode fazer e é onde eu me dou bem, porque gosto. Dá trabalho, mas é trabalho gostoso, provocação, um estado

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permanente de ficar pensando. Para fazer um monumento de liberdade de imprensa, que fiz em Brasília, como pensar? Pode ser de qualquer forma. Um monumento que evoque a liberdade... A liberdade é para o alto, pode ser asa, pode ser uma abertura para cima, um dedo que aponta o longe. Não sei, foi feito daquele jeito. Pensei no jornalista preso ao chão, porque o fato é verdade, e liberto, porque tem opinião. Então, o edifício tem dois tempos. Eu gosto um pouco de poetar. A palavra te dá uma chance de pensar. O Oscar Niemeyer falou que, se pudesse escrever seus projetos, é sinal de que estaria bom. Eu sempre falei isso. Eu gosto de escrever meu projeto na percepção de que ele leva um recado, tem uma mensagem.


Perspectiva ilustrada

Neste projeto, uma ponte sobre um lago. A ponte liga metaforicamente territórios, tempos, ideias e ideais. O lago é como o mar entre as nações...

Celebrando o Japão e Minas Gerais, foram ainda dispostas, a cada lado, paredes curvas alusivas às duas bandeiras: o círculo e o triângulo vermelhos

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A equipe de Gustavo Penna prepara os detalhes que irão modernizar a infra-estrutura interna do complexo esportivo Mineirão/Mineirinho, em BH

O

início das obras tem data prometida: 31 de janeiro de 2010. Até lá, o arquiteto e a equipe do Gustavo Penna Arquitetos preparam os detalhes que irão modernizar a infra-estrutura interna do complexo esportivo Mineirão/ Mineirinho. Gustavo Penna teve como objetivo principal a união dos dois estádios. “É muito emocionante. Internamente, o Mineirão vai abaixar o gramado, permitir que os carros entrem até o meio. No Mineirinho, a questão da acústica, internamente, é incômoda. Vamos isolar e tratar a acústica”, explica. A arquitetura original e global será preservada. Do Mineirão, a criação foi do arquiteto Eduardo Mendes Guimarães; do Mineirinho, do arquiteto Francisco Abel Magalhães. A área externa, que envolverá o complexo, irá contar com estacionamentos, dois hoteis, centro de convenção, centro de referência olímpica, área para grandes marcas esportivas, dentre outras novidades “fantásticas”, como diz Gustavo. “Foi muito interessante. Trabalhamos com uma empresa alemã de imenso know-how nessa área de espaços, a GMP. Não é aquela parceria em que sempre um é menosprezado em condição secundária. As nossas posições são idênticas, bolamos o processo em conjunto”, comenta a experiência.

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Perspectiva ilustrada do novo projeto dos estádios em Minas

Gustavo Penna tem como objetivo a união dos dois estádios


Perspectivas ilustradas

Assentos vips para convidados e área destinada à imprensa

É o número de vagas do estacionamento atual dos estádios

O estádio Mineirão vai rebaixar o gramado, permitindo que os carros entrem até o meio do campo

É o novo número de vagas do estacionamento dos estádios

Capacidade de público atual do estádio Mineirão

Capacidade de público do Mineirão após a reforma em 2010 No estádio Mineirinho, a acústica, internamente, incomoda. Penna irá isolar e tratar o problema Fonte: Governo do Estado de MG

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Foto Marcelo Negromonte GRUPO AV

Shopping Barra 71 3264-2161

Salvador Shopping 71 3342-8280

Pรงa dos Tupynambรกs 71 3326-3320


Ancar Darcalla

Arthur

Casas

Formado em arquitetura e urbanismo pela Mackenzie, São Paulo, em 1983. Arquieto de interiores e de construção, nacional e internacional, com grande sensibilidade para arte por andrea velame

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No Kaá, um grande espelho d' água recebe os clientes. Lounge com móveis assinados pelo arquiteto traduzem o perfil atemporal de Arthur Casas

Restaurante KAÁ O nome significa folha, mata. O jardim vertical reúne 7 mil espécies da mata atlântica brasileira

O

restaurante Kaá é, definitivamente, um endereço singular em São Paulo. Arthur se supera e apresenta um projeto de 700 m² e 7m de pé direito. A intenção do projeto, que está conectado com as tendências de sustentabilidade, foi criar um espaço de convivência para as pessoas se sentirem em casa.

Painel montado em madeira tribal, feito por índios

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Fotos Leonardo Finotti

A enorme estante localizada no bar divide o ambiente do restaurante em áreas distintas e serve para receber a coleção de peças originais indígenas

“São Paulo é uma cidade que se revela atrás dos muros, o que torna os lugares surpreendentes e especiais”, afirma o arquiteto Arthur de Matos Casas

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A estante que acomoda os frascos são de laca branca acetinada sobre compensado. O fundo da estante foi revestido também em canela de demolição

Natura Paris Soluções bem brasileiras, com a utilização de cores, materiais e fibras naturais

O

espaço Natura, em Paris, segue o conceito de biodiversidade e desenvolvimento sustentável. Fibras de bananeiras e cipós foram alguns dos materiais utilizados no projeto. A loja, de 200 m², distribuída em dois pavimentos, oferece um passeio sensorial através das cores, texturas e aromas. O espaço foi pensado para induzir a maior permanência do cliente dentro da loja. Em respeito ao conceito sustentável, todos os materiais especificados estão de acordo com o Ibama. A madeira de demolição utilizada nos pisos e nas paredes é a canela. As fibras empregadas no projeto foram recolhidas por índios da Amazônia.

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O projeto de iluminação da loja foi executado com materiais naturais


Fotos Tuca ReinĂŠs

Para a Natura Paris, tapete em palha natural, garante estilo e dar o toque brasileiro. Arthur escolheu ainda a poltrona Sushi, dos IrmĂŁos Campana

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conceito arquitetura

Cabana do Xamã Luxo e sustentabilidade, uma tendência que veio para ficar. Segundo Arthur, casa não precisa ser grande, mas acolher bem

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Romulo Fialdini

O

arquiteto Arthur Casas já participou de 14 edições da Casa Cor entre 1989 e 2003. Arthur, que tem um traço limpo, sofisticado e absurdamente atemporal, volta nesta edição da Casa Cor SP 09, concebendo a Cabana do Xamã, um espaço de refúgio e descanso, conectado com o meio ambiente e de pensamento sustentável. Em 112 m2, Arthur conseguiu traduzir a sensibilidade da sua arquitetura, utilizando piso de pedras brasileiras envelhecidas, estrutura metálica com pintura cinza, vidros laminados incolor e caxilhos de alumínio, sem se afastar da valorização do design e da arte popular brasileira. No projeto luminotécnico, som e lareira são integrados e funcionam de forma automatizada.

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conceito arquitetura

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Fotos  Romulo Fialdini

A mesa de jantar tem no tampo uma fatia de pequiá certificado e recebe cadeiras anos 50. Na cozinha, balcão feito da mesma madeira das paredes

A cortina de vidro serve de galeria para a coleção de arte popular brasileira de Fernando Rodrigues, Miramar, Irinéia, Antonio Poteiro, entre outros

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~ cantos decorados ~

França

Provençal, Império e Contemporâneo

R

ecostas, ávido, na poltrona. Dá luz ao abajur, aproxima o café. Açoita a estante, prefere o que já está. Estrela Errante (1994), de Jean-Marie Gustave Le Clézio. Estava afoito pelo contato com algo do vencedor do Nobel de Literatura de 2008. Encantou-se, era francês. Mais um francês. Na França, narrativas geram história. Registram o tempo, formatam cultura, renovam interpretações. Beauvoir, Balzac, Barthes, Camus, Voltaire, Moliére, Sartre, Proust, Descartes, Montaigne, Deleuze, Duras, Saint-Exupéry, Zola, Flaubert, Baudelaire, Hugo, Breton... Você conhece algum. Ou todos. Não importa. De Provença, do Império, do Moderno ao Contemporâneo. Imagine-se em um dos três cantos de leitura. É para ler o que quiser. De preferência: só. Ah, nem precisa ser em francês. por tatiana dourado

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cantos decorados

Andréa Micherif O desejo dos camponeses de terem casas tão bem arrumadas quanto as da corte francesa despertou a criatividade dos artesãos da região, nos séc. XVII e XVIII. Na busca de um estilo mais simples, surgia assim o provençal, cujos móveis feitos em madeira barata recebiam pátina branca, lilás e verde claro, com predominância de tecidos florais. Andréa Micherif apresenta o seu canto provençal. Por Andrea Velame foto  marcelo negromonte  still  estúdio gato louco

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Galho feito em bronze, com pássaros e flores em porcelana LB Home


Abajur com base metálica tratada com pátina envelhecida bronze – Omni Light

Abridor de carta, com base em cristal e pequena jarra em prata indiana Bizâncio Casa

Cristaleira provençal, feita em madeira de reflorestamento, com pintura branca laqueada Trix Baby

Poltrona em fibra natural, com escolha de tecido e cores para assento e recosto. Castiçal de cacatua amarelo Acervo da designer

Tapete com desenho aubusson, tradição francesa desde o século XV Gaia Tapetes

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cantos decorados

Thais Bragga O estilo império nasceu na França, onde Napoleão fez sua corte reviver tais atributos. As características do mobiliário baseiam-se no estilo greco-romano. Detalhes em bronze dão riqueza palaciana. Thais Bragga inspirou-se neste conceito para desenvolver o seu canto de leitura. Por Andrea Velame foto  marcelo negromonte  still  estúdio gato louco

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Espelho entalhado dourado estilo palaciano Acervo da arquiteta


Abajur castiçal, com base em madeira, pátina envelhecida e cúpulas em tecido, com detalhes em cristais – Omni Light

Banqueta em madeira, no estilo clássico, com detalhes em dourado e assento em couro Entrecasa

Poltrona Bergère Glass do Estúdio Nada Se Leva Home Design

tapete extremamente clássico, com desenho aubusson, pode ser obtido com variações de estampas e tamanhos – Gaia Tapetes

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cantos decorados

Marília Summers Em comemoração ao ano da França no Brasil, convidamos Marília Summers para desenvolver um espaço de leitura contemporânea com inspiração francesa. Marília apresentou um canto que não teve a pretensão de realeza, mas brincou com toques de humor, como a poltrona Luís XV, em acrílico preto, almofadas de aubusson e peças de murano. Por Andrea Velame foto  marcelo negromonte  still  estúdio gato louco

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Abajur Bourgie do designer Ferruccio Laviani. O clássico da base barroca repaginado em versão contemporânea Omni Light


Fotografia em p&b, com vista de Paris e torre Eiffel ao fundo, de Claudio Venezia

Vasos em vidro soprado estilo Murano, na cor âmbar

Poltrona Jacarta em veludo molhado azul petróleo. Uma releitura da bergère francesa Home Design

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Leão em bronze francês século XIX, feita pela mesma fundição da Estátua da Liberdade


conceito arte

Guignard em auto-retrato

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por  Tatiana dourado

O

processo desta Escola é contrário ao do detestavelmente acadêmico que consiste em jogar ao certo e, assim ganhar a vida". Em poucas palavras, Mário de Andrade (1893-1945) negou a realidade acadêmica enraizada no ensino do século XX para dar luz à Escola Guignard. Em 1943, ano da fundação, chamava-se Escola de Belas-Artes. Candido Portinari (1903-1962), o pintor brasileiro de mais de cinco mil obras, sentenciou: "Esta é a melhor Escola de Arte do Brasil". O ‘novo’ era o adjetivo que se adequava às artes desde a Semana de 22. Nomes dos grandes como Tarsila Amaral, Oswald de Andrade e Mário de Andrade, com a caravana modernista, haviam estado em Minas Gerais em busca da antropofágica brasilidade. Na ânsia por fazer da capital uma metrópole concreta no campo das artes, o então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, depois de conversar com o arquiteto Oscar Niemeyer, em 1942, não hesitou na certeza da indicação para o comando do projeto, Alberto da Veiga Guignard, residente no Rio de Janeiro. A carioca Edith Bhering e o austríaco Franz Weissmann constituíram, junto a Guignard, a primeira equipe de professores que formaram artistas de notória projeção como Amílcar de Castro (1920-2002), Arlinda Corrêa Lima (1927-1980), Farnese de Andrade (1926-1996), Mary Vieira (1920-2001), Solange Botelho, Vicente Abreu (1926 – 1987) e Wilde Lacerda (1929 – 1996). O impulso que não descansava a mente de Kubitscheck repousava de forma plena em Guignard. 65 anos após a convenção da parceria, percebe-se que a tentativa de retorno ao novo cambaleia e decai sobre a presente personalidade de quem o propôs: o próprio Guignard. Em revolução inconsciente, o ensino das artes plásticas “virou as costas” a qualquer reflexo de ortodoxia da sociedade conservadora para se concentrar na pureza da arte sem pretensionismo. “O academicismo exigia que o aprendiz, para ser um artista, tinha que passar por um longo processo de maturação técnica e intelectual. Quando ele ia expor, já tinha dedicado grande parte da sua vida ao trabalho de aprendizado. Depois, o artista acadêmico ainda se tornava um refém do mecenas, tinha que dobrar seu conceito estético em função da encomenda”, conta Antônio de Paiva Moura, professor aposentado de história da arte e diretor da instituição de 1969 a 1972. Inspirado em ideias modernas, Guignard admitiu a libertação do artista frente às amarras acadêmicas vigentes, as quais, segundo Moura, consistiam em verdadeiros cânones da arte. O ensinamento era: menor técnica, menos cópia e mais criação. “A escola era uma ponte do indivíduo com a sociedade. Era ali que as pessoas se encontravam, conversavam sobre arte. O amadurecimento intelectual e técnico ia aparecendo nessa convivência”, diz Antônio de Paiva, autor do livro Memória Histórica da Escola Guignard.

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“Se você quiser desenhar bonitinho, procure uma escola de quadrinhos. Se você quiser aprender técnica, procure nos livros. Aqui se dá valor a um estudo individual, ao ateliê”, afirma Sebastião Miguel que, em 31 anos de contato estreito e intenso, passou de aluno a professor quando, em 2008, assumiu o posto de vice-presidente da instituição. Sebastião tinha 19 anos em 1978, quando chegou como aluno na Guignard. Veio do Sul de Minas e queria ser artista. Imaginava-se de boina, andando pelas ruas de Paris, bebendo vinho... Esbarrou-se de frente com as manifestações pró-contracultura dos anos 70. “A arte não pertence a essa coisa romântica. Um artista só se torna completo, se ele está inserido inteiro no contexto social dele”, explica. O cenário encontrado por Sebastião estava inflamado pelas manifestações políticas. A placidez plástica cedeu espaço para a contestação performática, apregoada por artistas como Cildo Meirelles, Hélio Oiticica e Arthur Barrio. Ele relembra, por exemplo, as pranchas de sangue e as trouxas embrulhadas em carne jogadas no ribeirão próximo à escola, uma analogia ao sumiço das pessoas no período da ditadura. A obra era

Trouxa Ensanguentada (1970), de Arthur Barrio. “Quem via, pensava que era gente, coisa da polícia, do DOPS, tinha toda essa provocação social”, relembra. Ã a escola Eram cerca de 120 alunos matriculados em 1970 e poucos passavam despercebidos em criações. “Mais da metade da participação e premiação de artistas mineiros em salões, bienais e outros eventos – nacionais e internacionais – era de artistas ligados à Escola Guignard”, balanceia Antônio Moura. Ainda hoje, com 700 alunos, é notória a interferência no meio. Segundo o historiador, 50% dos mineiros em eventos de arte pertencem ou pertenceram à Escola. Nada a contestar, visto o rol de professores e um exemplo já basta, Amílcar de Castro. Enquanto terminava a faculdade de Direito na UFMG, em 1945, frequentava a Guignard. De 1944 a 1950, foi aluno do trio Guignard-WeissmanBhering; depois, mudou-se para o Rio de Janeiro e atuou como diagramador na nata da imprensa brasileira: Revista Manchete, Jornal do Brasil, Correio da Manhã, Última Hora, Estado de Minas, Jornal da Tarde e Província do Pará. De 1974 a 1977, o homem da escultura em

aço dirigiu a escola e lecionou a disciplina de expressão bi-tridimensional. Aluno na época, Sebastião relembra: “Ele mandou pegarmos papeis brancos de 20 x 20 cm. Depois, papel preto, jogava no furador e davam aqueles círculos. Na outra semana, duas bolinhas, até achar o lugar ou a forma legal. Se você dissesse que ficou pronto, ele perguntava o porquê. Ele sempre trabalhou o conceito mais na prática do que só nos livros”. No livro Amílcar de Castro – CircuitoAtelier (1999), sobre a experiência como professor, o concretista é categórico: “Lecionar é muito bom, o difícil é que as escolas têm um currículo. As escolas são simpáticas e interessantes, mas o sistema não força o aluno a fazer coisas, não o provoca, ele fica repetindo coisas há dez anos. Estão um pouco atrasados no sentido geral e não existe nenhuma proposta de pensar, de descobrir”. A escola de arte não queria ser técnica, sustentava-se na essência de um espírito que hoje permanece intrínseco e veio do artista Guignard. Um dos legados transcendeu gerações, como o desenho no lápis 2H (lápis duro), cujo traço é muito difícil de apagar ou corrigir. A erudição no campo das artes também se impunha como tradição.

Segundo a revista Projeto, a Escola Guignard está entre os 30 projetos arquitetônicos de maior relevância no Brasil

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No Palacete das Artes, onde a escola ficou de 1950 a 1965, os alunos, sob conselho de Guignard e demais professores, mantinham o contato íntimo com orquestras, balés, coro e escola de teatro. A sensibilidade de Guignard era singular. Sob seu olhar, nomes anônimos afloravam como artistas. Foi o que aconteceu com Wilde Lacerda (1929-1996). Moura conta que Guignard avistou um lanterneiro trabalhando o pára-lama do carro e autodespertou-se ao pendor artístico que ali encontrara. Convidou-o para a escola; era Wilde. “Ele foi um grande escultor, sabia muito bem trabalhar com sucata. E, assim, todas as pessoas que procuravam a escola tinham abrigo”, relembra Moura. Ã Centro de Memória O desejo de apresentar ao público os vestígios da passagem de Guignard na Escola e na arte brasileira mobilizou ações particulares em prol do bem público, até desembocar, oficialmente, em 14 de abril de 2009, no Centro de Memória da Escola Guignard. Das mil peças reunidas pela idealizadora do projeto, Zenir Amorim, 64, a maioria ressurgiu por doações de ex-alunos como Franz Weissman, Amílcar de Castro, Yara Tupynambá, Álvaro Apocalypse, etc. Zenir começou as pesquisas e a elaboração do projeto em 2004. Em 2005, foi aprovado pelo Ministério da Cultura. Porém, a restauração de todo o acervo dependia de patrocínio, conquistado em 2007. Da coordenação à montagem da exposição, faziam parte cerca de 20 pessoas. Segundo Zenir, em relatório do projeto, a iniciativa da exposição presenteia pesquisadores, admiradores, jornalistas e sociedade com um conteúdo público. “Um acervo valioso que revela muito do homem, do artista Guignard e do Mestre, cuja atuação na escola contribuiu para a formação de expoentes da arte brasileira, influenciou gerações de artistas e revolucionou a forma de pensar e fazer arte em Minas Gerais”. Ã Arquitetura e Arte Em 1974 a Escola passou a ser administrada pelo Estado e foi dividida em dois cursos: Artes Plásticas e Educação

Retrato de Vera menina (1943), de Guignard

Imagem do acervo antigo da Escola Guignard

Vista da Escola projetada por Gustavo Penna

Guignard com o político Juscelino Kubitschek

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Artística. Através da promoção de oficinas de educação artística nas cidadespolos, em parceria com a Secretaria de Estado da Educação, a Fundação Escola Guignard adquiriu recursos para a construção da sede. Rodeada pelas serras mineiras da região Sul de Belo Horizonte – visão insaciável de Guignard, apaixonado pelas montanhas e pela natureza – localiza-se a então nova sede da Escola Guignard, finalizada em 1994. Gustavo Penna era o nome para o projeto. Representar o tempo a partir da solidez da massa, construída pelo contorno de moldes pré-elaborados, apeteceu o arquiteto. A partir da experiência, a criação da Escola de Arte e Ofício de Contagem, da qual Amílcar de Castro era o professor titular, surgiu o convite, também de Amílcar, para a fundação do projeto da Escola Guignard. Algo diferente, firmado nas premissas construídas e cunhadas pelo artista-mentor – falecido em 1962 – erigido em estímulos, provocações e induções de como pensar arte. “O que Guignard queria? Pintar as montanhas. Então, a escola sobe as montanhas e fica do alto, o que ele gostava, contemplação da distância, num espaço neutro”, diz Gustavo. Por isso, muito espaço em branco e o privilégio do vazio. A linha reta que delimita o edifício de ferro não funciona como limite, incentiva a liberdade e a interação, características clássicas da Guignard. Na escola-oficina, um andar é destinado à pintura; outro, a esculturas tridimensionais. Os trabalhos com ferro, cerâmica, pedra, ficam no subterrâneo. A socialização acontece na biblioteca, no espaço de convivência ou na praça que, segundo Penna, é o espaço do vazio. “Não tem nada, nenhuma obra de arte ali. É um lugar para ver o longe que está longe ou o que está dentro de você. Porque tem o longe que mora dentro da gente, né?”, tensiona. Detalhes inundados de simbolismo permeiam cada traço, do mínimo ao macro. Gustavo Penna fala da vertigem da arte, um salto no vazio sem cordas nem pára-quedas, para encontrar algo no final. Em arte, tratase da própria criação. Em observações longínquas, Guignard talvez abraçasse essa teoria.


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conceito arte

Giramundo Teatro de bonecos

por  Tatiana dourado

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Que sua imaginação corra à vontade num universo onírico sem dimensão. Atrás das cortinas dos teatros por onde passam, aguardados bonecos são válvulas para fantasiosas histórias


G

iramundo. Foi à procura de um nome bem brasileiro, porém de sentido universal, que o mentor do grupo, Álvaro Apocalypse (1937-2003), encontrou o sonoro Giramundo. Na década de 60, Álvaro ministrava aulas no curso de Belas Artes da Faculdade de Arquitetura da UFMG, conduzia suas atividades artísticas – era pintor, ilustrador, gravador, desenhista, etc. –, enquanto desenvolvia pesquisas, inclusive, sobre o teatro de bonecos. Convidou duas alunas, Terezinha Veloso (19362003) – sua esposa – e Maria do Carmo Vivacqua Martins, a Madu, para, junto a ele, tocar o projeto experimental. À época, 1970, os três já eram artistas plásticos e professores renomados. A Bela Adormecida, clássico de Charles Perrault (1628-1703), foi o desejo do trio para a primeira produção. Convocados os familiares e amigos, foi exibida a mini-montagem, com bonecos rudimentares. “Era praticamente um cabo de vassoura com cabeça, modelado de papel machê. Vendo hoje, são bonecos primários, mas fez muito sucesso”, rememora Ulysses Tavares, 37 anos, diretor do grupo – junto com Marcos Malafaia e Beatriz Apocalypse, filha do Álvaro e da Terezinha. Na plateia informal da peça amadora estava o produtor Julio Varella, que prometeu – e cumpriu – levá-la ao teatro. Gravaram a trilha sonora, usada até hoje e, em 5 de outubro de 1970, estreou, para o grande público, A Bela Adormecida. Ã OS BONECOS A técnica foi apurada pelo contato direto com escolas tradicionais da Europa, com destaque para CharlevilleMézières, França, onde Álvaro foi convidado para a diretoria da Escola Superior de Artes de Marionete em 1990. “Qual o diferencial do Giramundo? A formação de artista deles. Levaram, para a dramaturgia, o conhecimento de cor, novos materiais, a expressividade dos bonecos... e isso fez a diferença”, conta Ulysses.

viajou com a peça para São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro, até que hoje pertence à monitoria do Museu. O processo diferente de criação do espetáculo atraiu seu olhar e encantou de vez Thaís. “A plástica dos bonecos sempre me chamou muita atenção, principalmente de bonecos de fio, que são os meus preferidos”, confessa. Os bonecos do Giramundo têm expressividade

Repassada de forma cênica à realidade, somam-se, das 30 montagens próprias, 1.700 bonecos. Materializar cada um deles é trabalhar detalhes por muita pesquisa, como explica Ulysses: “Pensamos as linguagens, as tendências artísticas, as adaptações da literatura e como elas tomam forma no boneco. O ponto inicial e final são os bonecos, mais que o teatro de bonecos”. A escola tem apreço pelo método do desenho, cultura que, segundo Fabiano Barroso, 31, coordenador do Museu Giramundo, nasceu por obra do Álvaro Apocalypse. “Exceção feita nos dois primeiros espetáculos, todos os outros têm um desenho técnico. Isso possibilita a reconstrução do boneco quando todo mundo aqui morrer. E o museu guarda isso também”, comenta. São cerca de 100 apresentações ao ano, com duração máxima de 1h15m. A equipe tem 32 pessoas, entre atores, designers, artistas plásticos, que dá conta da construção do elenco, cenografia, confecção dos bonecos e adaptação de texto. A paulista Thaís Trúlio, 21, decidiu estudar a arte do teatro de bonecos no Giramundo para incrementar a peça que montava na própria companhia de teatro, em São Paulo. O curso durou seis meses, ficou mais seis em estágio e, desde então, não saiu da escola. Passou pela oficina, ateliê de bonecos, encenou a montagem Carnaval dos Animais,

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à TECNOLOGIA A inserção da mídia digital nos espetáculos vem brotando por experimentações. Vídeo e boneco apareceram juntos, pela primeira vez, em Pinocchio, planejado por Apocalypse. Em meio aos ensaios da montagem, em 2003, ele faleceu, e o espetáculo voltou à tona em 2005, com a renovação: boneco e vídeo no teatro. Daí surgiu a atual pesquisa em tecnologia. “A gente quer agora capturar, em tempo real, o boneco, evoluindo e contracenando no teatro. Algo pré-gravado, que entorne a cena em que o boneco dialogue com ela, como aconteceu na peça Vinte Mil Léguas Submarinas”. Nesta montagem, de 2007, o boneco e o vídeo vivem o mesmo drama. Preservar a textura, o peso, a cor, tão fortes da matéria, é o principal desafio do grupo. “Ver que o material tem vida, respira, recebe luz de maneira muito mais simpática do que uma coisa muito perfeita, como é o mundo digital, ainda é a grande diferença. A gente gosta da imperfeição”, pontua Ulysses. Com as cortinas abertas, a expressividade do Giramundo flui em temática e estética, que se completam através do apreço e refino de interesses próprios. Música, literatura, plástica, a forma abstrata, impelem a equipe para começar. Como o Giramundo, o público mostra-se versátil, do adulto à criança. Entre tempo e dinheiro, instigado pelas descobertas próprias, desenhando, atuando, entre viagens por terra ou ar, o espírito do Giramundo é captado por um dos diretores, que relata: “Acho que a gente consegue ser genuíno na pobreza ou na riqueza, diz Miguel”.


Pedro e o Lobo

Giz

Adaptação para apresentar ao público infantil a música erudita é a mais famosa peça do grupo

Montagem pioneira com figurinos desenhados por Ronaldo Fraga, sem falas e com roteiro não-linear

à Narrando sobre a estrutura elementar de uma orquestra, principais timbres e famílias dos instrumentos, Pedro e o Lobo tornou-se a mais famosa peça do Giramundo. Adaptação original do compositor russo Sergei Prokofiev (1891-1953), foi pensado para apresentar a música erudita ao público infantil. São três atores que manipulam sete marionetes a fio, técnica que garante maior movimento e expressividade aos bonecos.

à Giz trouxe em cena, pela primeira vez, bonecos costurados com tecidos e espumas, moles e frágeis. Têm traços grotescos e exagerados, analogia à fragilidade, feiura e velhice, assuntos do espetáculo. Os figurinos, na remontagem, foram desenhados por Ronaldo Fraga. As caricaturas e o cenário são totalmente brancos, tornandose suporte para a luz colorida. Sem fala, em roteiro nãolinear, Giz foge aos padrões. Por isso, é considerado o espetáculo mais curioso do Giramundo.

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Cobra Norato

Pinocchio

Marco do modernismo literário, o texto exalta a cultura do norte e nordeste do país

O clássico infantil representa para o Giramundo mudanças no processo de produção

à A lenda amazônica escrita em 1921 pelo gaúcho Raul Boop (1898-1984), marco do modernismo literário brasileiro, é a mais conceituada produção do grupo, aclamada como delimitação do próprio teatro de bonecos brasileiro. O texto original, encenado em 1979, proclama a cultura do Norte do país, materializado em cena através das cerâmicas do Vale Jequitinhonha, no artesanato dos índios carajás, na estatuária africana e na arte popular do Norte e Nordeste. A arte brasileira é a essência da produção, seja no figurino, cenário ou adaptação.

à O enorme sucesso veio em 1983, quando as histórias do boneco mais famoso do mundo foram reunidas no livro As Aventuras de Pinocchio. Utilizando-se das marionetes, o Giramundo estava ensaiando, em 2003, a montagem, que tinha como foco a formação social do ser humano, quando Álvaro Apocalipse faleceu. A produção do espetáculo foi retomada dois anos depois e trouxe surpresas: vídeos como elementos cênicos, trilha sonora no sistema quadrifônico, uso de madeira de demolição, aproximação da dança, além do uso das principais técnicas: luva, fio, balcão, tringle, pantins, sombra e bonecos gigantes.

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conceito dança

Grupo Corpo Montar um espetáculo da maior companhia de dança do país parece um estudo sobre o inesperado. Mas, os 35 anos de história foram suficientes para o treino exato do Grupo Corpo entrevista andrea velame texto  Tatiana dourado fotos  JOSÉ LUIZ PEDERNEIRAS

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O

resultado é, desde sempre, notado pela repercussão. Depois da estreia que, obrigatoriamente, ocorre no Brasil, 60% das 90 apresentações são realizadas no exterior. São duas turnês na América do Norte e duas na Europa e passagens eventuais pela Ásia e Oceania. O grupo que queria, em 1975, fazer da dança profissão, permanece com os principais personagens da equipe fundadora: Paulo Pederneiras (direção


artística), Pedro Pederneiras (direção técnica), Freusa Zechmeister (figurino) e Rodrigo Pederneiras (coreografia). Em 1992, a identidade foi reforçada com a trilha musical, criada por músicos como Caetano Veloso, Arnaldo Antunes, Tom Zé, João Bosco, Lenine e o internacional Phillip Glass. Outros elementos do espetáculo fluem à medida que a coreografia vai surgindo, como a cenografia. “Depois da coreografia completamente pronta, entram o

Paulo, com a cenografia, e a Freusa, com o figurino. Somos uma equipe que trabalha junto há mais de 30 anos”, enfatiza Rodrigo, o coreógrafo. O ritmo é de troca mútua, mas o trabalho requer desempenho e criatividade própria. Freusa aceitou o desafio e embarcou na experiência, que só tinha por contato em práticas juvenis – gostava de modelar suas roupas. Virou a figurinista do Corpo. Estreou com Interânea (1981) e, depois de tantos,

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quando perguntada sobre o preferido, responde: “é sempre o último”. Então é Breu (2007)! Paulo Pederneiras, conta Freusa, queria que o figurino tivesse cor; então, ela fez os croquis bem coloridos, mas não gostava, achava "Jeca com força" – em gíria própria. “Com a coreografia já conceituada e o espaço desenhado, tudo vem, igualzinho em arquitetura”. Retornou ao que queria, a história do “positivo-negativo”. Breu, por isso o título.


Fotos Carla de Carvalho

Isabella preparando o que faz de melhor: bolos

O bolo foi preparado com renda de açúcar e rosas feitas especialmente para combinar com o tom

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Pintado a mĂŁo com o desenho usado na festa


Patrícia Rollo

socialite

Isabella Suplicy

T

udo começou com o casamento de Paola, minha filha mais velha. No tempo em que morei em Londres, tinha verdadeiro fascínio pelos bolos da loja de departamentos mais famosa da Inglaterra: “Harrods”. Andava por aquela seção pensando como eles conseguiam fazer bolos tão lindos! Aquela pasta americana, que deixava a cobertura parecendo mármore... Será que eu conseguiria trazer esses bolos para o nosso país? Não... Isso seria uma loucura! Terminei desistindo. O casamento passou, e a mesa de doces foi linda, com tudo o que tínhamos. Alguns anos se passaram e um dia, lendo uma revista, vi uma moça muito jovem dando uma entrevista sobre seu ateliê de doces. Não pude acreditar no que estava vendo ali: o bolo de meus sonhos! Seu nome era Isabella Suplicy. No momento que vi seu capricho, pensei: ‘Essa moça tem futuro, realmente tem um talento nato!’ Nessa época, minha outra filha, a caçula, estava com casamento marcado. Não tive dúvidas, encomendei toda a mesa de doces e o bolo... O bolo dos meus sonhos, aquele que namorei tanto tempo em Londres! Tudo da festa, praticamente, foi feito por ela. Isso foi um desafio para nós duas, até a sobremesa pedi que ela fizesse. A princípio,

Em formato oval, inspirado nos ovos de Fabergé

Bola de amêndoa personalizada com libélulas

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ela ficou um pouco assustada e disse: — Será que serei capaz de fazer um casamento para duas mil pessoas? Eu sabia que sim. O dia do casamento chegou. Tudo estava maravilhoso e a mesa de doces foi a mais linda e comentada da época! Estava desabrochando ali a maior e mais capaz menina dos bolos e doces do Brasil. Tomei a iniciativa de convidar minhas amigas para conhecerem o trabalho de Isabella. Não preciso dizer que todas elas se apaixonaram. Pouco a pouco, ela se tornou a boleira que mais recebia encomendas! Hoje em dia, nem preciso dizer, é a melhor do Brasil! Recebe encomendas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e outros lugares mais. Por tudo o que passamos juntas, ela diz que sou sua fada madrinha. Confesso, de todo meu coração, que sinto muita alegria que ela assim me veja. Ã HOMENAGEM A maior homenagem que ela fez foi escrever palavras lindas no meu livro: “Patrícia Rollo é completamente linda. Uma mulher sábia e cheia de bondade e amor no coração. Uma pessoa especial e maravilhosa que se destaca e tudo o que faz é também maravilhoso. Desde que a conheci, passei a admirar a consistência de sua personalidade, a inteligência e elegância que a diferencia tanto. Patrícia é minha fada madrinha, sempre me apoiou, encorajou, e até hoje faz isso. O que mais posso dizer? Parabéns por ser como é, pelo bem que faz aos outros. Parabéns por esse belo trabalho”.


A típica cachaça mineira, em variados modelos

O queijo também faz parte da culinária de MG

Na chapa quente, à entrada do forno a lenha, alguns quitutes já conhecidos, como o pão-de-queijo

Torresmo de porco na entrada ou no tira-gosto

Cozinha mineira

é muito maneira, uai! 58


Charlô Whately

restauranteur

Na hora da sobremesa, fartura do clássico doce de leite, as compotas, frutas frescas e figo verde

A

história da cozinha mineira acompanha as diversas fases da economia de Minas Gerais. No fim do século 17, a descoberta de ouro e diamantes levou ao aparecimento dos primeiros vilarejos, que se tornaram Mariana e Vila Rica, atual Ouro Preto. Encarapitados nas montanhas não comportavam plantações exten-

sas ou criação de gado. Isso originou o aparecimento de hortas e pomares com produtos de fácil cultivo como o milho, a couve, o cará, abobora, feijão e também a criação de animais de pequeno porte como o porco e a galinha, até hoje base da culinária mineira. Tem comida mais mineira que frango com angu e quiabo ou lombinho com tutu de feijão ?

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No começo do século 19, os tropeiros, comerciantes que circulavam entre as regiões conduzindo tropas de burro entre Minas, RJ e SP, eram a constante na paisagem local. Iam e vinham, levando açúcar, sementes, o precioso e raro sal, vasilhames... Tudo, enfim, que necessitasse transportar e comercializar. A alimentação dos tropeiros era composta por produtos duráveis e secos, como as carnes salgadas ou guardadas, envoltas por banha, que garantia a conservação, farinha com feijão (o famoso feijão tropeiro), sementes, brotos nativos e, se desse sorte, tatu ou outra caça encontrada no meio do caminho. A cachaça, aguardente de cana levada para Minas pelas mãos dos bandeirantes e dos garimpeiros, era forma de aquecê-los no frio das alterosas mineiras. Mais para o fim do século 19, o desenvolvimento das fazendas de gado leiteiro trouxe o leite e derivados de maneira definitiva para o dia-a-dia do mineiro. Queijo de minas e pão de queijo são, hoje, símbolos máximo da mineiridade. No quesito doces, a fusão das receitas trazidas de Portugal, com a goiaba, a jabuticaba, a abóbora, a manga e o açúcar farto que chegava dos engenhos do Nordeste faz a fama, até hoje, de cidades como Araxá e Ponte Nova. Com tantas histórias e ingredientes, é fácil de entender o apego dos mineiros a sua cozinha. É em torno do fogão a lenha que aconteciam os encontros familiares e conversas fiadas. Costume preservado pela calma e tranquilidade mineira no momento das refeições, compostas por pratos deliciosos e apreciados em todo o Brasil.


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Le Baron Rouge Atrás da Bastillhe e pertinho do mercado da praça Aligre. Passando por lá no inverno, experimente ostras acompanhadas por vinho branco. No verão, melhor comandar os embutidos da Córsega, patês e queijos variados. Uma tradição antiga francesa é comer ostras somente nos meses frios. De maio a agosto, alguns relutam em degustá-las. Como o transporte das ostras nos meses quentes é delicado, esta tradição , na realidade, era uma precaução sanitária. Atualmente o cultivo e transporte das ostras passaram por transformações importantes e podese comê-las sem susto no verão, mas tradição é tradição.... Ã 1 Rue Théophile Roussel, 7º

31 Rue Vieille du Temple, 7º Belle Hortense Especial e em pleno Marais. Um bar a vinho literário onde você pode achar uma bela coleção de livros, literatura clássica, contemporânea... Sente-se no bar ou na salinha do fundo, peça uma taça de vinho e curta o ambiente calmo, escutando uma boa música. Ã 31 Rue Vieille du Temple, 7º

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L’Atelier des Chefs Esta é uma escola de culinária situada perto dos Champs Elysées que brasileiros adoram. Quando ficam em Paris por um período mais longo, curtem muito esta aventura. A escola oferece vários cursos a preços diversos. Para aprender um prato em 1/2 hora, o preço é 15 euros. Um prato principal e uma sobremesa em 1 hora: 34 euros. Uma entrada, um prato principal e uma sobremesa em 1 1/2 h: 51 euros. O aluno tem várias outras escolhas como: curso de mille feuille, de cozinha marroquina, como preparar um cocktail para 120 pessoas, etc… Ã 10 Rue de Penthièvre, 7º


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Mercado das Pulgas O mercado das pulgas de Saint Ouen é o melhor de Paris. São vários mercados reunidos num mesmo espaço, na periferia norte da cidade. Cuidado com bolsas e documentos. Estes mercados, que foram se agregando com o passar dos anos, formam um labirinto. Cada um tem sua especificidade: o Biron é um dos mais antigos e sofisticados, especialista de mobiliário Napoleão III e Art Nouveau; Dauphine, com uma mercadoria clássica no térreo e mais contemporânea nos andares; Rosiers, simpático e discreto com o primeiro andar reservado ao design europeu e americano; Paul Bert, o mais tendência de todos, com 7 alas e 250 estandes; Malik é o mercado das pulgas das roupas; Serpette, o preferido dos mundanos. Ã A maneira mais fácil de ir é o metrô. Pegue a linha 4, desça na estação Porte de Glignancourt, e o mercado estará pouco adiante à esquerda.

Willis Wine Bar Desde 1980 o Willis está lá, pertinho do Jardim do Palais Royal e se tornou um dos bons bares de vinho da cidade, apesar do nome e dono inglês. Possui boa adega com grande escolha de vinhos do vale do Rhône, vendidos por taça. Você pode degustá-los no balcão e também almoçar ou jantar na salinha do fundo. Cozinha boa, com influência dos pratos do sul da França. Ã 13 Rue des Petits Champs, 1º

Via Privata Fratelli Gabba7/b 7 Rue Royer-Collard, 5º Le Pantalon Totalmente louco, o Le Pantalon é um café extremamente surreal. Ele tem tudo o que deveria ter, além de uma estranha escultura de aspirador de pó. Clientes e equipe são pura excentricidade. Franceses adultos, simpáticos e muito engraçados e estudantes estrangeiros conversam em uma miscelânea de idiomas; happy hours generosas e preços convidativos. Ã 7 Rue Royer-Collard, 5º

6 Rue Royer-Collard, 5º Le Crocodile Ignore as janelas aparentemente fechadas – se é tarde da noite, ele está aberto. Jovens e simpáticos clientes lotam este estreito bar e tentam decidir que bebida pedir: difícil, em função do tamanho e sofisticação da lista de coquetéis. São 311 opções (aumenta a cada ano), cada um mais forte que o outro. Ã 6 Rue Royer-Collard, 5º

19 Rue de l’Étoile, 7º Flûte l’Étoile Numa ruazinha charmosa a poucos passos do Arco do Triunfo, você vai encontrar um toque de NY na vida noturna de Paris. No menu, os coquetéis já famosos no Flute de NY, além de uma extensa opção de champagnes a preços variados, servidos à taça, o que é raro no Brasil. No térreo, o salão é simpático e convidativo. O mezzanino oferece poltronas e sofás mais adequados para casais ou grupinhos. Ã 19 Rue de l’Étoile, 7º


Marcia Fasoli

Gisele no SPFW primavera-ver達o 2009, desfilando para a Colcci com um dos looks que ela escolheu

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Kate surpreendeu fashionistas com turbante


Irá Salles

estilista

Estrelando as modelos

vez, as modelos foram as grandes estrelas do evento. A homenagem às modelos mostra como elas deixam de ser coadjuvantes e passam a imprimir seu estilo e personalidade no que vestem. Kate Moss é o grande exemplo dessa trendsetter. Seu estilo sempre marcante e inconfundivel foge do comum, dando toques que viram hits. Lembrem das botas piratas e os vintage dresses no red carpet.

A influência das modelos na moda viram exposição no Metropolitam de NY, que tem como tradição expor a moda da época, homenagear estilistas ou ícones fashion

Q

Gloria Swanson, estrela de Hollywood em 1920

N

o mundo da moda, as roupas sempre foram as protagonistas da cena. Contudo, com a crescente valorização das modelos, que adquiriram status de celebridades, esse papel tem mudado. As modelos tornaram-se ícones tão valiosos no cenário fashion que muitas determinam como e o que querem usar. Veja o caso de Gisele Bündchen no último São Paulo Fashion Week à Model as a Muse Elas ganharam tal fama que fez render uma exposição no Costume Institute no Metropolitan em Nova York, intitulada Model as a Muse. O Metropolitan tem a tradição de expor a moda de época, homenagem a estilistas ou ícones da moda mas, pela primeira

Gloria marcou pela beleza e estilo art nouveau

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à GLAMOUR Quando Kate surgiu no baile de gala do Costume Institute, os olhos dos fashionistas se viraram para checar o que ela estava usando. Um vestido de lamé dourado curto e um turbante à lá Gloria Swanson arrancaram suspiros e provaram como ela é uma grande influenciadora de tendências. (Gloria Swanson foi estrela de Hollywood entre as décadas de 20 e 30, que marcou pela beleza e estilo único no auge da art nouveau). Outras modelos também trouxeram o glamour dessa época para o evento; surgiram também com lamé dourado, Amber Valeta e Eva Herzigova. Essa tendência back to the 30’s (de volta aos anos 30) surge como a grande novidade do momento, formas orgânicas, valorização do handmade e o encontro da arte com a natureza são coisas que têm muito a ver com o momento atual. Estamos em busca de uma moda sustentável, que valorize e respeite a natureza e o social, mas que também traga ideias novas com o estilo das divas que nos inpiram dia-a-dia.



Thaís Muniz

cool hunter

Paris! I

ncessantemente inspiradora, Paris provavelmente é a cidade mais poética do velho mundo. Para o Birô de Estilo dessa edição, escolhi desfrutar de todo savoir-faire que os franceses têm e mostrar produtos produzidos por eles e inspirados neles. Delicie-se.

Merci Recém-lançada em Paris, a Merci é uma concept store cujo pátio abriga uma floricultura, um café literário e um sebo. Dentro, um espaço multi-ambientado, que vende grandes marcas com 30% off, um corner vintage com roupas dos anos 60 e, para decoração, peças assinadas por Philippe Starck para Baccarat, cadeiras Bugatti e milhares de objetos a preços de liquidação Merci - 111 Boulevard Beaumarchais 75003 Paris - metrô Sébastien Froissart

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Sofá Nouvelle Propositalmente francês, Nouvelle foi desenhado pelo brasileiríssimo Marcus Ferreira. Une a linguagem contemporânea à tapeçaria antiga, como o capitonê Básica Home – Salvador, Ba

Alexis Mabille O “new boy” de Paris, Mabille, cria com maestria um prêt-a-porter unisex na marca que leve seu nome. Trabalhou com Nina Ricci e John Galliano, na Dior. Para os sapatos, cria laços esculturais em cetim que parecem inspirados na coluna vertebral www.alexismabille.com www.colette.fr

Phonofone Retrô, o Phonofone, desenvolvido por Tristan Zimmerman, funciona como amplificador de som a partir dos fones de ouvido de leitores de musica individual, sem precisar energia externa. Todo feito em cerâmica, ele está disponível nas cores branca e preta Micasa – São Paulo, SP

Cama Poesy Do francês Philippe Boulet, a Poesy tem design clássico. A tecnologia do LED muda a cor para rosa, laranja, verde, azul, ou branca. Elas se alternam, fica apenas uma ou desliga, depende só do seu humor www.philippebouletcreation.com

Cômoda Bombê Digna de Maria Antonieta, esta Bombê em laca vermelha é a releitura de uma cômoda antiga. Feita de madeira de reflorestamento, possui puxadores clássicos, corrediças telescópicas nas gavetas e está disponível também em branco, preto, cinza, ou bege

Perfumeiro Antigamente as mulheres iam aos boticários, compravam seus perfumes e os colocavam em perfumeiros como esse aqui, que é francês, da década de 50

www.liderinteriores.com.br

Armazém de Época - Salvador, Ba

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Josephine Com ares de uma Paris contemporânea, a luminária Josephine tem base de porcelana e foi desenhada por Jaime Hayon

Lustre Do século XIX para o século XXI, este lustre em opalina rosa e cristal Baccarat é uma relíquia do antiquariato francês Caloula Antiguidades_ Salvador, Ba

Micasa_ São Paulo, SP

Toy Se tem duas coisas que os franceses têm total savoir-faire para fazer são os pães e os vinhos, e esse toy traz essas duas especialidades

Globalight Design de Karim Rashid para a francesa Veuve Clicquot, a Globalight une o design para ser um inovador candelabro e mantém a garrafa na temperatura ideal por até 2h

RV Galeria Retrô Quadrinhos_ Salvador, Ba

www.veuve-clicquot.com

Cadeira estilo Luis XV Espelho de Mesa

Surgida na França durante o reinado de Luís XV, a cadeira é influenciada pelas linhas fluidas e graciosas do rococó. Esta tem policromia em ouro e tapeçaria de época

Totalmente delicado, o espelho de mesa, no estilo Art Noveau, é um original francês de 1910, feito em cerâmica

Armazém de Época – Salvador, Ba

Caloula Antiguidades – Salvador, Ba

Mesa Paris Retrô, a mesa Paris tem pés palito, típico do mobiliário da década de 50, e traz no tampo mapa das ruas de Paris estampado através da tecnologia de impressão digital Home Design – Salvador, Ba

The Betsy Inspirado nos adornos de cabelo das dançarinas do Moulin Rouge, The Betsy é um charme para quem gosta de dar um plus ao visual www.etsy.com

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Jouissance! M

úsica, arte e história em mais uma homenagem à França. As personagens chegaram. Bem vestidas, elegantes, classudas e cheias de personalidade, parecem saídas de alguma página de livro ou partitura musial. De Carmem Miranda a Bonaparte, da Palhaça a Pinup, da Mulher Maravilha a Mágica Circense. A cromia é azul, vermelha e branca, basicamente. Bahia ou França? Importa?! Em ano de homenagens, se a França veio para o Brasil, com certeza Ela tá na Bahia, de modo que Salvador é Paris. Verdadeiro ou falso, neste caso, beleza não tem cidade-natal. Inevitalmente, tem olhares de Capitu, ressaquiados e oblíquos, para nossa mera fruição e porto seguro. Vos apresento, as francesinhas.

por tiago nery edição de moda almir jr. & marcelo gomes fotografia  michel rey



Jaqueta – Zoomp Biquine – Blue Man Lingerie Thaís Gusmão para Camarim Bá Sandália – ABX Contempo Acessórios – Trudy`s Adereços – Luis Valasco


Jaqueta 2nd Floor para Jeans Soul Regata – Blue Man


Acessórios – ABX Contempo Vestido Vitorino Campos para Galpão de Estilo Sapato Shop 126 para Santo Estilo


Brinco – Trudy`s Vestido Lucidez para Martha Paiva Sapato Alexandre Birman para Paradoxus


Camisa Alforria para Domizia Lingerie Thaís Gusmão para Camarim Bá Calça jeans Ellus Sandália ABX Contempo


Camisa e gravata 2nd Floor para Jeans Soul Colete Alforria para Domizia Saia Corporeum para Una Via Adereรงo Luis Valasco


Colete Lucidez para Martha Paiva Saia Corporeum para Una Via Sandália Alexandre Birman para Parodoxus Acessórios Trudy`s e ABX Contempo

Ficha técnica Beleza – Ricardo Brandão Modelo – Maria Tereza (MEGA) Tratamento de imagens – Rodrigo Andrade



Joia “Meus pais me deram quando fiz 15 anos. Hoje, só cabe no dedo mindinho. Uso às vezes”

livro preferido Living in Bahia, da Taschen. Ela assina os textos da publicação, com fotos de Tuca Reinés. “É um livro de sentido de vida. Não quer mostrar opulência, mas gente que tem estilo de viver”

conceito close

Mônica Lima A jornalista Mônica Lima é uma baiana apaixonada por sua terra. Pára-sol Original de Salvador, adora o mar e fica sem fôlego com o azul da Baía “Meus óculos sempre são assim, com armação de tartaruga” de Todos os Santos, tela que vislumbra todos os dias para chegar ao escritório, no Comércio. Já trabalhou em jornal, hoje dirige uma agência de comunicação e sempre que pode assina matérias em revistas nacionais POR  thaís muniz  foto  marcelo negromonte still  estúdio gato louco

Tecnologia que não dispensa O notebook e o iPhone são indispensáveis

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Dog Pop Feita pelo artista plástico baiano Bel Borba, essa escultura é a preferida de Mônica


Sempre Carybé Presente do pai, Mônica adora os desenhos de Carybé "it´s not a bag, it´s a prada" “Gosto de bolsas básicas, que não tenha que trocar todos os dias e possa ir pra todos os lugares”

Souvenier kitsch “A torre é bem kitsch. É a lembrança de uma viagem muito especial para Paris com a família inteira!”

Para os pés... “Adoro mocassins, são muito confortáveis”

Perfumada “Uso dois perfumes. Gap para o dia e Dior para a noite”

Poltrona preferida Com traços sofisticados, a poltrona e a banqueta desenhadas pelo casal Charles e Ray Eames concebem conforto, conceito, sobriedade e design

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De vários lugares Mônica sempre gostou de garrafas, trazia uma de cada lugar que visitava formando, assim, sua coleção


Foto Marcelo Negromonte GRUPO AV

perfeição em cada detalhe villa paradoxus – paseo itaigara 2o piso |71| 3353-3604  |71| 9198-1666


GRUPO AV

Paradoxus – Shopping Barra  3º piso  3264-5468 Villa Paradoxus – Shopping Paseo Itaigara  2º piso  3354-9458

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in loco – capa

Um

luz apaixonado pela

por  ANDREA VELAME fotos jomar bragança

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Na varanda em balanço do quarto de casal, poltronas vermelhas e a La Chaise receberam a luminária de chão Lingoto, do arquiteto Renzo Piano

Neste projeto, desvendaremos os mistérios da forma de viver do arquiteto Carlos Alexandre Dumont, nosso “Carico”, e da estilista Elisa Atheniense

A

ideia inicial, quando adquiriu a casa, era passar apenas os finais de semana, mas o envolvimento com o espaço transformou a 2ª em 1ª residência, localizada a 20 minutos de Belo Horizonte, MG. As adaptações foram inevitáveis. A ideia de Carico era desenvolver uma arquitetura quieta, como o lugar pedia. Um paraíso sem grandes arrojos, sem atrevimentos. Ao entrar na casa, sentimos como se estivéssemos dentro de um jardim, com muitas árvores e quase sem calor. Não foi feito nenhum projeto de paisagismo para o jardim; Carico preservou o que existia. As árvores nativas o incentivaram a criar grandes panos de vidro, inclusive no teto, para entrar luz e calor e esquentar a residência. O quarto do casal ficou na copa das árvores, local onde inicia o nosso prazer por conhecer o refúgio de um dos grandes arquitetos contemporâneos do Brasil que, através da simplicidade e da luz, cria diversas cenas para receber amigos. Ao fundo, as luminárias Rosy Angelis do designer Phillipe Starck.

O arquiteto utilizou a luminária Tizio, em prata, de Richard Sapper

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in loco – capa

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No espaço, a intenção é apenas dividir com Elisa o prazer de conviver com móveis e luminárias, peças que estimam, mudam de lugar e conviverão com outras que serão adquiridas, mas nunca se desfaz

em seguir propostas e tendências de decoração.

Carico não se preocupa muito

No living, Carico escolheu uma luminária que parece um guarda-chuva usado em fotografia, chamada Fortuny, desenhada pelo lighting designer Mariano Fortuny

Na varanda, luminárias industriais acendem a vegetação

Clássicos como a poltrona Le Corbousier


Ao fundo da mesa e dos copos de leite Cadeiras de Verner Panton

outra grande escultura, a luminária Orbital, do arquiteto e cenógrafo italiano Ferruccio Laviani, responsável pelo design de grandes peças de luminotecnia

dividem a cena com a vegetação nativa , onde um banco em madeira de demolição com detalhes em aço inox, desenhado pelo arquiteto, traduzem a simplicidade, a atemporalidade e a sofisticação de Carico. Ao lado, entre tantas peças especiais, o bulldog inglês, Bush, de Elisa Atheniense, dorme preguiçosamente

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O colecionador utilizou

No gabinete da casa, janelas francesas originais, poltrona Frau e a luminária Biagio, de mármore Botticino, desenhada por Afra e Tobia Scarpa

a luminária Taccia, clássico dos irmãos Castiglioni, desenhada em 1962, e, na janela, a luminária Parentesi, produzida em cabo de aço por Achille Castiglioni e Pio Manzu

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Feito

sob medida por  ANDREA VELAME fotos  marcelo negromonte

A

ssim como a alta costura, este projeto foi pensado, estudado e amadurecido. Tudo criteriosamente planejado pela designer de interiores Nathália Velame. No 26° andar, privilegiado por uma belíssima vista, foram escolhidas persianas para permitir a entrada de luz natural no apartamento. As persianas especificadas foram da linha Country Wood, em madeira, na cor branca, motorizadas e fornecidas pela Única – talent Luxaflex. Um dos ângulos mais importantes do projeto foi a escolha do piso perfect white 1.0 x 1.0 e os rodapés de 30 cm de altura, fornecidos pela Artimex. Observar detalhes é uma das características da profissional, que escolheu a Tudo São Flores para ambientar este projeto.

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Na varanda, um espaço A poltrona Bergère Glass

de leitura foi pensado para o casal. Nathália escolheu as poltronas e banquetas tulipa, em seda vermelha, espelhos venezianos e mesa lateral em ferro dourado envelhecido da Bizâncio

já é marca desta profissional “Acho que uso em quase todos os meus projetos; ultrapassa o limite de um móvel, considero uma escultura, uma obra de arte”, define a designer. A peça, assinada pelo Estúdio Nada se Leva, é uma exclusividade Home Design. A mesa lateral Paris, também da Home Design, recebeu luminária em estilo art déco da Omni Light

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Foyer, jantar, varanda,

home e living totalizam 200 m². Na área social deste apartamento, as flores sempre dão as boas-vindas para os amigos. No living, onde todos os móveis são Home Design, destaque para o sofá Lux, em seda bronze, do Estúdio Nada se Leva e mesa de centro em laca resinada branca e madeira imbuia, dos designers Graça Kazan e Luiz Mario

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e acústica na área do home do apartamento, Nathália escolheu as portas Dalomiti, da Marcato, associando funcionalidade à estética, com a especificação de vidro bronze e preto

No intuito de buscar privacidade

como consultora de arte, Nathália solicitou uma coleção de gravuras antigas emolduradas em dourado, para quebrar o excesso de branco e impor o modernismo ao projeto. A luminária Arco, desenhada pelos Irmãos Castiglioni, fornecida pela Omni Light, dialoga com o conceito do projeto

Com a assessoria de Rita Câmara


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diferencia-se pelas suas composições Uma coleção de peças em cristal associa-se às almofadas Tay-die, adquiridas na LB Home. O abajur também em cristal segue o conceito das antigas donzelas, especificado na Omni Ligth

O trabalho de Nathália

nos projetos da designer, que optou por utilizar espelhos dourados da Bizâncio. Um tapete aubusson, da Gaia, compõe a estética deste espaço, que associa o contemporâneo ao clássico

As peças clássicas sempre estarão

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Uma mesa de jantar dos designers No intuito de valorizar o luminotécnico

Graça Kazan e Luiz Mario divide espaço com aparador Jacqueline Terpins e uma mandala do Estúdio Nada se Leva. Longe de ser classificada como mais uma loja de decoração na Bahia, a Home Design pode ser resumida por fornecer elegantes peças do design contemporâneo.

o pendente escolhido foi o premiado Mamma Mia, que possui sistema de Led, dialogando com a marquesa do mestre Oscar Niemeyer, produzida em madeira ébano e palha natural.

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Todos os revestimentos, tecidos e confecções deste apartamento são da Quatro Estações. Criados e cama com cabeceira estofada são da Home Design

Um papel de parede importado, pela Quatro Estações, revestiu o lavabo

No quarto de hóspedes, uma luminária da Omni Light e móveis da HD

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Atemporal

&

Déco

Na residência Vila Costeira pode-se conferir o traço atemporal do arquiteto Luiz Lanza, que projetou, há 20 anos, esta casa em Nova Lima, Minas Gerais, para um jovem casal colecionador de por  ANDREA VELAME objetos Art Déco fotos jomar bragança

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Plasticamente, o arquiteto buscou uma solução contemporânea, de linhas retas, com alguns elementos que criam uma sutil relação com os objetos dos colecionadores

E

ste projeto é cortado por um grande corredor que interliga as áreas sociais e íntimas da casa, revestidos interna e externamente com o mármore Crema Valencia. O pergolado de entrada da casa é sustentado por colunas de bronze, remanescentes dos postes de luz de antigas cidades mineiras. Ao lado, observamos o lustre Lalique e coluna francesa. Destaque para o luminotécnico, desenvolvido pela Interpam (MG), exclusividade Omni Light, na Bahia.

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A porta francesa antiga, desenhada por Ruhlmann, aplicada sobre esquadria de ferro trabalhado, coluna e lustre Lalique fazem parte do acervo

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O paisagismo de Luiz Carlos Orsini dialoga com a arquitetura. Arranjos de pedras e maciรงos de mรกrmore ladeiam as escadas e o deck da piscina

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Contemporâneo

&

retrô

por  ANDREA VELAME fotos  marcelo negromonte

Um projeto de contornos e traços, com mix de objetos contemporâneos, obras de arte, livros e antiquariato

O

jeito de viver de Cristina Arcoverde traduz a sua fiel filosofia de que “menos é sempre mais”. Apaixonada por obras de arte, a arquiteta não poderia deixar de lado os “cantinhos”, privilegiando artistas como: Caribé, Floriano Teixeira, Florian Raiss, Bel Borba e Fred Schaeppi. A arte popular também tem seu destaque na montagem sobre uma parede de cimento queimado. Uma poltrona anos 50, em camurça, traduz a alma da arquiteta.

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No living, Cristina optou por usar um piso em mármore branco envelhecido e um tapete indiano em gomos off white, da Bagdá Tapetes

O

projeto luminotécnico foi desenvolvido pela Omni Light. A mesa de centro Box, em madeira e vidro preto; a coffee table, em laca vermelha, do designer George Nelson, e as poltronas em aço inox Le Corbusier foram adquiridas na Básica Home. Uma coleção de livros e esculturas em coral de Nino Nogueira valorizam e personalizam o projeto. Associar designers contemporâneos como Sérgio Rodrigues nas cadeiras Lucio Costa e a cristaleira e lustre Art Déco de Caloula Filho Antiguidades reafirma o estilo atemporal da arquiteta Cristina Arcoverde.

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Sofá em veludo cotelê divide a cena com mesa bar art déco. Poltronas Le Corbusier em pele de vaca e mesa coffee table vermelha da Básica Home

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Cristaleira art déco de Caloula Filho Antiguidades, coluna em bronze e latão de Nino Nogueira denotam a paixão da arquiteta pelo antiquariato

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Autêntica Mineira

E

liane Pinheiro e Mário Caetano assinam o projeto deste sítio, na região de Ouro Preto (MG). O maior desafio do trabalho foi integrar a antiga casa de pedra aos novos anseios da família: uma casa de campo com simplicidade e conforto. Uma galeria central liga a área social à área íntima. Piso em terracota, portas em madeira de demolição e paredes em stucco dialogam com o forro, também em madeira de demolição e decapé. Ao fundo, o cavalo de carrossel inglês, do séc. XVIII, determina o conceito deste projeto.

por  ANDREA VELAME fotos jomar bragança

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Detalhe do bar/cozinha gourmet, com porta tipo bang-bang de acesso Ă cozinha. Piso em cimento queimado, caracterĂ­stico da arquitetura mineira

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Detalhes nas paredes de pedras da construção original foram mantidas

No lavabo, pedra-sabão, madeira de demolição e cimento queimado

Luminotécnica é uma característica fundamental nos projetos mineiros

O contemporâneo dialoga com o antigo. Acima, tocheiros, século XVII

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O

projeto de iluminação destaca o paisagismo de Luiz Carlos A arquitetura, o paisagismo , a Orsini, valorizando e integrando os ambientes. Móveis em luminotecnia, a arte, o artesanato e o madeira teca e ombrelone dividem espaço no deck da piscina antiquariato encontram-se neste projeto e jacuzzi. O paisagista contemporâneo mineiro Luiz Carlos Orsini atua há de Eliane Pinheiro e Mário Caetano mais de 30 anos no mercado brasileiro.

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As portas de correr dividem a sala de jantar da lareira. O ambiente Ê o exemplo de como a arquitetura contemporânea se apresenta neste espaço

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O paisagismo assinado por Luiz Orsini subdivide as áreas entre decks de madeira, pisos de olaria e vegetação. Acima, no deck, ânforas em cimento

Uma grande circulação contemporânea une os dois módulos da arquitetura original desta casa

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Espreguiçadeiras em madeira teca no deck


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No living, quadro do artista plástico Vauluízo Bezerra. Móveis da Básica Home e da Atrium foram revestidos em tecidos de listras e poá preto e branco

Arquitetura

&

música por  ANDREA VELAME fotos  xico diniz

O apartamento, construído na década de 1960, sofreu uma radical intervenção para se tornar a moradia do arquiteto Adriano Mascarenhas

O

imóvel, de 200 m2, situado no bairro da Graça, em Salvador, foi o endereço escolhido por Adriano para a criação de um espaço arrojado, cosmopolita e adequado à visão de mundo do arquiteto. Uma característica deste projeto foi integrar ambientes, valorizar o convívio social e os hobbies do arquiteto, como música, livros e obras de arte. Cada espaço atende a sua função, sem ausências e sem excessos. A cozinha, da Kitchens, é o centro das atenções, estando completamente inserida à área social do apartamento. O piso monolítico foi escolhido para área social da casa. O projeto luminotécnico, produzido pela La Lampe, possibilita o conforto com a automação residencial, com dimers e controle remoto, em persianas elétricas, fornecidas pela Única, talent da Luxaflex.

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Piso monolítico abre espaço para o granito preto nas áreas de cozinha e jantar. Os móveis da Kitchens Cozinha tornaram-se a vedete deste projeto

Destaque para Luminária Spum, da La Lampe

Mesa clássica Sarineen, da Básica Home

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Banquetas da Atrium compõem este cenário


Poltrona Smoke – Moroso, assinado pela designer Patrícia Urquiola, Home Design, divide espaço com uma estante de livros de arquitetura e arte

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133 do imóvel original, com um piso em taco de madeira restaurado. A preocupação constante foi não esconder a verdadeira identidade do imóvel, não camuflar o que valia a pena ser valorizado

também repaginadas, mantêm uma referência

Na área íntima, as suítes,

do brasileiro Tide Helmeister divide espaço com uma tela do conceituado artista plástico goiano Siron Franco. Luminárias Tolomeu, de Giancarlo Fassina , dialogam com a arquitetura contemporânea. No criado, a luminária desenhada por Joe Colombo reforça o gosto pessoal pela luz

Uma coleção de colagens


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Zezé O palácio de

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Espelho francês e três outros plotados foram as soluções contemporâneas de Freusa para o palácio

F

reusa Zechmeister é arquiteta, figurinista, designer de interiores, lightning designer e mais o que você quiser. Tanta personalidade irrequieta assume característica peculiar frente ao trabalho. Saiu da Faculdade de Arquitetura da UFMG em 1964. Vão-se 45 anos de carreira em 68 de vida. Mineira de Patos de Minas, no meio do trajeto, deparou-se com caminho paralelo e quis. Em 1981, estreou como figurinista da maior companhia de dança do país, o Grupo Corpo, escolha imprevista que a arrebatou como a única figurinista até hoje. Faz quase 30 anos. Zezé Duarte é referência em loja de roupa feminina em Belo Horizonte e, embora os detalhes tenham sido criteriosamente pensados para transparecer o perfil da proprietária, o resultado é o que Freusa é capaz de emanar. O ambiente é lúdico e foi construído de forma caricatural para abrigar uma história. O galpão não dá pistas externas mas, ao entrar, dá-se num palácio criado. Alguns móveis “são de verdade”, como comenta. Noutras, a solução para o deslumbre foi a plotagem de adesivos. entrevista andrea velame texto  Tatiana dourado Fotos cícero mafra

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Em visita ao Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, Freusa reparou o piso em parquet e usou no meandro do salão

N

a sala íntima, o provador de festa é pura pintura! E as luminárias tinham que ser “chique”; então, para conseguir o efeito e aumentar o poder da peça, fez um rasgo no gesso, para dar profundidade e entorno. O estonteante lustre de cristal não podia faltar e é adesivo. Freusa é aficionada por bolas, “bolas, Zezé, bolas”, repetia como desejo para o tecido que revestiu biombos. Zezé achou, se apaixonou e comprou. E os espelhos, “um deles é de verdade”, foram arrematados em um leilão de arte quando estavam em Buenos Aires.

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A parede de tijolinhos de olaria são indícios do universo interiorano da arquiteta. “É do tamanho de um tijolo de demolição e são muito mais bonitos”

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Outro elemento de destaque: os biombos chineses do início do século. “Fotografamos o friso que tinha dentro dele e fizemos a moldura de madeira”

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A ideologia de trabalho de Freusa

Para o banheiro, determinou: ‘só podia ser espelho’. Fez, então, uma mesa inspirada em bancadas de espelhos bisotados do início da década de 1990

é entranhada na criatividade assídua e treinada. “Tudo está ali, na sua cabeça, você é que tem que liberar. Eu posso tudo, por que não, né?”. É.

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&

Clássico contemporâneo por  ANDREA VELAME fotos  marcelo negromonte

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Toda a produção de flores deste apartamento levou as assinaturas de Nubia Caloula e Sonja Lopes

A

plasticidade de um palácio contemporâneo, com traços clássicos e muito sofisticados, foi a proposta da designer de interiores Iolanda Almeida, para uma família no Vale do Loire, em Salvador. Um imóvel com cinco suítes para uma família de quatro pessoas possibilitou à designer uma série de intervenções, para ampliar espaços e receber amigos, hobby dos donos da casa. Poltronas francesas, muranos e flores denotam a alma feminina da proprietária. Um grande ponto de destaque neste apartamento é a iluminação. Na sala de jantar, a designer trabalhou com cortes no gesso para utilização de iluminação indireta. Balizadores e rasgos com led fizeram parte do projeto desenvolvido pela La Lampe. A mesa escolhida por Iolanda Almeida para compor este projeto foi a Congonhas, de Graça Kazan e Luis Mario, produzida em madeira e cristal negro, uma exclusividade Home Design. Clássicos da Escola Bauhaus não poderiam faltar neste projeto, daí a escolha das cadeiras Brno em couro branco. Um aparador de Jacqueline Terpins, em vidro, fechou o conceito palaciano e atemporal deste projeto. Na varanda gourmet, poltronas Swan dividiram espaço com as mesas componíveis do Estúdio Nada Se Leva e um lindo carrinho de chá. Vale salientar que todos os móveis deste apartamento levaram a assinatura Home Design.

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Living e Home integrados! A mesa lateral Besame Mucho,

Sofá, com acionamento através de controle remoto, revestido em camurça uva propõe um toque clássico e atemporal na escolha da poltrona em couro preto do designer holandês Hans Wegner, associado à delicadeza de uma cadeira francesa

da designer Jacqueline Terpin, pode ser considerada uma verdadeira escultura. As outras mesas de apoio em laca branca e preta da designer Rejane Leite traduzem a ideia de mesclar estilos, exclusividades da Home Design

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Sob o aparador 14 Bis, em vidro leitoso branco e transparente, de Jacqueline Terpins, pratarias e produção em flores de Sonja Lopes e Núbia Caloula

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A cozinha Kitchens, ponto de encontro da família, recebeu grande ilha em Corian, armários com textura canelada branca e puxadores cromados

Para finalizar, Iolanda escolheu mais um clássico com uma especificação altamente moderna, as banquetas Bertóia, produzidas em acrílico rosa

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projeto de interiores Renata Taya e Paula Libos fotografia Edson Rodrigues

Rua AnĂ­sio Teixeira 161 Shopping Boulevard lojas 16/19, Itaigara - Salvador BA | 71 3358 6351 | arqluz@arqluz.com.br

REPRESENTANTE EXCLUSIVO


Foto Marcelo Negromonte GRUPO AV

Flávio Moura para Bizâncio

Alameda das Espatódeas, 300 – Caminho das Árvores 153 Salvador - Bahia - CEP. 41820-460  Tel.: (71)3341-6881 / 3341-8598


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Gabriel Rocca

fotógrafo

conceito arte

Made in Argentina

T

enho 47 anos e, aos 19, comecei a fazer rock argentino. Era o melhor lugar para se expressar. Desde então, vivo uma intensa vida como fotógrafo, em um país fascinante e raro como a Argentina. Vivi um ano no Brasil, no Rio de Janeiro, de onde tenho excelentes recordações. Me encanta o Brasil! Hoje tenho sorte de filmar e fotografar, de realizar campanhas de marcas líderes na Argentina, fazer séries para televisão (aberta e a cabo) e também faço mostras anuais, que têm sempre um toque diferente para além de expor fotos. O livro, editado recentemente, reúne meus últimos trabalhos comerciais. Sou fotógrafo de moda e adoro ser. Dá possibilidade de desenvolver a criatividade por onde me sinto melhor. Hoje, a moda é quem marca tendência no mundo, muito mais do que imaginamos. Na Argentina, por exemplo, a moda é muito forte. Tive sorte de estar desde o começo com as marcas líderes e hoje faço campanhas das melhores, junto a uma equipe de estilistas, produtores, maquiadores, dos quais me orgulho. O livro mostra o mais representativo de minhas fotos. Desfruto retratar atrizes, modelos, designers, gente que entrega a alma nesse momento sublime que para mim é fotografar. Creio que na moda tudo vale. O limite é o bom gosto e transitar nele é provocar o estímulo que mais me entusiasma. Tradução Thaís Muniz

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Rocca Gabriel Rocca 89 páginas


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Foto Marcelo Negromonte GRUPO AV

Salvador  Av. Paulo VI, 1345 – Pituba (71) 3451-3203 Aracaju  Travessa João Francisco da Silveira, no 33, São José, Aracaju – SE  (79) 3214-5978/ 3214-5169


Foto Marcelo Negromonte GRUPO AV

§ Boulevard 161 – |71| 3359-8784 §

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conceito arte

Inhotim, um recanto por tatiana dourado

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m 4 de agosto de 2009, Burle Marx completaria 100 anos. O maior paisagista brasileiro do século faleceu aos 84, no Rio de Janeiro. Foi em 1994. Autor de mais de 3 mil jardins no Brasil e exterior, Roberto Burle Marx não desfez seu mérito também como desenhista, pintor, tapeceiro, ceramista, escultor, pesquisador, criador de joias. Alguns de seus quadros integram o acervo de Bernardo Paz, empresário, colecionador de arte e mentor do Instituto Inhotim, localizado em Brumadinho, município a 60 km de Belo Horizonte (MG). Aliás, lá está um recorte da vida que construiu. Nos hoje alcançados 45 hectares, florescem espécies raras de plantas tropicais do continente sul-americano. As primeiras sementes lançadas à terra foram pensadas em conselheiras conversas entre Paz e Burle Marx nos anos 80. Formularam a soma natureza e arte. Pouco a pouco, a estrutura foi sendo fincada. Rápido, surtiu o resultado: é o mais importante espaço de arte contemporânea da América Latina. Três anos após outubro de 2006, quando aberta ao grande público, 250 mil pessoas fruíram o Inhotim. Visitantes que se deixaram embaralhar os sentidos, sem confundi-los. Inhotim é perceptível e palpável. É estética da natureza e na natureza. Fusão do visual no introspectivo. É inspirador e realista. A reunião da mais contemporânea arte global.

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167 Vicente de Mello


Elderth Theza

conceito arte

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Roberto Murta

O começo sugerido por Burle Marx permaneceu pelas mãos de Pedro Nehring, Luiz Orsini e Eduardo Gonçalves, acompanhados por Bernardo Paz

Ã  COLORIDOS EM VERDE Os olhos acostumados com a natureza imersa nas grandes cidades deliciamse ao adentrar Inhotim. O parque botânico de 45 ha é o pedaço descortinado dos 3 milhões de m² de mata nativa. A flora semeada acompanha os visitantes no passeio em busca da arte. No Instituto Inhotim, a arte é contemporânea, por isso, se mistura entre as espécies raras e adultas do jardim tropical. Nos anos 1980, Inhotim era o sítio de Bernardo Paz. Lá, o empresário pediu a Burle Marx que compusesse a área natural do local. O “artista do jardim” projetou, aproximadamente, 18 mil m². Tornou-se referência para os outros tantos mil metros que prosseguiram nas mãos de Pedro Nehring, Luiz Carlos Orsini e Eduardo Gonçalves. “Mesmo que Burle Marx jamais tivesse pisado no Inhotim, sua influência poderia ser vista nos nossos jardins. Não existe paisagista no mundo moderno que não tenha sido ‘contaminado’ por suas ideias”, analisa Eduar-

do Gonçalves, atual curador botânico. Cristaliza-se, então, com toda a máxima no Inhotim, o cerne conceitual de Burle Marx, como o uso de espécies pouco frequentes em paisagismos e a forte associação de cores à escala monumental do jardim como um todo. Sucederam-se os profissionais, enraizaram, em conjunto, mais de 2 mil espécies cultivadas em jardins e viveiros, além das outras 600 que crescem em mata preservada. A coleção de aráceas, família que inclui copo-de-leite, imbés e antúrios, segundo Gonçalves, é a maior da América do Sul. Algumas das espécies de palmeiras pertencentes à coleção, de raras, ainda não foram catalogadas por especialistas. “O paisagismo do Inhotim é, sem dúvida, um dos mais importantes do mundo, não só pela sua diversidade, mas pela harmonia e integração com a natureza local, com a arquitetura dos pavilhões e as obras de arte dos mais consagrados artistas contemporâneos”, comenta Luiz Carlos Orsini, paisagista responsável de 2000 a 2004.

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Em quatro anos ininterruptos, Orsini, o paisagista, trabalhou para ampliar o espaço e a riqueza botânica. Até setembro de 2004, mês de sua desvinculação, finalizou 300 mil m². Incorporou mais de 500 unidades das patas de elefante. Traçou as vias que direcionam o Instituto, sem esquecerse dos 60 mil m² de lâmina d’água, divididos em três lagos: um remanescente e dois projetados e escavados. Na voz dos paisagistas, o grande responsável por fomentar a pesquisa sobre flora e adequar as descobertas nos caminhos do Inhotim é Bernardo Paz. “Ele manteve a opulência dos jardins mesmo nos períodos em que não havia um paisagista no comando”, direciona Eduardo Gonçalves. Paulo Orsini, irmão de Luiz Carlos, foi o primeiro arquiteto convidado a construir pavilhões de arte. Precisava criar uma estética simples e elegante, sem ofuscar as obras artísticas. “Todos os pavilhões possuem a mesma linguagem, se diferenciam nas formas retas e curvas e nas implantações”, relata.


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Pedro Motta

Obra permanente no Inhotim desde 2006, Desvio para o Vermelho, 1967-1984, de Cildo Meireles, através de simbolismo e metáforas propõe impactos sensoriais e psicológicos ao espectador


Ã  EM BUSCA DA CURIOSIDADE O padrão passa longe da arte contemporânea. É ótica, pop, abstrata, conceitual, digital, tridimensional, urbana, realista, onírica, social ou estética. Às tradicionais técnicas artísticas incorporam-se materiais não tão usuais, aparentemente inúteis, como poeira e metal enferrujado, comidas... O que há de melhor e se renova em valor contemporâneo está no Brasil e é democratizado no Inhotim. São seis galerias permanentes e quatro temporárias que se apresentam em diálogo com a vida natural de um parque botânico que só cresce, prometendo dobrar os 45 hectares no próximo ano. Roteiro para críticos, artistas, curadores, colecionadores, o cenário sustenta a ideia de propagação da arte com ênfase ao grande público. À medida que visita, ganha repertório, cria relações e faz julgamentos. “Todo mundo está convidado. A arte vai criando o interesse. A pessoa se sente confiante para encarar aquilo”, diz Julia Rebouças, 25, assistente-curadora. Para isso, quatro curadores, três vezes ao ano, se reúnem, em mesa redonda, para averiguação de temas, suportes e poéticas dos artistas-novidades colhidos, por cada um, em tempo determinado. Acatadas as sugestões, começam os estudos para a implantação. “Criamos a condição de exposição ideal para o artista, dizemos de quais elementos gostamos, escolhemos juntos o lugar. Muitas vezes, as feições mudam e eles desenvolvem aqui o conceito do trabalho. É uma relação de anos”, observa Julia. As obras foram originadas a partir dos anos 1960 e organizadas para tornar público desde 1980. A forte afeição por arte fez a aventura de Bernardo Paz, com aquisições iniciais de instalações de Tunga e fotografias de Mario Cravo Neto. Acedeu o prazer e continuou a montar seu acervo de artistas elementares. Entre os brasileiros, além de Tunga e Mario Cravo Neto, também estão Cildo Meireles, Adriana Varejão, Amílcar de Castro,

Eduardo Eckenfels

A instalação True Rouge, 1997, é obra que tem galeria permanente do pernambucano Tunga

Hélio Oiticica, Marepe, Vik Muniz... No âmbito externo, encontram-se o português Arthur Barrio, a colombiana Doris Salcedo, o americano Paul McCarthy e, entre outros, o dinamarquês Olafur Eliasson. Segundo o colecionador mineiro Romero Pimenta, o Inhotim é o responsável pela divulgação de arte contemporânea no país e referência para qualquer colecionador em busca de informações. “O Inhotim anda na vanguarda de tudo o que está por acontecer no cenário mundial das artes”. Para ele, as instalações do Instituto são as mais importantes de cada artis-

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ta ali exposto, no mundo inteiro. “Isso muda o foco do cenário artístico, antes meramente preocupado com o objeto em si, para buscar o conceito, a criatividade e a inteligência artística. Tudo isso faz do Inhotim uma instituição de grande responsabilidade para a formação cultural de todo o país”, enfatiza Romero Pimenta. Inhotim prioriza uma fórmula para abrigar os conceitos contemporâneos. Arquitetura, arte e paisagismo são planejados e construídos juntos. O ar livre tem agradado, mas, segundo Julia, não condiciona tendência às galerias futuras. “A arte contemporânea


Vicente de Mello

Celacanto provoca Maremoto, 2004-2008, é uma das obras que integra a Galeria Adriana Varejão. As pinturas nas paredes são de anjos barrocos

quebra pré-conceitos. Vai trabalhar na rua, no corpo, no museu. Não diz qual a melhor maneira. A fórmula que nós achamos é essa experiência instigante que desperta curiosidade”. É uma sugestão. Espaço e discurso de cada obra é objeto de estudo para relacionar a arte contemporânea. Sem se propor complexa ou hermética e ainda negando a apresentação simplória, interessante, para o Inhotim, é expor a arte sob fácil leitura. Assim, dia-a-dia, forma-se o deslumbre do conjunto, prezando a concepção generalista sobre a arte contemporânea e permitindo-se prosseguir no experimental, transgressor ou formalista.

Tiberio Fran

Forty part Motet, 2001, instalação sonora em 40 canais, cantada pelo coro da cadetral Salisbury

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Foto Marcelo Negromonte GRUPO AV

Estrada do Coco, Km 0 – Lauro de Freitas, no 1176  Telefone: (71) 3377-2777

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Foto Marcelo Negromonte GRUPO AV

MÁRMORES IMPORTADOS E GRANITO

Alameda das Espatódeas, 491 Caminho das Árvores  Tel (71) 3341-2055

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conceito design

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O trabalho de um ligthing designer é capaz de promover um perfeito encontro entre a luz natural e a luz técnica, através de rasgos e arandelas

Luz

também é sensibilidade

“Iluminar é criar um clima de magia, atmosfera de sedução que, em alguns projetos, transformam um seguimento de negócios em grandes resultados” por andrea velame fotos gustavo xavier

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mineiro é perfeccionista, exigente e valoriza muito o convívio com os amigos dentro da sua casa, o que justifica a fama de Minas Gerais ser um dos Estados que mais valoriza a luz na arquitetura. Nessa realidade, o setor de iluminação local se viu obrigado a acompanhar a cultura. O lightning designer Cícero Mafra sempre apostou na pesquisa, sensibilidade, inventividade e flexibilidade para atingir a harmonia nos projetos, além de um apurado senso estético. “No desenvolvimento de um projeto luminotécnico, são conciliados elementos fundamentais que vão além do domínio puramente técnico”, afirma Cícero. A necessidade da valorização da luz em projetos residenciais, comerciais e corporativos pressupõe circunstâncias

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capazes de interagir no cotidiano das pessoas. “É fundamental contemplar o uso racional da energia, através de comandos de automação. Hoje a tecnologia dos aparelhos de iluminação, derivada do avanço de um ramo específico da ciência, confere às peças designs arrojados, sem que se pague mais caro por essa qualidade”, explica. Mafra sempre consegue colocar emoção no seu trabalho. Os projetos selecionados nesta edição traduzem uma preocupação com a arte de iluminar que transcende o exercício de jogar um foco de luz sobre o objeto ou ambiente. “Iluminar é criar um clima de magia, uma atmosfera de sedução que, em alguns projetos, transformam um seguimento de negócios em grandes resultados”, completa Cícero.


Na sorveteria Alessa , em BH, projetada pela arquiteta Andrea Manetta, foi utilizada a luminária Mama Mia, com leds e lâmpadas incandescentes

Ã  A força da Luz O nosso olho capta luz, formas, cores e texturas e é deste princípio que percebemos a força da luz nos projetos. A luz é capaz de camuflar, despertar a nossa atenção aos detalhes. A luz interage com as pessoas, altera o espírito, o humor e, fundamentalmente, as emoções. As peças decorativas cumprem seu papel vital nos projetos de iluminação através de pontos complementares. Dão personalidade aos ambientes, além da composição de múltiplos efeitos. A luz reforça as premissas de conforto, bem-estar e aconchego.

Os profissionais, quando contratados para desenvolver um projeto de arquitetura ou interiores, devem alertar os clientes sobre a importância de um especialista da luz. O lighting designer, profissional especializado nos mistérios da luz, estudou que iluminar não é apenas clarear ambientes: a luz revela, preenche e humaniza espaços. Você pode escolher diversas formas de iluminar. A up ligth é a iluminação de baixo para cima e a down ligth, uma iluminação difusa e focada através de diversos tipos de lâmpadas.

Segundo o engenheiro e empresário Eduardo Cardoso, para que se consiga o “efeito da luz”, não é necessária vê-la, mas senti-la. É importante a escolha das lâmpadas corretas em cada ambiente: incandescentes ou halógenas. "O mais importante ao desenvolver um projeto, residencial ou comercial, é saber a verdadeira necessidade da intensidade de luz. Existem projetos comerciais onde precisamos de uma atmosfera mais dinâmica, enquanto em outros, mais intimista. O importante é fazer da luz o seu aliado", finaliza Eduardo.

Efeitos e sensações foram a proposta deste luminotécnico assinado por Cícero Mafra, da Iluminar, para uma residência em Belo Horizonte, em MG

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Nossa escolha Única

Aline Cangussú & Mário Figueiredo para Única – Persianas

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Shopping Boulevard 161 Tel: |71| 3354-3232 Foto Marcelo Negromonte GRUPO AV Projeto Aline Cangussú e Mário Figueiredo –  Casa Cor Bahia 2008  Foto Marcelo Negromonte GRUPO AV


conceito indica

sofá literário

Sofás

Desvendamos os universos de alguns convidados para saber o que neles habita. Livro, música e cinema, vamos compartilhar!

Meu clássico é O Livro dos Prazeres, de Clarice Lispector. Li há anos, tem uma lembrança particular. Trata-se de uma história de amor, cheia de meandros e apredizagens. Clarice, com narrativa profunda, nos conduz a uma viagem poética, metafórica, sobre a dificuldade e possibilidades de amor entre duas pessoas. Minha leitura recente foi Travessuras da menina má - de Mario Vargas Llosa. É a história de um amor obsessivo de um homem por uma mulher. Diria que é um hino ao amor incondicional, o amor que todas mulheres desejam. Adorei! Elisa Atheniense, Estilista

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Os meus livros favoritos são os que me fazem transpor a história depois de mergulhar de cabeça. Com Relato de um Náufrago (1970), de Gabriel García Márquez, aconteceu isso. Aquela história do homem à deriva, sozinho e faminto com seus pensamentos, nunca saiu da minha cabeça. Agora mesmo deu vontade de ler de novo. Descobri Rosa Montero há alguns anos. Uma jornalista e escritora espanhola que escreve lindamente. Li Historias de Mujeres (1995), em espanhol, estava em Buenos Aires na época. Trata-se de uma seleção de perfis de mulheres que vão de Frida Kahlo e Simone de Beauvoir a Camille Claudel, pelo interesse que cada uma das suculentas histórias desperta. Chris Campos, Jornalista e escritora


sofá musical

sofá com pipoca

Por um Punhado de Dólares (1964), de Sergio Leone, é meu clássico. Amo a linguagem. Oferece ao público a mistura certa de lirismo, cinismo e humor. Mas, o que mais me faz gostar desse filme é que o Clint Eastwood está simplesmente apaixonante no papel daquele homem cujo nome é um mistério até o fim. Atualmente, gostei muito de Queime Depois de Ler (2008), de Ethan e Joel Cohen. O roteiro é de um cinismo cortante e, ao mesmo tempo, engraçado. Nina Becker, Cantora Nascido para Matar (1987), de Stanley Kubrick é, com certeza, um clássico de guerra. O mais interessante é que conta a guerra do Vietnã do ponto de vista não dos heróis, mas dos covardes. Não é óbvio demais, porque não foca somente nos confrontos armados, tem um lado psicológico. Assisti recentemente Vermelho como o Céu (2006), filme italiano, baseado em fatos reais. É sobre um garoto, hoje um dos maiores editores de som do cinema italiano, que fica cego nos anos 60 e descobre um jeito novo de perceber o mundo. Caloula Filho, Antiquariato

O Transa (1971), para mim, é a melhor obra de Caetano Veloso. Ele mostra toda sua genialidade, quando ele estava exilado em Londres. Inclusive, foi eleito pela revista Rolling Stone o oitavo melhor disco brasileiro de todos os tempos. En Dirección del Viento (1976) é uma grande pérola que descobri há pouco tempo, de Mercedes Sosa. É um trabalho em que busca poetas argentinos e latinos, tais como os chilenos Victor Jara e Pablo Neruda e a peruana Alicia Maguiña. Canções suaves que transmitem paz. Valéria Kaveski, Estilista Meu clássico é Diva (1992), de Annie Lennox, é a epítome de sua trajetória: o melhor que o pop pode traduzir, em composição, arranjos e conceito. De novidade, trago Our Bright Future (2008), de Tracy Chapman, 2008. Escutar seu álbum mais recente, quase que por acaso, em Lisboa, foi uma grata surpresa: músicas adultas, elaboradas, com letras instigantes e uma boa dose de ironia. Só não furo o iPod de tanto ouvir I Did It All, uma das canções, porque iPods não furam. Zezinho Santos, Arquiteto

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conceito esporte

Ricardo Mansur herdou da famĂ­lia a paixĂŁo pelo esporte e hoje ĂŠ um dos melhores polistas do Brasil

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Jogo de Príncipes Considerado um hobbie aristocrático, o torneio de polo equestre é tradicional em mais de 50 países

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m campo, jogadores milionários, de sobrenomes tradicionais, sobre cavalos Puro Sangue Inglês, empunham um taco de 1.3 metros e disputam a bola. O som ao vivo de violinos e violoncelos animam o evento, onde mulheres chegam usando chapéus e homens dirigem carros luxuosos, repetindo a tradição herdada da família real inglesa, principal promotora do esporte no mundo. É quase sempre praticado por empresários milionários e personalidades de destaque como o príncipe Charles e seu filho William. No Brasil, o polo também é preferência entre empresários milionários como os Diniz, do Grupo Pão de Açúcar, e os Mansur, do ramo de laticínios, que normalmente herdam da família a paixão pelo esporte. “O polo, na maioria das vezes, é passado de geração para geração, como aconteceu comigo. Toda minha família já praticava o esporte”, afirma Rico. por luara lemos fotos Melito Cerezo

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Os jogos são controlados por dois juízes montados a cavalo e um outro árbitro que permanece fora do campo, consultado em caso de dúvidas

O contato com a natureza, com os cavalos, a disciplina e o condicionamento físico são alguns dos benefícios alcançados com a prática do polo. “Além de ser um esporte viril, que exige condicionamento físico extremo, exige também um raciocínio rápido. No âmbito social, traz muitas amizades e contatos mundo afora”, afirma o empresário Ricardo Mansur, um dos maiores polistas brasileiros. A preparação física de um polista é a mesma de um atleta de ponta. O empresário afirma possuir uma rotina dura, com prática diária de exercícios aeróbicos, musculação na academia, além de horas de treino com o cavalo. “Para ser um bom polista tem que haver dedicação especial, sempre estar atrás de bons cavalos, treinamento e tentar formar a melhor equipe”, explica Rico. Além das habilidades do jogador, o desempenho dos cavalos também exerce grande influência na partida. Especialistas do esporte afirmam que

os melhores animais podem responder por até 70% da performance da equipe, como o polo exige muita força e explosão, os cavalos mais utilizados são da raça Puro Sangue Inglês, uma das mais velozes do mundo. “Os cavalos são tratados com todo cuidado. O contato com o animal é quase diário e a relação do cavalo com o cavaleiro é uma sensação inigualável. Há uma parceria entre os dois. Isso faz do pólo um esporte único” afirma Rico. Ã Luxo destinado a poucos São quase 500 os polistas brasileiros, e a seleta lista de jogadores se deve aos altos gastos com a modalidade. Um cavalo Puro Sangue Inglês, competitivo, custa em média R$ 10 mil; os melhores Puro Sangue, que disputam torneios internacionais, podem valer até R$ 50 mil. Cada jogador em campo costuma ter seis cavalos, um para cada tempo de jogo. A cada sete minutos o cavalo, deve ser substituído, para evitar o desgaste e a exaustão do animal. As principais

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equipes ainda mantêm estruturas como cocheiras, o caminhão que transporta os animais de uma fazenda a outra, veterinários e tratadores, que limpam as baias diariamente e cuidam dos cavalos. Além de gastos com equipamentos como tacos, bolas, botas, selas, joelheiras, capacetes, luvas, chicote e espora. Apesar de não possuir um número muito expressivo de adeptos, os esportistas comemoram um tímido aumento de jogadores, bem como a proliferação de campos e clubes no Brasil. Segundo Pedro Bordon Neto, presidente do Helvetia Pólo Country Club, o crescimento se dá principalmente pela abertura e maior divulgação do esporte. “Para o polo se tornar um esporte com um maior número de praticantes no Brasil, é importante que haja uma maior divulgação em mídia e consequente entrada de novos patrocinadores, como acontece com o resto do mundo”, afirma o presidente do clube.


As equipes precisam mudar de campo a cada gol marcado, para não haver possíveis beneficiados pelo estado do campo e condições atmosféricas

Hoje existem mais de 60 recintos, entre campos de clubes e particulares, e o Estado de São Paulo é o mais importante na prática de polo. Em seguida, estão Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Entre os campos mais badalados destacam-se o Helvetia Pólo Country Club, em Indaiatuba (SP), considerada a cidade mais expressiva no esporte, no Estado de São Paulo, a Sociedade Hípica Paulista e Clube Hípico Santo Amaro, na capital paulista; Clube Hípico de Colina, em Colina (SP); Itanhangá Golf Club, no Rio de Janeiro (RJ), e o El Paraíso Polo Club, em Viamão (RS). Ao redor do Helvetia existem cerca de 35 campos de polo, sendo que desse total 14 pertencem ao clube e o restante são campos particulares dos sócios. O clube é responsável pela realização dos principais campeonatos do país, com uma temporada vai de abril a outubro. “Concentramos os principais torneios e jogadores de polo brasileiro. Somos os responsáveis

pela elaboração do calendário de Polo do Brasil e estamos estudando uma maneira de viabilizar a organização do campeonato mundial de Polo em 2011, do qual o Brasil é tricampeão”, completa Pedro. A modalidade praticada no Brasil conta com alguns dos melhores polistas do mundo. No topo da lista de jogadores com maior número de handicaps estão Rodrigo Andrade (10 gols), Fábio Diniz (8 gols), João Paulo Ganon (8 gols), Olavo Novaes (8 gols), Alexandre Ribeiro (7 gols), Aluisio Villela Rosa (7 gols), André Diniz (7 gols), Luiz Paulo Martins Bastos (7 gols), Rafael Silva (7 gols) e Ricardo Mansur (7 gols). O polista Rico Mansur afirma acreditar no potencial do polo praticado no Brasil. “Apesar de termos um número pequeno de praticantes, temos jogadores muito talentosos. Se o polo voltasse a ser um esporte olímpico, acredito que estaríamos no pódio, com certeza”, analisa o jogador.

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à Regras:

¯  Os jogadores são avaliados e classificados por handicaps, em escala de 2 a 10. A avaliação não é atribuída de jogo para jogo, mas de acordo com o desempenho do jogador, ao longo de sua carreira. ¯  O polo é jogado a galope. Cada equipe é composta por quatro jogadores, nº 1 e nº 2 são atacantes, nº 3 é meio de campo e o nº 4, defesa. ¯  Os jogadores empunham, com a mão direita, um taco de 1.3 m e têm de acertar a bola de 8cm de diâmetro no gol, que tem uma largura de 7,3m. O objetivo é fazer mais gols que o oponente. ¯  A partida é dividida em seis chukkas de sete minutos cada. Em caso de empate, é decidida no tempo adicional. ¯  Os cavalos devem ser trocados a cada chukka e só podem ser utilizados duas vezes na mesma partida. ¯  As medidas do campo variam de 230 a 275m de comprimento e 130 a 180m de largura.


Quatro em um conceito design

por tatiana dourado arte inara negrão

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A

os 39 anos, é fácil perceber que a cabeça de Alexandre Lanza fervilha. Os desejos, como pensam e vivem as pessoas atiçam suas perspectivas. “São os pensamentos que me atormentam, me alimentam e, às vezes, até me dilaceram a alma”. O sobrenome que carrega do pai, Luiz, renomado arquiteto mineiro, não determinou escolhas nem tranquilizou inquietações. “Sem dúvida, tem algo que me move, simplesmente uma inquietude frenética que dança e me transporta pelos eixos cartesianos da razão”. Formou-se em arquitetura em 1996 e não quis parar por aí. Encontrou a fórmula para dissipar a ebulição de ideias: exercitá-las. A customização de peças antigas, elaborada com a esposa, a estilista Liana Leão, é a mais recente de suas atividades. Obviamente, sem substituir, nem em parte, trabalhos já adotados, como o de designer de móveis e ator profissional. “Sou uma pessoa curiosa e transgressora, questiono muitas vezes até minhas próprias criações. O que não esvazia, dentro de mim, é o fascínio pelo incomum. Isso renova minhas energias e dá perspectiva profissional ainda maior”. Na próxima página, Lanza descreve seus ofícios, sem abnegar as impressões que saltam do seu consciente.


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design

arquitetura

Conjunto das obras dramáticas de uma nação, de um autor ou de uma época. Construção, obras

à "A arquitetura me abriu inúmeras possibilidades. A formação de um arquiteto é extremamente rica, engloba as ciências exatas e humanas e isso ampliou meus horizontes. Fiz um Master em Arquitectura, Arte y Espacios Efêmeros, o que me devolveu o entusiasmo, me arremessando em outra esfera. Agora, me sinto com mais possibilidades de vencer a mesmice do nosso mercado atual de consumo. A arquitetura deve conter a vida dentro de seus espaços, refletindo e interagindo com outras formas de pensar e de criar. Nosso universo engloba todas as artes e seu caráter é aberto e multidisciplinar".

Disciplina que visa à criação de objetos, ao mesmo tempo funcionais e estéticas

à "O design deve ser algo que funcione. Não podemos produzir em larga escala se não nos comprometermos com algo maior, que ofereça aos nossos consumidores segurança, beleza e respeito ao meio ambiente. Acredito cada vez mais na simplicidade e na pureza dos objetos, isso não significa perda de autenticidade, mas ganho de qualidade e de possibilidades. Quero produzir ideias claras, sem me desviar do componente lúdico de cada uma delas. Não existe design sem arrojo, sem eficiência, sem excentricidade. O material é no design o que o jogo de luzes é na arquitetura".

Jomar Bragança

Mesa Mondriam, mesa Z-Form e banco Wave

Restaurante Topo do Mundo, projeto arquitetônico de Alexandre

O projeto está localizado na Serra da Amoeda, em Minas Gerais

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customização

teatro

Arte de representar. Edifício onde se representam peças dramáticas. Profissão de ator ou atriz

à "Minha mulher, a estilista Liana Leão, tem paixão por mobiliário antigo. Caímos em brechós de móveis e antiguidades, achamos cadeiras, sofás, estantes e lustres que pareciam nos pedir pra levá-los. Um a um, fomos transformando-os. Não têm limites nem regras, nem as de mercado. É um processo artesanal. Nenhuma peça é igual a outra, se tentar repetir, ainda assim sai diferente. É algo extremamente anárquico e as fontes de inspiração são ilimitadas. Você se sente desprendido nesse processo, algo que nem sempre temos a oportunidade de experimentar na arquitetura e até mesmo no design". Jomar Bragança

à "Sempre tive personalidade cênica e fascínio por entender as motivações humanas. Não me surpreendo quando vejo tanto movimento em obras de arquitetura contemporânea como o Museu Guggenheim, de Frank Gehry, em Bilbao. Posso ter buscado as artes cênicas com outras pretensões. Talvez num futuro breve os objetos em nossa volta tenham outra configuração e necessitem características mais humanas. Uma cadeira mais agressiva ou um edifício sarcástico funcionariam como banco de dados de uma memória que está se perdendo na linha de tempo invisível da condição humana atual".

É empregada no sentido de personalização, adaptação de acordo com o gosto de alguém

Peças de mobiliário customizadas por Alexandre Lanza

Agora, como ator, atuando no curta-metragem Aracnídeas

Alexandre Lanza diz sempre ter tido uma personalidade cênica

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conceito gastr么

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Agnes Farkasvolgyi “Vocês estão vendo cozinheiros fazendo arte, artistas?"

U

m bom prato é convite ao apreço. O cheiro desperta atenção de longe. Logo induz a visão que, de bela, necessita da prova. Talvez, para a maioria, o ponto áureo seja mesmo o sabor pelo tato. Comer é arte e começa desde o preparo, nos bastidores. Porém, há um tempinho, o manejo dos alimentos ultrapassou os azulejos brancos da cozinha. Foi para a rua, para os quadros, galerias. Virou movimento, eat art. Desde 1950, o suíço Daniel Spoerri faz quadros utilizando pratos, talheres e copos sujos como materiais de criação. Ele é o considerado precursor, que tem, também como veterana, a francesa Dorothée Selz, com suas esculturas comestíveis de maças, pães, milhos.

à ARTE E COZINHA Agnes Farkasvolgyi é física, cozinheira e artista – formada em Belas Artes pela UFMG. As atividades que preenchem seu universo parecem distante entre si, mas, coincidência, são os principais pilares da prática da gastronomia contemporânea. No dia-a-dia, a mineira funde ideias interativas para ajudar a recriar sentidos no cenário gastronômico. Atua como chefe de cozinha do Bouquet Garni, desde 1989, em dupla com Karen Piroli, sua sócia. Concentra-se, três horas ao dia, na

por tatiana dourado foto  marcelo negromonte

prática de pinturas – autorretratos, abstratas, eat arts, florais. Planeja painéis interativos de títulos imperativos – Come na minha mesa, Cozinha no meu fogão, Veste minha roupa, etc. – “é incisivo, faça!”. E elabora performances, quando convidada para aberturas de exposições – já fez quadros comestíveis de Frida Kahlo, Beatriz Milhazes e Van Gogh. Atualmente, pensa no problema de pesquisa para a dissertação de mestrado na Escola de Belas Artes da UFMG A questão que desenrola no pensamento de Agnes encontra-se no dualismo gastronomia-arte. “Olha, presta atenção, gente, esse povo aqui não é artista, mas trabalha com a comida como trabalhamos com arte”, ensaia o coro em breve libertado para o mundo acadêmico. Agnes defende a aclamação da culinária como arte, aplicada por nomes da gastronomia mundial como o chefe Ferran Adriá, o melhor do mundo, segundo o The New York Times, o Le Monde e o El País. Ferran Adriá foi o primeiro a expor na Documenta de Kassel, a mais importante mostra de arte contemporânea do mundo, ocorrida a cada cinco anos na Alemanha. “Na hora que o Adriá foi convidado, sabe berros de todos os lados? Artista é um bicho muito vaidoso. O curador de Kassel

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imediatamente percebeu que estava diante de um artista”, comenta Agnes. Entranhadas nas cozinhas contemporâneas, ramos como ciência e tecnologia contribuem na mágica estética do prato. Um exemplo é o uso do nitrogênio líquido. “Você faz os preparados, coloca no nitrogênio líquido para se solidificar e serve uma bola de azeite liquido. É fabuloso!”. Invenções, também, com destilados. “Separa os sabores, obtém um líquido transparente com a essência e coloca no prato as gotinhas, uma com gosto de cogumelo, outra de tomate. Você pode fazer uma paella toda de gotinha líquida e vai sentindo sabores... Isso é arte ou não?”, empolga-se Agnes. Ã FUTURO Ela prevê a controvérsia acadêmica que, possivelmente - diz sentir - se aprofundará no percurso da elaboração de sua tese. “Os artistas torcendo nariz para mim, os cozinheiros achando que eu estou maluca...” Mas Agnes não a descarta, quer. “Eu sou a pessoa capaz de tentar desvendar isso, trabalho com as três coisas”, assume. Na infância, suas espiações eram estimuladas pelos ensinamentos paternos sobre música ou arquitetura. Curiosidades, quanto mais destrinchadas, mais renovadas. Como agora.


As narrativas fluem pela inspiração instantânea. As ideias se unem num contexto inusitado. Permissivo, ilustrado, reflexivo, ousado. Aqui, um mundo à parte ILUSTRAÇÕES  TÚLIO CARAPIÁ

“E vivemos uns oito anos, até perto de 1930, na maior orgia intelectual que a história artística do país registra”. Repetiu Mario de Andrade quando lembrávamos das festas que começaram na Semana de 22. Uma não me sai da memória: 17 de fevereiro, no Municipal de São Paulo...

Quando encontrei a tímida Anita Malfatti tentei de várias maneiras fazê-la falar sobre uma de suas obras mais fantásticas, ‘O Homem Amarelo’. Passei algumas horas até que ela pudesse me dar pista sobre a cor intrigante do personagem. Como um homem poderia ser amarelo? Talvez por conta do sol, da luz do dia? Perdi a conta de quantos motivos imaginei até o enigma ser revelado. Anita ajeitou seu vestido, cruzou as pernas para o outro lado e me respondeu cheia de sarcasmo: É amarelo por conta da hepatite. Foi difícil conter um sorriso, pois ouvir ‘amarelo hepatite’ era uma imensa surpresa! Como pude devanear diante de uma resposta que fora tão óbvia e coerente? Nosso país vive um surto da doença e os críticos de arte só interpretaram a obra como um delírio da artista enxergando tudo da cor errada. Determinadas perguntas jamais devem ser feitas aos artistas, em muitos casos as respostas podem ser como o sorriso de medusa e nos transformar em pedra. Lucas Assis tem 23 anos, é estudante da Escola de Belas Artes e respira moda desde sempre. A fotografia fashion e o Estúdio Gato Louco são suas mais novas paixões

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Sabão, era feito de pedra sabão a haste do leque de Juliete, presença nada esperada pelo clã intelectual presente. Esbanjando luxo e sedução Juliette paralisou toda atenção de Brecheret, que não para de se perguntar; — Como um ser tão leve, de movimentos tão delicados poderia manusear um leque de pedra tão levemente? Juliete percebeu o curioso Brecheret fixando todo o olhar em sua direção.Para não gerar dúvidas Juliete sem medo indagou a mais diretas das perguntas que fez naquela noite: — tá me olhando por que? Brecheret, antes de oferecer uma nova haste esculpida por suas próprias mãos, respondeu: — por nada, tava tentando entender se você e bonita assim ou é de Goiânia? Fabrício Costa tem 29 anos, é desginer e acredita que less is not more

Quando ouvi a palavra dita por Brecheret Goiânia, esperei a reação da bela dama. Até hoje não sei como terminou a conversa. Minha atenção foi desviada por um homem de meia idade que estava ao meu lado e miava alto enquanto sua mulher latia. Logo percebi o porquê da reação da platéia: a palestra de Menotti del Picchia era sobre ruídos de animais. Me veio a boca um relincho, mas logo o sentimento de ser moderno me impediu. Apesar de não saber ao certo o que era aquela tão falada modernidade, sabia que era a única arma para a metamorfose da orda de animais. Terminada a semana, o que se seguiu foi a orgia intelectual parecida com o começo do país, quando as índias começaram a aprender o idioma na cama do português. Aliás, na cama não, na rede, que é romanticamente mais brasileiro. Julio Costa tem 28 anos, é grafiteiro, artista plástico e arteiro. Mora na costa oeste de Salvador, popularmente conhecida como Sorveteria da Ribeira, e sempre que pode, escapole para Europa

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Serviço – Locações, lojas e arquitetos LOJAS Armazém de Época – Rua da Paciência s/n, Rio Vermelho, Salvador (BA)  Tel: (71) 3334-3325  §  Artimex – Alameda das Espatódeas, 491, Caminho das Árvores, Salvador (BA)  Tel. (71) 3341-2055  §  Atrium – Al. Gabriel Monteiro Da Silva, 650, São Paulo (SP)  Tel: (11) 3064-4383  §  Básica Home – Alameda das Espatódias, 206. Caminho das Árvores, Salvador (BA)  Tel: (71) 3342-9177  §  Bizâncio Casa – Alameda das Espatódias, 300, Caminho das Árvores, Salvador (BA)  Tel: (71) 3341-6881 / 3341-8598  §  Agnes Farkasvolgyi – R. Tenente Anastácio de Moura, 676, Santa Efigênia, Belo Horizonte (MG)  Tel: (31) 34650101  §  Charlô Bistrô – Rua Barão de Capanema, 440, Jardim Paulista, Zona Sul, São Paulo (SP)  Tel: (11) 3088-6790 / 3083-3793 §  Conceito Firma Casa – Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 1522, Pinheiros, São Paulo (SP) Tel: (11) 30680380  §  Container Home – Shopping Barra, 3º piso, Salvador (BA)  Tel: (71) 3264-2288  §  Dacasa Home – Marques de Leão, n° 643, Barra, Salvador (BA)  Tel: (71) 3264-6761  §  Diagrama – Alameda das Espatódeas, 393, Caminho das Árvores, Salvador (BA)  Tel: (71) 3272-0990  §  Empório Differ – Rua Anísio Teixeira, 161 lj 2122, Itaigara, Salvador (BA)  Tel: (71) 3351-1820  §  Entrecasa – Avenida Marquês de Leão, n° 643, Barra, Salvador (BA)  Tel: (71) 3332-7171  §  Escola Guignard – Rua Ascânio Burlamarque, 540, Belo Horizonte (MG) Tel: (31) 3282-1543  §  Escritório Zaha Hadid – Studio 9, 10 Bowling Green Lane, London, EC1R 0QB  Tel: +44 (0) 20 7253-5147  §  Gabriel Rocca – Estudio Rocca, Costa Rica, 5640, C1414BTF Buenos Aires  Tel: 5411 4776 7676  §  Gaia Tapetes – Alameda das Espatódeas, 263, Caminho das Árvores, Salvador (BA)  Tel: (71) 3351-0055  §  Grupo Corpo – Av. Bandeirantes, 866, Belo Horizonte (MG)  Tel (31) 3221 7701  §  Helvetia Pólo Country Club – Avenida Hurlinghan, 394, Indaiatuba, SP  Tel: (19) 3875-4566  §  Home Design – Av. Paulo VI, 1186, Pituba, Salvador (BA)  Tel: (71) 3503-5959  §  Iluminar – Av. do Contorno, 5628, Savassi, Belo Horizonte (MG)  Tel: (31) 3284-0000  §  Inhotim – Rua B, 20, Inhotim, Brumadinho (MG)  Tel: (31) 3227 0001  §  Interpam – Av. Portugal, 5119, Belo Horizonte (MG)  Tel: (31) 3448-1216  §  Irá Salles – Alameda dos Umbuzeiros, 498, Caminho das Árvores, Salvador (BA)  Tel: (71) 3355-0852  §  Kitchens Cozinha – Rua Almirante Marques Leão, 60, Salvador, BA  Tel: (71) 3267-8888  §  La Lampe – Rua Dias D’Avila, 5, Barra  Tel: (71) 3264-2464  §  LB Home – Av. Paulo VI, 1794, Itaigara, Salvador (BA)  Tel: (71) 3354-3496  §  Micasa – Rua Estados Unidos, 2109, Jardim América, São Paulo (SP)  Tel: (71) 30881238  §  Museu Giramundo – Rua Varginha, 245 Floresta - Belo Horizonte (BA)  Tel: (31) 3446-0686  §  Nexo – Alameda das Espatódeas, 231, Caminho das Árvores, Salvador (BA)  Tel: (71) 3341-0373  §  Nino Nogueira – Rua do Timbó, n°198, Caminho das Árvores, Salvador (BA)  Tel: (71) 3354-1085  §  NS Brasil Pisos e Revestimentos Especiais – Rua Charles Darwin, 707, São Paulo (SP)  Tel: (11) 5677-4497  §  Núbia Caloula e Sonja Lopes Eventos – Rua Afonso Celso, 413, Barra, Salvador (BA)  Tel: (71) 3267-5319  §  Omni Light – Alameda das Espatódeas 201, Caminho das Árvores, Salvador (BA)  Tel: (71) 3271-2264  §  RV Galeria Retro Quadrinhos – Rua Barro Vermelho, 32, Rio Vermelho, Salvador (BA)  Tel: (71) 3347-4929  §  Caloula Filho Antiguidades – Av Cardeal da Silva, 111, Rio Vermelho, Salvador (BA)  Tel: (71) 33345635  §  Tania Bulhões – Rua Colômbia, 270, Jardim América, São Paulo (SP)  Tel: (11) 3087- 0099  §  Todeschini – Rua Conselheiro Pedro Luiz, 492, Rio Vermelho, Salvador (BA)  Tel: (71) 3334 1413 / Shopping Paralela - Avenida Luiz Viana Filho, 8.544, Paralela, Salvador (BA)  §  Trix Baby – Rua Praia de Arembepe, 33, Vilas do Atlântico, Lauro de Freitas, Salvador (BA)  Tel: (71) 3379 7910  §  Tudo São Flores – Rua Anísio Texeira, 161, Shopping Boulevard 161, lj 5S, Itaigara, Salvador (BA)  Tel: (71) 3358-5945  §  Única Persianas - Rua Anísio Texeira, 161, Shopping Boulevard 161, Salvador (BA)  Tel: (71) 33543232  §  Xarmonix - Av. Tancredo Neves, 2915, Salvador Shopping, 2° piso, Salvador (BA)  Tel: (71) 3450-0216  §  Zezé Duarte – Rua Turibate, 111, SION, Belo Horizonte (MG)  Tel: (31) 3506-9000 Profissionais Adriano Mascarenhas – Av. Lafayette, 1010, Bahia Marina, Loja 04, Comércio, Salvador (BA) Tel: (71) 33210987  §  Alexandre Lanza – Laudelina Carneiro, 236, - Pampulha Belo Horizonte (MG)  Tel: (31) 3496-6842  §  Andréa Micherif – R. Metódio Coelho, n° 91, Ed. Prado Empresarial, sl. 603, Cidadela, Salvador (BA)  Tel: (71) 3353-2330  §  Arthur Casas – Rua Itápolis, 818, São Paulo (SP)  Tel: (11) 2182 7500  §  Carico - Rua Ceará, 1332 – Ljs 2 / 3, Belo Horizonte (MG)  Tel: (31) 3274-6264  §  Cristina Arcoverde – Rua das Hortênsias, 740, sl 104, Pituba, Salvador (BA)  Tel: (71) 33596055  §  Eliane Pinheiro – Rua Sergipe, 1167 SL 1201, Belo Horizonte (MG)  Tel: (31) 3223-6723  §  Freusa Zechmeister – Rua Sta Maria Itabira, 124 ap 3, Belo Horizonte, (MG)  Tel: (31) 3221-3864  §  Gustavo Penna – Av. Cabral, 414, Centro, Belo Horizonte (MG)  Tel: (31) 3274-2400  §  Iolanda Almeida – Av. ACM, 3259, Sala 1001, Centro Empresarial Aurélio Leiro, Salvador (BA)  Tel: (71) 3359-9998  §  Luiz Carlos Orsini – Rua Engenheiro Teodoro Vaz, 165, Luxemburgo, Belo Horizonte (MG)  Tel: (31) 3296-6455  §  Luiz Lanza – R Laudelina Carneiro, 236, Pampulha, Belo Horizonte (MG)  Tel: (31) 34966842  §  Marília Summers – R. Almeida Garret, 35/102, Ed. Oikos, Pituba, Salvador (BA)  Tel: (71) 3354-3522  §  Mário Caetano – Avenida do Contorno, 4714, Bairro Funcionários, Belo Horizonte (MG)  Tel: (31) 3281-2707  §  Nathália Velame – R. Anísio Teixeira, 161, Shopping Boulevard 161, sl 8 e 9, Itaigara, Salvador (BA)  Telefone: (71) 3351-9666  §  Thais Bragga – Rua Guadalajara, n° 129, 501, Morro do Gato, Salvador (BA)  Tel: (71) 3235-4912 / (71) 9948-9880.

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Nágila Andrade para Marcato

perfeito para quem é exigente Alameda das Espatódeas, 149 Salvador – BA  Tel:  |71| 3341-1555

196 Foto Marcelo Negromonte GRUPO AV


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