Mundo Contemporaneo- 3ª edição

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4ª SÉRIE - EDIÇÃO Nº3 - DEZEMBRO 2012

Um Natal de Crise

Voluntariado,

um bem comum Autocaravanismo António Zambujo: Quinto em Primeiro

O que comiam os Pré-Históricos?

Christmas and New Year


novembro 20

ÍND 4

EDITORIAL «

6

ECONOMIA «

6 8

Um Natal de Crise A Crise em Refrões

10

POLÍTICA «

10 Newshold candidata-se à privatização da RTP 11 As Eleições Japonesas e a paz Asiática 13 BP propõe Governo de Esquerda sem memorando 13 20 ou 30 anos para pagar a dívida Portuguesa, segundo Passos

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SOCIEDADE «

14 Mulher de 33 anos encontrada em estado animal 15 Vountariado, um bem comum 17 O que comiam os pré-históricos?

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CULTURA «

18 10º aniversário da rádio RUA 19 António Zambujo: Quinto em Primeiro 20 É perigoso debruçar-se para dentro 21 Richard Zenith vence o prémio Fernando Pessoa

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DICE » LAZER

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Natal Económico Autocaravanismo

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» DESPORTO 26 Rescaldo da fase de grupos da Liga dos Campeões Rescaldo da fase de grupos da Liga Europav

» INTERNACIONAL

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30

Os 10 piores massacres nos EUA Tiroteio numa Escola Primária nos EUA Christmas and New Year Liberdade Religiosa:direito ou ilusão?

34 32 41 47

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EDITORIAL

A Mundo Contemporâneo chega ao fim de um novo ciclo, foi um prazer trabalhar nesta quarta série e é, por isso, com tristeza que nos temos de despedir deste projeto. Dedicámo-nos de alma e coração ao mesmo e isso foi claro pelas horas que aplicamos na criação de uma revista que melhorou de edição para edição, quer em conteúdo quer em aspeto visual.

SECÇÃO ECONOMIA COORDENADORA

Vai ficar a saudade e o desejo de ver este projeto continuado por uma nova geração de alunos da ESEC. É importante agradecemos a todos os que participaram, ajudaram e que apoiaram este projeto, foi um prazer dar-vos aquela que esperamos ser uma boa leitura e revista. Desejamos a todos um bom ano novo e boas festas. Recordamos ainda

Inês Fernandes SECÇÃO INTERNACIONAL COORDENADORA

que se lembrem que apesar da crise, há bons e interessantes projetos no nosso país, basta força de vontade, há pessoas interessantes, bons locais para visitar e coisas interessantes para fazer. Além disso ser feliz não custa dinheiro, existe um mundo de possibilidades independentemente da crise que nos rodeia.

Sara Ruas SECÇÃO SOCIEDADE COORDENADORA EDITORES

DULCINEIA DIAS (Diretora geral) JOANA ELLIS (Subdiretora geral)

SECÇÃO CULTURA COORDENADOR

Marco Silva

4

Joana Frederico

Ana Gomes

EDITORAS

Leonor Rodrigues

Mundo Contemporâneo dezembro 2012

Marta Cascalheira

Rita Francisco

Sara Machado


Visita-nos

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Colaboradores DIRETORA GERAL

SUBDIRETORA GERAL

Dulcineia Dias

Joana Ellis

Filipa Gouveia SECÇÃO POLÍTICA COORDENADOR

EDITORAS

Maria Simiris

Mariana Costa

DIRETORA DE ARTE

Raquel Brito

Pedro Cardoso

SUBDIRETORA DE ARTE

Inês Vairinhos EDITORES

Ricardo Martins

Vanessa Santos

EDITORAS

Anuska Portela

André Palma

Joana Rocha

Rosa Teiga Leonor Coelho Tatiana Bogomazova SECÇÃO DESPORTO EDITORES COORDENADOR

Carolina Piquet SECÇÃO LAZER COORDENADORA

Paula Rego

Filipa Camacho

Ana Rita Sousa

André Santos

Diogo Oliveira

Cátia Ferreira

Maria Vieira

Nuno Andrade

EDITORAS

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ECONOMIA Um Natal de Crise Os votos de D. José Policarpo tentam ser animadores, as doações ao banco alimentar aumentaram. Mas e os portugueses? O que sentem, nesta época (supostamente) mágica? O que mudou nos seus hábitos natalícios, agora, com menos dinheiro para gastar e mais contas e impostos para pagar? O Natal chegou e, com ele, as anuais campanhas de solidariedade. Esta negra fase coletiva, sentida pelo povo português, não se reflete, por exemplo, nos bens alimentares doados, o Banco Alimentar pois excederam as expetativas. O atual pensamento português é de receio. Receio de vir a precisar dessa ajuda, conduzindo a um elevado sentimento solidário que aumentou cerca de 15%. Se, por um lado, o Cardeal Patriarca de Lisboa, na sua mensagem natalícia de 2012, diz aos portugueses para não desanimarem face à crise económica e enfrentarem esta negativa conjuntura com otimismo e positivismo, lembrando que o Natal pode contribuir para isso, há por outro lado,

Exemplo das (escassas) iluminações natalícias da baixa de Faro

bolsos vazios e fome nas ruas, excesso de dívidas e escassez Os portugueses, ainda mais obrigados a poupar face às medidas de contenção do Orçamento de Estado para 2013, veem-se forçados a diminuir no número de prendas para que o corte no bacalhau, tão típico na mágica noite da consoada,

Enquadramento económico natalício das famílias Um Natal económico não é uma opção mas sim a única realidade existente na maioria das famílias portuguesas que aguardarão pelos saldos para poderem comprar o que necessitam. Este ano, só vou oferecer prendas aos meus filhos porque com os cortes no subsídio de Natal, logicamente não se pode oferecer a toda a gente, assim fica só para a família mesmo chegada. Toda a gente deve fazer isso ou então compram prendas mais baratas. Esta opinião de João Correia é a de muitos outros portugueses. Por estas ou por outras palavras, é visível o sentimento de tristeza e angústia que o país atravessa: Este ano não vou receber a quantidade de presentes dos anos anteriores,

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porque sei que os meus pais não têm dinheiro para isso. Até os mais jovens, como Catarina Antunes, sentem a crise e, os seus pais, tal como muitos outros, não podem fingir que o nível de vida é o de há uns anos e tentam explicar aos filhos que o mais importante é estarem em família e é assim que muitos dos entrevistados terminam as suas respostas: Pedi um jogo para a Playstation mas é muito caro, não sei o que me vão dar mas, para mim, o mais importante é estarmos todos juntos. Os cortes não se verificam só a nível de prendas, as mesas portuguesas também vão estar, este ano, menos recheadas e a de Alice Ventura é exemplo disso: Costumava ter sempre muita gente a passar o Natal lá em

casa e fazia muita comida, muitos doces, vários pratos, marisco e bom vinho. Este ano reduzi o número de pessoas que lá estarão, para poder reduzir o dinheiro gasto na comida e duvido que compre marisco e vinho. Talvez só o bacalhau esteja presente e alguns doces que fazem parte da quadra. Ou, por exemplo, o casal Oliveira, que decidiu juntarse com alguns amigos e distribuírem o peso dos comes e bebes por todos, combinando, também, não trocarem prendas O nosso Natal este ano vai ser diferente, combinámos com amigos e uns levam o Bolo-Rei, outros o bacalhau, outros as bebidas, para que nenhum gaste muito dinheiro. Ah! E prendas … zero.


ECONOMIA O Natal de um funcionário público O corte dos subsídios de Natal à função pública ou a repartição, deste, em duodécimos no ano de 2013, alterou, em muito, o Natal destes trabalhadores do Estado, como nos diz a funcionária pública algarvia Gilda Isabel. Há 26 anos nesta profissão acrescenta, ainda, todas as dificuldades sentidas por esta classe trabalhadora. Durante todos esses anos em que tem exercido funções públicas, D. Gilda, nunca sentiu tantas dificul-

dades como agora que viu o seu salário, consideravelmente, reduzido: Só nos últimos dois anos senti grande diferença na minha qualidade de vida e nos meus benefícios fiscais; antes disso a minha vida sempre foi normal, sem despesas excessivas, mas sempre conseguindo pagar as minhas contas sem me preocupar demasiado com dívidas acumuladas, o que já não é o caso de hoje. Sempre tive uma vida descontraída, fazendo como tantos outros portugueses certas despesas, tais como almoçar fora todos os dias, o que hoje se torna

i m p e n s áve l . Mas não é só isto que hoje, em crise, se torna impensável para esta portuguesa que representa tantas e tantos outros: Neste momento quando faço as compras dos bens essenciais tenho sempre em atenção os preços mais reduzidos. O gasto em cinemas ou ginásios é impossível; se quero ver um filme alugo na televisão e se quero fazer exercício aproveito os aparelhos que existem em alguns pontos da cidade e faço caminhadas. E não é só a nível de lazer, alimentação ou saúde que se verificam mudanças, a nível de vestuário só é, agora, comprado o estritamente

D. Gilda Isabel, funcionária pública há 26 anos

Gilda Isabel já não recebe os seus subsídios de Natal ou de férias há dois anos o que se refletirá nos bens consumidos pela sua família nesta quadra. Habituada a natais recheados de boa comida e muitos presentes, viagens e manjares, como recorda nostálgica, vê-se agora negativa e angustiada. A nível de prendas limito-me a oferecer uma à minha filha que é escolhida com critério e uma ao meu marido, antigamente era diferente, pois para a minha filha as prendas eram sempre muitas. Em relação à comida a diferença também foi notória; temos uma ceia normal e não uma mesa rec-

heada e, ainda, cortámos em todas as luzes decorativas. As despesas com prendas foram reduzidas para menos de metade, assim como as despesas com a comida e esta família poupa, ainda, em viagens e em eletricidade, pois não tem outr hipótese de sobreviver. Este é um problema que abrange muita gente e a D. Gilda confirma-nos isso: Falando com os meus colegas, noto que partilhamos todos das mesmas dificuldades e na prática todos agimos da mesma maneira, poupando no Natal tudo o que é possível.Por fim, solicitámos a esta funcionária pública, uma mensagem para transmitir ao Estado português: O que eu gostava era que eles passassem o Natal como nós, os funcionários públicos, passamos. Gostava que

ganhassem aquilo que nós ganhamos e gostaria que esses senhores tivessem que poupar tanto como nós que, sem outra opção, temos de fazer. Para finalizar gostaria de dizer a esses senhores que cortar subsídios é muito simples, mas viver sem eles é bem complicado e, pelo menos numa altura como esta que desde pequenos aprendemos que é de partilha, o subsídio deveria ser mantido, porque por uma vez no ano todos devíamos ter o direito a ter sonhos e a poder vivê-los. Porque os sonhos … esses … ainda não se pagam. Inês Fernandes Maria Isabel Raquel Brito

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ECONOMIA A Crise em Refrões A palavra mais usada em Portugal, atualmente, é: Crise. A crise e as suas consequências perseguem-nos a todos de norte a sul do país, atingindo todas as idades e classes, o que faz com que, muitos cantores portugueses façam músicas com críticas e com relatos sobre a atual conjuntura, dando voz aos que não a têm. Boss AC é, sem dúvida, o que mais tem retratado este assunto nas suas composições musicais: Carta ao Pai Natal, Tou Farto de e Sexta Feira (Emprego bom já), são exemplos disso. Bezegol, outro artista nacional tem, agora, uma música com uma letra marcante Boss AC e marcada pelas dificuldades económicas do país: Fora da Lei. Valete e Nuno Lopes com Meu País e Chullage com Já não dá (Saímos para a rua), seguem também esta tendência. Boss AC na sua carta natalícia musical faz pedidos altruístas e de combate à crise: Queria que pusesses juízo na cabeça destes governantes; Tira-lhes as armas e a vontade da guerra; É que se não acabamos a pedir-te uma nova Terra; Ao sem-abrigo indigente, dá-lhe uma vida decente; E arranja-lhe trabalho em vez de mais uma sopa quente; E ao pobre coitado, e ao desempregado; Arranja-lhe um emprego em que ele não se sinta explorado. Num registo um pouco diferente, este cantor, descreve a realidade dos jovens portugueses: Tantos anos a estudar para acabar desempregado; Ou num emprego da treta, mal Chullage

pago; E receber uma gorjeta a que chamam salário; Eu não tirei o Curso Superior de Otário. E porque as pessoas trabalham toda a semana e chegam a sexta-feira e, até, ao fim do mês, sem dinheiro: É sexta-feira; Suei a semana inteira; No bolso não trago um tostão; Alguém me arranje emprego; Bom, bom, bom, bom; A exaustão sentida também se encontra aqui representada: Eles enterram o País o povo aguenta; Mas qualquer dia a bolha rebenta; De boca em boca nas redes sociai; Ouvem-se verdades que não vêm nos jornais; Ter carro é impossível; Tive que o vender para ter combustível; Tenho o passe da Carris mas hoje estão em greve.

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ECONOMIA Bezegol considera que o povo sabe que está a ser enganado, roubado e questiona quanto tempo mais aguentarão ver o tempo de trabalho não chegar para o sustento: Andam a brincar com a nossa vida à tanto tempo; agora são discursos de pesar e de lamento; Tento, mas eu não me aguento; a ganhar quinhento com uma vida de seiscento; Tudo tem aumento menos os salários; são assembleias a fazer de nós otários. Será que os portugueses vão ser fora da lei para terem algum nível de vida? É a questão que fica no ar. Valete e Nuno Lopes arrumam as malas com o pouco que têm, pois para eles a única opção é a emigração e, depois disso, poucos são os que voltam à sua pátria: Farto disto tudo; Farto de estar desempregado de nada servem estes canudos; Quando há trabalho são sempre temporários; Humilhantes precários, os salários hilários; União Europeia a colapsar; Portugal a mergulhar nestes dias funerários. É a despedida por que vão passar muitos portugueses: Meu país, vou me embora...; Portugal Chullage enfatiza o desespero e o drama da crise: A meter currículos em sites, só pra voltar a ouvir, que a vaga já foi preenchida. Levar as mãos à cabeça e pensar pôr termo à vida. Já pondero imigrar para França ou Angola. A indignação não mudou e a revolta contra o Governo continua: Os verdadeiros assaltantes entram no banco na maior e saem com as mãos no bolso do fato e o dinheiro desviado pra um offshore. A falta de emprego é também enfoque nesta música: Endividei-me para pagar propinas e um certificado. Ter uma licenciatura para ficar desempregado ou acabar num call center ou caixa de supermercado a trabalhar a recibos verdes com 500 euros de ordenado. Todos partilhamos o refrão desta música … Já não dá, já não dá para aguentar. Inês Fernandes Mariana Costa

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POLÍTICA Newshold candidata-se à privatização da RTP A empresa angolana Newshold, proprietária do semanário «Sol» e detentora de uma participação de 15,08% no grupo Cofina, é uma das candidatas à privatização ou concessão da RTP caso o negócio seja «interessante» para ambas as partes Em resposta aos comentários e notícias de caráter xenófobo, que a administração da empresa afirma ter sofrido, a Newshold garante que possui capacidades e meios para apresentar uma vigorosa candidatura à privatização ou concessão da RTP. Acrescentado ainda, que estes comentários ou notícias não serão motivo de alteração da sua decisão. A Newshold justifica a origem das recentes opiniões difamatórias publicadas, caraterizando-se como sendo alvo do «nervosismo do mercado» e de «uma fúria persecutória de alguns dos seus atores» no processo de privatização da RTP. A empresa justifica o encobrimento das intenções em relação à RTP com a incerteza que o próprio governo português mostrou sobre o destino que reserva à rádio e televisão de Portugal. Por isso, optara por uma «posição reservada para o momento em que haja um modelo de negócio aprovado». «É, pois, chegado o momento de

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a Newshold afirmar, para que não restem quaisquer dúvidas, que, na hipótese de a solução a definir pelo Governo português para a privatização ou concessão da RTP se revelar um negócio interessante para as partes, a Newshold tem disponibilidade e meios para, isoladamente ou em parceria, apresentar uma candidatura séria com vista a assegurar e garantir a implementação de um projeto verdadeiramente sólido e independente para a RTP». A Newshold sente-se confiante e diz que pretende investir «em força no mercado audiovisual por tuguês» pois acredita «convicta e fundamentadamente» na sua viabilidade. Carateriza-se como sendo quem está nas melhores condições para manter vivo o projeto da RTP em todo o mundo lusófono. A administração tem sido apontada com frequência pelo sector dos media portugueses como um grupo supostamente «misterioso», de interesses alegadamente «obscuros» e

«angolanos». A Newshold garante que estas afirmações são falsas. O grupo afirma que os acionistas têm de facto nacionalidade an golana mas também portuguesa. Diz ainda que uma das causas de tanto incómodo é atribuída ao facto de serem «absolutamente independentes» dos interesses que condicionam os media portugueses, nomeadamente a banca e a finança. «O facto de não ter compromissos nem dívidas para com quaisquer ideologias, regimes ou financiadores externos lhe permite reunir condições únicas para ser completamente independente, com plenas condições para se concentrar única e exclusivamente na qualidade, no rigor e na liberdade de trabalho dos seus profissionais e dos títulos que detém, prosseguindo o objetivo único de servir o público e de ser referência no mercado da comunicação social em Portugal e em todo o mundo lusófono», descrito no comunicado.


POLÍTICA Contra a privatização da RTP O líder do PS, António José Seguro, está contra a privatização da RTP. O governo «quer fazer uma privatização à pressa, mas nós estamos contra», disse o secretário-geral, frisando que o PS «defende princípios e defende transparência». Para o líder socialista os portugueses têm o direito de saberem quem são todos os interessados na compra da RTP. Afirma que a «democracia exige que todos nós saibamos quem

detém o poder e quem detém a influência». O conselheiro do Estado, Marcelo Rebelo de Sousa também não se mostrou muito favorável à candidatura da empresa angolana, criticando o modo e o momento da candidatura apresentada. «A maneira e o momento em que este grupo avançou, quando o Governo está para tomar a decisão, liquida quase totalmente a hipótese de vir a ganhar». Vanessa Santos

As Eleições Japonesas e a Paz Asiática No dia 16 de dezembro realizaram-se as primeiras eleições japonesas depois do acidente de Fukushima, exatamente um mês depois de Yoshihiko Noda ter declarado que iria dissolver o parlamento. Noda estava no cargo de primeiro-ministro desde setembro de 2011, depois da demissão de Naoto

Kan, extremamente criticado pela sua atuação durante a tragédia provocada pelo terramoto e maremoto. O Partido Democrático (PD), de qual faziam parte Kan e Noda, estava no poder desde 2009, mas nunca encontrou período de estabilidade, algo que tem sido recorrente no Japão – 6 primeiros-ministros em 6 anos. O período de governação de Noda foi marcado por protestos contra a energia nuclear e pelo descontentamento por parte da população depois de ter sido anunciado o desejo de voltar atrás quanto à iniciativa de abandono da energia nuclear, numa altura em que as despesas com a energia aumentavam enormemente. Para além da crise económica –

estagnação da economia nipónica nas últimas duas décadas – e crise social, o Japão também enfrenta uma crise internacional no que concerne a disputa com a China das ilhas Senkaku. Deste modo, não foi com surpresa que os Liberais Democratas (LDP), liderados pelo ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, elegeram quase 300 dos 480 deputados na câmara baixa do parlamento – órgão político mais importante no Japão -, enquanto o PD apenas conseguiu 65 deputados, uma pequena fração daqueles que tinha.

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POLÍTICA Logo após uma vitória esmagadora, o LDP e o partido «Novo Komeito», que elegeu 30 deputados, anunciaram a formação de uma coligação, conseguindo então ter dois terços do parlamento sob o controlo da coligação e a possibilidade de alterar a Constituição. Ainda assim, para ambos os partidos não é descartada a hipótese de se juntarem ao Partido da Restauração do Japão, partido de direito que elegeu 46 deputados e que pretende que as forças armadas nipónicas tenham um papel mais ativo na região, atualmente restrito pela Constituição pacífica do país, imposta pelos Aliados no

final da Segunda Grande Guerra. Quanto à questão económica, Abe disse em entrevista à televisão o seguinte: «Nós precisamos de superar a crise que afeta o Japão. Nós prometemos retirar o Japão da deflação e corrigir a força atual do iene [que penaliza as exportações]. A situação é severa, mas precisamos de fazer isto. E o mesmo é verdade para as questões da segurança nacional e da diplomacia». Shinzo Abe é um ávido defensor da impressão «ilimitada» de ienes, de forma a corrigir a força da moeda japonesa «e fazer subir as ações em Bolsa». O que, segundo o novo primeiro-ministro, «vai

ajudar a estimular o investimento e levar a aumentos dos salários, empregos e receitas das famílias». No entanto, para alguns economistas, este tipo de medidas poderá apenas criar um crescimento económico temporário que permita reduzir o endividamento público – que já supera 200% do PIB -, mas não deverá conseguir resolver os problemas estruturais do país, e trazendo, inclusive, problemas num futuro próximo, caso os mercados percam confiança em Tóquio.

Ilhas Diaoyu/Senkaku Desde 1972 que as relações entre a China e o Japão não estavam tão deterioradas. A 11 de setembro de 2012, foi anunciado pelo governo japonês a compra e, consequentemente, a nacionalização das ilhas Senkaku (Diaoyu para os chineses). Esta decisão dos japoneses causou violentas manifestações em mais de cem cidades na China. Ainda assombrados pelas atrocidades cometidas pelo Império Japonês na Segunda Guerra Mundial e descontentes com a corrupção e desigualdades sociais, os chineses encontram nas manifestações antijaponesas um escape para a frustração social. As manifestações, que tiveram implicitamente autorização por parte dos mais altos dirigentes chineses, foram mais tarde condenadas duramente, especialmente depois de a fúria dos manifestantes, como aconteceu em Shenzhen, se ter virado contra a

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sede do Partido Comunista Chinês. Enquanto uma boa parte da população ainda exige um pedido oficial de desculpas pelos crimes de guerra japoneses no passado, temos o governo japonês a cometer erros diplomáticos nada abonatórios para a manutenção de paz no continente mais povoado do mundo. Em 2011, a primeira visita oficial do primeiro-ministro Noda à China coincidia com as comemorações do Massacre de Nanquin – levado a cabo pelas tropas japonesas depois da invasão de 13 de dezembro de 1937. Esta visita acabou por ser adiada, mas ainda assim deixou uma marca negativa na relação entre os dois países. As empresas japonesas são das mais afetadas pelas tensões, sendo que uma parte da população já começou a boicotar os produtos japoneses, inclusive a fábrica da Panasonic, uma das primeiras a instalarem-se na China depois de

1987 e sendo um símbolo da amizade sino-japonesa, foi uma das mais danificadas pelas manifestações. A quebra das relações comerciais entre os dois países tem sido apontada como uma das causas da recessão na qual o Japão entrou no terceiro trimestre do ano. O mais recente incidente aconteceu quando, uma semana antes das eleições japonesas, caças nipónicos tiveram de escoltar um avião chinês para fora do espaço aéreo das ilhas. «As ilhas Senkaku são território japonês. Eu quero provar a minha forte determinação em impedir que isto venha a mudar», disse o novo primeiro-ministro Abe, numa altura em que se espera que o sistema democrático leve o diálogo até à última instância para garantir a estabilidade das relações entre os dois gigantes asiáticos.

Ricardo Martins


POLÍTICA BE propõe Governo de Esquerda sem memorando Depois de se reunir com a CGTP e UGT, o Bloco de Esquerda (BE) reunir-se-á com o secretário-geral do Partido Socialista (PS), António José Seguro, no dia 17 de dezembro (segunda-feira), faltando assim apenas agendar um encontro com o líder do Partido Comunista Português (PCP). Nesta reunião o BE vai defender a criação de um Governo de Esquerda sem memorando da troika.Segundo João Semedo, «A Esquerda está na ofensiva, a movimentar-se para criar uma ampla base social e política de apoio a um Governo de Esquerda, o que implica, no nosso ponto de vista, renunciar à política do memorando da troika». Esta reunião realiza-se por pedido do BE, no qual pretende apresentar as principais conclusões da Convenção, que se realizou nos dias 10 e 11 de novembro. Desta Convenção saiu a nova liderança do partido, partilhada por João Semedo e Catarina Martins.João Semedo defende a demissão do Governo e a realização de eleições. Diz também que uma política de Esquerda tem necessariamente

que quebrar com a política vigente, isto é, renunciar à troika.«Não consideramos que seja possível realizar uma política de Esquerda se quem a realiza tenha uma política que não seja de absoluta rejeição dessa política», afirma o co-coordenador do BE. Pedro Cardoso

Catarina Martins e João Semedo na VIII Convenção do Bloco de Esquerda.

20 ou 30 anos para pagar a dívida pública portuguesa, segundo Passos Durante uma visita ao concelho de Penela, na qual Pedro Passos Coelho visitou o Duecitânia Design Hotel, na Ponte do Espinhal e o presépio natalício da vila medieval, afirmou que a dívida pública portuguesa estará paga, aproximadamente, daqui a 20 ou 30 anos.

Pedro Passos Coelho

Segundo o primeiro-ministro português, na época em que o país recebeu muito dinheiro não o conseguiu aplicar da melhor forma, e que ao contrário das famílias e empresas que conseguiram-se ajustar muito rapidamente, o Estado tem um processo mais lento. Disse também que «o volume dessa dívida deverá, em termos públicos, estabilizar a partir do ano de 2014 e, partir de então, começar a diminuir».

Passos Coelho disse também que os reformados com pensões mais elevadas têm de dar um «contributo maior» ao Estado português, e segundo o mesmo, não é inconstitucional. No entanto, Aníbal Cavaco Silva tem dúvidas acerca da constitucionalidade da tributação das pensões dos reformados e por esse motivo irá enviar o diploma para o Tribunal Constituicional para fiscalização, apesar de proceder à sua promulgação, informação esta avançada pelo semanário Expresso, citando fonte do Palácio de Belém. Pedro Cardoso dezembro 2012 Mundo Contemporâneo

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SOCIEDADE Mulher de 33 anos encontrada em estado “quase animal” Uma mulher com 33 anos viveu isolada do mundo durante 23 anos num concelho alentejano de Serpa, no Alentejo. Ana de Fátima residia com os pais, já idosos e uma irmã. Frequentou a escola até à antiga 4ª classe e, a partir daí nunca mais teve qualquer tipo de contacto com o mundo exterior, ficando sempre fechada em casa. Foi encontrada num estado «quase animal» . Vivia num local bastante isolado, com um comportamento e umas condições de higiene completamente inadequadas perante o século em que vivemos. Deduz-se que poderá ter uma deficiência mental, dadas as condições em que foi encontrada, contudo o seu atraso no desenvolvimento pode também ser apenas fruto do seu isolamento. Helena Barreto, Diretora do Centro Distrital de Beja da Segurança Social teve conhecimento do caso através

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do presidente da Junta de Freguesia de Serpa. Após ter conhecimento da situação, no dia seguinte o p t o u por se dirigir lá acompanhada de Té c n i c a s da Segurança Social e também do presidente da Junta de Freguesia; falaram com os pais e pediram permissão para a levarem para o Centro Social e Paroquial de Briches. Atualmente, apesar de ainda comer com as mãos já se encontra estabilizada e comunica melhor. Está a ser avaliada por técnicos para

se descobrir se padece de alguma

deficiência ou se o atraso nas suas ações se devem ao isolamento que sofreu. A Segurança Social, tenta agora levar também a sua irmã para uma instituição. Dá-se o nome de crianças selvagens às crianças que desde cedo, após o seu nascimento, passam a viver em completo isolamento da sociedade. São crianças que vivem como animais, não falam e não andam como pessoas “normais”. Possuem grau zero no desenvolvimento humano, provando que uma pessoa sem contacto com a sociedade e outros seres humanos não aprende a comportar-se como tal sozinha.


SOCIEDADE O único caso português divulgado até agora, tinha sido o que Maria Isabel Quaresma dos Santos que vivia num galinheiro. Nasceu em Coimbra no ano de 1970. A sua mãe sofria de alguma debilidade mental, fator que levou a este caso selvático . Viviam as duas numa pequena aldeia que subsistia essencialmente da agricultura e da pecuária e, logo após o nascimento de Isabel, a sua mãe deixou-a num galinheiro para que pudesse ir trabalhar. Foi ai que viveu durante oito anos até ter sido descoberta

por um grupo de jornalistas que investigava o caso. Quando foi encontrada, a criança era alimentada de milho, couves cortadas e uma caneca de café. As suas caraterísticas, tanto físicas como psicológicas, assemelhavam-se às dos galináceos, o perfil, posição labial e a sua dentição formavam-se como se fosse um bico, a posição dos braços idêntica à das galinhas e os movimentos que fazia com estes eram semelhantes aos das aves. Em ambos os casos, os danos provocados por este afasta-

mento da sociedade pode ter sido excessivo, o que influenciará na recuperação de ambas. No caso mais recente, a técnica que foi a responsável pela retirada da mulher da casa dos pais, espera que não existam mais casos destes e que se existirem que sejam denunciados às entidades competentes. Carolina Piquet Paula Rego

Voluntariado, um bem comum Com a aproximação da época natalícia há um dever cívico que desperta em todos nós, o dever cívico da partilha, de dar sem esperar receber. Este sentimento urge da necessidade de tornar uma realidade tão negativa de outrem num momento em que deve predominar uma descontracção relativa a modos de se esquecer do problema que tem. Prova disso é o voluntariado que tem sido levado a cabo por anónimos, que se prestam a confortar quem se encontra numa situação fragilizada. Um contributo importante que deve ser relembrado e levado a cabo ao longo de todo o ano. Também as missões de solidariedade, que entram em vigor por na época do Natal, são expressivas da boa vontade dos portugueses e, nem mesmo a falta de recursos financeiros, inibe o povo de ajudar

quem se encontra numa situação debilitada. O Hospital Distrital de Faro foi um dos hospitais auxiliados pela Missão Sorriso, que pôde contar com algum material necessário para a ala Pediátrica, desde o ano de 2007, como confirmou a educadora Maria Brites Mariano à revista Mundo Contemporâneo: «Em 2007 fomos contemplados com algumas televisões e DVD’s e ainda nos auxiliaram com 2 camas eléctrica, a partir daí, foram-nos auxiliando com algum equipamento médico». O contributo de empresas e figuras públicas, que se associam a estas grandes causas com o objetivo de promover a angariação de donativos monetários ou compra de produtos, em que os lucros reverterão a favor destas causas sociais, são também fulcrais para um

bom funcionamento das unidades hospitalares. Assim, há uma maior resposta às primeiras necessidades das crianças internadas nos diversos centros hospitalares do país. A Missão Sorriso, considerada por muitos como uma grande missão, tem vindo a desenvolver-se ao longo dos últimos dez anos e tem se revelado muito positiva. Em parceria com o grupo Sonae, que se associou, por sua vez, à TVI, a Missão Sorriso passou a ser representada por figuras públicas que têm uma grande capacidade de influenciar o consumidor a participar nestas grandes causas. Com o intuito de ajudar inúmeros hospitais, ao longo dos anos, a adquirirem equipamentos hospitalares necessários e imprescindíveis à saúde de quem mais precisa. (continua) dezembro 2012 Mundo Contemporâneo

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SOCIEDADE Posto isto, e ainda no Hospital de Faro podemos constatar com a educadora Maria Brites a falta que estes equipamentos fazem à unidade de saúde nacional: «Fazem muita falta. Esta missão é uma mais-valia para o serviço, porque temos algum equipamento já gasto e é necessário voltar a repô-lo». Quanto ao voluntariado, a mesma, reforça a importância da existência de pessoas que se entregam ao bem comum. «Os voluntários aqui na Pediatria fazem muita falta porque as crianças estão vulneráveis e sentem-se mais motivadas com a presença deles. As iniciativas semanais, levadas a cabo por instituições que se ocupam de

proporcionar, por momentos, bemestar, são benéficas para a recuperação das crianças. Temos de saber ajustar o voluntariado às necessidades de cada criança.», disse. Considerando, então, o trabalho que tem vindo a ser prestado e que tem se revelado algo de agradável, importa referir de que instituições se tratam. São, estas, a Associação amigos da Pediatria, a Fundação do Gil, os Doutores Palhaços, o Movi-

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mento de Faro e até a Fundação Luís Figo que contribui com donativos de brinquedos no Natal e no Dia da Criança. Para finalizar, não podemos deixar de ouvir um testemunho de uma participante assídua nestas causas de solidariedade, a Sra. Fernanda Reis que faz o seu contributo através de outros meios, sem ser pelas chamadas telefónicas e tem, por isso, uma opinião relativamente à ajuda prestada: «Apesar de achar uma mais-valia a entrega de material hospitalar, gosto de ajudar através de outros meios sem ser a partir das chamadas telefónicas. Porque ao contribuir através das chamadas telefónicas estou a apoiar interesses dessas grandes entidades como a TVI, o Continente ou a PT. Respeito quem precisa e por isso contribuo de outras formas mais directas, em

que sei que a minha ajuda é integral para com quem precisa», garante. Estas são campanhas que continuam a revelar-se produtivas e, que, através da forma como chegam ao público, cada vez mais directas, têm vindo a crescer e a auxiliar quem mais precisa, não podemos por isso, ou não devemos esquecer que agora não precisos mas não sabemos o dia de amanhã, por isso, ajudar toca a todos e todos devemos contribuir para uma causa maior.

Ana Gomes André Palma


SOCIEDADE O que comiam os pré-históricos? Aquilo que comemos hoje parece não ter sido a ementa de eleição nos tempos mais remotos, muito pelo contrário, um estudo realizado no ano 2011 revelou que a ementa até parecia algo diversificada. Os primeiros animais a serem consumidos pelos nossos antepassados foram o caracol, sendo ainda comum o seu consumo, o ouriço e alguns mamíferos marinhos como os golfinhos e as focas. Uma das razões para estes animais serem comidos pelo Homem naquela altura, é o facto de serem mais fracos e, de alguma forma, mais fáceis de apanhar (até porque eram caçados assim que nasciam), tornando-se assim num alvo fácil. Ainda que na nossa cultura Ocidental seja impensável comer algum destes animais, a verdade é que em alguns países Orientais o golfinho, por exemplo ainda é alvo de pesca. Animais como o panda e a baleia, , que se encontram hojem em dia em vias de extinção, estiveram igualmente presentes no “menu ” do Homem pré-histórico. Segundo estudos do cientista e diretor do Instituto de Paleoantropologia do Museu de Chongquing, Wei Guangbiao, o sabor de alguns animais é intragável, como é o caso so panda. No caso da baleia a sua pesca foi proíbida e é politicamente incorreto comer a sua carne, contudo esta ainda é bastante popular no, assemelhando-se ao sabor de vaca. Ainda a título de curiosidade, um estudo do ano 2010 concluiu que o sabor do tiranossauro rex seria algo parecido com o sabor da carne de um falcão, para ser mais especifico algo como a usual carne de peru. Com base nestes estudos vemos que embora o tipo de alimentação e o modo como a refeição era preparada, a nossa espécie sempre comeu mais ou menos segundo os mesmos sabores, alimentando-se daquilo que seria mais fácil no meio ambiente em que se encontrava. Mais pré-histórico ou mais moderno o Homem terá sempre de continuar a alimentar-se daquilo que a natureza lhe proporciona.

Sabia que?

Joana Frederico

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CULTURA 10º Aniversário da Rádio Universitária do Algarve A RUA FM festejou no passado dia 8 de dezembro o seu décimo aniversário. Na gala comemorativa com uma emissão em direto e ao vivo, realizada no Teatro Municipal de Faro – Teatro das Figuras, estiveram presentes várias personalidades da cidade, entre elas, o Presidente da Câmara de Faro, Macário Correia, o reitor da Universidade do Algarve, João Guerreiro e o presidente da Associação Académica da Universidade do Algarve, Pedro Barros. O evento contou também com atuações do músico carismático e bem-humorado J.P. Simões, da Banda da RUA, da Versus Tuna e, também, de Frankie Chavez, em formato «one man band». Ao longo da noite, o teatro SinCera subiu ao palco para apresentar uma radionovela que contava a história de Susana de Jesus ao chegar à capital algarvia e que continuará em janeiro de 2013. Uma noite recheada de diversão e talento em que a Rádio Universitária do Algarve deu a conhecer um pouco do seu contributo na região.

JP Simões

Frankie Chavez

Leonor Rodrigues

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Versus Tuna

Sin-Cera


CULTURA António Zambujo Quinto em primeiro Com a aproximação do final de 2012, a revista Blitz divulgou quais os melhores álbuns nacionais deste ano. Nomes como Carminho, Miguel Araújo e Ana Moura fazem parte desta lista, mas o título de vencedor foi atribuído a António Zambujo com o seu mais recente álbum intitulado “Quinto”. O álbum é, exactamente o quinto disco do fadista e já é disco de ouro em Portugal. Sendo apreciado internacionalmente, o álbum também

chegou a pertencer à lista de melhores álbuns noutros países como é o caso de França. Neste seu quinto álbum o fadista, natural de Beja, abandona o lado mais purista do fado misturando a harmoniosa sonoridade da guitarra portuguesa com outros estilos musicais como a bossa nova, o jazz e, claro, o cante alentejano. “Quinto” revela assim, não só a encantadora voz de António Zambujo, mas também o seu brilhant-

ismo enquanto artista. Este magnífico álbum não deixou ninguém indiferente, o que garantiu a sua liderança na lista de melhores álbuns nacionais da Blitz. Marta Cascalheira

António Zambujo - Capa do álbum Quinto

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CULTURA É perigoso debruçar-se para dentro Luis Buñuel pensou chamar à sua primeira obra cinematográfica «É perigoso debruçar-se para dentro», obra esta que produziu com a colaboração de Salvador Dali. O filme acabou por ficar conhecido sob o título «Un chien andalous» (1929), uma obra de caráter surrealista que explora o subconsciente e o seu lado obscuro. E agora os artistas Bertílio Martins e Nuno Viegas, do curso de licenciatura em Artes Visuais, apropriam-se deste possível título da primeira obra de Buñuel e transformam-no na epígrafe de uma exposição inaugurada no dia 13 de Dezembro.

Marco Silva

A exposição irá ficar aberta ao público na Galeria TREM (Faro), até ao dia 2 de Fevereiro de 2013. Curadoria de Pedro Cabral Santos, Mirian Tavares e Xana.

Marco Silva

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CULTURA Richard Zenith vence o prémio Fernando Pessoa Aos 56 anos, Richard Zenith, investigador, escritor e tradutor, foi o vencedor do prémio Fernando Pessoa 2012, no valor de 60 mil euros, que lhe será entregue .O prémio foi anunciado por Francis-

co Pinto Balsemão, graças à sua exposição «Fernando Pessoa: Plural como um Universo» que esteve presente na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. «Pela qualidade do trabalho que Richard Zenith tem vindo a fazer, parece justo. É alguém que se tornou português por amor, em particular, a Fernando Pessoa, mas de uma forma mais global, à literatura portuguesa», afirmou a escritora Inês Pedrosa, à agência Lusa Nascido em Washinton DC, nos Estados Unidos, licenciou-se na Universidade de Virginia, em Letras e vive em Portugal desde 1987. Segundo Francisco Pinto Balsemão, Zenith é um «cidadão de Portugal por dedicação e louvor a uma obra, a de Fernando Pessoa». Richard Zenith é considerado o maior especialista na obra de Fernando Pessoa e responsável pela tradução de alguns livros de cultura clássica portuguesa de Sophia Mello Breyner, António Lobo Antunes, Antero Quental, entre outros autores portugueses. Assim como o «Livro do desassosse go» de Fernando Pessoa, A diretora da Casa Fernando Pessoa afirma que este prémio foi entregue “a alguém que trabalha a língua portu-

guesa”, nomeadamente que veio dos EUA para “se tornar defensor da língua portuguesa”.Atualmente o escritor está a escrever a biografia de Fernando Pessoa, não sabendo ainda quando ficará concluída.

Sara Machado

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LAZER Natal Económico Sete dicas para poupar sem deixar de comprar Em tempos de crise, diz-se que há um mar de oportunidades e neste caso é isso mesmo que lhe pretendemos oferecer: sete diferentes formas de manter a tradição natalícia da troca de presentes sem ter de esgotar o seu orçamento.

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Estabeleça um orçamento: será muito menos custoso fazer compras de Natal se estabelecer previamente um orçamento. Execute uma lista com os nomes das pessoas a quem pretende oferecer presentes, divida-as em 2 grupos: o das crianças e dos adultos. Tendo em conta a amplitude dessa lista e o dinheiro que tem disponível, estabeleça um valor para os presentes dos adultos e outro para os presentes das crianças.

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Ganhar para gastar: dê utilidade a todos os objetos que tem em casa guardados num sótão ou dispensa e que já não têm utilidade para si nem para os seus filhos. Se esses brinquedos ou objetos estiverem em boas condições tente vendê-los online ou a amigos e familiares. Esta ideia aplica-se também a coisas novas ou semi-novas que possa ter arrumadas em casa, completamente esquecidas. Ponha-as a render, para ter uma carteira mais recheada no Natal!

Pai Natal secreto: no seio familiar, círculo de amigos ou colegas de trabalho, utilize o “jogo” do Pai Natal secreto. Escreva os nomes de cada pessoa num papel e coloque-os num recipiente. Cada pessoa retira um papel e compra apenas uma prenda para a pessoa cujo nome lhe saiu no referido papel. No dia da troca pode ou não revelar a sua identidade. Este “jogo” pode ser feito entre homens e mulheres aleatoriamente ou ficar decidido que as mulheres apenas presenteiam mulheres e os homens presenteiam homens. Em ambos os casos, pode estabelecer-se um valor limite para os presentes.

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LAZER

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Compre cedo: quanto mais cedo começar a comprar as prendas de Natal, mais tempo terá para procurar o presente ideal e para comparar preços. Se comprar uma ou duas prendas por mês ao longo de seis meses, de certeza que lhe pesará muito menos na carteira do que se comprar doze presentes na semana anterior ao Natal.

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Mealheiro de Natal: comece a amealhar dinheiro para as prendas de Natal logo em Janeiro. Tendo em conta o que gastou no Natal anterior, faça uma estimativa para o que irá gastar no próximo e divida esse valor por doze: é esse o dinheiro que tem de pôr de parte todos os meses até ao final do ano. Chegada a grande noite, a sua conta bancária deverá estar financeiramente confortável.

Deixe o cartão de crédito em casa: quando não vemos as notas e as moedas a desaparecerem da nossa carteira nem a nossa conta bancária a diminuir, é mais fácil perdermo-nos na tentação de gastar mais do que devíamos, portanto, deixe o cartão de crédito em casa ou vá anotando o valor gasto em cada compra numa agenda ou num caderno que ande sempre consigo – será mais fácil cumprir o orçamento por si estabelecido.

Faça você mesmo: já lá vai o tempo em que todos os presentes tinham de ser adquiridos em lojas dispendiosas. Se tiver jeito para as artes manuais aproveite para oferecer prendas caseiras como cestinhos recheados de marmelada, compotas caseiras, bolachas, bolinhos feitos por si, uma garrafa de vinho da sua colheita, etc. Se não tiver muito jeito para a culinária, existem muitas outras ideias: pode fazer velas, bijuteria, um álbum ou caderno com papel mais grosso com alguns furos e fitas de cetim… É uma maneira da pessoa presenteada sentir o seu carinho, atenção e tempo no sentido de lhe atribuir uma prenda verdadeiramente exclusiva.

Cátia Ferreira Filipa Camacho Fonte: Blog: Saber Poupar, Como poupar dinheiro nas prendas de Natal

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LAZER Autocaravanismo Turismo sem horas nem destino O autocaravanismo é uma prática turística cada vez mais comum por toda a Europa. Nascida no início da década de 60, com o propósito de transformar uma furgoneta numa “casa sobre rodas” que permitisse viver e pernoitar no seu interior. O conceito era excelente e rapidamente se tornou no sonho de muita gente. Começava assim uma nova era

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de turismo livre e sem imposição de horários ou destinos, proporcionando o encontro com o inesperado e o disfrutar da natureza no seu estado mais puro. Viajar numa autocaravana é uma excelente forma de conhecer em primeira mão a cultura e os costumes locais, de os desfrutar com toda a liberdade de movimento e de se divertir com

toda a família, sempre em consonância com o meio ambiente. Ao dispor de todos aqueles que queiram praticar esta forma de turismo existem vários locais de paragem, em todo o país, que possibilitam pausas entre as suas viagens mais longas, o reabastecimento do depósito, a manutenção da autocaravana ou até mesmo pernoitar.


LAZER Com cada vez mais adeptos, este tipo de turismo tem trazido também grandes melhorias nas práticas cívicas. Por um lado, já se entende autocaravanismo como amigo do meio ambiente. Por outro, a reeducação dos turistas sobre rodas, relativamente ao facto de confundirem turismo itinerante com campismo, e não procurarem, por vezes, locais de estacionamento adequados para repousar. Em Portugal, são, pelo menos, duzentas as áreas preparadas para acolher os autocaravanistas, entre zonas de estacionamento com acesso a água potável, eletricidade e mesmo Internet Wi-Fi; e áreas de serviço em estrada e autoestrada, onde é permitido estacionarem e descansarem. Diversos são também os parques de campismo que disponibilizam todo este tipo de comodidades, tendo, por vezes, alguns custos associados. Assim, e para aqueles que neste Natal tenham decidido explorar o país em autocaravana, própria ou alugada, sugerimos consultar o portal CampingCar Portugal ou, até mesmo, o portal da Federação de Autocaravanismo,

e consultar a secção “Áreas de Serviço”, onde poderá pesquisar as áreas destinadas a auto-caravanistas em todas as regiões do país. Visite o que é nosso, visite Portugal. Descubra um país que vale por mil. Maria Vieira Ana Rita Sousa

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DESPORTO Rescaldo da fase de grupos da Liga dos Campeões

Estatísticas da fase de grupos da Liga dos Campeões

Fase de grupos na Liga dos Campeões termina Com o término da fase de grupos da Liga dos Campeões, já é possível perceber qual é o saldo das equipas portuguesas na maior competição de clubes da UEFA. Apenas o FC Porto, alimentado pela magia colombiana de Jackson Martinez e James Rodríguez, conseguiu chegar

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à próxima fase. Já Benfica e Braga, com percursos diferentes, ficaram abaixo das expetativas, com o Braga a ser eliminado das competições europeias e o Benfica a ser relegado para a Liga Europa (que pode nem existir num futuro próximo – ver caixa «Liga Europa em risco»).


DESPORTO «Liga Europa em risco» Michel Platini, presidente da UEFA, afirma ser possível que, a partir de 2015, possam haver algumas alterações no programa das competições europeias. A ideia seria acabar com a Liga Europa e alargar a Liga dos Campeões, que atualmente é disputada por 32 a partir da fase de grupos para 64 clubes, possibilitando assim que estivessem presentes, por exemplo, 6 clubes de Inglaterra, Espanha e Alemanha na fase de grupos. Esta solução permitiria ainda, que países mais atrasados no ranking pudessem marcar presença na Champions League com as suas equipas. Refira-se que esta não é a primeira ideia polémica de Michel Platini, após ter anunciado que o Europeu de seleções de 2020 será disputado em vários países. Também é sobejamente conhecida a sua relutância em introduzir os meios tecnológicos no futebol. As alterações, a acontecer, só serão divulgadas em 2014.

Grupo A – Máquina bem oleda garante «oitavos» O FC Porto melhorou substancialmente em relação ao ano passado, acabando por garantir a passagem aos oitavos encontrando-se no segundo lugar do grupo. Sob a batuta de Vítor Pereira e com a liderança decisiva de Lucho González, o caminho foi tranquilo e as vitórias sucederam-se, com a qualificação a ser matematicamente garantida com um empate, em Kiev, na quarta jornada. O Paris SG acabou por ser o clube com o maior número de pontos desta fase, com 15 pontos amealhados. Lavezzi, com a ajuda preciosa de Helton, sentenciou a classificação final , no último jogo. O Dínamo Kiev e o Dínamo Zagreb não tiveram arte suficiente para permanecer na «Liga milionária». Grupo B – O trabalho de Jar-

dim não chegou para dar flores «milionárias»Apesar dos nove pontos conquistados, o Olympiacos de Leonardo Jardim quedouse pela Liga Europa. A equipa grega não conseguiu surpreender os melhor apetrechados Arsenal e Schalke 04, provando que ainda não está preparada para uma competição tão exigente. Já o campeão francês Montpellier não conseguiu mais do que dois empates nesta fase de grupos. De realçar o primeiro lugar da equipa de Gelsenkirchen, confirmando a hegemonia alemã nesta fase da competição, com as três equipas alemãs presentes a vencer os seus grupos. Grupo C – Duda e Eliseu decisivos para o apuramento do Málaga. Três golos de Eliseu e dois de Duda, portugueses a jogarem na equipa

orientada por Manuel Pellegrini, onde alinham também Saviola e Onyewu (bem conhecidos dos grandes lisboetas), impulsionaram o Málaga para um surpreendente primeiro lugar, à frente do colosso europeu AC Milan. Os portugueses mostraram que podem ser opções válidas para a seleção nacional, até porque Fábio Coentrão não tem estado ao seu melhor nível. O Anderlecht, por seu turno, revelou não ter estofo para chegar à próxima fase das competições europeias. O exemplo do Zenit prova que não basta ter dinheiro para se construir uma grande equipa, tendo de se contentar com a participação menos lucrativa na Liga Europa. De referir que este falhanço pôs Hulk, ex-jogador do FC Porto e Luciano Spaletti, treinador dos russos, em rota de colisão.

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DESPORTO

Moutinho, municiador do FCPorto. Grupo D – City diz arrivederci. O Manchester City, de Mancini, foi a grande surpresa no mau sentido deste grupo, somando apenas três pontos, resultantes de três empates e outras tantas derrotas, relegando a equipa para fora das competições europeias. O conjunto inglês nunca foi realmente uma equipa, pois faltou-lhe consistência defensiva. Este foi um desempenho humilhante para os citizens, o pior de sempre de equipas inglesas na Champions. O Ajax vai para a Liga Europa, podendo calhar em sorte ao Benfica. O Real Madrid, de José Mourinho, contou com os seis golos de Cristiano Ronaldo para assegurar um lugar nos oitavos de final. Um dado curioso é que, nas duas vezes em que ganhou a Liga Milionária, Mour-

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inho ficou em segundo lugar nos seus grupos (FC Porto em 2003/04 e Inter de Milão em 2009/10). Mas o grande destaque é o primeiro lugar alcançado pelo Borussia Dortmund. A equipa de Jürgen Klopp, onde brilham talentos como Götze, Reus e Lewandowski, pratica atualmente um futebol dos mais belos do Velho Continente e é já uma séria candidata a vencer a competição. Grupo E – Campeão europeu afastado prematuramente Pela primeira vez desde que a Taça do Campeões Europeus deu lugar à atual Liga dos Campeões, o campeão em título não se consegue apurar para a fase seguinte. Os londrinos, apesar dos quase cem milhões de euros investidos, claudicaram perante a superior qualidade

dos campeões ucraniano e italiano. A Juventus assegurou o primeiro lugar com uma vitória em Donetsk, na última jornada, mercê de um autogolo de Kucher. Os ucranianos, que contam com um contingente de tecnicistas brasileiros na sua equipa, passaram em igualdade pontual com os ingleses. Um desses brasileiros, Luiz Adriano, praticou um dos atos mais ignóbeis desta fase, ignorando o «fair-play» para marcar um golo à equipa escandinava na 5ª jornada. Os dinamarqueses do Nordsjaelland foram eliminados sem alcançarem uma única vitória.


DESPORTO Grupo F – Valência de Ricardo Costa e João Pereira assegura passagem O início promissor dos bielorrussos, com 2 vitórias – uma delas frente ao poderoso Bayern Munique – não chegou para que a surpresa fosse consumada. Foi assim, com naturalidade, que Valência e Bayern Munique confirmaram as previsões e se apuraram com o mesmo número de pontos (13). O vice-campeão europeu, talvez fruto da experiência do ano anterior, não teve dificuldades em usar o seu grande poder ofensivo para chegar ao primeiro lugar do grupo. O Valência, não obstante o fraco desempenho na Liga Espanhola – que levou ao despedimento de Mauricio Pellegrino – teve grande mérito na forma como abordou os jogos decisivos contra o BATE Borisov. O Lille não guardará memórias felizes desta edição da Champions. Grupo G – Uma ajudinha alemã na queda das Águias Foi ao minuto 81 do Celtic vs. Spartak Moscovo que o alemão, Felix Brych, assinalou uma grande penalidade inexistente sobre o grego Samaras para Kris Commons, extremo escocês, fuzilar as redes de Pesyakov e garantir o inesperado apuramento. Os

adeptos do Benfica ainda contiveram a respiração quando, a 10 segundos do fim, Maxi Pereira teve oportunidade flagrante para qualificar os encarnados, mas o seu desacerto confirmou a despromoção à Liga Europa. Os culés foram os naturais vencedores do grupo, enquanto os russos não conseguiram mais do que uma vitória em casa sobre um desinspirado Benfica. Grupo H – Segundas partes tramam minhotos Com esta eliminação em último lugar do grupo, Peseiro pode formular duas teses: ou a defesa esteve efetivamente mal ou o meio-campo não aguentou fisicamente as partidas. Em sentido contrário, o brasileiro Alan foi o motor do ataque, acabando mesmo como quinto melhor marcador da fase de grupos. Com os Guerreiros do Minho, este ano, aprendemos uma lição importante: parece que algumas guerras têm um final abrupto, mais precisamente a 45 minutos do fim. Mais consistentes, os Red Devils e o Galatasaray (que assegurou a passagem a doze minutos do fim por intermédio do melhor marcador da competição, Burak Yilmaz), encaixaram, além dos prémios por vitórias e empates, mais três milhões e meio por marcarem presença nos «oitavos».

Alan e Evra dezembro 2012 Mundo Contemporâneo

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DESPORTO Grupo I - Domínio francês e desacerto dos «ricos prematuros» de BielsaNum grupo em que o Lyon de Anthony Lopes teve uma caminhada imaculada, os homens de Bielsa parecem fazer jus ao título que o argentino lhes colocou no final da época passada. Os jovens que comanda têm feito uma época muito pouco conseguida e dado o afastamento da Liga Europa, talvez seja tempo de pensar em mexidas... sendo que sempre é mais fácil trocar de treinador do que vender vedetas. Se há três épocas atrás um Hapoel derrotou o Benfica sem apelo nem agravo (merecendo rasgados elogios de Jesus), parece que este Hapoel, não de Tel Aviv mas de Kiryat, vai ter de se cingir à Liga Israelita, que venceu em 2011/2012. A equipa acabou por não somar nenhuma vitória. O Sparta de Praga beneficiou do poder concretizador dos jovens Husbauer e Krejčí para seguir em frente na prova.

Grupo J - Má prestação na Europa precipita despedimento O Panathinaikos, comandado em quatro dos seis jogos por Jesualdo Ferreira, acabou em penúltimo lugar do seu grupo. O treinador português, bicampeão ao serviço do Porto, acabou demitido do cargo a meio de novembro. Pior só o Maribor, sem qualidade para estas andanças. Em sentido contrário, Villas Boas sorri. Tendo assegurado a passagem com um triunfo sobre o clube grego (bastava-lhe o empate), é um dos candidatos à vitória na prova, contando com os inspirados Bale e Defoe para dizimar as defesas adversárias. A Lazio também assume a candidatura, fazendo-se valer da melhor defesa da competição (ex aequo com o Leverkusen), com apenas dois golos sofridos. Um dado curioso é que no quar-

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teto defensivo dos romanos não houve nenhum italiano totalista. Grupo K - Sul-americanos resistem ao frio Os doze jogadores da América do Sul, entre eles o exsportinguista Torsiglieri e o terceiro melhor marcador da prova, Cleiton Xavier, provaram que também se conseguem adaptar às condições gélidas da Ucrânia, catapultando o Metalist para o primeiro lugar, com treze pontos. A vitória em casa sobre o Leverkusen acabou por revelar-se decisiva, pois marcou a diferença entre o primeiro e o segundo lugar. O clube alemão, ainda assim, conseguiu o mesmo número de vitórias. Rosenborg e Rapid de Viena dizem adeus sem nunca terem conseguido ombrear com os qualificados, exceção feita à vitória dos austríacos frente aos ucranianos na última jornada, quando os des-

tinos do grupo já estavam selados. Grupo L - Alemães e espanhóis em tréguas estratégicasO Twente, de Steve McClaren, não parece ter encaixado da melhor maneira as saídas de Ola John, de Jong e Buysse: seis jogos e zero vitórias não estariam nos piores pesadelos dos holandeses. Os alemães do Hannover, com o português Sérgio Pinto a titular na maioria dos jogos, mostraram uma resiliência de salientar, com todas as suas vitórias a serem conseguidas pela margem mínima. O Levante também segue em frente, com o defesa Ballesteros a destacar-se como municiador da equipa: três assistências em cinco jogos, nada usual dada a posição do espanhol. O Helsingborgs não conseguiu surpreender. André Santos Nuno Andrade Diogo Oliveira


INTERNACIONAL Os 10 piores massacres nos Estados Unidos da América Crónica

A falta de legislação sob o controlo de armas, faz com que eventos, como o da passada sexta-feira 14 de dezembro sejam constantes nos Estados Unidos da América. Trata-se de um assunto delicado, uma vez que na segunda emenda da Constituição americana encontra-se expresso o direito pessoal de um individuo ser portador de armas e a simples referência á necessidade de fiscalizar esse “privilégio” gera uma onda de contestação entre os cidadãos americanos defensores ferozes dessa cláusula. E apesar de existirem regras que impedem a venda legal a armas a menor de idades, ex-presidiários e a pessoas com problemas psicológicos, e que banem armas em zonas escolares, o acesso continua a ser fácil. É só encontrar a chave do armário, onde os pais guardam as suas Glocks e as suas espingardas. O massacre de Sandy Hook foi apenas mais um numa longa lista de tiroteios em estabelecimentos de ensino e, apesar de ter sido o segundo mais mortífero, é sem dúvida o mais trágico, devido a idade da maioria das suas vítimas. A seguir encontram-se os restantes nove atentados em escolas e universidades, incluindo a tragédia que atingiu pequena cidade de Newton, que irão para sempre manchar a história da América, pela sua evitável violência. 1º No dia 16 de Abril de 2007, um estudante sul-coreano Cho SeungHui entrou no alojamento do Instituto Politécnico da Virgínia e matou a tiro trinta e duas pessoas, suicidando-se de seguida. Foi o crime mais marcante da história dos EUA. 2º O mais recente massacre em Newton, Connecticut, no dia 14 de Dezembro de 2012 na escola infantil Sandy Hook. Adam Lanza de 20 anos entrou na escola primária matando vinte crianças e sete adultos. Acabou por se suicidar. 3º Na Universidade do Texas, em Austin, no dia 1 de Agosto de 1966, Charles Whitman, exfuzileiro naval, subiu a uma torre do campus da Universidade e começou a disparar sobre os estudantes, matando no total catorze pessoas e trinta e dois feridos. 4º No dia 20 de Abril de 1999, Dylan Klebold de 17 anos e Eric Har-

ris de 18, alunos do Liceu de Columbine, Colorado, invadiram os corredores da escola com armas e bombas feitas em casa, assassinaram doze alunos e um professor e suicidaram-se em seguida. 5º Na Reserva India de Red Lake, em Minnesota, no dia 15 de Março de 2005, Jeff Wise de 16 anos, matou os avós a tiro, na sua casa, e seguiu para o Liceu onde matou a tiro cinco alunos, um professor e um segurança. Acabou por se suicidar 6º A 12 de Julho de 1976, em Edward Allaway, de 37 anos, matou sete pessoas e feriu outras duas na cave da Universidade de Fullerton, na Califórnia. Foi internado num hospital psiquiátrico. 7º No dia 2 de Abril de 2012, na Universidade Particular Católica de Oikos, em Oakland, na Califórnia, One Goh, de 43 anos, de dupla nacionalidade sul-coreana e

norte-americana, entrou armado numa sala da Instituição e disparou matando sete alunos. Foi preso. 8º Na Escola de Wolf Rock, Lancaster, Pensilvânia, no dia 2 de Outubro de 2006, Charles Roberts, um camionista de 32 anos entrou na sala de aula amarrando os pés das raparigas, entre os 6 e os 14 anos, e começou a disparar, cinco delas acabaram por morrer. Suicidou-se em seguida. 9º Em Stockton, na Califórnia, no dia 17 de Janeiro de 1989, um criminoso conhecido por Patrick Burdy, matou cinco crianças e 29 ficaram feridas na Escola Básica de Cleveland. Suicidou-se. 10º No dia 28 de Outubro de 2002, na Escola de Enfermagem da Universidade de Arizona, um estudante que chumbou o ano, acabou por matar três professores, suicidando-se de imediato. Rosa Teiga Leonor Coelho dezembro 2012 Mundo Contemporâneo

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INTERNACIONAL Tiroteio numa Escola Primária nos E.U.A mata 20 crianças Homem de 20 anos usando a identificação do irmão entrou numa escola primária do Connecticut e causou 26 mortes, entre as quais as da própria mãe, antes de tirar a própria vida. É o segundo atentado mais mortífero do género nos Estados Unidos. Adam Lantz entrou na escola primária de Sandy Hook, onde frequentam alunos de idades entre os cinco e dez anos, do infantário ao quarto ano, na pequena cidade de Newtown, Connecticut, com quatro armas de fogo, de acordo com o relatório da polícia. Ninguém sabe as suas motivações. Sexta-feira dia 14 de Dezembro às nove e meia (hora local), o jovem de vinte anos entrou armado no edifício, que alberga cerca de 600 crianças e 46 docentes, vestido de preto e com um colete à prova de balas, armado com quatro armas de fogo, uma delas com calibre .223. Terá matado a diretora da escola, Dawn Hochsprung, e um psicólogo com os altifalantes ligados, alertando o resto da escola para a situação, pelo que grande parte das salas conseguiram levar os alunos para a segurança de um quartel dos bombeiros ali perto, e alertar as autoridades assim como os pais das crianças. No entanto, uma das salas de aula do infantário, na qual a sua mãe trabalhava ou terá trabalhado não teve tanta sorte. O corpo da mãe do criminoso e proprietária das armas de fogo, Nancy Lantz, terá sido encontrado na casa que partilhavam. Os pais de Lantz divorciaram-se após o irmão ter ido para a faculdade, deixando-o sozinho. Os poucos colegas que se lembram dele descrevem-no como “solitário, estranho e inteligente”. Não tinha amigos, ou uma página de Facebook, o que foi classificado como “esquisito” por fontes noticiosas e alguns pensam que sofria de Síndrome de Asperger, uma forma altamente funcional de autismo, mas que não obtinha ajuda aos proble-

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mas mentais, que, de acordo com uma colega, claramente sofria. Adam foi identificado como sendo o seu irmão Ryan, de 24 anos, residente em Nova Jersey por carregar a sua identificação. Ryan foi insultado e várias páginas de Facebook foram criadas a instar à sua morte depois de várias cadeias de notícias americanas o identificarem como o assassino de crianças, apesar do seu irmão, que cometeu os crimes, se ter suicidado. Houve também um ataque na China no mesmo dia, em que um camponês, identificado como Min Yingjun, de acordo com a agência de notícias de Xinhua, entrou à força numa escola na vila de Chenpeng na província de Henan, e atacou com

uma faca 22 crianças e um adulto. Não houve mortos, mas a China, tal como os Estados Unidos, parece ter tido vários casos do mesmo género ao longo dos últimos anos. Este último caso veio reacender o debate sobre a liberalização das armas de fogo nos EUA. Vários cidadãos mostram-se revoltados e poucas horas depois do ataque foi criada uma petição on-line para forçar a Casa Branca a uma legislação mais estrita na possessão de armas de fogo. Pouco tempo depois, a petição contava com mais de 80,000 assinaturas. Sara Ruas


INTERNACIONAL

Christmas and New Year

Fir-tree, sparkling lights, classic jazz songs and warm meetings with family - this picture of Christmas sounds very familiar for most Europeans. The New Year takes less attention and is mostly associated with parties and friends. Anyway, as these days are some of the most significant in the year, people tend to pay a lot of attention in celebrating it and they are special dates with plenty traditions. Greeke society has a large amount of traditions connected with Christmas and New Year, one of them called “The wedding of fire”. On the 24th of December, people bring two pieces of wood and name one after a man and the other after a woman; afterwards they put it into a fire place and burn it. This tradition has grown from the belief about “kallikantsaros” - ugly elves. The ritual of wood burning signifies that bad things go away and happiness takes its place. Another part of traditions is related to food. Families bake a special “claus pie” and put a coin inside it. According to legend, the family member who finds this coin will be lucky during the whole year. But the most specific food tradition is from the island of Crete, especially in Iraklio. One day before New Year, a lot of people go to the

streets and sell “mpougatsa” - pie with sweet cream inside. Traditionally, if you eat this pie, it means that you are going to have sweet moments in the upcoming year. For countries like Russia, Bielorussia and Ukraine, New Years eve is more significant than Christmas. Ac-

cording to Orthodox Christian tradition, Christmas is held in the 7th of January. In this day people mostly stay within the family circle, have a holiday dinner and go to church. As for New Year, a popular say-

ing states “The way you meet the New Year is the way you will live it”. That’s why many people plan something special for this holiday. Also these days are filled with traditions and rituals, but it depends on people, whether they follow it or not. One of them is called “The only wish”. During a few seconds, while the Kremlin chimes strike (on TV or Red Square in Moscow), the person needs to write a wish on a napkin, then burn it and drink the ashes in a glass of champagne. It’s impossible to imagine the celebration of this day without a salute. Generally, all local governments prepare a big salute, which starts in the first minutes of New Year and may last around 1520 minutes. Although some people buy the small fireworks on their own and blast it at the same time.

Among muslim societies, only Turkish people have a tradition of celebrating New Year. Similar to others, they prepare gifts for family and friends and fill the holiday table with sweets and tasty food. In the New Years eve, especially when celebration is held in family, they play Tombola - a lottery in which winning tickets are drawn from a revolving drum. And this tradition has increased. Nowadays, the government prepares a New Year lottery every year with a large prize fund, so it’s absolutely normal to ask for a lottery ticket as a present. Indian culture has a completely different New Year traditions. (continua)

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INTERNACIONAL First of all, the date of the New Year is unusual, as they celebrate it in mid-April, and even more than that - the eve of New Year differs from one community to another. 15th April marks the first day of Hindu Solar calendar, known as Rongali Bihu (or as Bohag Bihu). In this day most people go to the temples and if you are a student, you must study properly. All people try to do their best the day before New Year, because, according to beliefs, whatever you do in this day will be repeated the next year. But there is something common in celebrating traditions. People don’t do a lot of showoff. For example, members of the Sindhi Community don’t turn the kitchen gas, instead they eat cold food which was prepared the day before. However we celebrate these holidays, for many people they’re full of hope and happines. Leave all the bad in the past, think about good things for the future, enjoy your family and friends and may all your wishes come true. Tatiana Bogomazova

União Europeia recebe Prémio Nobel da Paz O Comité Nobel norueguês atribuiu o Prémio Nobel da Paz à União Europeia pelo seu contributo para a paz. Numa altura em que a União Europeia enfrenta uma crise financeira que tem vindo a testar o espírito de solidariedade entre os países ricos do norte da Europa e os estados do sul endividados, submetidos a programas de austeridade, a escolha suscitou polémica e revolta.Dia 9 de Dezembro, à noite, véspera da cerimónia de entrega do Nobel da Paz à União Europeia cerca de 1000 pessoas juntaram-se numa marcha de protesto em Oslo para contestar o prémio devido à participação de forças da União Europeia em palcos de guerra e por causa das divisões entre os países membros. Na marcha de protesto também participaram dirigentes políticos do partido da esquerda que integra a coligação do

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Governo norueguês e representantes de cerca de 50 organizações. Segurando tochas, os manifestantes percorreram as principais ruas do centro de Oslo, gritando palavras de ordem, agitando bandeiras e exibindo tarjas. Os protestos decorreram de forma pacífica e sob escolta policial e terminaram em frente ao Parlamento norueguês.Nesse mesmo Domingo à noite, numa conferência de imprensa no Instituto Nobel em Oslo, Van Rompuy, o presidente do Conselho Europeu, antecipou-se a comentários e críticas daqueles que consideram que a União Europeia não merece o galardão e proferiu uma mensagem de esperança: “Sairemos deste período de incerteza e da recessão mais fortes do que antes”, disse.

Mas nem por isso, os comentários e críticas deixaram de surgir. Adam Reiremo, líder dos Jovens Socialistas na Noruega afirmou que não acredita que a União Europeia seja uma digna merecedora do Prémio Nobel da Paz 2012 e Hedda Langemyr, do Conselho de Paz Norueguês partilha da mesma opinião e classifica a União Europeia como uma “união militarizada” dizendo que esta está a facilitar o desenvolvimento da indústria de armamento e a exportação de armas nos seus Estados-membros através de diferentes estruturas.A Noruega rejeitou por duas vezes, em referendo, uma adesão à União Europeia que começou com seis membros e caminha para os 28, com a entrada em breve da Croácia.


INTERNACIONAL O Nobel da Paz 2012 recompensa o papel da União Europeia na transformação de “um continente de guerra num continente de paz” e pelo seu contributo para a democracia e os direitos humanos. Foi anunciado em Outubro como forma de impulsionar uma saída da crise que a União Europeia atravessa. O prémio foi entregue, na segunda-feira, dia 10 de Dezembro, na capital da Noruega em Oslo.“Nós defendê-la-emos”, declarou Durão Barroso, o presidente da Comissão Europeia, no momento de receber o prémio, juntamente com os presidentes do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e Martin Schulz, do Parlamento Europeu.Durão Barroso defendeu o euro, considerando-o um dos mais fortes símbolos de unidade do bloco em 60 anos de história. A propósito da paz, Durão Barroso apelou à comunidade internacional para intervir no sentido de se acabar com o conflito na Síria, que classificou de “nódoa” para a consciência mundial.

No seu discurso, Durão Barroso também evocou os seus anos de juventude, quando em 1974, festejou a democracia em Portugal dizendo que o sentimento de liberdade de portugueses, espanhóis e gregos, também se sentiu na Europa central e do leste e nos países bálticos quando conquistaram a sua independência. Salientou que a União Europeia apesar de todas as

suas imperfeições é um símbolo e uma inspiração para o resto do mundo. O presidente do Comité Nobel da Noruega, Thorbørn Jagland, reconheceu o a atribuição do Prémio Nobel da Paz à União Europeia como merecido e necessário afirmando que a União Europeia ajudou a construir a fraternidade entre as nações e a promoção da paz que Alfred Nobel deixou como legado e apelou à união e cooperação europeia dizendo que o sistema político no qual a União se apoia é mais importante do que nunca. Van Rompuy, o presidente do Conselho Europeu, disse receber o prémio com humildade e gratidão afirmando que o Nobel da Paz concedido à União Europeia é como uma homenagem prestada a todos os europeus que sonharam com um continente em paz consigo mesmo e terminou o seu discurso na crimónia dizendo que tem orgulho em ser europeu. (continua)

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INTERNACIONAL A cerimónia contou com a presença de duas dezenas de chefes de Estado e de governo da União Europeia, entre os quais o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, o presidente francês, François Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel. O primeiro-ministro David Cameron não compareceu à cerimónia mas fez-se representar por Nick Clegg. Os 930.000 euros do prémio serão distribuídos por projetos em apoio das crianças vítimas de conflitos. Durão Barroso defendeu o euro, considerando-o um dos mais fortes símbolos de unidade do bloco em 60 anos de história. A propósito da paz, Durão Barroso apelou à comunidade internacional para intervir no sentido de se acabar com o conflito na Síria, que classificou de “nódoa” para a consciência mundial. No seu discurso, Durão Barroso também evocou os seus anos de juventude, quando em 1974, festejou a democracia em Portugal dizendo que o sentimento de liberdade de portugueses, espanhóis e gregos, também se sentiu na Europa central e do leste e nos países bálticos quando conquistaram a sua independência.Salientou que a União Europeia apesar de todas as suas imperfeições é um símbolo e uma inspiração para o resto do mundo. O presidente do Comité Nobel da Noruega, Thorbørn Jagland, reconheceu o a atribuição do Prémio Nobel

da Paz à União Europeia como merecido e necessário afirmando que a União Europeia ajudou a construir a fraternidade entre as nações e a promoção da paz que Alfred Nobel deixou como legado e apelou à união e cooperação europeia dizendo que o sistema político no qual a União se apoia é mais importante do que nunca. Van Rompuy, o presidente do Conselho Europeu, disse receber o prémio com humildade e gratidão afirmando que o Nobel da Paz concedido à União Europeia é como uma homenagem prestada a todos os europeus que sonharam com um continente em paz consigo mesmo e terminou o seu discurso na cerimónia dizendo que tem orgulho em ser europeu. A cerimónia contou com a presença de duas dezenas de chefes de Estado e de governo da União Europeia, entre os quais o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, o presidente francês, François Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel. O primeiro-ministro David Cameron não compareceu à cerimónia mas fez-se representar por Nick Clegg. Os 930.000 euros do prémio serão distribuídos por projetos em apoio das crianças vítimas de conflitos. Joana Rocha

Liberdade religiosa: direito ou ilusão Atualmente tem-se assistido a uma crescente polémica em relação à lei da blasfémia que vigora na grande maioria dos países de fundo islâmico. Esta problemática tem levantado muitas questões relativamente à legitimidade da declaração universal dos direitos humanos. Segundo este documento, mais precisamente, o artigo 18 do mesmo, estabelecido em 1948, todas as pessoas têm «direito à liberdade de pensamento, consciência e religião». A declaração

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define ainda que este direito inclui a «liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, […] em público ou em particular». No entanto, na realidade, este direito parece não passar de um mito. Em vários locais do mundo, neste momento, existem pessoas a serem torturadas e mesmo assassinadas devido ás suas crenças. Infelizmente a maior parte da população Ocidental não tem a percepção destes acontecimentos, talvez pelo facto de serem,

na sua maioria, países sob políticas governamentais democráticas. Os cidadãos ocidentais vivem na ilusão de que situações como o Holocausto, sucedido durante a Segunda Guerra Mundial, fazem já parte do passado relativamente distante. Aliás, fala-se muito em preservar as memórias desse passado sombrio da história, de forma a educar as próximas gerações para que este tipo de atrocidades não se repitam, no entanto


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, existem campos de concentração semelhantes aos campos de trabalho forçado nazi, na Coreia do Norte e nada parece estar a ser feito no sentido de encerrar esta prática. Segundo a classificação de

A sharia é outra lei islâmica cada vez mais implementada em países muçulmanos e que implica o regulamento da sociedade de acordo com a vontade de Alá, ou seja, o Corão, livro este que incentiva a eliminação daqueles que não adoram e seguem a Alá, os chamados infiéis. Esta lei tem tornado a qualidade de vida, e mesmo a sobrevivência, algo praticamente impossível aos indivíduos que não vivem de acordo com a religião islâmica nestes países. Felizmente, a crescente facilidade de acesso à informação e sua divulgação, através de várias plataformas

países por perseguição, divulgada todos os anos pela organização não-governamental de apoio a cristãos perseguidos, Open Doors, este ano a Coreia do Norte encontra-se em primeiro lugar no ranking mundial. Nesta mesma classificação encontram-se vários países muçulmanos, onde vigora a lei da blasfémia, segundo a qual todos aqueles que de forma verbal ou prática difamem ou insultem o Corão ou Alá, são condenados a prisão perpétua ou pena de morte. Recentemente foram mundialmente di-

vulgados casos em processo de julgamento de acordo com esta lei, como o da pequena Rimsha Masih, ou do Pastor Yousef Nadarkhani. Ambos os casos resultaram na absolvição dos arguidos, graças à globalização e ao crescente avanço tecnológico em que vivemos, possibilitando não só a pressão necessária para a resolução positiva destes casos, como também o debate internacional relativamente à absurda tolerância perante este tipo de legislações extremistas.

web tem permitido quebrar gradualmente o isolamento mediático presente em muitos países que assumem políticas opressivas e ditatoriais, permitindo o questionamento deste tipo de leis e práticas governamentais à escala global. Independentemente da religião que cada um assume, ou, no caso do ateísmo, a falta de uma religião, é impossível ficar indiferente a esta realidade. Condenar alguém à morte, como sucede em muitos países onde a perseguição religiosa é uma realidade, simplesmente devido às suas crenças, parece mesmo algo incon-

cebível. Na verdade, em pleno século XXI a liberdade religiosa aparenta não se tratar de nada mais que uma ilusão, representando a declaração universal dos direitos humanos um simples documento sem poder real sob as infrações cometidas contra as suas estipulações. Infelizmente, a sensibilidade do tópico das religiões torna este um tema difícil de abordar. Talvez, por esse motivo, poucos governos ou instituições tenham o desejo de assumir a coragem e a responsabilidade de questionar e debater questões de carácter religioso. Anuska Portela

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MC Ciências da Comunicação - 2ºano - 2012/2013

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