Fevereiro/Março 2019
Notícias da Paz CONSELHO PORTUGUÊS PARA A PAZ E COOPERAÇÃO
Esclarecer e mobilizar pela paz e a solidariedade E
ste é um momento de desenvolver campanhas de esclarecimento, informação e solidariedade com povos que estão a sofrer ingerências externas, bloqueios económicos, financeiros e diplomáticos, violência e agressões diversas. E são muitos, destacando-se Palestina, República Bolivariana da Venezuela, Iemén, Saara Ocidental, sem esquecer Síria, Iraque, Cuba e outros países onde EUA, NATO, União Europeia e seus aliados persistem em ameaçar intervir. Por isso, este é também um momento de procurar a convergência de vontades e a acção em defesa da paz, como se reafirmou no Encontro pela Paz que se realizou no dia 20 de Outubro do ano pas-
sado, em Loures, e onde participaram mais de 700 pessoas e 50 organizações e entidades diversas. Conscientes de que a paz é um direito fundamental da humanidade, sem o qual nenhum outro estará garantido, cabe a todos os amantes da paz redobrarem esforços de esclarecimento e desenvolverem acções de solidariedade com os povos ameaçados ou em luta pelo seu direito soberano de escolherem o seu caminho livre de ingerências externas, sem agressão e opressão. O Conselho Português para a Paz e Cooperação tem-se empenhado em unir esforços e vontades no esclarecimento e na mobilização da solidariedade com os
povos em luta vítimas da agressão imperialista, dando continuidade a 70 anos de luta pela paz. Como se poderá ver neste Boletim Notícias da Paz, são inúmeras as actividades, incluindo na educação para a paz e na cultura da paz, na solidariedade, área onde, nesta última fase, tomou maior expressão a solidariedade com a Revolução Bolivariana. Iremos prosseguir na afirmação dos valores de Abril, no ano em que se comemoram 45 anos da revolução de 25 de Abril de 1974, apelando a todos que se empenhem na defesa da paz e da cooperação em alternativa à guerra e à rivalidade nas relações internacionais.
CPPC
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CPPC participou em iniciativas em Damasco
Pela paz na Síria! Fim à agressão! O CPPC participou, no final de Outubro, em duas importantes iniciativas realizadas na República Árabe da Síria: a reunião do Comité Executivo do Conselho Mundial da Paz (CMP), nos dias 27 e 28 de Outubro, e numa missão internacional de solidariedade com o povo e a juventude sírios promovida, entre 29 e 31, pelo Conselho Mundial da Paz e a Federação Mundial da Juventude Democrática (FMJD). Na reunião do Comité Executivo do CMP participaram 56 delegados em representação de 29 organizações de 28 países. O comunicado aí aprovado expressa a «profunda solidariedade ao povo sírio, que há mais de sete anos enfrenta uma agressão coordenada e sem precedentes dos EUA, NATO, União Europeia e os seus aliados regionais, utilizando os vários grupos terroristas mercenários como instrumentos dos seus planos de controlo da região». O Comité Executivo expressa ainda a sua satisfação pela derrota do chamado «Estado Islâmico» e outros grupos terroristas e manifesta a sua preocupação pela situação nos territórios no norte e leste do país, com a presença militar ilegal dos EUA, da França, da Turquia e de outros países da NATO. O Conselho Mundial da Paz reafirma o seu total apoio à «integridade e unidade territoriais» da Síria, opondo-se assim a «qualquer tentativa de dividir ou desmembrar o país» e à continuada ingerência externa nos assuntos internos do país do Médio Oriente. Missão de Solidariedade Na Missão de Solidariedade promovida pelo CMP e pela FMJD participaram 92 activistas de 55 organizações (na sua maioria filiadas nas duas estruturas) provenientes de 37 países. Da vasta agenda da missão destacam-se a Conferência Internacional que teve lugar na Universidade de Damasco, com a participação de 400 estudantes sírios, e as reuniões e encontros com personalidades do país, 2 Notícias da Paz
entre os quais os presidentes da República, Bashar Al-Assad, e da Assembleia Popular, Hammouda Sabbagh. Os participantes na Missão visitaram ainda diversos locais em que a guerra se fez sentir de modo particular. Na resolução final da Missão, saúda-se o «valente povo, a juventude e os estudantes da Síria», manifesta-se solidariedade perante o «sofrimento e dificuldades» verificados durante os sete anos de agressão e garante-se o «compromisso
com a luta do povo sírio até à sua vitória final e completa». A resolução termina com a convicção de que o «exemplo do heróico povo sírio mostra claramente que não importa quão forte e poderoso possa parecer e agir o inimigo imperialista, ele não é invencível». O povo sírio e sua luta constituem, assim, um exemplo e fonte de inspiração para os povos lutando pelas suas justas causas, por um mundo de paz e justiça social, livre da dominação imperialista.
16 de Março: Assembleia da Paz e homenagem a Rui Namorado Rosa
O Conselho Português para a Paz e Cooperação realiza a sua Assembleia da Paz no próximo dia 16 de Março às 10h30, na Escola Profissional Bento de Jesus Caraça (Rua Victor Cordon, Lisboa). Todos os aderentes serão convocados para esta assembleia, onde serão apreciados e votados documentos essenciais para o funcionamento diário do CPPC. A exemplo de anos anteriores, será aproveitada a oportunidade para realizar duas outras iniciativas: um almoço de convívio e, a partir das 14h30, uma sessão pública sobre os 70 anos de luta pela paz. Desde meados do ano passado que o CPPC vem assinalando este relevante aniversário destacando as iniciativas fundadoras do Movimento Mundial da Paz. Nessa ocasião será homenageado Rui Namorado Rosa, membro da Presidência do CPPC e antigo presidente da Direcção Nacional.
Face à nova escalada militarista dos EUA
Reforçar a luta pelo desarmamento A
decisão dos Estados Unidos de abandonar o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio (INF), feito pelo próprio presidente Donald Trump, constitui um novo e gravíssimo passo na promoção da corrida aos armamentos, particularmente nucleares. Longe de ser um caso isolado, esta medida insere-se numa política externa que se desvincula de tratados internacionais de desanuviamente e que é crescentemente militarista, expressa desde logo na revisão num sentido mais agressivo da sua doutrina estratégica e da sua política nuclear e ainda nas suas enormes despesas militares. Relativamente a esta última questão, importa ter presente que os EUA são, de muito longe, o país do mundo com maiores gastos militares: em 2017, as suas despesas representaram 35 por cento do total mundial, quase dez vezes mais do que a Federação Russa. Entretanto, aprovaram já, para o próximo ano, o maior orçamento militar da sua história: mais de 700 mil milhões de dólares. No seu conjunto, os 29 países da NATO assumem 52 por cento das despe-
sas militares globais e com mais alguns aliados (como Arábia Saudita, Israel, Colômbia, Japão ou Coreia do Sul), num total de 34 estados, esse valor sobe para perto dos 70 por cento; o restante terço é assumido pelos restantes 159 países do mundo! Além disso, os EUA e a NATO possuem centenas de bases e instalações militares e esquadras navais espalhadas pelo mundo, instalam um mal denominado «sistema anti-míssil» global e desenvolvem armas cada vez mais potentes e sofisticadas, convencionais, nuclea-
res e robóticas. Para o CPPC, é urgente travar esta escalada armamentista e iniciar, tão cedo quanto possível, um processo de negociações que aponte ao desarmamento geral, simultâneo e controlado, à redução dos armamentos existentes e ao desmantelamento dos arsenais de armas nucleares e de destruição massiva. É o caminho em defesa da paz e do desarmamento – e não o da cumplicidade e da co-responsabilidade com a espiral de guerra – que o Governo português deve trilhar.
Sobrevivente de Nagasáqui apoia petição do CPPC Seiichiro Mise, sobrevivente da bomba atómica de Nagasáqui, esteve recentemente no Porto a participar em iniciativas inseridas na comemorações dos 40 anos da geminação das duas cidades. Há muito que o activista japonês viaja por todo o mundo a bordo do «Peace Boat» a defender a erradicação das armas nucleares. Numa das iniciativas em que participou, realizada na escola Carolina Michaëlis, Seiichiro Mise partilhou o seu testemunho com professores e alunos e assinou simbolicamente a petição do CPPC a favor da assinatura por parte de Portugal do Tratado de Proibição de Armas Nucleares, que recolheu mais de 13 mil assinaturas, já entregues na Assembleia da República. CPPC
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CPPC converge com vários movimentos e organizações
Pela paz, solidariedade com a Venezuela Bolivariana A
defesa da Paz e a solidariedade com a Venezuela Bolivariana assumem uma grande importância, à medida que se desenrola um novo golpe de Estado contra a Venezuela e o seu povo e vai subindo de tom a ameaça de agressão militar vinda dos Estados Unidos da América. A manobra, ensaiada há muito, passa por colocar em causa a legitimidade do presidente Nicolás Maduro – eleito em Maio de 2018 com mais de 67 por cento dos votos numas eleições que a oposição golpista resolveu boicotar – e procurar impor como «presidente interino» Juan Guaidó, que, como o CPPC caracterizou, se assume como um autêntico «capataz dos EUA». Vários governos, incluindo, lamentavelmente, o Governo português, acompanharam a administração Trump no reconhecimento do golpista, mas a maioria dos países do mundo e a generalidade das organizações internacionais, a começar pela ONU, ficaram do lado do direito internacional, do respeito pela soberania e independência da Venezuela. Mobilizando um poderoso arsenal mediático contra a República Bolivariana da Venezuela, que difunde mentiras e mistificações, os EUA já fizeram saber que «todas as hipóteses estão em cima da mesa», incluindo a militar. Em diversas tomadas de posição públicas, o CPPC denunciou os intentos golpistas e a desestabilização da economia do país provocada pelo bloqueio, sanções e roubo da riqueza da Venezuela e do seu povo por parte dos EUA e outros países, ao mesmo tempo que realçou que as verdadeiras razões da acção contra a República Bolivariana da Venezuela não são humanitárias mas económicas e políticas: o país sul-americano tem as maiores reservas de petróleo do mundo e ainda consideráveis jazidas de ouro, coltan e água e afirma a sua soberania e independência nacional. Além disso, o seu posicionamento progressista e anti-imperialista é prejudicial aos planos de domínio regional dos EUA.
4 Notícias da Paz
Desmontar mistificações No dia 31, o salão da Casa do Alentejo, em Lisboa, transbordou para uma sessão de solidariedade com a Revolução Bolivariana. Intervieram representantes do Conselho Português para a Paz e Cooperação, da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional, do Movimento Democrático de Mulheres e da Associação de Amizade Portugal-Cuba e ainda os embaixadores de Cuba, Mercedes Martínez, e da Venezuela, Lucas Rincón Romero. Em todas as intervenções se denunciou e rejeitou o golpe de Estado e as manobras que o procuram impulsionar, se expressou solidariedade com o presidente eleito, Nicolás Maduro, e defendeu a legalidade democrática. Em suma, de-
fendeu-se o direito do povo venezuelano a prosseguir o rumo que livremente escolheu há 20 anos, quando, a partir da vitória eleitoral de Hugo Chávez de 1998, foi posta em marcha a Revolução Bolivariana. Em destaque estiveram ainda os avanços alcançados aos níveis da educação, da saúde, da cultura, da habitação, do bem-estar das populações, principalmente as mais desfavorecidas, da democracia participativa, que o bloqueio económico e financeiro promovido pelos EUA procura colocar em causa, no quadro da baixa do preço do petróleo ao nível mundial. Quanto ao sistema eleitoral venezuelano, a sua transparência e fiabilidade é comprovada por instituições internacionais como o Instituto Carter, valorizou-se na sessão. Em 20 anos realizaram-se
na Venezuela 25 actos eleitorais, 23 dos quais ganhos pelas forças bolivarianas. O embaixador venezuelano fez na ocasião um veemente desmentido das múltiplas falsificações lançadas para abrir caminho a uma acção militar norte-americana contra o seu país. As sanções, os bloqueios e o roubo descarado de activos da Venezuela pelas potências ocidentais e seus aliados agravam a situação económica do país, usada depois como argumento para o golpe. Fazem o mal e a caramunha… Relativamente à numerosa comunidade portuguesa, o embaixador garantiu que muitos luso-venezuelanos defendem com afinco a Revolução Bolivariana.
De Norte a Sul Na véspera, o Centro Católico de Operários do Porto acolheu uma sessão pública de solidariedade com a Venezuela Bolivariana. João Rouxinol apresentou a iniciativa, em que intervieram também Joana Rodrigues, da União de Sindicatos do Porto (CGTP-IN), Conceição Mendes, do MDM, Jorge Sarabando, da Associação Conquistas da Revolução, Luísa Barateiro, da Ecolojovem, e Ilda Figueiredo, do CPPC. Esta, perante cerca de uma centena de pessoas, qualificou de «inadmissíveis» o reconhecimento pelo Governo português de Juan Guaidó como «presidente interino» da Venezuela e as sanções e bloqueio impostos e agravados pelos EUA contra o país, que afectam sobretudo o povo venezuelano, que tanto dizem defender. Ilda Figueiredo estabeleceu em seguida um paralelismo entre a actual situação na Venezuela e a guerra económica e ingerência movidas na década de 70 do século passado para derrubar o governo popular de Salvador Allende, que resultou na sangrenta ditadura de Pinochet. Então como hoje, a coordenação entre os EUA e a oligarquia interna foi a chave do golpe. A administração Trump, como a de Obama e todas as anteriores, não se conformam que a América Latina algum dia deixe de ser o «pátio das traseiras» dos EUA, como foi durante mais de um século. Para dia 22 às 18 horas realiza-se na Voz do Operário um acto político de cultural de solidaridade com a Revolução Bolivariana, no qual participam artistas como El Sur, Freddy Locks, Jorge Rivotti, Sebastião Antunes e a dupla Tiago Santos e Sofia Lisboa. A organização é do CPPC e de várias outras organizações.
Palavras solidárias
O CPPC tem tomado múltiplas posições públicas de solidariedade com a Revolução Bolivariana e de condenação pela tentativa de golpe em curso e seus defensores.
“A condenável postura subserviente aos interesses dos EUA assumida pelo
Governo português [ao reconhecer Juan Guaidó como ‘presidente interino’] torna-o, não só cúmplice, como activo promotor, da manobra golpista em curso contra o legítimo Presidente da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro e o regime constitucional venezuelano, que dá continuidade a duas décadas de desestabilização e ameaças contra a Republica Bolivariana da Venezuela e o povo venezuelano, que atingem igualmente a comunidade portuguesa que vive naquele país.” 4 de Fevereiro de 2019
“Perante o boicote e a imposição de um férreo bloqueio económico e financeiro,
perante a tentativa de isolamento político e diplomático da Venezuela, que visam atingir a economia deste país e prejudicar as condições de vida do povo venezuelano, quem defende a paz e o direito de cada povo a definir, livre de ingerências externas, o seu futuro, só pode exigir o fim do boicote e do bloqueio económico, pois é o seu fim que serve os interesses do povo venezuelano e da comunidade portuguesa que vive na Venezuela.” 22 de Janeiro de 2019
“Às severas sanções e bloqueio económico, financeiro e comercial dos EUA,
somam-se agora as inaceitáveis declarações e medidas de países do denominado 'Grupo de Lima', acompanhadas pela União Europeia, que afirmam não reconhecer a legitimidade do resultado eleitoral de 20 Maio de 2018, que deu um amplo apoio à reeleição do Presidente Maduro, face a uma parte da oposição totalmente submetida já não só aos interesses como às ordens vindas dos Estados Unidos da América.” 11 de Janeiro de 2019
CPPC
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CPPC apoiou e participou
Dublin acolheu Conferência contra bases dos EUA/NATO O
CPPC participou na Primeira Conferência Internacional Contra as Bases Militares dos EUA e da NATO, que se realizou na capital da Irlanda, Dublin, entre 16 e 18 de Novembro. A iniciativa partiu de um movimento lançado nos Estados Unidos da América, a que se associaram diversas personalidades e entidades de todo o mundo, como o Conselho Mundial da Paz, cujos órgãos dirigentes o CPPC integra. Na iniciativa, acolhida pela Aliança pela Paz e a Neutralidade da Irlanda (PANA), participaram cerca de 300 pessoas, de mais de 35 países. Oradores vindos de países como Alemanha, Argentina, Austrália, Brasil, Chipre, Colômbia, Cuba, EUA, Grécia, Irlanda, Israel, Itália, Japão, Palestina, Polónia, Portugal, Quénia, Reino Unido, República Checa, República Democrática do Congo e Turquia. A conferência de Dublin representou o primeiro esforço organizado pela recentemente formada Campanha Global contra as Bases Militares dos EUA/ /NATO, criada por mais de 35 organizações de paz, justiça e defesa do ambiente, e por activistas de todo o mundo, unidos na rejeição das bases militares em território estrangeiro e pugnando pela sua abolição e, no imediato, das
«cerca de 1000 bases dos EUA/NATO, espalhadas por todo o mundo e que constituem os principais pilares da dominação imperialista pelos EUA, NATO e UE», como a principal ameaça à paz e à humanidade, e que têm de ser todas encerradas» (as aspas não batem certo), lê-se no comunicado aprovado na Conferência. Os participantes concordaram em trabalhar em «colaboração estreita, de forma coordenada», para organizar e mobilizar os povos do mundo contra estas mesmas bases. Os 70 anos da NATO, que se assinalam em Abril do próximo ano, são um momento de efectivar esta convergência. UE converge com EUA e NATO A presidente da Direcção Nacional do CPPC, Ilda Figueiredo, foi uma das oradoras na Conferência, centrando a sua intervenção na denúncia da militarização da União Europeia (UE) e da convergência desta, nas questões essenciais, com os EUA e a NATO. Apesar de, notou, se registarem crescentes contradições entre estes dois pólos. Relativamente à militarização da UE,
Ilda Figueiredo destacou a sua aceleração recente: em 2018, foi lançada a Cooperação Estruturada Permanente em matérias de Defesa e Segurança (PESCO, na sigla inglesa), pouco depois de ter sido criado o Fundo de Defesa e implementado o Programa Industrial de Defesa, com o desenvolvimento da indústria armamentista como objectivo central. Aliado a isto, o projecto do «Exército Europeu» (que retomou em força na voz dos líderes da Alemanha e França, Merkel e Macron), que – não sem rivalidades – converge com os EUA, faz da UE cada vez mais o pilar europeu da NATO. Também o alinhamento da União Europeia com as guerras de agressão desencadeadas pela NATO e pelos EUA (como na Jugoslávia, Afeganistão, Iraque, Líbia ou Síria) e com a escalada de tensão face à Rússia e China comprova a natureza do processo de militarização que se encontra em marcha acelerada no continente europeu – com perigos imensos para a paz e a segurança no continente.
Não à militarização da UE
As organizações da Europa membros do Conselho Mundial da Paz, das quais o CPPC é coordenador, opõem-se à militarização em curso da União Europeia (UE), considerando-a contrária à paz e aos interesses dos povos. Lembrando o apoio ou conivência da UE com «agressões militares e acções de desestabilização desencadeadas pela NATO, ou pelos seus membros, contra a soberania e independência de Estados», as referidas organizações consideram este processo de militarização não um «passo na direcção da defesa da paz», como alegam os seus defensores. Representa, pelo contrário, «crescente intervencionismo e a ameaça da guerra».
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Agressão militar liderada pela Arábia Saudita
Crise humanitária no Iémen A
agressão militar contra o Iémen liderada pela Arábia Saudita (com a participação das forças militares de outras monarquias da região e o apoio dos EUA e da NATO) dura já há quase quatro anos e os resultados são dramáticos: a Cruz Vermelha e a ONU falam mesmo da «maior crise humanitária do mundo». Criminosos bombardeamentos contra campos de deslocados e outros alvos civis, a par do desumano bloqueio terrestre, naval e aéreo que impede o abastecimento de alimentos e medicamentos, agrava a catástrofe que se abateu sobre 22 milhões de seres humanos. A intervenção saudita no conflito iemenita, lembre-se, foi apresentada como uma acção «humanitária» destinada a «proteger civis», mas na realidade é uma tentativa de esmagar a resistência do movimento popular Ansarullah e recolocar no poder o antigo presidente e velho aliado colaboracionista Abd Rabbuh Mansur Hadi, actualmente exilado na capital saudita, Riade. Os países agressores visam, na realidade, assegurar o domínio do país e da região. São, de facto, interesses geoestratégicos e a competição feroz pelo domínio dos recursos naturais – nomeadamente das imensas reservas de combustíveis
fósseis, rotas comerciais e de transporte de matérias-primas energéticas –, aliados aos grandes negócios do armamento, a alimentar a continuação da guerra imposta ao Iémen, totalmente à revelia do Direito Internacional.
Retrato do drama O que a Arábia Saudita e seus aliados estão a fazer no Iémen é um crime: dezenas de milhares de mortos, dois terços dos quais civis, e mais de 50 mil estropiados. Num país com 29 milhões de habitantes, 80% da população necessita de ajuda alimentar e um terço sofre doenças provocadas pela fome extrema e outras privações, ou doenças decorrentes da contaminação de águas e de ambientes insalubres: só no ano passado, um milhão de pessoas foi infectada com o vírus da cólera. Segundo a UNICEF, 1,8 milhões de crianças iemenitas sofrem diariamente de má nutrição e são cerca de 30 mil as crianças com menos de cinco anos que todos os anos morrem por inanição ou por doenças que têm origem na má nutrição. A cada 10 minutos, uma criança morre de doenças facilmente evitáveis. As forças agressoras levam a cabo massacres indiscriminados sobre popu-
lações indefesas, bombardeando de forma frequente e continuada bairros residenciais, hospitais, escolas e outros edifícios públicos, locais históricos e de culto, e infraestruturas diversas, como sistemas de captação e tratamento de água.
Exigências fundamentais Num comunicado emitido em Novembro, o CPPC defende o «fim da agressão contra o Iémen, o que passa por parar imediatamente os bombardeamentos e quaisquer acções militares, assim como o levantamento do criminoso bloqueio e de quaisquer restrições ao abastecimento de alimentos, roupas e medicamentos». Por outro lado, impõe-se a «abertura urgente de negociações com vista a uma solução política para o conflito, mediada pelas Nações Unidas que respeite a soberania e integridade territorial do Iémen». Do Governo português o CPPC exige a «clara condenação da guerra de agressão contra o Iémen», e que, nas instituições internacionais em que participa, pugne pela defesa do direito internacional e dos princípios da Carta das Nações Unidas. CPPC
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CPPC com intensa actividade em todo o País
Levar mais longe os valores da paz e da solidariedade T
em sido intensa e diversificada a actividade do CPPC: debates, sessões, concertos, exposições e almoços, a par da frequente tomada de posição sobre múltiplas e prementes questões internacionais e o posicionamento das autoridades portuguesas relativamente a elas, em nome próprio ou em convergência com outras entidades, particularmente as que estiveram envolvidas na realização do grande Encontro da Paz do passado dia 20 de Outubro. Na sequência do Encontro pela Paz, foi promovido pelas mesmas organizações, a 23 de Janeiro, na Casa do Alentejo em Lisboa uma sessão sobre «Os Direitos Humanos e a Paz», na qual se celebrou o 70.º aniversário da aprovação da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Sobre o mesmo assunto, o CPPC realizou uma palestra no Porto a 11 de Dezembro de 2018. Também no Porto, mas a 5 de Janeiro, teve lugar mais um excelente Concerto pela Paz, que levou ao palco do Rivoli a Orquestra Juvenil de Bonjóia, o Bando dos Gambozinos, o Balleteatro, o quarteto de saxofones da Academia de Música de Costa Cabral e o quarteto Room 204 da Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo do Porto.
A apresentação foi de Clara Godin e João Tarrafa e as 700 pessoas presentes esgotaram a lotação da sala. No Algarve, a acção do CPPC foi intensa, primeiro com as exposições «Artistas pela Paz», que estiveram patentes no final do ano passado em Olhão e Vila Real de Santo António e depois, já em Fevereiro, com vários debates e sessões nos concelhos de Lagoa, Silves e Portimão. Em Almada, 50 pessoas deram corpo a um almoço pela paz no dia 26 de Janeiro, e realizaram-se debates em escolas do Seixal, Barreiro, Lisboa, Porto e Marco de Canaveses. A difícil situação por que passa o povo e as forças do progresso e da paz no Brasil também mobilizou o CPPC e os seus activistas. A solidariedade com Cuba deu o mote A Câmara Municipal do Seixal acolheu no dia 28 de Janeiro uma reunião a uma participada sessão pública no Porto, a do Movimento de Municípios pela Paz, do qual é coordenador. A definição 11 de Fevereiro, com a presença da embaidos objectivos para 2019 foi um dos principais pontos da agenda da reunião, xadora Mercedes Martínez. Já o apoio solina qual estiveram presentes os municípios de Alcanena, Azambuja, Castelo dário ao povo da Palestina motivou um vasto Branco, Cuba, Évora, Fundão, Grândola, Loulé, Loures, Maia, Moita, Montemorconjunto de iniciativas, desde uma tomada -o-Novo, Moura, Palmela, Reguengos, Seixal, Sobral de Monte Agraço e Soure. de posição pública do CPPC pela libertação O CPPC esteve presente e enquadrou os trabalhos. do preso político Ahmed Saadat a uma reuA evocação de efemérides significativas no contexto da luta pela Paz (como o Dia nião com deputados da Assembleia LegislaInternacional do Desporto para o Desenvolvimento e a Paz, o Dia Internacional tiva Palestiniana no Seixal, passando pela da Paz, Dia Internacional para a Abolição Total das Armas Nucleares ou participação no seminário «Palestina: Hisos bombardeamentos nucleares sobre Hiroxima e Nagasáqui) e o alargamento tória, Identidade e Resistência de Um País do movimento foram temas em debate. Na reunião decidiu-se realizar uma visita Ocupado», promovida por várias entidades solidária à Palestina no final de Março. e que se realizou no Auditório dos Serviços Centrais daquele município.
Movimento de Municípios pela Paz reúne no Seixal
Conselho Português para a Paz e Cooperação Rua Rodrigo da Fonseca, 56 - 2.º 1250-193 Lisboa Portugal Tel. 21 386 33 75 conselhopaz@cppc.pt e www.cppc.pt, facebook.com/conselhopaz Pagamento de quotas e donativos através do NIB: 0035 2181 00004570930 06
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