órgão de divulgação do mercado segurador
ano 88 nº878 julho/ agosto/ setembro de 2011
Caminho sem volta : o homem, o meio ambiente e o seguro em harmonia. Mercado segurador prepara documento para lançar na Rio + 20
anĂşncio escola nacional de seguros
Sumário
5
Desafio Olímpico
22
Saúde
8
Economia Verde
24
Fraudes
14
Marketing & Vendas
26
16
Encontro de atuária
30
Controles internos
34
20
Márcio Fortes assume o comando da APO com a missão de coordenar ações e garantir a entrega das obras nos prazos previstos. Mercado prepara políticas socioambientais que levem à adoção de um modelo de crescimento econômico sustentável e equilibrado. Evento da FenaPrevi apresentou as redes sociais como ferramentas de marketing para o setor atingir novos consumidores. Mercado brasileiro vai adaptar modelo europeu para as regras de supervisão do setor de seguros, conhecidas como Solvência II. Evento da CNseg mostrou que a análise dos riscos permeia todas as atividades do mercado, da gestão à auditoria e fiscalização.
A falta de análise adequada no uso da tecnologia em saúde é um dos fatores que mais encarem os procedimentos do setor. Pesquisa revela que, nos últimos seis meses, caiu de 41% para 24%, a intenção dos brasileiros em fraudar os contratos de seguro.
DPVAT
Parceria com os Correios amplia capilaridade da rede de atendimento do seguro, nos estados do Ceará, Piauí e Maranhão.
Capitalização
Paulo Rogério Caffarelli assume o comando da FenaCap e promete melhorar as práticas de comercialização e o atendimento a clientes.
Evento FenSeg
Especialistas afirmam em workshop que enchentes de verão e roubos de carga são previsíveis e, portanto, podem ser evitados.
E Mais... 4 – Ao Leitor; 13 – Princípios da Sustentabilidade em Seguros; 28 – Produtos Massificados; 34 – Workshop Imprensa; 38 – Escola Nacional de Seguros; 40 – Geneva Association; 41 – Biblioteca e 42 – Opinião
PRESIDENTE Jorge Hilário Gouvêa Vieira 1º VICE-PRESIDENTE Patrick Antônio Claude de Larragoiti Lucas VICE-PRESIDENTES NATOS Jayme Brasil Garfinkel, Marcio Serôa de Araujo Coriolano, Marco Antonio Rossi Paulo Rogerio Caffarelli VICE-PRESIDENTE Nilton Molina Wilson Toneto DIRETORES Alexandre Malucelli, Antonio Eduardo Marquez de Figueiredo Trindade, Luis Emilio Maurette, Mário José Gonzaga Petrelli, Paulo Miguel Marraccini, Pedro Cláudio de Medeiros B. Bulcão e Pedro Pereira de Freitas
CONVIDADOS Luiz Tavares Pereira Filho e Renato Campos Martins Filho CONSELHO FISCAL Efetivos Haydewaldo Roberto Chamberlain da Costa Laênio Pereira dos Santos Lúcio Antonio Marques Suplentes José Maria Souza Teixeira Costa e Luiz Sadao Shibutani CONSELHO SUPERIOR PRESIDENTE Jorge Hilário Gouvêa Vieira CONSELHEIROS Acacio Rosa de Queiroz Filho, Carlos dos Santos, Francisco Caiuby Vidigal, Jayme Brasil Garfinkel, Jorge Estácio da Silva, José Castro Araújo Rudge, José Roberto Marmo Loureiro, Luis Emilio Maurette, Marcio Serôa de Araujo Coriolano, Marco Antonio Rossi, Mário José Gonzaga Petrelli, Nilton Molina, Patrick Antônio Claude de Larragoiti Lucas, Pedro Pereira de Freitas, Paulo Rogerio Caffarelli, Thierry Marc Claude Claudon e Wilson Toneto
CONSELHEIROS NOTÁVEIS Alberto Oswaldo Continentino de Araújo Eduardo Baptista Vianna, João Elisio Ferraz de Campos e José Américo Peón de Sá CONSELHEIROS – SINDICATOS João Gilberto Possiede e Júlio César Rosa REVISTA DE SEGUROS Órgão de divulgação do mercado segurador PUBLICAÇÃO INTEGRANTE DO CONVÊNIO DE IMPRENSADO MERCOSUL – COPREME. Em conjunto com SIDEMA (Serviço Informativo do Mercado Segurador da República Argentina), EL PRODUCTOR (Publicação da Associação de Agentes e Produtores de Seguro da República Oriental do Uruguai) e Jornal dos Seguros (Publicação do Sindicato dos Corretores de Seguros e de Capitalização do Estado de São Paulo).
Revista de Seguros – 3
CONSELHO EDITORIAL Ângela Cunha, Luiz Peregrino Fernandes Vieira da Cunha, José Cechin, José Ismar Alves Tôrres, Neival Rodrigues Freitas, Solange Beatriz Palheiro Mendes Editora-chefe: Ângela Cunha (MTb/RJ12.555) Coordenação Editorial: VIA TEXTO AG. DE COMUNICAÇÃO viatexto@viatexto.com.br 21 - 2262.5215 Jornalista Responsável: Vania Mezzonato – MTB 14.850 Assistente de produção: Fabíola França Colaboradores: Carmen Nery, Claudio Souza, Cristiane Collich, Denise Bueno, Fernanda Thurler, Jamille Niero, Jorge Clapp, Lenir Camimura, Márcia Alves, Maria Luisa, Sonia Araripe e Vagner Ricardo Fotografia: Claudia Mara, Rodrigo Nunes, Antranik Fotos, Daniela Meireles Projeto Gráfico: Maraca Design
REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIA: Gerência de Comunicação Social – CNseg Adriana Beltrão, Claudia Mara e Vagner Ricardo. Rua Senador Dantas, 74/12º andar, Centro - Rio de Janeiro, RJ – CEP 20031-201 Telex: (021) 34505-DFNES Fax: (21) 2510.7839 Tel. (21) 2510.7777 www.viverseguro.org.br E-mail: cnseg@cnseg.org.br Escritório cnseg/Brasília – SCN/ Quadra1/Bloco C – Ed. Brasília – Trade Center – sala 1607 Gráfica: Walprint Distribuição: Serviços Gerais/CNseg Periodicidade: Trimestral Circulação: 7 mil exemplares As matérias e artigos assinados são de responsabilidade dos autores. As matérias publicadas nesta edição podem ser reproduzidas desde que identificada a fonte. Distribuição Gratuita
Editorial
O mercado e a Rio+20
A
sustentabilidade está na ordem do dia. A preocupação com o meio ambiente, a saúde e a educação, as relações de trabalho e os impactos econômico-financeiros na vida do País – entre outras questões ligadas à governança corporativa – está na pauta de discussões de governos, empresas, organizações não governamentais e escolas, todos empenhados em conscientizar as pessoas para a necessidade de salvar o futuro do planeta. Na esteira desta discussão, a realização da Rio+20, Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, que acontecerá no Rio de Janeiro, em junho de 2012, mobiliza todos os setores econômicos, preocupados em se tornar agentes socialmente responsáveis e dar sua contribuição para tornar a economia mais verde, eliminar a pobreza e garantir a adoção de práticas menos lesivas ao equilíbrio socioambiental. O tema também não escapa à atenção do mercado segurador brasileiro, cuja atividade está diretamente relacionada às questões ambientais, sociais e de governança corporativa, que trazem uma série de riscos ao negócio do seguro. Não por acaso, a sustentabilidade é tema da matéria de capa desta edição da Revista de Seguros e mostra a disposição das seguradoras em contribuir para essa verdadeira cruzada mundial. Alinhado ao compromisso de fomentar o desenvolvimento sustentável, o mercado segurador vem atuando em três frentes distintas, de modo a dar sua contribuição para as questões ambientais: a preparação de um documento com as boas práticas do setor, que será apresentado na Rio+20, a adesão aos Princípios para a Sustentabilidade em Seguros da ONU e a criação, pela CNSeg, de um selo de sustentabilidade. Esta edição traz também uma entrevista exclusiva com o presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO), o ex-ministro das Cidades Márcio Fortes de Almeida, que tem a missão de coordenar as ações e garantir o cumprimento dos prazos das obras para a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas. O leitor ainda vai conhecer a missão do novo presidente da FenaCap, Paulo Caffarelli, e da nova diretora de Ensino Técnico da Escola Nacional de Seguros, Maria Helena Monteiro; e a ampliação dos postos de atendimentos do seguro DPVAT por meio de convênio com os Correios, somando agora quase dois mil pontos instalados em todo o País. As próximas páginas estão recheadas também com a cobertura completa de seis eventos realizados por entidades do mercado: Marketing e Vendas (FenaPrevi), Encontro de Atuários (CNseg), Controles Internos (FenSeg), Fraude em Seguros (CNseg), workshop para jornalistas (CNseg), e Enchentes (FenSeg). Boa leitura!
PRÊMIO INOVAÇÃO EM SEGUROS A CNseg lançou uma premiação para estimular o desenvolvimento do setor e o aprimoramento das relações com o consumidor a partir da adoção de ideias inovadoras, além de apoiar as iniciativas que vão delinear o perfil do mercado segurador no futuro. É o “Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga de Inovação em Seguros”, um reconhecimento ao trabalho daqueles que contribuem para a inovação no setor. A iniciativa foi muito bem recebida pelo mercado e sua divulgação vem contando com a participação ativa de seguradoras e demais entidades do setor. Os vencedores serão anunciados numa cerimônia, em 14 de dezembro, e receberão troféus e premiações em dinheiro nos valores de R$ 15 mil, destinado ao primeiro lugar; R$ 10 mil, para o segundo lugar; R$ 5 mil, para o terceiro lugar.
Revista de Seguros – 4
Entrevista Marcio Fortes
Rodrigo Nunes
O maestro que comanda a orquestra olímpica Com a experiência acumulada no Ministério das Cidades e em outros cargos públicos relevantes, Marcio Fortes acaba de assumir um novo desafio. O carioca de 69 anos comanda agora a Autoridade Pública Olímpica (APO) e tem pela frente a missão entregar as Olimpíadas e Paraolimpíadas em 2016. Em meio a críticas pelas obras muito atrasadas, a presidente Dilma Rousseff encontrou neste obstinado servidor a dedicação e disposição para cumprir a tarefa de coordenar as ações e garantir o cumprimento dos prazos.
Por SÔNIA ARARIPE
O
s números são impressionantes: os Jogos Olímpicos de 2016 devem envolver obras diversas e investimentos de cerca de R$ 50 bilhões. São esperados 14.500 atletas de 205 países, além das equipes, jornalistas, árbitros e turistas. Com disposição de jovem e fôlego de esportista, Fortes é do tipo que acorda bem cedo, viaja, cobra retornos e trabalha até o fim do dia. Como é de seu estilo de governança, passou a reunir as autoridades das três esferas de governo e tem procurado administrar os cronogramas, com pulso firme. Nesta entrevista, o CEO das Olimpíadas falou sobre investimentos, obras, legado e também destacou a relevância do mercado segurador e ressegurador para a realização dos eventos. “Grandes eventos devem ter a garantia da entrega, a tempo, dos equipamentos e da infraestrutura indispensáveis à sua realização. Performance bonds são fundamentais para tanto. Além disso, são ampliadas as necessidades de avaliação adequada e redução de riscos patrimoniais, em função dos empreendimentos de porte que se realizam”, disse.
Revista de Seguros – 5
Revista de Seguros – Quais são os maiores desafios desta nova missão no setor público, depois do Ministério das Cidades? Marcio Fortes – No exercício de um mandato de quatro anos, minha missão é coordenar ações nos níveis federal, estadual e municipal para permitir a entrega da infraestrutura necessária à realização das Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2016. Isto, em ação coordenada com os Comitês Olímpico e Paraolímpico brasileiros e as Confederações das modalidades esportivas representadas nos jogos, entidades que se associaram para constituir o grupo organizador denominado Rio 2016. No âmbito externo, a
Entrevista relação se faz com os Comitês Olímpico e Paraolímpico Internacionais. As datas de início e fim já estão marcadas, temos compromissos com 14.500 atletas, 4.100 árbitros, 25.200 jornalistas credenciados e 95.000 voluntários. Serão disputadas provas em 60 disciplinas esportivas totalizando 774 eventos. Durante 28 dias abrigaremos delegações com origem em 205 países. Uma das prioridades consiste em definir e detalhar a lista final dos projetos da chamada carteira olímpica, derivada dos compromissos que levaram à vitória da candidatura do Rio de Janeiro.
“É importante
ressaltar a existência no País de um setor (de seguros) sólido, bem estruturado e relacionado com o mercado internacional, capaz de dar garantias a compromissos estabelecidos
”
O Brasil tem realmente potencial e infraestrutura para abrigar eventos esportivos tão relevantes? Com certeza. Unimos os três níveis de governo para tornar o processo mais rápido e eficaz, com grande transparência. Em torno da mesma mesa, tratamos das realizações de responsabilidade da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, do Estado do Rio e do governo Federal, em ações individualizadas ou em parcerias, com alocação de valores e cronogramas de execução. Às três esferas de governo cabem estimular o setor privado a trazer sua contribuição, como no setor de acomodações. A segurança passa pela ação federal coordenada com responsabilidades locais. O grande impulso para a realização das obras de infraestrutura veio com o PAC, implementado em 2007. Muitas obras já estão em execução e estarão concluídas com a antecedência requerida. O Rio acabou de sediar com êxito os Jogos Mundiais Militares, com a presença de delegações de mais de 100 países e cerca de 5.000 participantes. Mas ainda há obras em atraso, principalmente de infraestrutura. O senhor, que foi escolhido por ser um reconhecido gestor, está cobrando resultados e prazos? A atribuição dada pela presidente Dilma me impõe uma gestão técnica, é assim que estou trabalhando, muito à semelhança do que já fazia à frente do Ministério das Cidades, na gestão dos programas habitacionais, de saneamento e mobilidade. As obras de infraestrutura urbana
Revista de Seguros – 6
no Rio, em parceria com o governo federal ou em ações próprias do governo estadual ou da prefeitura já estão com bom desempenho e são objeto de continuado acompanhamento, em termos de qualidade, prazos e de custos. As equipes da APO, do Escritório de Gerenciamento de Projetos-EGP (estadual) e da Empresa Olímpica Municipal estão bem entrosadas e têm consciência de sua importante e histórica missão. A presidente da Comissão de Coordenação do Comitê Olímpico Internacional (COI), a grande nadadora marroquina e campeã olímpica Nawal El Moutawakel, em visita ao Rio, disse estar impressionada com o “apoio apaixonado” das três esferas de governo. O caso que mais preocupa são os aeroportos. Será possível concluir os cronogramas? A criação da Secretaria de Aviação Civil, as mudanças de gestão na Infraero e as perspectivas de crescente participação do setor privado nas operações aeroportuárias, por meio do regime de concessões, são bastante animadoras. A presidente Dilma, com essas importantes medidas, pretende não só atender às prementes necessidades do transporte aéreo, mas também equacionar as questões derivadas desses megaeventos, sem contar a próxima visita do Papa ao Brasil. No ano passado, as viagens de avião no País cresceram 24%, mais do que em qualquer outro lugar do mundo. Então, os investimentos em infraestrutura, estão na ordem do dia. Outra decisão importante foi a recente criação do Conselho Nacional de Autoridades Aeroportuárias (Conaero), para coordenar rotinas de trabalho nos aeroportos e melhorar o atendimento aos usuários. Qual a relevância do papel do mercado segurador nos eventos e na garantia das obras? Grandes eventos devem ter a garantia da entrega, a tempo, dos equipamentos e da infraestrutura indispensáveis à sua realização. Performance bonds são fundamentais para tanto. Além disso, surgem ampliadas necessidades de adequada avaliação e redução de riscos patri-
moniais, em função dos empreendimentos de porte que se realizam. O segmento de grandes riscos, de resseguros, é muito demandado em eventos dessa magnitude. É importante ressaltar a existência no País de um setor sólido, bem estruturado e relacionado com o mercado internacional, capaz de dar garantias a compromissos estabelecidos. De não menos importância o atendimento dos ramos vida e acidentes, fortemente ampliados pelo crescimento da atividade turística, de origem nacional ou do exterior, bem como a cobertura adequada para os atletas e treinadores e suas delegações. Nos Jogos Panamericanos, realizados no Rio, houve atrasos e metas não cumpridas. Se tivessem sido fiscalizadas, a Baía de Guanabara, por exemplo, estaria despoluída. Que lições ficaram que podem ser aprendidas? Os Jogos Panamericanos foram realizados em 2007. Abstraindo quaisquer outras considerações de natureza política, é bom lembrar que não havia, até então, uma rotina de estreita parceria entre a União e os governos estadual e municipal que garantisse a realização conjunta de obras de vulto. Isso só veio a ocorrer com a implementação do PAC, lançado naquele ano. A partir daí, é que foram estruturados e progressivamente executados grandes projetos de saneamento, submetidos a rigoroso esquema de fiscalização. As obras de tratamento de esgotos contribuirão para expressiva melhoria da qualidade das águas da Baía de Guanabara e das lagoas da Barra e Jacarepaguá até a realização das Olimpíadas. Quais são as preocupações com o meio ambiente nestes eventos? Será possível realizar Olimpíadas Sustentáveis? As ações estão focadas no respeito ambiental, na consequente utilização de insumos e sistemas produtivos apropriados, nas ações voltadas para conservação da água, no uso de energia renovável, na qualidade do ar, na preocupação em neutralizar as emissões de carbono, na gestão do lixo e dos resíduos sólidos da cons-
trução, bem como na responsabilidade social. Entre os compromissos está a recuperação, com aporte do setor privado, da Lagoa Rodrigo de Freitas, que receberá competições de canoagem e remo, e da Lagoa de Jacarepaguá, além da melhoria da qualidade da água na Baía de Guanabara, com reflexos positivos na balneabilidade e uso pelos banhistas. Sim, teremos uma Olimpíada sustentável. Que legado ficará das Olimpíadas? As obras que serão realizadas – estádios, vias expressas, ampliação da rede de metrô, introdução de novas alternativas de transportes e os investimentos em saneamento, urbanização e revitalização – são o legado que os jogos deixarão para melhorar a qualidade de vida da população. As Olimpíadas se espalharão por quatro regiões (Barra, Maracanã, Copacabana e Deodoro), o que fará com que o legado das obras, social e ambiental, afete praticamente toda a cidade. Na área dos esportes, é evidente que haverá motivação para a prática das várias modalidades, inclusive a partir de programas governamentais ou privados voltados para a busca de atletas com altos índices de desempenho. O maior legado dos Jogos de 2016 estará nos resultados da participação brasileira nas Olimpíadas de 2020, que certamente refletirá positivamente o maior envolvimento da população jovem com os esportes. No caso do PAN, houve estouro no orçamento. O senhor está também acompanhado de perto com o TCU e órgãos competentes para que a previsão seja cumprida? A APO está concluindo a consolidação da lista de projetos olímpicos, a partir dos compromissos da candidatura do Rio, e a confecção da respectiva matriz de responsabilidades dos entes federativos, do Comitê Rio 2016 e do setor privado. Esse material será apresentado ao Comitê de Coordenação do COI na reunião de novembro, no Rio. A APO não realizará obras, não tem orçamento com essa finalidade; apenas tem recursos para seu funcionamento.
•
Revista de Seguros – 7
“Uma das
prioridades consiste em definir e detalhar a lista final dos projetos da chamada carteira olímpica, derivada dos compromissos que levaram à vitória da candidatura do Rio de Janeiro
”
Sustentabilidade
Rio+20: o mercado ru Por MARIA LUISA BARROS
V
inte anos depois de sediar a maior reunião de cúpula ambiental do planeta, a Eco-92, o Rio de Janeiro se prepara para receber a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que acontecerá em junho de 2012. Durante o encontro, representantes de centenas de países vão traçar metas para reduzir a degradação à natureza e garantir a sobrevivência das futuras gerações. Líderes mundiais, empresas, organizações não governamentais e todos os setores da sociedade civil vão debater estratégias que levem à adoção de um modelo de crescimento econômico sustentável, menos consumista e mais adequado ao equilíbrio ecológico. O foco da conferência será a “Economia Verde”, um modelo de gestão empresarial mais inclusiva, que leva o setor produtivo a se preocupar mais com os impactos causados ao meio ambiente. Com o Brasil no centro das atenções mundiais, o mercado de seguros vem ampliando as ações relacionadas a políticas socioambientais, em direção ao seu alinhamento com o modelo de desenvolvimento sustentável. Há dois anos, a CNseg, o Sindicato das Seguradoras do Rio de Janeiro e Espírito Santo assinaram um Protocolo de Intenções com o Ministério do Meio Ambiente, no qual se com-
Revista de Seguros – 8
prometeram a promover estudos e ações neste sentido. As empresas do setor fizeram um balanço das práticas adotadas desde a criação do Protocolo do Seguro Verde. O documento se tornou referência para seis grandes empresas – Bradesco Seguros, HSBC Seguros, Allianz, Itaú-Unibanco, Sul América e UBF Seguros – em seus posicionamentos estratégicos. Elas criaram departamentos próprios para cuidar de temas relacionados às questões socioambientais.
Descarte eletrônico De acordo com Denise Hills, superintendente de Sustentabilidade do Itaú Unibanco, a Itaú Seguros criou um programa de descarte eletrônico na rede de agências e almoxarifado, que ajudou a eliminar adequadamente mais de 3.800 toneladas de lixo tecnológico. “Nas reformas, usamos materiais de maior ganho energético, que diminuem a incidência de calor e permitem o uso do ar condicionado em potencias mais baixas, além de carpetes cuja produção emitiu menor quantidade de gases de efeito estufa”, conta. A Rio+20 vai debater a adoção de um modelo de crescimento mais adequado ao equilíbrio ecológico
Diretor-executivo de Soluções Corporativas da Itaú Seguros, Antonio Trindade explica que o projeto “Garantia Sustentável”, que promove coleta de material eletroeletrônico não utilizado, recolheu 3,1 toneladas de materiais como pilhas, baterias e peças substituídas de aparelhos consertados em assistências técnicas, de janeiro a abril. E, para reduzir impressões de papel, gasto com energia elétrica e combustível na entrega dos contratos, a empresa criou a Apólice Eletrônica. A UBF Seguros também adotou ações para consumo racional de insumos de escritório, como o rastreamento de quantidade de impressões por área, substituição de papel branco por reciclável, redução de consumo de copos plásticos e coleta seletiva, segundo informa o gerente de Riscos, Cláudio Mendes.
Agenda proativa Desde 2007, a HSBC apoia as ONGs Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) e WWF Brasil em programas de redução de riscos decorrentes das mudanças
climáticas. Até 2012, terão sido investidos R$ 17,5 milhões nos dois projetos. “É preciso ir além das atividades de negócios tradicionais e implementar uma agenda proativa e firmar parcerias que promovam o desenvolvimento sustentável”, afirma Fernando Moreira, CEO da HSBC Seguros e co-presidente do Grupo de Seguros para América Latina do Programa de Políticas Ambientais da ONU. Na aquisição dos Seguros Verdes da HSBC Seguros, é feita a compensação do carbono emitido pelos clientes através da adoção de áreas no Programa de Desmatamento Evitado junto à SPVS. O apoio do HSBC já resultou na adoção de 15 áreas, o que correspondente a mais de 2.600 hectares nos estados do Paraná, Santa Catarina e Bahia e equivalente a 1.098.351,18 toneladas de dióxido de carbono. Há sete anos, a Bradesco Capitalização – empresa do Grupo Bradesco Seguros – lançou
Revista de Seguros – 9
Arquivo HSBC
mo à economia verde “É preciso
implementar uma agenda proativa e firmar parcerias que promovam o desenvolvimento sustentável
”
Fernando Moreira
“Nas reformas,
usamos materiais de maior ganho energético, que diminuem a incidência de calor
”
Denise Hills
“Exigimos licenças
ambientais das oficinas e dos hospitais e documentos sobre descarte de material hospitalar
”
Adriana Boscov
“Para sustentar
o crescimento econômico do Brasil, é preciso aumentar a poupança interna, cuja formação é de responsabilidade do mercado de seguros
”
Jaime Mariz
Arquivo SulAmérica
Sustentabilidade
títulos socialmente responsáveis. O Pé Quente Bradesco SOS Mata Atlântica destinou parte dos recursos arrecadados com a venda de 4,4 milhões de títulos de capitalização para o plantio de 22,5 milhões de árvores nativas na Mata Atlântica até junho deste ano. Segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), só na América Latina há 360 milhões de pessoas que ganham menos de R$ 300 por mês. Além disso, os países são responsáveis pela emissão de 50 gigatoneladas de carbono. O aceitável, segundo especialistas, seria reduzir essa quantidade para 10 gigatoneladas até 2050, quando o mundo terá 9 bilhões de pessoas.
documentos importantes, como a Convenção sobre Mudança do Clima e a Agenda 21, que listou 2.500 práticas sustentáveis em áreas como consumo, resíduos sólidos, habitação, saneamento e outras. Mas, mesmo após duas décadas, ainda há muito a ser feito na agenda socioambiental mundial. De fato, pouco se avançou desde a Eco-92, quanto aos riscos do aquecimento global. As emissões globais de gases de efeito estufa cresceram em mais de 40% em relação àquelas de 20 anos atrás. A Rio+20 pode ser uma nova oportunidade para conseguir um acordo multilateral, para redução rápida das
Esforço adicional A Rio+20 fará parte de uma família de grandes encontros sobre o Meio Ambiente que começou em Estocolmo, na Suécia, em 1972, passando pela Eco-92, no Rio, e pela Rio+10, na África do Sul. Durante a Rio+20, os participantes farão uma retrospectiva da Eco-92 e vão direcionar as realizações às áreas que requerem um esforço adicional para saírem do papel. Considerada um marco na luta ambiental, a Conferência do Rio resultou numa série de
Revista de Seguros – 10
Material plástico: algumas companhias adotam sistemas de coleta seletiva, permitindo a reciclagem de plástico e de papel
emissões globais, mas há ainda muitas pedras no caminho. Pesquisa feita pelo instituto Ethos com 800 pessoas nas principais capitais do País constatou que mais da metade (56%) nunca ouviu falar em sustentabilidade, enquanto 19% já ouviram, mas deram uma interpretação errada ao conceito, e apenas 16%
Economia verde: o foco da conferência, prevê que o setor produtivo se preocupe mais com os impactos ao meio ambiente
acertaram o termo que é a prática de se buscar meios de conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a conservação e proteção dos ecossistemas da Terra. A enquete apontou outro dado preocupante: 37% dos consumidores não adotam comportamentos ecológicos. Em 2006, o percentual era menor (25%). Há cinco anos, 72% das pessoas
Há nove meses do encontro Rio+20, o mercado de seguros se prepara para aderir aos Princípios para a Sustentabilidade em Seguros, uma iniciativa do Programa das Nações Unidas (ONU) para o Meio Ambiente, que será lançada na conferência. A adesão representará um compromisso público de longo prazo do setor de seguros com o desenvolvimento sustentável. Um grupo criado pela CNseg, com a participação de seguradoras, corretores, resseguradores, órgãos reguladores e consumidores, vem trabalhando para dar a contribuição do setor à reunião de cúpula ambiental. O documento, composto por um conjunto de boas práticas, firmará o compromisso do setor de empreender políticas sociais e desenvolver práticas que busquem a redução do risco de desastres, o manejo saudável do ecossistema e a inclusão social e financeira. “A tendência mundial de valorização das empresas socialmente responsáveis se reflete na indústria
brasileira de seguros”, avalia a diretora executiva da CNseg, Solange Beatriz Palheiro Mendes. Nos últimos 20 anos, o mercado vem atuando com foco em consumo consciente, educação financeira, uso sustentável dos recursos naturais e governança no negócio. A CNseg espera que a Rio+20 fortaleça a discussão sobre desenvolvimento sustentável. “Esperamos que uma posição mais firme e consistente seja adotada para a preservação dos recursos naturais e para o desenvolvimento sustentável”, conclui.
Revista de Seguros – 11
Arquivo CNseg
Compromisso com o desenvolvimento sustentável
“A tendência
mundial de valorização das empresas socialmente responsáveis se reflete na indústria brasileira de seguros”
”
Solange Beatriz
Economia verde: o foco da conferência, prevê que o setor produtivo se preocupe mais com os impactos ao meio ambiente.
“Vamos mostrar
como nossa indústria já contribui e como pode contribuir cada vez mais para o meio ambiente
”
Antonio Trindade
Arquivo Itaú Seguros
Sustentabilidade
diziam que desligavam os aparelhos eletrônicos quando não estão em uso. Atualmente, o índice caiu para 62%. No entanto, os pesquisadores acreditam que o comportamento se deve em parte ao crescimento da nova classe média que ainda não incorporou hábitos mais conscientes.
Consumo consciente A proposta transfere para as seguradoras a responsabilidade de orientar os segurados sobre a adoção de práticas sustentáveis. De acordo com o gerente de Risco da UBF Seguros, Cláudio Mendes, a empresa exige autorizações e licenças ambientais, durante a análise e subscrição dos riscos. “Em caso de não apresentação a transação não pode ser concluída”, afirma. Na SulAmérica foi criada uma Superintendência de Sustentabilidade Empresarial, responsável por implantar um sistema de gestão para buscar as melhores práticas em toda sua operação. De acordo com Adriana Boscov, superintendente de Sustentabilidade Empresarial, desde 2008, a empresa tem investido em uma série de iniciativas para estimular o uso consciente dos recursos naturais em toda sua operação, junto aos colaboradores, prestadores e clientes.
Revista de Seguros – 12
A companhia adotou salas de videoconferência para diminuir deslocamentos de pessoas, substituiu sua frota de veículos por modelos do tipo flex, priorizou o transporte coletivo de funcionários e passou a oferecer vantagens a 32 oficinas credenciadas, para que aderissem à repintura automotiva dos veículos sinistrados utilizando tintas à base de água que contém 90% menos solvente em sua composição.
Substâncias tóxicas Com essa iniciativa, deixaram de ir para a atmosfera 20 toneladas de substâncias tóxicas ao pintar mais de 17 mil veículos com tinta à base de água. Desde 2004, a companhia adota sistemas de coleta seletiva em suas unidades, permitindo a reciclagem de 108 toneladas de plástico e papel no ano passado. “Exigimos licenças ambientais das oficinas e dos hospitais e documentos sobre descarte de material hospitalar”, diz Adriana Boscov. O Grupo Allianz – uma das primeiras seguradoras do Brasil a lançar seguro para florestas cultivadas, em 2008 – assumiu o compromisso de reduzir em 20% as emissões de CO2 até 2012. A empresa possui seguro de Responsabilidade Civil por Poluição Súbita e Acidental, com cobertura para danos causados por empresas e detectados em até 72 horas. Para o presidente da Allianz, Max Thiermann, a Rio+20 colocará o Brasil e, consequentemente, a indústria de seguros, em evidência mundial. “É um excelente momento para o Brasil. Será uma oportunidade de debate e de estímulo para que todos se juntem e comecem a tratar a sustentabilidade como prioridade nas ações”, avalia
•
Rio+20
Princípios para Sustentabilidade em Seguros Encontro discutiu princípios alinhados aos objetivos do desenvolvimento do seguro sustentável.
Por VANIA MEZZONATO
em vários países do mundo, por parte da United Nations Environment Programme Finance Initiative (UNEP FI), em cooperação com os participantes das seguradoras, entidades reguladoras, federações de seguradoras e outras partes interessadas, para definir os quatros Princípios para Sustentabilidade em Seguros (PSS) e facilitar o entendimento e a integração das grandes questões ligadas ao Ambiente, Sociedade e Governança (ASG). Estes princípios serão lançados na Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que acontece em junho de 2012, no Rio de Janeiro. Os PSS refletem a relevância crescente das questões ambientais, sociais e governamentais para a robustez, resiliência e sustentabilidade da indústria de seguros e da economia em geral.
Adoção e suporte
U
m conjunto de princípios alinhados com os objetivos do desenvolvimento do seguro sustentável foi apresentado e debatido no Encontro Regional de Apresentação dos Princípios para Sustentabilidade em Seguros para a América Latina e Caribe, do Programa de Políticas Ambientais das Nações Unidas, realizado em São Paulo, em maio deste ano. O encontro faz parte de um processo consultivo global, que resultou na organização de reuniões
A marca da sustentabilidade Alinhada com o movimento mundial em defesa da promoção do desenvolvimento sustentável, a CNseg criou uma marca que reflete a preocupação da indústria do seguro com as questões ambientais, sociais e de governaça corporativa, além de ir ao encontro da iniciativa que culminou na adoção dos Princípios para Sustentabilidade em Seguros.
Revista de Seguros – 13
A iniciativa dos PSS conta com o apoio da CNseg, que compareceu à reunião, e vem convidando seguradoras, operadoras de planos de saúde, entidades abertas de previdência complementar e empresas de capitalização a se engajarem nesse debate, para promover a adoção e suporte da implementação dos Princípios para Sustentabilidade em Seguros. Ao aderir aos PSS, as seguradoras se comprometerão, publicamente, a adotar e implementar os princípcios dentro de sua gestão estratégica e operacional, para promover o desenvolvimento sustentável do mercado de seguros – um dos maiores setores econômicos do mundo. Os PPS são quatro e têm a seguinte redação: Princípio 1 – Consideremos sistematicamente as questões ambientais, sociais e de governança, em nossos princípios, estratégias e operações comerciais. Princípio 2 – Iremos nos unir aos participantes da indústria de seguros para aumentar a consciência sobre questões ambientais, sociais e de governança, reduzir riscos e desenvolver soluções. Princípio 3 – Trabalharemos juntamente com a sociedade para melhorar nossa eficiência na implementação dos Princípios. Princípio 4 – Seremos transparente reportando nossas atividades e progresso na implementação dos Princípios.
•
Seminário FenaPrevi
Como chegar ao cliente de Vida e Previdência
O
crescimento da economia e o bom desempenho do segmento de previdência complementar aberta foram festejados pelo presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), Marco Antonio Rossi, durante a abertura do IV Seminário Internacional de Marketing & Vendas, Vida e Previdência, realizado dia 25 de agosto, em São Paulo. No último semestre, o setor alcançou o patamar de reservas superiores a R$ 243 bilhões e atingiu 23% de crescimento. “Estamos vivendo aquilo que sonhamos um dia”, disse Rossi. Mas o setor quer crescer mais ainda e atingir novos consumidores, como as 44 milhões de pessoas que ascenderam socialmente e as classes mais abastadas, em que ainda há espaço a ocupar. “Para atingir esse contingente, contamos
Por MÁRCIA ALVES
com um canal especializado, os corretores de seguros. Sem eles, não conseguiremos”, afirmou. Não por acaso, o seminário da FenaPrevi trouxe orientações valiosas para os corretores aumentarem suas vendas em vida e previdência.
Estratégias de venda Antranik Fotos
“Para atingir
Evento apresentou as redes sociais como ferramentas de marketing e cases de sucesso de corretores
esse contingente, contamos com um canal especializado, os corretores de seguros. Sem eles, não conseguiremos
”
Marco Antonio Rossi
Revista de Seguros – 14
Para uma plateia de cerca de 250 participantes e para outras mais de mil pessoas que acompanharam o evento pela internet, o palestrante internacional Marc Silverman, membro do The Million Dollar Round Table (MDRT ou Mesa do Milhão de Dólares), contou como conquistou a marca de vendas de 300 vidas por ano, tornando-se o presidente do Top of the Table. Sua principal estratégia é baseada na visitação diária aos potenciais clientes, em média 12 por semana. Silverman também recorre à criatividade. Para penetrar no fechado segmento de advogados, por exemplo, ele enviou correspondências para uma associação da classe com uma nota de US$ 2 em cada. Posteriormente, telefonou para
Antranik Fotos
todos os associados para falar sobre seguro de invalidez. “Vocês também podem fazer o mesmo. Tenham o seu mercado alvo”, ensinou. Algumas ações simples podem gerar bons resultados, segundo Silverman. No lugar de placas ou certificados, ele expõe em seu escritório as fotos de suas viagens. Na sala de espera, sobre a mesa, apenas um livro, que foi produzido por ele com mensagens de agradecimento de seus clientes. “Sempre atraso a reunião por cinco minutos para que tenham tempo de vê-lo”, conta. O executivo ainda envia carta de felicitações a todos os aniversariantes. Mas, como são mais de 1,3 mil clientes, revelou que utiliza um software que imita sua caligrafia. “Essa iniciativa pode aumentar a carteira em 10%. Eu garanto”, afirmou. Sobre o bom momento econômico do País, afirmou que se morasse no Brasil e falasse português, “ganharia uma fortuna”.
Mídias sociais O evento da FenaPrevi também atualizou os corretores de seguros sobre o uso das mídias sociais como ferramentas de marketing, por meio da palestra de Fábio Cipriani, gerente de Canais Eletrônicos da Deloitte e autor do livro “Estratégias de Redes Sociais”. De acordo com Cipriani, devido à velocidade das mídias sociais, que incluem blogs, wikis e as redes sociais, como Facebook, Twitter e Orkut, fatos relacionados a empresas podem tomar enormes proporções, mas às vezes negativas. Entretanto, como consultor da área, ele percebeu que muitas empresas ainda não se deram conta disso. “As pessoas que decidem têm dificuldade para entender”, disse. Cipriani citou o caso de uma empresa, cujo produto foi avaliado negativamente nas redes sociais, que respondeu às críticas com um ultrapassado comunicado formal. “Se a empresa tivesse suas mídias sociais estruturadas, poderia responder à altura. É preferível se desculpar a ignorar”, ensinou.
Fórmula do sucesso A palestra do terceiro painel ficou por conta do idealizador do evento, Samy Hazan, que se prepara para assumir o cargo de vice-presidente
internacional de Vendas da Limra & Loma International, nos Estados Unidos. Hazan utilizou a fábula dos Três Porquinhos para ensinar lições de sucesso no mundo do seguro. Tal qual na fábula, em que o vilão lobo mau não consegue derrubar a casa de alvenaria, uma corretora sólida será capaz de vencer ameaças como concorrência intensa, canais alternativos e custos crescentes. “O desafio é superar a relutância em pedir indicações, fazer ligações e visitas”, afirmou.
Cases de sucesso No final do evento houve apresentação de cases. A corretora Cláudia Ramazzotti, do interior de São Paulo, contou que decidiu largar a carreira em banco para montar sua própria corretora. “Comecei visitando pequenas e médias empresas, oferecendo produtos diferenciados no ramo de pessoas, na forma de seguros contributários (custeados pelos empregados). Em dois meses já estava ganhando o dobro do que recebia no banco”, relatou. De Belo Horizonte, o corretor Rogério Araujo usou a criatividade como diferencial. Depois de formar uma clientela entre os associados de cooperativas médicas, descobriu que a maior preocupação desses profissionais era a aposentadoria. Montou um site interativo e criou um hotsite apenas para responder dúvidas sobre previdência. Em seguida, emitiu um relatório sobre a situação de cada. “A venda consultiva deve aculturar as pessoas, mostrando que elas estão expostas a riscos e precisam de cobertura”, ressaltou.
•
Revista de Seguros – 15
“Comecei
oferecendo produtos diferenciados no ramo de pessoas. Em dois meses já ganhava o dobro do que recebia no banco
”
Cláudia Ramazzotti
Solvência II
Susep vai adaptar conceitos do modelo europeu Por CARMEN NERY e CLAUDIO SOUZA
A
influência no mercado brasileiro das novas regras do setor de seguros da Europa, conhecidas como Solvência II, foi um dos temas mais debatidos no 2º Encontro Nacional de Atuários, promovido pela CNseg, com apoio da Escola Nacional de Seguros, que reuniu 350 participantes nos dias 23 e 24 de agosto no Rio de Janeiro. Previstas para entrar em vigor em 2013 na União Europeia, as regras definirão, entre outras questões, quanto de capital adicional as companhias precisarão ter para assegurarem sua solvência. A evolução do seguro garantia; o desenvolvimento do novo modelo de supervisão brasileiro pela Susep com a regulamentação dos riscos operacionais e de mercado até janeiro de 2013; e a reforma previdenciária também marcaram os debates em diversos painéis do evento. Embora esteja elaborando o novo modelo de supervisão brasileiro inspirado no modelo europeu, a Susep deixou claro, na abertura do evento, que não vai importar todos os parâmetros dos agentes reguladores europeus, mas adaptar conceitos à regulamentação do País. O representante da autarquia, Danilo Silva, informou ainda sobre a reestruturação da Susep, que pretende criar uma diretoria de fomento de novos produtos, e disse que também é discutida a criação de uma área específica para resseguros e modificações na regulamentação sobre as sanções às empresas do setor. Eduardo Fraga, gerente da Susep, que participou do painel “Solvência: Ponto de Convergên-
Revista de Seguros – 16
cia de Atividade Atuarial”, afirmou que o que a instituição tem buscado em termos de solvência é uma convergência de diretrizes. “Na Susep, nunca trouxemos um número sequer da Solvência II. O que trazemos são diretrizes para tornar os números mais sensíveis aos riscos”, alegou.
Obra de ficção A importância dos atuários no setor de seguros também foi destacada pelos executivos e representantes do mercado. O presidente da CNseg, Jorge Hilário Gouveia Vieira, logo na abertura do evento, exaltou a importância do setor de seguros no Brasil e a relevância do papel dos profissionais da área. Ele lembrou que, na década de 80, quando estava à frente do IRB Brasil Re, a atuária tinha pouco uso para o mercado de então, em virtude de um quadro macroeconômico de hiperinflação. “O seguro naquela época era uma obra de ficção. Depois conseguimos estabelecer o princípio atuarial”, disse ele, destacando a estabilidade após o Plano Real. A gerente da área atuarial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Rosana Vieira das Neves, também destacou o trabalho dos atuários no setor. Washington Alves, coordenador de análise atuarial da ANS, apresentou palestra no painel “Solvência em Saúde Suplementar: Aspectos Técnicos e Regulatórios” e mostrou os principais desafios para regular o setor, lembrando que o segmento passa por transformações e que a agenda regulatória se dará de uma forma que não prejudique a solvência das companhias.
divulgação
“Se fôssemos aplicar agora todas as regras de provisões para pagamentos, muitas operadoras não estariam mais aqui”, afirmou Alves, acrescentando que o Congresso Nacional discute o resseguro para operadoras de planos de saúde, que, segundo ele, seria uma alternativa para as empresas controlarem melhor os riscos.
trouxemos um número sequer da Solvência II, mas sim diretrizes para tornar os números mais sensíveis aos riscos
”
Eduardo Fraga
Incentivos fiscais
risco sistêmico. Há o risco de se criar um modelo com uma segurança fictícia em função de sua complexidade que não será fácil de ser assimilada por todos os agentes”, resumiu Wehrhahn.
Aprovação de modelos No mesmo painel foi apresentado o case da Caixa Seguros, que, por ser controlada pela francesa CNP Assurances, já está se preparando para implementar o modelo. Segundo Paulo Otávio Silva Camara, superintendente de atuária e controle de riscos técnicos da empresa, a CNP
“A demografia
ignora a Constituição. Se ela está descasada do pacto constitucional é a Constituição que tem que se adequar
”
Fabio Giambiagi
divulgação
Durante o encontro, Luis Peregrino, diretor-executivo da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), apresentou a proposta para a criação de novo produto que contempla previdência privada e plano de saúde, mas que dependeria ainda de mudanças na legislação, para receber incentivos fiscais. A ideia é de que seja um produto nos moldes de um plano de previdência privada, do tipo VGBL, mas que o usuário possa usar parte do benefício, com isenção fiscal, para o pagamento do plano de saúde. A escolha do percentual a ser usado para a saúde seria do próprio usuário. O evento também contou com a participação de Rodolfo Wehrhahn, conselheiro técnico da divisão de fiscalização do setor financeiro do Fundo Monetário Internacional, que destacou a preocupação do organismo de que a implementação das novas regras de supervisão europeia Solvência II possa acarretar um risco sistêmico para o setor financeiro global. Para ele, apesar dos dez anos de estudo, o modelo tem inconsistências como a taxa de desconto para cálculos das provisões técnicas futuras. “A Solvência II abre a possibilidade de as seguradoras elaborarem seus próprios modelos, a exemplo das Regras de Basileia II, e já vimos por experiência o que ocorreu com os bancos na crise recente. O que preocupa o FMI é que um regulador inconsistente possa representar um
“Na Susep, nunca
Revista de Seguros – 17
Solvência II divulgação
“Uma das
preocupações hoje é o nível de comprometimento dos tomadores, em função do grande número de obras
”
José Farias de Souza
“Se fôssemos
aplicar agora todas as regras de provisões para pagamentos, muitas operadoras não estariam mais aqui
”
Washington Alves
“O que preocupa
o FMI é que um regulador inconsistente possa representar um risco sistêmico
”
Rodolfo Wehrhahn
já submeteu cinco modelos à EIOPA (European Insurance and Occupational Pensions Authority), agência criada para a implementação do Solvência II, que aprovou dois modelos. O seguro garantia foi outro grande tema de debate no painel que apresentou a evolução do produto e as oportunidades abertas para o mercado em função das grandes obras de infraestrutura, que somarão investimentos de R$ 3,3 trilhões nos próximos quatro anos. O segmento passou de um volume de prêmios de R$ 192,364 milhões em 2006 para R$ 726,765 milhões em 2010, com uma sinistralidade histórica de 15%. Segundo José Farias de Souza, executivo-chefe da área comercial do IRB, “uma das preocupações hoje é o nível de comprometimento dos tomadores (empreiteiras e EPCs), em função do grande número de obras”. Mas, segundo informou Carlos Frederico Leite Ferreira, representante da Austral Seguros e integrante da Comissão de Garantia da CNseg, a entidade está criando o Registro Nacional de Sinistros e o Cadastro de Controle de Acúmulo, que vão indicar a exposição dos tomadores, a partir de informações prestadas voluntariamente pelas seguradoras. “O estudo já foi concluído e o sistema está em desenvolvimento”, disse José Américo Peón de Sá, assessor da Presidência da CNseg.
Revista de Seguros – 18
Reforma previdenciária
No painel de encerramento do evento, que contou com a participação de Almir Ribeiro, presidente da Comissão Atuarial da CNseg, Renato Campos, diretor-executivo da Escola Nacional de Seguros; de David Correa, representante do Instituto Brasileiro de Atuários; e de José Américo Peón de Sá, assessor da Presidência da CNseg, os atuários puderam presenciar a contundente defesa da reforma previdenciária feita por Fabio Giambiagi, especialista e autor do livro “Demografia – A ameaça invisível”, que fechou com chave de ouro os debates. Para uma atenta plateia, classificada por Giambiagi como a mais qualificada em 19 anos de sua experiência no setor, ele apresentou um cenário preocupante diante do excessivo volume de comprometimento de recursos com gastos previdenciários e a tendência demográfica, que aponta que as pessoas estão vivendo mais enquanto que a taxa de natalidade é declinante. Segundo ele, a base da pirâmide está encolhendo muito rapidamente e o topo crescendo muito, o que mostra que todo o crescimento do PIB terá que vir do aumento da produtividade diante do encolhimento da população economicamente ativa. A faixa de indivíduos entre 0 e 14 anos, que em 2010 representava 49,4% da população, cairá para 28,3%, em 2050, enquanto que a parcela de mais de 60 anos passará de 19,4% para 64,1%. “A demografia ignora a Constituição. Se ela está descasada do pacto constitucional é a Constituição que tem que se adequar à demografia”, disparou Giambiagi. Ele aproveitou para fazer duras críticas aos aumentos do salário mínimo e à manutenção da vinculação do piso previdenciário que beneficia 25 milhões de pessoas.
•
anĂşncio swiis re
divulgação
Controles Internos
Plenário do evento: discussões demonstraram que a análise dos riscos permeia todas as atividades do mercado
Avaliação de riscos ajuda a adequada alocação de recursos Evento da CNseg abordou temas como análise de risco, ética, compliance e proteção de dados pessoais Por CRISTIANE COLLICH SAMPAIO (*)
N
o dia 1º de setembro, em São Paulo, foi realizado o V Seminário de Controles Internos, Auditoria e Gestão de Risco, promovido pela CNseg e pela Escola Nacional de Seguros. Destinado aos profissionais do setor, o evento demonstrou que a análise dos riscos permeia todas as atividades do mercado, passando pela gestão, auditoria e fiscalização. Apresentado pelo presidente da Canadian
Revista de Seguros – 20
Life and Health Insurance Association (CLHIA), Frank Swedlove, o primeiro painel tratou de seguros e prevenção à lavagem de dinheiro. Segundo ele, há dois organismos internacionais que procuram dificultar a dissimulação da origem ilícita de bens e capitais no setor de seguros: a Financial Actions Task Force (Fatf), que conta com a participação do Brasil, representado pela CNseg; e a International Association of Insurance Supervisors (IAIS), que reúne entidades de 140 países – entre elas, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) – e tem por finalidade a definição de normas gerais para o setor. Entre os novos princípios básicos desenvolvidos pela IAIS, a serem adotados a partir de outubro, está a avaliação do risco que, na visão de Swedlove, fornece subsídios para a supervisão da administração e da diretoria das companhias, assim como para a adequada alocação de recursos.
Mais transparência Para o ex-diretor da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) Fernando Ribeiro, adotar e executar boas práticas de compliance1 é uma forma de mostrar mais transparência ao consumidor, que cada vez mais prefere investir em empresas mais éticas. “O conceito deve estar presente em toda a empresa, começando pela alta administração. É importante também ter políticas para lidar com interesses, fornecedores e corrupção”, disse ele. Para a moderadora do painel, Cássia Monteiro, da SulAmérica, “a função de compliance deve ser vista pelas organizações
como investimento e não como despesa”. No evento foi lançado o manual ‘Função de Compliance no Mercado Segurador Brasileiro’, publicado pela CNseg. “O guia nasce da necessidade de organizar práticas já usadas no setor, que se tornaram obrigatórias com a edição de legislações pela Susep”, explicou Alaim Assad, coordenador do manual.
Proteção de dados O Ministério da Justiça elabora um anteprojeto de lei para regulamentar a proteção de dados pessoais no Brasil, embora o País já possua alguns instrumentos legais, como a Constituição Federal e o Código de Defesa do Consumidor. O advogado Mário Viola – que participou do debate ao lado de Renato Pita, superintendente da Central de Serviços e Proteção ao Seguro (Ceser), ambos da CNseg – disse que a regulamentação no Brasil tem pontos críticos, como captura, guarda e uso das informações sobre fraudes e necessidade de autorização prévia do cidadão para o uso de seus dados. Segundo ele, o compartilhamento de dados entre empresas do mercado de seguros é prática comum para evitar fraudes. Renato Pita informou que a CNseg está concluindo a base de dados do mercado de seguros e os conceitos e boas práticas que deverão orientar seu uso, sustentados pelo tripé técnico, jurídico e tecnológico. No último painel do seminário, Assízio de Oliveira, presidente da Comissão de Controles Internos da CNseg, explicou como funciona a auditoria interna baseada em riscos. “O modelo não é a solução para todos os problemas e só pode ser implantado se a organização tiver uma boa gestão de riscos”, afirmou. Para finalizar o evento, o cartunista Luciano Pires fez uma apresentação divertida, explicando a importância da inovação na vida e no mundo dos negócios.
•
(*) com a colaboração de Jamille Niero 1 Termo em inglês que, no universo corporativo, se aplica ao conjunto de procedimentos destinados ao adequado cumprimento de leis, normas e condutas preestabelecidas.
Revista de Seguros – 21
divulgação
Após a bem-humorada palestra do economista e professor Lélio Lauretti, presidente da Comissão de Ética do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores – que apresentou a ética como um dos pilares do crescimento sustentável, que deve orientar a criação de um novo modelo econômico, a Economia da Sociedade –, a avaliação do risco voltou à pauta do seminário. O coordenador de fiscalização da Susep, Carlos Henrique Prata, mostrou as diferenças existentes entre o modelo tradicional de supervisão, visto como focado e estanque, e aquele que se baseia no risco, que considerou muito mais complexo, amplo e demorado, por sua visão holística e de seu ingrediente proativo. “Os principais desafios são aprimorar a captação e atualização dos dados e das análises, desenvolver atos normativos relacionados à governança corporativa e, ainda, aumentar a transparência”, afirmou. Sérgio Rodrigo Pimentel, da diretoria de Riscos Operacionais do Banco do Brasil, considerou a constituição de uma base de dados segura e atualizada para a adequada gestão desses riscos, como o maior desafio de sua área. Ele falou sobre o modelo implantado na instituição, que se baseia na ‘Basiléia II’ e prevê indicadores de exposição ao risco, supervisão contínua e ações mitigadoras. “A despeito das dificuldades iniciais, a área ganhou força junto à direção e aparece hoje ao lado de outras prioridades do banco”, informou.
“O modelo
da auditoria baseada em riscos só pode ser implantado se a organização tiver uma boa gestão de riscos
”
Assízio de Oliveira
divulgação
Análise do risco
“Os desafios
são aprimorar a atualização dos dados, desenvolver atos de governança corporativa e aumentar a transparência
”
Carlos Henrique Prata
Saúde
Mauricio Ceschin
Inserções tecnológicas precisam ter análise de efetividade
Divulgação
Eficácia, custo-efetividade e segurança devem ser considerados na adoção de novas tecnologias
A
Por LENIR CAMIMURA
“Nos baseamos
nas demandas enviadas pelo MP, beneficiários, prestadores de saúde e operadoras de planos de saúde
”
Mauricio Ceschin
falta de uma análise adequada da relação custo/benefício da tecnologia em saúde é um dos principais fatores de encarecimento dos procedimentos do setor. Mesmo com as diretrizes que orientam os critérios para avaliar a incorporação ou não de uma nova tecnologia para o sistema de saúde – que vão desde a Tecnologia da Informação (TI) até materiais e técnicas médicas –, o mercado ainda sofre com a pressão para cobrir procedimentos e equipamentos que não possuem a eficácia esperada. Segundo o presidente da FenaSaúde, Marcio Coriolano, há duas vertentes na introdução de novas tecnologias na saúde: a positiva, que são os avanços no tratamento dos pacientes, e a negativa, por esta inovação ser feita, às vezes, de maneira acrítica. “Levamos nossa preocupação ao ministro da Saúde e ele disse que o problema também é vivido na esfera pública. É preciso avaliar bem o custo-efetividade da nova tecnologia a ser introduzida, pois é a população quem paga pelo custo da saúde”, diz.
Revista de Seguros – 22
Técnicas gerenciais Para o presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), Arlindo de Almeida, a tecnologia é positiva se casada a técnicas gerenciais e no uso de procedimentos menos invasivos. “Às vezes as técnicas são mais caras, mas resultam em menos tempo de internação e recuperação mais rápida do paciente e acabam compensando”. Segundo o professor adjunto do Departamento de Clínica Médica da UERJ e membro do Instituto de Avaliação de Tecnologia em Saúde (IATS), Denizar Vianna de Araújo, o uso correto da tecnologia, baseado em evidências científicas é o primeiro passo para que ela utilizada como agregadora saúde.
Política de Tecnologia O professor informou que existem critérios definidos pela Política de Gestão de Tecnologias em Saúde e pela Lei 12401 – que definiu critérios para a inclusão de novas tecnologias no SUS – que devem ser seguidos.
Segundo ele, é preciso comprovar eficácia, efetividade e segurança da nova tecnologia, quando comparada às já existentes, por meio de revisão sistemática da literatura. E também analisar o custo-efetividade que compara os ganhos clínicos com os custos para atingi-los. Por fim, é preciso análise de impacto orçamentário para dimensionar o quanto o pagador deverá desembolsar para incorporar a tecnologia em saúde.
Papel da ANS Membro da Comissão de Incorporação de Tecnologias do Ministério da Saúde (CITEC), cujo objetivo é racionalizar e modernizar o fluxo de adoção de novas tecnologias; e da Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde (REBRATS), que reúne órgãos gestores e instituições de ensino e pesquisa para elaborar estudos de Avaliação de Tecnologias em Saúde, a ANS também estabelece diretrizes para a avaliação tecnológica. De acordo com o presidente da ANS, Mauricio Ceschin, a Agência define como critério para novas incorporações procedimentos que tenham estudos de efetividade e segurança testados; procedimentos que já estejam listados na Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM); que não sejam
Divulgação
Marcio Coriolano
Divulgação
Arlindo de Almeida
Denizar Araújo
Divulgação
considerados experimentais pelo Conselho Federal de Medicina (CFM); e que possua rede de serviços em todo o território nacional. “Além disso, nos baseamos nas demandas enviadas pelo Ministério Público, beneficiários, prestadores de saúde e operadoras de planos de saúde. Priorizamos os temas em grupos técnicos”. Para o presidente da FenaSaúde, a incorporação de novas tecnologias deve ser acompanhada da crescente conscientização sobre o uso dos procedimentos à disposição da população. Para ele, a ANS deveria trabalhar em parceria com outros órgãos, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para definir que tecnologia pode ser admitida. “Se os custos crescem muito, a tendência é estreitar a parcela de pessoas que pode ter acesso às inovações”. A utilização de equipamentos e procedimentos modernos da medicina não é, afinal, a resposta definitiva para a saúde de qualidade. “Saúde de qualidade requer a identificação das necessidades e prioridades da população por critérios epidemiológicos; planejamento das intervenções em saúde; análise e estruturação de toda a linha de cuidado de saúde; uso crítico e judicioso da tecnologia e avaliação dos resultados obtidos. Assim, a tecnologia é apenas uma etapa deste processo”, disse Denizar Araújo.
•
Revista de Seguros – 23
“É preciso
avaliar bem o custo-efetividade da nova tecnologia a ser introduzida, pois é a população quem paga o custo
”
Marcio Coriolano
“Às vezes as
técnicas são mais caras, mas exigem menos tempo de internação e recuperação mais rápida e acabam compensando
”
Arlindo de Almeida
“Saúde de
qualidade requer a identificação das necessidades da população por critérios epidemiológicos e uso crítico da tecnologia
”
Denizar Araújo
Fraudes
Estudo aponta queda na disposição de fraudar seguros Pesquisa revela que, nos últimos seis meses, houve redução de 41% para 24% na intenção de fraudar
H
Por FERNANDA THURLER
“As fraudes
impactam no bolso dos segurados, pois contaminam o preço do seguro. Atuar na sua redução é agir em favor do cliente
”
Júlio Avellar
omem, com idade entre 18 e 24 anos, formação escolar de Ensino Médio e renda mensal entre dois e dez salários mínimos. Esse é o perfil do indivíduo disposto a cometer fraudes contra o seguro no Brasil, atesta o Índice geral de Propensão a Fraudar (IPF), elaborado com base em pesquisa nacional contratada ao Ibope pela CNseg. O levantamento, que indica queda de 41% para 24% na intenção de fraudar o seguro, nos últimos seis anos, foi divulgado no Seminário de Prevenção e Combate à Fraude contra o Seguro no Brasil, realizado em agosto na Escola Nacional de Seguros, no Rio de Janeiro. Os dados da pesquisa (2004 a 2010) comprovam mudança na avaliação do brasileiro sobre as fraudes contra o seguro, indicando menor banalização desse crime, especificado no Código Penal como ‘estelionato’. No primeiro levantamento divulgado em 2004, o índice de segurados convictos de que “não fraudariam o
Revista de Seguros – 24
seguro de forma alguma” era de 55%. Em 2010, subiu para 73%. As estatísticas indicam queda da percepção de facilidade em cometer a fraude: de 37% em 2004 para 25% em 2010. Além disso, 52% afirmaram que denunciariam a fraude contra o seguro, se soubessem; 36% não denunciariam e apenas 1% disse que já denunciou.
Prejuízos financeiros A pesquisa mostra ainda que para 61% dos entrevistados, todos os clientes são prejudicados pelas fraudes. Já para outros 20%, a seguradora é a maior prejudicada; e 14% acreditam que clientes e seguradoras saem no prejuízo. Apenas 1% acha que ambos não são afetados. No contingente analisado, 43% acreditam que os prejuízos causados pelas fraudes são repassados totalmente para os clientes. Para 39%, os custos são absorvidos em parte pela seguradora e em parte pelos clientes. Apenas 6% disseram que os danos são absorvidos pelas seguradoras. Na avaliação dos especialistas reunidos no debate, a melhoria nos índices que atestam a menor propensão do brasileiro em fraudar o seguro tem relação direta com o crescimento econômico, a expansão do crédito e o aumento nos níveis de emprego e de geração de renda. “O aquecimento da economia traz sempre impactos positivos nessa questão da fraude”, argumentou o economista e consultor da Escola Nacional de Seguros, Lauro
CREDITO DE FOTO
ÍNDICE DE PROPENÇÃO A FRAUDES 2004
2010
geral
41%
24%
homens
44%
26%
mulheres
39%
22%
de 18 a 24 anos
64%
43%
de 25 a 34 anos
56%
32%
de 35 a 49 anos
38%
24%
acima de 50 anos
28%
28%
de seguros, uma vez que sustentam políticas de regulação e liquidação de sinistros e de combate à fraude”, avaliou. Os dados, segundo Avellar, também ajudam a definir políticas de avaliação de riscos e de precificação.
Faria. O advogado e consultor de seguros, Antonio Penteado Mendonça, reiterou a avaliação: “Com mais dinheiro no bolso, o segurado pode fazer frente a um maior número de compromissos, sem necessidade de se virar a qualquer custo e transferir este custo para as seguradoras”.
Autoridades do mercado se reúnem em seminário para divulgar que cresceu de 55% para 73% o percentual de brasileiros que não fraudariam o seguro de forma alguma
Opinião consensual A despeito dos inegáveis avanços na desconstrução da chamada “Lei de Gerson”, a opinião consensual entre os especialista é de que ainda há muito por fazer para reduzir as perdas do setor nessa área: somente em 2010, os sinistros com suspeita de fraude beiraram a R$ 1,9 bilhão – 9,1% do total de R$ 20,9 bilhões referentes aos sinistros de todos os segmentos – exceto de Saúde, Previdência Complementar Aberta e Capitalização. Os números referem-se ao levantamento de Quantificação da Fraude em Seguros relativo a 2010, também divulgado no seminário. O estudo informa que as fraudes detectadas no período somaram R$ 370 milhões e as comprovadas, R$ 290 milhões (1,8% e 1,4% do valor total, respectivamente). “As fraudes impactam diretamente no bolso dos segurados, pois contaminam o preço do seguro. Atuar na sua redução é agir em favor do cliente”, afirmou o superintendente-geral da Central de Serviços e Proteção ao Seguro da CNseg, Júlio Avellar. “O compartilhamento e a circulação de informações e dados são estratégicos para o setor
“Com mais
dinheiro no bolso, há uma diminuição da necessidade de se virar a qualquer custo, com a transferência deste custo para as companhias de seguros
”
Antonio Penteado Mendonça
Revista de Seguros – 25
Metodologia aplicada A pesquisa qualitativa foi aplicada a 12 grupos de discussão, entre 22 e 29 de novembro de 2010, no Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Goiânia e Porto Alegre. O levantamento foi feito de 7 a 23 de dezembro de 2010 e aplicou 2.004 entrevistas. A margem de erro é de 2% e o intervalo de confiança, 95%. O diagnóstico sobre o impacto da fraude para o mercado segurador e para a economia brasileira, apresentado pelo levantamento Sistema de Quantificação da Fraude, é representativo de 53 seguradoras, que detêm 86% do total de prêmio ganho (deduzidas despesas) pelo mercado de seguros no ano de 2010, e abrangeu todos os segmentos de seguro, com exceção dos ramos de Saúde, de Previdência Complementar Aberta e de Capitalização. O seminário contou ainda com as participações do superintendente e do gerente da Central de Serviços e Proteção ao Seguro da CNseg, Renato Pita e Leonardo Girão respectivamente; do diretor-executivo da Fundação Casa de Rui Barbosa, Hélio Portocarrero; do diretor de Auditoria e Compliance da SulAmerica, Emil Andery; do vicepresidente da Fenacor, Joaquim Mendanha; do gerente de Contas Estratégicas da Boa Vista Serviços, Márcio Benoni; do diretor da Serasa/Experian, Alexandre Gazzani; do coordenador do DisqueDenúncia do Rio, Zeca Borges; e do superintendente do Instituto São Paulo contra a Violência, José Roberto Bellintani, entre outros.
•
Seguro DPVAT
Parceria com Correios amplia acesso ao seguro Divulgação
Nas agências, o cidadão pode requerer indenização e obter informações detalhadas sobre o seguro
Por JORGE CLAPP
A
Seguradora Líder DPVAT trabalha para que todas as cidades do País, no médio prazo, tenham um posto de atendimento no qual o cidadão poderá requerer indenização e obter informações mais detalhadas sobre o seguro DPVAT. Um dos pilares dessa proposta é a parceria recentemente firmada pela seguradora com os Correios. Desde o início de agosto, a população de três importantes estados nordestinos – Ceará, Piauí e Maranhão – já pode ser atendida nas agências dos Correios por funcionários treinados para fazer a checagem da documentação e encaminhar as solicitações de indenização. Nesses locais, as vítimas de acidentes no trânsito ou seus beneficiários recebem formulários para o requerimento do seguro. A solicitação é encaminhada para a Seguradora Líder DPVAT, sem qualquer custo.
Efeitos imediatos A parceria com os Correios aumentou consideravelmente a capilaridade da rede de atendimento do Seguro DPVAT no Nordeste. Agora, são 545 mu-
Revista de Seguros – 26
nicípios atendidos na região, somando 1.965 pontos instalados em todo o Brasil. O diretor-presidente da Seguradora Líder DPVAT, Ricardo Xavier, vê com entusiasmo os efeitos imediatos desse acordo. “Esse é um direito de toda vítima de trânsito no Brasil. Por essa razão, precisamos aumentar a capilaridade e melhorar o atendimento à população, principalmente no interior”, afirma o executivo. Ricardo Xavier informa que a escolha dos três estados nordestinos foi decorrente do pouco número de locais de atendimentos para a população nas regiões mais afastadas das capitais. No Ceará, por exemplo, existem apenas 22 pontos e todos estão localizados em Fortaleza. “A parceria com os
Correios permite que o cidadão do interior solicite o pagamento da indenização em sua própria região sem ter que se deslocar para a capital. Daí também a importância do treinamento de todos os funcionários das agências dos Correios”, assinala Xavier.
Pontos de acesso
“A parceria
com os Correios permite que o cidadão do interior solicite a indenização em sua própria região, sem ter que se deslocar
”
Ricardo Xavier
A direção da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) garante que a empresa está pronta para cumprir essa missão e atender à população. “Estamos presentes em todos os municípios brasileiros. Em algumas localidades, somos a principal representação do governo federal”, afirma o presidente dos Correios, Wagner Pinheiro de Oliveira, para quem essa parceria atende também ao objetivo dos Correios de consolidar suas agências como pontos de acesso a serviços para todos os cidadãos brasileiros. Além da preocupação em aprimorar o atendimento à população, a Seguradora Líder DPVAT também acompanha com apreensão o crescimento do número de vítimas em acidentes. Para Ricardo Xavier, as estatísticas servem de alerta e é preciso que toda a sociedade esteja engajada em ações para reverter esse quadro. “Todo cidadão deve ter consciência de que é preciso seguir corretamente as regras no trânsito, seja motorista, passageiro ou pedestre. Somente assim, poderemos mudar essa triste realidade”, afirma.
916 indenizações diárias 937 Dados da Seguradora Líder indicam que, de janeiro a junho deste ano, foram pagas 165 mil indenizações a vítimas de trânsito ou seus beneficiários – uma média diária de 916 pagamentos. Comparado ao ano passado, houve aumento de 36,3%. O trânsito matou 26.894 pessoas até junho. Foram pagas ainda 107.403 indenizações a pessoas que ficaram inválidas. Outras 30.814 vítimas receberam reembolso de despesas médicas ou hospitalares. Esses números ainda podem crescer, uma vez que o acidentado ou beneficiário tem até três anos da ocorrência do acidente para requisitar o pagamento da indenização. Ao todo, cerca de R$ 1,1 bilhão foi pago em indenizações de janeiro a junho. A Seguradora Líder apurou ainda que, dos acidentes ocorridos até junho, 66% envolveram motocicletas. A maior parte das mortes ocorreu no Sudeste (38%), Nordeste (26%), Sul (18%), Centro-Oeste (10%) e Norte (8%). São Paulo foi o estado com maior número de vítimas fatais.
•
Programa Parceiro DPVAT As seguradoras estão investindo em campanhas visando incrementar mais a adesão de corretores ao seguro DPVAT. Esse processo tem como carro-chefe o Programa Parceiro DPVAT, que foi criado pela Seguradora Líder-DPVAT. A ideia é disponibilizar o atendimento aos moradores do maior número possível de localidades, em diferentes pontos do País. Hoje, já existem 650 pontos de atendimento. O atendimento às vitimas ou aos seus beneficiários é feito de forma gratuita pelo Parceiro DPVAT, a corretora de seguros que firmou acordo com uma seguradora participante dos Consórcios do Seguro DPVAT para prestar esse servi-
ço. A corretora é remunerada para realizar esse trabalho. Com esse programa, a Seguradora Líder cumpre a sua função de agente social, facilitando o acesso da população aos benefícios do seguro, e ajuda a combater a indústria de intermediários, atravessadores e fraudadores. Pesquisas recentes realizadas pela Seguradora Líder comprovaram que o seguro DPVAT vem se firmando de forma positiva na percepção da sociedade. Dessa forma, ao ter sua figura associada a esse seguro, o Parceiro DPVAT obtém um importante ganho de imagem, o que acaba repercutindo positivamente em seus negócios.
Revista de Seguros – 27
Produtos Massificados
Meta é atingir a nova classe média brasileira e um volume de prêmios, neste primeiro semestre, da ordem de R$ 150 milhões.
A
Por MÁRCIA ALVES
“O modelo
massificado trouxe resultados positivos para a distribuição de diversos seguros a preços mais baixos e divulga a cultura de proteção junto aos consumidores
”
Paulo Kudler
meta do mercado de seguros massificados é audaciosa: atingir um público potencial estimado em quase 100 milhões de pessoas que compõem a nova classe média brasileira. O objetivo pode parecer inatingível em um país que ainda está adquirindo a cultura do seguro, porém, esse segmento dispõe das condições e meios necessários para dar esse salto – o crescimento do emprego formal e o aumento do consumo de bens e serviços, favorecidos pela melhoria de renda da população e a oferta de crédito. Os meios são os novos canais de distribuição, de redes de varejos à telefonia celular, além de produtos de seguros mais simples e padronizados a preços acessíveis. Uma demonstração de que o mercado está apostando alto na expansão dos seguros massificados está na recente onda de fusões e aquisições entre as empresas desse segmento, cujos negócios têm alcançado cifras milionárias. Um exemplo é a Qualicorp, empresa de gestão de benefícios de saúde, que em junho adquiriu a corretora de seguros Praxis, especializada em distribuição de seguros massificados, que detém a marca de 20 milhões de certificados emitidos
Revista de Seguros – 28
Faixas da população Outro exemplo é a Classic Seguros, especializada no ramo de massificados, que em abril foi vendida à Brasil Insurance, holding composta por 33 corretoras de seguros. A Classic, no mercado há 12 anos, hoje contabiliza um cadastro de mais de 6 milhões de segurados e um faturamento anual de R$ 100 milhões. Tamanho desempenho foi obtido graças ao foco nas classes C, D e E, apesar de, conceitualmente, os seguros massificados não serem dirigidos especificamente para essas faixas da população. “Visamos a todas as classes, mas o nosso foco são aquelas que ascenderam socialmente”, diz o presidente da Classic, Rubens Nogueira. Para essa classe emergente, a empresa oferece Divulgação
Paulo Kudler
A receita inclui oferta ampla de produtos simples e de baixo custo por meio de canais acessíveis
em redes de varejo, desde o serviço de assistência 24 horas a partir de R$ 3,50 mensais, até seguro residencial por R$ 6,95, que cobre de impacto de veículos a explosão de panela de pressão. Mas, como os massificados não distinguem público, a Classic acaba de lançar um seguro direcionado às classes mais favorecidas, que cobre roubo de joias e relógios.
Bom desempenho Todos os números que envolvem os seguros massificados são gigantescos. Estima-se que hoje cerca de 25 milhões de pessoas estejam protegidas por alguma apólice de vida e de acidentes pessoais, desemprego, despesas com funeral, entre outras. Nos últimos cinco anos, o segmento vem crescendo entre 20% e 25% em média, ao ano, alcançando, em 2010, um volume de prêmios em torno de R$ 4 bilhões, segundo cálculos da Superintendência de Seguros Privados (Susep). O melhor desempenho é do seguro prestamista, que, de janeiro a maio deste ano, segundo a Susep, atingiu R$ 1,7 bilhão em prêmios diretos. O de garantia estendida ficou próximo, com o faturamento de R$ 969 milhões. Apesar de os canais de distribuição atuais ainda não terem esgotado seu potencial, outros estão surgindo como grandes promessas,
de porta em porta, a empresa também pretende investir no canal e-commerce. O segredo é sempre inovar
”
Rogério Alves
“Estamos
acertando parceria com empresa distribuidora de gás. A venda de botijões atinge 2,5 milhões lares. É a segunda onda dos massificados
”
Rubens Nogueira Divulgação
Rogério Alves
Rubens Nogueira
Divulgação
“Além da venda
caso da telefonia celular. A Assurant Solutions Brasil, por exemplo, especializada em seguros massificados, fechou parceria com a TIM, para a oferta de um pacote de seguros de proteção financeira. Com um volume de prêmios de R$ 291,6 milhões em 2010, atualmente a empresa mantém parceria com 50 empresas de varejo e, ainda, com 200 concessionárias de veículos para a venda do garantia estendida para automóveis.
Inovações constantes A Aon Affinity do Brasil, que foi pioneira na década de 90 na venda de massificados por meio de concessionárias de serviços públicos, não abandonou esse canal, mas está utilizando outros novos, como marketing direto e telemarketing. E as inovações não param por aí. “Além da venda de porta em porta, a empresa também pretende investir no canal e-commerce. O segredo é sempre inovar”, revela o vice-presidente da Aon, Rogério Alves. A Classic também está disposta a desbravar novos canais e estuda a possibilidade de iniciar a venda de massificados de porta em porta. “Estamos acertando parceria com uma empresa distribuidora de gás. A venda de botijões atinge 2,5 milhões lares, com uma média de três pessoas cada, o que totalizaria entre 7 e 8 milhões de pessoas”, calcula. “Diria que essa é a segunda onda dos massificados”, afirma Rubens Nogueira. Outra que está inovando é Marsh Affinity, divisão da Marsh Corretora de Seguros que atua em massificados. Recentemente, a empresa estreou no canal internet. Por meio de associação com um portal de compra e venda on-line, está oferecendo um seguro de acidentes pessoais com assistência para veículos e motos, na faixa de R$ 13 a R$ 17. Paulo Kudler, diretor comercial, diz que a receptividade tem superado as expectativas. “Esses consumidores querem que o processo de compra seja rápido, imediato”, diz. Para atender seus clientes de massificados, a Marsh criou uma central própria de telemarketing, com 500 pessoas que atendem por ano 2 milhões de chamados. “É uma operação complexa”, afirma.
•
Revista de Seguros – 29
Capitalização
Caffarelli assume o comando da FenaCap
F
uncionário de carreira do Banco do Brasil, Paulo Rogério Caffarelli assumiu o comando da Federação Nacional de Capitalização (FenaCap), em substituição a Ricardo Flores, hoje presidente da Previ, fundo de pensão dos funcionários do BB, o maior do Brasil. “Pretendo fazer um trabalho bem parecido com o que tenho feito na Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços)”, diz o também vicepresidente de Negócios de Varejo do Banco do Brasil e presidente do Conselho de Administração do IRB Brasil Re e da Brasilcap, empresa de capitalização do BB. O executivo vai priorizar os esforços da FenaCap e de todas as associadas para aperfeiçoar o mercado e aprimorar a regulamentação, com o objetivo de lapidar a comunicação com os consumidores. “Minha missão será dar se-
Por DENISE BUENO
Divulgação
“É preciso ficar
claro que títulos de capitalização não são para investimento, mas para acumular recursos e concorrer a sorteios
”
Paulo Rogério Caffarelli
quência ao trabalho desenvolvido pela gestão anterior. Ou seja, mostrar que o segmento é um importante instrumento de realização de negócios, oportunidades e grande contribuidor para o crescimento da poupança interna do País.”
Produtos adequados A grande preocupação da entidade está na venda de produtos adequados para os novos consumidores brasileiros – as mais de 30 milhões de pessoas que ingressaram na classe C. Pesquisas revelam que os títulos de capitalização funcionam como a porta de entrada das classes de menor renda no segmento bancário. “A capitalização tem propiciado o aprendizado desse tipo de público a lidar com a formação de uma reserva financeira, de forma programada”, diz Caffarelli. Nos produtos corporativos, o maior apelo vem do interesse das empresas em realizar promoções como uma forma de atrair e fidelizar consumidores, que já são 40 milhões em todo o Brasil. Se depender do otimismo e empenho deste paranaense, o segmento poderá superar a meta de 15% previstos para 2011. “A primeira coisa que precisa ficar clara é que títulos de capitalização não são para investimento e sim para acumular recursos e concorrer a sorteios”, diz. Um grande aliado do desafio de esclarecer o consumidor sobre as vantagens da capitalização é o treinamento intenso dos diversos canais de distribuição. Segundo Cafarrelli, os vendedores dos produtos têm uma responsabilidade muito grande de informar bem os consumidores, de forma a garantir o exato conhecimento do que está sendo comprado.
•
Revista de Seguros – 30
anĂşncio leiloeiro
Prêmio Inovação
Um prêmio para os inovadores do mercado Na cerimônia marcada para dezembro, os vencedores receberão troféus e prêmios em dinheiro
N
os últimos 40 anos, a automação impulsionou a indústria de seguros, mas o mero uso da tecnologia não será mais suficiente para fidelizar o cliente. Nas próximas décadas, consumidores de seguros, oriundos de diversas classes sociais e regiões geográficas, estarão cada vez mais informados e capacitados para reconhecer os benefícios de produtos não tradicionais. Assim, a capacidade de inovar e de surpreender o consumidor será condição imprescindível para o sucesso do segmento. Atenta a este cenário, a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg) lançou na 5ª edição da Conseguro – maior evento do mercado segurador brasileiro, que este ano aconteceu nos dias 8 e 9 de junho, em Brasília – o “Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga de Inovação em Seguros”.
Reconhecimento A premiação é um reconhecimento ao tra-
Revista de Seguros – 32
balho dos securitários e corretores que, na percepção da CNseg, são os que mais contribuem para a inovação no mercado. Os cases vencedores serão anunciados em uma cerimônia, no Rio de Janeiro, em 14 de dezembro, e seus autores receberão troféus e premiações em dinheiro nos valores de R$ 15 mil, destinado ao primeiro lugar; R$ 10 mil, para o segundo lugar; R$ 5 mil, para o terceiro lugar. O objetivo da premiação é estimular o desenvolvimento do setor e o aprimoramento das relações com o consumidor a partir da adoção de ideias inovadoras, além de apoiar as iniciativas que vão delinear o perfil do mercado segurador no futuro. Todas as informações sobre a premiação estão no site www. premioseguro.com.br
A homenagem O prêmio leva o nome de um grande inovador do setor de seguros. Antonio Carlos de Almeida Braga despontou no mercado na década de 40 à frente da Atlântica Seguros, tornando-a, em pouco tempo, a maior seguradora do País, que anos depois se fundiu à Bradesco Seguros. “Ao pensar em um prêmio de inovação para o mercado segurador, imediatamente surgiu na CNseg o nome do Braga. Ele é considerado pelo mercado o grande inovador do setor de seguros no País, além de ser um dos maiores empresários da atualidade”, ressalta Jorge Hilário Gouvêa Vieira, presidente da CNseg.
Na avaliação da CNseg, esta premiação será um marco para o mercado. Pela primeira vez, desenvolveu-se um prêmio de inovação com o foco em seguros. “A CNseg espera, com esta iniciativa, contribuir para a renovação do setor e ser uma incentivadora para que os securitários e os corretores desenvolvam projetos com foco no futuro do setor”, resume o presidente da entidade.
serão anunciados em uma cerimônia, no Rio de Janeiro, e receberão troféus e premiações em dinheiro
”
Divulgação
•
“Os vencedores
Braguinha: o homem que teve a visão de distribuir os seguros por meio de rede bancária
O visionário Antônio Carlos de Almeida Braga Antonio Carlos de Almeida Braga começou a trabalhar na seguradora do pai, a Atlântica Seguros, em 1946. Um ano depois, foi para os Estados Unidos, onde ingressou na maior seguradora americana, a Home Insurance. Em 1950, retornou ao Brasil e às atividades na Atlântica Seguros. No início dos anos 70, Braga desafiou a crise e realizou o seu maior negócio: a aquisição da Boavista Seguros. Em pouco tempo, a AtlânticaBoavista Seguros se tornou a maior seguradora do País, fundindo-se, posteriormente, com a Bradesco Seguros. Braga investiu em novas modalidades de seguros e na capacitação, contratando profissionais de outras áreas. Além disso, ele teve a visão de distribuir os seguros por meio de rede bancária. Com esses procedimentos visionários, Braga aumentou a qualidade no atendimento e na administração da empresa.
Revista de Seguros – 33
Sobre a Comissão Julgadora Como o foco do Prêmio é a inovação, a CNseg selecionou um grupo de cinco profissionais que se destacam nas áreas em que atuam justamente por apresentarem uma visão diferenciada sobre inovação, seguros e consumidor. “São nomes que consideramos imprescindíveis, pela natureza da sua atuação, para fazer parte deste Prêmio e que poderão contribuir com excelência técnica para a análise dos trabalhos inscritos”, ressalta Jorge Hilário. Antonio Penteado Mendonça: advogado, radialista, colunista de seguros e previdência do jornal O Estado de São Paulo e membro e conselheiro da Academia Nacional de Seguros e Previdência. Helio Portocarrero: diretor-executivo da Fundação Casa de Rui Barbosa, foi superintendente da SUSEP e diretor-executivo da FenaCap. Também é autor de diversas publicações nas áreas de seguros e mercado de capitais. Joaquim Falcão: mestre em Direito pela Universidade Harvard (EUA) e doutor em Educação pela Universidade de Genebra (Suíça), professor de Direito Constitucional e diretor da Escola de Direito da FGV-RJ, foi membro do Conselho Nacional de Justiça. Nadja Sampaio: jornalista e editora da Coluna Defesa do Consumidor, do jornal O Globo. Silvio Meira: é um pesquisador brasileiro da área de Engenharia de Software. Autor de cerca de uma centena de artigos científicos e tecnológicos publicados em congressos e revistas acadêmicas e de mais de duas centenas de textos sobre Tecnologia da Informação e seu impacto na sociedade.
Workshop para imprensa
Microseguros e seguro garantia em debate CNseg reúne jornalistas e discute regulação dos dois ramos
Por VAGNER RICARDO
D
uas das principais apostas do mercado segurador – o microsseguro e o seguro garantia – podem ficar de lados opostos no quesito de incentivo da regulamentação. O primeiro, ainda que a aprovação do marco regulatório patine no Congresso Nacional, poderá dar passos mais firmes em direção ao mercado apenas com medidas administrativas adotadas pela Susep para estimulá-lo, mesmo sem o expediente de renúncia fiscal, cuja aprovação depende dos parlamentares. O outro, que avançou justamente graças à exigência de garantias dos empreiteiros, prevista na Lei 8.666 (seguro, fiança bancária ou caução), agora corre o risco de ter forte desaceleração, justamente no momento em que o País se transforma num canteiro de obras, porque o chamado Regime Diferenciado de Contratos (RDC) não prevê a compra de coberturas que visam ao fiel cumprimento dos contratos. As perspectivas para os dois ramos foram os principais temas discutidos no 1º Workshop
Revista de Seguros – 34
para Jornalistas, evento realizado pela CNseg, dia 30 de agosto, em São Paulo, para um grupo de mais de 20 profissionais dos principais veículos de imprensa do País. “O objetivo é facilitar o entendimento, aprofundar o conteúdo das matérias e, consequentemente, o diálogo com a sociedade”, destacou o presidente da entidade, Jorge Hilário Gouvêa Vieira, na solenidade de abertura do encontro.
Exigências regulatórias As discussões deixaram claro que o microsseguro, apenas com a virtual regulamentação da Susep – e desde que amenize as exigências regulatórias – pode ter uma redução significativa nas despesas administrativas das seguradoras, abrindo caminho para políticas comerciais mais agressivas. Nos produtos pioneiros de microsseguros, por exemplo, as despesas administrativas giram em torno de 40% do preço final e, pelas contas de Eugênio Velasques, diretor-executivo da Bradesco Vida e Previdência e presidente da Comissão de Microsseguros e Seguros Populares da CNseg, podem ter um peso bem menor, algo entre 10,5% e 5%, dependendo da regulamentação rascunhada pela autarquia. Isso melhora a margem adicional das seguradoras e favorece uma política comercial proativa, incluindo-se aí preços menores, coberturas adicionais, comissões mais altas, desenvolvimento de novos canais de vendas e ações de marketing, enumera Velasques.
Workshop reuniu em São Paulo mais de 20 jornalistas dos principais veículos de comunicação do País
Problema complexo No caso do seguro garantia, o problema é mais complexo, porque uma filigrana jurídica da RDC – o conflito entre dois artigos (o segundo parágrafo do art 1º e art. 59º) desta legislação, sancionada em agosto pela presidente Dilma Rousseff – coloca em risco o forte ritmo de crescimento apresentado pelo ramo. Num caso extremo, coloca o seguro em risco de exclusão da grande maioria das obras para a Copa do Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016, admite Rogério Vergara, diretor-executivo da Mapfre Seguros e presidente da Comissão Técnica de Créditos e Garantias da FenSeg. O mercado de garantias, que apresenta taxa de crescimento anual médio de 25%, em média, e prêmios de cerca de R$ 800 milhões, pode ter uma forte desaceleração com o RDC. No ano passado, a PREVISÃO PRELIMINAR DE INVESTIMENTO Eixos
2011-2014
Pós 2014
Total
PAC CIDADE MELHOR
57,1
—
57,1
PAC COMUNIDADE CIDADÃ
23,0
—
23,0
PAC MINHA CASA, MINHA VIDA
278,2
—
278,2
PAC ÁGUA E LUZ PARA TODOS
30,6
—
30,6
PAC TRANSPORTES
104,5
4,5
109,0
PAC ENERGIA
461,6
626,9
1.088,5
955
631,4
1.586,4
TOTAL
Antranik Fotos
Mudança na legislação O RDC será aplicável exclusivamente nas licitações e contratos necessários à realização da Copa das Confederações da Fifa de 2013 e da Copa do Mundo de 2014; dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016; e de obras de infraestrutura e de contratação de serviços para os aeroportos das capitais dos Estados distantes até 350 km das cidades sedes dos eventos. “A aplicação do RDC quer dizer que estamos falando, talvez, de 90% do total das obras de infraestrutura previstas nas cidades brasileiras até 2016”, lembra Vergara, ao admitir a apreensão das seguradoras de serem excluídas dos negócios com a mudança na legislação das licitações públicas a partir da RDC. O mercado aposta suas fichas em um adendo à MP 541 para reabilitar a exigência das garantias. Nesta mesma MP, já acena com o compromisso de assumir limites maiores de riscos. Ou seja, as seguradoras querem passar dos atuais 5% para 30% do valor em risco nos contratos mais simples e de 10% para 45% para as obras de grande complexidade. Entre as vantagens, a certeza de que o volume de R$ 1,5 trilhão esperado em investimentos antes e depois da Copa serão efetivamente executados. Só as obras esperadas nos próximos seis anos, na faixa de R$ 300 bilhões, podem gerar R$ 8 bilhões em prêmios para diversas modalidades, como RC, garantia de entrega, transporte de matéria prima, entre outras. No microsseguro, a tendência é de uma expansão contínua nas próximas décadas e um universo de 100 milhões de consumidores. “Em condições normais, o mercado manterá o forte ritmo de crescimento nos próximos anos”, finalizou o presidente da CNseg.
•
Revista de Seguros – 35
“As despesas
administrativas giram em torno de 40% do preço final e podem ter um peso bem menor, dependendo da regulamentação
”
Eugênio Velasques
Antranik Fotos
Antranik Fotos
receita totalizou R$ 726,7 milhões, um crescimento de 277,8% comparado ao resultado de 2006, que foi de R$ 192,3 milhões, lembrou o assessor da presidência da CNseg, José Américo Peón de Sá, ao reconhecer o tom de apreensão das seguradoras com o RDC, aprovado para supostamente dar mais agilidade à execução das obras.
“A aplicação do
RDC quer dizer que estamos falando em 90% das obras de infraestrutura previstas até 2016
”
Rogério Vergara
Evento FenSeg
Enchentes e roubos de carga podem ser evitados Causador do dano
FenSeg e Sindseg-SP reuniram especialistas para debater como o setor de seguros pode colaborar
Workshop debate o que a indústria de seguros pode fazer para evitar enchentes e roubos de cargas
A
s enchentes decorrentes das chuvas de verão são previsíveis e podem ser evitadas. Esta é a conclusão dos especialistas que participaram do workshop “Danos Decorrentes das Enchentes – O que a Indústria do Seguro Pode Fazer?”, promovido pela Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), em parceria com o Sindicato das Seguradoras de São Paulo, em agosto. Para o advogado Paulo Cremoneze, como as chuvas são eventos previsíveis, o Estado tem o dever de prevenir as enchentes e está falhando na sua obrigação. Uma parte dos danos é absorvida pelo mercado de seguros. O segmento mais atingido é o de automóvel, mas coberturas para transporte de carga e propriedades também são afetados. “O papel da seguradora é evitar que o segurado tenha dor de cabeça com o prejuízo e não precise ir atrás do causador do dano”, afirmou Cremoneze. Divulgação
Por JAMILLE NIERO
Revista de Seguros – 36
No caso das enchentes, segundo ele, a seguradora ganha o direito de cobrar o prejuízo do Estado. Este é o trabalho que ele tem feito: pedir ressarcimento ao governo em nome das companhias. As ações, movidas a partir de 2008, ainda não foram julgadas, mas a expectativa é positiva. “Se houver o retorno desses ressarcimentos, é possível diminuir a sinistralidade”, analisou. A prevenção também é essencial na gestão de riscos para evitar roubo de cargas. Com foco nesse objetivo, Sérgio Hoeflich criou, em 2009, o Programa de Gestão Estratégica de Riscos Corporativos (Grisco), formado por participantes da especialização da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Indicadores de risco Segundo Hoeflich, o grupo pode contribuir com a criação de indicadores de risco para roubos e acidentes de automóveis, além da construção de uma base de dados, que poderia ser consultada da mesma forma que o Índice Geral de Preços do Mercado, da FGV. Com isso, a gestão de riscos no Brasil iria de um modelo reativo para um preventivo, com a monitoração dos fatores de risco. Para o presidente da Comissão Técnica de Transportes da FenSeg, Paulo Robson Alves, o setor está se movimentando para comprovar a eficácia de ações preventivas. “Discutimos sobre modelos de gestão de risco e prevenção associados às apólices de seguros, para que o risco seja controlado. Se esse modelo não for utilizado, no futuro o preço do seguro aumentar”, analisou.
•
Pag 37 sul américa
Revista de Seguros – 37
Escola Nacional de Seguros
A missão da nova diretora de Ensino Técnico Por JORGE CLAPP
“Estamos
presentes fisicamente em todas as capitais, temos parceiros em outros grandes centros e ainda oferecemos o ensino a distância”
D
ona de um invejável currículo – foi vice-presidente de Recursos Humanos da SulAmérica e presidente da Comissão Técnica de Recursos Humanos da CNseg, além de ter trabalhado em conglomerados do porte da IBM, Shell e HSBC –, a executiva Maria Helena Monteiro acaba de assumir mais uma grande missão em sua carreira: comandar a Diretoria de Ensino Técnico da Escola Nacional de Seguros. Em pouco tempo, ela já arregaçou as mangas e começou a por em prática o plano traçado pelo alto comando da instituição, cujo foco principal é o desenvolvimento, em âmbito nacional, de diferentes cursos técnicos, com destaque para os que habilitam corretores de seguros e comissários de avarias e os de certificação técnica. Formada em Direito, com MBA em Administração, Maria Helena vê seu cargo como um grande desafio, em função do momento de plena expansão da instituição e do próprio mercado brasileiro. “Há muito a fazer. Mas estou no local certo e na hora certa para enfrentar esse desafio profissional”, afirma.
Exame de habilitação A Escola pretende, em 2012, aumentar em 20% o número de candidatos no Exame para Habilitação de Corretores de Seguros, totalizando 2,2 mil inscritos. Além disso, há a expectativa de dobrar – de 100 para 200 – a soma de funcionários de corretoras que participam dos cursos de certificação técnica. Nos casos dos funcionários de segurado-
Revista de Seguros – 38
ras, a meta é aumentar em 20% - de 500 para 600 – o total de profissionais inscritos nesses cursos. A contratação da executiva é mais um passo no processo de reestruturação iniciado há alguns anos. De lá pra cá, houve muitos avanços e a imagem da entidade é cada dia melhor aos olhos da sociedade e dos profissionais ligados à indústria do seguro. O economista Claudio Contador, que já era diretor da Escola, passou a responder pela Diretoria de Ensino Superior e Pesquisa. Na Diretoria de Ensino Técnico, Maria Helena Monteiro ajudará o mercado a resolver o que, segundo muitos analistas, ainda é um importante gargalo: a necessidade de agilizar a qualificação da mão de obra especializada para atender a uma demanda que se mantém aquecida ao longo dos últimos anos. Na visão dela, essa demanda nunca esteve tão aquecida. “É preciso investir nisso. Talvez ainda não estejamos preparando profissionais na velocidade que o mercado requer. Mas a Escola está pronta para atender à demanda. Estamos presentes fisicamente em todas as capitais, temos parceiros em outros grandes centros e ainda oferecemos o ensino a distância”, comenta.
Capacitação A nova diretora da Escola Nacional de Seguros vê também uma forte movimentação dos corretores de seguros no sentido de investir no treinamento e na capacitação profissional. “O corretor precisa conhecer profundamente o produto que está comercializando. É
Daniela Meireles
uma questão de sobrevivência profissional. Os cenários mais complexos exigem vendas mais técnicas”, frisa a executiva. Além desses fatores, serve de incentivo o desafio de atender a um público-alvo com imensa capilaridade e significativamente volumoso. O Brasil tem, atualmente, cerca de 23 mil empresas corretoras de seguros espalhadas por todas as regiões. Muitas dessas empresas já descobriram que, ao participar dos programas de capacitação da Escola Nacional de Seguros, estão pegando um atalho para o sucesso e abrindo portas para um futuro melhor. Ao assumir o leme de uma das áreas mais importantes da Escola, Maria Helena Monteiro sabe que precisará aprofundar o papel da instituição de fomentadora de mão de obra qualificada para um mercado em franca expansão e sedento por treinamento. Mas isso não a assusta: “O mercado cresceu, se sofisticou e precisa de treinamento”, conclui.
“Há muito a
fazer. Mas estou no local certo e na hora certa para enfrentar esse desafio profissional
”
Maria Helena Monteiro
•
Mudanças no portal Tudo Sobre Seguros A Escola Nacional de Seguros está reformulando o portal “Tudo Sobre Seguros” (www.tudosobreseguros.org.br). A homepage foi alterada e serão mudadas as páginas internas. “O internauta quer informação rápida”, diz o coordenador do site, Lauro Faria, que espera, com as mudanças, aumentar o tempo médio de consulta, de 3,5 minutos. Segundo ele, o número de acessos diários (1,5 mil) dobra quando são feitas ações pontuais. Em mais de 30 páginas, o portal explica ao internauta sobre como proceder em todas as etapas da contratação de um seguro – desde a apólice até a ocorrência de um sinistro – e traz indicadores financeiros, estatísticas, agenda de eventos e glossário. Serão criadas novas áreas sobre carteiras, como o seguro rural. O conteúdo, sempre atualizado, acompanha as mudanças do mercado. As informações são utiliza-
das em outros 500 sites, a maioria, de corretores de seguros. Está sendo reforçada a estratégia de atrair o internauta com a pergunta “O Seguro Cobre?”, sempre que um assunto ganhar destaque.
Revista de Seguros – 39
Associação de Genebra
Patrick M. Liedtke
Divulgação
A perspectiva do seguro
“Ao longo dos
debates da Assembleia Geral, regulação e estabilidade financeira foram os temas predominantes, refletindo o desafio-chave iminente que o mercado enfrenta mundialmente
”
Patrick M. Liedtke Secretário geral e diretor gerente da Associação de Genebra
Ao longo dos debates da Assembleia Geral, regulação e estabilidade financeira foram os temas predominantes, refletindo o desafio-chave iminente que o mercado enfrenta mundialmente
N
o final de maio de 2011, pela primeira vez, a Associação de Genebra fez uma Assembleia Geral na América Latina e reuniu, no Rio de Janeiro, os CEOs das principais seguradoras do mundo. Após quase quatro décadas de encontros anuais na Europa, América do Norte e Ásia, esta iniciativa abriu novos caminhos. Afinal, o Brasil é um país muito dinâmico, com uma economia em franco crescimento, que mostrou notável robustez e flexibilidade durante a crise financeira. As atividades de seguro, sem dúvida, tiveram um papel ativo como viabilizadoras e facilitadoras de várias atividades econômicas e, muitas vezes, é a comunidade internacional de seguradores e resseguradores que ainda traz conhecimento especializado e capacidade de risco adicional para o mercado, permitindo uma participação no risco mais ampla do que seria possível de outra forma. Como muitos trabalhos publicados pela Associação de Genebra comprovam, o papel do seguro é fundamental para o funcionamento de uma economia moderna. Ao longo dos debates da Assembleia Geral, regulação e estabilidade financeira foram os temas predominantes, refletindo o desafio-chave iminente que o mercado enfrenta mundialmente. Além de assuntos técnicos complexos, uma questão maior destacou-se: a transparência e
Revista de Seguros – 40
acessibilidade dos debates regulatórios atuais entre legisladores e suas instituições internacionais. Um levantamento entre os CEOs membros, antes da Assembleia, revelou que mais de 95% mostravam-se preocupados com a transparência dos processos regulatórios atuais. Embora o mercado tenha ressaltado suas preocupações, comentado intensamente as propostas regulatórias e, de maneira construtiva, oferecido um incentivo a metodologias alternativas efetivas, por vezes, o eco no lado dos reguladores e supervisores era mais fraco do que o esperado. Há um ano ainda era um problema para o mercado falar em estabilidade financeira, mas, ao longo dos últimos 12 meses, a coordenação e cooperação mundial funcionaram muito melhor graças aos esforços coletivos de muitas seguradoras, aos organismos comerciais envolvidos e ao apoio da Associação de Genebra. Somos gratos aos muitos parceiros que tivemos neste processo e aos reguladores e supervisores mundiais que proporcionaram muitas oportunidades para o mercado expor seus pontos de vista. Agora que as decisões-chave quanto à nova arquitetura financeira mundial estão sendo tomadas, é importante que todos estejam certos de que os mercados de seguros podem continuar a operar de forma eficaz, manter a resiliência que mostraram durante as décadas recentes (inclusive na crise financeira), facilitar a transferência de risco tão vital para uma economia moderna, e continuar a contribuir para o desenvolvimento econômico. Como um mercado que trabalha com horizontes de longo prazo e grandes riscos, o segmento de seguros está muito interessado em uma estrutura sustentável para realizar suas operações e espera por iniciativas regulatórias baseadas em uma análise completa de todos os aspectos dos serviços financeiros e que, cuidadosamente, equilibrem o anseio político por reforma rápida, com prudência e sabedoria.
•
Divulgação
Biblioteca
Um tratado sobre meio ambiente e cooperativismo Esta coletânea é um verdadeiro tratado sobre o meio ambiente, sustentabilidade e impactos sociais e econômicos
A
preocupação com o meio ambiente e a preservação dos recursos naturais são objeto deste livro, escrito na forma de uma coletânea de textos de diversos autores coordenados pelo advogado, professor de Pós-Graduação e mestrando em Direito Ambiental pela Escola Superior Dom Helder Câmara, Dr. Edson de Oliveira Braga Filho, e editado pela Editora Forum. Os textos foram apresentados por ocasião do I Congresso Internacional do Instituto Brasileiro de Pesquisas e Estudos Ambientais e Cooperativos, realizado em Vitória, em junho de 2010. Assuntos como biodiversidade, agronegócios e meio ambiente, recursos hídricos e costeiros, fontes de energia alternativa, a ação governamental em defesa do meio ambiente e até mesmo direitos humanos são abordados sob a ótica da legislação brasileira, sua aplicabilidade legal e prática, o impacto na economia e nas novas gerações. Os textos estão escritos de forma clara e ao alcance de todos. No texto de sua autoria, o Dr. Celso Fiorillo aborda alguns dos instrumentos legais que a sociedade dispõe para agir em defesa do equilíbrio ecológico e da preservação ambiental, em caso de lesão ou ameaça ao meio ambiente. O impacto ao meio ambiente provocado pelo desenvolvimento econômico, assunto do Dr. Edson de Oliveira Braga Filho, nos dá uma visão
“Sustentabilidade e cooperativismo: uma filosofia para o amanhã” Ed. Forum 2011 Resenha por: José Fernando Baron Analista de sistemas, Pós-graduado em Gestão Estratégica da Informação pela UFMG, gerente de Vendas da Sonda Software.
“O legado que
deixarevmos para nossos filhos e netos embasa o conteúdo deste livro, que mescla em suas páginas conceitos e questionamentos de jovens autores
”
José Fernando Baron
Revista de Seguros – 41
desta sempre conflituosa convivência entre desenvolvimento e preservação ambiental. O prof. Gilberto Fonseca Barroso divide com Stella Emery Santana, sua orientanda de doutorado, importante estudo sobre a gestão dos recursos hídricos e costeiros, apresentando as políticas públicas de gestão, nos levando a um conceito de gestão integrada dos mesmos. A palavra cooperativa está presente constantemente em nosso dia a dia, porém, muito pouco se sabe sobre o Cooperativismo. Os Drs. Haynner Capettini, José Eduardo Miranda, Paulo Roberto Braga e Marco Aurélio Kaluf vêm em nosso auxilio com importantes esclarecimentos, preceitos legais e suas implicações no mundo moderno, empreendedorismo, desenvolvimento e cidadania. Novas fontes alternativas de energia, como a eólica, são temas apresentados pelos Drs. Robson Melo, Samir Jorge Murad e Walter José Senise, este auxiliado por Martina Müller, em textos ricos em detalhes que nos mostram o inter-relacionamento desses assuntos. Os Drs. Werner Grau Neto (Novos Paradigmas Sociais e Econômicos no Direito Ambiental), Andreia Pereira Carvalho, Luis Carlos Aceti Junior e Toshio Mukai (Direito Ambiental Municipal) discorrem sobre aspectos legais do Direito Ambiental, sua aplicabilidade na nova realidade do Direito Ambiental e nas relações sociais. Qual o legado que deixaremos para nossos filhos e netos? Esta é a pergunta que embasa todo o conteúdo deste livro que, se não inédito, mescla em suas páginas, prefaciadas por Paulo Affonso Leme Machado – professor de Direito Ambiental da Universidade Metodista de Piracicaba, as visões de grandes mestres do Direito Ambiental, como Toshio Mukai, com conceitos e questionamentos de jovens autores.
•
antonio penteAdo mendonça
Opinião
No rumo da sustentabilidade
Divulgação
A defesa do meio ambiente e a preservação do planeta só fazem sentido se for para proteger o ser humano
“Sem que haja
a reversão desta visão míope do problema, não há muito que se possa fazer, por mais boa vontade que várias nações em conjunto possam ter
”
S
ustentabilidade. A palavra é o mote da moda. Temos que ter um mundo sustentável, um planeta explorado dentro de suas capacidades de preservação e renovação. Uma população próxima de sete bilhões de pessoas, que precisa interagir com o meio ambiente de forma mais harmoniosa do que até agora, no sentido de reverter os estragos feitos ao planeta, como única chance de legar às gerações futuras um mundo com plenas condições de sustentar com dignidade os seres humanos de amanhã. Aqui é necessário se ter claro que a defesa do meio ambiente, a preservação do planeta e dos recursos essenciais ao desenvolvimento da vida só fazem sentido se for para proteger o ser humano. Para garantir-lhe o amanhã e o depois do amanhã de sua sociedade, de seus grupos e de suas famílias. Sob esta ótica, todos devem de alguma forma fazer alguma coisa. É isso que acontece? Infelizmente, não. A grande maioria, incluída nela alguns dos maiores poluidores, não está interessada na lição de casa e, pelo andar da carruagem, não pretende iniciá-la. Sem que haja a reversão desta visão míope do problema, não há muito que se possa fazer, por mais boa vontade que várias nações em conjunto possam ter. Assumindo que o ano de 2012, com a conferência Rio+20 no Rio de Janeiro, venha a ser o
Revista de Seguros – 42
divisor de águas e que, a partir daí, sustentabilidade se transforme em ações concretas destinadas a mudar o panorama futuro da Terra, então há muito para a atividade seguradora fazer. Grosso modo, sua missão pode ser dividida em três grandes áreas de atuação: ações internas, ações externas e ações de controle. As ações internas são aquelas pertinentes a todas as organizações conscientes, interessadas em auxiliar na luta por um mundo melhor. São todas as políticas de economia de recursos naturais, bem como as destinadas a não aumentar a degradação do solo e das águas e a não agravar a poluição, o efeito estufa e as mudanças climáticas. As ações externas são aquelas que dizem respeito à interação da empresa com o mundo exterior. Suas políticas empresariais, ações comerciais, mercadológicas e de parcerias, entre outras. E as ações de controle não são mais do que as vistorias, inspeções e outros processos de verificação de riscos e sinistros. Com base nelas, as seguradoras podem desempenhar um papel da maior importância no capítulo da sustentabilidade do planeta. Negando cobertura para quem não segue os parâmetros ideais para sua área de atuação, cobrando mais caro de quem polui mais ou exigindo a implantação de novos procedimentos operacionais para aceitar os seguros de quem não está adequado ao melhor estado da arte, elas são um instrumento eficiente a favor da proteção do planeta e, consequentemente, da sustentabilidade indispensável para garantir às gerações futuras o direito de herdarem um mundo, se não melhor e mais justo, pelo menos tão dinâmico e tão bom como o universo em que vivemos.
•
ANTONIO PENTEADO MENDONÇA - Jornalista e especialista em seguros e previdência
3ÂŞ capa SulAmerica Corretores
4ª capa – Valid (American Bank Note)