Dezembro 2016
Notícias da Paz Desenho de Pablo Picasso para o Conselho Mundial da Paz, 1958
CONSELHO PORTUGUÊS PARA A PAZ E COOPERAÇÃO
P
erante uma evolução da situação internacional muito complexa, o Conselho Português para a Paz e Cooperação tem procurado manter uma intervenção cada vez mais ampla, com actividades multifacetadas, em estreita ligação com outras organizações, movimentos e entidades, na denúncia do reforço do militarismo e da ofensiva imperialista, com destaque para os EUA, a
NATO e potências da União Europeia, no desenvolvimento da solidariedade com os povos vítimas dessas agressões, no reforço da educação para a paz e do desenvolvimento de uma cultura de paz, como se pode ver nas páginas deste boletim, tendo também participado em iniciativas internacionais. Merece especial destaque a importante Assembleia Mundial da Paz reali-
zada em S. Luís do Maranhão, no Brasil, entre 18 e 19 de Novembro, e que teve como lema «Fortalecer a solidariedade entre os povos, na luta pela paz, contra o imperialismo», a que se seguiu a Conferência Internacional da Paz, sendo anfitrião o CEBRAPAZ, e onde o CPPC teve significativa participação como coordenador para a Europa do Conselho Mundial da Paz e membro do seu executivo e secretariado, cargos que mantém no mandato agora iniciado. A realização da Assembleia Mundial da Paz na América Latina, região onde têm vindo a ter lugar importantes processos de afirmação soberana e de sentido progressista, com repercussões ao nível deste subcontinente e mundial, teve especial significado, dado que há importantes processos a enfrentar a acção desestabilizadora dos Estados Unidos e das oligarquias locais, que procuram revertê-los, como aconteceu recentemente na Argentina e no Brasil. No entanto, os povos e diversos países – como a Bolívia, Cuba, Equador, Nicarágua, Venezuela – têm resistido, defendendo a sua soberania, os seus direitos e os avanços alcançados. Por isso, ali expressámos a nossa solidariedade à sua luta, com uma menção particular ao povo do Brasil que luta contra o golpe de Estado que depôs a presidente eleita, Dilma Roussef, e pela defesa da democracia e o progresso social, a Cuba e à sua revolução e à Venezuela bolivariana. Como ali se exemplificou, enfrentando a ofensiva imperialista, a brutal barbárie que esta representa e a grande ameaça que encerra, os povos levam a cabo uma persistente e corajosa luta em defesa dos seus direitos, da soberania e da independência dos seus estados, pela paz, a liberdade, a democracia, o seu direito ao desenvolvimento e progresso social. O desafio que se coloca é o fortalecimento desta luta contra a guerra e o militarismo, pela paz e a solidariedade com os povos vítimas da ingerência e agressão imperialista, como se afirma na Declaração Final da Assembleia Mundial da Paz.
1 CPPC
Intensa actividade do CPPC nos últimos meses
Alarga-se o campo da paz O
s últimos meses de 2016 foram marcados por uma intensa e diversificada intervenção do CPPC tendo como eixo o alargamento do campo dos defensores da paz e da solidariedade, num momento em que tal é de crucial importância. Caso exemplar deste esforço foi a realização, a 29 de Outubro, de uma iniciativa conjunta com a Câmara Municipal do Seixal, denominada Municípios pela Paz, que contou com a presença, entre outros, de Ilda Figueiredo e Joaquim Santos, respectivamente presidentes da direcção nacional do CPPC e da Câmara do Seixal. Os 14 municípios representados acordaram num conjunto de compromissos, destacando-se a decisão de promover um calendário de iniciativas públicas que assinalem, nomeadamente, o dia Internacional da Paz (21 de Setembro), o Dia Internacional para a Abolição Total das Armas Nucleares (26 de Setembro), os bombardeamentos nucleares de Hiroxima e Nagasáqui (6 e 9 de Agosto) e o dia 6 de Abril, que a ONU declarou Dia Internacional do Desporto ao serviço do Desenvolvimento e da Paz. Nos compromissos assumidos e a partir de então disponibilizados para todos os municípios que queiram aderir, reconhece-se, designadamente, que a paz é essencial à vida humana e uma condição indispensável para o progresso, o bem-estar, a democracia e a liberdade e que a defesa do espírito e dos princípios da Carta das Nações Unidas e da Constituição da República Portuguesa são a base fundamental para promover a liberdade, a democracia, o fim das guerras, a conquista da paz, a afirmação da soberania e independência nacionais, o desenvolvimento de relações internacionais equitativas e pacíficas e uma política de amizade e cooperação com todos os povos do mundo. Esta iniciativa marcou o lançamento de um movimento de municípios pela paz. Dia Internacional da Paz As comemorações do Dia Internacional da Paz, assinalado a 21 de Setembro, deram o mote à realização de iniciativas onde se procurou – e conseguiu – chegar mais longe na afirmação dos valores e princípios que movem o CPPC e o movimento da paz. Este ano, o momento central desta evocação foi a sessão promo-
Dia Internacional da Paz, Almada
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Municípios pela Paz, Seixal vida em Almada, resultante de uma parceria com a Câmara Municipal e o movimento associativo popular, representado pela Associação das Colectividades do Concelho de Almada e pela Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto. Nas intervenções dos representantes das organizações promotoras, referiu-se a necessária construção da paz, seja a partir do empenho numa associação ou colectividade, seja através da acção política ao serviço das populações e com a sua participação, seja ainda através do reforço do movimento da paz e da afirmação das suas causas fundamentais: o desarmamento, a solução pacífica dos conflitos, a não ingerência nos assuntos internos dos estados, o respeito pela soberania. A sessão constou ainda de uma emotiva componente cultural, com momentos de poesia, cante alentejano, canções de intervenção e gaitas de foles. No mesmo dia, o CPPC participou nas comemorações do Dia Internacional da Paz em Rio Maior, em várias iniciativas que envolveram escolas, associações e artistas locais, que assinalaram a efeméride em diversos locais da cidade. Nesse mesmo dia foi inaugurada no cineteatro municipal a exposição «Construir a Paz com os Valores de Abril», elaborada pelo CPPC, que ficou patente até final do mês, e que continua a percorrer outras instituições locais. «O Desporto e a Paz» foi o tema de uma conversa realizada na Biblioteca Municipal de Setúbal no dia 22 de Outubro, na qual participaram membros do CPPC, técnicos da autarquia e especialistas em desporto. Integrada na programação da Capital Europeia do Desporto, na sessão evocou-se o Dia Internacional do Desporto ao Serviço do Desenvolvimento e da Paz, que a ONU assinala a 6 de Abril, dia em que se iniciou a primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. Foi ainda sublinhada a importância de as escolas, autarquias, clubes e associações desportivas darem atenção a esta perspectiva do desporto enquanto instrumento de paz e cooperação entre os povos. Numa acção conjunta com o Sindicado dos Professores da Zona Sul, a presidente da direcção nacional do CPPC, Ilda Figueiredo, participou no dia 8 de Novembro em palestras realizadadas em três escolas em Lagos, Algoz e de Armação de Pêra. As sessões envolveram mais de 250 jovens e muitos professores.
Acções em todo o País
Solidariedade não é uma palavra vã S
etúbal acolheu em Outubro a semana cultural da Venezuela, promovida pela Embaixada da República Bolivariana da Venezuela e pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação, com apoio da União das Freguesias de Setúbal: esteve patente a exposição «Reverón Luz de Venezuela», que consistia de 14 pinturas evocativas dos 125 anos de Armando Reverón, destacado artista e patriota venezuelano, realizou-se a conferência «Venezuela e a Revolução Bolivariana», em que participaram o embaixador venezuelano Lucas Rincón Romero e Luís Carapinha, do CPPC, e foi emitido o filme «Mirada al Mar», do realizador venezuelano Andrea Rios. A solidariedade com a Palestina expressou-se uma vez mais, num debate realizado a 7 de Novembro na nova Biblioteca Municipal Ary dos Santos, em Sacavém, concelho de Loures. Foram oradores a presidente da Direcção Nacional do CPPC, Ilda Figueiredo, o presidente da Câmara Municipal de Loures, Bernardino Soares, e o embaixador da Palestina em Portugal, Hikmat Ajjuri. Depois de ter denunciado a intensificação da ocupação e a violência cometida sobre os presos políticos palestinianos em Israel, o CPPC assinalou a 29 de Novembro o Dia Internacional de Solidariedade com a Palestina com a distribuição de um documento, subscrito por cerca de 30 organizações, nas ruas de várias cidades. O CPPC celebrou ainda a votação,
pela Assembleia-Geral das Nações Unidas, de uma resolução de repúdio pelo bloqueio «criminoso, ilegal e imoral, que dura desde o início dos anos 60 do século passado e que constitui um atentado aos direitos humanos e um considerável obstáculo ao desenvolvimento económico e social» de Cuba. Esta que foi a mais expressiva votação de sempre – com 191 votos a favor e apenas duas abstenções, dos próprios EUA e de Israel – torna ainda mais urgente o imediato levantamento do bloqueio. O reforço da solidariedade e a continuação da resistência do povo cubano são essenciais para que a esta rejeição generalizada corresponda efectivamente o fim do bloqueio. Pouco antes, o CPPC saudara também a votação unânime da Assembleia da República exigindo o fim imediato do bloqueio.
Debate sobre Palestina, Loures
Semana Cultural da Venezuela, Setúbal
Não às armas nucleares
Solidariedade com a Palestina, Lisboa
A luta contra as armas nucleares e de destruição massiva e a exigência do desarmamento geral, simultâneo e controlado continuam a ser exigências centrais do CPPC, mais urgentes do que nunca. Assinalando a aprovação, pela ONU, a 27 de Outubro, da marcação de uma conferência em 2017, para o início de negociações visando a proibição de armas nucleares, o CPPC emitiu um comunicado denunciando o voto contra da generalidade dos países detentores desse tipo de armamento e também de Portugal. «Já os estados de África, América Latina, Caraíbas, Sudeste Asiático e Pacífico votaram esmagadoramente a favor da resolução», acrescenta. Nesse comunicado, o CPPC dá conta das notícias que garantem que os EUA terão pressionado os países membros da NATO a votar contra a resolução e a não participarem nas negociações dela decorrentes caso as mesmas vão para a frente. Este tema esteve também em destaque num debate realizado a 26 de Setembro, no Porto, com o qual se assinalou o Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares. Promovido em colaboração com a Universidade Popular do Porto, a sessão contou com as intervenções de Ilda Figueiredo, do CPPC, Sérgio Vinagre, da UPP, o escritor José António Gomes e a embaixadora de Cuba, Johana Tablada.
3 CPPC
Brasil acolheu Assembleia Mundial da Paz
A esperança constrói-se com unid M
eia centena de representantes de organizações e movimentos da paz de 33 países participaram, a 18 e 19 de Novembro, na Assembleia Mundial da Paz, que se realizou na cidade brasileira de São Luís do Maranhão. No dia seguinte, teve lugar uma conferência internacional. O CPPC, que se fez representar pela presidente e por um dos vice-presidentes da Direcção Nacional, respectivamente Ilda Figueiredo e José Batista Alves, foi reeleito para o Comité Executivo e para o Secretariado do Conselho Mundial da Paz (CMP), mantendo igualmente a coordenação da Região Europa. As organizações da Palestina, África do Sul, Nepal e Cuba assumem a coordenação das respectivas regiões: Médio Oriente, África, Ásia e América. Na presidência permanece o Cebrapaz, do Brasil, na pessoa de Socorro Gomes, da mesma maneira que o Secretário-geral e secretário executivo continuam a ser membros do Comité Grego para o Desanuviamento Internacional e a Paz. Na assembleia, os coordenadores das diferentes regiões apresentaram os seus relatórios relativos aos últimos quatro anos, ou seja, desde a anterior assembleia, realizada no Nepal. Nestes documentos era visível a intensa actividade levada a cabo pelo Conselho Mundial da Paz e seus membros nacionais e a diversidade das ameaças e desafios que estão hoje colocados a todos quantos defendem a paz e a segurança internacionais e se batem pela soberania nacional e o progresso social. Analisando a actividade recente, os movimentos da paz de todo o mundo realçaram a participação do CMP e suas organizações membros em «acções de rua, seminários, debates, congressos e reuniões regionais», que constituíram «momentos intensos de reflexão, partilha de opiniões e experiências, nos quais erguemos firmemente a bandeira da paz». Valorizando a «análise clara das principais ameaças à paz» feita nos últimos anos e as propostas por si feitas de «tácticas claras e fortes bases de unidade», o CMP acredita ter ajudado a «fortalecer o amplo movimento pelos ideais mais nobres da humanidade», ao
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Ilda Figueiredo e Baptista Alves, do CPPC, ladeiam Alfred Marder, do Conselho da Paz dos EUA, e a presidente do CMP, Socorro Gomes mesmo tempo que reafirmou o seu compromisso de «construir unidade de princípios em acção entre as amplas forças da paz e progressistas». Ameaças à paz No segundo ponto (de 61) da Declaração Final da Assembleia Mundial da Paz, aprovada no final de dois dias de trabalhos, sublinha-se o «período de profunda crise económica» e os «novos perigos e ameaças à paz» que o mundo enfrenta: entre eles, o CMP destaca as «actuais intervenções militares imperialistas contra países soberanos e a revitalização do fascismo em antigas e novas formas». Tudo isto conflui, acrescenta, numa situação particularmente explosiva, que leva o Conselho Mundial da Paz a considerar que a humanidade enfrenta hoje os «perigos de uma guerra generalizada de dimensões globais». Mais adiante no documento aprofunda-se a reflexão sobre as ameaças à paz, destacando-se desde logo o sistemático enfraquecimento das «grandes conquistas democráticas e sociais do período do pós-guerra – incluindo a descolonização e a independência nacional; o desenvolvimento social, económico e cultural; e a expansão do vigor do direito internacional em áreas como a paz e a soberania». Desde 1990, o imperialismo
«intensificou seu impulso para impor e manter posições dominantes no mundo». Ao concreto, a Declaração denuncia a destruição da Líbia e sua transformação em «diferentes protectorados servindo às potências ocidentais e seus aliados regionais», a intervenção na Síria «com o objetivo de derrubar o governo legítimo», a continuação da política de ocupação, colonização, limpeza étnica e terrorismo de Israel contra a Palestina, a criação e promoção de «forças violentas como o “Estado Islâmico”, que são instrumentos no plano imperialista de desestabilização e fragmentação» e o golpe de Estado de cariz fascista perpetrado há três anos na Ucrânia. O aumento das despesas militares por parte dos EUA e da NATO, o alargamento e reforço deste bloco político-militar e a «opção nuclear», ainda válida para muitos países, são ameaças particularmente graves, garante o CMP. Razões para ter esperança Sendo particularmente graves, não são apenas as ameaças que caracterizam a situação actual no mundo, analisada pelo Conselho Mundial da Paz. Estes são também «tempos de esperança», garantese na Declaração: uma esperança baseada nas «lutas dos povos amantes da
dade e acção paz no mundo». De modo a travar o caminho para o abismo para onde as potências ocidentais querem conduzir o mundo, o CMP apela a que se recorde as «lições das lutas históricas e unir todas as forças consequentes e amplas pela paz e o progresso numa forte mobilização cuja força, amplitude e convicção podem impedir que ocorram novas tragédias». É o que tem vindo a suceder nas diferentes partes do mundo em que movimentos populares assumem um papel cada vez mais importante «na defesa dos direitos e da soberania dos povos». Ao mesmo tempo, sustenta-se na Declaração, há movimentos governamentais, como o Movimento dos Países Não Alinhados e outros fóruns regionais, que se «opõem a quaisquer acções de hegemonia e defendem a solução pacífica de conflitos com base nas leis internacionais e na Carta das Nações Unidas e um mundo sem armas nucleares». A terminar, a Declaração Final da Assembleia Mundial da Paz assume que o «espírito do nosso tempo é a afirmação da vontade dos povos de ter o seu destino em suas mãos». Assim, é essencial desenvolver a luta pela paz, democracia e justiça, promovendo uma «ampla unidade» e, dessa forma, reforçar a «solidariedade entre os povos na luta pela paz, contra o imperialismo, como se afirmava no lema que presidiu à Assembleia.
Questões decisivas «É urgente defender o direito dos povos à autodeterminação, soberania e independência, os princípios da não-ingerência nos assuntos internos de estados soberanos e da solução pacífica dos conflitos internacionais, o fim de todas as formas de opressão nacional, o desarmamento, a dissolução dos blocos político-militares, a cooperação entre os povos e nações por uma nova ordem de paz, emancipação e progresso.» da Declaração Final da Assembleia Mundial da Paz
Silas Cerqueira (1929-2016)
Destacado combatente pela paz
A Casa da Paz acolheu, em Agosto, o velório de Silas Cerqueira, «uma das figuras mais destacadas do movimento da paz e da solidariedade em Portugal, ao qual está ligado praticamente desde a sua criação, na viragem da década de 40 para a de 50 do século XX», como sublinhou o CPPC na nota que emitiu a propósito do seu falecimento. Nascido no Porto em Setembro de 1929, oriundo de uma família baptista, Silas Cerqueira cedo integrou o movimento antifascista, nomeadamente, o MUD Juvenil. Estudou nos Estados Unidos, onde tomou contacto e combateu a discriminação racial e também a cruel realidade da Guerra da Coreia, colocando-se, de imediato, ao lado do povo coreano contra a ingerência e a agressão norte-americana e pela independência e reunificação do país. Marcado por esta experiência, integrou-se no movimento da paz português assim que regressou a Portugal, em 1952, empenhando-se desde logo na contestação à NATO e na luta contra as armas nucleares. Este seu envolvimento na luta pela paz valeu-lhe a prisão, em finais de 1952. Seria novamente preso em 1953, 1954 e
1955. Até à Revolução de Abril, nunca mais deixou de lutar activa e abnegadamente pelos valores da paz, do desarmamento, da solidariedade, da amizade e cooperação entre povos e Estados, de dar combate ao regime fascista que oprimia o povo português e os povos das colónias africanas. Durante este período, Silas Cerqueira representou inúmeras vezes o movimento da paz português em reuniões, encontros e congressos do Conselho Mundial da Paz. Após a Revolução, de regresso a Portugal, Silas Cerqueira prosseguiu e intensificou a sua actividade no movimento da paz, empenhando-se particularmente na constituição legal do CPPC e na realização das grandes conferências mundiais de solidariedade com a Palestina, África do Sul, Estados da Linha da Frente e povos da Nicarágua e América Central. Deixa também o seu nome ligado à constituição dos movimento contra as armas nucleares, na década de 80. Foi membro da direcção do CPPC durante dezenas de anos, integrando nos últimos anos a sua Presidência. O CPPC homenageou-o, e a Laura Lopes, em Maio de 2014.
5 CPPC
Organizações e movimentos unem-se pela paz na Síria
«Fim à ingerência e à agressão» V
árias organizações e movimentos nacionais responderam ao apelo do CPPC e subscreveram uma posição comum acerca da guerra que continua na Síria. No texto, os subscritores lembram que «há mais de cinco anos que a Síria e o seu povo enfrentam uma cruel agressão, resultante da ingerência externa e da acção de terror de grupos de mercenários, financiados, treinados e armados pelos EUA, a França, o Reino Unido, Israel, a Turquia, a Arábia Saudita, o Qatar, entre outros países». Trata-se, assim, de uma «guerra de agressão que provocou centenas de milhares de mortos e feridos, milhões de deslocados e refugiados, a destruição de um país, com tudo o que significa para a vida dos trabalhadores e população em geral». Os grupos terroristas que agem na Síria, como a Al-Qaeda, a Al Nusra, o ISIS, entre muitos outros, são responsáveis «pelos mais hediondos crimes contra as populações, espalhando uma violência sectária, procurando destruir o Estado sírio, incluindo a sua tradição secular, laica e de liberdade religiosa, onde diversas confissões desde há muito convivem pacificamente», acrescenta-se no texto. Assim, e à semelhança de outras guerras de agressão, também na Síria está em causa o objectivo dos EUA de imporem «o seu domínio sobre o Médio Oriente», que se faz acompanhar por uma «ampla campanha mediática de manipulação e mentira». Ao procurarem impor uma «mudança de regime» na Síria através da guerra, os EUA violam «a soberania e os direitos do povo sírio, incluindo os seus mais elementares direitos humanos, e os princípios da Carta das Nações Unidas». Também a intervenção militar no país, à revelia das autoridades, consti-
Ataque à liberdade na Turquia Perante a suspensão da actividade da Associação de Paz da Turquia, o CPPC expressou a sua solidariedade à organização membro do Conselho Mundial da Paz, extensiva a outros movimentos sociais e condenou a «inadmissível atitude» das autoridades turcas. Denunciando este «ataque aos direitos e liberdades» e a repressão de que estão a ser vítimas diversas organizações e movimentos, o CPPC questiona os «reais motivos e objetivos» que estão por detrás desta acção «autoritária e antidemocrática».
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tui uma violação da legalidade internacional. As forças iranianas e russas que, com as forças sírias, combatem os grupos mercenários, estão lá a pedido das autoridades legítimas do país e, portanto, no respeito pela sua soberania, independência e integridade territorial. Respeitar a soberania Para o CPPC e as restantes organizações (sindicais, políticas, culturais), as «forças da paz, todos quantos defendem e se preocupam com os direitos dos povos e com os direitos humanos, todos os que tomaram posição contra a guerra do Iraque e contra a guerra da Líbia, não devem ficar indiferentes perante a guerra de agressão contra a Síria e o seu povo». A questão de princípio é simples: «Só ao povo da Síria cabe decidir do seu presente e futuro, livre de qualquer ingerência externa.» As organizações, manifestando a sua preocupação com a «continuação e agravamento da guerra de agressão à Síria» e com os «riscos que a situação representa para a paz mundial», reclamam o fim da ingerência e agressão ao país, bem como do «apoio aos grupos mercenários e à sua acção de terror e destruição», ao mesmo tempo que exigem o «apoio urgente às populações afectadas, aos milhões de deslocados e refugiados, vítimas da guerra de agressão». Entre os subscritores constam, para além do CPPC, a CGTPIN, a Confederação das Colectividades, o MURPI, o MPPM, a Associação de Amizade Portugal-Cuba, entre muitos outros.
Homenagem póstuma a Fidel Castro na Praça da Revolução de Havana, Novembro de 2016
Morreu o líder histórico da revolução cubana
Fidel continua ao nosso lado A
o tomar conhecimento do falecimento de Fidel Castro, líder histórico da revolução cubana, o CPPC emitiu um comunicado no qual expressa o seu pesar e dirige as «condolências ao governo, ao Movimento Cubano pela Paz e pela Soberania dos Povos e ao povo cubano neste momento de dor». O CPPC destaca ainda que, «ao longo da sua vida, Fidel Castro foi um abnegado lutador pela Paz, a soberania, a democracia, a liberdade, o progresso social, pelo desarmamento nuclear, a justiça, a cultura, a amizade e cooperação entre os povos, pela causa libertadora dos trabalhadores e dos povos de todo o mundo. O seu exemplo permanecerá para sempre na memória de todos os amantes do pro-
gresso, justiça social e paz». Na sua nota, o Conselho da Paz reafirma ainda a sua determinação em continuar o combate «pelos mesmos ideais que o orientaram, tomando o seu percurso de vida como um exemplo de compromisso com a justiça social e com a defesa da Paz», proclamando, a terminar, «Até a vitória, sempre». Solidariedade constante A rica biografia pessoal e política de Fidel confunde-se com a do povo de Cuba nas últimas décadas. Com Cuba e o seu líder, o CPPC e o movimento da paz português travaram muitas batalhas em comum: pela defesa e avanço da revolução de Abril, da qual foi um destacado
amigo desde a primeira hora, pela salvaguarda da independência de Angola, contra a invasão sul-africana, pelo fim do apartheid, contra o criminoso bloqueio imposto a Cuba pelos EUA, pela libertação dos Cinco patriotas cubanos presos nos EUA por defenderem o seu país do terrorismo, em solidariedade com os avanços progressistas na América Latina e contra a ingerência externa, contra as bases militares estrangeiras. A solidariedade com Cuba e a sua revolução tem sido uma constante da actividade do CPPC nas últimas décadas. Com o desaparecimento físico de Fidel, esta solidariedade não abrandará, pois o seu maior legado permanece num povo que teima em ser livre e em seguir o caminho que melhor lhe serve.
Paz na Colômbia O CPPC valoriza a celebração, na Colômbia, de um acordo de paz entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP), que vem pôr fim a mais de meio século de conflito armado. Celebrado em Agosto na capital de Cuba, Havana, o acordo culmina um longo processo de negociações e segue-se a um conjunto de acções concretas, assumidas particularmente pelas FARC-EP, visando este objectivo. Apesar da vitória do «Não» no referendo sobre o acordo de paz, das perseguições e da violência que persiste sobre activis-
tas sociais e militantes políticos, perpetrados pelos grupos paramilitares de extrema-direita, as bases de uma paz sólida, justa e duradoura estão lançadas. No comunicado que emitiu a 29 de Agosto, sobre o assunto, o CPPC lembrava o compromisso assumido pelo governo de «abrir as portas da democracia no país e imprimir o cunho da justiça nas relações sociais», o que levou as FARC-EP a expressar um sentido desejo: «Que nunca mais as armas da República apontem os seus canhões contra as gentes do seu povo. Que nunca mais seja necessário um levantamento.»
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Campanha de contribuição solidária do CPPC
«Reabilitar a sede, reforçar a luta pela paz» A
Direcção Nacional do CPPC lançou uma campanha de contribuição solidária para proceder a obras urgentes na Casa da Paz, tendo enviado aos seus aderentes uma missiva, assinada pela presidente desse órgão, Ilda Figueiredo: «Apelo aos amigos da Paz Estimado/a Amigo/a, como é do con-
hecimento de todos os aderentes do Conselho Português para a Paz e Cooperação, a sede do CPPC – A CASA DA PAZ, em Lisboa, é propriedade da nossa associação, de todos nós, tendo sido adquirida por subscrição pública, numa arrojada iniciativa da Direcção, então presidida pelo saudoso Silas Cerqueira, ilustre figura portuguesa no Movimento
O Rivoli, no Porto, recebe a 7 de Janeiro mais um Concerto pela Paz
Mundial da Paz. A Casa da Paz necessita urgentemente de obras, sob pena de vermos o nosso património em degradação acelerada por falta de manutenção. Estamos a envidar esforços junto das entidades competentes para obter apoios, a que nos sentimos com direito pelo serviço de interesse público que prestamos à causa suprema da Paz, e naturalmente agora dirigimo-nos àqueles com quem sempre contamos: os nossos aderentes e amigos. Aquilo que propomos é uma cotização extraordinária, voluntária, a realizar até ao final de Março de 2017 e uma contribuição dos nossos amigos. Mais um esforço pela causa da PAZ.» O pagamento das quotas ou envio de qualquer outra contribuição pode ser feito por transferência bancária para o NIB 0035 2181 00004570930 06 (agradecemos que nos informem na sequência da realização de transferências). junto dos dirigentes do CPPC ou directamente na Casa da Paz.
Conselho Português para a Paz e Cooperação Rua Rodrigo da Fonseca, 56 - 2.º 1250-193 Lisboa Portugal Tel. 21 386 33 75 conselhopaz@cppc.pt e www.cppc.pt VISITA E ADERE À NOSSA PÁGINA DO FACEBOOK facebook.com/conselhopaz
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