Setembro/Outubro 2018
Notícias da Paz CONSELHO PORTUGUÊS PARA A PAZ E COOPERAÇÃO
Pela Paz, todos não somos demais A
paz é o maior anseio dos povos, por saberem que sem paz não há desenvolvimento e progresso social, tornando-se muito difícil concretizar projectos de felicidade que todos anseiam e a que todos têm direito. Por isso, nos actuais tempos conturbados e preocupantes, em que é promovida uma colossal corrida aos armamentos e paira o perigo de novas e devastadoras guerras, incluindo com a ameaça nuclear, torna-se indispensável congregar múltiplas vontades na luta pela paz e solidariedade, na defesa da resolução pacífica dos conflitos internacionais, da não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados e da cooperação com todos os outros povos para a emancipação e o progresso da humanidade. Foi o que o CPPC prosseguiu através de uma intensa actividade que se desenvolveu durante este ano de 2018, de norte a sul do país, envolvendo milhares
de pessoas, incluindo crianças e jovens, professores, escolas, associações, artistas, sindicalistas, autarcas, amantes da paz de diversas áreas político-ideológicas e religiosas, multiplicando actores e públicos. E que procurou levar mais longe, convidando um conjunto de organizações a juntarem-se na preparação do Encontro pela Paz, a realizar em 20 de Outubro, em Loures, com o lema «Pela Paz, todos não somos demais». Assim, 12 organizações estão a preparar este Encontro pela Paz, aberto a todas as pessoas e organizações empenhadas na paz, onde se dará conta do intenso trabalho realizado em defesa da paz, se fará uma reflexão em torno da situação que se vive ao nível mundial e se procurará abrir mais caminhos de convergência na via da paz e da cooperação. Daí o apelo à divulgação e o convite que aqui deixamos à sua participação no Encontro pela Paz.
Como se refere neste boletim Notícias da Paz, foram inúmeras as actividades realizadas durante os primeiros sete meses deste ano, de que se destaca: a realização de cinco Concertos pela Paz e outras actividades culturais; a apresentação de exposições, realização de debates e palestras em diversas escolas, colectividades e autarquias; os actos públicos de solidariedade com povos vítimas de conflitos armados e guerras; as acções de rua pela dissolução da NATO; a recolha de mais de 13 mil assinaturas para a petição, já entregue na Assembleia da República, a solicitar a assinatura e ratificação por Portugal do Tratado de Proibição das Armas Nucleares. Vamos prosseguir, com mais actividades na defesa da paz e com a mobilização para o Encontro pela Paz, em Loures, a 20 de Outubro. Aceite o desafio, seja activista da paz. CPPC
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Iniciativas no País contra a Cimeira de Bruxelas
«Sim à Paz! Não à NATO!» O
CPPC dinamizou e integrou a campanha «Sim à Paz! Não à NATO», no âmbito da qual se que desenvolveu por todo o País um conjunto de acções em defesa da paz e de denúncia dos objectivos belicistas da cimeira da NATO, realizada a 11 e 12 de Julho, em Bruxelas. Integrada por mais de 40 organizações e movimentos sociais das mais variadas áreas de intervenção, a campanha protagonizou iniciativas de rua em cinco cidades: Lisboa, Porto, Coimbra, Faro e Évora. A sua expressão, contudo, foi mais abrangente, com a distribuição de folhetos e jornais de Norte a Sul do País. O CPPC participou igualmente na manifestação realizada em Bruxelas, no dia 7 de Julho, promovida por diversas organizações belgas, entre os quais o INTAL, membro do Conselho Mundial da Paz. Na base desta campanha está a consideração de que a NATO e os interesses que ela representa – essencialmente, a política externa norte-americana – representam a principal ameaça à paz e à segurança internacionais, o que é evidente pelas guerras de agressão que levam a cabo; pela proliferação de bases, instalações e efectivos militares na Europa (nomeadamente junto às fronteiras da Federação Russa), em África e no Médio Oriente; pelo peso que assumem Porto
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Lisboa
as crescentes despesas militares, isto é, os EUA assumem cerca de 30 por cento e os 29 países da NATO mais de metade dos cerca de 1700 mil milhões de dólares gastos em 2017 a nível mundial. As organizações promotoras da campanha acusam ainda a NATO de incluír na sua doutrina a possibilidade de recurso a armamento nuclear num primeiro ataque e contra qualquer alvo. A dissolução da NATO voltou, assim, a ser a principal reivindicação ouvida nas diferentes iniciativas. Cimeira de guerra Relativamente à cimeira de Bruxelas, ela apontou – como as organizações promotoras da campanha denunciaram
desde o início – o reforço da capacidade de intervenção belicista da NATO, a que o Governo português, inaceitavelmente, associou o País. Na declaração final da cimeira reafirmou-se a possibilidade de a NATO intervir em qualquer lugar e sob qualquer pretexto: as «ameaças» e «desafios» identificados cobrem praticamente qualquer situação e ponto geográfico. Da cimeira saiu ainda a decisão de constituir, a breve prazo, 30 batalhões mecanizados, 30 esquadrões aéreos e 30 navios de combate prontos a entrar em acção num prazo de 30 dias. Outro aspecto significativo que emanou da cimeira é a intenção de prosseguir com o aumento das despesas militares dos países da NATO. Na declaração foi reafirmado o objectivo de, até 2024, todos os países gastarem dois por cento do seu PIB na «defesa». Particular gravidade assume a posição face à Federação Russa. Para além da crescente presença militar da NATO junto às suas fronteiras, são igualmente factores de tensão as acusações, avisos e ameaças lançadas contra este país, patentes na declaração da cimeira. O desplante e desvirtuamento da realidade chega ao ponto de se acusar a Rússia de desestabilizar e ameaçar as «fronteiras orientais» da NATO, como se não fosse este bloco político-militar agressivo a estar, cada vez mais, instalado nas fronteiras ocidentais da Rússia.
Cinco concertos pela Paz realizados em 2018
A arte para unir vontades e quebrar barreiras D
esde 2014 que o Conselho Português para a Paz e Cooperação realiza Concertos pela Paz em diversos pontos do País. O primeiro realizou-se no Fórum Lisboa, em Novembro de 2014, e daí para cá tiveram lugar muitos mais, de Norte a Sul do País. Só na primeira metade deste ano realizaram-se cinco: no dia 18 de Fevereiro, no Porto; a 21 de Abril em Gaia e nos dias 11, 19 e 25 de Maio em Coimbra, Lisboa e Viana do Castelo, respectivamente. Estas iniciativas, realizadas em colaboração com autarquias e colectividades e contando com a participação generosa de artistas, escolas, associações e grupos, têm-se revelado uma forma particularmente eficaz de, através da música, da dança, do teatro e das artes plásticas, alertar para as múltiplas e perigosas ameaças à paz que marcam o nosso tempo e afirmar, a muitas vozes, a necessidade da defesa da paz e a solidariedade aos povos que sofrem e resistem à opressão, à guerra e à ingerência. Constituem ainda oportunidades para sensiViana do Castelo
Gaia
bilizar públicos muito mais vastos para as causas da paz e da solidariedade. Os Concertos pela Paz são uma das múltiplas expressões da cultura de paz que o CPPC se esforça por promover em muitas das suas iniciativas. Envolver artistas e criadores nas acções pela paz e atingir novas camadas e sectores da população são alguns dos objectivos. Artistas solidários
No Porto, muitas centenas de pessoas esgotaram o Teatro Rivoli onde se realizou o Concerto pela Paz apresentado pela actriz Rebeca Cunha. Pelo palco passaram as crianças e jovens cantores d` Os Gambozinos, acompanhados pelas vozes do Coro d’ Inverno, agrupamento constituído por pais, familiares, amigos e vizinhos dos Gambozinos. Seguiramse a orquestra de cordas juvenil do Conservatório de Música do Porto, o Coral de Letras da Universidade do Porto, as jovens bailarinas do Ginasiano Escola de Dança e o músico Miguel Araújo. Em Gaia, o Concerto pela Paz, realizado no Auditório Municipal, contou com as actuações da Academia de Música de Vilar do Paraíso, Escola de Música de Perosinho, Fundação Conservatório Regional de Gaia, Ilha Mágica e, novamente, do Ginasiano Escola de Dança, tendo também sido apresentado pela actriz Rebeca Cunha. Em Coimbra, o Concerto pela Paz realizou-se no belo espaço da antiga Igreja do Convento de São Francisco. Participaram a pianista Catarina Peixinho, Duo Cordis, Orfeão Dr. João Antunes, Tocata do Gefac e Macadame Banda. Houve ainda momentos de poesia, pela Cooperativa Bonifrates, e a apresentação ficou a cargo do músico Manuel Rocha. O Fórum Lisboa foi uma vez mais o local escolhido para a realização do Concerto pela Paz na capital, o terceiro desde 2014. Este ano, o cartaz foi preenchido por Peste & Sida, Maria Alice e Humberto Ramos, Luísa Ortigoso (que
Lisboa
Porto
Coimbra
declamou poesia), Luísa Amaro, El Sur, Coro Infantojuvenil da Universidade de Lisboa e B’rbicacho. Em Viana do Castelo, o Teatro Sá da Bandeira quase esgotou para as fantásticas actuações da Escola Profissional Artística do Alto Minho – ARTEAM, Academia de Música de Viana do Castelo e Open Dance School, Teatro do Noroeste-CDV, o Coral Polifónico e a Tuna de Veteranos. A todos os que contribuíram para o sucesso dos Concertos pela Paz reafirmamos o nosso profundo agradecimento. CPPC
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Loures acolhe Encontro pela Paz a 20 de Outubro
Momento alto para alargar e reforçar a acção pela paz «P
ela Paz, todos não somos demais!» é o lema do Encontro pela Paz que se realiza a 20 de Outubro, entre as 10h30 e as 17h00, no Pavilhão Paz e Amizade, em Loures. Surgido da iniciativa do CPPC, que o organiza, o Encontro reúne na sua preparação e realização diversas outras organizações e estruturas. Espera-se que este Encontro permita uma ampla reflexão e contributos alargados vindos de quem, na sua prática quotidiana, toma clara e inequívoca posição pública contra a guerra e manifesta sincera determinação em defender os valores da Paz. O objectivo central é contribuir para promover a mobilização e intervenção em defesa da Paz e pela rejeição do militarismo, da corrida aos armamentos e da guerra. Os valores que norteiam o Encontro pela Paz são os consagrados na Constituição da República Portuguesa e na Carta das Nações Unidas. Temas actuais e prementes O Encontro pela Paz funcionará em plenário, sendo convidadas organizações e personalidades a intervir sobre a defesa da paz e a acção desenvolvida
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ou a desenvolver neste âmbito. O debate incidirá em três temas centrais. No primeiro, Paz e Desarmamento, cabem as questões relacionadas com a rejeição do militarismo, da corrida aos armamentos e da guerra; o encerramento das bases militares estrangeiras; a abolição das armas nucleares e outras armas de destruição massiva; e a dissolução de blocos político-militares. Integram-se ainda neste tema a defesa da paz, o desanuviamento das relações internacionais, o desarmamento universal, simultâneo e controlado e o respeito dos princípios da Carta das Nações Unidas e do Direito Internacional. Um segundo tema, Cultura e Educação para a Paz, realça, como o nome indica, a necessidade de desenvolver acções de cultura de paz e de educação para a paz. Para tal, é fundamental o envolvimento de escolas, movimento associativo, autarquias e sindicatos, bem como de professores, juventude, mulheres, artistas e jornalistas. Solidariedade e Cooperação é o terceiro tema em debate, no âmbito do
qual se falará da solidariedade aos povos vítimas da ingerência e agressão externas, incluindo do colonialismo, e para com os migrantes e refugiados. Diversidade com uma causa comum Ao apelo lançado pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação aderiram, num primeiro momento, as seguintes organizações e movimentos sociais: Câmara Municipal de Loures; Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional (CGTP-IN); Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto; Federação Nacional de Professores (FENPROF); Juventude Operária Católica (JOC); Liga Operária Católica (LOC); Movimento Democrático de Mulheres (MDM); Movimento Municípios pela Paz; Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM); Pastoral Operária; e União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP).
Ilda Figueiredo, presidente da direcção nacional do CPPC
Bernardino Soares, presidente da CM de Loures
É necessária uma convocatória geral em defesa da paz
Somos um município que acolhe, respeita e defende a paz
Qual a importância de realizar este encontro? O Encontro pela Paz é consequência da crescente actividade em defesa da paz, do desarmamento, da solidariedade e dos princípios da Carta das Nações Unidas e da Constituição da República Portuguesa. Nos últimos anos, o CPPC procurou alargá-la a muitas organizações, promovendo um conjunto diversificado de iniciativas, de que são exemplos os Concertos Pela Paz, envolvendo associações culturais, artistas, escolas e autarquias; as exposições de artes plásticas e momentos de poesia; as actividades de cultura e educação para a paz; ou os inúmeros debates em escolas e associações. São igualmente exemplos o trabalho desenvolvido pelo recente Movimento dos Municípios pela Paz, as campanhas pela assinatura e ratificação por parte de Portugal do Tratado de Proibição de Armas Nucleares ou pela dissolução da NATO, em colaboração com dezenas de organizações. Assim, o Encontro procura consolidar trabalho já desenvolvido e alargá-lo. É necessário insistir numa convocatória geral para a defesa da paz e reforçar os movimentos pela paz com uma grande abertura a todas as pessoas de boa vontade. Para além das organizações que já se associaram pretende-se abarcar outras? Quão longe se pretende chegar? Há 12 organizações que responderam positivamente ao apelo do CPPC, constituindo uma comissão promotora do Encontro pela Paz. Mas este está aberto a todas as organizações e personalidades que se queiram juntar. Já temos algumas que nos disseram estar interessadas em participar na sua preparação e realização. As 12 organizações do grupo de trabalho também procurarão envolver organizações e personalidades das suas áreas de intervenção. O que se espera que saia desde encontro? O encontro não é um fim em si mesmo, é um momento importante de envolvimento de pessoas e organizações empenhadas na defesa da paz para troca de experiências e reflexões. Representa também uma possibilidade de reforçar o movimento da paz em Portugal, para conseguir avanços em áreas importantes como a educação para a paz, a cultura da paz, a cooperação e a solidariedade, para lançar novas iniciativas. Como diz o lema do encontro, Pela paz, todos não somos demais!. É esse espírito mobilizador e aberto que queremos que seja reforçado com este encontro.
Porque é que a CM de Loures aceitou acolher este Encontro pela Paz? A Câmara Municipal de Loures, na totalidade da sua extensão territorial, possui uma população cultural e etnicamente diversificada. Temos mais de 120 nacionalidades. Entendemos isso como uma riqueza, que tem acrescentado valor à ação municipal, principalmente assente no conceito de interculturalidade, de partilha e cooperação, de respeito e interação entre todos. Conscientes de que a diversidade da população do Concelho é, também, resultado de vários conflitos por todo o Mundo que resultaram na procura de refúgio, e segurança e de melhores condições de vida, para essas pessoas, a Paz é, sem dúvida, um tema prioritário para o Município de Loures. Exemplo disso é o Centro de Acolhimento para Refugiados, tendo o Município disponibilizado o terreno para a sua instalação no nosso Concelho. Este é um local de acolhimento e de integração de quem escolhe Portugal como destino seguro, longe das perseguições e das constantes violações dos direitos fundamentais a que estão sujeitos no país de origem. Somos um Município que acolhe, que respeita e que quer continuar a lutar pela defesa da paz. O que espera que resulte do Encontro? Reforçar o trabalho e os laços entre os vários intervenientes e participantes no Encontro, promovendo, com o contributo de todos, ações na defesa da paz. Uma maior consciencialização do conteúdo do artigo 7.º da Constituição da República Portuguesa, que rege o relacionamento internacional do Estado português, designadamente em matérias inerentes à Paz entre os povos. Como pretendem envolver a população do concelho? Por um lado, promover e divulgar amplamente o Encontro para que a população corresponda e esteja presente. Por outro, no âmbito do Encontro, incentivar a população a participar de forma ativa com os seus comentários, sugestões e partilha de experiências. CPPC
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Petição entregue na Assembleia da República
Mais de 13 mil pela proibição das armas nucleares O
CPPC entregou no dia 5 de Julho na Assembleia da República as mais de 13 mil assinaturas recolhidas para a petição que reclama das autoridades portuguesas a assinatura e ratificação do Tratado de Proibição de Armas Nucleares. A delegação do CPPC, que integrava também um membro da Associação Projecto Ruído, que promoveu a campanha «Desarma a Bomba – Pelo fim das armas nucleares, já!», esteve reunida com o vice-presidente do Parlamento, José de Matos Correia, a quem deu a conhecer os objectivos e alcance da iniciativa. Pelo número de assinaturas recolhidas, a petição será debatida em sessão plenária da Assembleia da República. A petição expressa a exigência da eliminação das armas nucleares e da não
proliferação, manifesta a satisfação pela adopção, no âmbito da ONU, do Tratado de Proibição de Armas Nucleares e reclama das autoridades portuguesas a sua assinatura e ratificação. Em respeito, aliás, pelo consagrado no artigo 7.º da Constituição da República, que preconiza o «desarmamento geral, simultâneo e controlado». Desde Setembro do ano passado até ao passado dia 5 de Julho, a petição percorreu o País, tanto na Internet como através da recolha presencial de assinaturas, em largas dezenas de iniciativas públicas. Empenharam-se nesta iniciativa activistas do CPPC, membros de organizações sociais e associações culturais, desportivas e recreativas e pessoas individualmente consideradas. A juventude teve um papel particularmente activo.
O Tratado trocado por miúdos Como surgiu o Tratado? O Tratado de Proibição de Armas Nucleares foi aprovado por 122 países participantes numa conferência das Nações Unidas reunida especificamente para negociar um instrumento legalmente vinculativo que proíba este tipo de armamento e conduza à sua eliminação total. Nessa conferência não participou nenhum dos países detentores de armas nucleares e apenas um membro da NATO, a Holanda, que votou contra o texto final.
O que prevê o Tratado? Segundo este Tratado, cada estado aderente compromete-se a não desenvolver, testar, produzir, adquirir, possuir ou armazenar armas ou outros dispositivos explosivos nucleares e a não utilizar ou ameaçar utilizar este tipo de armamento; fica impedido, também, de permitir o estacionamento e instalação de qualquer dispositivo nuclear no seu território ou em qualquer local sob sua jurisdição ou controlo. Quando entrará em vigor? Aberto à assinatura e ratificação desde 20 de Setembro de 2017, o Tratado de Proibição de Armas Nucleares foi já assinado por 59 estados, dos quais 11 depositaram os instrumentos de ratificação: Áustria, Costa Rica, Cuba, Guiana, México, Palau, Palestina, Santa Sé, Tailândia, Venezuela e Vietname. É indispensável a sua ratificação por 50 estados para que entre em vigor.
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A campanha continua! A campanha na qual se inseria a petição foi lançada a 26 de Setembro de 2017, simbolicamente no dia em que a ONU assinala o Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares e apenas seis dias após o Tratado ter sido colocado à subscrição e ratificação por parte dos estados. Designada Pela Paz, Pela Segurança, Pelo Futuro da Humanidade – Pela Assinatura por parte de Portugal do Tratado de Proibição de Armas Nucleares, a campanha, que prossegue, tem como propósitos esclarecer a população portuguesa para os riscos inerentes a uma guerra nuclear e mobilizá-la para uma ação mais firme e alargada pelo fim das armas nucleares e de destruição massiva. Tão expressiva recolha de assinaturas dá mais ânimo para continuar a campanha, através de acções de sensibilização e debate e da exposição que o CPPC produziu para o efeito.
Razões de uma campanha A campanha do CPPC, que continua, mobilizou amplos sectores da população portuguesa. As mais de 13 mil assinaturas recolhidas para a petição foram entregues na Assembleia da República no dia 5 de Julho, por representantes do CPPC e da Associação Projecto Ruído (em baixo)
O CPPC tem na exigência do fim das armas nucleares e de destruição massiva e no desarmamento geral, simultâneo e controlado duas das suas mais antigas e permanentes causas. Ao longo dos anos, em múltiplas e diversificadas acções (de tomadas de posição públicas a debates, de abaixo-assinados a manifestações), exigiu juntamente com muitos outros o fim destas armas de destruição generalizada e a tomada de medidas tendentes à sua proibição. Hoje, num momento particularmente perigoso da situação internacional, marcado por uma constante e crescente tensão entre potências nucleares, uma campanha com semelhantes propósitos é não apenas justificada, como urgente. Independentemente de quem a iniciasse, uma guerra nuclear teria consequências catastróficas para toda a Humanidade, cuja sobrevivência seria seriamente ameaçada. Uma explosão nuclear conduz à morte imediata de todos quantos se encontrem num raio de vários quilómetros da zona do impacto e à morte lenta de muitos outros pela exposição à radiação. A incidência de doenças oncológicas e malformações genéticas é, ainda hoje, muito elevada em Hiroxima e Nagasáqui – e já passaram mais de 70 anos sobre os bombardeamentos nucleares. Mas uma guerra nuclear teria hoje igualmente efeitos duráveis sobre o ambiente, conduzindo a alterações meteorológicas globais catastróficas que persistiriam por vários anos. Os efeitos do chamado Inverno Nuclear reduziriam a duração ou eliminariam mesmo os períodos férteis de crescimento das plantas durante anos, levando a maior parte dos seres humanos e outras espécies animais a sucumbir à fome. Segundo a Federação dos Cientistas Americanos, existem no mundo cerca de 16 mil ogivas nucleares, das quais cerca de 15 mil estão em poder dos Estados Unidos da América e da Federação Russa. As restantes estão nas mãos da França (300), China (270), Grã-Bretanha (215), Paquistão (120-130), Índia (110-120), Israel (80) e República Popular Democrática da Coreia (menos de 10). Outros cinco países – Alemanha, Bélgica, Holanda, Itália e Turquia – acolhem armas nucleares dos EUA no seu território, que se encontram igualmente espalhadas pelo mundo, em centenas de bases militares e esquadras navais. Os EUA, que – é bom ter sempre presente – admitem a possibilidade de um ataque nuclear preventivo, gastam mais no seu arsenal e realizaram mais ensaios com armas nucleares do que os restantes oito países juntos. Recentemente, a actual administração norte-americana decidiu investir mais de um bilião de dólares no chamado «programa de revitalização atómica», que visa o desenvolvimento de armas nucleares mais sofisticadas e inteligentes, menores e mais difíceis de detetar. Pela dimensão e potência dos actuais arsenais nucleares, uma guerra nuclear não se limitaria a replicar o horror vivido em Hiroxima e Nagasáqui, antes o multiplicaria por muito. Basta que seja utilizada uma pequena parte das bombas nucleares existentes para que a vida na terra fique seriamente ameaçada. Por isso assume tanta importância e prioridade o Tratado de Proibição de Armas Nucleares. As pressões são muitas para que ele não venha a ser uma realidade, mas a acção dos povos terá a última palavra! CPPC
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CPPC solidário com os povos
Em defesa da paz e da soberania N
os últimos meses, o CPPC voltou a dar expressão pública à solidariedade com a luta dos povos pela paz, a soberania e o progresso social. Especial destaque teve o apoio ao povo da Palestina, alvo da ocupação e dos massacres perpetrados pelo Estado de Israel com o apoio dos Estados Unidos da América. Isto foi uma vez mais visível na decisão da administração norte-americana de transferir a sua embaixada em Israel para Jerusalém, o que não só viola resoluções internacionais como representa uma autêntica provocação ao povo palestiniano e à sua aspiração a um Estado soberano, independente e viável, conforme estipulado nas resoluções das Nações Unidas. Em meados de Maio, em Lisboa e no Porto, centenas de pessoas manifestaram-se pelo fim dos massacres israelitas contra a população palestiniana da Faixa de Gaza, que vitimaram mais de 100 pessoas, grande parte dos quais jovens. Também os povos da América Latina, que enfrentam a ofensiva conjugada das oligarquias internas e dos EUA contra os seus direitos e os avanços alcançados nos últimos anos, mereceram a solidariedade do CPPC, que realizou diversas iniciativas. Parti-
cular expressão tiveram a sessão pública de solidariedade com os povos da América Latina, de 7 de Junho, em Lisboa; o debate a 10 de Abril com o ministro venezuelano das relações exteriores, Jorge Arreaza; e as iniciativas públicas realizadas em Lisboa e Porto contra a prisão ilegal do antigo presidente brasileiro Luiz Inácio «Lula» da Silva, novo e grave episódio do golpe de Estado em curso naquele país. Na sequência do ataque militar conjunto dos EUA, Reino Unido e França contra a República Árabe da Síria, em 14 de Abril, em Lisboa, e posteriormente no Porto, o CPPC e outras organizações promoveram acções de rua pela paz e pelo fim da agressão àquele país, seja ela aberta ou encapotada. O apoio aos refugiados e migrantes, quer na vertente do acolhimento justo e digno, quer na de inversão da desestabilização e destruição dos seus países de origem por parte das potências da NATO e da UE, foi também manifestado. O CPPC congratulou-se ainda pela aproximação entre as duas Coreias e o que isso pode significar para a paz na região e participou na Marcha pela Paz em Chipre, pela reunificação do país e para que ele deixe de ser usado para a agressão a outros povos.
Conselho Português para a Paz e Cooperação Rua Rodrigo da Fonseca, 56 - 2.º 1250-193 Lisboa Portugal Tel. 21 386 33 75 conselhopaz@cppc.pt e www.cppc.pt, facebook.com/conselhopaz Pagamento de quotas e donativos através do NIB: 0035 2181 00004570930 06
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