Conceito AV#4

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A Nossa Bahia

Nesta edição, um desfrute de várias Bahia’s. A Bahia sofisticada, barroca, elegante e única, como a capa, projeto de Marlon Gama

Lina Bo Bardi

O registro do legado de quase seis décadas deixado pela arquiteta luso-brasileira

Mário Cravo Neto

Um revival sentido pelas palavras do artista plástico Vauluízo Bezerra

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Projeto Nathália Velame

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NOVA LOJA, NOVO CONCEITO. MUITO MAIS DETALHES QUE FAZEM A DIFERENÇA.

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DETALHES QUE CONQUISTAM


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ÍNDICE

ARTE CONTEMPORÂNEA

Vauluízo Bezerra, artista plástico, um dos mais representativos da arte contemporânea brasileira, delineia o espaço e os protagonistas da arte contemporânea na Bahia

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XICO DINIZ

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ENTRE 5 CIDADES, UM SÓ PARAÍSO:CHAPADADIAMANTINA

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MEMORIAL DO HOLOCAUSTO

EleseformouemArquiteturaeseguiu pela fotografia. Mas que as duas, outra certa paixão o desfaz, o mar.

O destino dos sonhos na Bahia apareceemroteirosparadegustar,se hospedar e admirar

IncorporadoaoCemitérioIsraelitada Bahia, o arquiteto Sergio Ekerman projeta um espaço para a evidência ritualística, artística e social

60 FÉ NOS DETALHES

Riquezas em forma de igrejas. Salvador abarca os primórdios nacionais das preciosidades

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CANTOS DECORADOS  66 BIRÔ DE ESTILO

Dourado, branco e prata formam a Bahia de Thaís Muniz. A coolhunter correu atrás das peças de design, unitárias em graça  137 Editorial de Moda Fotografado no Convento do Carmo e recheado por roupas e acessórios dos talentos da moda da Bahia  140

Trançaseturbantesresumemoqueé gente da Bahia.

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SOFÁS

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PELAGAROA,MUITABAIANIDADE

CHARLÔ  110 Baianos de coração  Ninguémdigaqueelesnãosão  256

CLOSE Gil Santos  150

ARTE NA CABEÇA

Mais seis dicas primorosas, entre os clássicosecontemporâneosdaliteratura, música e cinema

A socialite Patrícia Rollo conta sobre os velhos “novos baianos” que passeiam em garoas paulistanas

42 UM CRIADOR DE FUNÇÕES

ManuelBandeiraapareceenosconta sobretrajetória,criaçõesepremiações

104 ENTRE PALCOS E PICADEIROS

Osnúmeroscircensesemintercâmbio teatral. Esse é o circo-teatro baiano


N editorial

o 17 de outubro de 2008, lançamos a 1ª edição da revista Conceito AV no Museu Rodin Bahia. De lá até aqui, percorremos um longo e compensador ano de trabalho. Homenageamos Recife, Belo Horizonte e São Paulo e, agora, em nosso aniversário de um ano, resolvemos comemorar, de maneira muito especial, brindando a nossa Bahia. Uma Bahia sofisticada que eu sempre quis compartilhar. Nesta edição, vocês poderão desfrutar de várias Bahia’s. Nossa capa traz a Bahia de Marlon Gama. Uma Bahia barroca, elegante e única. Bahia de Mario Cravo Neto, de Vauluízo Bezerra, Eneida Sanches, Ayrson Heráclito e Rita Câmara. Bahia de tantos nomes e todos os santos. De tantos lugares, contos e recantos. Tanto verso, tanta glosa. Tamanha Bahia. Ah, e a minha! A Bahia que carrega arte na cabeça. Que conta risos e prosa. A Bahia da música, dos fortes e igrejas. De cantos e design. À minha Bahia, tim-tim! Andrea Velame – editora coordenadora

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quem faz Liderado por Andrea Velame, o Grupo AV engloba o Programa Tudo AV, a Revista Conceito AV, além do nosso portal www.andreavelame.com.br

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1– Andrea Velame  direção geral 2–Tatiana Dourado  jornalismo 3– Marcelo Negromonte  fotografia de arquitetura 4– Nyala Cardoso  produção 5– Thaís Muniz  produção 6–Tiago Nery  design gráfico

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5 Direção geral  Andrea Velame Jornalismo  Tatiana Maria Dourado DRT–003219/BA Design gráfico  Tiago Nery  Fotografia de arquitetura  Marcelo Negromonte Produção  Thaís Muniz e Nyala Cardoso Consultora de Arte  Rita Câmara Colunistas  Charlô Whately, Patrícia Rollo, Lívia Medina, Dulce Melo Distribuição  Salvador e São Paulo Departamento financeiro  Maíza Fernandes Fotografia still  Estúdio Gato Louco Ilustração  Túlio Carapiá Impressão  Vox Editora  Revisão textual  Lílian Reichert Secretária  Mary Santos  Departamento comercial  Vanessa Dantas comercial@andreavelame.com.br  Editor-chefe de vídeo  Eduardo Monteiro Editor de vídeo  Hudison Vieira Assistente de produção  Mário Fernandes Fotografia de capa  Marcelo Negromonte


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LINA

Bo Bardi

Ela ia sabdas s a s i o c

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Chico. Albuquerque

Lina Bo Bardi na escada de sua casa no Morumbi. O projeto audacioso, a Casa de Vidro, à época, havia sido uma das primeiras residências do bairro

BRASIL No Brasil, Lina falava de arquitetura moderna e cultura popular, de desenho industrial e artesanato. Achava que o artesanato nordestino poderia ser a base de um design brasileiro. Esta militante que se definia como “stalinista, militarista e antifeminista” apaixonou-se pelo marchand Pietro Maria Bardi, que um dia apareceu na redação da Domus para lhe conceder uma entrevista. “Não queria casar, mas é chato se hospedar num hotel juntos sem se estar casado”, justificou. Lina e Pietro viviam na Casa de Vidro, um projeto inusitado de Lina, a primeira casa no bairro do Morumbi, construída em 1950, em São Paulo. A casa é cercada por oito mil metros quadrados de Mata Atlântica. “Quando nos mudamos, havia até bicho-preguiça lá”, disse. É no Brasil onde Lina desenvolve uma imensa admiração pela cultura popular, sendo esta uma das principais influências de seu trabalho. Inicia então uma coleção de arte popular e sua produção adquire sempre uma dimensão de diálogo entre o moderno e o popular, com peças de artesanato local de diversas partes do nordeste brasileiro, com ex-votos, artefatos populares, utensílios de madeira, objetos de barro, pilões, santos e objetos de candomblé, uma coleção que chegou a contar com mais de 2 mil peças.

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“Eu não nasci aqui, escolhi este lugar para viver. Por isso, o Brasil é meu país duas vezes, é minha ‘pátria de escolha’, e eu me sinto cidadã de todas as cidades, desde o Cariri ao Triângulo Mineiro, às cidades do interior e às da fronteira”, escreveu Lina. Finalmente, é onde Lina encontra uma nova potência para suas idéias. Existia, para a arquiteta, uma possibilidade de concretização das idéias propostas pela arquitetura moderna, onde ela está diretamente inserida. Um país com uma cultura recente, miscigenado, plurisignificante, em formação, diferente do pensamento europeu, que é, muitas vezes, clássico, burguês, conservador.


Achillina Bo nasceu em Roma, em 1914, formando-se arquiteta em 1946. Durante a II Guerra Mundial teve seu escritório bombardeado. Bastou. Saiu da Itália no pós-guerra, em busca de oportunidades no Novo Mundo. Veio para o Brasil. Ao chegar, Lina desejou morar no Rio de Janeiro. Apaixonou-se com a natureza da cidade e pelo edifício moderno do Ministério da Educação e Saúde Pública, o Edifício Gustavo Capanema. “Para quem chegava ao Rio de Janeiro pelo mar, o edifício avançava como um grande navio branco e azul contra o céu. Me senti num país inimaginável, onde tudo era possível.”, declarou. O encantamento pelo novo país não foi à toa, o olhar foi certeiro. O bloco principal do edifício em questão é suspenso sobre pilotis e vedado por cortinas de vidro. Foi um dos primeiros, em todo o mundo, a fazer uso do recurso do brise-soleil para evitar a incidência direta de radição solar na fachada norte. Projetado por uma equipe de jovens arquitetos liderados por Lucio Costa, com consultoria de Le Corbusier, tem revestimento externo decorado com azulejos de Cândido Portinari, além de pinturas de Guignard, Pancetti e esculturas de Bruno Giorgi, Jacqques Lipchltz e Celso Antônio Silveira de Menezes. Um concierge digno de um novo e auspicioso mundo.

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SALVADOR Era final da década de 1950, quando aceita um convite do arquiteto baiano Diógenes Rebouças e vem para Salvador proferir uma série de palestras. Na Bahia, fundou e dirigiu o Museu de Arte Moderna e fez o projeto de recuperação do Solar do Unhão. Dona Lina, como os baianos a chamavam, ficou na Bahia até 1964. Com vista para a Baía de Todos os Santos, portas e janelas pintadas de vermelho, alusão lógica - ou não - ao movimento modernista e a política reacionária, Lina Bo Bardi altera o espaço interno do solar do século XVI, demolindo o segundo piso e criando um espaço vazio. Nele, implanta uma escada de madeira de grandes dimensões, sem pregos e com encaixes que, segundo ela, reproduzem aqueles usados nos carros-de-boi. Tal idéia vinha sendo acalentada nos artigos escritos pela arquiteta para Habitat, nos quais tematiza a importância da colaboração estreita entre arte industrial e artesanato. Uma conexão conceitual, inspiração direta na Escola Bauhaus, nos escritos de Walter Gropius (1883 - 1969), mentor do movimento alemão de vanguarda artística e de Antonio Gramsci (1891 - 1937), político, comunista e antifascista italiano, à qual se combina o interesse precoce da arquiteta pela arte popular brasileira. O MAM BA nasceu com o intuito de colocar a cidade de Salvador no roteiro da arte modernanacional e internacional. O projeto de Lina Bo Bardi tinha como eixo a criação de uma centralidade cultural na Região Nordeste por meio da implantação de um museu-escola, voltado para a formação de um público infantil e infanto-juvenil. O Museu de Arte Popular - MAP, por ela projetado em 1961, prevê a articulação entre artesanato e indústria com vistas à criação de um design original. Exposições inauguram o Solar do Unhão restaurado e o Museu de Arte Popular, como Artistas do Nordeste – com obras de João Câmara (1944), Francisco Brennand (1927), Sante Scaldaferri (1928) dentre outros, composta de cerca de 100 mil peças, entre objetos cotidianos, peças rituais, arte indígena e itens comprados em feiras populares.

Em meados dos anos 1970, Lina participa de vários planos de restauração de prédios históricos em Salvador. Regressa à Bahia e dedica-se à restauração do centro histórico da cidade, carente de reparo e de inquestionável valor artístico e cultural. A falta de verba, no entanto, impediu que ela completasse o trabalho. Uma pena. Mas ainda assim, conseguiu concluir os reparos na Ladeira da Misericórdia, a Casa do Olodum e a Fundação Pierre Verger. Após longo período de abandono, o MAM/BA conhece importante processo de revitalização na década de 1990, com a criação do Salão da Bahia, em 1993, que propicia a ampliação do acervo pelos prêmios-aquisição, e do Parque das Esculturas, que reúne, na encosta da avenida Lafayete Coutinho (Contorno), ao ar livre, obras de artistas brasileiros como Carybé, Bel Borba, Emanoel Araújo, Juarez Paraíso, Mário Cravo Júnior, Mestre Didi, Sante Scaldaferri e Siron Franco, com destaque para a representativa coleção de Rubem Valentim. Na década seguinte, são ampliados o setor educativo e as oficinas de artes plásticas.

Marisa Vianna

Mario Cravo Neto

Debruçado sobre a Baía de Todos os Santos, o MAM Bahia é um projeto revelevante da arquiteta

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Escadaria interna do Solar, toda em encaixes


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SÃO PAULO A pedido de Chato, Lina é a encarregada, no final da década de 1950, a projetar e construir a nova sede do Masp. Um palácio de concreto e vidro, em contraste com os arranha-céus de estilo yuppie e, mais ainda, com alguns casarões, remanescentes dos barões de café. A estrutura avançada exigiu uma solução cujo desafio foi aceito pelo professor Dr. José Carlos de Figueiredo Ferraz que aplicou seu sistema de protensão. Totalmente estruturado em concreto e vidro, sobre um inédito vão livre, um projeto audacioso e vanguardista, uma fatia de racionalidade e arte em meio à uma profusão de mau gosto, de caos e desordem, em plena paulicéia desvairada, do também modernista, Mário de Andrade. Levando a máxima o seu próprio pensamento, que diz que a função do arquiteto é antes de tudo, resolver os problemas de milhares de pessoas, ajudando-as a viver melhor, o desenho do MASP não foi à toa. O terreno da Avenida Paulista havia sido doado à municipalidade com a condição de que a vista para o centro da cidade, bem como a da Serra da Cantareira, fosse preservada, através do vale da avenida 9 de Julho. Assim sendo, a arquiteta idealizou um edifício sustentado por quatro pilares, permitindo, aos que passam pela avenida, o poder de descortinar o centro da cidade. Em construção civil, é único no mundo com tal peculiaridade: o corpo principal pousa sobre quatro pilares laterais em um vão livre de 74 metros. Vão este que, pode ser considerado uma característica modernista.

ATÉ O FIM Até a década de 90, Lina manteve intensa atividade em todas as áreas da cultura. Desde teatro à arquitetura, de cinema às artes plásticas, no Brasil e no exterior. Merece destaque, ainda, o trabalho como designer de móveis, objetos e jóias, artista plástica, cenógrafa, curadora e organizadora de diversas exposições, com o olhar sempre sensível à arte popular brasileira. Lina morre na Casa de Vidro, no dia 20 de março de 1992. Morre realizando o sonho declarado: trabalhar até o fim. Deixou em andamento os majestosos projetos para a Nova Sede da Prefeitura de SP e para o Centro de Convivência Vera Cruz. Em tempos de profusão de horrores, Lina Bo Bardi faz falta. Dona Lina, mais ainda.

Biblioteca MASP

Construído de 1956 a 1968, o MASP é totalmente estruturado em concreto e vidro, sobre um inédito vão livre, projeto audacioso e vanguardista de Lina

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Márcio

Kogan Há 32 anos o paulistano se tornou uma das principais referências brasileiras do mundo em técnicas e interpretações arquitetônicas. Entusiástico do suíço Ingmar Bergman, experimentou ser cineasta até os 30 anos: o arquiteto Isay Weinfeld era a parceria na produção de curtas com Super 8 profissional. Honra e mérito compartilha com a MK2, seu escritório. Um de seus projetos mais conhecidos você verá a seguir, a Casa BR. Ah, reparem a cartinha, também é dele! por tatiana maria dourado

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23 Victor Affaro


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A morte

M do meu

primo por márcio kogan fotos  NELson kon

eu nome é Pyrocephalus rubinus, mas podem me chamar de Verão. Sou vermelho, macho e dizem que sou lindo. Atualmente estou morando na latitude 22º 30’18’’ Sul e longitude 43º 10’ 43’’ Oeste, ou melhor, na região montanhosa do Rio de Janeiro. Adoro este lugar com riachos, pedras, muitas árvores, flores coloridas e uma deliciosa minhoca. Passo o dia voando de uma Tibouchina granulosa para uma Caesalpinia peltophoroides. Ontem foi um dia muito triste, apesar de ter começado muito bem quando cruzei com uma figuinha-de-rabo-castanho. Construíram uma jaula de seres humanos aqui no nosso terreno. Ela é toda de vidro, sobre pilotis, com uma pele de perfis de madeira vertical, aliás ótimos de se bicar. Sua transparência integrando-se com o entorno, nos trouxe um grande problema: não sabemos por onde passar voando. Para piorar ainda mais, na parte de baixo, uma área de lazer com piscina e sauna, tem portas que podem se abrir inteiramente para o exterior. Elas ficam totalmente embutidas. Mais de 20 metros de vão. Uma imensa pedra penetra neste espaço nos confundindo ainda mais. É revoltante! Os Homosapiens param o carro perto da estrada, e, por uma ponte de ferro que atravessa o bosque, chegam a um deck cheio de árvores, rente à portinhola de acesso à jaula. No final do dia, rente a este deck, meu primo Verão (temos sempre o mesmo nome) num vôo rasante se choca violentamente contra o vidro da sala, sem nenhuma moldura, embutido no piso e no forro, impossível de ser visto, uma tragédia. Não sei se vou continuar neste lugar, os vôos têm sido extremamente tensos. Talvez eu retorne para a tranqüilidade de São Paulo, onde mora um tio meu, são só 400 km daqui.

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com piscina e sauna, tem portas que podem se abrir inteiramente para o exterior. Elas ficam totalmente embutidas. Mais de 20 metros de vão. Uma imensa pedra penetra neste espaço nos confundindo ainda mais”

“Na parte de baixo, uma área de lazer

Ela é toda de vidro, sobre pilotis, com uma pele de perfis de madeira vertical, aliás ótimos de se bicar. Sua transparência integrando-se com o entorno, nos trouxe um grande problema: não sabemos por onde passar voando”

“Construíram uma jaula de seres humanos


arquitetura destaque

Memorial ao

Holocausto Por  Tatiana maria dourado fotos  léo azevedo

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a encosta da Colina da Baixa de Quintas, em Salvador, um terreno em forma elíptica, com 5.600 m² de área, há 80 anos abriga o Cemitério Israelita da Bahia. Apesar do longo tempo, até a década de 80, apenas uma pequena casa dava suporte ao espaço, época em que foi construído um pavilhão para velório, projetado pelo arquiteto Lelé. Em julho de 2007, a Sociedade Israelita da Bahia planejou algumas reformas, dentre elas, a criação do Memorial do Holocausto – a segunda do gênero no país -, um lugar para orar, meditar e lembrar, assinado pelo arquiteto Sergio Ekerman. A expressão hebraica Beit HaChaim que, em português, significa Casa da Vida, inspirou o desenrolar das idéias do Memorial, que prioriza o resguardo das sensações e saudades relacionadas a entes ou pessoas especiais. “Como um Memorial aos mortos e sobreviventes do Holocausto, nada mais justo do que uma homenagem à vida dos que ficaram e às lembranças dos que se foram”, diz o arquiteto. Os familiares de Mania e Rubin Zausner, sobreviventes da Segunda Guerra Mundial, custearam as obras e doaram o Memorial do Holocausto à Comunidade Judaica Baiana. “O envolvimento emocional face a um tema delicado, em todos os sentidos, amplificou o sentimento de responsabilidade e o compromisso por um projeto viável, mas, ao mesmo tempo, forte e capaz de cumprir seu papel dentro de um espaço sagrado”, conta Sergio Ekerman, sobre a experiência dos dois anos de trabalho.

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O Memorial do Holocausto, no bairro Baixa de Quintas, em Salvador, estimula o exercício do programa litúrgico do cemitério, que antes não havia

O arquiteto Sergio Ekerman sentado na entrada do Memorial, que está aberto à visitação pública

Espaço também ensina sobre a história judaica

Sessenta anos após a Guerra, acreditamos que lembrar o Holocausto é preciso. É necessário, no entanto, que a memória junte-se à reflexão, num processo capaz de promover tolerância e paz. Quem sabe o futuro assim possa ser menos cinza e áspero Sérgio Ekerman, arquiteto

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Foto Marcelo Negromonte  Grupo AV

n Desigo ã n custa! caro


Exprime um olhar, seu jeito de ver o Brasil. Um trabalho que transcende estilos e tendências, preocupa-se com comportamento. Nas próximas páginas, você conhecerá o Rosenbaum fincado no nosso Brasil, que passeia, com irreverência, pelo luxo, sempre de forma contextualizada por andrea velame

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Arquitetura gastronomia

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O premiado chef Alex Atala e o francês Alain Poletto convidaram Rosenbaum para assinar o projeto do restaurante Dalva e Dito, com o intuito de resgatar a culinária colonial brasileira

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Fotos  Douglas Garcia

or que Dalva e Dito? O nome que batiza é a lembrança da comadre Dalva e do padrasto Dito, um casal imaginário que habita a criatividade do chefe Alex Atala. “Dalva é a primeira estrela que aparece ao anoitecer, e Dito, um contrativo de São Benedito, padroeiro dos cozinheiros”, explica o chefe. Um cenário de paredes avermelhadas, referência da arquitetura adobe, revela a inspiração do Brasil colonial. A fachada da casa, com o nome Dalva e Dito gravado no banco de praça, ao lado de um paisagismo com cactos, espelha a linguagem autoral de Marcelo Rosenbaum.

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Ao fundo do salão principal, pode-se desfrutar de um belíssimo painel de Athos Bulcão, renomado arquiteto, desenhista e mosaicista brasileiro

A cozinha, integrada ao salão, com 450 m² e várias estações de trabalho, é totalmente envidraçada, permitindo que os clientes descortinem a área

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Uma viagem a Ouro Preto, Minas Gerais

norteou o projeto. Lá, Marcelo bebeu da fonte do patrimônio arquitetônico brasileiro preservado. As treliças fecham o teto e a área do terraço, como nos tempos da colônia. Os 500 m² de ladrilho hidráulico formaram tapetes de produção artesanal, assinado por Rosenbaum

No bar, paredes ganharam objetos e imagens garimpadas. Para reforçar o trabalho, um graffiti do artista Derlon diverte e aguça a imaginação

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Fotos  Douglas Garcia

O luxo de Marcelo Rosenbaum para uma colecionadora apaixonada por grifes e arte

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o living, Marcelo revestiu a parede em mármore travertino bruto para receber a lareira e neutralizar a coleção de objetos Versace. A poltrona Capellini, com estampa Emiliano Pucci, mantas Burberry e Louis Vuitton associam-se aos móveis de design, como as poltronas assinadas por Tom Dixon. A mesa de jantar é desenho de Rosenbaum, e produzida em madeira cumaru. As cadeiras em palhinha e couro complementam o jantar. O projeto de iluminação se preocupa em valorizar o acervo do cliente. Marcelo Rosenbaum, mais uma vez, mostra que seu trabalho é único!

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Por  Tatiana dourado foto  marcelo negromonte

Entre a melhor das camas e um lençol de seda, Manuel Bandeira não tem dúvidas, é o lençol. As sensações táteis o seduzem mais do que a visão. Isso em um baiano de 36 anos desinibido com o discurso visual. Justamente pelo apelo à expressão, sobressaía-se quando estudante. Era aquele pontinho inusitado em meio às cores-padrão do comum. Ele e sua calça listrada feita dos retalhos das roupas da mãe perambulavam pelo pátio do Colégio Anchieta, tradicional de Salvador. Nas costas, a bolsa-boneca, dos mesmos retalhos, era o acompanhamento essencial para guardar os seus lápis de cor. Com os lápis, rabiscava caricaturas e ilustrações de cartões e camisetas do colégio. E, para ele, iam as premiações. Pela aptidão e herança familiar, Manuel tornou-se alvo de constante pressão favorável ao vestibular para Arquitetura. Neto e filho de arquitetos, pestanejava, simpatizava com Biologia. Mas, desistiu e formou-se arquiteto em 1998. Não tinha consciência, mas já era designer. Designer, genérico mesmo. O primeiro prêmio nacional veio no segundo semestre da faculdade e era gráfico, um logotipo para a Estação Ecológica Ilha do Medo. Entre os concorrentes, nada menos que a DM9, agência de publicidade de Duda Mendonça. “O design me permitia materializar a criatividade de uma forma mais dinâmica e mais rápida”, explica.

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Uma das poucas coisas que Manuel Bandeira conta é a idade. Aprendeu, pescando siri na Ilha de Itaparica (BA), que numerar dá azar. Da francesa Edith Piaf sai sua canção-memória: La vie en rose, lembranças do avô. “Apesar de me considerar uma pessoa talentosa, tive ajuda muito grande da sorte em todas as fases da minha vida”, acredita. “Algo soprado”, diz, se transforma em bons projetos. “Isso acontece com muita gente, mas cabe à pessoa ter a percepção para capturar”, analisa. As ideias sopradas, Manuel Bandeira reúne em identidade profissional, aperfeiçoadas na passagem pela Domus Academy, em Milão. Os dois anos de mestrado em Desenho Industrial na melhor escola da Itália permitiram ao recém-formado arquiteto viver as façanhas volúveis de um profissional do design. “Era gente de todo o mundo. As pessoas são tão boas ali e a competição é tão grande que foi difícil me adaptar”, revive.

Concursos extra meio acadêmico foram a estratégia para o reconhecimento. “Eu realmente consegui!”, orgulha-se. Inscreveu-se em sete, conquistou cinco. Foi o começo do buxixo acadêmico. “Fiquei visado. Descobri que havia protecionismo e eu estava entre os protegidos. Na época, Philipe Starck procurava alguém para o escritório dele; fui um entre os quatro escolhidos pelo diretor, mas a vaga só era para um. Tinha o problema da língua, por isso foi um colega belga”.


Bandeira concluiu o mestrado e diz que, indiretamente, estava claro que tinha sido o melhor aluno do ano. Convidado para professor assistente, aceitou, ficou dois meses, até sair para integrar a equipe do designer Marc Sadler em um projeto para a marca de eletrodomésticos francesa Moulinex. A experiência durou oito meses, tempo necessário para constatar que Marc Sadler – seu ex-orientador – não pagava o valor integral do projeto patrocinado. Também suficiente para se deparar com a vitrine de namorados da loja Fiorucci estampada com a embalagem do chocolate Baci Perugina, da Nestlé, criada por Manuel e que levou menção honrosa em premiação interna da escola. A soma dos motivos mobilizou sua volta ao Brasil, fortificada pela parceria fixada com a Tideli e a Casabella. Atualmente, desenvolve peça comemorativa para os 30 anos da Tok& Stok; dá a dica, sem dizer o que é; não pode. Atua, com uma amiga, no projeto social Crescer e presta consultoria para o Sebrae. Manuel Bandeira tem um rol longo de criações, prêmios e citações em livros internacionais. O & Fork, da Phaidon, é publicação-referência no mundo do design industrial e trouxe, em 2007, Manuel Bandeira entre as 100 promessas do design no mundo. O alemão Konstantin Grcic, o italiano Enzo Mari e o brasileiro Paulo Mendes da Rocha, praticantes do design, são três de suas raras admirações. Percorrendo caminho contrário ao apelo mercadológico, ele enobrece a função, que explica estar atrelada ao ciclo da peça: produção, material, armazenagem, transporte, embalagem, exposição, reutilização, descarte e uso do consumidor. “É uma equação dificílima e o designer deve acompanhar todo esse processo”, diz. “Tem gente que vive de interpretar, eu vivo de criar”, comenta. Nasceu em Salvador, por isso é baiano. Mas, sente como inconveniente a mescla entre naturalidade e características profissionais: não é um “designer baiano”, é designer, prefere enfatizar. Muito menos, é designer de móveis, desenha móvel – também. “Tendem a me rotular!”, não gosta. O

Almir Bindilatti

Em 1996, com a Cadeira Contorno, ganhou o primeiro prêmio de design de produtos tridimensional

primeiro projeto tridimensional foi a cadeira Avenida Contorno, concebida em 1996. No mesmo ano, inscreveu-se num concurso que visava descobrir um “designer baiano”. Ainda era estudante, insaciado com um lugar contemplativo para o visual da Baía de Todos os Santos que não fosse dos apartamentos da Vitória ou do Solar do Unhão (na época, ainda não existia a Marina). Criou a cadeira para aquele lugar. “É uma peça que não funciona, não serve para nada, mas mexe com as pessoas. Fiz um excelente protótipo para um excelente conceito, num momento em que as pessoas procuravam um clichê, aquela coisa da baianidade”, explica.

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Clicou o conjunto: Avenida Contorno (cadeira) + Avenida Contorno (local), sob o comando do fotógrafo Almir Bindilatti. Recebeu primeiro lugar e, desde então, a cadeira faz parte do acervo Liceu de Arte e Oficio da Bahia. De repente, anos depois, já na Europa, abre inscrição para a Feira Internacional de Cadeira, que intencionava o desenho de uma cadeira européia. Sim, foi um daqueles sete concursos de que participou no continente. “Eu peguei o mesmo projeto, a mesma foto e mandei como cadeira do mediterrâneo. A paisagem era parecida, eu fui premiado”, ri. Conclui, então, que existe o bom designer, e ele não vem com legenda.


Fotos Fábio Abu

Criações

Manuel Bandeira

Sequinha O pedido informal de um amigo fez Manuel Bandeira mergulhar na complexidade do universo feminino para dar um toque criativo e interessante à mania das calcinhas penduradas no chuveiro. “Acho mais bacana do que inibir algo natural da cultura”, diz. Enviou-a para o concurso do Museu da Casa Brasileira sem expectativas, até a surpresa num telefonema: “Você ganhou o primeiro lugar com a Sequinha, ela foi muito elogiada, parabéns. Agora, tem uma coisa, você ganhou o segundo lugar com a Levita”, esbalda-se.

Levita “A Levita é uma das peças que tem meu dedo em cada cm2. Sua estrutura é em aço e sua capa é em Cordura. A capa foi idealizada e modelada por mim e por um estagiário muito talentoso, o Lucas Tinoco”, conta.

Banco Euvaldo Manuel nunca submeteu a peça a concursos, mas foi selecionada para participar da II Bienal Brasileira de Design. Peça desenvolvida com apoio do Sebrae para os moveleiros de Eunápolis. Na coleção, cada produto leva um nome iniciado com a sílaba “Eu”. Ex: Euvaldo, Eulália, Eurípedes... “Ao perceber que o tradicional banquinho era uma peça produzida por todos, para vender na rua, resolvi criar uma nova versão do banquinho, com 3 pés e empilhável”, emenda.

Eurípedes A ideia era fazer um cabide. De início, pensou em utilizar, na base, um tripé de máquina fotográfica que, ao final, virou uma figura antropomórfica. É o Eurípedes, serve para pendurar. “Ele nasceu pela função. Dá sentido a uma coisa erótica, mas você vê que não é estilo do meu desenho. Mas saiu, é legítimo. Eu gosto muito do Eurípedes”, destaca.

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Foto Marcelo Negromonte  Grupo AV

§ Boulevard 161 – |71| 3359-8784 §

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Postal que ilustra o ComĂŠrcio, em Salvador, do livro “...vou para Bahia... (1995), de Marisa Viana

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Arquitetura em Salvador Um percurso – do século XVI ao XXI

S

alvador é rosa, laranja, dourado, amarelo, bege. No céu, nas paredes das casas, em poças d’água, nas pedras das ruas, nos quintais. De ruela a ruela, no descer e subir das ladeiras; a cada passo fincado no chão de paralelepípedo, concreto e areia, ao longo dos 1.052 quilômetros da Baía de Todos os Santos ou de todo o litoral – de Inema, Subúrbio Ferroviário, à Praia do Flamengo, extremo norte da cidade. Salvador é heterogênea de tal modo que se destaca de forma distinta a cada olhar.

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No século XVII, o atual complexo de arquitetura e arte Solar do Unhão era engenho de açúcar, com casa grande, capela e senzala à beira-mar

As nuanças das cores citadas na primeira linha deste texto participam da memória de Marisa Vianna, 54, fotógrafa, soteropolitana. De 1981 a 2002, ela caminhou em busca de pequenos detalhes que preenchem a Salvador grandiosa e concreta, recheada de luzes, cores, texturas, formas, cenas, gestos e histórias. Precisou de 21 anos para apresentar Salvador – Cidade da Bahia, em cerimônia no Museu de Arte Moderna, Solar do Unhão, em 26 de março. “Salvador, cercada por paliçada, surge com arquitetura de palha e taipa e segue evoluindo com suas casas de moradia e comércio, seus templos religiosos, suas fortalezas, seus traços urbanos, caminhando através dos séculos e estilos na construção da metrópole”, diz Marisa. A arquitetura revelou-se no trajeto dos 460 anos e por muito tempo foi o espelho da história da cidade. Ainda hoje, observar o posicionamento dos fortes, o soar dos sinos das igrejas ou a mescla de estilos da construção civil aguça percepções

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No alto, a Capela do Senhor dos Aflitos, de 1748, que dá nome à Ladeira dos Aflitos, no Centro

A feição do antigo Corredor da Vitória, ainda hoje reduto de pitangueiras e majestosos casarões

de baianidade. “Temos herança barroca muito forte, não perdemos esse caráter no nosso dia-a-dia. Por outro lado, a presença negra é marcante, os espaços são sincréticos e talvez, daqui para a frente, evolua no sentido de liberdade de expressão cada vez maior”, afirma Francisco Senna, teórico de arquitetura, professor e assessor cultural da Odebrecht. Pensando, como pontua Senna, que “o homem faz a arquitetura e, depois, a arquitetura faz o homem”, o soteropolitano, em trejeitos, linguagens e espacialidades, incorpora a mística mistura. A ordem do rei português, dada ao primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Souza, para a fundação de São Salvador, acarretou as características aparentes das casas coloniais. “Eles vieram para cá de um clima completamente diferente e trouxeram avarandados, paredes de espessura maior e eminência térmica, para dar conforto às instalações”, descreve Neilton Dórea, arquiteto e professor de Oficina de Atelier da UFBA. O acervo colonial concerne ao principal período de produção arquitetônica da cidade. “É a fonte de riqueza cultural para o nosso tempo”, indica André Lissonger, que ministra a disciplina de Arquitetura Contemporânea na UFBA. São exemplos disso igrejas, fortes e o Mercado Modelo. Passa-se o tempo e, com o que foi, coexiste a construção moderna e a mais recente, contemporânea. “No caso do modernismo, seria interessante citar um conjunto de pelo menos cinquenta edificações”, afirma Lissonger, lamentando demolições.

Os portugueses chegaram de um clima completamente diferente e trouxeram avarandados, paredes de espessura maior, com eminência térmica, para dar mais conforto às instalações. Essa influência dos portugueses foi muito usada na arquitetura. Com os modernistas, começou a diversificação, que, para mim, se transformou em equivoco depois Neilton Dórea, arquiteto

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Christiani Nielsen

O alemão Alexander Buddeus projetou o modernista Instituto do Cacau (1936), com janelas contínuas, cantos arredondados e basculantes fixos

Dos grandes casarios às experimentações arquitetônicas O modernismo baiano pratica a primeira manifestação com o Elevador Lacerda, construído no Comércio, Cidade Baixa, no final dos anos 1920. Percorre os anos 1930 e implanta, nessa área colonial, as primeiras referências do tempo novato, a materializar-se através da sede do Instituto Cacau, de 1936, projeto de Alexandre Buddeus, e com a Agência de Correios e Telégrafos, de 1938. Persiste em outras edificações, que se mesclam entre os clássicos e as preferências pessoais. Dórea cita, por exemplo, o Edifício Caramuru, considerado por Ana Bierrenbach, em Reflexões sobre a reciclagem da arquitetura moderna em Salvador – o Edifício Caramuru e a Cidade Baixa, a matriz para a difusão do estilo inspirado na “escola carioca”, modelado por nomes como Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. “Após a construção do edifício de Paulo Antunes Ribeiro, no Comércio, vários outros edifícios que seguem os mesmos princípios modernos são realizados no bairro, construídos pelo próprio arquiteto”, conta. De Paulo Antunes Ribeiro, destaca-se o edifício

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Acervo Docomomo

do Banco do Brasil, de 1958; da produção de Diógenes Rebouças, cita-se o edifício Cidade do Salvador, de 1952; e, do arquiteto Bina Fonyat, o prédio Conde Pereira Marinho, de 1958. O arquiteto, engenheiro e pintor Diógenes Rebouças (1914-1994) é uma lenda da produção baiana. Foi o responsável pela Escola Politécnica, Avenida Contorno, Centenário e (dentre outros), também do Estádio da Fonte Nova – “um arco dos estádios modernos, que deve ser respeitado”, define o professor Mario Mendonça de Oliveira, referindose à provável demolição da obra. Mario Mendonça, doutor em arquitetura e especialista em restauro, alerta: “todos nós sabemos que o estádio pode ser perfeitamente recuperado”. O arquiteto contemporâneo Sidney Quintela também ressalta a presença da Fonte Nova, “sem dúvidas, é o equipamento urbano mais bem implantado na nossa cidade, tanto do ponto de vista técnico quanto estético”.

Premiado na I Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo (1951), o Edifício Caramuru (1946), de Paulo Antunes Ribeiro, com brises soleils, é dos primeiros edifícios modernos

Mais de moderno Enorme, frente ao forte Santo Antonio da Barra ou Farol da Barra, está o Edifício Oceania, de 1942. Para Neilton Dórea, é a expressão maior do moderno: “apesar de acharem décor, é pouco, tem elementos muito fortes bauhaus”. O arquiteto Fernando Peixoto descarta o Oceania e, do mesmo período, prefere elencar os prédios de Alvarez e Pontual, “genericamente”, em especial, a Biblioteca Central. “Essa cidade tinha uma arquitetura razoavelmente melhor do que os outros lugares porque era padrão Alvarez e Pontual”, sentencia. Também não esquece o Pedra do Sol, na esquina do Largo da Vitória, obra de 1968. “É difícil ver algo tão limpo quanto aquilo; não sobra nada e não falta nada. Vai passar 100 anos e vai continuar fantástico”, elogia. Absorvendo o entorno, em Fernando Peixoto recai a transformação estética da arquitetura soteropolitana. Conceitua seus projetos como esquemáticos, de fácil percepção e correlação. Francisco Senna, em texto que aborda a obra de Peixoto, relata: “Seu traço confunde o espectador, di-

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Cassia Fagundes

Pilotes em V, no Comendador Urpia (1975), edifício modernista do arquiteto Diógenes Rebouças

Eu tenho receio sobre essas questões (o boom imobiliário em Salvador), porque acho que existe, dentro dessa novidade, a falta de respeito com o que se foi, que vem assumindo um papel não de referência cultural, mas de antiquado. É assustador porque tudo o que é novidade é rapidamente descartado Maria Eli, arquiteta

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recionando-o por diagonais, linhas que se cruzam, cores que contrastam e se somam, escondendo vãos, disfarçando volumes, criando tecidos que mesclam cores, texturas, brilhos. Sua arquitetura transforma a paisagem urbana e assume linguagem do outdoor, marcando presença, definindo conceitos, fazendo história”. A falta de cor na arquitetura da cidade era o que mais inquietava a observação de Peixoto e serviu de influência para as suas escolhas práticas. “Era tudo tijolinho, bege, concreto; olhava para as pessoas em volta e elas pareciam não ser do mesmo local, eu sempre achei isso”, lembra. Contemporâneo “Salvador finaliza o século (XX) restaurando o seu centro histórico e trazendo, em seu povo, a conscientização de preservação, recebendo novas formas, propostas e cores”, retoma a fotógrafa Marisa Vianna, que nunca estudou arquitetura, mas constata a realidade: a cidade vem mudando estruturalmente. Francisco Senna pensa a arquitetura como um “livro de pedra”. “É a leitura da paisagem: dunas, praias, mata atlântica, coqueiral, a relação com a baía de todos os santos, as comeadas, os pequenos morros. Todos os critérios que vão sendo adotados têm um comprometimento”, conceitua. A memória conserva o título de primeira capital do Brasil que, hoje abraça, encara e se adapta aos quase e crescentes 3 milhões de habitantes. Salvador é a terceira capital federal, conforme estimativa do IBGE/2009. Como abrigo, a metrópole é tomada pela verticalização ou crescimento imobiliário, o que, para alguns, como Sidney Quintela, representa o momento áureo da arquitetura baiana, inclusive em âmbito nacional. “Ficamos muitos anos sem conseguir mostrar uma produção relevante; porém, nos últimos cinco anos, com a abertura de alguns condomínios residenciais, os arquitetos baianos tiveram a oportunidade de desenvolver diversos projetos arquitetônicos unifamiliares e, com isso, demonstrar toda a competência presente no nosso mercado”.


As torres da Igreja do Santíssimo Sacramento da Rua do Passo, do início do séc. XVIII, cenário do filme Pagador de Promessas, de Dias Gomes

O conceito de contemporaneidade, segundo Sidney, é substanciado pela criatividade do profissional sobre o típico relevo acidentado, “obrigando-o a modificar sua arquitetura em cada caso, construindo, assim, um conjunto arquitetônico diverso”. Sobre o contexto atual, Fernando Peixoto faz a analogia, convicto do pessimismo: “Acho que a tendência das cidades de terceiro mundo é favelizar, é inevitável”. Porém, não se recusa a vislumbrar soluções, consideran-

do que a pressão hoje vivenciada pode ser organizada, a partir de “critérios”. Francisco Senna também pontua certezas: “Nada contra o progresso, nada contra a verticalização, mas tudo no seu devido lugar, com a devida proporcionalidade e adequação”. Já para Maria Eli, pesquisadora do Centro de Estudos Arquitetônicos da Bahia – UFBA, o cenário assusta. “Tenho receio sobre essas questões porque acho que existe, dentro dessa novidade, a falta de respeito sobre o que se foi, assumindo

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um papel não de referência cultural, mas de antiquado. É assustador porque tudo o que é novidade é rapidamente descartado”. Em resumo, todo mundo quer ser moderno, retorna Peixoto, evidenciando parâmetros. “Se os arquitetos não fornecem às pessoas uma maneira de ser moderna, elas vão querer ser modernas parecendo paulistas. A modernização tem que dizer onde você está. Cultura não é aplicar o que se aprendeu, cultura é processar e transformar”, explica.


Salvador cidade-forte Por Tatiana dourado fotos marisa vianna

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Forte SĂŁo Marcelo, erguido sobre arrecifes da BaĂ­a de Todos os Santos


Farol cilíndrico, incorporado no fim do séc. XIX

Fortim São Diogo, com traço curvilíneo convexo e linhas retas, em vista ao mar do Porto da Barra

H

á indícios de colonização, até havia mais. Persistem em 11 as arquiteturas militares, antigas fortalezas idealizadas de forma estratégica para a defesa da eminente Salvador. Os sobreviventes batalham agora a existência no século XXI e contribuem para a Salvador de épocas imbricadas. O umbigo da América do Sul encontra-se emerso na Baía de Todos os Santos, chama-se Forte São Marcelo, ou Forte do Mar (1623) e é, para muitos, o mais belo retrato da cidade. Na visão especializada de Mario Mendonça de Oliveira, doutor em arquitetura pela UFBA e membro do corpo editorial do International Journal of Architectural Heritage, o simbolismo que o forte carrega faz dele o mais emblemático. “Não que seja o desenho mais sofisticado, mas tem muita força expressiva, é uma das imagens da cidade”, opina. Pelo formato redondo, é considerado o mais inusitado. Porém, Oliveira relembra que há o Forte de São Lourenço do Bugio (1590), em Portugal, também arredondado. Dos 11, ele é um. Restam 10. Outro notório é o Forte Santo Antônio da Barra, clamado Farol da Barra, localizado na antiga ponta do Padrão, valorizado pelo arquiteto Fernando Peixoto pelo formato pentagonal, “a maioria é quadradinho”. Anunciando o Porto da Barra, está o Forte Santa Maria (1614) e, à direita do Porto, avista-se o São Diogo (1722), terreno do antigo Castelo do Pereira, pertencente à Vila do Pereira, erguida pelo donatário Francisco Pereira Coutinho a partir de 1536. E entre o mar e a montanha da Avenida Contorno, distingui-se o Forte de São Paulo da Gamboa, inaugurado em 1722. “É

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Forte de São Diogo, construído em pedra bruta

onde existia um canhão enorme, que foi tirado e colocado na frente do Quartel General”, conta Oliveira sobre a primeira peça que deu um tiro que atravessou o Atlântico e caiu em Itaparica. No bairro de Boa Viagem, já no limite norte da cidade, está o Forte Nossa Senhora de Mont Serrat, com primeira construção datada entre 1583 a 1587. “É um dos mais antigos e conserva a forma original”, diz Mario Mendonça. Perto dele, levanta-se o último forte para a defesa norte de Salvador, o da Jequitaia, do começo do século XIX, precisamente 1871. Porém, afirma Mario, “encontra-se muito destruído, modificado”. Na ponta de Itapagipe, temse “o da largatixa”, como é conhecido o Forte Santo Alberto, construído entre 1590 e 1610.


Forte Santa Maria, mais um ponto de resistência aos holandeses, que invadiram a Bahia em 1624

“A fortaleza é muito espontânea. Eles escolhiam os melhores lugares porque eram estrategicamente mais adequados. Por isso, têm beleza muito própria, porque não têm pretensão decorativa, são bonitas pelos volumes, formas e implantação”, relata Mario, autor do livro lançado em Portugal e no Brasil, em 2004, As Fortificações Portuguesas de Salvador quando Cabeça do Brasil. Segundo ele, também não houve preocupação de trabalhar as superfícies com rendilhados e elementos como molduras, “a fortaleza tem que ser muito sóbria e esses elementos iriam complicar a defesa”, diz. No século XVII, precisamente a partir de 1736, o quadrilátero irregular Forte do Barbalho passou a fechar o norte da cidade e se aliava, ao sul, com

O Forte do Mar abrigou prisioneiros ilustres, como Bento Gonçalves, que veio do Rio Grande do Sul e foi preso aqui Mário de Oliveira, arquiteto

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o São Pedro, “os dois grandes fortes do século XVIII”, elenca Mario. Como na época, ainda dá para avistar o do Barbalho pelo alto do Forte Santo Antonio Além do Carmo, de 1630, localizado na Praça Barão do Triunfo, largo do Santo Antonio. Alinhados na defesa norte, os dois trocavam fogos em cooperação. Salvador abrigava mais Fortes, hoje abandonados, demolidos ou aterrados por motivos diversos que consolidaram o modelo estrutural da cidade pós-colônia. Existia o antigo Forte do Mar, entre o Mercado Modelo e o 2° Distrito Naval; o Fontim de São Fernando (1797), próximo à Igreja de Nossa Senhora da Conceição; o Forte de São Bartolomeu da Passagem, do século XVII, na ponta da Ribeira, península de Itapagipe e, dentre outros, também o Forte de São Gonçalo do Rio Vermelho (1798). Ah, mas os fortes não funcionaram apenas como suporte de defesa de ataques externos, receberam muitos presos, desde os escravos da Revolta dos Malês, de janeiro de 1935, até presos políticos da ditadura militar brasileira que perdurou de 1964 a 1985. “O Forte do Mar, por exemplo, abrigou uma série de prisioneiros ilustres, inclusive, Bento Gonçalves, que veio do Rio Grande do Sul. Ele foi preso aqui. Dizem que, graças a seus amigos da maçonaria, escapou da prisão do forte”, conta Mario, que ainda comenta sobre o professor João Stanislaw da Silva Lisboa, outro preso célebre, que matou Julia Fetal no início do século XIX. “Ele assassinou a noiva que pensava que o traía com a ‘bala de ouro’. Ele morava na Piedade e ficou preso no Forte do Barbalho por muito tempo. Seus alunos iam lá estudar com ele”. A bala de ouro vem da imaginação popular: Ora, Julia Fetal era tão aclamada por sua beleza que só podia morrer com uma bala de ouro! Como Catarina Paraguaçu, Julia está enterrada na Igreja de Nossa Senhora da Graça. Seu sobrado da Piedade tornou-se morada do “poeta dos escravos”, Castro Alves (1817-1871). Hoje, já não existe.


60 Dulce Melo


Fé nos detalhes Por Tatiana dourado

Umas das riquezas mais marcantes de Salvador, os templos católicos recheiam a cidade num só cartão postal

“O

barroco é o teatro, é o movimento de contra reforma da igreja, é o grande cenário de representação teatral, para comoção, para a interpretação do espaço como leitura sagrada, bíblica”. O arquiteto e professor Francisco Senna conceitua o estilo como alicerce das igrejas soteropolitanas, seja em decoração ou oratória. Considera “igrejas-teatro” e traz como exemplo maior a Igreja de São Francisco, pertencente à ordem regular dos franciscanos, de púlpito com couro elevado, altares e imagens, de arte e arquitetura barroca. Também se destaca pelo conjunto de azulejos portugueses que chegaram ao Brasil no século XVIII. A Ordem Terceira de São Francisco guarda as únicas imagens de Lisboa antes do terremoto de 1755. “São Francisco tem um conjunto interno completamente preservado dentro dessa linguagem barroca, que vai desde a talha, retábulo, às imagens individuais”, descreve Maria Eli, arquiteta e pesquisadora do Centro de Estudos Arquitetônicos da Bahia (UFBA).

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IGREJA DA SÉ, IGREJA DE CANUDOS & CONVENTO DE SÃO FRANCISCOO DE PARAGUAÇÚ  No topo, croqui da Igreja da Sé Primacial (1553). Na época, o templo foi considerado um dos mais belos das Américas, demolido para a implantação do sistema de transportes de bonde, em 1933. Em 1999, o monumento Cruz Caída, do artista plástico Mario Cravo Neto, foi colocado no lugar. Em ruínas, a Igreja de Santo Antônio (1893), conhecida como Igreja Velha, é o resquício da construção de Antônio Conselheiro, destroçada com a Guerra de Canudos. Em Cachoeira, localizam-se as ruínas do Convento São Francisco do Paraguaçu, da segunda metade do séc. XVII

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Jo찾o Miguel dos Santos Sim천es

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Silhar com medalh천es ovais e emblemas marianos da Capela Nossa Senhora das Dores. Foto original de 1960-1970


Marisa Vianna

As estatuárias de grande porte são peças de arte sacra que ornamentam o salão da Igreja da Ordem Terceira Secular de São Francisco, em Salvador

A Basílica da Igreja Menor do Senhor do Bonfim, conta Maria Eli, foi se assumindo, arquitetonicamente, por investimentos da irmandade junto à participação do Estado, atingindo tamanho status e grandiosidade que, no século XIX, foi considerada a irmandade mais rica de Salvador. “O professor Luiz Freire a considera a primeira igreja que teve um retábulo neoclássico na Bahia. Além disso, ressalta toda a questão devocional, que torna aquela igreja um santuário. Ela não é um santuário, mas é reconhecida como tal, desde a implantação, às características arquitetônicas e o fluxo de pessoas”, avalia. Maria Eli atribui mais um fator de importância. “As pinturas são extremamente ricas.

Joaquim Franco Velasco (pintor baiano - 1780-1883) fez, pela primeira vez, uma pintura tendo como base a família dele no teto da Igreja do Senhor do Bonfim, como uma cena de milagre”, relata. Francisco Senna complementa. Para ele, a igreja é o melhor exemplo do neoclassicismo do século XIX. “É voltada para o eixo central, aquela perspectiva e harmonização de elementos neoclássicos”. A Catedral Basílica de Salvador, antes capela jesuíta, concluída no final do século XVII, é a primeira de cruz latina que se tem na Bahia. “Ela tem uma especialidade interna grandiosa, monumental, numa concepção ainda renascentista de transição para o barroco”, conta Senna. A Igreja de Nossa

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Senhora do Rosário dos Pretos, no largo do Pelourinho, consuma-se como afirmação da cultura e espaço negro, como localiza Maria Eli. A especialista conta que os negros eram obrigados, pelos brancos, a se catequizarem e, mesmo assim, a eles não era permitido usufruir do mesmo espaço religioso. O clero, no entanto, dava licença para os negros construírem capela própria, ajudando no fortalecimento da festa de Santa Bárbara, tradicional da Cidade Baixa de Salvador. “E essa capela assume um papel, no século XX, muito importante: de consolidação de alguns ritos religiosos e da permissão que a igreja dá à relação mais mesclada entre as músicas afro e os ritos católicos”, diz Maria.


Em cena contemporânea, participante da nova liturgia, Francisco Senna faz questão de relevar a Igreja de Ascensão do Senhor, no Centro Administrativo da Bahia, idealizada pelo arquiteto João Filgueiras, conhecido como Lelé. “Foi concebida como pétalas de concreto sobrepostas em espiral, que ascendem para o alto. Ela mistura, no meu entendimento, a verticalidade do gótico, sem ser gótica, também já não mais o barroco... Ela transforma, com um purismo de formas, um concreto aparente e um brutalismo na arquitetura”. Muitas outras, clássicas em dimensão devocional ou artística, juntam-se para formar o acervo do centro soteropolitano, incluído, desde 1985, na lista de Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO. Em Salvador, Maria Eli localiza cerca de 127 edifícios religiosos no inventário ainda inacabado dessas construções de beneditinos, carmelitas, franciscanos e jesuítas. moldando a cidade Como as igrejas, os festejos populares são seculares. À direita de cada matriz da cidade, a partir do século XVI, localizam-se os mais belos casarios de São Salvador, privilegiados por dar vista às procissões, protagonistas das famosas festas de largo, em vigor até hoje. Por curiosidade reticente, Maria Eli decidiu debruçar-se sobre a interferência das igrejas no espaço urbano em sua linha de pesquisa. Influência evidenciada pela História, que atribui aos templos a responsabilidade pela educação, catequese e sociabilização da população. “A grande festa que elas promoviam eram exatamente as festas dos santos, que tinham a finalidade reviver a história dos mártires e ratificar o papel da igreja, do catolicismo, da fé, nessa população dita de degradados, que estava fora do reino e precisava ser socorrida por essa religião. Isso explica, inclusive, o grande número de edifícios religiosos que nós temos nas cidades brasileiras”, conta. O poder eclesiástico era dividido por freguesia. E, em cada uma delas, haveria de ter uma igreja matriz, capelas e oratórios. A democracia faz surgir a manifestação das diferenças. Em um cenário múltiplo, não só as festas de largos sobrevivem com apego à época, a de conservação das tradições também é alcançada na relação das igrejas com a vizinhança. “Todas as igrejas têm significado nessa cidade, porque elas estão relacionadas a um locus que vive no entorno das suas relações de crenças. E, aqui na Bahia, o processo de escravidão fez existir o sincretismo, o que deu uma representação mais forte a cada uma dessas igrejas, principalmente, do clero secular, pela possibilidade de associação de ritos, pelas relações católicas e africanas”, conclui.

Marisa Vianna

Na Sagrada Colina, a Igreja do Senhor do Bonfim, maior recanto da fé católica

Em estilo rococó, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Pelourinho

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A Bahia de Vivane Vieira A arquiteta Viviane Vieira inspirou-se na Bahia de todas as contas, música de Gilberto Gil, para dividir com voces um pedaço da sua Bahia

Por  Andrea Velame

Bahia de todas as contas Gilberto Gil

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Foto Marcelo Negromonte

Rompeu-se a guia de todos os santos Foi Bahia pra todos os cantos Foi Bahia Pra cada canto, uma conta Pra nação de ponta a ponta O sentimento bateu Daquela terra provinha Tudo que esse povo tinha De mais puro e de mais seu Hoje já niguém duvida Está na alma, está na vida Está na boca do país É o gosto da comida É a praça colorida É assim porque Deus quis

cantos decorados


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Foto Marcelo Negromonte

cantos decorados

A Bahia de Alessandra Carvalho & Vanessa Soares

A Bahia da dupla de arquitetas é uma Bahia cheia de cor, uma Bahia carregada de referências, uma Bahia que nasceu na África Por  Andrea Velame

Começa cedo o calor das américas Derrete o gelo E seca a flora Calor imenso, intenso, humano É o que eu chamo de fervo baiano Acorda cedo o balanço da métrica Repete o coro em favor da alegria Revela cores trazidas da áfrica Sincretizando o axé da Bahia Rua do Sossego Saulo Fernandes/ Ênio Taquari/ Renan Ribeiro

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A Bahia

cantos decorados

de Wagner Paiva

A Bahia de Wagner Paiva está focada em seu tempo, onde retrata a arquitetura antiga através de recursos contemporâneos. A Bahia em fibra, cerâmica, espelho e cristal Por  Andrea Velame

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Dá licença, de gostar um pouquinho só A Bahia eu não vou roubar, tem dó! Ah! Já disse um poeta que terra mais linda não há Isso é velho e do tempo que a gente escrevia Bahia com H! Dá licença de rezar pro Senhor do Bonfim Salve! A Santa Bahia imortal, Bahia dos sonhos mil! Eu fico contente da vida em saber que Bahia é Brasil! Bahia com H Denis Brean

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destino de charme

Kiaroa

por Ivan Smarcevscki 74


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eco luxury resort, projeto assinado por Ivan Smarcveski, é um refúgio privado e exclusivo do litoral Sul da Bahia. Localizado na reserva ecológica de 240.000 m² na Península de Maraú, com apartamentos e bangalôs que unem o luxo casual à autenticidade de cada detalhe. Com o uso de materiais naturais – o arquiteto escolheu o eucalipto e coberturas em piaçava –, o resort traduz a hospitalidade brasileira e a elegância tropical. Os bangalôs dão acesso às varandas privativas, proporcionando vista especial para a floresta e para o mar. Ivan Smarcveski conseguiu modelar o refúgio perfeito para quem busca relaxar com conforto, silêncio e privacidade.

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Roteiro exclusivo na Bahia para viajar sem esquecer elegância e sofisticação Por  andrea velame


A Península de Maraú localiza-se na Costa do Dendê, ao sul da Bahia, entre Morro de São Paulo e Itacaré, cercada por dois paraísos naturais vizinhos

O Kiaroa é inspirado em famosos destinos de charme, locações como, por exemplo, a Polinésia Francesa e a África, com muitos elementos da região

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Marcelo Magnani

destino de charme

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Marcos Terranova

Zank por Judith Pottecher Sem dúvidas, ele é um dos mais atrativos destinos de charme da Bahia Por  andrea velame

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ocalizado, em Salvador, no charmoso e histórico bairro do Rio Vermelho, morada de grandes artistas e escritores contemporâneos, como Jorge Amado e Carybé. Conta com apenas 20 apartamentos, distribuídos pelo casarão centenário com belíssima vista-mar. O Zank Hotel Boutique é a primeira opção hoteleira do Norte e Nordeste com fusão entre elementos de arte, individualidade e interatividade, próprios do conceito hotelboutique. O projeto de arquitetura, assinado por Marlem Vilela, reinterpreta, com poesia e rigor, a proposta-boutique do Zank. Tomando, como ponto de vista, a recuperação do casarão, construção de 1895-1907, Vilela buscou atender às novas características “preservando a história para redesenhar o presente”. O conceito criado pela designer de interiores Judith Pottecher tem, como ponto de partida, o desejo de mergulhar na arte de viver a brasilidade. Pensou em atmosferas únicas, com elementos desenvolvidos e garimpados, para povoar os ambientes.

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Marcelo Magnani

Marcelo Magnani

destino de charme

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81 Marcos Terranova

Marcos Terranova

Marcelo Magnani


destino de charme

No casarão, a memória nos leva ao apartamento colonial, um espaço masculino, com gradis excepcionais, inspirado na cidade histórica de Cachoeira

O barroco evoca a memória de Catarina Paraguaçu. O luxo francês vem revisitado e inspirado na grande diva da moda Coco Chanel, sinônimo de glamour

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à viagem estética, pontuando, com refinamento e contemporaneidade, as atmosferas dessa ala. Peças assinadas pelo Studio Nada se Leva, como o espelho veneziado em acrílico, conferem toque especial ao projeto

como não poderiam deixar de ser, dão sequência

No Zank, os apartamentos neo barrocos Fotos Marcelo Magnani


destino de charme

Os clássicos contemporâneos propiciam o desfile dos exemplares do design brasileiro, com sobriedade e aconchego. De cenário, o mar da Bahia

O apartamento modernista insere o valor da elegância e sobriedade dos primeiros móveis modernos brasileiros. A poltrona Diz, de Sérgio Rodrigues

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O Zank é impossível ser descrito

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Ao lado, nas matrizes/raízes, um apartamento mescla elementos indígenas e europeus: as fibras naturais se misturam elegantemente à bergere de tom rubi e os elementos retrôs, como a mesa lateral e a luminária dourada

Cores neutras, sobriedade e elegância fazem parte do projeto

Acima, apartamento clássico contemporâneo

As irmãs e empresárias Eliane, Rachel e Cecília Zanchet conseguiram demonstrar sutilezas, surpresas e poesias em um projeto singular, oferecendo um garantido espetáculo de reflexos, luz e mar, em pleno charme do Rio Vermelho

Fotos Marcelo Magnani


Corumbau por Roberto Migotto

Esconderijo no extremo sul da Bahia, a Fazenda São Francisco Corumbau recolhe-se em meio ao paraíso natural, detalhando-se por cada charme do design Por  andrea velame

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área de 167 hectares recepciona a fazenda projetada pelo arquiteto e designer de interiores Roberto Migotto. Para proporcionar um refúgio com luxo, provido com ênfase no aconchego e despojamento de uma casa de praia, o profissional adequou os recursos de infra-estrutura moderna com a exuberância incontestável da natureza da região. Cores quentes e frias, como o vermelho e o azul, conferiram dinâmi-

ca visual junto às peças em madeira. Mais de 2 km de praia acompanham o empreendimento, tendo foco no caráter privativo – imposto pelo local e garantido com o atendimento ao hóspede. A confirmação da intenção advém do nome escolhido, Corumbau, expressão que significa “lugar distante”, em Pataxó. Para o prazer gastronômico, os legumes da horta orgânica aplicadas ao pescado e aos frutos do mar, além das 50 opções de

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vinho, proporcionam outro modo de desfrute para o visitante. No comandar das proezas, lá está o chefe Teco. Quatro bangalôs super luxo, duas suítes e outros dois bangalôs luxo compõem as acomodações da Fazenda São Francisco Corumbau. Desenhos foram especialmente produzidos para integrarem os espaços, no conforto necessário para esticar mais um pouquinho o clima de relaxamento no Nordeste do Brasil.


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Márcio Lima

Segredos internos (1994), de Ayrson Heráclito. A instalação foi remontada em 2009 para a exposição Sacarum, no MAM, Bahia

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Arte O

Contemporânea

na Bahia POR  vauluizo bezerra

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que se produz na Bahia, no campo das artes visuais hoje em dia, é o que melhor se pode vislumbrar de qualidade na arte brasileira. Mas, de onde e como surgiram esses artistas que começam a despertar colecionadores, marchands e curadores mais respeitáveis do país? Como e o que exprimem estes artistas numa terra tão apegada às tradições e burocracias repressoras? O que de novo ocorreu para interromper uma lacuna de mais de quarenta anos de produção artística caracterizada apenas por alguns valores individuais distribuídos esparsamente desde a segunda metade dos anos sessenta?


Pensar sobre boa parte da arte que se produz atualmente na Bahia requer uma compreensão sobre a formação do que se entende da expressão baianidade, inscrita no nascente projeto moderno dos anos quarenta, um dos fatores que dão origem a uma formatação cultural agregada à demanda natural, expressa por um grupo de artistas cujas ações, somadas às iniciativas políticas dos governos de Juracy Magalhães e Otávio Mangabeira, o mecenato de Assis Chateaubriand e Odorico Tavares, dão início a uma Bahia que deseja romper com sua vocação colonial, norteada por uma conjunção de intelectuais, dentre os quais o educador Anísio Teixeira e Edgar Santos, no plano institucional; José do Prado Valadares, Wilson Rocha, Carlos Eduardo da Rocha etc. como agentes individuais. Naqueles anos da década de quarenta, consolida-se o conceito de modernidade local, deflagrado pelos artistas Mario Cravo Jr., Carlos Bastos, Rubens Valentim, Carybé, Maria Célia Amado, Pierre Verger, Genaro de Carvalho, Jenner Augusto e a geração subsequente, de Calazans Neto, Sante Scaldaferri, Juarez Paraíso etc., que fecham o círculo, absorvendo o retorno do exílio de Jorge Amado, com sua potência midiática, virtualizando o centro gravitacional da cultura baiana. No cerne das questões modernistas, uma equação: a forte presença do pensamento branco católico, eivado pelo esteticismo acadêmico francês no bunker da Escola de Belas Artes e uma cultura de resistência, velada na sua marginalidade social, racial e religiosa, do afrodescendente. E o modernismo, através da construção poética de iconografia que fornecia as primeiras traduções de uma acomodação destas polaridades, estabelece as primeiras relações de fluxos interativos, moldando possíveis tensões de uma sociedade que parecia cordial em demasia. Dito isto, ainda que de maneira concisa, ou mesmo superficial, ressalte-se como o período mais profícuo na história da vida cultural da Bahia, polo irradiador e atrativo do que melhor se pensava e produzia na cultura brasileira, esten-

Transe: deslocamento de dimensões (2007), de Eneida Sanches, elaborado com gravuras em

Luciano Oliveira

17 anos, 2 meses e 10 dias (2008): instalação que projeta a própria imagem do artista Rener Rama

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Luciano Oliveira

Edgard Oliva

Performance Transmutação da Carne (2000) Edgard Oliva

metal, presas com fios de sedas, em madeira

De Ayrson Heráclito, as roupas de carne seca

Gaio Matos

A Série Ambulantes (2004), de Gaio Matos, indaga sobre ideias de abrigo, construção e cidade

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dendo-se até o começo dos anos sessenta, quando já punha em prática novos desdobramentos transformadores, interrompidos pela revolução de 1964. A nova arte baiana é fruto de princípios reativos ao ideário moderno embora, em muitos sentidos, como defendem alguns autores, tudo o que se faz hoje não deixa de ser uma extensão de algumas questões encetadas no movimento moderno pelos seus artistas e teóricos. Isso equivale a afirmar que o modernismo continua. Mas, é preciso justificar que as ações da arte de hoje corrompem muitas das estruturas e axiomas defendidos pelo modernismo. Naquelas situações, todo o ideário do moderno era calcado num princípio de liberdade circunscrito à ideologia, que demarcava seus campos de ação: impressionismo, expressionismo, fauvismo, cubismo, suprematismo, surrealismo etc., geografias portadoras de conceitos definidores de estruturas específicas, situação radicalmente diversa do pensamento pós-moderno. A novíssima arte baiana, como em qualquer lugar do mundo, é portadora de uma diversidade de gerenciamentos que coexistem pacificamente e, quando se detectam tensões, são rapidamente aproveitadas como combustível retroalimentador de novas possibilidades no discurso da arte. Os artistas operam em direções variadas, em diferentes suportes ao mesmo tempo. A noção de um estilo caracterizador perdeu o sentido. Pode-se identificá-los pelas formas de suas estratégias, a maneira como articulam diferentes temas e materiais e como se endereçam a um dado sentido poético ou ações, que vislumbram as mais variadas persecuções interdisciplinares, visando a estender compreensões sobre as novas complexidades que o mundo atual estimula. O uso do próprio corpo por um artista ou um grupo de artistas pode desencadear sentidos que perfazem caminhos, os quais vão desde um acontecimento meramente poético a articulações enquadradas numa militância social ou ecológica; uma obra pode ser uma ação discursiva sobre a própria arte; narrativas, por diferentes


meios, das mais inócuas particularidades às mais profundas reflexões sobre o cotidiano, mediadas por disciplinas extra-arte como a filosofia, a antropologia, a psicanálise, a história geral, a história da arte, a biologia, a física etc. O conceito de arte autoral é posto em xeque, pois a presença de artistas que optam por ações coletivas na forma de intervenções urbanas são uma tendência crescente. O uso de metodologias de apropriação são reinventadas à exaustão com o advento das novas mídias reprodutivas como o vídeo, a internet, fotografia digital e até o cinema. Mas, as mídias tradicionais continuam se renovando, através de extensões, diálogos com outras bordas de expressão são revolvidos, adquirindo novos formatos. Todos estes repertórios e possibilidades técnicas, grifando as formidáveis vias comunicativas impressas nas virtualidades da internet, oferecem um estado de consciência dos acontecimentos planetários que alteram radicalmente o fluxo das informações, produzindo uma democrática razão de conhecimento que transforma dramaticamente os modos de produção dos artistas em diferentes partes do mundo. A comunicabilidade entre artistas, as novas formas expositivas geridas por curadorias administrando grandes agrupamentos de obras que, em muitos casos, provocam o que o crítico de arte Fernando Cochiarale chama de situações transitivas, chamam a atenção para o deslocamento da crítica de arte, que se ressente da impermeabilidade da arte de hoje à análise discursiva. Por estes e tantos outros fatores, afirmar as diferenças entre modernidade e pós-modernidade corrobora um mundo radicalmente novo e superlativo, para o bem ou para o mal. No caso específico da Bahia, boa parte do que se produz na arte contemporânea retoma como tema a própria Bahia. Mas, o faz de maneira absolutamente diferente. Um artista como Ayrson Heráclito, para mim um dos artistas mais emblemáticos desta geração, introduz materiais surpreendentes como açúcar, dendê, carne de charque

Luciano Oliveira

Springs (2007), de Tonico Portela, 50 torneiras com a sonoridade das águas naturais de Salvador

Autorretrato de Mônica Simões (2004), artista que captura o que considera relevante na vida

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Florival Oliveira

Escultura em madeira modulada do artista Florival Oliveira, estilo recorrente na obra do artista

e a culinária baiana como argumentos que sustentam suas afirmações, que ultrapassam a questão meramente visual e transcendem para regiões do conhecimento, as quais refletem a cultura baiana / brasileira do ponto de vista do arquétipo colonial. Ayrson, que é, antes de tudo, um pensador arguto da arte, afirmou, para seu irmão Beto Heráclito, historiador e autor do texto do catálogo Ayrson Heráclito: o Pintor e a Paisagem, que “o suporte nas artes plásticas não existe, o que existe são estratégias que materializam as energias criativas da cultura”. Ayrson revolve uma dessas energias: a dor. A dor impressa no simbó-

lico, que ele trata com dramaticidade impressionante em suas instalações, desenhos, pinturas e esculturas com dendê, fotografias e vídeo, refletindo a cultura afro-brasileira a partir da dobra ou quebra paradigmática da economia colonial para o capitalista. Eneida Sanches é outra presença que trata das questões identitárias a partir de um interesse sensorialista. Tem, na gravura em metal, o ponto de partida para a construção de estruturas que acumulam quase células, gravadas com iconografias pertencentes à religião afro-baiana. Estas estruturas acomodam as gravuras de forma cumulativa, gerando uma condição

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ótica à medida que o espectador se movimenta, criando dinâmicas que distorcem sua aparência, gerando um efeito que conduz ao conceito de Transe. Em algumas dessas estruturas, Eneida delibera pela mimesis, esculpindo com gravuras corpos vazados revestidos destas peles que portam identidades simbólicas a partir dos ícones religiosos. Estariam estes corpos disponíveis a preenchimentos de energias ou espíritos que falariam da dor, a mesma dor de que Ayrson nos fala? Este texto é um testemunho de um artista. Um artista egresso de uma geração que sofreu as agruras repressoras dos anos 60 e 70, pertencente a um grupo conhecido como Geração 70, assim batizado por Reynivaldo Brito e Yvo Vellame. Apesar de seus anacronismos, deixou um legado importante para a geração que aqui se discute. Não cito aqui nenhum membro desta geração, exceto aqueles que, de alguma maneira, se incluem nas fatorações atualizadas pertinentes à ideia da chamada pós-modernidade. Por questão de justiça, cito o movimento ETSEDRON, concebido por Matilde Matos e Edson da Luz que, em muitos sentidos, explorou questões que são hoje re-experimentadas pelos artistas, que conseguiram criar uma retomada otimista da vocação para as artes visuais reencontradas por nomes como: Gaio Matos, Ieda Oliveira, Tonico Portela, Grupo GIA, Marepe, Maxim Malhado, Marcondes Dourado, William Martins, Florival Oliveira, Iuri Sarmento, Monica Simões, Caetano Dias, Daniel Lisboa, Fábio Magalhães, Coletivo Triptico, Adalberto Alves, Vinicius S.A., Ana Paula Pessoa, Rachel Mascarenhas, Rener Rama, Valéria Simões etc. *A exiguidade de espaço não me permite, ao menos no momento, me estender, detalhando as linhas gerais de cada artista como fiz com Ayrson Heráclito e Eneida Sanches. Esta escolha veio exclusivamente subordinada ao critério de relacionar estes artistas que trabalham com temas afro-baianos com os modernistas dos anos quarenta, que introduzem estas aberturas.


98 Vicente Sampaio


Mario Cravo Neto POR  vauluizo bezerra

E

m Somewhere over the Rainbow, 2005, vídeo-instalação exposta no Museu de Arte Moderna da Bahia, por ocasião da Mostra Pan-Africana de Arte Contemporânea, sob a curadoria de Solange Farkas, assistimos a uma impressionante invasão de imagens do oceano Atlântico projetada nos 400 metros quadrados de paredes do casarão. Tratavase do primeiro vídeo-instalação de Mário Cravo Neto, que decretava com este trabalho uma inequívoca expansão de toda sua reconhecida imagética. Em Bo no MAM, outra instalação nos moldes de um site specific, exposta em março deste ano, no mesmo local, Cravo Neto serve-se de uma estrutura semelhante, pelos recursos de projeções das fotos de Voltaire Fraga, que documentavam a reforma do Solar do Unhão em vias de se tornar o Museu de Arte Moderna, no final dos anos 50. Nestes dois trabalhos, Cravo Neto empenha duas estratégias diferentes numa forma expositiva de estruturas semelhantes. Em Somewhere over the rainbow, estende a experiência do seu olhar na captação em vídeo, que dispõe a levar para o interior do museu todo o impacto de luminosidade e potência de representação do tecido oceanográfico do Atlântico, abrindo sentidos de trânsitos e conectividades, tempo e história nos elos afro-baianos. Em Bo no MAM, utiliza um recurso que se tornou banal na arte contemporânea, a apropriação, mas que, sob seu olhar, se torna uma prodigalidade: as corretas e documentais fotografias de Voltaire Fraga, ampliadas na forma de projeções, tornam-se um instrumento poderoso, de dramaticidade aflitiva, em que a arquitetura é revolvida, tocada em sua história, levada para o interior do museu, o próprio museu em sua instância nascente. Em ambas as experiências subjacentes, o cerne de toda sua trajetória, equipada por uma acuidade incomum na apreensão do universo afro-baiano, permeando aí todos os sentidos de suas singularidades forjadas na historicidade trágica do escravagismo, no ambiente, no corpo de uma cultura eminentemente sincrética.

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Mario Cravo Neto

Vídeo instalação Somewhere over the rainbow, de Mario Cravo Neto, expostas no Solar do Unhão, Museu de Arte Moderna da Bahia, em 2005

A origem de Somewhere over the Rainbow – relata a curadora em seu texto de apresentação – parte de um sonho do artista no qual Exu olha o mundo do alto. Não me furto à tentação de associar tal imagem à própria figura que era Mário Cravo Neto: um guardião dos portais visuais possíveis da tradução da cidade e suas múltiplas faces impressas na cultura. As duas instalações aqui relatadas possuíam precedentes anunciados em instalações fotográficas, com suas junções sonoras que já forneciam os encaminhamentos para além da câmera e do papel. Mario Cravo Neto não foi exclusivo da fotografia. Sua origem como artista é egressa da escultura, cuja experiência desde cedo foi muito bem acolhida. Seus trabalhos com plantas vivas usando a técnica de terrarium, a partir da segunda metade dos anos sessenta, já transcendiam o olhar comum. Retornando de uma estada de dois anos nos Estados Unidos (1968 a 1970), estudando no Art Student League, tendo como orientador o artista plástico Jack Krueger – um dos pioneiros da arte conceitual –, apresentou-se pela primeira vez no Brasil, em 1971, na XI Bienal de São Paulo, em sala especial, quando lhe foi atribuído o Prêmio de Escultura Governador do Estado de São Paulo. A partir

Mario Cravo Neto

Ninho de Fiberglass (1977) é um trabalhos do artista em estúdio, com fotografias em preto e branco

desse ano até 1974, o artista desenvolveu projetos em sítio, envolvendo o conceito de Land Art no sertão nordestino e periferia de Salvador. Em 1975, com as pernas imobilizadas por um ano em função de acidente

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de automóvel - o que não o impediu de desenvolver esculturas em maquetes centralizou sua atenção na fotografia de estúdio, usando modelos vivos e objetos das mais variadas ordens, criando uma relação entre personagem e obje-


to, expandindo as noções de territórios entre escultura e fotografia. São desse período a emblemática imagem de Ninho, obra fixada em fotografia, de baixa luz, em que um ninho de fiberglass, construído por um pássaro, é levado às articulações teatrais calculadas pelo artista, endereçando uma situação de acaso a uma forma de instalação perenizada pela câmera. É desse período também uma das mais belas e instigantes afirmações da arte brasileira, cujo suporte é a fotografia ainda não libertada de uma explícita má-vontade quanto ao status de arte. Cravo Neto foi, indubitavelmente, um dos agentes no Brasil que legaram à fotografia uma presença atualizadora, renovando pela sintaxe e, consequentemente, afirmando sua autonomia como arte. Em 1976, realiza diversos filmes curta-metragens, trabalha com fotografia de cinema e recebe o Prêmio de melhor fotografia do Festival de Brasília, com o filme Ubirajara, o senhor da lança, do diretor André Luiz Oliveira. A obra de Mário Cravo Neto é complexa, sua trilha de discurso circunscreve a notação da realidade baiana com sua diversidade cultural, mistura racial, seu sincretismo e a história densa e triste; sua vocação para a alegria, inscrita no Carnaval; a poética das misturas, do caos, das festas e feiras, das comidas e cheiros, do mar e da arquitetura barroca colonial e, sobretudo, do povo e sua fé contradita. Toda a trajetória deste artista ímpar foi marcada pela imersão naquilo que é constitutivo da estranheza baiana e seus embates de arquétipos. Mariozinho foi uma espécie de cunha que parecia separar o prazer e a dor de ser baiano, mas como se, muitas vezes, sua densidade ou maneira de expor certas características funcionasse tal nevralgia, gritando para ser sentida. Como artista e amigo que fui de Mário Cravo Neto, sempre o considerei indubitável interface entre o passado e o futuro das artes visuais brasileiras, graças ao que ele inscreveu, nas particularidades de um lugar, as acertadas escolhas simbólicas, condutos de universalidade renovadora.

Mario Cravo Neto

Torso negro com cal (1988) é um dos trabalhos que se pode chamar de fotografias-esculturas

Mario Cravo Neto

Bo no MAM (2009) apresenta as etapas da construção do MAM com fotografias de Voltaire Fraga

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Vicente Sampaio

Em decorrência de um acidente automobilístico ocorrido em 31 de março de 1975 é obrigado a permanecer com as pernas imobilizadas por um ano

Vicente Sampaio

Miguel Rio Branco

À esquerda, o artista, no carnaval de 1976, bebendo com amigos. À direita, em viagem pelo sertão, no ano de 1980, fotografado por Miguel Rio Branco

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Vicente Sampaio

Na foto acima, Mario Cravo Neto, em sua casa na Boca do Rio, em 1980, fotografando Mario Cravo Junior, para o livro “Cravo”, publicado em 1983

Vicente Sampaio

Vicente Sampaio

À esquerda, no Estudio da Boca do Rio, em 1980, com o “Exú”, escultura de Mario Cravo Junior. À direita, Mario Cravo Neto, em São Lázaro, em 1980

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conceito arte

Circo-teatro O picadeiro estรก nos palcos. E os atores? Entre tendas e palcos Por Tatiana dourado

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s que transitavam pelas ruas e praças públicas da Europa dos séculos XVI, XVII e XVIII frequentemente se deparavam com os innamorati (enamorados), os vecchi (velhos) e os zannis (criados), as três categorias de personagens da Commedia Dell´arte, gênero que influenciou dramaturgos como Shakespeare, Molière e Jacques Lecoq. Num carro di tespi, teatro móvel que funcionava como palco ao ar livre, viajavam o continente e apresentavam, por meio das ACROBACIAS e MALABARES, com figurino pomposo e uso de máscara, piadas e bordões sobre adultério, ciúme, velhice e amor. A voz, o corpo e o vigor musical eram focos de preparação intensa dos atores, que geralmente representavam o mesmo personagem por toda a vida. O gênero concebeu a profissionalização do ator, cuja atuação já previa a interação com números circenses. “Numa idade média cheia de bufões e saltimbancos encenando a rebeldia em feiras, nascem os cômicos dell´arte, procurando se estabelecer tanto na corte quanto na igreja, através da busca corporal e teatral”, afir-

ma Marcus Villa Góis, doutorando em Commedia Dell´arte pela Escola de Teatro da UFBA. Tido como espertalhão preguiçoso, atrapalhão e insolente, o ARLEQUIM, um dos personagens mais famosos do universo zanni, exemplifica a fusão CIRCO-TEATRO. “O Arlequim aparece em xilos, as imagens da época, por cima de outros atores, fazendo acrobacias e em perna de pau”, explica. Como espetáculo de variedade, o respeitável público do CIRCO NOVO – estilo que mistura música, dança e teatro - não assiste só a números desde o começo do século XX. Anselmo Serrat, 67, coordenador geral da Companhia de Circo Picolino, fundada em 1985, em Salvador, conta que, nos anos 1930, pela baixa de público, os proprietários dividiram o espetáculo em duas etapas: na primeira, os números clássicos do circo e, na segunda, as comédias e

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melodramas, sem qualquer elemento circense. “Eles percebem que os números estavam repetitivos e o circo sempre buscou se renovar. O povo ia por causa dos grandes enredos, se apaixonavam pelos atores, que eram os galãs da época”, diz. Recorda o Circo Nerino, “um dos mais fortes do Brasil” - criado em 1913 por Nerino Avanzi e extinto em 1952. O antropólogo e fotógrafo Pierre Verger se encantou, propondo pauta, em 1947, para a revista Cruzeiro, com fotos de sua autoria. Nerino Avanzi foi o primeiro palhaço Picolino, pai de Roger Avanzi, o Picolino II, quem escreveu, junto com Verônica Tamaoki, o livro Circo Nerino, considerado a bíblia do circo brasileiro. Outro exemplo de adoção do modelo é a companhia canadense Cirque du Soleil, fundada em 1984, no Canadá, por Guy Laliberté.


Dani Oliveira

Roger Avanzi, 87, palhaço Picolino, nasceu no Circo Nerino, picadeiro brasileiro do século XX

A miscelânea “O teatro vai se apropriar do circo de milhões de formas, sempre se apropriou. Os gregos já faziam; elementos apareciam em cena, objetos saiam voando, o que configuram efeitos visuais fortes, que é o que imagino quando se busca o circo dentro do teatro”, diz Marcus, que se apresentou na Bienal de Veneza com o espetáculo Ombra di Luna (2001), sob direção de Marcelo Chiarenza, resultado do curso de circo novo da Escola de Teatro de Bolonha. “Em minha vida, o circo vem para delinear a ação dramática”, diz. E a ponte, ou o meio, é a relação corporal, o olhar, o jogo, o diálogo, o conjunto harmônico. “Isso me faltava e ainda é o que procuro nos espetáculos de teatro. Eu via muito texto, mas não conseguia visualizar imagens desses jogos e contrastes”, analisa. Resolveu montar um experimento, apresentado em 1998. Dirigiu Meu Reino Por um Cavalo, (1989), adaptado do texto original do baiano Dias Gomes (1922-1999). Na versão original, a cena corria com o protagonista escrevendo o texto de teatro, enquanto apareciam elementos da dramaturgia universal, Hamlet, Medéia... Na narrativa produzida por Marcus, ao invés dos clássicos, optou por palhaços. Quando Alexandre Casali, na figura de protagonista, sentava frente à máquina de escrever, desapareciam os personagens de cena para surgirem os circenses, “todos atores”, ressalta.

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Meu Reino Por Um Cavalo foi o convite para Alexandre Casali decidir seu rumo. Dividiu a cena com elementos atípicos na sua prática: tecido, monociclo, fogo, malabares, trapézio. Formado na Escola de Teatro da UFBA desde 1996, a peça cintilou no ator a ânsia pela versatilidade artística através do clown – palhaço de rua e cena. Após a montagem, a vontade de aprender levou Alexandre ao Circo Picolino, onde atuou por dois anos. “Pegava a parte mais dramática e ajudava a fazer as ligações dos números”, conta. O SAPATO DO MEU TIO Em parceria com o ator Lúcio Tranchesi, Casali compôs o roteiro e estrelou O Sapato do Meu Tio (2005), dirigido por João Lima, há quatro anos. Narra a vida de dois artistas mambembes e uma carroça na estrada: o tio, palhaço experiente, e o sobrinho, aprendiz. Sem diálogos, a peça retrata a relação dos dois, solitários, felizes, tristes, raivosos, ingênuos, provocando reflexões sobre a transitoriedade da vida. Um caso de teatro-circo baiano já visto por mais de 250 mil pessoas em quase todos os estados do Brasil, apresentando-se, também, na Feira Internacional do Livro de Santo Domingo, República Dominicana, em maio de 2009. É simbólico, caracteriza Anselmo, “ali tem a essência do circo, na atuação, nos sons off, perna de pau, malabares, truques de palhaço, o circo está presente realmente dentro do espetáculo”, opina. Um elo dinâmico entre os gêneros é o que motiva descobertas. Do lado circense, os números instigam a expectativa de observar o lúdico que há no mágico, no contorcionista, equilibrista, engolidor de fogo e palhaço... Sobre os segredos do espetáculo da vida, diria Chico Buarque: Não sei se é um truque banal/ Se um invisível cordão/Sustenta a vida real. (...) Um invisível cordão/ Após o salto mortal. Bem, os atores do teatro vão atrás para saber. Querem aprimorar a prática para fazer da técnica um valor simbólico no conjunto da circunstância teatral. O intercâmbio está feito!


entrevista

Um MAmBembE... Manú Dias

educado para vencer na vida, mas, há dez anos, estudo as falhas e as derrotas. O palhaço é o perdedor feliz. Quando você vai ao circo ver um palhaço, vai ver alguém que erra, perde, é estúpido, estranho. Não significa que os palhaços não se levem a sério, mas, naquele momento, ele não está se levando a sério. Ângela fala que, quem sabe, um dia, essas pessoas que assistiram a esse palhaço vão estar em casa, fazendo papel de bobas, perdendo ou estando estranhas numa roupa e, em vez de se levarem a sério, consigam dar uma boa gargalhada de si mesmas. É assim que os palhaços evitam as grandes catástrofes no mundo, ajudando as pessoas a não se levarem a sério. Quais as descobertas e mudança de percepção sobre ser palhaço?

“Nós temos fé e crença de que o palhaço é o artista mais completo do circo”, diz Serrat, do Circo Picolino. Em Salvador, o palhaço conquistou moradia no universo de Alexandre Casali. Dez anos de pesquisa permitem ao ator reflexões sobre o clown em teoria e prática. “Foi a terapia mais poderosa e virou filosofia de vida”. Hoje, sabe que é mais palhaço que ator e, por isso, pode ser melhor ator do que antes Como unir o palhaço ao ator? A diferença entre o palhaço e o ator é que o ator, se ele tropeça em cena, esconde; O palhaço erra mesmo e o ator está querendo acertar. Ambos buscam a verdade; Mas, o palhaço é praticamente eu mesmo num estado de consciência diferente, de jogo, de brincadeira, a ponto de isso se separar de mim. É um só personagem sendo feito a vida inteira. Se fosse contar varias histórias do meu palhaço, ele seria o mesmo em várias histórias diferentes. No teatro não, sou eu me emprestando a outras lógicas, o que é hoje é muito raro num ator.

E como encontrar essa essência? Fui iniciado em 1999, mas foi em 2000 que conheci a mulher que me ajudou a desabrochar. Chama-se Ângela de Castro, palhaça carioca que mora em Londres há muitos anos e é consultora do Cirque du Soleil. Fiz, durante dois anos seguidos, o mesmo curso com ela. E ela fala uma coisa muito bonita: que todos nós fomos educados a sermos bonitos para podermos atrair alguém para casar, mas o palhaço é ridículo. Há dez anos, estudo para ser ridículo. A gente é educado para ser inteligente e, há 10 anos, estudo a minha estupidez, como ser um estúpido convincente. A gente é

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Sou um ator de 20 anos de teatro e 10 anos de carreira profissional mas, até hoje, o palhaço me leva a uma festa de aniversário. Às vezes, um lugar de gente que não dá o mínimo valor à arte. Ele me coloca em circunstâncias de muita humilhação e só vou me salvar se realmente lembrar de que sou palhaço e não que tenho um palhaço. Ator sofre com isso. ‘Pô, sou um ator, tenho 10 anos, minha peça é premiada, já rodei o Brasil inteiro, o que é que eu tô fazendo aqui?’ Aí o palhaço olha para mim: você está aqui vendo que é um palhaço e que ele ainda está na condição de desvalorização. Tem que ter coragem para ir à rua. E, se chegar perto de alguém sem ter a permissão, vai violentar aquela pessoa, e isso é quase um estupro psicológico. O palhaço é como o Rei Midas que, onde tocava, virava ouro. Onde o palhaço toca, fica ridículo. É muito forte e é isso que é o temor das pessoas. O palhaço tem que colocá-las no foco de luz para, ao expô-las, dêem um salto, na percepção de que são artistas também.


Patrícia Rollo

socialite

Bahia em São Paulo

E

quem disse que São Paulo não tem um “quê” de Bahia? Retratada em alguns cantinhos dessa imensa metrópole, muitos são os lugares onde, “de repente”, respiro Bahia, estando em plena selva de pedra paulistana. Curiosa essa sensação...

A Bahia, para mim, ecoa até hoje na voz do bom baiano Naylor de Oliveira, apresentando o programa Bairros em Desfile, pela “rádio nacional de São Paulo”, nos anos 60. A Bahia pode ser encontrada em todos os cantos e bairros da minha cidade. Da Vila Mariana, no acarajé feito “na hora” pela baiana na porta do “Amaralina”, à moqueca de camarão servida no “Bargaço”, em plena Oscar Freire. No sotaque dos trabalhadores do CEASA ou marcada no rosto de Maria Mercedes da Silva (migrada de Salvador), que

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me ajuda tanto aqui em casa. Também vejo um monte de Bahia nas praias do nosso litoral Norte. Seja no pôr-do-sol de Ilhabela e São Sebastião, seja no charme da “Praia do Engenho”, também temos aqui qualquer coisa de “meu rei”. Enfim: nessa loucura paulistana há, sim, momentos, lugares e sotaques que nos confundem, dando-nos a incrível sensação de presenciar a Bahia aqui e ali, brincando com a geografia de nossas mentes: Estado: Bahia. Capital: “São Paulo”. País: Brasil!


Av. Lafayete Coutinho, 660 Contorno . Salvador 40015-160 Bahia . Brasil Tel 55 71 3322 3520 e-mail: reservas@amadobahia.com.br

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Culinária

Baiana

Ensopado de camarão, farofa de dendê, arroz branco, vinagrete e muuuuuuita pimenta

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N

o Brasil ou no exterior, quando falamos de comida brasileira, a primeira ideia que nos vem à cabeça é a comida baiana, aquela do Recôncavo e de todo o litoral do estado. Essa comida rica, picante, variada e saborosa, herança dos africanos, que não economiza no leite de coco, gengibre e pimentas, começou a aparecer em meados do século XVIII. Nessa época, com o declínio da indústria açucareira, sobrava mão-de-obra na lavoura, o que levou muitos escravos à cidade, a fim de ajudar nos serviços domésticos. As negras foram levadas à cozinha, local de fartura, mas pouca criatividade. Conheceram açúcar, sal, alho, limão, arroz, bacalhau, carnes de boi e galinha – apreciadas pelas senhoras –, além de milho e feijão, já consumidos pelos índios. Em contrapartida, apresentaram ao paladar lusitano o gengibre, o inhame, a malagueta, o quiabo e o dendê, ingrediente emblemático para os negros e fundamental na preparação dos pratos do candomblé. Começaram a adaptar as comidas sagradas dos Orixás ao gosto dos patrões e a misturar os ingredientes disponíveis. Iguarias famosas como acarajé, caruru, munguzá e bobó de camarão, entre outras, são adaptações da comida sagrada dos orixás. O número excessivo de escravas disponíveis levou ao aparecimento das negras de ganho, que saíam das casas dos patrões com tabuleiros repletos de especialidades, como carurus, vatapá, pamonhas, canjicas, acarajés, abarás e doces, especialmente cocadas e rapaduras. Elas foram as precursoras das baianas que vemos, hoje, lindas, de saia branca e rodada, vendendo quitutes em Salvador. Assim, podemos dizer que a comida baiana é a feliz mistura do melhor de Portugal – a sobremesa e a preferência pelos frutos do mar e da Costa da África – muitos temperos, muito dendê e muita pimenta benzendo tudo.


Charlô Whately

restauranteur

Não há legítima comida baiana sem tempero

Moqueca de frutos do mar servida no tacho com temperos verdes, tomates, cebloas e pimentões

As cocadas são comercializadas pelas baianas

A cebola pode ser usada com muita criatividade

Quiabo, ingrediente fundamental do caruru

As frutas frescas são uma das farturas da Bahia

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Foto Marisa Vianna  Grupo AV

Cheia de luz, como a Bahia!

Alameda das Espatódeas  no 201, Salvador BA Tel: |71| 3272-0535

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Foto Marcelo Negromonte GRUPO AV

Bar – Restaurante – Lounge

De qualquer forma, a melhor opção Projeto Nathália Velame

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Rua Alexandre Herculano, 29 Itaigara – Salvador, Bahia Tel: (71) 3015-1650


Acontece no mundo Bahia por Dulce Melo FOTOS Dulce melo 42 Rue des Lombards, 7º

Uso este belo estado chamado Bahia de acordo com meu humor e, melhor, ele não reclama, só me retribui com muito prazer... A Bahia tem muito, para tudo e todos, com privacidade e muita natureza; luxo maior não existe, portanto, vos apresento, quando quero, por item...

O saudável Remar na Enseada dos Tainheiros, ao amanhecer, e ser banhada pelos primeiros raios de sol... Clubes de remo: Esporte Clube Santa Cruz, Esporte Clube Vitória, Clube de Regatas Itapagipe... Todos na Av. Porto dos Tainheiros!

Estrada do Coco – Km 8

Cachoeira do Roncador O sagrado Constatar e se embabascar com a beleza da natureza diante da igreja do Bom Jesus da Lapa (que é uma imensa gruta!) e a fé dos seus romeiros. É contagiante!

GULA As moquecas do Rei da Moqueca feitas por mãos e sentidos de Adalto. Ligue antes, confirme se o mestre está na cozinha; estando, se achegue e se entregue às moquecas! Não se esqueça de pedir o feijão da casa, é para pedir perdão!

Ribeira

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A aventura Pegar meu 4x4 e, com meu grupo Pau Brasil Off Brasil, enfrentar todas as dificuldades que o desconhecido nos apresenta. Junte-se a isto muita risada, carinho, cuidado e beleza, como a do Rio Paraguaçu, com as lindas e ricas cidadezinhas e histórias. O pôrdo-sol em São Francisco do Paraguaçu, defronte ao Convento é... Vá lá!... Na região de Lençóis, em época de chuvas e rios cheios, pegar uma canoinha levada pelos fortes braços de um nativo (!), silêncio total... Só a natureza fala... É assim que se passeia pelo nosso pequeno Pantanal, do Maribus até a Cachoeira do Roncador. Seja por terra, rio ou trilhas, escolha a forma de chegar até essas belezuras, mas não deixe de conhecê-las.

Rio Paraguaçu

A surpresa Andar pela cidade baixa e, no acaso que a vida nos traz, encontrar um ou uma ekedi e tomar banho de pipoca. Faz aquela limpeza de aura e nos lembra que somos baianos por natureza, por todos os cantos e povos.

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Privilégio Ter pertinho de mim, morando aqui, nossa vizinha Isis Pristed, uma pessoa que desenvolve um trabalho singular. Formada em administração de empresas com mestrado em psicologia humanística e transpessoal pela Leeds University (Inglaterra), diplomou-se em healing espiritual pelo Psykisk Center, na Dinamarca, onde conviveu por longos anos com o criador do healing. O que é healing? É ter a possibilidade de você ser o seu deus, aquele todo-poderoso que andamos catando em todas as esquinas do mundo e da vida, sempre fora de nós mesmos... Não é mágica nem milagre, é pura vivência com você mesmo. Não importa a religião ou credo, se dê a chance de viver o seu deus! Logos – Rua Samambaia, 118, Colina C – Patamares. Telefones: (71) 3367-9297 e (11) 5543-1607

O Luxo Munidos de champanhe, taças de cristal, nada descartável ou acrílico, é hora de viver a delicadeza dos detalhes. Afinal, o prazer mora onde mesmo? Pegue seu barquinho ou iate, neste caso, cuidado com o calado. Vá para Boipeba sentido Torrinhas. Um casal cria e vende ostras fresquinhas, colhidas na hora. São servidas cruas ou grelhadas, regue com azeite e, com uma boa conversa mole, brinde a vida!

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Boi Peba sentido Torrinhas

Rua Samambaia


Lição de Vida Conversar com a manicure e toda turma do salão, o manobrista, o flanelinha, o cara da banca da rua, seu Zé, dona Maria e sua vizinhança, que sentam à tarde na porta das casas na Ribeira. Muita alegria no ar, almas leves... E um sorriso na cara que levanta qualquer astral. Isso é nossa Bahia...

Rio Vermelho Via Privata Fratelli Gabba7/b Patamares

Cachoeira do Buracão – Ibicoara As lavagens Cachoeiras, corredeiras... Experimente a cachoeira do Buracão, em Ibícoara, lá pertinho das corredeiras de Rio de Contas, além de todas aquelas outras conhecidíssimas da região de Lençóis e Capão. São muitos quilômetros de costa banhada pelo Atlântico, que invadem, adentram, serpenteiam nossas encostas e nos dão de bandeja as nossas enseadas e baías. Quantas baías existem dentro das nossas três Baías? Descubra, seja baiano! Água, muita água! Lava a pele, os cabelos e, o melhor: limpa a alma! Enfrenta a água fria, é justamente isso que relaxa o corpo e mente... Você ficará nova em folha.

Lençóis & Capão

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Foto Marcelo Negromonte GRUPO AV

Eliane Ottoni deseja a você a boa energia que vem dos talismãs

villa paradoxus – paseo itaigara 2o piso |71| 3353-3604  |71| 9198-1666

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Foto Marcelo Negromonte  Grupo AV

Estrada do Coco, Km 0 Lauro de Freitas, no 1176  Telefone: (71) 3377-2777

Foto Marcelo Negromonte GRUPO A


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N

ão é preciso desbravar trilhas na Chapada para contemplá-la. Para sete dias de descanso, o contato com a exuberância mais farta da natureza e a imensidão de prazeres sensoriais, basta estar a bordo do vôo das 12 horas de todo sábado, contando cada minuto dos apenas quarenta necessários para a aterrissagem. Pode esquecer os tênis de solado 4x4, sinta-se bem de sandálias e confortáveis vestidos. Nesse clima, partimos três – jornalista, fotógrafo e produtora. Voltamos por afazeres, por saudade e com saudade, na imensa vontade de um pedação de terra fresca e terna. Mas, passou... Afinal, dos cuidados dos nativos, andarilhos e artistas de todo o mundo, o charme natural se moldou e dele já brota muito requinte. Permita o vento no rosto, com brilho no olhar, som e tato aguçado. Nos durantes dos momentos, dedique brindes! Um roteiro para degustar, se hospedar e admirar

Agradecimento Especial: Delma Alcântara, da ACVL – Associação dos Condutores de Visitantes de Lençóis

A nossa Bah

ia...

Delícia em Lençóis! Huum

!

Relaxando no Capão

tu Com D. Antônia em Iga

check in » textos tatiana dourado  » produção thaís muniz  » fotografia eládio santos Agradecemos à Trip Linhas Aéreas e à Bahiatursa

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Hotel Canto da

s Águas

A cidade

As sementes da s serras e dos campos compõ paisagismo de em um características regionais bem delimita

que passa águas do Rio Lençóis, A brisa e o som vêm das de Lençóis ade cid a ha ban e as ao lado do Canto das Àgu

dos

Ao ar livre

Para descansar

A área externa do Hotel Cantos das Águas é red uto para as massagens, relaxament os e um bom banho de sol

Com vistas para belas paisagens, como o Rio Lençóis e muito verde, os quartos oferecem variações temáticas

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A

metáfora cristalizada é um cordão bem entrelaçado de sotaques, peles queimadas, pregadas ou juvenis, pisadas em paralelepípedos e em terra, cores de íris e sorrisos, sabores típicos e ritmos, de diferentes lugares. Como toda a Chapada, Lençóis tem aura cosmopolita. Surgiu no século XIX pela descoberta de diamantes na região de Mucugê e, na transição para o XX, abastecida de minérios, até o governo francês instalou um consulado na vila para agilizar a exportação das pedras. Tombada desde 1973 pelo Patrimônio Histórico Nacional, cada lampião que pende do muro dos casarios do século XIX comporta atrativo ao turista. A nossa primeira pausa no destino nem precisou abrir as portas, pois não as tem. O checkin foi feito lá, no Canto das Águas, projeto das arquitetas Eliana Lyra e Alba Suerdieck, que obteve o selo de primeiro hotel sustentável do Brasil, em 27 de março 2009. Estruturado com paredes de pedras, madeiras reutilizadas e caiações, a arquitetura vive de intenso contato entre a natureza e a produção artística da cidade. Espalham-se tendas de massagem, de meditação e camas de leitura. Para acomodação, são cinco as categorias de apartamentos, cada qual com toque personalizado em estilo e tamanho. De lá, ansiosos pela fome, a batida foi na porta do Cozinha Aberta, a necessária experimentação gastronômica de Lençóis. Um laboratório de sabores, fundado por Débora Doitschinoff, uma paulistana viajada, de 40 anos, que se encantou pela cidade. Os ingredientes são fruto de observações em países da Europa, Ásia e em outras regiões do Brasil, com influências italianas, tailandesas, indianas e húngaras. A elaboração dos pratos segue os princípios do slow food, que prega a biodiversidade ambiental, implantada com a devida proteção das comunidades e ingredientes locais. Descansados, saímos na andança pela movimentada Rua das Pedras, até encontrar uma pequena lojinha que guarda o mundo de Jorge Pombo, 60, um violoncelista portenho de espírito desapegado que, na Argentina, ouviu falar, lá pela década de 1980, do músico suíço naturalizado baiano Walter Smetak (1913-1984). Não chegou a tempo de encontrá-lo, mas a obra de Smetak animou a prática construtivista. Desenvolve violinos, arpas, kalimba, viola de arco, marimba, bajito, berimbau sem moldar forma nem sonoridade; de padrão, só a inspiração africana. “A ideia é brincar com a música, livre de questões escolásticas”, explica-se e despede-se.

Escultor de ferro

sode escultor de ferro utilizando as Marco Ferreira iniciou a carreira Paulo. Foi São em s, pina Cam em casa sua bras do ferro velho próximo à óis do Sul e desde 2002 está em Lenç criado em Corumbal, Mato Grosso

Sem documento

Não gosta de nomes em seus móveis, que começou a criar para abastecer a própria casa em Lençóis

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Mais alguns passos adiante... Mãos à frente, para mostrar o “M” da Cultura Racional, o culto de Jotacê. Aos 75 anos, ele é um ceramista prestigiado. Tem obras vendidas para o guitarrista Jimmy Page, para o “Rei da Bélgica”, trabalhou com Emanoel Araújo e Carybé, que costumava lhe pedir conselhos. “Ele desenhava e perguntava: e aí? Um cara humilde, né? Ele era bom demais”, sentencia. Desde pequeno, na cidade Senhor do Bonfim, Jeovaldo Chaves começou a desenhar. Como no passado, os quatro filhos (dois homens e duas mulheres) criam, inspirados no pai, em cerâmica, madeira, vidro reciclado e vidro. Por isso, Jotacê e filhos atelier.

Longe da vila de Lençóis, um cacto de ferro na porta recepciona quem procura Marco Ferreira, 48. Dentro, aparatos da década de 50 decoram o “loft” que desenhou e construiu: rádio, fogão, guitarra, canecas do café, “adoro, adoro, adoro”. Marco, que diz poder “ter feito arquitetura brincando”, mexe com sucata de madeira, barro e ferro em suas artes plásticas. Mas, das matérias-primas usadas, a identidade do trabalho vem mesmo do ferro. É do que gosta e o que pratica desde 1990. “Sempre imaginava os desenhos em tridimensional”. Ele também é escultor de móveis. Mas nada de encomendas, medidas exatas... Gosta é de criar!

E a noite se encerra em clima de jazz, ilustrações de divas e gênios na parede e massa tipicamente italiana, “da melhor qualidade possível”, afirma o proprietário do Artistas da Massa, Sthefano Rassa. Com a brasileira Ruth, sua esposa, produz todas as massas do cardápio. A lasanha, o nhoque ao pesto, o ravioli mediterrâneo e o capelete de ricota são os sabores que indica. Fecha às 22 horas, “no máximo 22h15”, diz. É essa liberdade que não o faz pensar em deixar Lençóis.

Artistas da Massa Nhoque ao pesto

Cozinha Abert a

Rolinho de be

rinjela rechea

do

Mercado

Cultural, Na antiga Praça dos Nagôs, hoje nomeada Aureliano Sá, o Mercado No local, 1900. de meados em do termina foi , escravos cenário de comércio de ver, os turistas poderão conhecer a gastronomia típica da região, e o melhor: capoeira de grupos dos locais ações apresent das r participa e fotografar

Cozinha Aberta

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odell de Batata

Goulash com Kn


Jorge Pombo

muito vaidoso”. Nem parece, Lojinha repleta de espelhos. “Eu sou apego ao passado. sem ersa conv e o veste-se despreocupad

Jotacê As obras de Jotacê são se u espelho m gosto muit o da mãe n ístico, ele é atureza, an assim. “Eu jos, figuras misteriosas ”, diz.

Os pequeninos

todas as suas de Jorge Pombo, como A mini-bateria, criação em sons nem s ma for ão nem em artes, não tem repetiç

É de cerâmica As obras de Jotacê são seu espelho místico, ele é assim. “Eu gosto muito da mãe nat ureza, anjos, figuras mi steriosas”, diz.

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Pousada Villa La

goa das Cores

Comprinhas

Na lojinha da pousada, os produtos são elaborados no atelier Almazen e podem ser feitos pelos próprios hóspedes

Cheia de deta lhes. Nas port as, a dupla de confere charm guarda chuvas e e abrigo no s períodos ch uvosos

Hedonismo

Arômata da Lagoa

Filé ao molho mostarda, regado com ervas, do Arômata da Lagoa, restaurante do Vila Lagoa das Cores

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Um refúgio para as sen sações. Na pousada, 30 ha de terra para o hóspede usufru i à maneira que mais o convir


A

1.000 metros, abraçado pelo Parque Nacional da Chapada Diamantina, o Vale do Capão, pertencente ao município de Mucugê, vive da promoção do desenvolvimento humano e consciência ambiental. Arte, saúde, agricultura orgânica, mel orgânico, teatro, coral, circo, dança e ervas medicinais são atividades do local para o local, e isso significa mistura de cores e sotaques. Logo na vila do Vale, numa das casinhas à esquerda – para quem está frente às montanhas – há de se degustar o pastel de palmito de jaca, provado por mil e uma nacionalidades, cartão postal sensorial do Capão. Por isso, um Salve a Dona Dalva, 58, a inventora da famosa receita! Ela explica: “As pessoas chegavam e só queriam soja”. A capoense, então, aproveitou a jaca verde, fruto que dá “a rodo”, e a reinventou. No final, só R$ 2. Para se hospedar, indica-se a Pousada Villa Lagoa das Cores. O estresse cotidiano não permanece por muito tempo. O bosque de barbatimão, logo na entrada, está lá para isso: aliviar! Na área de 30 hectares, Marcos Monteiro, 47, e Vânia Meireles, 47, fizeram da vivência no Capão um aconchego requintado. “Recebemos hóspedes que gostam de conforto, sofisticação e com o intuito de descansar”, afirma Marcos. No cardápio de opções, há variados tratamentos de SPA, alguns especializados em pós-trilhas, outros para quem quer passar o dia em relaxamento. Inaugurada no réveillon de 2005, já no primeiro ano foi considerada a melhor pousada do Vale do Capão pelo Guia 4 Rodas e, no ano seguinte, a melhor da Chapada Diamantina. São 12 apartamentos – todos com lareira -, cada um batizado com o nome de uma erva. O clima sem fronteiras que permeia a Chapada paira sobre o restaurante italiano Casa das Fadas. Mario di Sante, 55, um italiano arredio a holofotes, mas de sorriso larguíssimo, é o proprietário e chef. Passou pela Venezuela, onde conheceu a esposa, Noralix Paredez, 42, e de lá para o Brasil. Primeiro Lençóis, depois Capão, já há 7 anos. A ensaística Artemísia, 5, filha do casal, também merece fazer parte da história, possivelmente, você vai encontrá-la e saberá o porquê. Até chegar ao restaurante, o primeiro contato é com flores e esculturas de fadas. Logo em seguida, o deslumbramento é com a vista pictórica das montanhas privilegiada pela arquitetura do lugar.

Verde sem fim

Paraísos para a observ ação da natureza foram encontrados entre a ma do Capão. A correntez ta a do Rio Preto, a vista do Morrão, a Caverna rinha e, dentre tantas da Tormais, a Cachoeira da Fum aça, a mais alta do Bra sil

Pastel de Palmito de Jaca

o, lava, limpa o visgo, Tira a casca, corta bem cortadinh sal e cheiro verde. ero, temp o cozinha e tempera. Para

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Ela fia, mané! “Para aprender foi um sufoco, queb rava toda hora e minha sogra dizia: é assim, é assim !”, lembra risonha

Oh, dona Roxa...

casa e faz, algodão no quintal de Dona Roxa tem pé de tecer a par maestria, linha bem concentrada e com

Point da Chapada

pada é a ambiente Point da Cha Rústico e acolhedor, o za piz er com de boa opção para o desejo

Sabor e A rte

Peixe de ág vinagrete ua doce, o tucun aré frito , é umas , co das inúm eras delí m farofa e cias da re gião

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N

os picos mais altos que cercam Mucugê, seis cruzes, promessas de garimpeiros por boas jazidas. Grandes, médios e pequenos casarios enfileiram-se em duas ruas principais, rodeando a praça do coreto e dão vista ao cemitério bizantino de 1888. Dizem que, em meados do século XIX, um homem foi preso cheio de diamantes, em Minas Gerais. A suspeita era de que os diamantes tinham sido roubados de Diamantina. Para provar sua inocência, trouxe uma comitiva a Mucugê e apresentou-lhes as abundantes jazidas desta terra. Nunca mais voltaram para as Gerais. Assim nasceu Vila Izabel, a Mucugê de 1855. Ailton Sérgio, proprietário de uma agência de turismo, conta que, em um ano, Mucugê recebeu mais de 20 mil garimpeiros, “chegou a ter população maior que São Paulo, na época”. Segundo ele, Londres, Vaticano e Canal do Panamá eram alguns dos destinos dos requisitados diamantes. Mucugê é também terra de semprevivas e orquídeas, de marujada e quilombada. É cenário para o Terno das Almas, oração pelos mortos, que ocorre na Semana Santa. É recanto de mistérios e discos voadores. Todos falam, muitos já viram, reza e vive lenda. “A região tem muita carga de minério, vieram muitos ufólogos pesquisar e constataram. Todo mundo viu e, quem viu, não quer comentar, porque as pessoas tripudiam. Algumas foram abduzidas, outras morreram de susto”, tenta convencer Ailton. Rebecca Serra, coordenadora de cultura do município, conta o que o padrasto dizia: “não sei se eles pousaram aqui, mas se tem um lugar no mundo em que quisessem aterrissar, seria a Chapada Diamantina”. Pausa e descanso. Para se recostar, uma opção é a casa pertencente a jesuítas no século XIX que, em 1996, tornou-se a Pousada de Mucugê. A proprietária, Juçara Gomes, 49, nascida e criada na cidade, diz que, pela fiscalização rigorosa do IPHAN, não transformou quase nada da original. Continuam os 30 quartos no cenário pitoresco, que inclui piscina, sala de TV e reunião.

Pousada Mucugê

da por Na extensão do chão de pedras de Mucugê, encontra-se a casa construí . As coloniais padrões com a decorad cidade, da jesuítas, a primeira pousada do Vale (abaixo) paisagens da Chapada se renovam sob o comando do Mariposas

Para o almoço, o Sabor & Arte é o destino. O tucunaré frito, com farofa e salada, é uma das procuradas receitas de Dona Mera, há 12 anos proprietária de um dos principais recantos da rota gastronômica de Mucugê. Mas, a maior distração da viagem é uma senhorinha de muita simpatia, risadas e prosa. Às quase 22 horas da segunda-feira, por ela a noite se estendia mais, “só um pouquinho”. Maria Gonçalves Novaes já soa até estranho, afinal, são 70 anos de Roxa, a dona Roxa. No quintal da casa, um pezinho de algodão preenche seu dia. “Fia” no fuso para dar linha e tecer os crochês e tecidos que produz. Faz isso desde os “18 para 19 anos”, diz. Com isso, aprendeu crochê e filé; “já outras costuras, não consegui, não”, lamenta-se.

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Mariposas do Vale

“É arte de antigo”, prega. Ela enrola o fio do algodão, roda o fuso e a linha se forma. Quase mágica. Dona Roxa é viúva e mora na companhia de Ativa, sua cadela fiel escudeira. De capital, só conhece São Paulo. Não teve filhos, adora Mucugê e ainda quer viver é muito!


A caverna de Enei

da Sanches

Caverna nas montanhas

. Embelezao a Machu Picchu baiana Igatu é conhecida com habitantes 380 nas ape tem pedra, da com ruínas e casa de

Os móveis antigos se integram com futtons e a coleç cadeiras Lina Bo, ão de presente de Glór ia Carvalho

Dorme aqui!

Paredes?

garimpeiros, de pedra lavrada pelos “As poucas foram feitas nante sio res imp za tre des com que tratam o material

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Para erguê-la, es tavam os pedreir os Jackson, Eugê Zelito, além do “m nio e oço dos explosiv os, Mr. Bum!!!”, re vive


CASA DA CAVERNA Não, uma toca não passaria muito tempo abandonada nas montanhas de Igatu... A morada das famílias nos tempos áureos de garimpo se transformou em esconderijo para os ativos do agito das metrópoles. Eneida Sanches, 47, arquiteta e diretora da Galeria ACBEU, contratada para projetar a casa de um cliente, conheceu Igatu e teve que voltar. Não à toa, queria um refúgio. Percorreu a mata em 2000 até encontrar a caverna e os vestígios dos garimpeiros: marca de fumaça no teto, talheres e copos. Colocou um fogão à lenha, com caldeira e chaminé de 10 metros de altura para preservar as experiências passadas. “Uma fumacinha leve sempre volta a Salvador dentro da sacola para lembrar que nem tudo que é limpo tem que cheirar a amaciante ou aromatizante de ambientes”, caçoa. Para habitar a toca, foram necessários ajustes no espaço físico interno, re-dimensionamento nos conceitos relacionados ao uso de materiais, dimensões e ambientações. “A intuição substituiu o prumo, o nível e o esquadro, e quaisquer desacerto foram computados para o charme que existe no rústico”, diz. Duas mangueiras frondosas recepcionam visitantes logo na entrada. “Num lugar como esse, o arquiteto só tem que sentar e escutar o que o espaço está pedindo”, deleita-se. No final da obra, achou uma pele de cobra entre o telhado e a grande pedra. “Tivemos a certeza que o closet havia sido definitivamente aprovado”, esbalda-se. Galeria Arte e Memória Há oito anos, Igatu é morada de um jardim de esculturas. Entre ruínas e flores, deparase com obras dos contemporâneos Calazans Neto, Eckenberger, Inha Bastos, Mili Genestreti, Bel Borba, Ricardo Teixeira e Viga Gordilho (...). Outras também se espalham no conjunto que é a Arte & Memória, galeria a céu aberto, ideia de Marcos Zacariades, 48, artista visual, em dedicação à cidade. “Igatu é um lugar que me inspira por toda a sua essência de um passado heróico do seu povo que sobreviveu a anos de abandono, além de sua paisagem e edificações em ruínas, por esta razão, merecia investimentos com um olhar novo”, comenta. São instalações, performances e vídeo-arte, unido às artes tradicionais como a pintura e o desenho. “A comunidade participa muito, principalmente nas vernissages, que é sempre próxima aos feriados”, relata Cosme Machado, 26, quem administra a Galeria.

Galeria Arte e Memória

A cada dois meses, geralmente, o museu recebe exposições que, segu ndo Marcos, “alia o virtuoso com o conc eitual”. Para um descanso, opções de crepes, café e sorvete caseiro dão gosto à fruição

Água na Boca

lma e godó

Cortadinho de pa

Café do Arte e Mem

Crepe de pres

ória

unto parma co

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m rúcula


Preta Chique

o do quilomnte a casa de artesanat Jovina, 39, posa em fre o de piqui óle oso fam s, panos, e o bola, que produz colcha

Chapéu, hav aianas e terç o no pescoço Pedro Lope ... s finge

longe vem

que o som da sanfo do rádio, m as é o tocado na que se ouve ao r nas festas da cidade

Restaurante da So

raya

Quilombo

Anoitecendo, as luzes das casas começam a acender. E o céu de poucas estrelas estampa a minguante lua em 90°

Soraya preparou a receita que inve ntou: bistecas de envoltas com ba porco, con e regadas co m cerveja preta

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D

esde sempre Eliane Queiroz via as tias bordarem na cidade onde nasceu, Tamanduá, povoado vizinho a Rio de Contas. Foi lá, aos 12 anos, que aprendeu o crivo rústico, uma das preciosidades artesanais da região. Ficou grávida aos 16, mudou-se para Rio de Contas e, belo dia, passando na Rua Barão de Macaúbas, viu a porta aberta, entrou, associou-se e, hoje, aos 30, é rendeira e funcionária da Cooperart, a Cooperativa Mista Artesanal de Rio de Contas, criada em 1968. Como Eliane, os 58 artesãos participantes são fruto da cultura. “O nosso artesanato tem muita história, foi o que segurou a economia quando acabou o ouro”, conta Zélia Trindade, 34, artesã e coordenadora do Instituto Mauá da cidade, órgão estadual que fomenta a Cooperart. Metal, madeira e couro são as matérias-primas clássicas, tendo sido suportes para as peças de montaria em época das jazidas de ouro. Atualmente, a produção se estende a utensílios domésticos, móveis, panos, colchas e almofadas. Tem o apoio do Museu do Folclore, Rio de Janeiro, outro ponto de venda. Através do Sebrae, buscam novas parcerias comerciais. Nessa, já venderam para a Tok & Stok e, por enquanto, aguardam negociações com a Le Lis Blanc. Mas, a rotina continua e, dia a dia, às 14 horas, reúnem-se para prosa e bordado. O sertão que abrigou nomes como o Barão de Macaúbas e Dr. Marcolino Moura – herói da Guerra do Paraguai -, há bilhões de anos, era mar, conta-se. Transformou-se em visíveis arenitos, conglomerados e calcários pelas atividades dos agentes ao longo do tempo geológico. Rio de Contas, criada em 1975 por Provisão Real, foi considerada a primeira cidade planejada do Brasil. Na praça, cercada por monumentos públicos e casarios nobres, o rádio de toda manhã canta; dessa vez, Gal Costa. A cidade colonial foi a vila mais próspera do ciclo do ouro. Cinco imóveis foram tombados individualmente, até em 1980 ser toda a cidade preservada oficialmente pelo IPHAN. A Pousada Rio de Contas é um desses solares do século XIX, com arcadas

Igreja Nossa Senhora de Sant´anna

Construída por escravos no séc. XIX, permaneceu em ruínas, por cerca de 50 anos, a mando de um pai que não queria que as filhas atravesassem os caminho para ir à única igreja da cida de, pois era onde dormiam os trop eiros

e cores nos vitrais. A calmaria da região amalgama-se ao clima da pousada, com mobiliário colonial. Para saciar a fome, a Rua Comendador Souza, n° 20, é o pouso temporário do Restaurante Soraya, que serve uma bisteca, envolvida com bacon e regada cerveja preta. Quilombo da Barra Parece cenário de cinema o entardecer no quilombo da Barra. O céu se remexe e nuvens quase encontram as árvores pontuais do terreno. Enquanto a lua surge, meninas brincam, senhores conversam sob a sacada, uns só observam, outros passam. Quase 200 famílias residem em casinhas desgastadas pelo tempo, construídas por mãos já calejadas com a rotina de roça. O foco do ambiente é a igreja de São Sebastião, onde um megafone é exposto do alto da torre e de lá saem avisos. Toda a movimentação da cidade volta-se

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para lá. Crianças, jovens, adultos ou senhores têm marca ancestral africano-escravocrata, embora a cultura negra - dialetos, vestimentas, cultos, danças, culinária - não seja tão acentuada. “Eu ouvia a minha mãe falando como foi criada, como era comida, as festas, como plantavam arroz, feijão, mandioca, era tudo manual”, diz silva, 51 anos. “Aqui é sossegado, é bom, faço trabalhos de roça, cocadinha, rapadura”, explica Seu Waldemar, 65. A cabeceira do Rio Brumado, que banha todo o quilombo, foi o atrativo para os sobreviventes do navio negreiro que naufragou na costa baiana próximo a Itacaré, no século XVII. Chegaram até essa área do sertão baiano acompanhando o córrego do Rio das Contas. No local, levantaram moradas, respaldados pela visão do Pico das Almas à esquerda, um dos mais altos da Chapada Diamantina, com 1.980 metros.


Pedro Campos

Moda Baiana

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iva a moda baiana! No verão 2009/10, a moda daqui estará radiante e dourada! A nossa Bahia, através da globalização, conecta seus talentos para o mundo. A futurologia é a ciência que alimenta o mercado fashion, tão eloquente quanto o financeiro, sem direito a erros. Absolutamente tudo o que acontece no mundo – automóveis, arquitetura, música, cultura jovem, bienais de arte – deve estar conectado a quem trabalha com moda. Afinal, nós antecipamos vontades e sentimentos. Acessórios, calças, vestidos, tudo é mapeado de acordo com o mercado de consumo. Um exemplo é a fast fashion, tendência-reflexo de análise diária, que possibilita o acompanhamento dos desejos imediatos e das condições socioeconômicas da população. Assim, como macromercado, que trabalha com margem de dois anos de antecipação, a minúcia na análise é perceber a evolução da sociedade. Nesse nicho, grandes nomes da moda baiana ganham espaço nas cenas nacional e internacional, sintonizando a região com o contemporâneo. Verdadeiros curadores da arte! Clima, história e cultura, próprios da Bahia, nesse charme típico, influenciam diferentes formas de uso de matérias-primas, cores e formas. Trago alguns deles. Temos uma safra de estilistas que se apresentam constantemente em passarelas nacionais do SPFW, Fashion Rio ou Rio Moda Hype, como Ursula Felix. Alexandre Guimarães, grande estilista e empreendedor, com impecável showroom no Trapiche Pequeno, expande-se pelo Brasil. A personalidade das criações do estilista Tarcisio Almeida e da renomada Luciana Galeão somam mais dois dos melhores no rol criterioso do vestuário do local para o mundo. Mas, o que é que essa Bahia tem? “Tem gente fina, elegante e sincera”, como diria Lulu Santos. Os daqui certamente têm a necessária habilidade para fazer uma nova história da moda.


Lívia Medina

moda

Pedro Campos

Bira Soares

à INÊS MARTINS É o novo nome para os fãs de joias. Na segunda coleção já arranca elogios, inclusive de Lilian Pacce, jornalista e crítica de moda. Nesta última temporada do Barra Fashion, exibiu a coleção Orquestra do Caos Urbano em parceria com Anne Marcia – revelação da moda baiana – e com Vitorino Campos. Nela, símbolos culturais tornaram-se poesia pela visão do condutor no trânsito: luzes e faróis são representados por granadas vermelhas, cristais, citrinos, em formas sinuosas e emaranhados por fios de metais nobres. Criativa e feminina, as joias tiram o fôlego de qualquer bonequinha de luxo contemporânea!

à IRÁ SALLES Há 10 anos provoca olhares dos quatro cantos do mundo com criações contemporâneas, num mix de luxo, design e cores em suas peças. Bolsas, sapatos e carteiras já estamparam as maiores publicações da moda mundial como Elle e Vogue! Formada pela Parsons School of Design, em Nova York, trabalhou com nomes consagrados como Caroline Herrera. Atualmente, estendeu sua linha para acessórios, roupas femininas, linha casa e linha bebê. A coleção 2010 anda antenada com o green moviment, utilizando madeira de reflorestamento. Essa moça chique está em todo lugar, até em Dubai!

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à VITORINO Impossível não ter na mente um vestido em maravilhoso patchwork como mostrou na coleção Antagonia, em 2008, quando ganhou o Barra Fashion Criadores. Esse baiano de Feira de Santana, criado entre o ateliê de alta costura de sua mãe e a fábrica de fardamentos da sua tia, vive moda. Aos 16 anos, abriu a VISTA-SE, sua primeira loja, na cidade em que nasceu e , aos 18, chegou em Salvador para cursar moda. Confissões é sua coleção do verão 2010, dá luz à mulher que mata o amor e livra-se de sentimentos prisioneiros. Para apresentar o enredo, traz looks em preto total e transparências.


Foto Marcelo Negromonte GRUPO AV

Alameda das Espatódeas, 300 – Caminho das Árvores Salvador - Bahia - CEP. 41820-460  Tel.: (71)3341-6881 / 3341-8598

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Thaís Muniz

cool hunter

Ê baiana!

T

irando de cena os famosos bolinhos de feijãofradinho fritos no dendê, a personagem do Birô de Estilo desta edição é uma baiana totalmente cosmopolita e avant-garde. As saias brancas de renda deram lugar a um maiô de alta costura igualmente volumoso. As contas e penduricalhos se renderam à pulseiras em forma de mola com um design ousado, e o tradicional turbante se transforma em um moicano-palmeira à la André Lima. Dourado e palha natural com pinceladas de branco levam sofisticação ao tabuleiro da baiana.

Foto  Estudio Gato Louco Produção de moda  Thaís Muniz Make & Hair  Josiana Azevedo Agradecimento  One Models Bahia Modelo  Laura Pimentel

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Sofá Boutique Jester Com o conceito de sofá nu, a linha Boutique, de Marcel Wanders, facilita a troca de ‘roupa’ do móvel, com ‘trajes’. Na foto, a estampa Jester Micasa – São Paulo, SP

Luminária Brave New World Homônima ao romance de Aldous Huxley, ao álbum do Iron Maiden e mais uma porção de coisas, a luminária Admirável Mundo Novo (tradução) é extremamente engenhosa e linda! Feita de pequenos fragmentos de bambu, foi desenhada pela Freshwest para a Moooi

Relógio Soft Clock O Soft Clock é uma graça. Mas, o interessantíssimo é que é produzido através da imersão de tecido em cerâmica líquida. Esse foi desenhado por Kiki van Eijk para Moooi Micasa – São Paulo, SP

Micasa – São Paulo, SP

Louis Vuitton Gina Esculpido à mão, os óculos Gina, de Louis Vuitton, têm pegada vintage sofisticada. A ponta das hastes tem detalhe que, em metal dourado, remete às dobradiças dos clássicos baús Louis Vuitton – São Paulo, SP

Crinoline Desenhada por Patrícia Urquiola, a poltrona tem um espaldar alto, tramando flores e arabescos em fibra natural. Essa opulência branda lhe confere ares de fábula encantada: ideal para áreas externas Home Design Casual – Salvador, BA

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Kinks and Curls Feito fatias de vime, o pendente, cujo nome refere-se a cabelos cacheados, já foi exposto até em galerias de arte da sua cidade natal, Manila, nas Filipinas www.accessoriainc.com


Lustre Nike Mid Gladiator Hibrido de sandália tênis,XIX para o século XXI, este lustre em Do eséculo com inspiração nos calçados opalinada rosa e cristal Baccarat é uma relíquia do Roma antiga, a marcaantiquariato lançou o francês modelo Mid Gladiator com a proCaloula Antiguidades_ Salvador, Ba posta de calçar a mulher elegante www.colette.fr

Arte escultórica Feita em latão, com forma orgânica, a escultura sem título, datada de 2009, é do modernista baiano Mario Cravo Junior Rita Camara Home Gallery Salvador, BA

Daisy Marc Jacobs Um elegante frasco de cristal, robusto e transparente, coroado por alegres margaridas, que parecem florescer da arredondada tampa dourada. Esse é o Daisy, perfume de frescor natural de Marc Jacobs

Clock A designer de jóias Inês Martins é baiana e se inspirou nas fitinhas do Senhor do Bonfim para desenvolver o monumental relógio-balangandã, que traz a inscrição Lembrança do Senhor do Bonfim da Bahia

Marc Jacobs – São Paulo, SP

Inês Martins – Salvador, BA

Cama para pet Disponível em três tamanhos, o gracioso móvel alia palha natural importada ao couro, sendo a parte interna de pele sintética. Um mimo!

Spoon Lounge O Studio PIE produz móveis de design no conceito eco-friendly. Usa matériasprimas como cipó, bambu e polietileno reciclado, como a chaise Spoon Lounge

www.sierra.com.br

www.projectimportexport.com

Cadeau Como um laço de fita, a bolsa Cadeau é mais uma criação de Mr. Louboutin. Em couro envernizado, tem um gracioso fecho de metal em forma de sapatos, Não está disponível na Christian Louboutin do Brasil www.christianlouboutin.com

Notebook Asus Anunciando nova era na utilização de materiais para design de notebooks, a Asus lançou o Bamboo Series, que confere um sentido tátil mais orgânico e eficiência energética de maior durabilidade www.asus.com

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Vestido – Ursula Félix Jóia – Carlos Rodeiro Vestido – Tarcísio Almeida Jóias – Eliane Ottoni Sapatos – Raphaella Booz

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A Bahia tem um jeito

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ordada de sensualidade ela vai subindo ladeira qualquer, feito poesia Jorginiana, torcendo dorsos, furtando olhares... eles tantos só para ela. Amados, Caymmis e Gilbertos apaixonados, anunciando sua malemolência. Mas é que a baiana tem mesmo um jeito, um dengo. Uma mistura “picante, mas saborosa”, que vem desde muito ontem e vai incorporando pitadas de um novo hoje. As Novas Baianas são assim, nostalgicamente contemporâneas. Têm saia engomada, ainda têm. Sandália enfeitada têm também. E têm sofisticação como ninguém! Discretas elas não são nem de longe. Exuberantes sim, sempre! Mas, com classe. Porque aqui, ser elegante é exceder o ordinário.

por nyala cardoso edição de moda almir jr. & marcelo gomes fotografia  michel rey

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Blusa – Iuri Sarmento Corpete – Fábio Sande Saia – Sonia Fiminella Jóia – Carlos Rodeiro Sapato – Arezzo


Vestido – Luciana Galeão Sapato – Carrano Jóia – Eliane Ottoni

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Vestido – Márcia Ganem Adereço – Vitorino Campos Jóia – Felissa Vestido – Vitorino Campos Jóia – Eliane Ottoni

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Vestido – Jorge Nascimento Sapato – Raphaella Booz Jóia – Carlos Rodeiro

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Colete e vestido – Iuri Sarmento Jóia – Carlos Rodeiro

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Vestido – Ursula Félix Jóia – Carlos Rodeiro


Túnica – Ana Bitencourt Vestido – Tarcísio Almeida Saia tule – Acervo Sapato – Raphaella Booz Jóias – Carlos Rodeiro e Francesca Romana Diana

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Ficha técnica Modelos – Indira Carvalho (One Models) e Jasmine Pinheiro (MEGA) Beleza – Ricardo Brandão Tratamento de imagens – Rodrigo Andrade


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A cara dela Além da expressão “Me Mate” já ter se tornado marca registrada de Gil, sua fixação por acessórios também participa de sua identidade

Prada Flip Flop Companheira inseparável de festas, basta os pezinhos reclamarem pra Gil elegantemente descer do salto e ceder ao conforto

conceito close

Gil Santos Elétrica, como quem caiu em uma piscina de energético, e com o sorriso largo, a baianíssima Gil Santos é uma mulher de personalidade marcante. Única mulher entre cinco filhos, Gil ornamenta e produz festas para ninguém botar defeito. É produtora executiva, além de braço direito do homem da moda no Brasil, Paulo Borges, amizade que segue por aí há mais de 10 anos. Mas isso já é outra historia... Gil nos recebeu para mostrar uma pitada do seu universo POR  thaís muniz  foto e still estúdio gato louco

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The fashion on the table Assinado por Paulo Borges e Giovanni Bianco, O Brasil na Moda traz 31 capítulos com entrevistas, verbetes e fotos que traçam a trajetória da moda brasileira desde 1958. O livro foi lançado em 2003 e Gil adora


Marc Maxi Adepta às maxibolsas, essa Marc Jacobs é a preferida de Gil porque, segundo ela, “cabe tudo aí dentro” Vestida com as armas de Jorge Devota de São Jorge, a sala da casa de Gil é agraciada por essa tela de quase 2 metros do artista mineiro Iuri Sarmento

Inseparáveis Mulher de contatos, a comunicação é uma arma que nunca pode falhar, portanto: “Celulares, pra que te quero?”

Ovo design Desenhada pelo arquiteto e designer Arne Jacobsen, em 1958, a poltrona Egg é um clássico do mobiliário moderno. Conforto e sofisticação!

Pisando em joias Bordada em paetê no salto e com o design em strass na frente, Gil ganhou uma joia para os pés. Presente de aniversário do amigo Paulo Borges

Colecionadora de Odores Exigente nos aromas, Gil faz coleção de perfumes, mas o seu preferido é o Burberry Brit, da Burberry

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Amarrotada? Nunca! Sempre viajando, Gil não deixa nunca de levar seu miniferro de passar para onde quer que ela viaje


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Publi-conceito

Especial 40 anos textos simone seara textos simone seara

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Antônio Caramelo Vida dedicada à profissão

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ntonio Caramelo Vasques, 62, baiano, casado há 45 anos com D. Iara e pai de três filhos – Mila, Frank e Davi – nasceu em Salvador no dia 13 de junho, dia de Santo Antônio – daí o porquê de seu nome de batismo. Filho primogênito de imigrantes espanhol e português, formou-se em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (FAU-UFBA) e atua, há quase 40 anos, no segmento, durante os quais executou mais de mil projetos em todo o Brasil e fora do país. A trajetória deste baiano poderia ser resumida nas nove linhas acima para aqueles que não o conhecem. Mas, quem já teve o prazer de conviver com Antonio Caramelo, sabe que uma tarde de prosa é muito pouco para ouvir as histórias curiosas e um tanto inusitadas deste homem que dedicou a vida à arquitetura com a inteligência e a sensibilidade de quem tem doçura até no sobrenome. Enquanto a maior parte das crianças sonha em ser astronauta ou aeromoça na vida adulta, ele nunca esboçou dúvidas sobre o caminho que seguiria, mesmo com a resistência de seu pai, comerciante nato. Implacável, o espanhol Eduardo chegou a advertir o filho de que ele seria expulso de casa, caso não fizesse o vestibular para Engenharia. Dito e feito. Aprovado no curso de Arquitetura, Caramelo prontamente arrumou as malas e saiu de casa em busca do sonho de projetar. Por quase oito anos, morou no escritório do seu padrinho na Arquitetura, Ronald Lago. De dia, atendia os clientes na pequena sala que, à noite, transformava-se em dormitório. Foi assim que começou a dar seus primeiros rabiscos no papel manteiga, na década de 70. De lá para cá, Caramelo ultrapassou as mudanças na economia nacional, persistiu entre a evolução dos estilos arquitetônicos e participou da transformação de Salvador – que passou de cidade litorânea a metrópole – alçando vôos a outras capitais do Brasil. Após 30 anos, continua no mesmo prédio de três andares, situado em uma grande avenida que liga a orla de Salvador a uma avenida de vale. Caramelo costuma dizer que lá é a sua morada e a casa é o lugar para visitar a família. A brincadeira reflete que o trabalho que escolheu é um lazer e não obrigação. Foi assim que chegou a passar onze dias dentro do escritório, trabalhando em um projeto sem ver a luz natural! Certa vez, ao chegar em casa, ouviu de seu filho Frank, na época, com cerca de oito anos, a seguinte frase: “Papai, você ainda mora aqui?’ A partir desse dia, Caramelo diz que procurou reduzir as viagens e a não trabalhar mais nos fins de semana. Mas, a promessa não durou muito tempo! No entanto, a família entende Caramelo e apóia a sua intensa rotina. “Antes de casar, chamei minha esposa e disse que faria uma revelação. Ela ficou com os olhos arregalados quando confessei que tinha uma amante e que, mesmo casado, continuaria mantendo essa relação extraconjugal. Ela quase cai dura! Logo respondi que o nome dessa amante era Arquitetura e que por ela teria de abdicar o horário de voltar para casa, dos fins de semana e tudo o mais que fosse necessário”, recorda.

Antes de casar, chamei minha esposa e disse que faria uma revelação. Ela ficou com os olhos arregalados quando confessei que tinha uma amante e que mesmo casado continuaria mantendo essa relação extraconjugal. Ela quase cai dura. Logo respondi que o nome dessa amante era Arquitetura e que por ela teria de abdicar de horário para voltar para casa, dos fins de semana e tudo o mais que fosse necessário Antônio Caramelo, 62, arquiteto

Caramelo costuma contar histórias a quem possa interessar, com toda bossa e poesia, o que, aliás, é um talento que também costuma desenvolver quando escreve sobre projetos. É dele frases como: “No ofício diário da arquitetura tentei criar sempre espaços que emocionassem, assim como emocionam os edifícios desenhados pelo sol”; ou então, “Quero, em cada projeto, utilizar todas as possibilidades que me permitam amanhã ler o mundo de hoje”. A sensibilidade de Caramelo para as artes permeia a música. Na época de faculdade, ele e um colega de turma compuseram diversas músicas para concorrer no extinto Festival Universitária da UFBA. Uma das canções ficou entre as finalistas e, se o prêmio dependesse do entusiasmo da família do arquiteto, no gargarejo, ele teria ganhado o título, que não veio. A experiência valeu a pena pelas boas recordações e pelos intermináveis ensaios na casa do amigo e mestre de obras Bossinha, na Vila Ramos, Federação. Longe dos palcos, a música é presença constante em sua vida. No escritório, há dezenas de CDs de diversos gêneros, sobretudo jazz e bossa nova – trilhas sonoras preferidas durante as intermináveis sessões de rabiscos. Isso, sem falar nos livros e revistas, cuidadosamente organizados e que ocupam armários e bancadas de sua sala de trabalho. Multicoloridos, eles trazem uma profusão de assuntos relacionados à Arquitetura e às Artes, fonte de ins-

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piração recorrida constantemente para desenvolvimento de projetos, como o Multiplex Iguatemi, o primeiro do Norte/ Nordeste; o Cemitério Jardim da Saudade, que inclui o primeiro crematório do Norte/ Nordeste; a primeira residência ecológica de Salvador; um dos primeiros complexos multiusos da capital baiana; além de shoppings, residências, centros comerciais, restaurantes, clínicas, agências de viagem, entre muitos outros. É dele e do saudoso arquiteto e professor Diógenes Rebouças as urbanizações do Caminho das Árvores e de Vilas do Atlântico. É de sua autoria, também, o projeto do Porto Seco Pirajá e todas as lojas do grupo Perini, cujo conceito de delicatessen foi trazido por Caramelo para Salvador há quase trinta anos. Da prancheta desse baiano já saíram mais de 1000 projetos, muitos deles premiados, a exemplo do condomínio de alto luxo Vale do Loire, da Odebrecht. Também festejado, o complexo multiuso Salvador Prime, do grupo espanhol Syene/COPASA, rendeu ao arquiteto, pela segunda vez, o Prêmio Ademi – Arquiteto do Ano. O tricampeonato, esse ano, vem com o projeto do novo bairro Horto Bela Vista, da JHSF. Excelência nos detalhes Uma peculiaridade conhecida de Caramelo é a organização. Ele anota tudo o que precisa fazer na agenda, estipula metas, organiza todos os projetos em pastas e nunca vai embora do escritório sem antes retornar todas as ligações recebidas. Café sempre pingado com leite e os chás, de todo tipo, são seus companheiros inseparáveis, desde que não estejam perto de suas plantas, que são desenhadas artesanalmente em papel manteiga. Sim, todos os projetos nascem na prancheta desenhados à mão e só depois vão para o AutoCad (programa utilizado para desenhar projetos). Na sua mesa, nada de computador, impressoras, fax ou telefone. Apenas papéis, revistas, lápis de cor, hidrocor, lapiseiras, um escalímetro de estimação e a imagem de Santo Antônio, para quem esse filho devoto ora todas as manhãs antes de começar mais um dia de trabalho.

Há 30 anos Caramelo reúne todas as suas referências, entre livros e pranchetas, no mesmo lugar

Caramelo e sua esposa Iara, que o acompanha e o incentiva nesta grande jornada de 40 anos

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Projetos marcantes Caramelo se faz mutante a cada projeto. De edifícios residenciais e comerciais, bancos, clínicas, delicatessens, cinemas, livrarias, hotéis, porto seco, cemitério parque à urbanização de bairros inteiros. Caramelo passeia em diversos segmentos alheio a rótulos

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uatro décadas se passaram desde que Caramelo riscou o primeiro traço no papel. Como é possível continuar atual, moderno, surpreendente? A resposta é simples para esse arquiteto sonhador. “Não existe uma fórmula do sucesso, e sim, muito amor ao que se propõe fazer na vida”, afirma. Para o arquiteto, grande exemplo foi o colega e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFBA Diógenes Rebouças, sua primeira influência na profissão. “No terceiro ano de arquitetura, fui aluno de Diógenes Rebouças durante dois anos. Uma pessoa que realmente me ensinou a pensar como arquiteto. Geralmente, quem faz arquitetura é afeito ao desenho, que pode nos levar a várias direções, dentre elas, à arquitetura. As minhas noções de pósdesenho vieram dele, que tinha a formação de agrônomo, mas já nasceu arquiteto. A arquitetura não é uma profissão que se escolhe, você é escolhido por ela”, exprime Caramelo. Para ele, é preciso ter muita dedicação, doação e altruísmo para seguir adiante, pois, se fosse possível antecipar as agruras desta profissão até se chegar ao sucesso, as pessoas desistiriam antes. “E por que não desistem? Porque quem nasce para ser, e quer ser, não desiste. É preciso anos de dedicação e muito trabalho para saber se realmente é um arquiteto”, conta Caramelo, que diz nunca ter sabido onde iria chegar, mas aprendeu a sonhar o impossível para fazer o possível. Perguntado como se vê daqui a 40 anos, Caramelo para de gesticular por um instante, pensa e responde, sem hesitar, que não consegue fazer outra coisa que não seja a arquitetura. “Não quero ser uníssono nem monocórdio. Não quero ser chato. Quero pintar quadros únicos com a mesma tinta e tirar todos os sons dessa mesma corda. Isso é o futuro no presente e o presente no futuro. Tentarei estar em todos os lugares ao mesmo tempo”, profetiza.

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Capa da Arquitetura & Construção, até hoje é case de estudo dos estudantes de arquitetura pelo caráter arrojado na implantação do terreno

Passarela sob espelho d´água dá acesso ao crematório Jardim da Saudade

A transparência foi adotada para permitir uma visão ampla da livraria

Mutiplex Iguatemi ocupa três níveis do Shopping, com 12 salas de projeção

A Perini da Pituba é outro projeto assinado por Antônio Caramelo

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Morada das Águas, um empreendimento do grupo português Imocom, consiste em prédios em um condomínio permeado pela exuberante natureza

Mercado imobiliário baiano ganha novos horizontes Empresas estrangeiras aportam na Bahia. Espanhóis e portugueses alavancam investimentos de peso no Estado com a construção de imóveis de alto padrão

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epois de atuarem no velho continente com muito sucesso, eis que nossos vizinhos estrangeiros atravessam mais uma vez o Atlântico, como nos idos de 1500 fizeram os espanhóis Francisco de Orelana e Pinzon, além de portugueses, holandeses e franceses. Só que, agora, através de modernas tecnologias e experiências conjuntas, para construírem sólidos relacionamentos e parcerias empreendedoras nas áreas da construção civil e imobiliária. Tais laços comerciais vêm se fortalecendo nos últimos anos, quando o mercado imobiliário baiano recebeu investimentos consideráveis de grandes incorporadoras e construtoras, sobretudo espanholas e portuguesas, que têm se voltado para a construção de empreendimentos imobiliários de alto padrão nos segmentos residencial, corporativo e turístico.

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Últimos lançamentos Mergulho nos mais recentes projetos do arquiteto. De residenciais aos grandes complexos imobiliários, alguns deles premiados pela ADEMI-BA, a exemplo do condomínio Vale do Loire, do complexo multiuso Salvador Prime e do novo bairro Horto Bela Vista

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gente nasce muito parecido uns com os outros se adotarmos uma visão generalista. Você começa engatinhando, consegue ficar em pé e depois finalmente anda. Uma vez que aprendemos a andar, não queremos mais engatinhar e sim conhecer lugares novos, sair, viajar, literalmente, ficar fora de si. Chamo isso de viver o todo. Eis a razão de eu não apreciar a fase em que estava engatinhando. Por isso, quero sempre mostrar meus últimos trabalhos, porque são esses que carregam minha consciência do agora”, afirma Antonio Caramelo.

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O tra莽o pr贸prio do arquiteto inova sem modismos, a exemplo do empreendimento Premier Tower

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Elegance Garibaldi, condomínio clube com moderna qualidade de infra-estrutura. Caramelo reuniu estilo e tradição na concepção deste projeto

A Perini da Graça tem área construída de 4.296 m2. O arquiteto, mais uma vez, inovou utilizando materiais como o revestimento alucobond

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Projetos arquitetônicos trazem melhorias sociais e ambientais Ter consciência e responsabilidade do impacto que será causado com a implantação de um empreendimento faz parte da ética profissional dos arquitetos

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cuidado com os impactos no entorno, com o fluxo de veículos na região de implantação do empreendimento, a aplicação do conhecimento técnico, para aproveitar a iluminação natural nos ambientes, os recursos hídricos, com a captação de água pluvial, a especificação de materiais não poluentes, reciclados e que proporcionam ganho no consumo e reduções nos gastos são itens fundamentais para manutenção não só do entorno, mas da vida humana. “Vejo com muita alegria o mundo dando as mãos em torno de uma questão de maior relevância. São tantas as evidências dadas pela natureza de que é chegada a hora do homem se repensar e ser um pensante coletivo, pois não cabe mais a individualidade e a mesquinhez do conforto alienado”, diz Caramelo. A aplicação da teoria na prática acontece de maneira natural em todos os projetos desenvolvidos pela Caramelo Arquitetos. Um dos maiores exemplos da contrapartida dada à sociedade aconteceu com o projeto de urbanização do novo bairro Horto Bela Vista, que está sendo construído pela JHSF no Acesso Norte. O projeto de Caramelo, que rendeu ao arquiteto o Prêmio Ademi 2009 – Arquiteto do Ano, possibilitou modernização de todo o sistema viário da região, melhorando a qualidade de vida de quem trafega pelo local e, principalmente, dos moradores. “Em cada projeto, busco enriquecer e tornar sustentável não só o empreendimento, mas todo o entorno físico e humano, infra-estruturando e oferecendo condições para que se realize a sustentabilidade social, vez que a ambiental deixou de ser um luxo ou marketing – como já foi outrora - para ser uma condição inegociável para o projeto se fazer moderno, atual e responsável”, afirma Caramelo, que acredita plenamente no pensamento de que “o homem é uma célula da coletividade e, como tal, tem que se entender como todo e não como parte”.

Um dos maiores exemplos da contrapartida, o novo bairro Horto Bela Vista

Vejo com muita alegria o mundo dando as mãos em torno de uma questão da maior relevância. Até mesmo porque, são tantas as evidências dadas pela natureza de que é chegada a hora do homem se repensar e se tornar um ser pensante coletivo, que a individualidade e a mesquinhez do conforto alienado não é mais cabível

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Antônio Caramelo, 62, arquiteto


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Inclusão digital Ferramentas digitais e redes sociais em um escritório de arquitetura. É a evolução digital, que invade a Caramelo Arquitetos. Quarenta anos depois, a prancheta e o papel manteiga ganham aliados potentes na divulgação de projetos e interação com outros profissionais ligados ao segmento

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ssim como qualquer outra empresa do mercado, a Caramelo Arquitetos sentiu a necessidade de andar de mãos dadas com os avanços tecnológicos e investiu recursos na troca de grande parte dos equipamentos por lançamentos modernos. Paralelo à infra-estrutura, surgiram dois novos setores no escritório, antes resumido às áreas de Produção e Produto, que são os setores de Comunicação e Tecnologia da Informação (TI). Juntos, estes núcleos foram os responsáveis pela inclusão digital da Caramelo Arquitetos, que passou a produzir uma newsletter mensal enviada a todos os clientes, parceiros e fornecedores com notícias sobre

projetos, últimos acontecimentos e novidades do segmento. Um novo site, interativo, rápido e arrojado também foi desenvolvido ao longo do último ano e, logo mais, substituirá o que está no ar. Entre as novidades, a página possibilitará aos seus usuários a visualização dos projetos em 3D, o download de arquivos em PDF com plantas, entre outras comodidades. Não obstante, o escritório fez o debut no Twitter em abril desse ano. Os avanços tecnológicos não pararam por aí. O setor de TI vem aprofundando seus conhecimentos na área da Realidade Ampliada (RA), segmento da Computação Gráfica (CG). A equipe de arquitetos, designers e programadores da Caramelo Arquitetos, liderados pelo também arquiteto Frank Caramelo, tem desenvolvido os mecanismos que possibilitam a visualização dos projetos através da Realidade Ampliada. A tecnologia mistura o ambiente real ao virtual através de um simples “marcador” impresso numa folha de papel. Ao colocar o marcador no campo visual da webcam, ligada ao computador, o objeto, codificado no impresso, toma corpo e parece “sair” da tela, como uma holografia digna dos episódios de Guerra nas Estrelas. E olha que só estamos falando de um escritório de arquitetura...

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Duas assinaturas que fazem do Salvador Prime um grande sucesso: Syene e Caramelo.

Salvador Prime. Seu 1 ou 2 suítes com mais de 50 itens de lazer, localização privilegiada e projeto arquitetônico de alto padrão de Antônio Caramelo. • Qualidade de acabamento:

Fachadas revestidas de alumínio composto, que além de extremamente resistente, garante beleza, valorização e acabamento de alto padrão.

• Diversidade:

Apartamentos residenciais, flats, salas empresariais e um mall com lojas e serviços. Tudo em um só endereço.

• Localização:

Na Avenida Tancredo Neves, ao lado do Salvador Shopping, no novo centro financeiro da cidade, e perto de faculdades, praias, lazer e entretenimento.

Vendas:

(71)3535-0006

• Obras iniciadas:

As obras do Salvador Prime já estão a todo o vapor. Já foram investidos mais de R$ 25 milhões e os trabalhos estão acelerados.

• Opções de planta:

O Salvador Prime oferece uma série de opções de planta para você escolher a que melhor se adequa as suas necessidades.

• Condições de pagamento e financiamento:

Condições superfacilitadas para todos os clientes e a segurança de uma das maiores instituições financeiras do país: a Caixa.

Comercialização

www.salvadorprime.com.br Financiamento:

Realização:

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Em conformidade com a Lei 4.591/64, as perspectivas, equipamentos, móveis e utensílios deste anúncio são meramente ilustrativos. Registro de incorporação: nº 91.468 do 3º Ofício do Registro de Imóveis e Hipotecas de Salvador/BA. Por motivos técnicos e/ou processos construtivos, poderão ocorrer algumas modificações quanto às dimensões e/ou layout. As condições de comercialização de cada unidade constarão nos contratos a serem firmados com seus adquirentes. CRECI/PJ 1063 Brito & Amoedo, CRECI/PJ 828 Ponto 4. CREA 27881D - Jealva Ávila Lins Fonseca.


Tudo sobre a nova sede da Caramelo Arquitetos Num terreno bem próximo ao endereço atual, será erguido um moderno prédio de três pavimentos cujo diferencial é o foco voltado para a sustentabilidade, com a utilização de materiais certificados, reciclados e que possibilitam controle e redução de consumo

O

projeto vem se desenvolvendo há um ano pelo arquiteto. A preocupação com a transparência dos ambientes, com a utilização de iluminação natural e espaço para o verde foi uma constante desde o primeiro traço. O principal objetivo é fazer da nova sede um alinhamento com as crenças da Caramelo Arquitetos: conforto, praticidade, economicidade e humanização dos ambientes de trabalho. Para tanto, Caramelo vem estudando, ao longo dos últimos anos, materiais ecologicamente corretos para especificar cada item de acordo com a filosofia sustentável. Desde o início, o arquiteto contou com o apoio de uma assessoria voltada à certificação do escritório de arquitetura que, ao que tudo indica, será o primeiro da Bahia a obter o Selo Verde através do Green Building Council (GBC). A consultoria buscou orientar a escolha de materiais certificados para todos os ambientes internos e externos. Entre eles, o destaque fica

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com a estrutura do projeto, metálica e construída no sistema steel-deck, consumindo o total de 100 toneladas de aço especial Sac-300 e laminados ASTM A-572. A fachada do prédio será inteiramente de vidro Guardian Royal Blue 40, de controle solar e eficiência energética e, o pórt-cochère, em aço tratado na cor branca, terá revestimento de vidro Sunguard. Todos os ambientes internos e externos terão luminárias em LEDs, da Philips. Os pisos serão porcelanatos reciclados da Gyotoku e da Atlas. As áreas molhadas (sanitários e copa), por sua vez, contarão com revestimento em pastilhas Gyotoku Ecoglass, de vidro reciclado e características antibacterianas. A estrutura de piso elevado Remaster também segue os preceitos da sustentabilidade, sendo constituída de um plástico de alta resistência, o polipropileno, por onde passará o cabeamento de fibra ótica blindada da Furokawa. Visando a redução significativa do consumo de energia,

serão instalados elevadores inteligentes da Thyssenkrupp TK-5100, com controlador lógico programável, que não possuem casa de máquina nem engrenagem. O mesmo acontece com a telha dupla de alumínio com poliuretano injetado, que permite a redução da carga térmica e acústica. O forro em placas Remaster de 62,5x62,5cm, perfuradas em alumínio, é livre da emissão de gases voláteis, na sua maioria constituídos por fenoldeídos, nocivos à saúde. A cobertura contará com placas fotovoltaicas para aquecimento de água de lavatórios e copa. Haverá captação e tratamento de água pluvial para uso geral, assim como tratamento de águas cinzas para reuso. A preocupação com o desperdício de água está sanada com a instalação de torneiras Docol linha Stillo, com arejador, volante ergonômico, pastilha de vedação cerâmica e registro regulador de vazão. As válvulas de descarga também trazem registro de vazão integrado, podendo ser operadas para redução do nível pelo usuário.

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É a somatória de todo aprendizado, de anseios e expectativas gerados com o propósito de produzir uma estrutura física e pessoal que permitisse a elaboração de projetos mais completos, mais consubstanciados, com maior rigor e atualização técnica, sempre dotados de ousadia, modernidade e irreverência, na busca de surpreender o cliente fazendo o novo de novo sempre.

Quais são as novidades que o novo escritório trará? Além da certificação de nosso escritório, do uso de materiais ecologicamente corretos e de baixo consumo e alta performance, digo que as novidades poderão ser vistas na organização interna com a incrementação dos setores de Tecnologia da Informação (TI) e de Comunicação, além da criação de novas áreas, tais como Marketing e Publicidade, Design de Produto, Paisagismo, Recursos Humanos e Comercial. Este último ficará responsável pela atualização do cliente com relação aos produtos e serviços oferecidos, acompanhamento pósentrega, análise qualitativa e funcional dos projetos executados e prospecção de novos negócios.

Como foi ser cliente de você mesmo? Desconfortável, a ponto de me cobrar sempre o melhor, o mais surpreendente, o diferente, o inédito. Contudo, acho possível me surpreender com o que fiz. Afinal, sempre começo um projeto sem saber o que vou fazer. As informações vêm com o local, o terreno, a vizinhança e o cliente.

E a área de projetos? Vamos implementar um sistema contínuo de capacitação interna através de cursos, palestras e workshops com convidados nacionais, possibilitando a formação profissional de novas equipes de arquitetos para atuar no escritório. Faremos, também, o intercâmbio através de parceria com empresas fornecedoras de produtos e insumos, buscando a atualização da equipe em relação às inovações técnicas produzidas pelo mercado em todas as áreas a serem especificadas no projeto arquitetônico. O que representa a nova sede da Caramelo Arquitetos para você?

O projeto da nova sede traduz todas as suas crenças arquitetônicas? Não fiz do meu escritório um protótipo de arquitetura para impactar as pessoas. O que fiz é o que faço sempre, um projeto que atenda ao propósito, caiba nas necessidades do cliente e tenha uma linguagem atualizada e surpreendente, que mostre sempre minha inconformidade em relação a tudo o que eu possa ter visto. Esse projeto te emociona? Me faz sonhar.

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A estrutura de piso elevado Remaster também segue os preceitos da sustentabilidade, sendo constituída de um plástico de alta resistência, o polipropileno, por onde passará o cabeamento de fibra ótica blindada da Furokawa. A cobertura contará com placas fotovoltaicas para aquecimento de água de lavatórios e copa. Haverá captação e tratamento de água pluvial para uso geral, assim como tratamento de águas cinzas para reuso

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O despertar

de uma nova consciência O planeta dá seus alertas de que não é mais como antes. Catástrofes naturais e alterações climáticas passaram de exceção à regra e os escritórios de arquitetura percebem que não dá para continuar projetando sem responsabilidade

“A

sustentabilidade e seu significado entraram na minha cabeça no dia que percebi que os recursos naturais renováveis estavam limitados e poderiam faltar não só para as futuras gerações, mas para todos nós. É tão visível a aceleração das reações da natureza. O planeta e nós testemunhamos todos os dias a freqüência de cataclismos de efeitos devastadores. Essa consciência, por sua vez, vem da vivência e da maturidade, não se aprende no banco da faculdade”, relata Antonio Caramelo.

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e a Transportadora Billato parabenizam o arquiteto Antônio Caramelo pelos 40 anos de muito sucesso!

Projeto:

Transporte:

Realização:

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Fachada:

Black Mouse

A Celi e a Gemec juntamente com a Cerâmica Atlas


Paredes Termo/Acústicas

Vidro Redutor de Carga Térmica

Painéis Solares

Total Estrutura Metálica

Paredes em Gesso Revestido

Cabeamento em Fibra Ótica da Furukawa

Elevador Verde s/ Casa de Máquina Synergy + Grife Amazon Flexível

Pisos em Porcelanato Reciclado Gyotoko sobre Piso Removível Reciclado Remaster

CARAMELO ARQUITETOES ASSOCIADOS

UMA SEDE TOTALMENTE SUSTENTÁVEL 182

Tubulação em


m Polipropileno

Sistema VRV para Ar Refrigerado Hitachi

Reservatório em Fibra de Vidro p/ Água Potável Fortleve

Telhas Sanduíche Metálica c/ Redutor de Carga Térmica

Claraboias Laterais na Cobertura em Vidro Térmico Sunguard

Forro Termo/Acústico Reciclado Remaster

Iluminação Total em LED Philips

Caixa D’água c/ retenção de água pluvial

Caixa D’água para reciclagem de água cinza

Caixa para Água azul reciclada Paredes Revestidas em Pastilha de Vidro Reciclado Bacteriológico Gyotoko

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ILUSTRAÇÕES: FRANK CARAMELO • BETO CAMPOS • RAFAEL OLIVEIRA


m b ro do Me

1. Edifício Salvador Prime - BA

2. Edifício Serrador - RJ

Mem

A Remaster é uma empresa 100% brasileira, com mais de 11 anos de mercado e pioneira na criação de um produto simples e inovador. A Solução Remaster é composta por: piso elevado, rede elétrica flexível, cabeamento estruturado (rede de dados e voz), revestimentos e forros, desenvolvido sob medida para ambientes corporativos como escritórios, áreas administrativas, callcenters, lojas de varejo, etc. Sendo uma Solução de fácil instalação e manutenção que se adapta perfeitamente a diferentes layouts de ambientes corporativos. Em cada projeto concretizado está a preocupação com o meio ambiente. A Solução é composta por materiais ambientalmente corretos. Além disso, a Remaster é associada ao GBC - Green Building Council Brasil integrante do World GBC, rede de empresas líderes da indústria da construção civil empenhadas no desenvolvimento da sustentabilidade em empreendimentos e edificações pelo mundo. O compromisso da Remaster com cada metro quadrado é reconhecido por empresas como Petrobras, Sabesp, Perdigão, TAM Linhas Aéreas, BV Financeira, Gerdau, Autonomy, Caixa Econômica Federal, entre outras. A Remaster mantém um canal de relacionamento com o cliente em todo Brasil. Consulte o representante mais perto de você. Acesse: www.remaster.com.br.

b r o do

3. Edifício Ouvidor - RJ

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Mais do que projetos de arquitetura. Projetos de vida. Antônio Caramelo é sinônimo de competência. Competência que valoriza os detalhes e cria projetos arrojados. A parceria Cyrela Andrade Mendonça e Caramelo realizou dois sonhos que se transformaram em sucesso absoluto de vendas: Provence Horto e o Brisas da trada a ilus ectiv Persp

Residencial Clube. Parabéns, parceiro.

da do facha Horto ence Prov

a da d ustra iva il pect Pers do ada fach as Bris

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Os 40 anos de Caramelo “Antes mesmo de a JHSF iniciar suas atividades na Bahia, já admirávamos o trabalho do arquiteto Antonio Caramelo, principalmente pelas obras criadas por ele para nossos parceiros no Estado, o tradicional Grupo Euluz. Ao decidir desenvolver um grande projeto em Salvador, não tivemos dúvida de quem poderia nos assessorar num empreendimento das dimensões do Horto Bela Vista. Com sua extensa experiência e talento aliados à vocação para se aprofundar nas diversas vertentes que compõem a arquitetura, Antonio Caramelo tem uma visão abrangente que muito contribui para a formatação de projetos perfeitamente adequados ao mercado ao qual se destinam e a região onde se localizam. Seu conhecimento sobre planejamento urbano, tráfego e transportes, meio-ambientes somados a sua visão estética foram essenciais na conceituação do Horto Bela Vista.” José Auriemo Neto – Presidente da JHSF “Os arquitetos são profissionais que têm um estilo próprio muito acentuado. Na maioria dos projetos, inclusive, o estilo de cada um é tão forte que acaba se sobrepondo às percepções e desejos iniciais do cliente. O diferencial de Antonio Caramelo é que ele consegue atender exatamente a expectativa do projeto solicitado assegurando seu bom funcionamento técnico e materializando o sonho do cliente”. Djean Cruz Diretor de Incorporação da Odebrecht Empreendimentos Imobiliários S/A “Cada projeto realizado por Caramelo é uma soma de talento, muito trabalho, envolvimento e paixão. Esta é a sua principal marca.” Carmine De Siervi Diretor Superintendente da OAS Empreendimentos “O projeto de arquitetura é o ponto de partida para a realização imobiliária. Profissionais como nosso querido Caramelo dão a dimensão de que esse trabalho não tem limites. Nós incorporadores lhe damos um terreno com restrições topográficas e econômicas e ele nos retorna com soluções criativas e inovadoras. Concretizam o sonho e materializam a imaginação”.

“Um artista das formas que divulga Salvador para o mundo. Assim é Antonio Caramelo. Arquiteto de traços personalíssimos recheados de identidade e atitude. Seus projetos revelam um profissional atento às tendências contemporâneas que não se distancia da alegre alma soteropolitana.” João Henrique Carneiro Prefeito de Salvador “Destaco em Caramelo o lado criativo que tem como arquiteto. Quando ele projeta chega a se transformar em um verdadeiro artista, um criador, diferente dos que pensam a arquitetura como uma coisa mecânica. Como profissional ele é responsável, criterioso e detalhista.” Antonio Carlos Costa Andrade Diretor da Costa Andrade “Bom estar perto de quem cria com prazer, compartilhar os momentos do desenvolvimento de nossos empreendimentos com Caramelo é presenciar o encontro da genialidade com o comprometimento com o sucesso do negócio.” Alberto Lorenzo Sócio Diretor da Syene Empreendimentos “Uma competência dedicada a transformar sonhos em sucessos no mercado imobiliário. Indiscutivelmente essa é a maior capacidade de Caramelo. Apegado aos detalhes, o trabalho dele na primeira parceria com a Cyrela Andrade Mendonça, o Provence Horto, contribuiu significativamente para que as 100 unidades tenham sido vendidas em apenas 45 dias. Devido à sua dedicação à perfeição, os slogans desse empreendimento eram “A diferença está nos detalhes”, e a “Sofisticação em cada detalhe”. E realmente fez a diferença. Assim como seu empenho para o Brisas Residencial Clube, que Caramelo elaborou uma solução criativa para um projeto de difícil implantação. E além de tudo, ele é disponível, tem muita agilidade e organização, qualidades fundamentais de um bom profissional”. Antonio Andrade Diretor da Cyrela Andrade Mendonça

André Mioto – Gafisa

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“A maioria das pessoas que faz arquitetura é afeita ao desenho, que pode nos levar a várias direções, dentre elas à arquitetura. As minhas noções de arquitetura pós-desenho, vieram de Diógenes Rebouças, agrônomo de formação, mas já nasceu arquiteto, pois a arquitetura não é uma profissão que se escolhe, você é escolhido por ela” Antônio Caramelo

“Dar um depoimento sobre alguém que a gente admira e aprendeu a gostar parece até suspeito, mas garanto, não é! O Arquiteto Caramelo, para mim, é um exemplo de adaptabilidade, versatilidade, beleza, modernidade, com projetos sempre surpreendentes, tanto clássicos, como modernos. Ele, com os seus charmosos cabelos brancos, a sua roupa branca de sexta-feira é, também, um vendedor nato: Ele transmite nas suas apresentações de projeto , em suas entrevistas e ações de marketing , o amor pela nossa Cidade , tornando-a cada dia mais bela , mais colorida , mais feliz!”

“Fui apresentado a Antônio Caramelo há 20 anos e ato continuo viajamos todo o Brasil fazendo palestras. Nesse processo conheci uma pessoa maravilhosa, mas acima de tudo um profissional espetacularmente singular. Arquiteto criativo, respeitador, conhecedor dos aspectos técnicos da profissão, das necessidades do cliente e do mercado. Nesses anos todos, essas qualidades têm se confirmado e se intensificado”

Virgínia Tanajura Diretora Comercial Arc Engenharia

“O arquiteto Antônio Caramelo é parceiro da Euluz Empreeendimentos há mais de dez anos. Juntamente com o nosso saudoso presidente Euvaldo Luz e o seu fiel escudeiro João Campos, desenvolveram belos projetos. Foi através do seu colega, amigo e ex-sócio, João Campos, após, no passado, terem desenvolvido em conjunto projetos importantes para a cidade, como o bairro Caminho das Árvores e o Porto Seco Pirajá, que Caramelo foi apresentado ao Sr. Euvaldo. Da parceria com a Euluz Empreendimentos surgiram projetos fantásticos, com destaque para a ampliação do Shopping Barra e o “Bairro Novo”, como era chamado por Sr. Euvaldo Luz o Horto Bela Vista”. Euvaldo Luz Neto – Euluz Empreendimentos

“O mercado imobiliário é apaixonante, sensível e sempre exigente com aqueles que dele participam, não admite erros. Essa área está sempre “provocando”, fazendo com que o profissional de arquitetura se supere. Nesse cenário precisamos de arquitetos que estejam atualizados, antenados com as transformações mundiais da arquitetura e da sociedade, tenham a visão de mercado global aliada à cultura local, sejam ágeis e que possuam o essencial, a CRIATIVIDADE. Esse conjunto encontramos em Antônio Caramelo.” Claudio Cunha Sócio-diretor da Brasil Brokers/Brito e Amoêdo “Caramelo é um daqueles arquitetos que sabem traduzir e superar as expectativas dos Construtores e Clientes compradores, seja pela beleza arquitetônica dos seus projetos como pela praticidade, soluções de aproveitamento do espaço interno e áreas comuns dos projetos que elabora. As imobiliárias sabem que, se o projeto é de Antonio Caramelo, é vendedor e bem aceito pelos consumidores. Seus projetos traduzem profissionalismo, dedicação, cuidado, respeito e talento, que são algumas qualidades das muitas que o mercado imobiliário reconhece em seu trabalho. Não precisamos falar da pessoa especial que todos comentam.” Manuela Correa Ribeiro Diretora da Imobiliária Ponto4 / Coelho da Fonseca

Benedito Abbud Arquiteto Paisagista

“Mutante, determinado e sonhador são algumas das qualidades que vejo em Caramelo, mas a maior de todas elas se resume a uma única palavra: Arquiteto.” Simone Seara Assessora de Comunicação Como disse Virgínia, fazer um depoimento sobre Caramelo pode parecer realmente suspeito, mas só os privilegiados que convivem com ele entendem que a admiração transcende a arquitetura. Falar de Caramelo é falar de alma! Parabéns, querido, pelos 40 anos de profissão e pelos próximos 40 que gostaria de ter a oportunidade de continuar a te acompanhar. Andréa Velame Grupo AV – Direção

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De onde vim! Três ilustres, três bairros, três histórias em uma cidade

Curuzu Aiyê

por Antonio Carlos Vovô O Curuzu é minha casa e foi a fonte do movimento cultural que revolucionou a cultura negra baiana. Antes as pessoas tinham vergonha de ser negras. Com o surgimento do Ilê Aiyê, a conseqüência a criação desse espaço para os negros da nossa comunidade, que se expandiu e hoje é uma entidade do mundo. Salvador era muito diferente. Antigamente, poucos se assumiam como negros. Com o surgimento do Ilê, o negro passou a se valorizar. Quando minha mãe chegou aqui, em 1930, com sete anos de idade, o Curuzu tinha todas as aparências de um quilombo. Hoje o Curuzu não tem a aparência de um quilombo, mas mantém a sua resistência e o orgulho da sua negritude e é isso que me faz amar esse lugar.

a eirMargareth Ribpor Menezes “Beira Mar”: lugar de palavras doces e bons pensamentos; “Ribeira”: encontro do rio com o mar, um mar à beira do rio. Lugar onde os peixes desovam e reinundam de comida boa às águas calmas do mar manso. Areia fina e lama no fundo, cheia de mariscos, joias de variadas cores. O pôr-do-sol visto da Ribeira é um caleidoscópio de imagens sobre as ilhas que a cercam e acalmam as tempestades. Água boa pra nadar, pra levar nenéns para conhecer “Janaína”, moça bonita que habita os encantos das ondinhas, que correm nos bocejos da espuma quando a água se encontra com a areia. Assim é que eu sinto e vejo a Ribeira encantada da Baía de Todos os Santos. Meu canto, meu canto!

ermelho RioporVRebeca Matta Daqui, tudo parece suave e delicado. O que vejo da varanda, do alto, é um infinitohorizonte que me coloca entre o céu e o mar. Somente aos poucos vou me dando conta dos fluxos urbanos, num bairro em que a geografia impõe limites à velocidade interditando, com isto, alguns signos de modernidade. Aqui, o tempo corre diferente. É assim no Rio Vermelho, que acolhe os barcos de pesca e revela um ar de vilarejo. Vejo o sol prateado, sinto a brisa, o mar anunciando suas ondas e me fazendo sentir pisar sobre a areia. Vejo os barcos de pescadores que toda manhã se encontram, numa comunidade quiçá protegida por Iemanjá, rainha das águas, que também mora por aqui! É para ela a festa mais bonita, no dia 2 de fevereiro.

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Programa

TUDO AV

por Andrea Velame O que era bom, ficou ainda melhor! SBT, Tudo AV com a gente

rios á r o h aos o ã ç n Ate

l arte arquitetura design moda gastronomia turismo cultural

ão ramaç os g o r p Nossa ratu/ SBT é a A na TV s às 10h. Em go domin o horário de d a virtude sse período i e a n verão, ogramação v pr nossa domingo, às . h o ao ar n sábado, às 18 SBT 9h, e no final, vale ATU Confiram, a ! R A V T #4 muito a pena canal

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IN LOCO

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Luxo baiano

por Marlon Gama

N

por  ANDREA VELAME fotos marcelo negromonte

este projeto, desvendaremos o jeito de viver do arquiteto Marlon Gama, que reflete o luxo e a contemporaneidade, características próprias do profissional. Um imóvel da década de 70 foi escolhido pelo arquiteto para agregar as suas referências. O piso, em mármore carrara, reveste a área social do apartamento de paredes ameixa, com detalhes em boiserie, que estampa as obras de arte. O estilo contemporâneo se apresenta repleto de peças clássicas. Permite-se a mistura de diversos elementos, como um espelho dourado francês, do Armazém de Época, com cadeiras de estilo com monograma do arquiteto, em listras pretas e brancas, que interagem com vaso em estampa pied de pull. Poltronas de design, sofás em linha reta e mesa de centro, em lâmina de madeira macassar, recebem o acervo de livros e objetos. As obras de arte foram criteriosamente escolhidas: telas de Daniel Senize e Siron Franco; escultura de Ricardo Teixeira; fotografias de Mario Cravo Neto, Christian Cravo e Marcelo Negromonte, são algumas das escolhas do arquiteto.

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Tela Daniel Senize, escultura Ricardo Teixeira e foto Marcelo Negromonte

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As obras de arte estão presentes em todo o apartamento. Destaque para o General, de Siron Franco

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o jantar, pendente da Nexo, com exterior espelhado e interior amarelo, rouba a cena do ambiente, que recebe mesa de jantar, em laca resinada branca, e cadeiras giratórias Delta, revestida em couro charuto, da Home Design. Na área do home, duas chaises de casal foram revestidas de tecido listrado em azul e branco. Persianas em madeira Luxaflex – Diagrama foram a escolha do arquiteto para vestir as janelas. A área da cozinha foi transformada em espaço gourmet, interligado à sala, para que amigos desfrutem do hobby do proprietário: cozinhar para poucos.

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optou por listras nas cortinas, tecido brocado nas poltronas e espelho na parede. O luxo se faz presente em todos os detalhes. Mais um detalhe se faz especial: os apliques de cristal utilizados como arandelas

Na suĂ­te do casal, Marlon Gama

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Plano e contraplano: as duas visþes do espaço gourmet, com paredes em madeira, reservado para o hobby do proprietårio: cozinhar para poucos

Piso em vidrotil, paredes revestidas em madeira e poltronas Louis Ghost, de Phillip Starck, contracenam na classe e modernidade de Marlon Gama

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A Bahia de Iamna Smarcevscki

D

esenvolver projeto de interiores para um pai-arquiteto bem sucedido e cheio de referências foi o maior desafio para a designer de interiores Iamna Smarcveski. Debruçado sobre a Baía de Todos os Santos, com um pôr-do-sol, de tirar o fôlego e vista para o Forte São Marcelo, já seria a ambientação completa. Mas Iamna precisou também explorar a alma do cliente. Ivan traz um acervo de obras de arte que pertencia a Lev Smarcevscki, avô de Iamna, com exemplares de Carybé, Mario Cravo Junior e Emanoel Araújo. Além dos clássicos do design como as poltronas Mole, de Sérgio Rodrigues, e o sofá do premiado designer Marcus Ferreira. por  ANDREA VELAME fotos marcelo negromonte

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Um dípidico do artista Lev Smarcveski divide parede com a escultura de Emanoel Araújo e cadeiras giratórias do designer alemão Konstantin Grcic

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A leveza de Joana Requião por  ANDREA VELAME fotos xico diniz

Luminosidade, leveza e integração foram os princípios adotados pela arquiteta

A

utilização de materiais claros como o piso marmoglass e estofados, com medidas generosas, assinados pela arquiteta, fizeram desse projeto um mix de referências jovens e leves, como a profissional. O brise, em madeira, utilizada como anteparo, divide o living da área de trabalho. A mesa de jantar, em corian, também foi desenvolvida pela arquiteta, que associou clássicos do mobiliário, como a poltrona La Chaise, de Charles e Ray Eames, como a poltrona Oscar, em tonalidade vermelha, do arquiteto e designer Sergio Rodrigues. Joana utilizou iluminação pontual fornecida pela Omni Ligth. Esse antigo imóvel, localizado no bairro da Barra, com belíssima vista-mar, é exemplo da integração entre áreas e linguagem contemporânea.

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Piso em mármore perfect white amplia o living. Um brise em madeira foi criado para separar os ambientes, assim como aquecer os espaços

Poltrona e banqueta azul, de Charles e Ray Eames, e cadeira Oscar, clássico do desenhador Sérgio Rodrigues, impõem o toque atemporal ao projeto

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Os sofรกs com encosto baixo e medidas generosas, desenhados pela arquiteta. O toque de humor ficou por conta das diversas estampas em azul e branco

Uma mesa de centro, em madeira maciรงa, divide a cena com um clรกssico do design, a poltrona La Chaise, da dupla de designers Charles e Ray Eames

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Abajur em coral, uma mesa de jantar Saarinen, com base branca e tampo em madeira, recebem cadeiras em acrĂ­lico transparente e resina branca

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Um château com assinatura

Nágila Andrade por  ANDREA VELAME fotos marcelo negromonte

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dentificar o perfil de cada cliente é o maior desafio para Nágila Andrade, que busca a personalização em seus projetos. Apaixonada por arte, Nágila utilizou o acervo do cliente de artistas modernistas para compor os ambientes. Os clientes clássicos desejavam uma casa atemporal. A profissional também desenvolveu alterações no arquitetônico, integrando as varandas às áreas sociais do apartamento.

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Em uma das varandas, integrada à área social, Nágila elevou o piso e desenhou um bar, em cristal negro, criando assim, um espaço para degustação

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Uma grande estante com No jantar, um lustre em cristal

portas e elementos vazados, em laca branca alta brilho, funciona como louceira e abriga objetos de decoração. Cadeiras inglesas recebem tecidos em seda, que complementam a mesa de jantar em laca e vidro

baccarat, de Caloula, pontua o luminotécnico, desenvolvido pela Omni Ligth. E a peça em prata, no centro da mesa, denota a sofisticação da Bizâncio. Nágila traduziu a sua contemporaneidade na escolha das persianas luminete, da Única Persianas

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O jeito de viver do arquiteto Flávio Moura por  ANDREA VELAME fotos marcelo negromonte

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m pequeno apartamento na Barra, com belíssima vista-mar, foi o ambiente que o arquiteto escolheu para a sua primeira residência. Aos 30 anos, Flávio Moura optou pela combinação elegante, que reflete a personalidade, jovialidade e espírito irreverente do arquiteto. O projeto se revela com muita identidade, cheio de referências pessoais, em um mix de móveis, objetos e obras de arte. Flávio Moura priorizou nuances cromáticas entre branco, preto, cinza e amarelo. O preto, característica do profissional, está presente nas paredes, móveis e, também, nos papéis de parede, perdendo o peso através dos toys art e brincadeiras visuais propostas pelo profissional, como a utilização de globos. Todos os móveis foram da Home Design e Home Design Casual.

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Um colecionador de toy arts Um móvel bar miniero

que aposta na união da arquitetura contemporânea com elementos lúdicos. Sofá em camurça preta e mesa lateral, do Estúdio Nada Se Leva, exclusividade Home Design

da Home Design Casual dialoga com a mesa de jantar Saarinen, em mármore neromaquina. Flores amarelas, preferência do arquiteto, contaram com a produção da Tudo São Flores

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Espelhos d´água, borda infinita, piscina, passarela e paisagismo estão totalmente integrados à arquitetura contemporânea da residência

Alphaville por Mário Figueiredo e Aline Cangussú por  ANDREA VELAME fotos marcelo negromonte

O

grande desafio de Mário Figueiredo e Aline Cangussú foi a implantação da casa no terreno. A ideia era permitir a integração dos ambientes sem comprometer a privacidade da família. Um dos elementos marcantes na arquitetura desta casa, em Alphaville, Salvador, foi o uso de marquises em estrutura metálica, revestida com placas de fórmicas, próprias para uso externo: a TS Exterior, produto novo no mercado, que teve seu primeiro uso residencial em Salvador com os profissionais. A ausência de pilares nas varandas garante a visão ampla da paisagem. A piscina com borda infinita acentua a quebra de barreiras visuais e limites físicos entre o lote e o entorno. Na arquitetura de interiores, Mario e Aline resolveram manter a linguagem contemporânea e despretensiosa da família.

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228 de arquitetos especificou obras de arte contemporâneas de artistas diversos. Destaque para o desenho de Vauluizo Bezerra, Carybé, Floriano Teixeira e fotografias de Márcio Lima

Nas paredes, a dupla

ao contemporâneo. No ano em que completamos 90 anos da Escola Bauhaus, Mário e Aline utilizaram o famoso Couche Barcelona, associado à premiada peça Besame Mucho, de Jacqueline Terpins, uma verdadeira escultura

O design se fez presente do clássico


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No jantar, todos os móveis Um grande painel com diversas

foram brancos. A cor ficou por conta das fotos de Márcio Lima e da produção de flores da Tudo São Flores. Todos os móveis desta residência levaram a assinatura Home Design

nuances em madeira de demolição, fornecido pela Home Design Casual, contracena com mesa em resina de poliéster branca e cadeira Brno em couro branco

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foi o aparador-lavabo-escultura, composto de um prisma em L, revestido com azulejos pintados à mão pela artista baiana radicada em São Paulo, Calu Fontes. A peça se somou a um painel em madeira de demolição. Os produtos são exclusividade da Home Design Casual

Grande destaque nesse projeto


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Um brise em madeira, caracterĂ­stico da arquitetura modernista, foi utilizado na porta principal da residĂŞncia, onde living e home se fundem

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Vale doporLoire Eliane

Kruschewsky por  ANDREA VELAME fotos marcelo negromonte

I

ntegrar as áreas sociais foi premissa para Eliane Kruschewsky desenvolver a arte decorativa neste apartamento localizado no Vale do Loire, em Salvador. As varandas foram anexadas ao living, ao family room e à sala de jantar. No ambiente de estar e jantar, o tom de bege é predominante nos tecidos, com o intuito de neutralizar o espaço para receber um Siron Franco na parede e coleção de muranos. Nas varandas integradas, Eliane optou pela mesa, em laca branca, com cadeiras catifas, em couro branco, puffs com estampa suzzane, de Marcelo Kruschewsky, e tela de Fátima Tosta, para colorir o branco do ambiente. Ao lado, Eliane escolheu poltronas giratórias em branco e bege, perfeitas para encontros casuais

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IN LOCO

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Um belíssimo tapete persa veste o living, que possui poltronas e banquetas em madeira, ora revestidos em linho cru, ora com listras vermelhas e cru

foram revestidos em seda bege e cobre

Sofás de desenho contemporâneo

fazia parte dos objetos da proprietária Eliane buscou transitar entre os tons de bege, dourado, rosé e vermelho. Castiçais pratas e livros de arte foram pontuados na mesa de centro de madeira macassar

Uma coleção de muranos


IN LOCO

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Em uma das varandas integradas

No jantar, Eliane apostou

ao living, Eliane escolheu um aparador espelhado com puffs em estampa suzanne, de Marcelo Kruschewsky. Utilizou ainda tela da artista plástica Fátima Tosta e a produção contou com objetos da LB Home

nas cadeiras medalhão em tom dourado, com revestimento em seda adamascada. Os aparadores com desenho barroco, com revestimento em papel seda, moldaram o fundo para receber desenhos de Carybé

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IN LOCO

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No home, sofá charuto com almofadas, em tecidos AGain, criaram o clima de conforto, aliados aos objetos em cerâmica branco e azul, da Bizâncio

O quarto do casal, destaca o bege e o charuto, com detalhes em vermelho. O conforto fica por conta da poltrona junto à luminária em cristal da Scatto

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Xico Diniz

fotógrafo

conceito arte

Duas paixões

C

heguei à Bahia pelo mar, com um ano de idade, vindo da Itália, onde nasci. Viajava-se muito de navio naquela época. Quando criança, o fato de saber que já tinha atravessado um oceano me intrigava. Olhava para os navios de passageiros com certa cumplicidade, intimidade até. Desde pequeno, adorava ir com meu pai ver os saveiros na rampa do Mercado Modelo, os navios no porto, as escunas e veleiros na Ribeira. Vibrava quando andava de barco. Qualquer um que fosse, desde que boiasse. Ganhei meu primeiro barco quando completei 10 anos. Era um veleirinho de madeira de 3 metros de comprimento, mas era como se ele tivesse o tamanho do mundo. Ter a Baía de Todos os Santos com suas águas quentes e calmas para velejar era uma verdadeira benção. Lembro-me também, ainda pequeno, de ter ido a Cachoeira, cidade do recôncavo baiano, acompanhando meu pai, que foi filmar uma festa da Irmandade da Boa Morte.

Passeando pela cidade, ele me mostrava os prédios antigos, enquanto falava de fachadas, gradis, janelas, portas, claustros, muxarabis, escadas e todo tipo de informação que, no futuro, me seria útil. Mas que, naquele momento, soava como sânscrito ou, quem sabe, aramaico. Mesmo não absorvendo tudo o que ele falava, passei a gostar muito de Cachoeira e de nossos passeios didáticos pela cidade. Para meu pai, aquilo deveria ser normal. Havia cursado arquitetura antes de se decidir por fotografia e cinema. Vejo, hoje, que todo aquele papo de frontões, telhados e sacadas era, na verdade, uma tentativa de me introduzir no fascinante mundo da arquitetura. Em parte, deu certo. Estudei arquitetura e me formei, mas acabei trabalhando com fotografia, minha segunda paixão. Embora, obviamente, não lembre nada daquela minha primeira viagem ainda bebê a bordo do navio “Eugenio C”, gosto de acreditar que foi ali que começou minha primeira paixão, a paixão pelo mar.

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conceito indica

sofá literário

Sofás

Desvendamos os universos de alguns convidados para saber o que neles habita. Livro, música e cinema, vamos compartilhar!

Clássico é a metáfora sobre o mundo em que vivemos em Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago, em que temos olhos, mas somos todos cegos. Saramago consegue mostrar como a humanidade não dá valor para o que tem. O último lido foi Leite Derramado, de Chico Buarque, história de vida pra lá de interessante. Gustavo Moreno, Artista Plástico

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A Escritura Sagrada dos Brâmanes, o livro BHAGAVAD – GÎTÂ – A Mensagem do Mestre, é meu clássico. Conta um episódio da grande epopéia hindu, descrevendo a guerra entre os Kurus e os Pândavas. É um convite ao leitor de mergulhar no seu mais profundo sentido interior e espiritual. Já um livro atual é Sincronicidade – O Caminho Interior para a Liderança, que narra a história verídica do próprio autor Joseph Jaworski. Ensina a desenvolver a liderança indispensável em nosso tempo, encoraja a todos aqueles que lutam para realizar as profundas transformações necessárias nesse século. Goya Lopes, Designer Têxtil


sofá musical

sofá com pipoca

Para mim, um clássico é a Trilogia Godfather (O Padrinho). É um personagem que todos deveriam odiar, por se tratar de um chefe da máfia, mas todos gostam. Acho interessante o valor que ele dá a família e o segredo que existe por trás de tudo. E um mais contemporâneo que adoro é o Volver. Primeiro, porque é Almodóvar (Pedro), que sempre faz coisas diferentes, suas cores são impressionantes. Mas, pra dizer a verdade, eu adoro a Penélope Cruz, e a personagem que ela faz nesse filme me encanta porque, ao mesmo tempo em que é sofisticada, é vulgar. Alain Vuarnet – Empresário Muito Além do Jardim é um filme que me faz rir, emociona e leva a pensar. Baseado na obra literária O Videota, de Jerzy Kozinski, mostra a vida de um jardineiro que a vida toda viveu na casa do patrão, restrito ao jardim e às poucas pessoas que por ali transitavam. Uma fábula moderna. Up – Altas Aventuras mostra que é adulto, sem ser prosaico, que é sensível, sem ser melodramático; tudo isso por meio de cenas que mostram o envelhecimento de Carl Fredricksen, o protagonista, e Russel, o escoteiro. Vale também ressaltar a dublagem que, sem Chico Anysio, não seria a mesma coisa. Paulo Carvalho – Artista plástico, designer gráfico

Para um dia de sol nada como Zuco 103! A banda é um refresco para os ouvidos sofisticadamente simples. O grupo mistura música eletrônica, maracatu, samba, rock e outras bossas. O meu disco predileto é o de estreia Outro Lado (1999), destaque para a versão de Maracatu Atômico e a alegria de Um Côco. O single Praia (2009) combina com coqueiros e pinheiros exóticos e dunas e matos rasteiros. É ritmo para todos os tipos de calores. Já o meu Verão de 42 aconteceu em 1985, no litoral norte de São Paulo, ao som de Marcos Valle. Samba 68 e Samba de Demais, remasterizado em 2003, são obrigatórios no Ipod, mp3 e no som da casa de praia. So Nice! Daniela Souza – Jornalista e professora O cd que eu considero um clássico é o da Billie Holiday. O incrível é que não fala somente de amor e romance, mas também da vida de maneira geral. Especiais para mim: Blue Moon, Summertime e When You’re Smiling. Um outro cd que conheci e gostei muito é o Dão: Para Embelezar a Noite. Adorei conhecer e acho um grande destaque na cena da música baiana. As músicas do Dão são um estímulo aos neurônios e balançam a alma. Gosto das misturas de swing, Funk, Samba, Soul e Afoxé da Bahia. Em cd para balançar e fazer pensar. Soudam – Estilista

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Arte na cabeça Das tranças aos turbantes, a moda nos cabelos reflete uma cultura que reinventou influências e tornou-se legítima na Bahia Por  Thaís Seixas fotos marcelo negromonte

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stampas africanas e imagens de santos decoram o salão localizado no Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador. Nas paredes, fotos de pessoas com cabelos trançados dividem espaço com espelhos, que indicam o ramo de atividade do lugar. Este é o recanto de Waldemira Telma de Jesus, 49, mais conhecido como Negra Jhô Penteados Afro. Ali, a “rainha do cabelo afro”, uma das trançadeiras mais conhecidas da Bahia, atende homens e mulheres, baianos e turistas. Com quase 30 anos de profissão, Negra Jhô não se considera uma cabeleireira, mas uma artesã capilar. Foi a primeira a colocar uma cadeira nas calçadas do Pelourinho, nos anos 80. Os penteados produzidos são os mais diversificados, desde tranças simples até dreadlocks, tipo usado pelos rastafáris. Em cada cabelo, são criadas verdadeiras obras de arte, com a utilização de diferentes adereços e materiais como fibras sintéticas, a depender do gosto do cliente. Inicialmente, Negra Jhô pensou em trançar apenas os cabelos de pessoas negras, ideia descartada com a ampliação do trabalho. “Eu tranço o cabelo de pessoas, não importa a cor. Só não pode ser careca porque, até hoje, não descobri um jeito de fazer isso”, brinca. Conhecida também por “fazer a cabeça” de personalidades que visitam a cidade, Negra Jhô afirma que os turistas que usam seus penteados ajudam a divulgar a cultura da Bahia. “Algumas pessoas usam por moda, outras por resistência da cultura negra mesmo. Nós temos que valorizar a nossa história, para que ela não acabe”, ressalta. A história de valorização da cultura afro remonta aos anos 60, com um movimento que modificou os valores estabelecidos no mundo ocidental, denominado de contracultura. A antropóloga e pós-doutoranda em culturas negras no mundo atlântico, Goli Guerreiro, 45, explica que esse movimento deu força a tudo o que era considerado de mau gosto pela sociedade até então, como o machismo, a homofobia e o racismo. “Os anos 60 foram um marco para a transformação do olhar sobre os cabelos afro. A estética negra começa a ser valorizada com o movimento Black Power e a utilização de expressões como Black is beautiful”. Na Bahia, a tradução de tal movimento foi iniciada pelo Ilê Aiyê, na década de 1970. A partir daí, as influências da cultura dos povos africanos se uniram a novas referências, dando vida a uma estética afro-baiana. “Hoje você abre os jornais e lê que Salvador é a ‘maior cidade negra fora da África’. Esta é uma colocação muito recente, que começa a ser assumida na virada dos anos 80 para os 90”, completa Goli Guerreiro, que também é autora do livro A trama dos tambores, sobre o momento em que Salvador se assume como uma cidade negra.

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A ARTE DE DAR NÓS Os turbantes ou torsos fazem parte da indumentária baiana. É arte de dar nós. De acordo com a colecionadora Elyette Magalhães, não há um tecido específico para se fazer um bom turbante, mas o ideal é que não seja muito grosso, para facilitar o torcido. Pesquisadora da história dos turbantes desde 1972, Elyette possui mais de 100 peças em casa, além de ter contribuído com 45 para o acervo exposto na Casa do Benin, no Centro Histórico de Salvador. Ela compara o uso do adereço à moldura de um quadro. “Ela não pode interferir no quadro, mas tem que chamar atenção para ele”. A depender da origem, um turbante pode chegar a até 60 metros de comprimento, como um dos modelos marroquinos. “Ele pode ser utilizado para diferenciar grupos culturais, sociedades religiosas ou estado civil. Ainda tem as medidas higiênicas ou a proteção ao sol”, lembra Elyette. Na cultura baiana, o uso do turbante pode ter diferentes significados. “Tem gente que usa para afirmar filiação ao mundo negro. Outras pessoas acham apenas interessante. E ainda há aquelas que usam porque o cabelo não está legal”, enumera Goli, uma das adeptas ao uso do adereço. Em Salvador, os turbantes africanos parecem ser os preferidos. Elyette, Goli e Negra Jhô utilizam os tecidos enrolados na cabeça no dia-a-dia. “A cabeça coberta é uma maneira de respeito. Como já uso há bastante tempo, acho que, se eu saísse sem a peça, as pessoas não iriam me reconhecer, porque faz parte do meu estilo”, conta Negra Jhô. Os turbantes podem ser voltados para cima da cabeça, como usava a cantora Carmem Miranda, ou presos embaixo, próximo à nuca, modelo muito utilizado por Chiquinha Gonzaga. Hoje, as mulheres criam estilos próprios, demonstrando identificação com uma cultura legitimamente baiana. “A questão estética é muito ampla, voltada para as sensações. Aqui na Bahia, as formas tradicionais de lidar com o cabelo foram reinventadas”, conclui Goli Guerreiro.

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Agradecimento: Dete Lima (Ilê Aiyê) e modelos Taís Sacramento e Priscila Silva

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Luxo A sustentável Por  Tatiana dourado

s pets dos sete dias da semana, se recicladas, podem não liberar os 20 megajoules/quilo de alto índice de combustão. A empresa baiana Ecopedra, especializada em revestimentos ecológicos para construção civil, executa a patente do professor do Instituto Militar de Engenharia do Rio de Janeiro José Carlo Moreira. A Casa Cor Bahia 2009, para fazer jus à temática de sustentabilidade na arquitetura e decoração, experimentou os pisos. Abaixo, João Coelho, sócio investidor da empresa, explica os princípios.

Divulgação

à Valor Social   “Em média, m². É compara são 350 garraf do em garrafa as pets por de pet porque mercado. É um já tem valor de a tecnologia só cio-ambienta cooperativas l, entram as de catadores, os fornecedor tencial de plás es de plástico tico reciclável . O po é muito pequ apenas 4% a 5% eno em Salvad de todo volum or, e” à Investimento   “Quando se tem de pensar fala de susten na viabilidade tabilidade, econômica, pr Para área exte eço igual ou m rna, o preço m en édio dos prod piso intertrava utos tradiciona or. do é R$ 35 a R is do $ 45. Queremos 20, cerca de 40 vender de R$ % mais barato 15 a . Porém existe R$ em que se agre m outros prod ga valor. Para utos conseguir imit exemplo, poss ar um mármor ivelmente ocor e, por rerá variação nesse preço”

duto é rejeição existe quando o pro à Aceitação Social  “A reais, 100 R$ de to cus produto com caro, sustentável ou não. Um que o por o, içã reje á stir el, é R$ 200, exi se digo que o meu sustentáv que ser simiO produto sustentável tem fator de decisão é o preço. ro lado, bém temos que pensar o out lar ou mais barato. Mas, tam o sem enterrar o entulho e o plástic o preço que se pagaria para téria orgânica” reciclagem, junto com a ma mui9  “O evento dá visibilidade à Pré-lançamento 200 erna, ext mexe com luxo - decoração to boa e nos dois extremos, biental am ro luc tável. É o que chamamos interna – pensando susten as nad cio adi garrafas pets que foram mil real! Quem visitou pisou nas 70 am For . das da obra da Casa Cor às caçambas de entulho, tira ” garrafas pets e 200 caçambas

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Baianos por opção e

Por Thaís muniz ilustrações Túlio carapiá

de coração

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Lícia Fabio  |  Idade  61  |  De onde você vem? Laranjeiras, Sergipe  |  Profissão: Empresária  |  Há quanto tempo está em Salvador? 40 anos  |  Como e por que Salvador? Vim estudar, fazer faculdade e fui ficando, ficando... Espero não sair mais nunca  |  O melhor da cidade é... O povo, é o mais bonito do mundo  |  O pior da cidade é... A tristeza de ver as crianças nos faróis, mães com os filhos nos braços  |  Para matar a saudade de casa... Tenho em Laranjeiras muitos parentes e amigos, aí ligamos e mandamos notícias...  |  A melhor vista de Salvador... A Ponta de Humaitá, na Cidade Baixa. Ali é tão bonito, vê a Baía de Todos os Santos e toda a cidade  |  A primeira impressão da cidade foi... Que era muito parecido com Laranjeiras. Assim que cheguei, fiquei no bairro da Saúde, e me lembrou por conta das casas antigas, ruas estreitas...  |  Se não fosse Salvador, seria... São Paulo, que eu sou apaixonada. O baiano é muito parecido com o paulista! O mesmo orgulho de sua terra  |  O que parece ter sido feito para você em Salvador? Tudo! O jeito baiano, a alegria, a religiosidade, o sorriso, tudo dá felicidade. É uma terra privilegiada e foi feita pra mim mesmo  |  O que sente falta na cidade? Um calendário de festas de eventos mais forte!

Marc Le Dantec | Idade 35 | De onde você vem? Rennes, capital da Bretanha na França | Profissão: Chefe de cozinhaempresário  |  Há quanto tempo está em Salvador?: 7 anos  |  Como e por que Salvador? Depois de morar em Paris, Nova Iorque e São Paulo, achei que Salvador era um bom compromisso entre o litoral e a cidade grande e, claro, tem a ver com qualidade de vida  |  O melhor da cidade é... A boemia  |  O pior da cidade é... Sua boemia também. E, principalmente, os fios elétricos em todas as paisagens de beira-mar... (?) | Para matar a saudade de casa, você... Faço um aperitivo  |  A melhor vista de Salvador... O terraço do meu novo espaço, no Cine Glauber Rocha, Praça Castro Alves | A primeira impressão da cidade foi... Onde começa e onde termina? Ou, tem muita praia por aqui!  |  Se não fosse Salvador, seria... São Francisco, Califórnia, ou Florianópolis, Santa Catarina  |  O que parece ter sido feito para você em Salvador? O sábado de manhã, para curtir a cidade com pouco trânsito | Do que sente falta na cidade? De uma padaria francesa (de esquina...)

Paulo Borges | Idade: 44  |  De onde você vem? São Paulo | Profissão Empresário  |  Há quanto tempo escolheu Salvador como segunda casa? Há 2 anos  |  Como e por que Salvador? Essas decisões são de alma e destino. Desde que comecei a frequentar a cidade de forma constante, nunca mais deixei de vir. É aqui onde me sinto mais em casa, me sinto mais em paz  |  O melhor da cidade é... A cidade  |  O pior da cidade é... Não existe o pior da cidade, existem características que são dela. Se eu quisesse mudá-las, não seria mais a Salvador que eu amo tanto  |  Para matar a saudade de casa... Volto sempre que posso e arrumo sempre uma desculpa para estar de volta  |  A melhor vista de Salvador... Da varanda do meu apartamento, na Vitória, no pôr-do-sol e quando a lua está deitada sobre a Baía  |  A primeira impressão da cidade foi... A liberdade, o calor e o mar transparente da praia da Barra e de Arembepe | Se não fosse Salvador, seria... Uma pessoa menos feliz  |  O que parece ter sido feito para você em Salvador? O povo, sem exceção  |  O que sente falta na cidade? A princípio de nada, mas talvez um pouco dos ensaios, que são incríveis e demoram para recomeçar

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Edinho Engel | Idade 54  |  De onde você vem? Uberlândia, MG | Profissão: Chef e Restauranteur  |  Há quanto tempo está em Salvador? 3 anos e meio  |  Como e por que Salvador? Morava no litoral paulista, mas minha filha Julia precisa continuar os estudos e não queríamos ir para São Paulo. Ofereceram o espaço para abrir um restaurante aqui em Salvador, viemos e estamos muito felizes  |  O melhor da cidade é... A alegria desse povo  |  O pior da cidade é... A miséria | Para matar a saudade de casa... Como pão de queijo | A melhor vista de Salvador... Da sala da minha casa, no Corredor da Vitória  |  A primeira impressão da cidade foi... Muita luz | Se não fosse Salvador, seria... Florianópolis | O que parece ter sido feito para você em Salvador? As águas tranquilas da Baía de Todos os Santos | Do que sente falta na cidade? Educação

Marcelo Gomes | Idade 40  |  De onde você vem? São Paulo | Profissão: Produtor de moda e styling  |  Há quanto tempo está em Salvador? Desde 1994  |  Como e porque Salvador? Tudo começou com uma viagem de férias, depois um relacionamento amoroso e por fim uma paixao fulminante pelo pôr-do-sol  |  O melhor da cidade é... A cultura, a felicidade e a prédisposição para festejar, indiferente de credo, raça ou conta bancária | O pior da cidade é... A imagem desorganizada do canteiro de obra que vira a Av. Oceânica entre o revéillon e o carnaval na construção dos camarotes. E o pior: nem depois de prontos, a imagem melhora!  |  Para matar a saudade de casa... Passo duas grandes temporadas em São Paulo trabalhando (spfw) e, sempre que posso, dou uma fugidinha, depois de alguns dias, fico louco pra voltar!  |  A melhor vista de Salvador... Hum! Várias, mas o pôr-do-sol no Porto da Barra é fulminante!  |  A primeira impressão da cidade foi... Em um ensaio do olodum, há 15 anos, senti uma energia, uma alegria, que tomou todo meu corpo e minha alma. Nunca havia sentido isso!  |  Se não fosse Salvador seria... Não me imagino em outro lugar, nem mesmo de volta a São Paulo  |  O que parece ter sido feito para você em Salvador? A alegria  |  O que sente falta na cidade? O dia é perfeito, mas falta opções noturnas

Michel Rey  | Idade 46 |  De onde você vem? Paris, França  |  Profissão: Fotógrafo  |  Há quanto tempo está em Salvador? Cheguei em 1994  |  Como e por que Salvador? Desejo de morar numa cidade de sol  |  O melhor da cidade é... As pessoas, o povo  |  O pior da cidade é... Falta de estrutura  |  Para matar a saudade de casa... Não sinto nenhuma saudade de casa... (risos) Minha casa é aqui!  |  A melhor vista de Salvador... A melhor vista dessa cidade é a do Corredor da Vitória, Baía de Todos os Santos  |  A primeira impressão da cidade foi... Que cidade calorosa, acolhedora!  |  Se não fosse Salvador, seria... New York  |  O que parece ter sido feito para você em Salvador? As praias e o clima  |  Do que sente falta na cidade? Sinto falta de lugares de música eletrônica para poder dançar à noite

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Astrid Fontenelle  |  Idade 48 |  De onde você vem? Rio de Janeiro  |  Profissão: Jornalista  |  Há quanto tempo escolheu Salvador como segunda casa? Depois do carnaval de 2000  |  Como e por que Salvador? Fui cobrir o carnaval pela Band sem saber para que lado correr, mas a providência divina me iluminou. Na quarta-feira de cinzas estava no Bonfim, agradecendo. Depois ganhei amigos, o título de cidadã soteropolitana (2003) e, ano passado, chegou um namorado. E meu filho é baianíssimo!  |  O melhor da cidade é... Sem dúvidas, o povo  |  O pior da cidade é... A politicagem  |  Para matar a saudade de casa... Assim que chego, vou ao Bonfim e à Ribeira, tomar sorvete. Se chego à noite, janto num dos restaurantes na Baía de Todos os Santos.  |  A melhor vista de Salvador... A varanda direita do Soho, para ver o mar; o mercado modelo, o elevador Lacerda...  |  A primeira impressão da cidade foi... De prazer, aquele bambuzal do aeroporto é lindo e ainda tinha a placa “Sorria, você está na Bahia!”  |  Se não fosse Salvador, seria... Fernando de Noronha, meu terceiro lar  |  O que parece ter sido feito para você em Salvador? Meu namorado baiano (risos)  |  Do que sente falta na cidade? De bancas de jornal incríveis

Jorge Alberto Morillo Doria (Almo)  |  Idade  37  |  De onde você vem? Honduras |  Profissão: designer e artista plástico |  Há quanto tempo está em Salvador? 10 anos |  Como e por que Salvador? Sempre passei férias na Bahia e me encantei pela beleza do mar junto à cidade, principalmente o bairro do Rio Vermelho  |  O melhor da cidade é... Ser abraçado pelo mar. De um lado, o oceano e, do outro, a Baía de Todos os Santos. O nosso verão é uma delícia! A luz, o cheiro do mar e as belas praias bem no meio da cidade! É um luxo!  |  O pior da cidade é... Ter poucos lugares para poder andar e viver a cidade   |  Para matar a saudade de casa... Vou para um bom restaurante; é como viajar para outro lugar sem precisar de passaporte  |  A melhor vista de Salvador... Farol da Barra. Parece que a cidade começa e acaba ali!  |  A primeira impressão da cidade foi... A orla. Na época, morava nas Filipinas, também litorânea, mas, o inacreditável, é que não tinha nem um metro de orla  |  Se não fosse Salvador, seria... Milão, onde tenho muitos amigos  |  O que parece ter sido feito para você em Salvador? O pôr-do-sol, o mar e o amor  |  Do que sente falta na cidade? Áreas verdes, praças, lugares para usufruir da cidade

Kátia Guzzo | Idade 51 | De onde você vem? Nasci em Campos (RJ), mas, aos 17 anos, me mudei para a capital  |  Profissão: Jornalista: apresentadora e editora da TV Bahia há 23 anos  |  Há quanto tempo está em Salvador? Há 28 anos... Com duas "saidinhas": 1 ano e meio, na Inglaterra e 4 meses na Alemanha | Como e por que Salvador? Um amor me trouxe... E outra paixão me prendeu de vez: a televisão  |  O melhor da cidade é... O pôr-do-sol único... no mar!  |  O pior da cidade é... A sinalização do trânsito deveria ser reformulada por causa da topografia da cidade e pelo desrespeito debochado por parte de motoristas e pedestres!  |  Para matar a saudade de casa... Aí, só tem um jeito: pegar um avião  |  A melhor vista de Salvador... Da casa do meu namorado, na Gamboa de Cima...  |  A primeira impressão da cidade foi... A água morna da mar. Achei quente! Hoje vejo que é do tamanho exato  |  Se não fosse Salvador, seria... No Brasil, Florianóplis. No mundo, Londres ou Berlim  |  O que parece ter sido feito para você em Salvador? O jeito baiano de ser... é a minha caaara!  |  Do que sente falta na cidade? Mais lugares para dançar!

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Serviço – Locações, lojas e arquitetos Accessoria Inc – www.accessoriainc.com  §  Alessandra Carvalho e Vanessa Soares – Rua Alceu Amoroso Lima, 470, Sl 406 / 407, Caminho das Árvores, Salvador (BA) (71) 3341-7956  §  Antonio Caramelo – Av. Adhemar de Barros, 1156, Edf. Master Center, Sala 104 - Ondina, Salvador (BA) /(71) 3245-6533  §  Asus Tek Computer – Fnac - Av. Paulista, 901, Bela Vista, São Paulo (SP) / (11) 2123-2000  §  Basílica da Igreja Menor do Sr. Do Bonfim – Praça Senhor do Bonfim, s/n, Bonfim, Salvador (BA) / (71) 3316-2196  §  Bistrô Charlô – Rua Barão de Capanema, 440, Jardim Paulista, Zona Sul, São Paulo (SP) (11) 3088-6790 / 3083-3793  §  Bizâncio Casa – Alameda das Espatódeas, 300, Caminho das Árvores, Salvador (BA) / (71) 3341-6881 / 3341-8598  §  Caloula Antiguidades – Av. Cardeal da Silva, 111, Rio Vermelho, Salvador (BA) / (71) 3334-5635  §  Capela Nossa Senhora das Dores – Av. Afranio Peixoto, Lobato, Salvador (BA) / (71) 3246-8842  §  Catedral Basílica de Salvador – Praça 15 de Novembro, s/n, Terreiro de Jesus, Salvador (BA) / (71) 32615243  §  Christian Louboutin – Shopping Iguatemi São Paulo, Av. Brigadeiro Faria Lima, 2232, Jardim Paulistano, São Paulo (SP) / (11) 3032-0233  §  Colette Paris – www.colette.fr  §  Dalva e Dito – Rua Padre João Manoel, 1115, São Paulo (SP) / (11) 3064-6183  §  Diagrama – Alameda das Espatódeas, 393, Caminho das Árvores, Salvador (BA) / (71) 32720990  §  Ecopedras – Rua Pedro Gama, 31, Federação, Salvador (BA) / (71) 3339-8800  §  Eliane Kruschewsky – Rua da Alfazema 461,Edifício Iguatemi Business, sl 310, Salvador (BA) / (71) 3245-1922  §  Fazenda Corumbau – Ponta do Corumbau, s/n - Corumbau, Prado (BA) / (73) 3294-2250  §  Flavio Moura – Av. Santa Luzia, 1136, Sl. 103, Horto Florestal, Salvador (BA) / (71) 3276-0614  §  Forte Santa Maria – Praia do Porto da Barra, S/N, Barra, Salvador (BA)  §  Forte Santo Antônio da Barra (Farol da Barra) – Praia da Barra, S/N, Barra, Salvador (BA) / (71) 3264-3296  §  Forte São Diogo – Rua Forte S. Diogo, Porto da Barra, S/N, Salvador (BA) / (71) 3267-3307  §  Forte São Marcelo – Rampa dos Saveiros, ao lado do Mercado Modelo, Comercio, Salvador (BA) / (71) 3321-5286  §  Home Design – Av. Paulo VI, 1186, Pituba, Salvador (BA) (71) 3503-5959  §  Home Design Casual – Rua Várzea de Santo Antônio, 600, Caminho das Árvores, Salvador (BA) / (71) 3358-0400  §  Iamna Smarcevski – Rua Agnelo de Brito - 240, Federação, Salvador (BA) / (71) 3331-7156  §  Igreja da Ascensão do Senhor – Centro Administrativo da Bahia, Boca do Rio, Salvador (BA)  §  Igreja da Ordem Terceira de S. Francisco – Rua da Ordem Terceira, nº 1, Pelourinho, Salvador (BA) / (71) 3321-6968  §  Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos – Praça José de Alencar, s/n, Largo do Pelourinho, Pelourinho, Salvador (BA) / (71) 3321-6280  §  Inês Martins Jóias Contemporâneas – inesdesigner@hotmail.com - Salvador (BA) / (71) 8181-7810  §  Instituto Lina Bo e P.M. Bardi – Rua General Almério de Moura, 200, São Paulo (SP) / (11) 3744-9902  §  Ivan Smarcevski – Rua Agnelo Brito, 240, Federação, Salvador (BA) / (71) 3331-7156  §  Joana Requião – Av. 7 de Setembro, 3959, Villa da Barra, sl 04, Salvador (BA) / (71) 3267-7227  §  Judith Pottecher – www.judithpottecher.com/ / (11) 8256-6250  §  Kiaroa Luxury Resort – Loteamento da Costa, área SD6, Dist. de Barra Grande, Maraú (BA) / (73) 3258-6213  §  LB Home – Av. Paulo VI, 1794, Itaigara, Salvador (BA) / (71) 3354-3496  §  Louis Vuitton – Rua Haddock Lobo, 1587, Jardins, São Paulo (SP) / (11) 3088-0833  §  Manuel Bandeira – www.manuelbandeira.art.br / (71) 3346-0800  §  Marc Jacobs – Rua Haddock Lobo, 1594, Sao Paulo (SP) / (11) 3897-2699  §  Marcelo Negromonte – fotografiadearquitetura@hotmail.com / (71) 91919656  §  Marcelo Rosenbaum – Rua Cristiano Viana, 224, São Paulo (SP) / (11) 3082-6383  §  Marcio Kogan – www. marciokogan.com.br / (11) 3081-3522  §  Mario Figueiredo e Aline Cangussú – Rua Leonor Calmon, 44, edf. Empresarial Cidade Jardim, sl 901, Candeal, Salvador (BA) / (71) 3452-5220  §  Marisa Vianna Fotografia – photomarisa@gmail.com / (71) 8784-1234  §  Marlem Vilela – marlemvilela@gmail.com / (65) 8122-5398  §  Marlon Gama – Av. MagalhÆes Neto, nº 1711, Edf. Lena Empresarial, sala 711, Pituba, Salvador (BA) / (71) 3341-6959  §  Memorial ao Holocausto – Rua 5ª Lázaros, s/n, Baixa de Quintas, Salvador (BA) / (71) 3244-6424  §  Micasa – Rua Estados Unidos, 2109, Jardim América, São Paulo (SP) / (11) 3088-1238  §  Museu de Arte de São Paulo (MASP) – Av. Paulista, 1578 - São Paulo - SP / (11) 3251.5644  §  Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM) – Av. Contorno, s/n, Solar do Unhão, Comercio, Salvador (BA) / (71) 3117-6141  §  Nágila Andrade – Rua Itabuna, 205, Rio Vermelho, Salvador (BA) / (71) 3334-4851  §  Negra Jhô Penteados Afro – Rua Frei Vicente, nº 4, Pelourinho, Salvador (BA) / (71) 3321-8332  §  Nexo by Scatto – Alameda das Espatódias, 231, Caminho. das Árvores, Salvador (BA) / (71) 3341-0373  §  Nike – Salvador Shopping, Av. Tancredo Neves, 3133, lj 2130, Salvador (BA) / (71) 3341-7010  §  Omni Light – Alameda das Espatódeas 201, Caminho das Árvores, Salvador (BA) / (71) 3271-2264  §  Pestana Covento do Carmo – Rua do Carmo, nº 1, Pelourinho, Salvador (BA) / (71) 33278400  §  Pestana Lodge – Rua Fonte do Boi, n° 216, Rio Vermelho, Salvador (BA) / (71) 2103-8000  §  Rita Camara Home Gallery – ritacamara@globo.com - Salvador (BA) / (71) 3374-9357  §  Roberto Migotto – Rua Bastos Pereira, 54, São Paulo (SP) / (11) 3885-2024  §  Sergio Ekerman – Rua Almeida Garret nº 35, sala 04, Pituba, Salvador (BA) / (71) 88470717  §  Sierra – www.sierra.com.br  §  Studio PIE – www.projectimportexport.com  §  Tudo São Flores – Rua Anísio Texeira, 161, Shopping Boulevard 161, lj 5S, Itaigara, Salvador (BA) / (71) 3358-5945  §  Viviane Vieira – Rua Alceu Amoroso Lima, n§ 470, Ed. Niemeyer,sala 407 - Caminho das Árvores, Salvador (BA) / (71) 3491-6500  §  Wagner Paiva – Av. Anita Garibaldi, 1815, Sl 204 A, Ondina, Salvador (BA) / (71) 3331-6494  §  Xico Diniz – www.xicodiniz.com.br/ (71) 9973-0102  §  Zank Hotel Boutique – Rua Almirante Barroso, 161, Rio Vermelho, Salvador (BA) / (71) 3083-4000

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perfeito para quem é exigente Mário Figueiredo e Aline Cangussú para Marcato

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Alameda das Espatódeas, 149 Salvador – BA  Tel:  |71| 3341-1555


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