Arte Drag | Contempus

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- Edi tor a

“A revista Contempus convida o público a embarcar em uma nova dimensão artística a cada edição. Acreditamos que a arte não deve ser elitizada e nem apenas o que está exposto em galerias e museus, mas sim todas as expressões criativas e culturais. Nossa missão é levar a arte brasileira popularizada para os mais diversos públicos de todas as classes, gêneros e idades. Embarque nessa viagem com a gente!”

Editorial


CONTEÚDO 02................................................HISTÓRIA DA ARTE DRAG DRAG NA MÍDIA................................................................08 12.................................ENTREVISTA COM PABLLO VITTAR DRAG POR UM DIA............................................................18 22..........................................................MITOS E VERDADES OLIMPÍADAS DRAG............................................................27 30..............................................EVENTOS DRAG NO BRASIL

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a d ia r ó t is h a

g a r d e art z por Adyel Beatri

A história drag

Ainda hoje, existem muitos equívocos sobre a arte drag; há a persistência de um olhar estigmatizado e poucos conhecem o conceito artístico do movimento. Drag queens são artistas performáticos que se caracterizam por meio do uso de roupas, acessórios e maquiagens extravagantes, de forma caricata e personificada. O termo drag queen surgiu por volta de 1800; no entanto, era utilizado de maneira pejorativa para designar homossexuais. No mesmo século, o conceito já era usado no teatro. Embora drag seja a abreviatura de “dragons”, a origem da expressão não tem apenas relação com “rainha dos dragões”; alguns entendem que a expressão parte do significado de “drag”, que em seu sentido mais amplo quer dizer vestir qualquer roupa que tenha um significado simbólico e personificado.

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O primeiro nome conhecido do que seria uma drag performática foi o de Brighan Morris Young, que se apresentava e fazia sucesso por cantar bem e ter a voz semelhante à de uma mulher. Em Londres, a sociedade viu os primeiros homens vestidos de mulher ainda no século XIX: Frederick Park e Ernest Boulton


começam a sair de casa como Fanny e Stella. Apesar de ser mal visto no ambiente social, o crossdressing (pessoa que veste roupas ou utiliza objetos do outro sexo) era perfeitamente aceito na cena teatral.

e era popular em toda a sociedade, porém, ainda em 1920, a arte drag começa a ficar mais alinhada com a comunidade LGBT, principalmente por conta dos “drag balls” (festas gigantes nas quais a maioria dos homens ia vestida de mulher). Ao longo da década, esses eventos ganharam mais e mais atenção, iniciando um período chamado Pansy Craze. Por volta de 1927, no movimento Pansy Craze, já instalado em Nova Iorque, Londres, Paris e Berlim, foi possível ver shows como o de Vander Clyde, ou Barbette, seu nome artístico.

Na virada do século XX, as performances drags já eram fenômenos no próprio teatro de variedades. Um nome em destaque do período é o de Julian Eltinge, que brilhou na Broadway como comediante, mas foi nos teatros pequenos que ganhou seu público cativo com suas apresentações performáticas. Na Europa, quem ganhava a cena era Florin, performer de Paris, onde a cena drag também conquistava seu espaço. Naquela época, vestir-se de mulher era visto como uma brincadeira

Barbette foi conhecido por seu desempenho aéreo, no qual ele faz, caracterizado, movimentos perigosos e difíceis no trapézio. Enquanto os bailes davam mais ênfase no glamour e no estilo de vida drag, o público ainda valorizava as performances de comédia nos teatros. Com o crescimento do movimento, na passagem da década de 30 para os anos 40, os artistas ainda tentavam achar seu lugar na sociedade, pois o crossdressing era considerado uma ofensa que levava

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muitas drags à prisão. Os bailes do Pansy Craze ficavam cada vez mais escondidos para evitar o aparecimento da polícia. Embora houvesse preconceito e perseguição, as drags mantinham seu lugar garantido na indústria cultural.

realmente parecer com mulheres quando montadas. Na segunda metade da década, as imitações de celebridades começaram a ficar populares entre os profissionais drags. A celebridade mais imitada era Marilyn Monroe. Casas de show vão surgindo nas maiores metrópoles e as drags tomam espaço na cena artística-cultural, além de estarem presentes em programas de televisão e no teatro. As drags começaram a se reunir com mais frequência e os EUA viram o surgimento dos primeiros bares gays, como o

Pansy Craze A explosão dos meios de comunicação de massa possibilitou que a arte drag chegasse ao conhecimento de mais pessoas. A sociedade era seletiva ao tratamento às drags: se fosse por motivo de entretenimento, a arte era aceita sem nenhum problema; porém se fosse a caracterização fosse por satisfação pessoal, a prática ainda era fortemente condenada. Nos anos 50, a arte continuou a evoluir assim como a qualidade das maquiagens encontradas no mercado. A demanda era a de que drag queens profissionais deveriam

Stonewall Bar em Nova York. A arte drag fica mais inserida no meio LGBT. Com isto, o objetivo da arte não era apenas de ganhar dinheiro profissionalmente, e sim no engajamento de luta social. Já no final da década de 60, a comunidade gay começa a lutar pelos seus direitos. As manifestações,

stonewall bar

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muitas vezes violentas, contra a polícia aconteciam no Stonewall. Há relatos de que as drags tiveram uma forte participação nos protestos. Com o nascimento das paradas gays na década de 70, as artistas performáticas começam a ganhar mais destaque com o público em geral.

do Brasil. O grupo Dzi Croquettes alcançou reconhecimento internacional por sua postura política e artística, o que destaca que o grupo foi formado por esses 11 artistas militantes da causa gay, foram os precursores do que é enxergado hoje como drag queen no Brasil.

BEARED QUEENS NO BRASIL As beared queens são uma categoria de drag queens que baseiam sua estética em uma concepção da androginia muito utilizada pelos astros do rock da década de 70 em prol do movimento gay e de uma maior abertura de expressão. Esse movimento andrógeno também se deu no Brasil através do grupo de performance/teatro/musical Dzi Croquettes, que enfrentou a ditadura nos anos 70. O grupo composto por artistas masculinos, barbados e de pernas peludas chocou a sociedade ao se apresentarem de salto alto, vestidos e glitter na maquiagem, tornando-se o escândalo e, ao mesmo tempo, o agrado dos públicos

dzi croquettes

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rupaul

A arte drag alcança o auge de seu grande sucesso durante os anos 80 e 90. Um dos responsáveis pelo sucesso da cultura drag pop foi RuPaul, que se caracteriza de forma semelhante à de uma modelo. RuPaul elevou a arte das drag queens no mundo através de seus singles, filmes, trabalhos como modelo fotográfica e de passarela e, desde 2009, comanda seu próprio reality show na televisão, ‘RuPaul’s Drag Race’, onde drag queens de todo canto dos Estados Unidos concorrem ao título de próxima drag queen superstar, mostrando habilidades artísticas- desde atuação até confecção de vestidos de alta costura. RuPaul’s Drag Race tem recebido grandes celebridades do showbiz através dos anos e tem sido topo de audiência em vários países do mundo. Além de disseminar a cultura gay e a arte das drag queens, o show tem aberto possibilidade e espaço para vários artistas drags poderem ser vistos e reconhecidos por seus trabalhos.

drags no brasil Após o período de ditadura militar no Brasil, surgiu um movimento

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de liberdade de expressão sufocado por anos pela intensa censura e restrição dos direitos dos cidadãos. O movimento das drag queens tomou mais impulso em terra brasileira na década de 90, porém há fontes que nos provam a existência de drags, ou de protótipos da mesma, nos anos 70. Assim como a arte drag passou por uma transformação monumental de estética, linguagem e conceitos perante o cenário mundial, o mesmo ocorreu no Brasil. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, a partir da década de 90, testemunhou-se o grande adentro da arte drag queen na cultura pop, inserida tanto nos clubes gays quanto em outros eventos de ativismo e mídias. Dentre elas, podemos citar Salete Campari, Silvetty Montila, Nany People e Dimmy Kier, que construíram suas carreiras em cima de personagens cômicas, irreverentes e queridas pelo público de vários grupos sociais.

y silvetttila mon


drags como inspiração

O processo histórico do movimento artístico de arte drag teve proporções mundiais e inspirou artistas por todo o mundo. Hoje, no Brasil, drags estão na mídia, nas artes cênicas e em todo contexto cultural. Ao longo de sua imensa trajetória na arte e, sobretudo na sociedade, a drag queen tem sido uma forte arma de provocação e divertimento, e fator de estranhamento em que o masculino e o feminino se fundem na construção de uma personagem e de uma linguagem cênica que gerou aprovação e fúria no decorrer da história, rompendo barreiras e desafiando o senso comum.

rupaul

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Nem só de Lip-sync por marcos vinicius lisboa

As drags sempre estiveram no imaginário dos brasileiros. Isabelita dos Patins, Elke Maravilha e Suzy Brasil são exemplos de artistas que marcaram presença na televisão brasileira desde as décadas de 80 e 90. Do seu surgimento até a atualidade, essa arte se popularizou e, hoje, elas não se encontram apenas nas boates e casas de show. Há drags em todos os segmentos artísticos e midiáticos: de cantoras de funk à criadoras de conteúdo para o Youtube. A versatilidade dessas artistas demonstram a riqueza e diversidade desse movimento que só cresce cada vez mais. A seguir, listamos algumas drags que são destaques em suas áreas de atuação e que você definitivamente deveria conhecer e admirar os belíssimos trabalhos.

Y T T E LLA V L I S NTI MO 08


viverá a drag: artistas que você precisa conhecer

Com 30 anos de carreira, Silvetty Montilla é talvez a drag queen mais famosa do Brasil. Ela é atriz, cantora, dançarina e até já foi apresentadora de televisão. Porém, o seu ponto forte mesmo é fazer rir. Sucesso absoluto nos palcos, a RuPaul brasileira chega a fazer 25 shows por mês, atingindo todos os públicos: de jovens LGBT até homens heterossexuais na terceira idade. Com a língua rápida e afiada, ela faz de suas apresentações um show de humor: tira onda com a cara dos baladeiros, faz piada com as mulheres na pista de dança e se encarrega de formar casais entre a platéia. Irreverente, Silvetty é sinônimo de alegria e talento por onde passa, logo, não poderia deixar de ser citada na nossa lista.

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Gloria Groove Gloria Groove é uma artista cujo talento musical vem do berço, além de ser uma das grandes revelações da cena drag paulista. Se destacou não apenas por sua voz, mas também por batalhar por um espaço artístico e construir um trabalho autoral que vai além do mundo pop e constrói um diálogo com a batalha diária das drags brasileiras. “Dona” é o primeiro single de Glória, lançado em janeiro, que chega não somente para afirmar que ela é dona da festa toda, mas para fazer crítica social. Os trechos “Sou Gloria Groove do Brasil, eu vim pra ficar”, “contar a história da mina que mudou tudo, que veio da zona leste pra virar dona do mundo”, “cultura drag é missão, um salve a todas as montadas da nossa nação” e “lembra dos “cara” achando que consumação paga peruca?” são um exemplo de que sua música vem para divertir, contar sua história e lutar por uma causa.

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A popularização das novas mídias digitais certamente contribuiu bastante para o processo de democratização da comunicação. Plataformas como Youtube deram voz à muitas pessoas e assuntos que não eram ouvidos antes. Lorelay Fox, drag queen criada por Danilo Dabag, é um exemplo disso. Com mais de 100 mil inscritos em seu canal atualmente, Lorelay fala de tudo. De maquiagem, de Pokémon, de crescer sendo gay em uma cidade pequena, do ensino de gênero nas escolas, das mudanças na estrutura da família brasileira, da diferença entre travestis e transexuais, do feminismo negro e do impacto da apresentação da Beyoncé no SuperBowl. Dos privilégios sociais e das leis contra a homofobia/machismo, do lugar das lésbicas na sociedade e nos movimentos sociais em prol dos direitos sexuais, da função das paradas gays como instrumentos de ativismo LGBT, de como lidar com o ódio na internet e fala também da biografia da Nany People. O canal “Para Tudo” é, portanto, clique obrigatório para quem se interessa pela arte drag e pelo universo LGBT.

x o f y a l e r lo

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entrevista com Pabllo Vittar por ygor miranda

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Dois meses e meio foi o necessário para Pabllo Vittar se tornar uma estrela. Após o lançamento do clipe de “Open Bar” no Youtube, a drag, nascida no Maranhão e residente em Uberlândia, virou figura fácil nas playlists de todos os DJs, apareceu em todos os grandes veículos de imprensa, virou cantora fixa do programa da Rede Globo, Amor&Sexo, e se tornou a drag princesa pop do Brasil. Pabllo tem apenas 21 anos, mas já fala sobre si e sua carreira com firmeza e maturidade. Sabe onde está e aonde quer chegar, e tem consciência da importância da sua figura no cenário em que se insere. Pabllo aparece sob os holofotes agora, mas promete não descer dos palcos — e nem dos saltos.

“Sou um menino. Que é menina.

Que não tem gênero”

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Dê onde surgiu a PABLLO VITTAR? Pabllo é meu nome de batismo e Vittar é o sobrenome de uma drag que me ajudou bastante quando comecei a me montar há alguns anos atrás.

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Por que você não tem um alter-ego, como a maioria das drags? E quem é Pabllo Vittar? Eu acho que o meu nome, por si, já é meu alter-ego. Estamos aí pra desconstruir gênero. E um nome não define quem você é. Eu sou Pabllo Vittar. A Pabllo Vittar. Pabllo Vittar é um menino. Que é menina. Que não tem gênero. Que não tem medo. Que prefere mil vezes estar em um palco do que em qualquer outro lugar do mundo.


Como você começou a carreira?

Desde os 13 anos eu canto, desde que morava em São Luís. Já fazia covers desde essa época, mas não era nada profissional — cantava em festa de família, escola. Até que resolvi que iria levar isso tudo para um lado profissional e me mudei pra São Paulo. Não deu muito certo, porque eu não tinha estrutura nenhuma. Aí resolvi prestar vestibular e me mudei pra Uberlândia. Conheci os meninos que hoje trabalham comigo e, hoje, estamos nessa empreitada — graças a Deus.

Quando tomou a decisão de fazer Drag? O drag chegou na minha vida muito depois... Eu cantava de menino, eu fazia show de menino, só que eu sentia que tava faltando alguma coisa e eu não era eu no palco. A voz estava lá, ok. O som estava legal, ok. Mas eu ainda não estava feliz.” Foi quando ,também por influência de RuPaul, comecei a ir não só para a balada montada, como também subir aos palcos.

Quais são suas referências no Brasil? No Brasil minhas referências Marcia Pantera e Stripperela Uber.

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Aonde você quer chegar? Eu vou vivendo e está sendo mágico. Desde que eu esteja fazendo o que eu gosto, ao lado das pessoas que eu gosto, meus amigos, eu serei feliz.

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Quais eram as suas expectativas quando você começou a sua carreira? Eu sempre busquei meu lugar ao sol e acho que tudo isso que está acontecendo são os frutos do que eu plantei. A gente tinha uma expectativa, mas não esperava que fosse tão grandioso. Foi um trabalho que ganhou uma proporção muito grande e eu acho que tem sido de suma importância para o movimento LGBT, para o movimento trans, para o movimento drag.

O que você escutou no inicio da carreira que não podia ? Não pode menino usar salto alto, que é o cúmulo. Pode sim, claro! Pode usar salto, se vestir de menina e usar nome de menino. Ouço muito isso sobre meu nome. É engraçado porque a maior drag do mundo usa o nome de nascença, por que não posso também? Não tinha que existir “sim” e “não”. Cada um devia fazer o que bem entender, quando quiser, com consciência e sabedoria, acima de tudo.

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DRAG POR UM DIA

por luisa savi

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A Contempus realizou um ensaio fotográfico com o Yuri Costa de 21 anos, estudante de Radio e TV e que se define como do gênero masculino, cisgênero e homossexual. Ele topou se transformar em drag por um dia e descrever essa experiência através do olhar de quem nunca fez isso antes.


Como se sentiu ao se vestir assim pela primeira vez?

Bonita, obviamente. Mas é de fato estranho ser o centro das atenções, todo mundo te olhando, dentro e fora da faculdade. Ir no banheiro montado também foi uma experiência: eu de vestido, com os héteros fazendo questão de me olhar. Fora esse desconforto, achei o look sensacional, conseguimos criar uma vibe bem legal.

Como foi fazer um ensaio como drag?

Foi top. Foi um ensaio diferente dos que eu já tinha feito antes. Já tinha feito ensaios com produção, mas não completamente montado de drag. A partir do momento em que você cria um personagem, você cria uma narrativa nas fotos, e eu sinto que a gente conseguiu capturar muito bem a atmosfera setentista que eu tinha imaginado. O ensaio ficou muito bom. O ponto negativo vai para o fato das pessoas terem ficado me encarando. Como eu sou muito tímido, eu acabo ficando encabulado.

Você tem um nome drag? Qual é?

Foxy Brown, em referência ao filme da blaxploitation. Na verdade, minha drag foi uma mistura de Foxy Brown com Coffy, mas escolhei o nome da primeira porque soa melhor.

Já havia usado maquiagem?

Sim. Uso base normalmente no meu dia a dia e ocasionalmente uso o resto.

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é “ser drag

e s o l c r a d r” e afronta

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e s o it

M

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s e d erda

ana por juli

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Apesar de tratar-se de um país extremamente plural, o Brasil ainda hoje é palco de diferentes manifestações preconceituosas e opiniões estereotipadas acerca das mais variadas questões. De fato, as drag queens são alvo de muitas dessas ideias preconcebidas e, por isso, torna-se preciso desmistificar algumas delas.

Medusa Pandemonium 22

faux queen


A arte drag é bastante livre e inclusiva, podendo ser realizada por qualquer pessoa, independentemente da orientação sexual, pois não é uma expressão de gênero e nem se relaciona com a sexualidade. No entanto, ainda é presente no senso comum a ideia de que drag queen é necessariamente homossexual.

Apesar do termo “drag queen” provavelmente ter vindo da expressão “drassed as a girl” (vestido como uma menina), a realização da arte não se limita ao público masculino. Denominadas de “faux (falso, em francês) queen”, “bio queen” ou mesmo “hyper queen”, as mulheres que se montam defendem que além de diversão, esse pode ser também um ato político. É uma maneira de questionar um padrão normativo pré-estabelecido sendo, através da construção de uma persona drag, quem elas quiserem e não o que a sociedade deseja. Por isso, o público feminino persiste na luta pela sua completa aceitação nesse ramo artístico.

Diferente das drags, as travestis não se identificam com o sexo biológico, tratando-se de uma questão de identidade de gênero.

A partir do entendimento dos fatos tratados aqui, nota-se que é necessária uma urgente desconstrução desses preconceitos para que a arte drag possa ser cada vez mais respeitada e continue proporcionando divertimento e incentivando a diversidade.

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G A R D S A D OLIMPÍA por bruna monte

Unindo a comunidade LGBTI e fãs da arte drag, o projeto Dragse junto ao grupo Biciqueer realizaram no último sábado de Outubro (29) os primeiros Jogos Kings e Queens no Rio de Janeiro: as Olimpíadas Drag. O evento ocorreu na parte da tarde até anoitecer no jardim do MAM (Museu de Arte Moderna). Indo além de promover só diversão, era necessário levar um quilo de alimento não perecível para ser doado para a Casa Nem, um espaço de acolhimento para pessoas LGBTIs em situação de vulnerabilidade social. A ideia de criar esse evento veio da diretora do Drag-se, Bia Me-

deiros, junto a drag Danjah Patra, que trabalhou nas olimpíadas do Rio. Uma das presenças importantes no evento foi a da drag Ravena Creole que ressaltou a importância de eventos como este no Brasil: “É poder levar a arte drag para espaços onde ela não atinge e com isso também acaba sendo uma forma de lutar e resistir, de dizer que estamos aí e que é normal ser diferente e sair do comum. Somos todos seres humanos!” A competição contou com 5 modalidades esportivas adaptadas ao meio drag e o vencedor de cada uma delas, além de medalha, ganhou um item de maquiagem da MAC.

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Confira algumas modalidades da competição:

salto na vara Participantes teriam que acertar o salto alto (ou o sapato que estivessem usando no momento) e derrubar um consolo de plástico.

bate cabelo à distância A disputa de quem mais balançava a peruca para arremessá-la o mais longe possível. Eventos como esse são muito importantes para trazer visibilidade à arte drag que não é tão reconhecida no Brasil. São situações que permitem unir homens e mulheres, heterossexuais e homossexuais, bissexuais, transexuais e drag queens, de todas as idades, em um mesmo ambiente para dividirem momentos de felicidade dentro do universo LGBTI.

ato de “Fazer Drag é um o padrão, resistência, seja contra edos. É se a sociedade ou seus m scobrir de desconstruir e se rede forma artística.” - Ravena Creole

(Out of Drag: Robson Dinair)

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EVENTOS drag no brasil por bruna monte

Com a popularização da arte drag nos últimos anos, festas e casas noturnas começaram a investir mais nestes artistas e as casas que já tinham tradição com as performances drag ganharam um público novo. Fique ligado nesse roteiro de festas e casas famosas no Brasil onde se pode conferir o trabalho de drag queens nacionais e internacionais.

WoW (DF) A WoW é uma festa drag de Brasília que acontece toda quarta-feira, mas também em alguns fins de semana, sempre com atrações especiais. Onde? Na casa noturna Victoria Haus, em Brasília, DF.

BIBA (RS) A festa já recebeu diversas participantes de RuPaul’s Drag Race, além de ser prestigiada por muitas drags locais. ‘Biba’ é sempre uma boa pedida para quem gosta de pop e arte drag. Onde? O local varia em cada edição.

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MUSIC BOX (CE) A Music Box é uma balada especializada no público LGBTI que constantemente atrai drag queens internacionais famosas para shows. Onde? Rua José Avelino, 387 Fortaleza, CE.

BURACO DA LACRAIA (RJ) Com mais de 20 anos de tradição, o Buraco da Lacraia conta com shows de drags e festas direcionadas ao público LGBTI. Onde? Rua Andre Cavalcanti, 58, Lapa – Rio de Janeiro, RJ.

Blue Space (SP) A casa de São Paulo é uma das mais antigas na tradição drag no Brasil. Dezenas de artistas são residentes na boate e muitos outros são convidados para performar em dias específicos. Onde? Rua Brigadeiro Galvão, 723, Barra Funda – São Paulo, SP.

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EQUIPE

Adyel Beatriz Coordenadora e Redatora

Bruna Monte Editora e Redatora

Luisa Savi Produtora GrĂĄfica e Redatora

Juliana Marins Revisora e Redatora

Marcos VinĂ­cius Revisor e Redator

Ygor Miranda Diretor de Arte e Redator

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CONTEMPUS 1° edição | dez/16


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