Japão
Um especial recheado de detalhes imperdíveis deste país insular
Kenzo Tange
O registro de uma arquitetura atemporal, desafiadora, exclusiva
Shigeru Ban
Responsável por uma arquitetura emergencial, Ban é um vanguardista
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ÍNDICE
tóquio 42 conceito gastronomia 123
sofás 256
tokujin yoshioka 86
Conceito Portifólio 227 Especial Casa Cor 119
close 94
arquitetura & moda 66
In Loco 184
acontece no mundo 214
japão, soy louco por ti 112
shigeru ban 24
kenzo tange 16 editorial de moda 102
birô de estilo 97 shiko & derbyblue 250
howard schatz 220
tsukiji 178
kioto e atami 34
• Considere, rapaz, a possibilidade de ir pro Japão. Pela curiosidade de ver onde o sol se esconde • Gilberto Gil
editorial
G
ire o globo! Estamos no Japão, a “Terra do Sol Nascente”, que muda um prédio de lugar como quem muda um cinzeiro de mesa e tem também a maior expectativa de vida do mundo, fruto de alimentação regrada e de técnicas de meditação. Mas, nem só de arroz e yoga vive o Japão. Shigeru Ban, arquiteto japonês, mostra as possibilidades de uma arquitetura emergencial, às vezes até de papel, pensada para as agruras de um país com limitações geográficas, eventualmente abalado por catástrofes naturais. Kenzo Tange, arquiteto igualmente genial, representa a arquitetura japonesa da década de 1960, com projetos que soam frescos, como recéminaugurados: minimalistas, elegantes, classudos; japoneses, afinal. Temos ainda um Especial Arquitetura e Moda, com sete grandes lojas da moda mundial em projetos com nomes premiados como Toyo Ito, Jun Aoki, Renzo Piano, Sejima e Nishizawa, Herzog & de Meuron e Tadao Ando. Kyoto, Atami, Tóquio, Osaka: cidades pulsantes, silenciosas, metódicas, tradicionais, surpreendentes. Há ainda o Tsukiji, o maior mercado de peixes do mundo, megalomaníaco, como os japoneses gostam, com atuns e outros peixes e frutos do mar leiloados aos gritos. Tokujin Yoshioka: o designer das sensações. No editorial de moda, uma gueixa moderna, monocromática, dramática. O Conceito Gastronomia traz alguns dos melhores restaurantes japoneses. No Birô, origamis deixam de ser papel e viram o que você precisar, ou quiser, cheios de formas e possibilidades. Fernanda Yamamoto nos presenteia com um Acontece no Mundo em Tóquio. E tem também Howard Schatz: o fotógrafo que transforma corpos, que brutaliza mulheres, que encanta. Shiko e Derby Blue: ilustrador e personagem. Criador e criatura. Juntos, entrevistando-se, surpreendendo-nos. Uma edição exaustiva, cheia de idas e vindas, geográficas ou não, com muitas tentativas, deslocamentos que, no final, se mostrou mágica, cheia de charme, como uma virada de olhos puxados, um sorriso de boca fechada, uma aura japonesa no ar. Dificilmente seria diferente: o que esperar de um país que nem uma bomba atômica foi capaz de destruir? Andrea Velame – editora coordenadora
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\\\\\\\\\\\\\\QUEM FAZ
ANDREA Velame
TIAGO Nery
Diretora
Designer gráfico
THAÍS Muniz Produção
NYALA Cardoso Produção
MARCELO Negromonte Fotógrafo
Direção geral Andrea Velame Design gráfico Tiago Nery Fotografia de arquitetura Marcelo Negromonte Produção Thaís Muniz e Nyala Cardoso Colunistas Thaís Muniz, Lucas Assis e Paulo de Abreu e Lima Distribuição Salvador e São Paulo lustração Túlio Carapiá Impressão Gráfica Santa Marta Consultoria Lílian Reichert Secretária Mery Santos Departamento comercial comercial@programatudoav.com.br TUDO AV Editor-chefe de vídeo Eduardo Monteiro Assistente de produção Mário Fernandes Fotografia de capa Roland Halbe Fale com a redação producao@andreavelame.com.br
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Suíte master Casa Cor Bahia 2010 por Marlon Gama
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conceito arquitetura
Umaarquiteturaatemporal texto andréa velame
A primeira vez que decidi fazer arquitetura foi quando vi desenhos de Le Corbusier em uma revista japonesa em 1930 – Kenzo Tange
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A
o longo da carreira, a marca registrada de Tange era um estilo sobressalente e elegante, combinando princípios estéticos japoneses e ocidentais. Tange capturou o espírito do rápido desenvolvimento no Japão. O Estádio Olímpico de Tóquio (1964), muitas vezes foi descrita como uma das mais belas estruturas construídas no século 20. Kenzo Tange nasceu em Sakai em 1913, mas passou a maior parte da infância na cidade natal do pai, Imabari. Formou-se em arquitetura na Universidade de Tóquio (1938) e trabalhou no estúdio de Kunio Maekawa (1941), discípulo japonês do grande mestre de origem suíça, Le Corbusier. Sua tese doutoral foi sobre a estruturação dos espaços nas grandes cidades, considerando as distâncias entre os lugares de trabalho e os de residência. Em 1946, tornou-se professor na mesma universidade e organizou o chamado Laboratório Tange, onde ele e seus alunos desenhavam projetos. Entre os alunos, arquitetos que, mais tarde, também seriam famosos, como Arata Isozaki. Enquanto lecionava na respeitada universidade, deixou sua marca numa série de prédios públicos e complexos urbanos. O primeiro grandioso projeto foi o Memorial da Paz de Hiroshima (19491955), que se tornou não só uma referência arquitetônica, mas marco na consciência mundial, provando que a coexistência não só é possível como necessária, depois de a cidade ter sido destruída pelo enorme impacto da primeira bomba atômica. Recebeu a Ordem da Cultura do Japão (1970), entre vários outros prêmios em seu país e no exterior. Seu último projeto é a sede da TV Fuji, uma esfera gigantesca que flutua entre volumes retos, visão inesquecível de uma arquitetura atemporal. Tange morreu aos 91 anos, vítima de insuficiência cardíaca. Sua arquitetura pode ser contemplada em mais de 20 países, inclusive o aeroporto internacional do Kwait, que lhe deu, em 1987 a premiação máxima, o prêmio Pritzker de Arquitetura.
Acima, a sede da TV Fuji, onde a esfera gigantesca é o destaque que flutua entre os volumes retos
Em 10 de março de 1997, a TV Fuji mudou a sede para o novo edifício projetado por Kenzo Tange
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Em 1945 a catedral de Santa Maria, de 1889, foi danificada pela guerra e Kenzo Tange obteve o primeiro lugar num concurso para a reconstrução
Catedral de Santa Maria
E
m 1945 a catedral católica de Santa Maria, de 1889, foi parcialmente danificada pela guerra. Kenzo Tange obteve o primeiro lugar num concurso para a reconstrução. A nova catedral, para cerca de 1500 pessoas, foi construída entre 1963 a 1964. Tange e a equipe que com ele trabalhava decidiu dar a esta obra o formato de uma cruz. Sobre ela, se erguem as paredes formadas por oito parábolas hiperbólicas, que se abrem no alto em forma de uma cruz luminosa cujos braços se lançam de baixo para o alto. Esta nave é acompanhada de anexos retangulares que constrastam por estarem em uma igreja. Há ainda um pórtico com as fontes batismais. O campanário, separado do conjunto, ergue-se a absurdos 60 metros. Diferentemente de tantas outras igrejas católicas, sobretudo as mais barrocas encontradas especialmente na Bahia, nesta, a nave não tem ornamentos. Deixou-se o cimento aparente enquanto as superfícies exteriores são revestidas de aço inoxidável brilhante, o que confere um efeito particular a esta catedral católica.
Nesta igreja se percebe as soluções inovadoras da arquitetura de Tange
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Acima, o Yoyogi National Gymnasium, de 1964, uma obra modernista, majestosa, que projetou o trabalho do arquiteto Kenzo Tange ao ocidente
Este projeto foi para a sede dos Jogos Ol铆mpicos de Ver茫o de T贸quio. Neste mesmo ano, 1964, Tange desenhou a catedral Santa Maria de T贸quio
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Yoyogi National Gymnasium Kenzo tornou-se conhecido no Ocidente ao projetar o Yoyogi National Gymnasium, sede dos Jogos Olímpicos de Verão de Tóquio (1964), mesmo ano em que desenhou a catedral Santa Maria de Tóquio. Os projetos posteriores caracterizaramse pelo aspecto grandioso, combinando alta tecnologia com os princípios humanistas que moveram os primeiros arquitetos modernistas. Sempre atento a questões urbanísticas, elaborou um plano para a Tóquio da segunda metade do século XX que, até hoje, é modelo para metrópoles que crescem sem estrutura para absorver mudanças em seu perfil. Foi responsável pelo plano mestre da Exposição Universal de Osaka (1970), que contribuiu, posteriormente, para levar o Japão ao mundo industrializado.
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Tem coisas que você não precisa ver, precisa s e n t i r
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conceito arquiteto
A arquitetura emergencial de Shigeru Ban foi descrita pela revista Time como uma das mais inovadoras do mundo texto andréa velame em Tóquio no ano de 1957, Shigeru Ban, arquiteto japonês nascido estudou no Instituto de Arquitetura Southern California e, mais tarde, passou à Escola de Arquitetura Cooper Union, onde se graduou, em 1984. conhecido pelo trabalho inovador com papel e papelão tubulão, Trabalhou como estagiário no escritório de Arata Isozaki e é o arquiteto mais para construção civil. Jefferson de Arquitetura, as Thom alha Med da , anos 48 XXI. aos lo , Vencedor, em 2005 cenário mundial da arquitetura do sécu vem ocupando espaço de destaque no
eru Ban é a estrutura “invisível”. Uma das premissas do trabalho de Shig los aos projetos. Ele não expressa abertamente os elementos estruturais, optando por integráBan não está interessado em conhecer novos materiais e técnicas, mas sim na expressão do conceito por trás de sua construção. Os materiais que prefere utilizar são delib eradamente escolhidos pela função. Shigeru Ban leciona em diversas escolas de arquitetu e métodos encontrados na arquitetura tradicional jap ra e utiliza muitos temas onesa, como o papel arroz. Ao optar por estudar com Hejduk (Cooper Union School de Architeture), Ban pensou em fazer algo diferente. Hejduk tem uma linguagem racionalista na arquitetura e uma forma de revisitar o modernismo ocidental, agregando conteúdo mais rico do que a visão redutora, do que a versão racional do espaço tradicionalista, ainda ultramoderna, da arquitetura japonesa. Com sua formação e influências ocidentais, Ban tornou-se um dos arquitetos japoneses que abraçam construção. s e orientais a métodos de tai den oci s ma for de o açã a combin
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É de papel Ele foi o primeiro arquiteto no Japão a construir uma edificação em papel. Escolheu o papel como material porque o considera de baixo custo, por ser reciclável e substituível. O último aspecto do perfil de Shigeru Ban é o humanitarismo e a sua atração pela arquitetura ecológica. O trabalho com papel é fortemente baseado em sustentabilidade e pouco desperdício. Ban encaixa-se bem na categoria de “Ecological Architects”, mas também pode ser modernista, um experimentalista japonês, bem como um racionalista. “Eu não gosto de resíduos” é uma citação usual de Shigeru Ban, resumindo sua filosofia, conhecida como “Paper Architecture “(arquitetura de papel) . Sua obra é caracterizada pelo uso de materiais pouco convencionais. Ele mesmo diz que tenta evitar os detalhes sofisticados. Em 1995, o terremoto de Kobe deixou muitas pessoas desabrigadas por vários meses. Ban ajudou a aliviar a situação, criando uma concepção econômica e rápida nas construções de casas e igrejas em papel.
Acima, o Paper Dome Taiwan. Ban utiliza estruturas de papel, o que possibilita resultados estéticos e estruturais absolutamente inovadores sob vários aspectos
Na página ao lado, o Pompidou-Metz, um centro artístico francês localizado em Metz. O edifício é um grande hexágono formado por três galerias que se comunicam
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Arquitetura & Luz
O
cuidado com a iluminação está cada vez mais presente nos projetos de arquitetura e decoração. Por conta disso, tem sido freqüente o encontro dos profissionais sobre o tema. No mês de agosto, representando a ARQLUZ Iluminação, participei em São Paulo do primeiro LED forum, que teve como objetivo conscientizar os profissionais da área sobre o uso da mais atual tecnologia em iluminação. A aplicação dos LEDs vem conquistando mais espaço nos projetos luminotécnicos como solução para iluminação arquitetural e decorativa, devido a evolução tecnológica que confere ao produto uma maior eficiência, embora ainda tenha muito a melhorar quanto a qualidade de luz emitida. As lâmpadas de LED tem um custo menor do que as luminárias com LED e fonte remota, mas não podem ser comparadas à eficiência das mesmas. O LED pode ser usado com outras fontes de luz. A especificação será em função do uso mais adequado de cada
“A luz é a chave para o bem estar” Le Corbesier
produto. As lâmpadas fluorescentes, por exemplo, garantem mais fluxo luminoso e são também energeticamente eficientes. As lâmpadas dicróicas de 50w já podem substituídas pelas lâmpadas energy saver de 35w garantindo o mesmo nível de iluminação e com uma economia de aproximadamenete 60 % nos custos operacionais. É importante ressaltar que os LEDs devem ser utilizados com critério e rigor técnico para que as vantagens sedutoras deste tipo de fonte de luz baixo consumo de energia, vida útil e pouca emissão de calor - sejam alcançadas. Os empreendimentos preocupados com sustentabilidade precisam estar atentos na qualidade dos projetos de iluminação, na especificação adequada das fontes de luz para obterem resultado racional e econômico do consumo de energia. Marilda Menezes, arquiteta luminotécnica
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O Monte Fuji, uma das visões mais emblemáticas do Japão
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conceito especial
Kyoto & Atami
Originalmente, chamava-se “Heiankyo”. “Kyo” significa capital e “heian”, paz. Kyoto é, portanto, a “capital da tranquilidade”
texto andrea velame
K
yoto é uma cidade de 1.500.000 habitantes. Fundada em 794 como capital do país, permaneceu assim durante mais de mil anos. Desenvolveu-se como cidade histórica e cultural. É uma cidade do interior, cercada por morros, sendo os principais o Higashiyama, o Kitayama e o Nishiyama . Há dois rios importantes: o Kamo, no leste, e Katsura, a oeste, que cortam a cidade. Às margens do rio Kamo, numa ribeira, há restaurantes tradicionais da
cultura nipônica. A área total da cidade é de 610 quilômetros quadrados, com 60% de cobertura de floresta. Kyoto conseguiu preservar sua história e cultura, tornando-se conhecida como capital cultural do Japão. A cidade está dividida em nove avenidas. Curiosamente, é a única cidade do Japão cujas ruas têm nomes. As demais são todas números. O trânsito circula pelo lado esquerdo, seguindo a tradição dos samurais, que andavam pela esquerda.
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Acima, o Kiyomizu-dera, o segundo templo mais antigo de Kyoto. É uma grande obra: toda a estrutura de madeira por baixo não tem pregos
Não pode faltar a visita a alguns dos muitos templos xintoístas da antiga capital. Dentre eles, destacaria Kinkaku-ji, o Templo Dourado, nome dado ao templo Rokuon-ji, rodeado por um lago espelhado. Todo o pavilhão, exceto o térreo, é coberto de ouro. Reza a lenda que foram utilizadas 100 mil folhas de ouro na execução deste templo. No telhado, uma fênix chinesa. O local escolhido para ser erguido o Pavilhão Dourado, designado como Shariden, no ano de 1220, era destinado ao descanso de Kintsune Saionji, mas a construção só foi realizada em 1397, para servir a Yoshimitsu Ashikaga. Durante a guerra de Onion, o templo foi queimado várias vezes. Em 1950, outro incêndio, desta vez provocado por um monge que sofria de perturbações mentais. O novo
templo foi reerguido em 1955 e recentemente restaurado, sendo aplicadas, mais uma vez, 100 mil folhas de ouro! Kiyomizu-dera é um templo construído no ano de 780 por Sakanoueno Tamuramaro, famoso chefe militar da Era Heian. Foi reconstruído em 1633 por Iemitsu Tokugawa, terceiro shogun da dinastia Tokugawa. É o segundo templo mais antigo de Kyoto. O pavilhão principal pode ser considerado uma grande obra da marcenaria. O balcão, assim como toda a estrutura de madeira por baixo, não tem pregos. Como é possível um prédio de tamanha altura sustentar-se sem pregos? A resposta está na estrutura, que foi feita com 139 pilares e 90 vigas encaixados, preparados para receber qualquer desastre natural. Quando visitar o templo de Kiyo-
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mizu, você deve seguir vários rituais. Primeiro, vejamos o portão. Dizem que, ao atravessá-lo, nos afastamos dos desejos mundanos, pois entramos no terreno sagrado do templo. Em seguida, nos deparamos com as estátuas de cães, defensores dos templos e dos santuários xintoístas. São chamados Koma-Inu. Dizem que a origem deles está na Pérsia e na Índia, entre os séculos III e IV. Em geral, o da direita está abrindo a boca e o da esquerda, fechando. Mas, estes, do templo de Kiyomizu, estão ambos abrindo a boca. Dizem que a razão é mostrar que estão dando as boasvindas aos visitantes que subiram a longa ladeira até a entrada do templo. É considerado um dos mais coloridos e, nele, você poderá sentir a força da religião nipônica.
Kinkaku-ji ĂŠ o templo dourado, nome dado ao templo Rokuon-ji, rodeado por um lago espelhado
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conceito especial
No mosaico de fotos, o Hotel Gran Via, em Kyoto
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Atenção! O trem-bala é bastante rígido na pontualidade. As horas do embarque e do desembarque são determinadas, sem possibilidade de atrasos
Kyoto é uma cidade de nobres, com suas peculiaridades e tradições. O povo não aceita pessoas desconhecidas em suas casas. Os estranhos são recebidos na porta e, só depois de anos, é que são convidados a sentar e tomar um chá. No entanto, Kyoto não se limitou ao velho e tem feito esforços para desenvolver nova arte, cultura e tradições. É a cidade onde as mulheres mandam mais que os homens. A atmosfera artística de Kyoto está em nítido contraste com Tóquio, que vive em ritmo acelerado. Das 1.500.000 pessoas que vivem lá, 9% são estudantes. A cidade conta hoje com 37 universidades, o que in-
dica alta concentração de atividades acadêmicas de qualidade da cidade. Mas, um dado preocupou no último ano: a cada 5 estudantes graduados, apenas um está empregado no Japão. Devido à localização num vale, Kyoto tem condições climáticas especiais. Por um lado, há vento constante e suave, que sopra através do vale; por outro, o intervalo entre as temperaturas mínima e máxima é grande. Kyoto é rica em patrimônio cultural, incluindo a arquitetura, pintura, escultura, jardins, relíquias históricas e arte popular, que foi acumulado ao longo da história japonesa. Cerca de 21% do Tesouro Nacional do Japão e cerca
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de 16% do seu importante Patrimônio Cultural encontram-se em Kyoto, que ocupa o primeiro lugar em qualidade e quantidade no Japão. TREM-BALA Kyoto está a apenas 2h40 de Tóquio, e a experiência de uma viagem no trem-bala nos coloca definitivamente distantes da tecnologia e de serviços deste país. Ao comprar o bilhete na JR BULLET TRAIN está determinada a hora do embarque, às 12h29, e chegada, às 15h09, sem possibilidade de atrasos; portanto, fiquem muito atentos, vocês têm apenas um minuto para o desembarque!
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Monte Fuji Uma das visões mais emblemáticas do país. Resulta em escuro, a origem do seu nome. A versão mais popular traz o sentido de “único”. Também é apontado como uma associação de ar e fogo. Em qualquer das situações, a silhueta do monte mais alto do Japão o torna emblemático, tanto aos nativos como aos estrangeiros. Maior pico do Japão e um dos mais conhecidos do planeta, o Monte Fuji é, na realidade, um vulcão, cuja última erupção aconteceu há três séculos. Mais exatamente, em 16 de dezembro de 1707, quando lançou uma chuva que acumulou cinco centímetros de cinzas sobre a então capital do país, à época chamada Edo. A formação de 3.776 metros, situada entre as províncias de Yamanashi e Shizuoka é o principal ícone geológico do Japão, objeto da peregrinação anual de mais de 300 mil alpinistas e turistas que percorrem o caminho até o seu cume. Outros milhões o observam à distância, especialmente das janelas dos trens-bala que cortam o país. Entretanto, a placidez que a montanha transmite traz escondida um perigo: “todos só veem sua beleza e só vão
acreditar que ela pode explodir quando isso acontecer”, diz o geólogo Masato Koyama, da Universidade de Shizuoka. Uma noite em ATAMI As gueixas são como estrelas fugazes: brilham num instante e desaparecem em seguida. Sempre trajadas com seus extraordinários kimonos, escondem-se atrás de paredes de papel de arroz. Elas são damas de companhia, podem ser contratadas para apresentações particulares, mas o comum é que estejam presentes em eventos de grandes empresas, onde tocam instrumentos, dançam, brincam, bebem e fumam. Não é frequente que as esposas de diretores assistam a estes espetáculos, mas tivemos o privilégio de ter uma autêntica vivência japonesa. Hospedados em Atami num hotel termal, à beira do oceano pacífico, um jantar japonês foi servido para nós. Éramos 17 pessoas, um grupo divertido de empresários, amigos e novos amigos, que souberam desfrutar a noite. Todos trajados de kimonos, fomos servidos por gueixas. Dançamos, brincamos, bebemos, valorando uma noite que, certamente, ficará sempre presente nas nossas vidas.
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Japão Tóquio
conceito especial
Megalópole futurista e silenciosa
Uma capital com 30 milhões de habitantes, que mistura muitos rostos e encanta pela ordem
texto andrea velame
E
nganada. Foram anos imaginando uma Tóquio frenética, repleta de neon, de pessoas robotizadas; imaginava calçadas abarrotadas e a sensação de atravessar o túnel do tempo. Era esta a sensação colhida em filmes, anúncios e revistas. Engano... Tóquio nem sempre é bonita, mas sempre muito ordenada, silenciosa e sistemática. A arquitetura esta à frente do tempo, com uma veia
criativa e irreverente. Leis flexíveis de zoneamento e necessidade especial pelo novo fazem de Tóquio um playground arquitetônico, muitas vezes extravagante e excêntrico. O ritmo de construção desacelerou durante o longo período de recessão econômica no Japão, mas a recuperação está novamente tornando a capital um dos destinos mais interessantes no que diz respeito à arquitetura.
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Esta matéria levará você a uma verdadeira viagem arquitetônica. Para isso, subdividimos em seções como arquitetura, arte, moda e gastronomia Este é o meu olhar sobre o Japão
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A
cidade de Tóquio é um arquipélago, onde cada bairro é uma ilha com características próprias relacionadas por canais mais e menos importantes. Tóquio pareceu-me uma cidade muito humana, pelo comportamento dos jovens, irreverência e forma de chamar a atenção através das roupas e cabelos, que determina claramente a necessidade de quebra de paradigmas, de romper tradições e apresentar uma cidade ultramoderna. A cidade pode ser feita em três horas se você quiser apenas dar uma olhada em grandes exemplares da arquitetura contemporânea, já que a maior parte dos prédios que verá são lojas ou museus. Óbvio que este giro pode durar tanto quanto seu apetite por arte e compras permitir. Comece pelo bairro de Roppongi. Durante muito tempo conhecido como região vulgar, o bairro está rapidamente tornandose o paraíso do entretenimento e do comércio de luxo. A tendência teve início em 2003, quando o megacomplexo Roppongi Hills estabeleceu o padrão para os novos empreendimentos no país – uma mistura de lojas, centro de entretenimento, escritórios e hotéis, tudo altamente luxuoso e em escala monumental. Roppongi Hills A torre central do Roppongi Hills, Mori, tornou-se marca da cidade mas, desde março de 2007, está literalmente à sombra do Tokyo Midtown – um novo empreendimento com uma torre que é, não por acaso, dez metros mais alta e, atualmente, a maior da cidade. A uma curta e bem sinalizada caminhada da saída oito da estação, a torre é uma criação moderna, mas convencional, da gigante americana Skidmore, Owings & Merrill. Diz-se que todo o projeto é baseado em um jardim zen tradicional, mas você precisará de uma imaginação fértil para vê-lo.
O complexo Roppongi Hills inclui espaços de escritório, apartamentos, lojas, restaurantes, cafés, salas de cinema, um museu, um hotel, um importante estúdio de TV, um anfiteatro externo e alguns parques
O complexo levou 17 anos para ficar pronto e foi aberto ao público em 2003
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No 53o e último andar de Roppongi Hills, você vai encontrar arte contemporânea expostas no Mori Art Museum. Nas fotos expostas, algumas das obras de arte e instalações que já aconteceram lá
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aindo do Roppongi Hills, Mori, a próxima parada arquitetônica é o Design Sight, de Tadao Ando. Localizado em um dos agradáveis jardins planejados do complexo – que lembra mais Cingapura ou Vancouver do que Tóquio –, o Design Sight é um espaço de exposição criado por Ando em colaboração com o experiente designer Issey Miyake. Composto de dois trapezóides, parece ter sido feito de uma única folha de concreto dobrada. Você precisará pagar para visitar a exposição atual e explorar o espaço localizado no pátio inferior mas, mesmo do lado de fora, o prédio é um trabalho elegante e racional, como é característico das atuais estrelas da arquitetura japonesa.
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N
Mundialmente famoso como um dos principais membros do movimento de 1960 e 1970 Metabolist, Kurokawa finalmente abre ao público, depois de 20 anos de planejamento e construção, a National Art Center, com exposição inaugural retrospectiva de sua obra
ossa próxima parada: o National Art Center, Tóquio, inaugurado em janeiro de 2007. Com o Mori Art Museum, no Roppongi Hills, e o Suntory Museum of Art, no Midtown, está formado o chamado ‘triângulo da arte ’ de Roppongi. Projetado por Kisho Kurokawa – antigo porta-voz da arquitetura japonesa e candidato derrotado em 2007 para a Prefeitura de Tóquio –, a primeira coisa que se nota no NACT é o tamanho. Na verdade, a fachada dá a impressão de que os 14 mil metros quadrados de espaço para exposição estão para explodir. Este é o maior museu no Japão e explorá-lo pode levar um dia inteiro. As salas de exposição são amplas, apesar de serem cubos brancos comuns, o que torna o átrio – onde você pode entrar de graça – espaço preferido dos fãs do prédio. Por trás da explosão de vidro e aço de Kurokawa, fica um espaço imenso, marcado por cones invertidos de concreto que parecem ter emergido do chão. De dentro, é uma série de andares interligados e espaços modernos.
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Sinuoso por fora, tem no interior uma sÊrie de andares interligados e espaços modernos
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M
useu Suntory é uma das mais bem sucedidas expressões de Tadao Ando e da sua capacidade de dialogar com temas favoritos como a relação entre a água, o homem e a arquitetura. O complexo cultural, encomendado pela Suntory, fabricante de bebidas japonês, integra uma galeria de arte e design, um cinema IMAX 3D, uma série de lojas e um restaurante. Não foi fácil para o arquiteto convencer as autoridades sobre a viabilidade da ideia de criar uma praça com degraus que levariam ao mar, local de encontro, para shows e eventos, tornando o contato com a água elemento cotidiano no projeto. Cinco pilares monumentais foram erguidos à beira da água, além de um paredão de 70 metros, que reforça o sentido de continuidade entre a praça e o mar. O Museu Suntory consiste em um volume de cone, que se assemelha
a um tambor invertido, entrecortado por corpos sólidos em forma retangular. Cada volume tem função própria: o cone abriga o corpo esférico do cinema IMAX, enquanto os dois paralelepípedos de interseção contêm o museu e restaurante. Os dois paralelepípedos salientes são orientados ao longo dos eixos visuais e terminam em grandes painéis de vidro. O restaurante está voltado para Kobe, enquanto a galeria de arte, disposta perpendicularmente ao cais, olha para o horizonte, com vista do por-do-sol sobre o oceano. O Museu Suntory é construído a partir de uma variedade de materiais: o grande cone é composto por uma estrutura reticular espacial coberta com aço inoxidável e vidro na parte central, de frente para o mar, enquanto o resto do edifício é construído de concreto.
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Galeria Horyuji Treasures fica situada no Museu Nacional de Tóquio, no Parque Ueno, com terreno de 1900 m². A galeria dispõe de 4.031 m² de piso, distribuídos em quatro andares. Recebeu um prêmio de mérito arquitetônico pela integração arquitetônica à natureza, resultando numa obra de atmosfera tranquila, integrada com o exterior. Uma parede de espessura de concreto e pedra impede entrada de luz natural na entrada da galeria e nas áreas de armazenamento das obras de preservação permanente. Os visitantes podem relaxar em espaços de descanso. A sala de pesquisa e salas da curadoria, que exigem ambiente agradável, estão situadas no piso superior. Aqui, a luz natural entra através de um pátio a céu aberto e uma grande janela panorâmica com vista do bosque de Ueno.
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Yoshio Taniguchi tornouse internacionalmente conhecido pelo projeto de remodelação e ampliação do Museu de Arte Moderna de New York, o MOMA. Foi o vencedor do concurso do qual participaram muitos dos grandes mestres da arquitetura mundial para elaboração da Galeria Horyuji
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arquiteto uruguaio Rafael Viñoli, 54, com escritório em New York, Londres, Abu Dhabi, Los Angeles e Chicago foi o responsável pelo projeto do Tokyo Internacional Forum, encomenda do Governo Metropolitano de Tóquio, via concurso, em 1989. Trata-se de um Centro de Convenções e Arte, único do gênero em Tóquio, finalizado em 1996. É um complexo único, que acomoda apresentações culturais e eventos empresariais, localizado no cruzamento de quatro linhas de metrô e duas estações de trem principal, com significativo trânsito de pedestres. A intenção do projeto era fornecer acesso ao público e proteção contra os impactos do ambiente. Uma caixa de vidro de grandes dimensões, com uma treliça de 750 metros de comprimento, gera sensação impactante de drama ao projeto. À noite, a luz reflete na superfície das costelas
e transforma a estrutura em uma fonte de luz flutuante, iluminando o salão de vidro e perfis no horizonte. Pontes e rampas para pedestres dão acesso às salas de conferências e teatros, conferindo flexibilidade ao projeto. Os 35 x 16 metros da maior estrutura de vidro do mundo abriga uma escadaria que leva a uma estação de metrô e forma a entrada chave para o complexo. O Salão de Vidro, uma das estruturas mais ousadas já construídas no Japão, é composto por duas elipses de intersecção de vidro e aço, que encerram com um amplo lobby central. A estrutura é formada por sete andares acima do solo e três abaixo. Os 197 metros de altura da parede de cortina de vidro laminado foram projetados para serem transparentes, conectando visualmente os cinemas e a praça do centro de conferências.
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A estrutura ĂŠ formada por sete andares acima do solo e trĂŞs abaixo. Os 197 metros de altura da parede de cortina de vidro laminado foram projetados para serem transparentes
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Olhar o entorno, desfrutar da tecnologia arquitetônica, da utilização de materiais de vanguarda e de soluções de engenharia inacreditáveis faz com que se tenha rapidamente a certeza de que não se poderia estar em outro lugar do mundo que não Tóquio
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foto marcelo negromonte  grupo av
Estilo, arte e sensibilidade
Boulevard 161, sala 4, Itaigara, Salvador, Bahia, www.latellier.com.br  Tel 71 3353-7856
marcelo negromonte | grupo av
Joalheria
Shopping Apipema Center
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Poire Paradoxus Paseo Itaigara 2o piso
71 3353-3604  e 71 9987-7439
conceito arquitetura & moda
HERMÈS OMOTESANDO PRADA LOUIS VUITTON MIKIMOTO DIOR TOD´S texto andréa velame
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m od aé
um
de se es tra nh ar qu e, em
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El a sis éa te bo m aq rd ad ue a ac co om m pa o fe nh nô ple ao m no v en es Jap tu o ão so ár ,v i cio oe erd cu ot ad ltu eir em ra os p o, lq tem q ue ue plo ex i s so n ar er pr t e c flu u a qu g e a eb es r i d ite tu de ia r rt em ao sa e r z e tô en ez e log me , a os os s a n t i Ba re , a ar te rq qu m ico va pl lei uha os na a volu com m a uite e a s lo se e se ra us tem tm me o co tur rqu s jam re us jet no Glo pa as osf tria de mp a e ite sd od pr Gi os arq ria ra a . Um era da sco ort ga tura a o as so jet lhe ann fut uit Coe co e urb m nst am stro e ro cie a u a ini uris eto lho leç xem an oda rut en no mo d up os ar O s c , re tas no id ão p plo a, c , e ivis to. mia da, da as pa pr qui m urv spo pa rte- eali rim fo ria a m mo A a sã ar de n e t r é q n i a a o z n r ar in di etô rca s sá ra m ou av Ar do od e o qu te ui o –h o o d e t a d e a ec gr va s ni do e ve c ri u ra ma u ia i d ite m et eb áb pa ifes dor repr cos de Niem l pe oleç can m fu -ve ni, m li nsp esig tur as q ura aer ito ex ra e a a e ese qu lu ey la l ão o Fr tu rão que nk ira- n, a p ue d alg ia se da em os c um cria nta e tr xo er inh de an ro s 200 se de se com asu a ma ob dei plo lien en tiv m ans vem par a m ver k Ge ide 9/2 ins via na co u a n m a ra ro do te tad a d a m r sd st s. pa c s. o a me ita ap o v asc ão. hry al, 010. piro dup ac um as on Va rq res O a s m s m os er uli A e e n ins A u e la m ã e m n b m ue ci ba x a t o p m t s o a es s r a ex os a m ir clu rca a l en nd 20 d tili s s ira as ais t –e co rq ent ro siv s, ing sa o 10 a G sta eus nd io i mp nh uit o d de id aj ua çõ alt . m uc F pr om ec et es O ad ud ge es o r o c a o i, idd um r i er ôn se mo e an m e no o t e an ? ic m te da do c im s r, p sc a o o s t om es de erc san ro a a nte age pro ol om íti ma gr ado do upa gre mp ns. jeto co an . , e s ga o T s rca en , de A a m e a r v rân ais so sd t s m ve Tó ce alo ea c er ia o e es nida quio ssó r às , l o tre é , rio up , so spe s e um é u s cio cífi as gr ve m d l c o an rmu ógic o de o nd o
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A
. tos ia c pe as mon s r o ári e ha v b a so ur s t o x d , te cia o n t e en flu n i m i , tes , ca n a e t r ue ife h d l i s r, s tilo o s c e : os to i r n á a ev at d r a sta sp o po ic m ás co b É . s de to a n d e ali m e tu l a e a de od m m su ria n p o o ec pr d a ia se nc a ê d od ten m a a aé sd e d Mo om n os o, l i t es e d ca s bu m E
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Omotesando Hills por Tadao Ando
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arquiteto, mundialmente famoso, Tadao Ando, espremeu vários andares de lojas e uns quarenta apartamentos nesta longa tira de terreno, em Omotesando. O resultado é um espaço de compras que pouco tem que ver com um shopping center convencional. Corredores ligeiramente inclinados, música ambiente suave, as mais belas lojas que você jamais viu e um desfile ininterrupto de pessoas bem-vestidas nos fins de semana. As lojas incluem YSL, Bottega Veneta, a chiquérrima Amadana e a exclusiva papelaria Delfonics. Os restaurantes estão sempre cheios, mas é possível comer um choko na Hasegawa Saké Shop ou um delicioso bolo de fava no Toraya Café, uma das confeitarias mais antigas do Japão.
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Prada
por Herzog & de Meuron
“A
construção de um edifício não pode ser lido como um livro, não possui créditos e legendas, como em uma galeria de arte. Nesse sentido, estamos absolutamente anti-representados, a força dos nossos edifícios é visceral, têm impacto imediato sobre o visitante.” Essas são as palavras de Jacques Herzog, definindo a sua obra e a do parceiro, Pierre de Meuron, ambos vencedores do Prêmio Pritzker de Arquitetura (2001). Não há dúvida de que a nova Prada em Tóquio, no bairro de Omotesando, representa este conceito. Os badalados arquitetos presentearam a cidade com um edifício emblemático, destacando-se do comum neste país de pequenos espaços públicos. A edificação tem as fachadas levantadas em aço estrutural, formando uma caixa caleidoscópica com tramas em losangos preenchidas por vidros planos, côncavos e convexos. O formato, aparentemente irregular, torna diferenciados os vidros pela incidência da luz, lembrando um bloco de cristal. As portas de acesso acompanham a angulação. Além de agradar esteticamente, a trama ajuda na estabilidade do edifício, já que em Tóquio ocorrem muitos terremotos. O interior é decorado com as cores branco e creme.
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Dior
por Sejima e Nishizawa
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ejima e Nishizawa, que vivem em Tóquio, são conhecidos tanto pela linguagem de formas orgânicas quanto pela fusão dos espaços internos e externos, além de estruturas em vidro e metal. Um trabalho pautado pela transparência absoluta. “Eles exploram como poucos as propriedades do espaço contínuo, luminosidade, transparência e materialidade”, escreveram os jurados do prêmio. “Buscam as qualidades essenciais da arquitetura, que resultam em objetividade, economia de meios e contenção formal.” O escritório SANAA foi agraciado pelo Pritzker da arquitetura em 2010. A loja da Dior de Omotesando tem as fachadas formadas de acrílico termoformatado com cortinas internas, para produzir um efeito de tecido. Na fachada principal está o monograma da grife. A metáfora arquitetônica foi inspirada nos trajes de gala de John Galliano, com faixas de tule atando-a a cada pavimento. Durante o dia, transmite ideia de elegância, feminilidade e modernidade. E, no período da noite, brilha como se fosse uma joia.
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Tod´s por Toyo Ito
“A
Tod’s Omotesando Building é um projeto ambicioso, que contém conceitos e técnicas na vanguarda da arquitetura contemporânea. Com esse projeto, estou lutando para transcender esse modernismo arquitetônico que caracterizou o século XX”, diz Toyo Ito. O poder arquitetônico das paredes-cortina não-estruturais na arquitetura moderna foi a de criar a fachada “livre”. Com as novas tecnologias de concreto e construção de vidro, Ito encontrou nova liberdade dentro de uma parede estrutural. Como afirma, Tod´s é um edifício importante em forma de L que precisava tirar o máximo partido da fachada estreita na avenida Omotesando.
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Hermès por Renzo Piano
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nspirado nas tradicionais lanternas japonesas, a intenção de projeto do arquiteto Renzo Piano foi criar uma “lanterna mágica”. A fachada translúcida, durante o dia, valoriza os produtos da Hermès, através da espessura dos blocos de vidro. À noite, o prédio inteiro brilha por dentro. A cortina de vidro favorece isolamento acústico, criando uma atmosfera serena no interior, que é naturalmente iluminado pela semi-transparência do bloco de vidro. O edifício é tecnologicamente inovador, não só na fachada da construção, mas também na maneira como foram aplicados tradicionais sistemas utilizados em templos japoneses. A estrutura do edifício é constituída por uma estrutura de aço flexível, estrategicamente articulado com amortecedores visco-elástico. Durante os terremotos, o edifício pode mover-se. De acordo com os deslocamentos e deformações, a estrutura é distribuída uniformemente ao longo do edifício.
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Louis Vuitton por Jun Aoki
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m cada esquina de Tóquio tem uma Louis Vuitton, mas essa, criada pelo arquiteto Jun Aoki, preza por uma das mais interessantes disciplinas na área de arquitetura: a iluminação! Os tubos de cristal colocados na fachada, além da função decorativa, exercem aspecto luminotécnico que varia de acordo com a posição e luz do dia. Além disso, detalhes como o monograma da marca, feito de aço inox, complementam a mega loja.
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Mikimoto por Toyo Ito
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loja Mikimoto já se tornou símbolo da zona de Ginza na cidade de Tóquio. Segundo Toyo Ito, o edifício foi inspirado pelo simbolismo de uma caixa de joias e pelas próprias pérolas (a Mikimoto foi a primeira marca mundial a cultivar pérolas). As folhas de aço que revestem a fachada do edifício têm espessura considerável: 12 mm. O novo edifício vai abrigar a Mikimoto International, Mikimoto Cosmetics e Mikimoto Salão de Noivas. O edifício de 10 pisos abriga, também, entre outros espaços, um átrio que serve de hall de exposições e área de seminários exclusivamente para mulheres. O edifício foi projetado pelo arquiteto Toyo Ito & Associates Architects. Toyo Ito é um dos arquitetos atuais que mais têm refletido sobre a situação da cidade contemporânea e dos seus habitantes e sobre a arquitetura.
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marcelo negromonte | grupo av
Champanheira em prata Christofle e colares Nádia Taquary
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Flávio Moura para
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conceito design
design sensorial texto nyala cardoso
Design não é algo que você cria. É algo que você permite acontecer – Tokujin Yoshioka
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uando Tokujin Yoshioka entra em cena, todo o design tradicional se ajoelha e reza. Desconstruindo a conhecida Teoria do Design, segundo a qual o autor idealiza, determina e desenvolve um produto para determinado fim, no universo fluido de Yoshioka o modelo não é mais do que o acaso, consequência natural do processo de produção. Mentor de um trabalho intrigante, o artista compreende o design como sistema flexionável, no qual o material é algo que acontece e se transforma à medida que entra em contato tátil com o universo, como todo organismo vivo na natureza.
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Instalação “Tornado”: Tokujin utilizou 2 milhões de canudos transparentes para causar a sensação espacial deste fenômeno natural
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Universos complementares Em 1988, Tokujin ainda era um jovem e desconhecido designer japonês, enquanto o prestigiado estilista Issey Miyake travava uma luta interior na tentativa de encontrar solução para socializar o sistema fechado moda. Na busca de agregar novos conceitos ao trabalho, o estilista compartilhou tais inquietudes com o amigo Kuramata Shiro (1934–1991), mestre do design de móveis no Japão, que o apresentou a Yoshioka. Miyake deu ao jovem artista a tarefa de dirigir a exibição das vitrines de suas lojas, e Yoshioka prontamente apresentou uma estética forte e individual numa pluralidade de ideias, atraindo a atenção dos transeuntes. “Ele os fazia sorrir e se sentir bem, às vezes, simplesmente criando uma brisa, usando um ventilador elétrico”, conta Miyake. A capacidade de criar algo que interage com o homem, utilizando materiais simples, é o que define a verdadeira raiz do trabalho de Yoshioka. “Ele é incrivelmente talentoso em capturar as emoções das pessoas”, declara o estilista e amigo. Juntos, ele e Issey Miyake produziram uma série de instalações que envolvem de forma coesa os universos da moda, arte e design, sempre experimentando uma maneira de aguçar os sentidos dos espectadores. Depois de muitas experiências e discussões, Miyake diz ter aprendido que sempre pode esperar para ser surpreendido por Yoshioka. “Ele desaparecia por alguns dias, me deixando intrigado e, de repente, aparecia com algo bonito, acendendo a admiração de todos”, confessa o estilista, que complementa: “Com seu entusiasmo e vigor, é impossível prever o quão longe ele pode lançar-se ao futuro”. Yoshioka deixou o estúdio Design Miyake para tornar-se independente, mas ainda segue, até hoje, colaborando com o estilista.
“Eu acho que meus projetos não requerem muita explicação. O ato de criação não pode ser totalmente compreendido; é, por definição, uma questão de mistério e por isso resulta belo” Tokujin Yoshioka
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“Rainbow Church”, uma instalação feita com 500 prismas de cristal que refletem as cores do arco-íris. Na página ao lado acima, Cadeira “Memory”, e, abaixo, Cadeira “Honey Pop”, feita com folhas de papel glassine
Arte e Design “Acredito que chegará o dia em que tudo relacionado à criação, não só a arte e o design, mas também campos como da ciência e da gastronomia, serão discutidos no mesmo palco”, Tokujin Yoshioka. Yoshioka defende o sentido de totalidade universal, evita a descontinuidade e desafia as limitações do territorialismo. Tal abordagem holística define a postura criativa do designer, oposta ao caráter fragmentado do mundo moderno. Segundo ele, em pouco tempo, o design não será mais
considerado instrumento apenas da forma, mas também de elementos sensoriais, pelos quais outras impressões, como cheiro e som, passarão a fazer parte do projeto. Partindo desse princípio, Yoshioka procura não definir se suas obras são arte ou design. “O mais importante, para mim, não é o meu trabalho caber em uma categoria específica, mas inspirar pessoas”, define. Yoshioka chegou ao mobiliário através da arte e da moda. Designer de objetos, cenógrafo e criador de instalações, começou a colaborar com a
Driade em 2002, com a série TokyoPop, ao utilizar a bela forma do corpo humano em polietileno moldado. Em 2001 já havia criado a Honey-Pop, uma cadeira leve e resistente, feita com folhas de papel glassine empilhadas e cortadas ao longo de linhas específicas para que, magicamente, se abrisse em uma estrutura de favo de mel. A Honey-Pop logo roubou as atenções do cenário do design mobiliário e, hoje, faz parte da coleção permanente de grandes museus, como o Centro Georges Pompidou, em Paris, e o Museu de Arte Moderna, em New York.
A natureza das coisas “As coisas mais bonitas neste mundo são irreproduzíveis, acidentalmente nascidas...”, Tokujin Yoshioka Em seus projetos de mobiliário, Tokujin experimenta um jogo de materiais e formas que ganham vida através da frescura da criatividade. Diante das surpreendentes estrutu-
ras apresentadas pelo artista, é comum imaginar que Yoshioka usa materiais inéditos e tecnologia de ponta quando, na verdade, trata-se apenas da beleza de materiais comuns, apresentada como nunca antes. A Pane Chair, da Moroso, elucida tal afirmação. Produzida em material fibroso de poliéster, a “Pane” é uma “cadei-
ra de forno”, cujo processo produtivo assemelha-se ao do pão (em italiano, pane). Um bloco de finas fibras é enrolado, disposto numa forma cilíndrica de papelão e cozido no forno à temperatura de 104°, resultando numa cadeira de características inovadoras, com grande resistência física e mecânica e sensação confortável.
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Snow é uma instalação de quilos de plumas sopradas que expressava a "neve" com o conceito da cor "branca"
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Também para Moroso, Yoshioka apresentou, em abril deste ano, uma cadeira feita em tecido de alumínio reciclado. A Memory Chair transforma-se à medida que recebe interferências táteis do corpo humano, capturando a memória corporal de cada um que a utiliza. Segundo o designer, “a ideia foi harmonizar design e natureza com o sentido de mutação presente no mundo natural, sugerindo um projeto que nem sequer existe”. Pelos sentidos “Design é algo que você sente, por isso é agradável”, Tokujin Yoshioka. Yoshioka dissolve as barreiras do mundo material para captar, dentro dele, significados embrionários do mundo real. Busca mostrar a beleza inimaginável, capturando o movimento irregular da natureza. Num tanque de quinze metros de comprimento instalado pelo designer em julho deste ano no Mori Art Museum, em Tóquio, centenas de quilos de plumas são lançadas no ar e vão caindo lentamente. A instalação The Snow faz parte da exposição Segunda Natureza, cujo tema é repensar como o poder inconsciente de sentir a natureza no Japão afetariam a arte contemporânea e o design. Contudo, a intenção de Tokujin não foi reproduzir a natureza em si, senão entender como os sentidos humanos funcionam ao percebê-la. A sensação criada seria mais parecida com a memória emotiva da neve do que com a neve real. Em maio deste ano, Yoshioka instalou, no Beyond Museum, em Seul, a “Rainbow Church”, uma cortina de oito metros composta de 500 prismas de cristal que preenchem o espaço com a refração da luz do sol, formando um intenso arco-íris. A ideia desse projeto despontou há mais de vinte anos, quando Yoshioka visitou a Capela do Rosário em Vence, no sul da França, e ficou absorto pela beleza da luz refletida nos vitrais. Desde então, o designer tinha o sonho de fazer as pessoas experimentarem a luz com todos os sentidos. Aos 43 anos, Tokujin Yoshioka é um dos mais radicais designers japoneses da atualidade. Ao evitar o moderno conceito de ‘design’, o artista vai sempre além das fronteiras psicologicamente estabelecidas, transitando entre o visível e o mundo visionário. Suas criações, aparentemente simples, são resultado de um minucioso “fazer” poético e, em tal momento, revelam significados profundos sem ocultar a transparência do uso claro e funcional. Para Yoshioka, a beleza é algo que surge espontaneamente quando uma pessoa pára de julgar o valor usando o intelecto: “suspeito que apenas uma pequena porção de coisas seja possível através do intelecto”. As outras resultam da percepção sensitiva de Yoshioka, apresentadas em forma de uma infinidade de novas possibilidades, ocultadas nas entrelinhas do lugar-comum.
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• cadeira kimono •
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Bolsa preferida Não tiro essa de corujas da Daniella Zylberstjain. Pequena e prática. Gosto de usar atravessado
VíCIO Não desgruda do Blackberry. “Estou viciada no BBM” (Black Berry Messenger)
Óculos? Ray-ban, claro
conceito close
Fernanda Yamamoto Fernanda Yamamoto é, hoje, um dos grandes nomes do design de moda no Brasil. Trabalhou para Tufi Duek e Calvin Klein, Alexandre Herchcovitch, Rosset Têxtil e Jum Nakao. Quando lançou a própria marca, em 2008, foi selecionada quatro vezes consecutivas pelo prêmio Rio Moda Hype. Concebeu o espaço FY Convida, onde designers de moda de diferentes partes do Brasil exibem e vendem suas criações. Aqui, ela divide conosco os objetos pessoais de que mais gosta. texto thaís muniz foto / still Eladio Machado
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Uma jOia Gosto de joias para usar no dia-a-dia. Esses brincos de ouro branco são da Carla Amorim.
Calçado preferido Tênis, sem dúvida. Apesar de baixinha, não consigo usar salto alto.
Pedacinho do Japão dentro da sua casa... Foto do casamento dos meus bisavós, no Japão.
Blyhte A fashion doll criada em 1972 já assustou criancinhas, apareceu em campanhas publicitárias e teve coleção exclusiva de Alexander McQueen
perfume Incanto SHINE- Salvatore Ferragamo. É uma edição limitada. O Incanto muda a cada estação, por isso tenho um estoque desse perfume
OBJETO Manequim de costura feito à mão, sob encomenda
Polaroid O que sempre leva nas viagens: máquina tipo “Polaroid” FujiFilm
COLEÇÃO Tudo da Hello Kitty! Tenho de tudo e acabo ganhando muitos presentes da HK
SORTE Uma lembrança trazida do Japão: o Mini Gatinho da sorte
Peça de roupa preferida Vestidos. São especiais, deixam a mulher feminina, e bastam por si só. Nunca uso calça.
Um móvel Banco de praça Public Seating, do Konstantin Grcic
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Acessório Qual dá estilo a qualquer roupa básica? Enfeites de cabelo. Deixam qualquer produção especial.
grupo av
Verão 2011
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av. paulo VI, Nº 1065 pituba – salvador, bahia f. |71| 3453.1000
Thaís Muniz
cool hunter
Birô de estilo
Origami-se
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esde que o mundo é mundo, a arte de dobrar papéis, criando seres ou objetos geométricos, é original dos japoneses. A técnica milenar espalhou-se por todo o mundo e, desde então, designers apropriaram-se da estética para criar utilitários cotidianos. Bolsas, sapatos, roupas, mesas, gadgets e cadeiras. Muitas cadeiras! Portanto, origami-se!
Produção de moda: Thaís Muniz Foto: Raimundo Britto Origamis: Isis Fófano Tratamento de imagem: Estúdio Gato Louco Make & Hair: Lucas Assis Agradecimento: Rosa Chá e Salto XV e Garimpo Quatro Estações
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Chair/ Chair Eric Ku é um apaixonado por tipografia, e muito das suas criações se relacionam com isso. Ao criar a Chair/Chair se inspirou no artista americano Joseph Kosuth. Ku criou a faceta de montar uma cadeira utilizando apenas as letras da palavra Chair. Genial!
Papton Chair A Papton Chair tem o conceito de ser simples como um avião de papel. Criada pelo estúdio de design alemão Fuchs + Funke, é feita em papelão e pesa apenas 2 quilos. As dobraduras formam um painel composto, e um par de polígonos criam a unidade gráfica. A Papton Chair faz parte da coleção permanente de MKG Hamburgo.
www.ericku.org
www.fuchs-funke.de
Polygon Chair Cantilever A Polygon Chair também desenho de Fuchs + Funke, mas essa é com chapa metálica. Duas chapas simetricamente dobradas, armadas com tubos soldados, e a dupla garante um conforto inesperado. Irina Shaposhnikova A estilista russa apresentou a coleção “Crystallographica”, composta por peças altamente geométricas. A cartela de cores passou pelo preto, branco, champagnhe e grafite. Irina formou-se na Escola de Belas Artes da Antuérpia, na Bélgica, onde a moda é bem mais atrelada ao design do que às tendências. www.antwerp-fashion.be
Tlf03 O designer Tobias Labarque usou uma única chapa de alumínio para criar a cadeira TLF03, que não tem cortes ou sinais de solda. É uma placa dobrada, perfurada, para ser estética e fisicamente mais leve, além de acentuar a geometria. tobiaslabarque.wordpress.com
Stop Playing With Yourself Feito em espuma, é um quebra-cabeça de gente grande. As peças unidas, formam uma estrela. Isoladas, podem ser sofá, cadeira, mesa ou até uma cama. Para montar a estrela você vai precisar de ajuda. Um verdadeiro jogo! www.safurniture.com.au
Origami Toillet paper Bem, este aqui dispensa maiores comentários. O que importa mesmo é que é um charme e, sem dúvida, surpreendente! www.neatoshop.com
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Low Res A cadeira, que parece um origami do clássico criado por Verner Panton nos anos 1960, também é do projeto United Nude. Ela está disponível em várias cores. Linda!
Origami Jewellery
Mr. Miyake lançou uma nova marca de acessórios, onde bolsas simples e incríveis, com uma pegada totalmente tech no dna estão disponiveis em tamanhos que vão das Maxi bolsas às tão necessárias nécessaires.
Os franceses Claire & Arnaud fundaram a marca cuja primeira coleção foi feita com fios de papel após uma viajem ao Japão. Perceberam que as formas mereciam materiais nobres como ouro ou prata. Depois de lançarem o Tsuru, o símbolo da paz no Japão, vieram araras, coelhos, rinocerontes...
www.isseymiyake.co.jp
www.origamijewellery.com
Bao Bao Issey Miyake
United Nude Criada pelo designer Galahad Clark e pelo arquiteto Rem Koolhas, é uma marca de design com tendência para sapatos. Acima, o Lo Res, criado a partir de um objeto digitalizado em 3D. A série criou “dobraduras” em taças, garrafas, Estátua da Liberdade e até em um Lamborghini
Toughbook O Toughbook é o mais novo notebook da Panasonic. Com câmera de 2 megapixels, teclado iluminado e case de liga magnética, resistente a quedas, é também à prova d´água, tem bateria de 11 horas à prova de quedas. Ainda não chegou ao Brasil, mas quem tiver embarcando para o Japão, Reino Unido ou Estados Unidos, já pode trazer!
www.unitednude.com
www.panasonic.com
Quasi console Os designers Benjamin Aranda e Chris Lasch são conhecidos, principalmente, pelas proezas arquitetônicas da empresa Aranda/Lasch. O trabalho da dupla inspira padrões geométricos, como o console acima. www.arandalasch.com
quasi cabinet A Aranda/Lasch tem vasta experiência em criar peças de arte para uso dentro de espaços de convivência. Daí surgem mesas, consoles, poltronas e gabinetes, como o Quasi, na foto ao lado. A vontade que dá é ter pelo menos um! www.arandalasch.com
Origami range A mesinha lateral, com pernas em aço, é desenho de Anthony Dickens. Está disponível em rosa, prata, branco e laranja. Um charme! www.anthonydickens.com
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Materialized Vase Erich Ginger inspirou-se nos vasos antigos das casas de nossas avós para criar, em porcelana, o Materialized Vase. O designer, que tem outras criações super interessantes, quer expandir seu mercado para o Brasil. Quem se habilita? contact@erichginder.com
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foto marcelo negromonte grupo av
101– |71| 3359-8784 § § Shopping Barra
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oriente texto Tiago nery edição de moda josé almir jr. & marcelo gomes fotografia michel rey
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pertem os olhos, amarrem os quimonos e segurem os hashis, o Japão veio parar na Bahia. Ninguém sabe ao certo – nem os que por lá se aventuraram – o que se esconde neste lugar que, num fuso absurdo, transforma o dia em noite, repuxa retinas e hipnotiza os redondos olhos ocidentais. Revolucionário por excelência, exótico por história e fênix de guerra, o Japão vive de propor novas ordens e de ditar os rumos do mundo, através da tecnologia. Paradoxalmente, é também cheio de tradição e honras. Pletora de fetiches, overdose de sentidos, inspiração para toda e qualquer coisa. Com palidez oriental, ikebanas e boca vermelha, apresentamos uma quase-gueixa: voluptuosa e voluntariosa, mas feminina e subserviente, como manda o figurino que, aqui, vem a ser a especialidade da casa. Adamastê!
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Maiô – Vivire por Jorge Nascimento Sapato – ABX Contempo
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Vestido – Leila Da Cruz Sapato – Abx Contempo
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Top – Jorge Nascimento Saia – Leila Da Cruz Sapato – Abx Contempo
Vestido – Leila Da Cruz Legging – Leila Da Cruz
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Vestido – Jorge Nascimento
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Blazer – Dona Brigida Saia – Sonia Fiminella
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Vestido – Jorge Nascimento
Ficha técnica • Beleza e adereços Ricardo Brandão
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• Tratamento de imagem Rodrigo Andrade – Estúdio Roda • Modelo Marília Alcântara – Eskimo
Japão, soy loco A por ti moda japonesa ainda é reconhecida mundo afora pela imagem marcante e tradicional das gueixas. De maneira geral, pouca gente conhece o real potencial fashion deste país e, até quem já ouviu falar sobre o assunto, não sabe dizer ao certo que cara tem. A verdade é que, desde 1980, uma onda oriental sacode o planeta e lança talentos de peso, como Issey Miyake, na tecnologia têxtil, Kenzo Takada, na alta costura, e Shu Uemura, na indústria dos cosméticos. Como fazem tanto sucesso? Todos apresentam incrível respeito aos valores de sua cultura e desgosto pela vulgaridade. Hoje, o Japão ultrapassa fronteiras, imprimindo seu estilo num piscar de olhos puxados.
Ilustrações Estúdio Gato Louco
Lucas Assis
fotógrafo
Tsumori Chisato – Eu me amo Assim como Junya Watanabe, a moda de Tsumori Chisato segue as bases sólidas de um grande estilista japonês. Ela foi o braço direito de Issey Miyake durante 13 anos à frente da linha de roupas para esporte, o que a impulsionou para a abertura da marca própria, tornando-se uma das revelações de primavera da Paris Prêt-à-Porter Fashion Week, em 2002. Considerada símbolo da autoestima nacional, as coleções prezam valores como o amor próprio, traduzido em estampas, bordados e plissados que enlouquecem garotas descoladas de todo o mundo. O estilo ‘kawaii’, que poder ser traduzido como fofo, aparece no trabalho de Tsumori em composições maduras, sofisticadas e elegantes. Em www.tsumorichisato.com, pode-se conhecer as delicadas ilustrações da estilista e novidades da marca, com loja até em Paris. Também divide sua primorosa execução em uma linha de roupas infantis.
Hiroko Koshino – Altas Costuras O glamour da alta costura japonesa deve muito a Hiroko Koshino. O luxo de suas criações renderam-lhe o primeiro desfile de um designer japonês em Roma, no ano de 1978, primeiro passo para sua chegada às semanas de moda europeias. A grife cresceu e seu guarda-chuva de negócios abrange a indústria do prêt-à-porter, dos cosméticos e perfumes. Nesses mais de 50 anos dedicados à moda, Hiroko ainda é uma respeitada formadora de opinião em seu país, seja na moda ou na arte. O que promove a vida longa da marca é a busca incansável pela expressividade, que pode surgir do street fashion ou de referências étnicas em estamparias impecáveis. Seus shows são sempre enormes, com peças tão diferenciadas que ganham status de obras de arte em museus ávidos pelas criações de alta costura. Basta acessar www.hirokokoshino.com para sentir um pouco do poder e da glória.
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Comme des Garçons – O Belo e Bruta A escolha de um caminho distante do convencional faz parte do espírito da marca liderada por Rei Kawakubo. A badalada estilista, há quase quatro décadas, inspira gerações de estudantes de moda e veste celebridades com seu trabalho conceitual, experimental, cheio de pitadas artísticas na inesperada beleza da imperfeição. A desconstrução do vestuário apropria-se de assimetrias, peças com volumes em lugares improváveis, acabamentos surreais e adoráveis sapatos, que desafiam o olhar. A ousadia trouxe grande visibilidade para Comme des Garçons que, atualmente, possui diferentes linhas com sua assinatura, incluindo vestuário feminino, masculino, tricot, joalheria, underwear, perfumes e acessórios. A popularidade aumentou ainda mais com a coleção especial para a poderosa rede de fast-fashion H&M em 2008, aproximando sua moda do grande público. Rei Kawakubo soube fazer boas escolhas no gerenciamento da grife, apostando no potencial de Junya Watanabe como designer atual da marca. Suas butiques estão espalhadas por grandes cidades como Londres, Paris, Nova York, St. Petersburgo, Hong Kong, Pequim, Kyoto, Osaka e Tóquio.
Junya Watanabe – Techno Estilista Junya é conhecido no meio fashion como o protegido de Rei Kawakubo. Em meio a fortes comparações, ele firmou nome investindo no vanguardismo e no poder tecnológico dos tecidos, trabalhando texturas sintéticas e inovações em matérias-primas. Não é raro ver criações com a assinatura ‘Junya Watanabe Comme des Garçons’, como o tênis da Converse que leva o icônico coração vermelho com dois olhos estampado nas laterais. Um dos diferenciais do seu trabalho é a mistura entre a casualidade urbana e a alfaiataria, interpretando clássicos do vestuário ocidental de maneira bem hiperbólica. O tricô também é um elemento precioso em suas coleções, encantando a primeira-dama Michelle Obama em uma de suas viagens a Londres. Para o verão europeu de 2010, o estilista aposta em uma cartela de cores minimalista derivada do branco e preto. As leggings aparecem em looks fortes, ao lado de uma precisa alfaiataria para garotas de semblantes pálidos que calçam sapatos tipicamente masculinos.
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Takashi Murakami – A ousadia que coloriu a bolsa Ele não é estilista, mas seu trabalho com design de superfície mudou a cara da gigante Louis Vuitton. Takashi Murakami é considerado o Andy Warhol japonês, um artista plástico apaixonado pela atmosfera pop que mergulha na energia dos mangás, revelando novo frescor para art now nipônica. Com o apoio de Marc Jacobs, teve liberdade para colorir o tradicional monograma das bolsas Louis Vuitton e abriu mercado para públicos mais jovens que mantinham certo distanciamento da marca. Na temporada de verão de 2010, a LV renovou a parceria com Takashi, que touxe para o universo do luxo um charme cool e alternativo. Ele sempre mostrou estar preparado para críticas, criando peças de padronagens apaixonantes e histéricas que, um dia, serão lembradas como a cara de uma época.
Junko Shimada – Alto teor Provocativo Alguém consegue imaginar a opulência barroca com pegada futurista? Basta acompanhar as passarelas de Junko Shimada para ver como isso é possível. A designer, que tem passagens bem sucedidas por marcas como Cacharel, é pioneira na onda de sapatos malucos que abrilhantam editoriais de moda e enfeitam Lady Gaga. Toda sua produção é altamente preciosista em busca de mulheres exuberantes, seja com vestuário de inspirações rococó ou coloridos geométricos da Optical Art. A imaginação de Shimada exibe novos retratos de uma dominatrix que veste plissados sobrepostos com peles sobre chão neon. Ela marcou a trajetória em Paris ainda nos anos 1960, rendendo os franceses aos seus caprichos e sonhos mais corajosos, estampando capas de revistas especializadas como Collezioni.
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Especial 2010 Casa Cor Bahia por  andrea velame
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Marlon Gama POR ANDREA VELAME FOTOS MARCELO NEGROMONTE
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elegância e funcionalidade do movimento Art déco foi a inspiração para a suíte master da Casa Cor 2010. A vista para o mar e os tons pastéis de bege, azul, verde e cor de rosa presentes na tapeçaria Aubusson serviram de contrapartida para a escolha de todas as demais cores. As paredes forradas em boiseries de madeira conferem ao ambiente com amplo pé direito um ar palaciano, elegante e muito sofisticado. Marca registrada do arquiteto Marlon Gama, o mix dos detalhes clássicos em linhas contemporâneas é bem representado pelo uso de verdadeiras obras de arte em forma de luminárias. Com corpos em acrílico sob luz superior, a peça chamada Cosmic, do designer Ross Lovegrove, inspira uma folha digital na cabeceira da cama. O dourado está presente de forma sutil nos móveis e em detalhes de peças antigas. O vintage é perfeitamente representado pelos armários do closet, arandelas e lustres de cristal. A banheira em resina fumê é como um objeto de desejo, na espaçosa sala de banho. O charme em pequenos detalhes está espalhado por toda parte, a exemplo dos quadros, das cadeiras medalhão em palhinha e dos livros de arte.
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Daniela e Claudia Lopes POR ANDREA VELAME FOTOS XICO DINIZ
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aniela e Claudia Lopes assinaram a cozinha e sala de almoço na Casa Cor Bahia 2010. O conceito para criação do espaço foi desenvolver uma cozinha integrada ao almoço, trazendo-a para dentro da sala de refeição, proporcionando ao usuário mais interação entre os espaços. A velha ideia de que a cozinha é um ambiente frio e sem charme foi completamente desmistificada pela dupla. A sala de almoço/cozinha é bem acolhedora, sofisticada e vibrante. A ideia foi criar um espaço refinado, mas, ao mesmo tempo muito leve, “fresco”. A dupla teve como inspiração a beleza cítrica dos “limões sicilianos”, trazendo o clássico com o uso da monocromica, lançando mão apenas dos tons de bege e pontuando alegria e frescor com pinceladas de amarelo vibrante, cor do famoso limão que inspira tantas receitas maravilhosas!
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Nágila Andrade POR ANDREA VELAME FOTOS MARCELO NEGROMONTE
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resente em todas as edições da Casa Cor Bahia, Nágila Andrade enfrenta o desafio de um novo espaço, em 2010: projetar o Studio da Jornalista. Pensando em um espaço para uma mulher inteligente, viajada, antenada a tudo que acontece no mundo, que tivesse transgredido padrões e levado seu estilo para outras fronteiras, fez com que Nágila Andrade elegesse Danuza Leão como sua fonte de inspiração! Nágila criou um Studio onde living, jantar e cozinha se integram ao home.
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Um espaço apropriado para receber amigos para um jantar especial, mas que pudesse facilmente se transformar em um espaço de trabalho. Uma estante foi pensada para receber os livros da jornalista, que se tornou um ícone no Brasil. Os tons de branco, amarelo e dourado foram as opções de Nágila Andrade para seu espaço, apostando mais uma vez em ambientes com personalidade e sofisticação, sem se afastar do conforto e o prazer do bem viver, características da profissional!
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Thiago Manarelli e Ana Paula Guimarães POR ANDREA VELAME FOTOS XICO DINIZ
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s arquitetos Thiago Manarelli e Ana Paula Guimarães, apresentam o ambiente criado para a edição 2010 da Casa Cor Bahia: O Quarto da Moça. Nem intelectual, nem rebelde, o quarto é um espaço de 24 metros quadrados, onde conforto, comodidade e praticidade se alinham ao clássico e ao moderno para dar ao ambiente uma nova experiência de contemporaneidade. Projetado para uma filha que ainda mora com os pais, mas que está em vias de alcançar o mundo, o quarto agrega elementos que fazem parte do dia a dia de uma jovem mulher com objetos colecionados e comprados em viagens feitas por ela a diversos lugares.
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O projeto concebido pelos profissionais do MG Arquitetos Associados propiciou a oportunidade de não ser apenas um ambiente feito para dormir, mas ler e escrever sossegadamente, trabalhar com conforto, assistir a filmes ou programas na televisão, ou, ainda, apenas estar lá para relaxar olhando a bela vista que se tem do mar. Um closet foi inserido ao layout: espelhos bisotados sobre espelhos lisos, em cada parede lateral, dão um leve toque feminino e obedecem a função de exibir a imagem de corpo inteiro. Um painel “U” em laca amêndoa separa a estação de trabalho e estudo da cama que, diferente dos tradicionais quartos, encontra-se posicionada no centro do aposento. A cabeceira estofada é o DESTAQUE deste espaço. Do patchwork formado por pedaços retangulares e quadrados de tecidos de algodão com desenhos despojados de flores que remetem a uma aquarela, surgiram os tons que inspiraram as cores do quarto.
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Adelia Estevez POR ANDREA VELAME FOTOS XICO DINIZ
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iano Beer foi o espaço assinado por Adelia Estevez na Casa Cor Bahia 2010, e eleito por um júri de formadores de opinião e jornalistas como o Melhor Projeto Comercial da Mostra. Adelia criou uma cervejaria nos tons de vermelho e verde, cores da marca de cerveja com a qual estabeleceu parceria. A ideia foi criar uma cervejaria para aqueles que curtem espaços elegantes, com boa musica e muito conforto! O sofá em vinil vermelho dialoga com cadeiras em resina vermelha e mesas em acrílico. Na cervejaria, Adelia optou por usar belíssimas mesas em laca alto brilho verde e a Cadeira Bossa, do designer Jader Almeida, feita de Jequitibá, madeira nativa da Amazônia e assento e encosto de palhinha. Destaque especial para o balcão em Corian translúcido e os Bancos Torre, da designer Rejane Carvalho, inspirados em uma peça clássica do jogo de xadrez.
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Luiz Humberto Carvalho POR ANDREA VELAME FOTOS MARCELO NEGROMONTE
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espaço conceituado como Museu da Luz foi o ambiente assinado pelo arquiteto Luiz Humberto Carvalho, que propôs deixar aparente a volumetria e os materiais característicos do volume. No acesso, rampas de leve inclinação feitas de piso emborrachado intertravado, fabricado com restos de pneus, foram pensadas para facilitar a acessibilidade de maneira sustentável. Sua fachada possui elementos artísticos que compõem a estética externa, como dois painéis do artista plástico Cezar Romero, dois painéis plotados em vidro do artista plástico Juraci Dórea e um painel em acrílico do próprio arquiteto. Ainda
compondo o espaço externo, em torno dos contêineres, há um jardim de seixos rolados na cor branca, que muda de cor juntamente com a iluminação LED, fazendo referência ao conceito do espaço: A iluminação como arte. Os visitantes são convidados a interagir com o espaço interferindo na iluminação de LED, dentro do contêiner, através de mangueiras que se comunicam com as luzes do painel interno. O ultimo e mais afastado contêiner foi idealizado para abrigar o cinema do Museu, que utiliza forro fabricado com garrafa tipo PET. Finalizando o espaço, o visitante ainda participa de um jogo interativo sobre a Luz num Monitor de 52” Touchscreen.
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Joilson Barbosa, Tania e Paula Facchinetti POR ANDREA VELAME FOTOS MARCELO NEGROMONTE
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s jardins das mansões que hoje abrigam a Casa Cor Bahia 2010, foram originalmente projetados por Roberto Burle Marx, um dos maiores paisagistas do nosso século. Varias alterações foram realizadas para receber o evento, mas a marca do paisagista ficou registrada através do belo exemplar da Couroupita Guianensis – Abricó de macaco, espécie da floresta amazônica, que encanta pela suas grandes flores perfumadas. Para harmonizar o entorno, Joilson Barbosa, Tania e Paula Facchinetti optaram por um macro paisagismo, com plantas altas que entremeando os espaços do jardim, humanizou toda a área. Basicamente é formado por palmeiras
exuberantes, a exemplo da Dypsis madagascariensis, Dypsis decary, Fênix robeline, Areca bambu, Piticosperma elegans, Caryota mitis e toques especiais com os Pandanus utilis e as Beaucarnea recurvata, emoldurados pela grama. Complementando este jardim foi construído um gazebo, executado com madeiras de demolição, que emprestam sua beleza neste espaço de relax e contemplação. A estrutura complementar é de madeira de reflorestamento. Os vidros da cobertura foram resgatados de obras em demolição, os quais, mesmo apresentando dimensões diferentes, cumprem perfeitamente seu papel de proteção contra as intempéries. Os gradis de proteção emprestam nostalgia ao ambiente.
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Suse Laranjeiras POR ANDREA VELAME FOTOS XICO DINIZ
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use Laranjeiras assinou o quarto do adolescente para Casa Cor Bahia 2010, partindo do princípio de que todo adolescente se movimenta muito, recebe amigos e transforma o quarto no seu santuário, onde passa a maior parte do tempo. Um adolescente ciclista seria uma proposta mais salutar, já que os adolescentes de hoje passam muito tempo no computador. Suse projetou um quarto integrado ao banheiro. Poucas cores foram utilizadas, apenas o branco e o azul nos detalhes remetendo a um estilo clean. A iluminação é toda cênica, direcionada para pontos estratégicos, além de contar com o recurso da penumbra em azul que a fita LED azul proporciona. A coleção de bicicletas faz parte do perfil desse adolescente, além de ser um atrativo para os visitantes, já que conta a história da bicicleta, desde a primeira.
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Dolores Landeiro POR ANDREA VELAME FOTOS MARCELO NEGROMONTE
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ideia de assinar um Loft em homenagem às fotógrafas baianas Marisa Vianna e Andrea Fiamenghi, nasceu do momento que a designer de interiores Dolores Landeiro abriu uma janela no seu espaço e descortinou a belíssima vista do Farol da Barra. O Studio da fotógrafa tem um estilo casual e sofisticado pontuado por um sofá confortável, amplo e revestido de lona detonada. A marcenaria tem uma leitura também despojada, pelo uso da fórmica e da madeira, com uma elegância quase descontraída. Os tons de bege e amadeirado e o cuidado na produção, definem o conceito contemporâneo do trabalho de Dolores Landeiro.
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Wagner Paiva POR ANDREA VELAME FOTOS MARCELO NEGROMONTE
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que é que a varanda tem? Na Bahia, muito mais que umbu pra Ioiô! A varanda assinada pelo arquiteto Wagner Paiva é um espaço casual e moderno, com tudo o que se quer. De um lado o estar, um bem-estar de deitar num sofazão despojado, com capa de linho e um montão de almofadas. Um clima sutil e despretensioso, onde o design e a sofisticação de uma poltrona italiana encontram o melhor do móvel brasileiro. Do outro, o espaço gourmet: uma grande mesa de eucalipto desidratado, com sofá e puff, para ficar bem à vontade. E o mais bacana: os móveis de marcenaria e Corian têm rodinhas que possibilitam mudar o layout como quiser. A suavidade da areia veio nas cores dos tecidos de linho estampados, nas lacas, na textura que veste as paredes. Wagner valorizou elementos naturais: a estrutura de madeira de lei do telhado fica à mostra, apenas lixada, o tapete é de sisal e feito à mão e o piso cearense, de Lime Stone levigado, que seca rapidinho a água dos pés de piscina. Os objetos contam um pouco da vida do morador. Aqui, alguém com gosto apurado, por poucos e bons. Wagner elegeu de peças de Piero Fornasetti a elementos cotidianos: o dominó, a samambaia e revistas especiais. A iluminação automatizada é sutil e indireta. O arquiteto optou pela constância do Xenon e a tecnologia do LED.
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Flávio Moura POR ANDREA VELAME FOTOS MARCELO NEGROMONTE
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epois de ter assinado ambientes pequenos, ambientes corporativos e o sonho de um quarto de casal, 2010 foi o ano escolhido pelo Arquiteto e Designer de Interiores Flávio Moura, para fazer a sala de jantar. A premissa foi desenvolver um ambiente onde o luxo e a beleza se aliam para promover a sofisticação, requinte e elegância a este casal que adora ter a família reunida em volta de uma bela mesa. Suntuoso, o ambiente traz uma mistura dos tons de ouro, prata e preto, que atrai e impressiona. As peças são expostas como verdadeiras obras de arte. Do mobiliário de alto padrão às obras de arte e objetos escolhidos, cada detalhe foi muito bem pensado e se harmoniza transformando esta sala de jantar em uma caixa de jóias para guardar o rico acervo dos clientes.
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Tatiana Melo e Cecília Avena POR ANDREA VELAME FOTOS MARCELO NEGROMONTE
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streando em grande estilo na Casa Cor Bahia 2010, a dupla Tatiana Melo e Cecília Avena assinaram o Quarto do Rapaz, despertando desejo aos mais exigentes visitantes. Escolheram um layout interessante, favorecendo a tecnologia, utilizando mobiliário clean de design contemporâneo e uma iluminação sofisticada, priorizando a luz natural. A sustentabilidade se fez presente através da utilização de madeiras certificadas com selo FSC. Destaque para linguagem autoral da dupla que desenvolveu um espaço multiuso e sustentável.
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Edilson Campelo POR ANDREA VELAME FOTOS MARCELO NEGROMONTE
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arquiteto Edilson Campelo, que mais uma vez deixa a sua marca na Casa Cor Bahia 2010, este ano escolheu projetar um banheiro de casal inusitado, com duas entradas e lados distintos para as duas pessoas que se encontram no centro de banho: uma no chuveiro e outra na banheira. O diferencial é a brincadeira com os patamares de uso: o box do chuveiro ganhou uma altura de piso incomum, ficando na mesma altura da banheira, e a bancada é dividida em vários volumes de alturas diferentes e penetra no espaço de banho, atravessando-o. O banheiro é todo em um mármore superbranco, sin-
tético. Ao fundo um painel com raízes de árvores caídas, intermeadas por vegetação natural. Um lustre enorme com luz indireta marca a centralidade da banheira e trabalha em paralelo com o forro que recebe a luz e a difunde por todo o espaço através de um rasgo circular. Ao lado da banheira, Edilson usou um painel de espelho com imagem translúcida assinada pela fotógrafa Alice Ramos. A circulação foi revestida com um material cimentício ondulado que dá movimento ao corredor e as demais paredes foram pintadas com um efeito especial nos tons de camurça e grafite. O artista plástico e arquiteto Gaio Matos também esteve presente no espaço.
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conceito gastronomia
JapĂŁo gastronomia
texto  nyala cardoso
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maior guia gastronômico do mundo nasceu na França do século XIX como uma inteligente estratégia comercial da fábrica de pneus Michelin, que o inventou e batizou com o nome da marca. O objetivo era estimular os 3.500 proprietários de carros do país a gastarem seus pneus em busca das experiências gastronômicas sugeridas pela empresa. Hoje, o Guia Michelin é o Oscar dos fogões. Capaz de elevar qualquer chef ao olimpo da gastronomia, o influente guia premia os melhores restaurantes através de uma classificação tri-estelar: uma estrela representa um restaurante “muito bom em sua categoria”; duas, “excelente cozinha”; e três, “excepcional cozinha que vale a viagem”. Assim, quem quer se deixar guiar pela constelação Michelin, precisa cruzar os céus para desembarcar na atual cidade mais estrelada do mundo: Tóquio! A capital japonesa bateu um recorde de anos de história e alcançou um total de onze restaurantes laureados com as três estrelas do Guia Michelin 2010, desbancando Paris como capital mundial da gastronomia. Mas, como a França tem merecido lugar nas mesas de qualquer canto do mundo, não surpreende que três dos onze triplamente coroados sejam de cozinha francesa. Um deles, como se podia imaginar, é o Joël Robuchon, publicado na quinta edição da Conceito AV. Os outros dois são o L’Osier, que recebeu, pelo segundo ano consecutivo, as três estrelas Michelin e ostenta o slogan “mais francês do que a França”, e o Quintessence, cujo proprietário e chef, Shuzo Kishida, é japonês, mas teve formação gastronômica na França e desenvolve uma cozinha francesa com produtos sazonais da região asiática como os aspargos brancos do Japão e o queijo de cabra de Kyoto. Dentre os oito restaurantes tipicamente japoneses da premiada lista, nenhum se destaca pela arquitetura nem pela decoração. Alguns até parecem querer passar despercebidos e se camuflam tanto na intrigante geografia urbana da cidade que mesmo um
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O Japão dispõe da alta gastronomia mundial. Acima, Restaurante Hinokizawa. À direita, em ordem decrescente, China Blue, Hinokizawa e Sense
taxista provido de GPS tem dificuldade de encontrá-los. O Ishikawa e o Kanda são exemplos desses templos culinários que se encovam pelas ruelas de Tóquio, escondendo verdadeiras joias gastronômicas por trás de uma aparente simplicidade. Mas não apenas os triplamente estrelados merecem reverência na capital oriental da modernidade. Alguns têm apenas uma estrela no guia Michelin, mas receberiam uma constelação dos paladares mais ávidos. Com uma vista espetacular como pano de fundo, o restaurante Signature oferece cozinha francesa inovadora ainda que fiel à estética japonesa, cuidadosamente construída pelas mãos do chef Olivier Rodriguez. Já o Sense, restaurante do Hotel Mandarin, assim como o anterior, oferece gastronomia cantonense, região da província de
Cantão, ao sul da China. Comandado pelo chef Kenichi Takase, a cozinha do Sense utiliza temperos suaves com ingredientes autênticos de Hong Kong, privilegiando a harmonia dos diferentes sabores e texturas. Seguindo a tendência da modernização da culinária cantonense, o restaurante do Hotel Conrad, o China Blue, propõe uma cozinha cantonesa contemporânea, misturando pratos originais chineses a outros sabores asiáticos. Na intenção de tornar o China Blue uma inesquecível experiência sensorial, além de gastronômica, uma imensa parede de vidro debruça-se sobre o Jardim Hamarikyu e a Baía de Tóquio, formando uma paisagem irresistível. As vistas panorâmicas, aliás, não são muito incomuns nos bons restaurantes de Tóquio. O Hinokizaka, que
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fica no quadragésimo quinto andar do Hotel Ritz-Carlton, proporciona um generoso cenário da cidade e suas montanhas. Fiel à verdadeira essência culinária nipônica, o Hinokizaka apresenta cozinha contemporânea baseada na tradicional culinária japonesa Kaiseki Ryori, uma formal e sofisticada refeição com um número variado de pequenas porções servidas de maneira ornamental e artística, para a qual é necessário etiqueta, a fim de se alcançar adequada degustação. Assista à cerimônia do chá, faça um brinde com um pouco de saquê morno e retribua em mesma dose cada bebida oferecida pelas gueixas. Será bem visto todo esforço para utilizar o hashi, ainda que com pouca destreza, mas vale salientar que devem ser usados ambos “palitinhos” e jamais se deve espetá-los no arroz, já que tal gesto representa o símbolo da morte.
Acima, Kohei Kishi - Restaurante Hinokizawa. Ao lado, no Signature, restaurante do Hotel Mandarin, a vista panorâmica de Tóquio é um espetáculo à parte
Se tradição é palavra tão íntima da milenar cultura oriental, nada mais adequado que o La Tour D’Argent, o mais tradicional dos restaurantes franceses, tenha seu único rebento nascido e criado no ventre da Tóquio contemporânea. Alega-se que o La Tour D’Argent de Paris surgiu em 1582, no furor do renascimento, ano em que a França adotou o calendário gregoriano, enquanto, no Japão, era travada a Batalha de Yamazaki, pela conquista de quase todo o território japonês. Reza a lenda que foi ali, no restaurante situado numa taverna medieval, que Henrique IV, então rei da França, tomou conhecimento do uso do gar-
fo, e que o Duque de Richelieu se serviu de uma novidade, o café. Elizabeth II foi cliente ilustre do restaurante. E o imperador japonês Hirohito, e Theodore Roosevelt, e John Kennedy, e Charlie Chaplin. Ainda hoje, o restaurante é consagrado na França e considerado tesouro nacional. Na capital japonesa, o fidedigno representante oriental respira a mesma atmosfera do veterano e traz no cardápio a maior especialidade da casa, o famoso pato prensado ‘Caneton Tour d’Argent’, reafirmando uma nova Tóquio, gastronomicamente cosmopolita, que atende a todo e qualquer paladar, entre panelas e estrelas.
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conceito gastronomia
A “mademoiselle” da gastronomia
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mesa, todo sabor enigmático de Alain Ducasse, um dos mais célebres chefs do mundo. À vista, toda a imaginação criativa do irreverente estilista Karl Lagerfeld, sempre inspirado na audácia vanguardista de Coco Chanel. Pela primeira vez na história do luxo, Chef e estilista se unem para criar um ambiente gastronômico inusitado, exclusivo, avant-garde: o Beige, uma espécie de restauranteexperiência que fica na torre da Cha-
nel, em Ginza, a mais badalada avenida de Tóquio. Curvado à elegância arquitetônica de Peter Marino, que também assinou projetos das grifes Dior e Louis Vuitton, o salão do prédio, de 6.000 m², tem pé-direito alto e grandes janelas de vidro que revelam o horizonte de Tóquio. As poltronas, forradas em couro e Tweed, as belíssimas porcelanas e até o fardamento dos funcionários desenhados por Karl Lagerfeld, tudo segue o melhor estilo Chanel. E Ducasse mergulha no uni-
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verso da “mademoiselle” para criar um cardápio fashion que é tratado como coleção, ao ritmo das estações, com suas cores, formas e materiais, proporcionando um momento particularmente saboroso e elegante. Avesso a ideias de marketing, Alain Ducasse diz criar seus restaurantes para contar histórias e confessa que, com Chanel, descobriu o aspecto humano e a paixão pela criação, valores essenciais no mundo baseado na arte de bem viver e comer.
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Paulo de Abreu e Lima
gastrônomo profissional
Tsukiji ~ O maior mercado de peixes do mundo ~
O Japão é uma delícia, muito além do que se possa imaginar. Durante os últimos anos, estive algumas vezes nas cidades de Tóquio, Kobe, Shodoshima e Osaka. Na primeira vez que visitei o país, encantei-me por uma cultura poética, na qual o contemporâneo e o tradicional estão lado a lado todos os dias, oferecendo ao olho nu percepção detalhada do design de sabores sensacionais.
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cordei às duas da madrugada para encontrar os amigos Eriko Shiba e Amano Sakamoto, que já me aguardavam em Akasaka. Era uma manhã fria de março e ainda faltavam algumas horas até o sol nascer. Fomos de carro do bairro alto de Akasaka até o centro de Tóquio, mais especificamente, para a área chamada Tsukiji, a oito quarteirões do bairro central de Ginza onde, desde o século XVI, existe o maior mercado de peixes do mundo, em uma área de vinte e dois hectares, às mar-
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gens do rio Sumida. A primeira vez que visitei o famoso mercado Tsukiji, tive a alegria de estar acompanhado por dois craques da alimentação local, profissionais de gastronomia do grupo Mitsukoshi, Eriko e Amano. Eu estava em Tóquio, realizando uma pesquisa sobre o mercado gourmet, luxo sustentável e food design, e aproveitei uma manhã sem reuniões para mais uma food trip, dessa vez, uma fantástica experiência gastronômica sobre tradições e hábitos relacionados à pesca e ao consumo de peixes no Japão.
O atum é exposto no chão, com especificações técnicas escritas em tags. Os pescadores cortam o rabo do atum para mostrar a qualidade do peixe
O mercado de Tsukiji comercializa algo em torno de duas mil toneladas de peixes e frutos do mar por dia. Para termos ideia de grandeza, o segundo maior mercado de peixes do mundo, o Fulton Fish Market, dentro da ilha de Manhattan, na cidade de Nova York, comercializa cento e quinze toneladas por dia. Chegamos nos arredores do Tsukiji antes das três da manhã, logo após alguns shots encorpados de café para aguentar o frio e o sono da madrugada japonesa. O senhor Kedo já nos aguardava perto de uma das entradas laterais do mercado. O pai de Amano é amigo de infância do senhor Kedo,
um dos antigos diretores do mercado Tsukiji que, gentilmente, se dispôs a passar algumas horas conosco, conversando sobre o mercado. Eu estava ansioso para poder entrar nos galpões onde acontecem os grandes leilões de atum, onde os preços dos maiores peixes podem chegar até cento e setenta mil dólares. Muito simpático e sorridente, o pequenino senhor Kedo, no auge dos setenta anos, comentava que estávamos prestes a descobrir um novo mundo sensorial, onde a beleza artística entre o oceano e a mesa nos surpreenderia através de seus mais importantes autores, os pescadores e artesãos que trabalham todos os dias no Tsukiji.
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Os pescadores, todos de galochas e a maioria com suspens贸rios, ficam por perto, para assegurar- se da vendas. Os compradores, por sua vez, somente fazem as ofertas com sinais manuais, em sil锚ncio
Chegando a hora de começar o percurso pelo Tsukiji, adentramos no mercado e logo percebemos uma tumultuada atmosfera; estávamos andando entre engradados plásticos, caminhões parados e driblando pequenas carrocinhas motorizadas e velozes que percorriam as estreitas ruelas, levando consigo atuns de mais de quatrocentos quilos até os galpões onde acontecem os leilões, onde o atum é selecionado de acordo com a qualidade e origem. São quase sessenta mil pessoas trabalhando todos os dias no mercado. Quando nos aproximávamos do primeiro galpão, encontramos o senhor Shiro Kamashita, um amigo do senhor Kedo, que representa a terceira geração da família a trabalhar no Tsukiji. O senhor Kamashita, assim como seus antepassados, trabalha, avaliando a qualidade e o frescor do atum, checando todos os peixes leiloados, da cauda até as guelras e, de vez em quando, experimentando um pedaço de carne fresca também. Os leilões de atum no Tskuji acontecem em vários galpões separados, geralmente, por padrões de tamanhos do atum, se os peixes são frescos ou congelados, nacionais ou importados. Todo o atum é sempre exposto no chão, lado a lado, com especificações técnicas escritas em pequenos tags colocados no peixe, para a fácil identificação do comprador. Alguns pescadores também cortam o rabo do atum para que os compradores possam ver a qualidade do peixe pela coloração da gordura na carne. Cada leilão começa quando o leileiro toca um sino de metal e, quase que instantaneamente, acaba, segundos depois. No começo, foi difícil para mim acompanhar os detalhes. O mais incrível do espetáculo dos leilões de atum são os sinais de oferta a um lote específico. Somente os leiloeiros gritam, rapidamente, os preços iniciais, gingando o corpo como se fosse uma dança, prestando atenção nos lances recebidos e em seus assistentes, para terem certeza fr que está tudo anotado quando o lote for encerrado. São eles que decidem a ordem do leilão, de acordo com a qualidade dos peixes, sendo os melhores com mais equilíbrio entre a carne e a gordura, com aparência marmorizada, como a carne da raça bovina japonesa Wagyu, um formato assimétrico e arredondado do dorso, sem sinais de machucados durante o combate no momento da pesca. Os pescadores, todos de galochas e a maioria com suspensórios, ficam por perto, para assegurar-se da vendas. Os compradores, por sua vez, somente fazem as ofertas com sinais manuais, em silêncio. Aliás, esses sinais são impossíveis de serem compreendidos. São como se fossem códigos antigos, por meio dos quais os compradores encostam as pontas dos dedos umas nas outras em sequências velozes. Surreal! Existem oito espécies de atum no mundo, sendo quatro as principais; todas as espécies são migratórias. O Bonito do norte ou atum branco (em inglês northern bluefin tuna) é um dos mais apreciados e é encontrado nos oceanos Atlântico e Mediterrâneo; o bonito do sul pode ser encontrado na parte sul de todos os oceanos; o atum-olho-grande (em inglês bigeye tuna) e a albacora-de-lage ou atum amarelo
A qualidade do peixe é vista através da coloração da gordura da carne;
Não somente atuns são vendidos no Tsukiji. Outras espécies de ouriços
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(em inglês yellowfin tuna). A carne mais cara do atum, um luxo comestível em toda a Ásia, chama-se otoro. É a carne encontrada no entorno da barriga, embaixo da barbatana peitoral. Andando pelos galpões, percebi que os peixes tinham origens distintas, como Austrália, além do Japão, mas jamais iria imaginar que encontraria um atum mexicano. A logística do atum de alto valor agregado acontece como um relógio suíço. No momento em que o atum é pescado, o barco envia uma mensagem de rádio até os traders, em Boston. No momento em que o barco ancora, um caminhão já está a sua espera, para receber o atum parcialmente congelado, cuidando da temperatura a cada minuto, pois a carne perde valor se for cristalizada. O atum é, então, levado até o Aeroporto Internacional de Boston, onde pega o primeiro voo até o Japão, chegando no Tsukiji em apenas 48 horas depois de retirado da água. O curioso é que, até o verão de 1972, o atum chamado bluefin não tinha valor comercial para pescadores americanos. Era um produto utilizado para ração de gatos em lata. Quem diria! Também estivemos em um leilão de ouriços frescos em um dos corredores do Tsukiji, logo após sairmos dos galpões de atum. Os ouriços frescos são uma delícia, com um gosto de mar, textura macia e suave. Os pequenos leilões de ouriços começam por volta das cinco da manhã, após o do atum. Dentre as origens que encontrei, estavam os famosos ouriços de Hokkaido, ao lado de ouriços frescos da Califórnia. Os preços variam muito em relação à origem; por exemplo, cem gramas de ouriço japonês de Hokkaido custam, aproximadamente, sessenta dólares, enquanto os americanos custam algo em torno de oito a treze dólares,a mesma quantidade. Já se aproximavam das oito horas da manhã e estávamos com fome, especialmente depois de assistirmos a um baile de ingredientes frescos. Ao perguntar ao senhor Kedo sobre algum lugar onde poderíamos comer, ele sorriu e continuou caminhando pelas ruas estreitas do mercado, até chegarmos a um beco sem saída. Pensei que estávamos ainda por conhecer alguma coisa bacana do mercado mas, para minha surpresa, havíamos acabado de chegar num pequeno restaurante, sem muitas placas e sem mesas. Sentamo-nos no bar, em frente a dois cozinheiros japoneses que preparavam peças ornamentais, utilizando somente arroz, servido sob sardinhas, enguias e mackerel, atum, ovas de atum, lulas, otoro, fígado de bacalhau, intestinos cru de kawahagi com ervas frescas e também uma novidade, o chutoro, uma carne mais marmorizada ainda do que otoro, com mais teor de gordura que, simplesmente, desmancha na boca. Poderíamos dizer que é praticamente um foie dos mares. Dentro do Tsukiji, existem alguns poucos restaurantes que abrem ainda de madrugada e servem deliciosos cafés da manhã, ao melhor estilo japonês.
por isso, muitos pescadores cortam os peixes e os deixam expostos
e frutos do mar também são comercializados em outros galpões do Tsukiji
Paulo de Abreu e Lima é gastrônomo profissional, mestre em cultura & comunicação alimentar e sócio-fundador do estúdio boutique de pesquisa e inovação no agronegócio e gastronomia estilo gourmand ltda, com escritórios no Rio de Janeiro e Madrid
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IN LOCO
Pedro Lázaro
Um loft para chamar de meu...
texto andrea velame fotos jomar bragança
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A
construção de um loft em tempos de sustentabilidade fez o arquiteto mineiro Pedro Lázaro romper conceitos e propostas pré-estabelecidos, desengessar layouts e buscar soluções usáveis para moradores reais. Foi a sensação que tive ao conhecer o traço de Pedro Lázaro. O descomprometimento com regras, a força de uma linguagem autoral, um projeto com personalidade, identidade e rigor construtivo. O trabalho deste arquiteto nos faz transitar por extremos absolutos: do permissivo ao minimalismo, do luxo ao acaso, da contemporaneidade ao barroco! O papel em branco nos possibilita o encontro com o vazio, proporcionado pela arquitetura inexistente, pela preocupação com o entorno, pela elaboração dos volumes, pela importância da implantação. A natureza e a luz, os claros e escuros, a poesia do viver... Não precisa dizer que me apaixonei pela arquitetura deste mineiro que escolheu a peroba rosa para revestir o loft, interna e externamente. Uma madeira resultante de demolição de espaços antigos, que foi retrabalhada para atingir a uniformidade necessária. O tratamento destas peças foi feito com verniz à base d’água, tecnologia desenvolvida pela italiana Milesi, de baixo impacto ambiental e alta resistência às intempéries. O piso dos decks foi totalmente revestido em eucoblock. Recomposição rígida de alta resistência para aplicação em áreas externas, a partir da reciclagem de pneus desgastados.
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O posicionamento do sofá, de design curvo, voltado para a vista, na diagonal do espaço, possui o privilégio de ter o enquadramento da natureza
A implantação do mobiliário se define a partir de eixos de circulação, sempre priorizando a contemplação da vista das pessoas durante o percurso
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No projeto, o objetivo foi permitir a observação da vista de forma estratégica, mantendo a privacidade das atividades diárias que a necessitam
O deck frontal se depara com as aberturas centrais do volume. Este deck se prolonga na parte posterior do espaço gerando uma área preservada
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Na sala de jantar, as cores seguem os mesmos tons. Este espaรงo encontra-se mais abrigado, trazendo, desta forma, a privacidade necessรกria
No quarto do casal, a mesa de trabalho foi composta com cavaletes em madeira e tampos de vidro, dialogando com o restante do projeto
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O quarto está onde a ensolação é mais adequada e é contemplado por uma vasta abertura que o inunda de luz natural com visão privilegiada
Como se trata de um projeto aberto, no espaço íntimo, o que foi mais priorizado foi a manutenção da privacidade e individualidade do casal
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Aparador trabalhado em marcheteria foi utilizado como obra de arte, valorizando o design de Etel Carmona, um dos grandes nomes do design nacional
A concepção do projeto foi embasada na valorização da madeira, utilizando móveis do design nacional associado a um espelho dourado francês
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IN LOCO
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Sidney Quintela Uma fábrica de beleza, mistura de elementos sofisticados com uma arquitetura brutalista
texto ANDREA VELAME fotos romulo fialdini
D
esenvolver um projeto para um salão de beleza, na Villa Olímpia, em SP, foi o desafio do SQ+ Arquitetos e Associados, que procurou explorar as características naturais dos materiais de acabamento. Sendo assim, há predominância dos tons cinza, aplicados em pisos e paredes, contrastados com o preto no mobiliário e balcões de atendimento. Estruturas e instalações aparentes complementam o partido arquitetônico adotado pelo escritório. Os elementos clássicos utilizados na decoração estão no mobiliário, nos estofados em capitoné e nas molduras
dos espelhos, que remetem ao estilo veneziano, com lustres em cristal. Estes elementos provocam um contraste com os demais materiais escolhidos. Uma alusão ao luxo! Além de espaços amplos e confortáveis, há destaque especial para o projeto luminotécnico. Um sistema de iluminação atirantado por cabos de aço, cujas lâmpadas específicas foram utilizadas para cada uso no salão. Na área da maquiagem, por exemplo, foi utilizada uma composição de luz branca com luz amarela, garantindo o equilíbrio necessário ao bom desempenho do profissional.
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O SQ+ Arquitetos, com escritório no Brasil e na Europa, pesquisou no mundo inteiro o que existia de mais atual no segmento e apresentou a união da arquitetura e do design com uma intenção teatral, traduzindo para o mercado um projeto lúdico e dramático
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Na área de coloração e lavagem, bancadas foram criadas para que os profissionais possam demonstrar aos clientes a preparação de tratamentos específicos
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IN LOCO
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Nos lavatórios, o escritório SQ+ desenvolveu um sistema de iluminação interligado com televisores, conferindo um toque de tecnologia ao projeto
Na circulação central, uma estante em lâmina texturizada ébano recebeu bancada para café e nichos para revistas, livros e uma coleção de toy arts
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U
m loft urbano com 70m² foi a proposta de Zilda Santiago e Anamaria Diniz. Um ambiente absolutamente contemporâneo onde madeira, vidro, limestone e linho dividiram espaço. Estar, cozinha, quarto, closet, home office e banheiro se abraçaram através de uma linguagem singular. O luminotécnico do espaço criou cenas, elaborou sombras e valorizou peças decorativas. Um layout de fácil leitura, sem divisões e tons neutros. Tem piso de sucupira em tacão e tapete quadriculado em relevos. O sofá profundo em linho, com almofadas coloridas e várias texturas, dão mais aconchego e descontração ao espaço. Uma chaise foi posicionada em frente ao sofá para um bate papo descontraído.
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Zilda Santiago & Anamaria Diniz texto andrea velame fotos jomar bragança
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Acima, a grande cabeceira da cama em metalass锚 se tornou a vedete do projeto. Como parede de fundo, uma divis贸ria em vidro separa o banheiro do restante do loft
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Todos os mรณveis levaram a assinatura Bรกsica Home. Gabriela escolheu o tapete Himalaya em listras e quadros dos artistas plรกsticos baianos Oscar Brasileiro e Bel Borba
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Gabriela Viveiros texto andrea velame fotos marcelo negromonte
Bege, branco e preto, com toques de azul marinho, definem o projeto de Gabriela Viveiros
C
om linguagem contemporânea, a arquiteta Gabriela Viveiros, mais uma vez, assina um apartamento no Corredor da Vitória, em Salvador. Tendo a Baía de Todos os Santos como cenário, a profissional procurou desenvolver uma morada atemporal, sem concorrer com a natureza.
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G
abriela utilizou o perfect white como especificação no piso. Esquadrias em vidro possibilitam o máximo da vista para o mar. Viveiros defendeu um layout disposto de maneira que todos pudessem usufruir a beleza natural do imóvel. No living, destaque para a luminária Twiggy preta e para a poltroninha Soho giratória. Sofás em linho bege já passaram a ser a marca registrada da profissional, que utilizou um puff em listras para dividir os ambientes. Uma mesa em madeira com acabamento rústico e cadeiras contemporâneas em polipropileno branco. Para traduzir um clima de conforto e bem-estar, Viveiros escolheu poltronas estofadas em listras marinho e branco e uma chaise em fibra natural para um canto reservado à leitura ou para o simples deleite de desfrutar a beleza da Baía de Todos os Santos...
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A sala de jantar recebeu mesa quadrada em resina de poliĂŠster branca, oito cadeiras em madeira ebanizada e tecidos em linho natural. Um lustre de famĂlia traduziu o requinte do espaço. Destaque para os paineis deslizantes em laca bege brilhante que separam o jantar dos quartos e da cozinha
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Samira Ader & Andréa Medeiros A dupla criou a Sala de Estar da Família para a Mostra Morar Mais por Menos 2010 – BH. O conceito? Sustentabilidade, brasilidade e inclusão social através de materiais simples texto ANDREA VELAME fotos jomar bragança
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Destacam-se no estar a mesa de centro com tampo de suportes de panela, puff revestido em crochê e sofá contemporâneo em tons semalhantes
E
scolhi este ambiente para publicar nesta edição visitando a Mostra Morar Mais por Menos em Belo Horizonte, onde me deparei com esta Sala de Estar da Familia projetada pelo escritório de arquitetura e interiores de Samira Ader e Andréa Medeiros, que conseguiram atender a proposta do evento no âmbito da sustentabilidade, brasilidade e inclusão social através do uso de materiais simples associado a conceito, criatividade e muito, muito estilo. A sala de estar de 44 m2 e pé direito de 4 m de altura, segue a proposta de promover o encontro de gerações num espaço aconchegante e extremamente contemporâneo. O projeto me emociona pela simplicidade da forma e conteúdo na contextualização e pesquisa, determinando o talento associado ao design e a despretenção da dupla. No estar destacam-se a mesa de centro com tampo de
suportes de panela, puff revestido em crochê, estante em MDF natural com traços retos e simples, além de um painel de fotos com várias gerações. Uma istalação sob forma de escultura foi montada com bastidor de madeira utilizados para fazer bordados, mostrando mais uma vez a criativade e o talento das mineiras. A iluminação geral utiliza apenas fios, boquilhas e lâmpadas penduradas: as profissionais subiram em andaimes e montaram mais esta escultura que se assemelha a uma aranha. O grande desafio do projeto em transformar materiais simples do dia a dia em soluçoes contemporâneas foi tirado de letra pela dupla, que assinaram entre outras peças uma arandela com trena de pedreiro e coador de café e uma cadeira de plástico revestida em capa de couro desgastada. Parabéns, meninas, pelo projeto, pelo conceito e pelo talento!
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A iluminação utiliza apenas fios, boquilha e lâmpadas penduradas, criando, desta forma, efeito de aranha. Elementos que destacam o ambiente
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IN LOCO
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A área de descanso com a cadeira de balanço compõe o ambiente junto à luminária com estrutura em metro de madeira e cúpula revestida com coadores de café
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Acontece no mundo Tóquio por Erika Ikezili 42 Rue des Lombards, 7º
O Japão sempre esteve em nosso imaginário coletivo. Estar “do outro lado do mundo” é surpreendente, instigante, curioso. Erika Ikezilli, estilista e nissei, nos mostra um pouco do que essa megalópole gigantesca nos presenteia ao cruzarmos oceanos e continentes!
3-7-1-2 Nishi Shinjuku
Estrada do Coco – Km 8
1-13-11 Nishiazabu, Minato-ku Cachoeira do Roncador
Um bar cool Ir ao restaurante Gonpachi (onde foi filmado KILL BILL 1) – comer lamem (quente) ou soba (frio), pedir também um bolinho que vem em forma de peixe, com casquinhas se mexem). 1-13-11 Nishiazabu, Minato-ku
ISSEY MIYAKI Tem várias lojas em diferentes bairros, cada uma com produtos diferentes, mas a que eu mais gosto é o da rua Minami-Aoyama Minato-ku, que tem masculino e feminino. As vendedoras são super atenciosas e explicam peça por peça em inglês... É o melhor atendimento do Japão. Aproveitar para olhar todas as lojas desta rua: PRADA, Comme des Garçons, etc..
Omotesando Hills
Ribeira
Para os amantes de moda A dica é o Nippori – Nippori Textile Town, bairro têxtil de Tóquio. Nele se concentram as lojas de tecido e aviamentos da cidade. Tipo uma “Julio Conceição Toquiota”. Lá é possível encontrar kimonos e, para roupas casuais, botões especiais, brechós, réguas especiais para modelagem, máquinas, dentre outros produtos. O preço é muito bom, porém, fica muito longe do Centro. Estação de Trem: JR Nippori Station
TOKYU HANDS em SHIBUYA O prédio tem muitos andares e neles se encontra de tudo, de móveis e utilitários domésticos a papelaria, máquinas de costura, mochilas, dentre muitas outras opções. Uma dica é usar sapatos confortáveis. Lá é gigante! Fica no Centro, em 18/12 Udagawa-cho, Shibuya-ku
Omotesando Hills
2-7-15 Ginza, Chuo-ku
Lojas imperdíveis La Foret não é só uma loja, mas um centro comercial de pelo menos 10 andares com muitas marcas jovens locais. Nos pisos inferiores, tem lojas com roupas do estilo HARAJUKU GIRLS/ Lolitas góticas. 1-11-6 Jingumae, Shibuya-ku
Tecnologia A dica é o bairro de AKIHABARA. Lá se encontra de tudo! É paraíso dos eletrônicos e Animes. Metrô: Hibiya Line
1-13-11 Nishiazabu, Minato-ku Rio Paraguaçu
2-7-15 Ginza, Chuo-ku
1-13-11 Nishiazabu, Minato-ku
Para se surpreender Para os amantes de papelaria e afins a dica é o ITOYA. São nove andares de papelaria e você encontra de tudo. 2-7-15 Ginza, Chuo-ku
Um restaurante legal Uma dica bacana é o restaurante da cobertura do PARK HYATT (onde foi filmado Encontros e Desencontros, de Sofia Coppola). O lugar é luxo e tem a vista absurda 3-7-1-2 Nishi Shinjuku, Shinjuku-Ku Omotesando Hills
ARTESANATO em ASAKUSA A feira de artesanato tradicional (tamancos de gueixas, leques, enfeites de cabelo) acontece em uma rua grande, com cobertura, onde existem muitas lojas, do tipo bancas, coladas uma na outra.
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Para comer de passagem Sushiya (sushis de esteirinha, tem um bom na Omotesando Dori bem na frente do Omotesando Hills). Yoshinoya (foto) arroz e misoshiru tradicional. Básico e barato.
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conceito viagem
Tóquio Mandarin
Q
uando chegamos no Mandarin Oriental Tóquio sentimos claramente a sensação de estar em um templo com uma energia diferenciada, onde a fusão do tradicionalismo e a tecnologia de um projeto avant-garde dialogam com muita, muita sintonia. A ideia do Lobby ocupar o 38° andar do hotel nos oferece uma belíssima vista de Tóquio. Temos um verdadeiro skyline desta cidade que movimenta 30 milhões de habitantes. O Mandarin
Oriental Tóquio está perfeitamente localizado para que os hóspedes possam apreciar a beleza que Tóquio tem a oferecer, através dos Jardins do Palácio Imperial, o Rio Sumida e a cintilante Baía de Tóquio, em uma única exibição arrebatadora. O projeto de arquitetura denota modernidade, sofisticação e estilo. A escolha de materiais naturais e a valorização da matéria-prima tipicamente japonesa, faz deste hotel um grande exemplar da arquitetura contemporâ-
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texto andréa velame
nea. A transparência dos vidros, madeira, tons de bege, papel arroz e fibras foram alguns dos materiais utilizados. A megalópole futurista, silenciosa e ordenada, que valoriza o bem estar do corpo e da alma, fez do SPA Mandarin um dos endereços mais requisitados do Japão. Os quartos oferecem luxo sem ostentação, conforto sem extravagâncias. Por fim, não poderia deixar de pontuar que, dormir nos lençóis do Mandarin, definitivamente, é uma experiência singular.
Acima, a suíte e, em detalhe, o banheiro. Os quartos oferecem conforto e luxo. Acima e ao lado, o SPA Mandarin um dos endereços mais requisitados do Japão
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Não há outro hotel em Tóquio que tenha três restaurantes estrelados pelo Guia Michelin 2010. Acima, o Signature, de cozinha francesa; o Sense, de cozinha chinesa, e o criativo Tapas Molecular Bar, ao lado
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Howard Schatz
fotógrafo
conceito fotografia
Beleza brutal E
le é um dos mais importantes fotógrafos do corpo. E é um apaixonado. “Quero olhar pelo visor da máquina e me apaixonar: ver uma imagem que nunca vi em lugar algum”. O fotógrafo americano diz que procura não dar muita atenção à opinião das pessoas. Ele acredita que, quando faz uma bela foto, sente-se abençoado, como se um espírito divino o visitasse. E segue nessa busca constante, querendo encontrar uma nova imagem que o conduza a essa sublime sensação outra vez. O corpo humano, o movimento, as cores, os contrastes, as sensações, agora impressas. Impressas no papel, na expressão do corpo, na variante do impressionante. É o corpo enquanto objeto favorito. Corpo que se movimenta, em formas, caras e bocas.
O corpo humano como escultura, feita pela natureza, mas aqui manipulada pelo homem, para se tornar brutal, minimalista. Corpo que, há muitos séculos, é alvo de todas as variações artísticas, retratado na pintura, na escultura; é encenado, modificado, idolatrado, desejado... Corpo que segue sendo inspiração de miríades de artistas na história da humanidade. Howard Schatz consegue retirar do corpo humano uma beleza além da aparente. Neste ensaio, ele realiza composições usando contrastes e texturas que ultrapassam o imaginado pela maioria dos mortais. E, para tanto, basta que ofertem a ele modelos bem preparados e uma câmera fotográfica adequada. Assim, não é de se espantar que Schatz transforme corpos em esculturas fantásticas.
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~ Conceito Portif贸lio ~
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conceito portifólio
Nathália Velame
O
seu estilo é marcado pela elegância e muito cuidado nos detalhes. Considera fundamental fechar o ciclo em cada projeto. Utiliza sempre o branco, preto e pontua com o dourado. A designer aposta no estilo contemporâneo com muita influência no clássico, por apostar em projetos sem modismos, com uma linguagem atemporal. Nathália Velame graduou-se em Gestão de Moda pela UNIFACS e Design de Interiores pela Escola Bahiana de Arte e Decoração, mas, uma influência internacional, fez com que ela optasse definitivamente pelo caminho de design de interiores. No Conceito Portfólio, você poderá conhecer um pouco dos seus projetos residenciais e comerciais, muito deles publicados nacionalmente. Nathália Velame participou das principais Mostras de Decoração e foi convidada para assinar ambientes e vitrines em lojas especializadas do setor. Conheça um pouco mais do trabalho da profissional através do site www.Natháliavelame.com.br
Textos Andrea Velame Fotos Marcelo Negromonte
Dell Anno
A
o lado, a Mostra de Decoração Loja Conceito Dell Anno, em homenagem à escultora Eliana Kértesz. Um tapete amarelo definiu a contemporaneidade do espaço, que conta ainda com cadeiras em estilo francês. Abajures em prata e tecidos na tonalidade cinza e preto definiram o espaço.
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P
Edição Limitada
rojetar uma loja de tecidos, revestimentos e móveis retrô foi a proposta para esta loja localizada no Shopping Boulevard 161. As proprietárias desejavam uma loja que traduzisse o sonho e a sofisticação do viver bem.
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Horto Florestal 1
R
ealizar um projeto para um casal viajado, apaixonado por arte e que adora receber convidados foi o desafio da designer de interiores Nathália Velame. O grande tapete preto delimitou o espaço de estar e home. Uma cômoda com afrescos, poltronas swan em camurça vermelha e mesa sarineem fazem parte da varanda. Uma coleção de pratas e cristais, além de muitas flores, refletem a alma da proprietária. Em seus trabalhos, procura imprimir a linguagem atemporal, sem se preocupar com tendências. “Acho que o mais importante é transmitir elegância e conforto”, conceitua.
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O
s clientes? Gaúchos que escolheram a Bahia para viver. Pela característica, o mar teria que fazer parte da inspiração deste apartamento de quatro suítes elaborado para uma flower designer.
Rio Vermelho 1
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U
m quarto dos sonhos, priorizando o conforto do casal. Cama em couro e cômoda em estilo chinês dialoga com home de vidro refletente e armários em gofrato. A ideia neste projeto foi integrar luxo, conforto e tecnologia, daí a escolha de abajures de murano e espelho francês do século XIX.
Rio Vermelho 2
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conceito portif贸lio
Arte, design, antiquariato e sofisticação definiram o caminho deste projeto!
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Horto Florestal 2
U
m apartamento no Terrazo Imperiale, no Horto Florestal, recebeu piso perfect White de 1m x 1m com rodapés de 30 cm. Móveis contemporâneos foram pontuados com clássicos do mobiliário, a exemplo da premiada marquesa, de Oscar Niemeyer. Tapetes Aubusson, portas da Cinex e um luminotécnico estudado fizeram deste projeto um diferencial no portifólio da profissional.
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Arte e Banho
I
nspirado no crescimento imobiliário, Nathália homenageou, na Mostra Arte Banho, o empresário Antônio Andrade, da construtora Andrade Mendonça. No preto, buscou a força masculina. Usou e abusou da volumetria, surpreendendo com uma parede curva. A principal textura foi a da madeira com seus veios aparentes, sejam eles na ebanizada ou na natural. Suavizou com a utilização do mármore branco, trazendo sofisticação e contraste.
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fotos estúdio gato louco
Artefacto
A
paixão pela estética, arte e moda estão presentes desde a infância na vida de Nathália. Para desenvolver seus projetos, sempre busca inspiração em algum personagem, realiza pesquisas e se aprofunda nos temas na tentativa de traduzir a alma do cliente que ocupará o ambiente. Na vitrine da Artefacto, Nathália homenageou a atriz Audrey Hepburn. Sempre em busca do diferencial e preocupada com a tecnologia, Nathália desenvolveu, em Belo Horizonte, quatro painéis lenticulares cujas imagens de Audrey se alternam, dependendo do ângulo do olhar, fazendo com que as pessoas interajam com a obra.
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conceito portifólio
Campo Grande
U
m antigo prédio no Campo Grande foi o local escolhido por esta família para abrigar um grande acervo de obras de arte. Eles são colecionadores de arte e objetos de decoração, além de toy arts. O desafio deste projeto, para Nathália Velame, era tentar neutralizar com a utilização do preto o acervo que conta a história de vida desta família.
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Ercolano
P
rojetar um restaurante significa entrar na cozinha de fato, buscar soluções, desenvolver logísticas e, além de tudo, priorizar custos. Foi assim a realização do Restaurante Ercolano, na Pituba, que completou um ano e pode ser considerado um case de sucesso em Salvador. O sucesso fez os empresários, ainda em 2010, inaugurarem a primeira filial do restaurante, desta vez, na Marina.
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conceito portifólio
Casa Cor Bahia
E
strear na cozinha, um desafio singular. Surge a inspiração: projetar o Atelier de Açúcar, recheado de poesia e sofisticação, em homenagem a uma das maiores boleiras do Brasil, Ivana Simões. O espaço é comprometido com a tecnologia, o design e a luminotecnia. Confortou o seu desejo maior: realizar sonhos!
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conceito portif贸lio
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U
In Design
m novo espaço foi projetado por Nathália Velame a convite da In Design. A profissional mais uma vez buscou aliar o estilo do seu trabalho à linha de produtos da loja. Resultado: um espaço elegante, contemporâneo e clássico.
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conceito portifólio
Paralela
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rojetar uma loja a convite da Todeschini, no Shopping Paralela, foi um grande desafio para profissional. O desejo dos clientes era inaugurar em Salvador a primeira loja conceito da marca. A experiência foi gratificante. Nathália procurou inserir a qualidade do produto à linguagem do seu trabalho.
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Cidade Jardim
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ases cleans, com cores neutras e materiais nobres (como o piso de mármore branco carrara), compõem a plataforma do projeto. Muitas peças de design, como cadeiras Hans Werner, poltronas Tulipa e pendentes que trocam de cores, marcam o décor contemporâneo, carregado da personalidade dos moradores, sem modismos. O toque de humor ficou por conta das poltronas do home, na cor pink.
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Nome: Nathália Velame Profissão: Designer de interiores Moraria em: Londres, Paris e São Paulo. Mas só por um tempo. Para a vida: Salvador! Amo nossa terra! Seu estilo: Clássico contemporâneo. Adoro misturas e referências Trilha Sonora: Michael Buble Restaurante: Cristal Room Baccarat, em Paris Hot-spot: Em London, Sketch. Em Salvador, Ercolano. Sonho de consumo: Viajar o mundo todo e ter uma família como a minha, estilo comercial de TV, sabe? Maridão, três filhos e dias felizes e ensolarados! Um designer: Jayme Hayon Um arquiteto: Santiago Calatrava Adoro: As estampas de Adriana Barra! Favorite shop: Liberty, em London! Passaria um dia inteiro com: Marcel Wanders, para pegar todas as dicas Cheiro que te lembra infância: Brigadeiro! Eu amoooooo brigadeiroooooooooooooooooooo! O que não pode faltar em uma casa: Personalidade, amigos e flores! Projeto dos sonhos: Um hotel design O que está saindo do forno: Do forno? O novo restaurante Ercolano, agora na Marina. Tem também a nova loja da BMW Motorrad Um móvel: Todos de Guilherme Torres Um investimento: Viagem sempre... Não há melhor investimento! Lugar para descansar: A casa de praia dos meus pais. Uma cor: Uma só é muito difícil! Adoro preto, branco e um toque do dourado. Um museu: Adoro o acervo do Victoria e Albert e o projeto do Museu do Amanhã, no Rio Uma saudade: Vovô Antônio Próximo carimbo no passaporte: Marrocos, I think! Um Hotel: Adorei o Mandarim Barcelona. Café da manhã dos sonhos e projeto lindo de Patrícia Urquiola.
Não vivo sem: Informação! O que não cai de moda: Um lustre Baccarat O cliente ideal: O que participa do projeto e respeita as suas sugestões Nunca vou esquecer: Dos dias que vivi como londrina. Ser londrina é o máximoooo! Uma frase: Livrai-nos de todo mal, amém! Isso dá sorte: Verdade Acessórios indispensáveis: Relógio, celular e óculos escuros Uma paixão: Bruno, meu irmão! Um doce tentação: Bolo de canela, de Pitty Diniz O que ver na TV: Tudo AV, of course! Hahaha Na praia: Roska de kiwi, óculos escuros e boa música Produtos de cabelo: Moracanoill Sempre carrego na bolsa: Um monte de cacarecos úteis e inúteis. Adoro bolsa grande, aí já viu, né? Uso e não estou nem ai: Pijama velho, não é uma delícia? Não vendo, não troco, empresto: Minha família lindaaa Programa legal em casa: Reunir os amigos pra comer, brindar e dançar O prato que sempre da água na boca: Todas as comidas da casa de Nanana, minha avó Tenho mania de: Pesquisa Ícone de beleza: Audrey Hepburn Objeto de decoração que mais gosto: Vasos de Murano são eternos! Que lugar indicaria para as pessoas conhecerem em Londres? Aguardem a próxima edição da Conceito AV, vou revelar todos os meus segredos! Não sei se isso é bom ! Hahaha
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conceito arte
Um sertao oriental O multiartista chamado Shiko. E DerbyBlue. Por enquanto. texto nyala cardoso
“É
difícil arrancar tempo de Shiko, ele está sempre fazendo alguma coisa, inventando arte. Você tem que pegar no pé dele”. Assim respondeu-me a produtora – e amiga em comum - Nariá Braga, quando procurava um sinal vivo do artista paraibano que, por semanas, tomou chá de sumiço e me deixou na expectativa questão de tê-lo, ou não tê-lo, pincelando as páginas do nosso Conceito Arte. Mas é que Shiko está preparando uma adaptação para os quadrinhos do romance ‘’O Quinze’’ de Raquel de Queiroz, a convite da editora Ática. E absorto na produção do novo álbum gráfico intitulado “A Boca Quente”. E colorindo de ousadia e tinta fresca os muros cinzas da cidade. E tantas outras coisas que a gente compreende a quase inacessibilidade. Francisco José, ou Shiko, ou DerbyBlue, saiu de Patos, sertão paraibano, aos 20 anos, em 1997, “com o pai Fabiano, Sinhá Vitória, irmão mais novo e a cachorra Baleia”, diverte-se. Desde então mora na cidade de João Pessoa, de onde espalha arte para os cantos mundo. Ali, desenha e escreve histórias em quadrinhos, faz filmes com os amigos, pinta em muros alheios e produz telas e aquarelas. E ilustra campanhas publicitárias e editoriais para publicações e agências de todo o país. Num momento é convidado a expor na cidade de Rotterdam na Holanda. Noutro, a integrar a exposição brasilidade ilustrada, dirigida pelo Instituto Europeu di Design. E por aí vai. Autor de quadrinhos, grafiteiro, desenhista e escultor, lhe caem bem. Mas da imprecisão e do status que o termo artista-plástico impele, Shiko não gosta. Ele é isso, um antiartista multiartista. E de múltiplos codinomes. A grafia de “Shiko” foi tirada de um quadrinho japonês e significa ‘’a área de alcance da lâmina do samurai’’. “Também era o nome de um importante gravurista japonês que morreu um ano antes do meu nascimento: Shiko Munakata”, explica. Já DerbyBlue apareceu como um insight: “estava abrindo uma conta no flickr e, na hora de escolher um nome de usuário, não quis colocar meu próprio nome. Gosto de inventar nomes, já tive muitos...aí, na hora de digitar, olhei para a carteira de cigarros em cima da mesa... pareceu sonoro e universal”. A forte e notória influência que a cultura japonesa exerce sobre o trabalho de Shiko nos conduziu até ele. “O mangá, o anime (animação japonesa) e toda a cultura pop do Japão, me inspiram”, declara Shiko. Ou seria DerbyBlue? Bem, decidimos convidar um para entrevistar ele mesmo. Desta vez, a resposta veio sem demora: “Isso tem muito pano pra manga de quimono. Vamo nessa!”
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[Shiko] Como começou sua relação com a cultura oriental e a japonesa em particular? [DerbyBlue] Já notou que nenhum moleque desenha homens de calça e camiseta!? É muito chato desenhar gente comum. Quando você cresce, apura o olhar e consegue extrair alguma beleza do cotidiano, do real, mas quando você é moleque o que importa são as espadas, armaduras, o sangue jorrando, dragões de duas cabeças e mulheres em perigo. Foi isso que me atraiu na estética e no folclore oriental. [Shiko] E que tipo de canal ligava o sertão da Paraíba ao arquipélago japonês? [DerbyBlue] Os quadrinhos. No começo dos anos 90 já chegavam às bancas mangás como “Lobo Solitário”, “Akira”... Aqui no Brasil tinha o Cláudio Setto e o Julio Shimamoto, que já faziam mangá há algum tempo. Quando eu li o “Lobo Solitário” percebi como podia ser rica a linguagem dos quadrinhos, diferente de tudo que eu já tinha visto. Desde então eu nunca mais li um quadrinho de super-herói na vida.
Ao lado, tela pintada com molho de soja
[Shiko] E o que há nos quadrinhos e na arte japonesa em geral que pode ser percebido como influência no seu trabalho? [DerbyBlue] Nos quadrinhos, a própria forma de narrar. Eles contam as estórias em outro tempo, outro ritmo. As narrativas param, respiram, observam e seguem em frente. Às vezes seguem-se páginas e páginas sem que nada aconteça, o que chamamos no cinema de tempo morto. Da arte tradicional japonesa eu uso bastante os motivos das tatuagens Yakuza, mesmo quando não é um desenho oriental. Aquela composição de
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transparências, volutas, preto e cinza... aquilo tudo tem muita classe e portanto combina muito bem com outras coisas mais contemporâneas ou ocidentais. O modo como os artistas do Japão medieval trabalhavam a síntese, a elegância na distribuição do claro-escuro, a linha suave... tudo isso me ensina e motiva. Ah, e os quimonos, claro! Os penteados! As gueixas representam o pico da elegância, um negócio barroco de colocar coisa por cima de coisa e não perder a linha. Nesse sentido, nem a corte de Luiz XV teve tanto apuro. [Shiko] E o Japão moderno? [DerbyBlue] Pois é, estava pensando agora mesmo como o Japão mantém essa tradição barroca mesmo depois de tanta mudança. Veja a moda de rua de Tóquio, as meninas com uma pantufa por cima de um sapato, que está por cima de uma meia amarela e outra listrada, dois vestidos sobrepostos, e casaco, óculos, pulseiras, gorros e cabelo cor de rosa e lilás. Os meninos do mesmo modo. Claro que isso me inspira mais que alguém de calça e camiseta. Sem falar na tecnologia, nas motos, na máfia... Outro dia fui numa exposição de maquetes da arquitetura japonesa. Umas maquetes feitas de papel dobrado, quase um origami. É impossível não se impressionar com a quantidade de talento e cuidado depositado nas coisas que eles fazem. [Shiko] E o que tem visto de coisas novas e que recomendaria? [DerbyBlue] Algumas coisas das quais eu gosto muito nem são tão novas: nos quadrinhos a trilogia “Preto e Branco” de Tayo Matsumoto. O filme “Ishi the Killer” de Takashi Miike. Na música... taí... me pegou! Tem o “Piizicato Five”, que é divertido.
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conceito indica
sofá literário
Sofás
Desvendamos os universos de alguns convidados para saber o que neles habita. Livro, música e cinema, vamos compartilhar!
“Sexta feira ou os limbos do Pacífico”, de Michel Tournier, parisiense, diplomado em Filosofia e membro da Academia Gongourt. Este foi o seu primeiro romance, tendo obtido o Grande Prêmio da Academia Francesa, em 1967. É a espiritualização que faltou no Robinson Crusoé, de Daniel Defoe. Mostra o que é perder a noção de identidade, enlouquecer na falta do igual que lhe confirme que ele é um ser humano. “Uma história do espaço de Dante a Internet”, de Margareth Wertheim. É um texto essencial para a compreensão do conceito de espaço ao longo dos tempos. Daniel Senise, Empresário
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Um livro que considero clássico e importante para mim é “Fernão Capelo Gaivota”, livro dos anos 70, de Richard Bach. Além de ser um dos primeiros livros que lembro ter lido, ele fala sobre liberdade, aprendizado e amor e de como devemos lutar para alcançar e realizar nossos objetivos. Outro que li recentemente e gostei muito foi “Descomplique”, da jornalista e consultora de imagem Vanessa Barone. Ela fala de assuntos como moda, redes sociais, dicas de etiqueta e situações do dia-a-dia da vida moderna de forma bem humorada, com ótimas dicas! Vale a pena conferir. Marcello Manzini - assessor de imprensa
sofá musical
sofá com pipoca
“Julieta dos Espíritos” (1965), de Fellini. Julieta Masina faz a protagonista. Uma mulher que enfrenta seus demônios, medos, neuroses, traumas e se reinventa como mulher. No melhor estilo delirante de Fellini, o roteiro descontroi a narrativa linear e envolve o espectador em um universo de pura poesia. “Shortbus”, 2006, de John Cameron Mitchell, é um verdadeiro conto de fadas da contemporaneidade. Em NY, pós-atentados de 11/09, um grupo de pessoas se encontra regularmente em um clube underground onde tudo é permitido: arte, música, política, sexo e liberdade. Ayrson Heráclito, artista plástico “2046”. Assisti três vezes no telão e agora tenho o dvd. Um clássico pela plasticidade da fotografia aliada à forma poética do tema, com uma boa dose de física quântica e ficção. O visual é bem cuidado, a música inspiradora e leva a assinatura de Wong Kar Wai, mestre do cinema novo. “Rip! A remix manifesto”. Assisti ano passado, quando estava morando no Canadá. Um documentário sobre produção artística, com ênfase nos direitos autorais. Fala dos processos criativos midiáticos bastante utilizados pela música eletrônica, como os samples, as recombinações. Andrea May, artista visual
Um clássico e um atual? Gilberto Gil! Nos anos 1960 destaque para a música Bem Devagar. O exílio em Londres rende clássicos: Aquele Abraço é despedida, Back To Bahia, a volta. Já no Brasil, começou a série de discos antológicos nos anos 1970: “Expresso 2222”, “Gil e Jorge”, “Os Doces Bárbaros” e a trilogia conceitual: “Refazenda”, sobre o campo; “Refavela” com sons da Jamaica, Nigeria, Rio e Bahia; e, por fim “Realce”, gravado em Los Angeles, o pop de Gil nos anos 1980. Na década de 1990, destaque para “Parabolicamará”. Em 1997, lançou o álbum duplo “Quanta”, e, em 1998, “Quanta gente veio ver”, álbum duplo, ao vivo, que ganhou o “Grammy Award” de melhor musica mundial. Mais que merecido. Tiago Nery, jornalista e designer gráfico Substance (1977-1980), Joy Division. Ian Curtis: um letrista pré-punk, de voz deliciosamente grave. Substance é um “best of” da trajetória. Letras fatalistas somadas a riffs de guitarra progressiva que embalam do “day by day” ao “dance floor”. Afinal, como ficar parado ao som de “she’s lost control” e do poderoso hit “love will tear us apart”? Atual: High Violet (2010), The National. Eles conseguem juntar a melodia “british pop” com melancolia, que funciona tanto quando ouvimos “Lemonworld” debaixo dos lençois, até a baladeira “Bloodbuzz Ohio”. Alexandre Guimarães, estilista
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Serviço Shigeru Ban – www.shigerubanarchitects.com § Beige – www.chanel.com § China Blue – www.conradhotels1. hilton.com § Dior – www.dior.com § Hermés – www.hermes.com § Hinokizaka – www.ritzcarlton.com § Howard Schatz – www.howardschatz.com § Louis Vuitton – www.louisvuitton.com § Mandarin Toquio – www. mandarinoriental.com § Mikimoto – www.mikimoto.com § Omotesando Hill – www.omotesandohills.com § Paulo de Abreu e Lima – estilogourmand.blogspot.com § Prada – www.prada.com § Sense – www. mandarinoriental.com § Shiko Leite – www.flickr.com/photos/derbyblue § Signature – www.mandarinoriental. com § Tadao Ando – www.andotadao.org § Tod's – www.tods.com § Tokujin Yoshioka – www.tokujin.com/
Profissionais Adelia Estevez – www.adeliaestevez.com.br. Rua Bahia, 206/105 - Pituba - Salvador- Ba, 71 3351-3543 / 9974-3543 § Ana Paula Guimarães e Thiago Manarelli – www.mgarquitetos.com. Rua Jequié, 23 - Bairro Vemelho - Salvador-Ba. Tel.: 71 3341-8744 § Cecília Avena – ceciliaavena@atarde.com.br. Av. Orlando Gomes, Q'1 / 17 - Salvador-Ba 71 3367-1640 / 9979-1199 § Cláudia Lopes e Daniela Lopes – cmllopes@terra.com.br / dani.dias@terra.com.br. Av. Tancredo Neves, 1283 / 1001 Salvador -Ba. Tel.:71 3341-6140 / 8119-8497 § Dolores Landeiro – doloreslandeiro@hotmail.com. Av. Juracy Magalhães Jr., 768/601 Salvador -Ba. Tel.:71 3240-0552 / 8802-9005 § Edilson Campelo – www.edilsoncampelo.com.br. Av. Manoel Dias da Silva, 486 / 303 Pituba, Salvador-BA. Tel.: 71 3347-0673 / 9982-2346 § Flávio Moura – www.flaviomoura. com.br. Av. Santa Luzia 1136, SL. 103 e 104 - Horto Florestal - Salvador -Ba. Tel.:71 3276-0614 § Gabriela Viveiros – gabrielaviveiros@bol.com.br. Rua Aymorés, 68 - SL 02 Rio Vermelho. Tel.:71 3344-2880 § Joilson Barbosa, Tania e Paula Facchinetti – paula.arquin@gmail.com / barbosafacchinetti@yahoo.com. Rua João José Rescala, 326. BL 21/202 Salvador-Ba. Tel.:71 3230-2324 / 9966-1086 § Luiz Humberto Carvalho – lhc@lhcarquitetura.com.br. Rua Visconde de Mauá, 332 Salvador -Ba. Tel.:71 3321-8542 / 9148-8532 § Marlon Gama – www.marlongama.com.br. Av. Magalhães Neto - 1752 - SL 711, Pituba - Salvador-Ba. Tel.:71 3341-6959 § Nágila Andrade – www.nagilaandrade.com.br Rua Itabuna, 205 - Rio Vermelho- Salvador-BA. Tel.:71 3334-4851 / 8119-8074 § Nathália Velame – Rua Anísio Teixeira, 161, Shopping Boulevard 161, sl 8 e 9, Itaigara, Salvador (BA) Telefone: (71) 3351-9666 § Pedro Lázaro – www.pedrolazaro.com.br . Rua Buenos Aires, 363A - Sion - Belo Horizonte / MG. Tel.:31 3285-5950 § Samira Ader & Andréa Medeiros – adermedeiros@ hotmail.com. Av. Raja Gabaglia, 2708 - SL 221, Estoril - BH-MG. Tel.:31 9627-0349 / 9959-4180 § Sidney Quintela – www. sidneyquintela.com.br. Av. Sete de Setembro, 2872 - Ladeira da Barra, Salvador-Ba / Rua Oscar Freire 1607, São Paulo-SP. Tel.:71 3333-7000 / 11 3085-6129 § Suse Laranjeiras – s.laranjeiras@hotmail.com. Rua Guilar Muniz, 175/1002. Tel.:71 3353-0088 / 8836-3663 § Tatiana Campos Melo – tatianacamposmelo@terra.com.br. Rua Manoel Andrade - 55/204 Salvador-Ba. Tel.:71 3014-0655 / 9184-1561 § Wagner Paiva – www.wagnerpaiva.com.br. Av. Anita Garibaldi, 1815, Bloco A, Sala 204 - Ondina. 40170-130. Salvador, BA. Tel.:71 3331-6494 / 9161-3031 § Zilda Santiago & Anamaria Diniz – www. zildaeanamariaarquitetura.com.br. Rua Miranda Ribeiro 185 - Vila Paris, Belo Horizonte / MG. Tel.:31 3342-2250
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Quando pensamos em parceria, partimos para um mesmo ideal. Parceria é entendimento, respeito, aceitação e ajuda mútua. A Marcosa agradece a todos os clientes a parceria firmada em 2010 e deseja continuar traçando junto um 2011 de realizações.
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foto marcelo negromonte | grupo av
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