CON TEXTO
CONTEXTANDO
PG 3
JORNAL
Nº 44
Ano 12 - São Cristóvão/ SE, Dezembro de 2014
Nesta edição, a professora Sônia Meire fala sobre a importância da mulher no cenário político e o que precisa ser feito para incluir o sexo feminino na politica.
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Fanpage: www.facebook.com/contextoufsimpresso Edição Digital (Acervo): http://issuu.com/contexto-ufs
Jornal laboratorial produzido por alunos do curso de jornalismo da UFS
CAMPUS NO SERTÃO PREVÊ INTEGRAÇÃO
Questões Raciais. O que Comemorar?
A vida do negro no Brasil: 2014 retomou o debate sobre as quesA cidade de Glória, situada no tões raciais na sociedade brasileira, revelando que o preconceito sertão sergipano, sediará o novo e o racismo ainda persistem. Neste cenário, a Semana da ConsCampus da UFS e irá reunir es- ciência Negra destaca-se como momento de reflexão. PG 6/7 tudantes e comunidade a partir de 2015.
WHATSAPP E SUAS INFLUÊNCIAS
Para os mais íntimos whats, ou zapzap. Essa tecnologia contribui para a comunicação, mas o seu uso excessivo pode causar vários problemas, muitas vezes não perceptíveis. PG 23 ILUSTRAÇÃO: FRANCELINO JR
2015 JÁ COMEÇOU PARA O CONFIANÇA Com o acesso garantido o clube começa a projetar a temporada 2015 visando o título do Campeonato Sergipano e a permanência na Série C do “Brasileirão”.
35%
INFLAÇÃO AFETA O BOLSO DE TODOS
O aumento persistente dos preços corrói o poder de compra das famílias e pode gerar incertezas na economia quando é muito acentuEsse é o número de muçulmanos estimado para próximos 20 ado. PG 8 anos, passando dos atuais 1,3 bilhão para 2,2 bilhões até 2034. Cercada de preconceitos e estigmas é necessário conhecer os fundamentos e as crenças dos seguidores de Mohamed. PG 9/10 FOTO: BRUNO CAVALCANTE
ISLAMISMO: A RELIGIÃO QUE MAIS CRESCE NO PLANETA
EDITORIAL Preparar um jornal como o Contexto é para nós alunos do curso de Jornalismo, a oportunidade de vivenciar a prática dentro da academia, as muitas experiências que nos aguardam no mercado de trabalho. Desse modo, pensamos essa edição diante de um cenário pós eleições 2014, no qual vamos abordar de forma enfática a atual situação da política no Brasil.
entende por inflação. Já em Mundo, convidamos você leitor a entender o funcionamento do programa Ciências sem Fronteiras, e a religião que mais cresceu em 2014, o Islamismo.
Assuntos contundentes que irão fazer com que você, caro leitor, se sinta bem informado com cada tema aqui abordado. Iremos também A Edição 44 do Contexto é pluritemática e apresenta um dossiê sobre o tratar da expansão do Campus de Glória, na editoria de Educação, e cenário político no Brasil, abrangendo os desafios da mulher na política, em um alerta acerca do avanço da obesidade no Brasil e no mundo, no um país ainda muito machista onde as mulheres são minorias nos lugares espaço destinado à Saúde. de debate político. Também problematizamos as questões raciais, além de E para aqueles que não conhecem como é o processo de descarte do enfatizar o uso das redes sociais dentro de um cenário político nacional e material tecnológico, terão algumas dicas. Sem esquecer das dicas de regional. como usar o aplicativo WhatsApp e sua relação com as pessoas. TereNa construção desse jornal, será mostrado no caderno de Economia, como mos o prazer de apresentar o crescimento do audiovisual em Sergipe, está sendo o ingresso de universitários no mercado de trabalho, e o que se nosso orgulho. E ai? Está esperando o que? Tenha uma ótima leitura.
EXPEDIENTE
CHARGE
Universidade Federal de Sergipe Campus Prof. José Aloísio de Campos Av. Marechal Rondon, s/n, São Cristóvão - SE Reitor - Prof. Dr. Angelo Roberto Antoniolli Vice- Reitor - Prof. Dr. André Maurício C. Souza Pró- Reitor de Graduação - Prof. Dr. Jonatas Silva Meneses Diretora do CECH - Drª. Iara Maria Campelo Lima Jornal Laboratório do curso de Jornalismo Departamento de Comunicação Social (DCOS) Drª. Raquel Marques Carriço Ferreira Fone: 2105-6919/ 2105-6921 Email: dcos.ufs@gmail.com Coordenação Editorial: Prof. Ma. Michele da Silva Tavares (DRT - 1195/SE) Planejamento Visual: Saullo d’Anunciação Colaboração: Ives Deluc Equipe Contexto - Edição 45 Ana Lúcia Bruno Cavalcante Carolina Leite Cleydson Santos Demétrius Oliveira Deyse Tuanne Ediê Reis Fernanda Sales Felipe Goettenauer Helena Sader Isadora Santos
OPINIÃO
(DES)ORDEM E (ANTI)PROGRESSO “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos”. Essa é uma citação extraída do Artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Mas quando relacionada ao racismo, apresenta uma contradição. Todos iguais? Em que lugar? Uma sociedade que se diz moderna e evoluída ainda contém pessoas retrógradas que humilham o seu próximo por causa de uma simples cor de pele. Essas pessoas conhecem os Direitos Humanos? O racismo não é um tema atual, no entanto continua presente e pouco se foi combatido. A discriminação cultural, profissional e religiosa; e o aumento da violência contra negros, nos faz lembrar alguns acontecimentos importantes que
foram desencadeados durante o ano de 2014. Como a campanha “eu não sou macaco”, que mesmo sendo suscitada por estrangeiros, serve de exemplo para a sociedade brasileira que ainda convive lado a lado com o racismo. É admirável que mesmo depois de tantos anos, existem pessoas que não “conhecem” os Direitos Humanos. São pessoas assim, que vive um retrocesso, onde fixaram suas raízes no tempo da escravidão e por lá ficaram. O mais engraçado é que muitas delas gostam de um sambinha, saboreando uma boa feijoada ou uma bela moqueca. Aqueles velhos costumes trazidos dos negros. Essa sociedade desordenada e preconceituosa “ajuda” a construir uma cultura antiprogressista
no Brasil. Esse mesmo Brasil que é formado por uma miscigenação de raças, onde somos todos brancos, negros, pardos e índios. Então, por que ainda existe racismo? Leis e fiscalizações existem. O que falta mesmo é a sociedade se conscientizar e aprender o significado da palavra “respeito”. Cabe à educação familiar e escolar fazer o seu trabalho, pois uma sociedade que “comemora” o Dia da Consciência Negra e o Dia da Denúncia contra o racismo, não é uma sociedade consciente. Acreditar que não existe um racismo latente na sociedade atual é acreditar que nunca houve escravidão no Brasil.” Por Isadora Santos, aluna do curso de Jornalismo/ UFS.
SUMÁRIO POLÍTICA
3, 4, 5e6
ECONOMIA
7e 8
MUNDO
9e 10
Juliana Santana Jussara Gonçalves Kamille Perez Leilane Coelho Lorena Freire Mary Belfort Miguel Carlos Rafael Lima Rodrigo Alves Silvânio Júnior Silvia Rodrigues
EDUCAÇÃO
11 e 12
saúde&meio ambiente
13, 14, 15, 16 e
ciência& tecnologia&
CULTURA
ESPORTE
comportamento
18, 19, 20 e
22, 23, 24 e
26, 27 e
cont exta ndo
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COM PROFESSORA SÔNIA MEIRE
Professora Doutora em educação na Universidade Federal de Sergipe e candidata a governadora de Sergipe pelo PSOL nas eleições de 2014. por KAMILLE PEREZ kamillleperez.kp@gmail.com
CONTEXTO: A senhora acha que os partidos sergipanos e nacionais dão espaços realmente para as mulheres? (Com relação a posições de destaques dentro do partido) SÔNIA MEIRE: A entrada da mulher na política é uma conquista e faz parte da luta pela reafirmação da mulher nos espaços de poder. Em geral, em uma sociedade marcada pelo patriarcado, é comum que os partidos tenham dificuldades para reconhecer o poder da mulher, tanto é, que alguns partidos criaram cotas para mulheres para incentivar a participação feminina. O PSOL por exemplo, em seu último congresso aprovou, por unanimidade, que em todas as instâncias de direção do partido tem que ter no mínimo 50% de mulheres.
apenas 10% dos eleitos são de mulheres. No senado, entre os 27 vagas disponíveis as mulheres conseguiram ocupar apenas 5. Na assembleia legislativa de Sergipe a bancada feminina eleita foi de 16,7%, houve uma diminuição em relação à eleição de 2010. A diminuição nas bancadas estaduais ocorreu em 16 estados brasileiros.
C: O partido ao qual a senhora se candidatou, normalmente apoia as mulheres aos pleitos eleitorais?! SM: Sim, a candidata a presidenta da República é um exemplo disto, mas não significa dizer que não se tenha necessidade de discutir a participação das mulheres na política. O último congresso do partido aprovou por unanimidade a participação de mulheres em todos os espaços internos do mesmo. No entanto, muita luta ainda há por se fazer para que as mulheres ocupem cada vez mais o espaço público, os espaços de poder representando um projeto socialista, um projeto de transformação real. C: Há diferença na concorrência entre homens e mulheres na política sergipana e/ou nacional? SM: Sim, a maior parte dos candidatos nacionalmente e em Sergipe, inclusive os eleitos foram homens. Na câmara federal
C: O que a senhora pensa com relação a participação das mulheres nos movimentos sociais locais e nacionais? E se existem muitas mulheres envolvidas nesses movimentos? SM: Sim, As mulheres cada vez mais lideram as mobilizações, as lutas, estão à frente de movimentos sindicais e sociais e à frente do seu próprio tempo. C: Visto em conta que a maioria dos eleitores sergipanos são do sexo femi-
nino, o que a senhora pensa a respeito das mulheres não votarem massivamente em você?! SM: O voto em mulheres na conjuntura das eleições não pode ser visto de forma direta de que mulher poderia votar em mulher. Historicamente as mulheres foram submetidas ao mundo privado. A participação da mulher no mundo público da política exige uma transformação completa das relações assumidas pela sociedade do capital. A negação da mulher na política tem haver com uma questão econômica cuja base é a exploração. Por isso, lutamos para que as mulheres não se candidatem apenas para constar e os partidos alcançarem a cota de participação feminina. Nas eleições em Sergipe o financiamento privado, o apelo emocional e o assédio para que as pessoas não perdessem o emprego, mesmo que precarizado, foram alguns fatores que marcaram a decisão de mulheres e homens. Por isso, não se pode dizer que mulher não vota em mulher. Vota sim, mas antes de votar na mulher, vota no projeto e nós tivemos uma parcela significativa de mulheres e de jovens que apostaram no projeto que estávamos defendendo e não apenas votou porque era uma figura feminina que defendia o projeto, embora consideremos que a candidatura também tivesse destaque em ser mulher, até porque os adversários eram todos homens. Neste caso, o projeto ousado sendo defendido por uma única candidata mulher conseguia dialogar muito bem com a população.
po líti ca
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política
DESAFIOS DA MULHER NA POLÍTICA Imagem: Creative Commons
Mesmo com todas as dificuldades e preconceitos, a presença feminina no cenário político apresenta avanços. Apesar disso, o número de mulheres na Assembleia Legislativa ainda é consideravelmente pequeno
Lideranças políticas femininas pelo mundo: da esquerda para a direita, Cristina Kirchner, da Argentina, Dilma Rousseff, do Brasil e Angela Merkel, da Alemanha
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número de mulheres no Brasil, segundo o IBGE, é de aproximadamente seis milhões a mais que o número de homens. Mesmo com essa grande diferença,não é difícil perceber que os cargos de chefia e os salários mais altos ainda são, na sua maioria, ocupados pelo sexo masculino. A conquista do voto feminino, a Carta Magna de 1988, e várias outras conquistas tem contribuído para o avanço da participação da mulher nos cenários públicos, diminuindo a discriminação e garantindo assim o direito de igualdade, entretanto a presença feminina ainda é escassa nos cargos de poder. No cenário político, a primeira mulher na América do Sul, por exemplo, a ser eleita prefeita, foi a Luíza Alzira Soriano, que venceu as eleições de 1928 na Cidade de Lajes (RN). Nesse ano, a eleição para presidente foi a primeira a ter duas mulheres na lista dos três principais candidatos, e Dilma Rousseff, foi a primeira presidenta eleita no Brasil, em 2000, sendo reeleita neste ano de 2014. Em Sergipe a situação é a mesma, embora Sílvia Fontes, do PDT, tenha sido a Deputada Estadual mais votada no Estado, seguida de
Maria Mendonça, do PP, das 27 vagas ofertadas para a Assembleia Legislativa, apenas cinco foram preenchidas por mulheres e nenhuma Deputada Federal foi eleita ou reeleita em 2014. Uma pesquisa realizada no inicio do mês de outubro pelo DataSenado confirmou o que os brasileiros acham a respeito da pequena participação da mulher na política, segundo eles, os fatores vão desde a falta de interesse por política até a falta de apoio dos partidos políticos. Outro fator dominante é o fato dos partidos serem comandados por homens. Para a Professora e candidata ao cargo de governadora de Sergipe pelo Psol ( Partido Socialismo e Liberdade), nas eleições de 2014, Sônia Meire, a entrada da mulher na política é uma conquista e faz parte da luta pela reafirmação da mulher nos espaços de poder. Segundo a professora, isso dificulta o reconhecimento da mulher no espaço politico e com isso alguns partidos acabaram criando cotas para incentivar a participação feminina. Mas a inclusão de cotas não é o suficiente. “A negação da mulher na política tem haver com uma questão econômica cuja base é a exploração. Por isso, luta-
mos para que as mulheres não se candidatem apenas para constar e os partidos alcançarem a cota de participação feminina. Embora todas as dificuldades enfrentadas pelo sexo feminino para “ter espaço” na sociedade, o nomes de mulheres que estão sendo reconhecidas pela competência vem crescendo. Angela Merkel, Chanceler da Alemanha desde 2005 e líder do partido União Democrata-Cristã desde 2000, Cristina Kirchner, Presidenta da Argentina desde 2007, e, a representante brasileira Dilma Rousseff, que comanda o Brasil desde 2000, são alguns dos nomes de mulheres importantes no mundo. Número esse que tende a crescer cada vez mais
por KAMILLE PEREZ kamillleperez.kp@gmail.com
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AS REDES SOCIAIS INVADEM A POLÍTICA Curtidas e compartilhamentos se difundem em largas proporções e influenciam diretamente no cenário político brasileiro, criando um novo espaço para discussões
A
s mídias sociais são formas de relacionamento interpessoais que a cada dia vem se consolidando mais. Facebook, twitter, instagram, whatsapp e outras tantas mídias se difundem a cada dia, e fortalecem laços interativos entre seus usuários, formando amizades virtuais. Os espaços virtuais já constituem um palco para a diversidade de relacionamentos. Entretanto, no ano de 2014, a internet inovou, além das formas de relacionamento, a web abriu uma brecha para o debate político. Uma enxurrada de conteúdo foi produzida, a militância virtual ganhou espaço e os discursos online se perpetuaram, dando visibilidade a candidatos e proposta, gerando assim uma nova dimensão para votação de cargos eletivos. Todo esse material, vira matéria-prima para os estudos desenvolvidos por Vitor Braga, pesquisador na área e docente da Universidade Federal de Sergipe, que desenvolve estudos científicos acerca dessa revolução digital. “A transformação imediata trazida pelas redes sociais para o processo político/eleitoral, foi a forma de se perceber a audiência da campanha. Nas campanhas anteriores com tv, radio folder, cartazes, o termômetro do processo era feito através de pesquisas, diretamente com o público, era uma comunicação mais vertical. Atualmente a forma de se perceber a audiência é totalmente diferente. Hoje em dia o fato (de campanha) acontece agora e instantaneamente gera compartilhamento e tuites, etc”, disse Vitor Braga, mostrando os avanços trazidos por essa revolução digital. Segundo Vitor, a necessidade de estar atento ao universo digital, bem como de gerenciar o perfil dos candidatos, expõe o surgimento de um novo personagem dentro dos bastidores das campanhas, os profissionais de mídias sociais, já que há funções muito específicas que são desenvolvidas por esses profissionais. Para o pesquisador, a grande marca deixada pela convergência midiática dentro do cenário político, foi a modificação da audiência. “Não se pode imaginar que essa audiência é semelhante ao modelo que já existia, porque é uma audiência que trabalha com várias plataformas e consegue informação de várias formas, tanto através da mídia social, quando das suas redes sociais particulares”, disse ele Braga. As eleições de 2014 marcaram o desafio dos profissionais de campanha em trabalhar de forma sinuosa com a convergência midiática. Alcançando os maiores avanços já vistos pela globalização, a internet desafiou o marketing de campanha a se remodelar. Leandro Gonçalves da Luz, publicitário que atuou diretamente na campanha política de candidato, sentiu diretamente os impactos desta nova dinâmica que fora imposta pelos ambientes virtuais. Há cinco anos na área, diz que a comunicação virtual permite alcançar interações nunca vistas, já que a velocidade de interação é sempre alta. Entretanto relata que essa rápida difusão tem seus contrapontos, uma vez que há geração de conteúdo instantâneo permite a difusão de muitos boatos inverídicos. Para o publicitário, os articuladores de campanha devem estar sempre atentos ao universo vir-
tual para ter controle sobre as informações que são geradas a cada instante. “Manter um controle sobre o universo do candidato online é a melhor maneira de evitar possíveis crises, entretanto quando formadores de opinião espalham notícias sobre boas ações do candidato a mensuração positiva é excelente”, disse ele ressaltando a importância dos formadores de opinião. A formação de opinião nas redes sociais é um ponto controverso, opiniões emergem a cada instante, sendo difícil encontrar aquele que fica ileso, ao que é difundido. É o caso do estudante de design grá-
opiniões formadas somente pelo senso comum), fato que acarreta em discussões “políticas” pessoais, com a presença de xingamentos, preconceitos e até mesmo um sentimento de ódio ou separatistas”, disse ela, com pesar. Em relação aos xingamentos e discursões públicas, estas foram ampliadas pelas mídias sociais. Um compartilhamento, seguido de um comentário de discórdia era o suficiente para instaurar o caos virtual. Amizades sendo desfeitas, e o discurso de ódio sendo levado a proporções elevadas. Com uma postura pró-ativa virtualmente, Vi-
Ilustração: Fernando Caldas
fico, Vitor Araújo. Com 20 anos, declara-se um militante virtual com orgulho. Acostumado a compartilhar informações para o seus seguidores, avalia o espaço virtual, como um ambiente mais cômodo para emergir a discursão politica. A estudante de Relações Internacionais, Paula Alves, analisa a importância das redes sociais no cenário político brasileiro desde o ano de 2013. “Podemos ressaltar a importância das redes sociais na política desde o ano passado, durante as manifestações de junho, já que boa parte da organização dessas manifestações se deu via internet”, disse a estudante. Para ela, é necessário dirimir os pontos positivos e negativos, que fora proporcionados por essa convergência midiática. “A maior participação e interesse da sociedade civil pela própria política (mesmo porque esta vem se tornando mais acessível), a veiculação de dados que não são beneficiados pela imprensa “mainstream” e a rápida mobilização de um número significativo de pessoas”, disse ela elencando a carga positiva do cenário de convergência. Todavia, Paula aponta pontos negativos que foram observados durante a campanha política. “A falta de “confiabilidade” de muitas informações que circulam de maneira bem mais fácil (ou seja, aqueles a veiculação de boatos que mais desinformam do que informam) e a falta de um debate teórico, com argumentos mais sólidos (gerado por
tor Araújo mostra-se muito tranquilo em relação a todo esse discurso de ódio que foi gerado nas redes sociais. “Acredito que tenha sido (o ódio), fruto de um temperamento hostil daqueles que acreditam que propostas políticas e ideologias devem ser difundidas (ou combatidas) através do medo, e não por meio da contra argumentação”, concluiu ele. Alheio a essa agressividade, Vitor vê seus compartilhamentos como uma maneira de difundir propostas ideológicas de forma discursiva. Com a missão de lidar e prepara toda uma campanha política, o publicitário Leandro, espera desafios cada vez maiores para as próximas eleições. “Nas próximas campanhas os profissionais devem estar mais atentos ao diálogo, sempre focando em humanizar e quebrar as barreiras a modo de gerar aproximação entre o candidato e o público geral. Campanhas transparentes e dinâmicas”, disse ele. Assim, na geração dos likes e compartilhamentos, o cenário político virtual ganha espaço e visibilidade, incumbindo aos militantes e gestores de campanha direcionar o agendamento virtual
por LORENA FREIRE lo_freire93@hotmail.com
política
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QUESTÕES RACIAIS: O QUE COMEMORAR? Uma proposta de análise sobre a vida dos negros no Brasil, suas lutas e conquistas, mediante as manifestações referentes a semana da consciência negra
Imagem: Blog da UNEGRO/Rio de Janeiro
“
- Mãe porque eu sou diferente de todo mundo da minha escola e daqui de casa? - Como assim Maria*? - É mãe eu sou diferente, sou preta, meu cabelo é ruim, de bruxa não gosto de ser assim! - Mas quem te disse isso minha filha? - Todo mundo na escola”. Esse é parte do diálogo entre mãe e filha que balançou toda estrutura familiar, quando aos sete anos de idade, Maria Luiza (pseudônimo que atribuímos à criança para preservar sua identidade), questionou os pais a respeito da cor de sua pele e seus cabelos, devido aos atos de bullying sofridos na escola. Caçula de quatro filhos de uma família descendente direta de escravos, que se orgulha da história de seus antepassados, Maria é a que maior evidencia os traços afro. Descobriu isso através do preconceito e intolerância de uma sociedade que se diz não racista, mas que na verdade vive um racismo disfarçado. Ser a mais negra da família nunca exigiu uma conversa sobre o assunto, como afirma dona Josefa (também pseudônimo), mãe da criança. “Sempre soubemos que ela era diferente, o que chamamos de tinta mais forte, mas todos somos negros com raízes afro muito bem claras e nos orgulhamos disso, nunca vimos a necessidade de dizer a ela ‘filha você é mais negra que seus irmãos’.”, explica. Entretanto, passada a fase da creche - pelo visto também a fase da inocência, agora matriculada no 1º ano do ensino fundamental a pequena afro-brasileira se deparou com uma enorme situação de preconceito das piores formas possíveis e não só dos colegas de mesma idade, mas também de educadores, que se omitiam e se negavam a enxergar o problema. Maria Luiza, deixava agora de ter o próprio nome respeitado na escola para ser chamada de “cuscuz queimado”, “tição preto”, “carvãozinho”, “nega preta” “filhote de urubu”, “cabelo de bombril”, “cabelo de bruxa”, etc. Não é preciso ter formação em psicologia para imaginar o que tudo isso provocou na cabeça e na
vida de um ser no início da formação do seu conhecimento de mundo e que esses traumas serão levados para toda vida. Toda essa situação jamais imaginada pelos familiares, fez com que soluções fossem buscadas na tentativa de resolver o problema do preconceito, porém esse problema é de difícil solução em um país onde impera a “lei do mais forte”, o racismo encoberto e falta de aceitação do outro. Segundo a família, junto à escola, nada se conseguiu fazer, no entendimento da direção e dos professores isso era coisa de criança. “A escola nem nos deu atenção, por vezes ia lá conversar com diretora, professora, e elas simplesmente me diziam que era coisa de criança, que eles se entenderiam entre eles mesmos e que eu não me preocupasse”, afirma a mãe de Maria. Mas, em casa, os transtornos de tudo sofrido na escola traziam problemas: Maria Luiza não se alimentava direito, não queria sair de casa “para não se queimar no sol”, porque para ela a cor de sua pele era “preta” por causa do sol, ir à escola estava fora de cogitação, queria se isolar do mundo “até ficar branca”. Em sua imaginação infantil, um dia seria “normal” como aqueles que a maltratavam, várias situações foram vividas durante todo esse processo de aceitação. Seu comportamento antes de uma criança alegre, empolgada com a escola, brincalhona, sorridente fora trocado pelo de uma pequena depressiva, chorava constantemente, buscava diariamente entender porque não era igual, questionava-se com Deus, porque Ele a teria feito assim. Com o passar do tempo, na tentativa de ser aceita no seio escolar, entregava o próprio lanche para os colegas, pagava com as poucas moedas que ganhava por minutos de paz onde ninguém lhe dissesse nenhum dos apelidos, comparava-se aos outros e de nenhuma forma entendia a cor de sua pele. Foi necessário um longo acompanhamento psicológico profissional e um processo junto ao Ministério Público para que a escola tomasse alguma providência. Atualmente aos 10 anos de idade, passados três
de toda essa fase, Maria Luiza entende um pouco melhor a situação, mas algumas coisas ainda não foram aceitas, mesmo agora se reconhecendo como negra e defendendo-se dos insultos que sofre. Mudou o cabelo através de processos químicos e diz: “É melhor evitar o sol intenso para não ficar ainda mais preta”. A história dessa criança nos faz refletir a necessidade de em pleno século XXI debater a vida dos negros no Brasil desde o processo de colonização até os atuais dias de preconceitos velados. Há 319 anos na data que hoje se comemora o dia da consciência negra morria Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, morto em 20 de novembro de 1695, justamente por lutar pelo direito de ser negro, disseminar a cultura afro e as religiões de matrizes africanas. No período em que se reafirmam essas lutas através dessa data dita comemorativa surge uma nova nesse cenário, o dia da denúncia contra o racismo (19/02). Mas, faz-se necessário que a sociedade de modo geral se questione sobre o que comemorar nessas datas, além de refletir sobre as conquistas e lutas do negro no Brasil, e o estilo de vida do povo que é maioria no país segundo censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) como também da cultura e religião que propagam. A atualidade de uma temática tão antiga expõe o paradoxo que vive a sociedade diante do racismo, de certo modo obriga o poder público a criar ações que atendam aos anseios do povo afro. Nesse sentido, entre 2003 e 2008, foram aprovadas as leis 10.639 e 11.645 que estabelecem a obrigatoriedade da inclusão no currículo oficial da rede de ensino o tema: “História e Cultura Afro-brasileira e Indígena”. Para o prof. Dr. Eduardo Quintana responsável por inúmeras pesquisas sobre diversidade étnica e cultural na Universidade Federal Fluminense (UFF), o fato das leis existirem não significa que elas defendam os interesses dos negros. “Existem as leis, mas há ainda um grande e necessário debate para que essas leis efetivamente se cumpram. Tratar as questões raciais é entender que não adianta existir a lei sem a devida
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7 efetivação delas, até porque o grande desafio dessas leis é colocar as questões raciais como processos civilizatórios”, afirma. Em 2014, foi criado pelo governo um projeto de lei que reserva 20% das vagas de concursos públicos da União para candidatos negros. A lei 12.990/2014 foi proposta pelo Executivo, em novembro de 2013, teve uma tramitação extremamente rápida no Congresso Nacional. É importante notar que a lei representa uma etapa subsequente à adoção de reserva de vagas para estudantes negros e pardos nas universidades públicas brasileiras. Essa reserva de vagas nos concursos públicos não apenas se mostra compatível como cumpre a determinação do artigo 39 do Estatuto da Igualdade Racial, que determina: Art. 39. “O poder público promoverá ações que assegurem a igualdade de oportunidade no mercado de trabalho para a população negra, inclusive mediante a implementação de medidas visando à promoção da igualdade nas contratações do setor público e o incentivo à adoção de medidas similares nas empresas e organizações privadas”.
RELIGIÃO
Esse debate sobre as questões raciais vai muito além da reivindicação do direito de ser respeitado independentemente da cor da pele e chama atenção para as reivindicações do direito de disseminar uma cultura e professar o que para a comunidade afro é uma religião. Mesmo que a maior parte dos negros no Brasil se declare cristãos existe uma parte da população, cerca de 0,3% de brasileiros que se dizem pertencentes as manifestações religiosas de matrizes africanas, o Candomblé e a Umbanda, ainda assim a sociedade pensa essas manifestações somente como uma cultura étnica, ou vulgarmente conhecida como “macumba”, “coisas do demônio”, etc, não como uma religião, e esses modelos já estão afirmados no imaginário da sociedade. Para o Professor Doutor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Genésio José dos Santos, foram mais de três séculos de dominação europeia, de linhagem religiosa católica, e com a disseminação de outras práticas religiosas ligadas ao cristianismo, a perseguição aos cultos aos orixás, intensificou-se. “A demonização tornou-se mais forte a partir das práticas religiosas protestantes que resolveram eleger as de matriz africana como seus verdadeiros alvos, com algumas poucas exceções. Mas, o que falta ser exercitado pela sociedade brasileira e pelos cristãos é o respeito a diversidade e ao caráter plural da cultura brasileira. Esta sociedade precisa livrar-se da ignorância que é reflexo da falta de conhecimento”, afirma. Já para a lei, segundo o Juiz da 17ª vara do Rio de Janeiro, Eugênio Rosa de Araújo, são mesmo apenas manifestações religiosas. Do ponto de vista social quando o juiz toma uma decisão como essa ele põe na lei o que para a massa já está posto como prática diária de não aceitação do outro com seus direitos, deveres, jeito de ser e ver o mundo, colocando em dúvida ainda, o que afirma a Constituição de 1988, quando diz que “O estado é laico”. Conforme afirma José Thiago da Silva Filho, ou Thiago Fragata (como é conhecido), historiador, poeta e diretor do Museu Histórico de Sergipe, o problema está em um Estado que se diz laico, mas está diretamente ligado a uma religião. “Depois de toda uma experiência colonizadora europeia no Brasil, que animalizou africanos através de uma escatologia para justificar a escravidão como um mandamento divino, uma libertação e uma igualdade foi garantida na letra da lei, mas a Constituição e o Código Penal apesar de suas atualizações do último século, não refletiu ou alterou a realidade preconceituosa, racista”. Segundo o Professor Dr. Genésio Santos, essa laicidade do Estado não se enquadra nas práticas religiosas de matriz africana. “Não existem políticas de Estado obrigando qualquer tipo de comemoração a
essas práticas. Mas, o Estado Brasileiro, continua, mesmo com a constituição dizendo que o Estado é Laico, comemorando as datas do calendário católico, com a instituição de feriados, inclusive. O fato de ser instituído o Dia Nacional da Consciência Negra foge totalmente do propósito, visto que não existe o dia de comemoração à Iemanjá, a Oxalá ou a Iansã, por exemplo”, explica. Se pensarmos no que foi feito historicamente com as religiões e/ou práticas religiosas que não o catolicismo na América Latina e demais porções do globo terrestre, esse imaginário de demonização das manifestações religiosas de matrizes africanas, está longe de ser desconstruído e requer muito mais esforço para que isso aconteça. “Quando um juiz reconhece que existem sim manifestações religiosas distintas do cristianismo, não está favorecendo as práticas religiosas de matriz africana, ao contrário, está abrindo os olhos da sociedade para o caráter plural destas práticas, e por isso mesmo, a diversidade tem que ser respeitada. Se nos reconhecermos diferentes uns dos outros, porém iguais diante da lei, muita coisa pode mudar na convivência em sociedade”, afirma o professor Genésio.
CULTURA
Com o objetivo de atender a necessidade de uma política cultural de Estado que seja inclusiva e democrática, o Ministério da Cultura, em parceria com a Fundação Nacional das artes, criou o projeto que fomenta as produções artísticas de produtores negros. Durante a chamada semana da consciência negra, muitos eventos, inclusive nas escolas públicas e particulares, buscaram demonstrar uma dita cultura africana, com danças, histórias e memórias contadas sobre os escravos e a história da África, que direta ou indiretamente reforçam estereótipos do imaginário infantil e reafirmam preconceitos. Essas manifestações executadas por pedagogos não refletem a real necessidade de se educar para o combate ao preconceito, aceitação e expressão da cultura afro. Thiago Fragata, afirma que o que se tenta, de forma “atabalhoada”, é reafirmar o contributo do povo africano para construção do Brasil. “É lamentável algumas práticas educativas que no anseio de afirmar ou reafirmar negritude e essa contribuição cultural do povo negro, acabam por defender o protagonismo do negro em detrimento do branco ou índio. Acredito que o foco deve ser a diversidade e a tolerância; é preciso construir as práticas educativas e planejamento tendo como orientação a diversidade e a tolerância. Negritude dentro de um quadro abrangente de diversidade cultural, religiosidade de matriz africana dentro de um país que preconiza a tolerância religiosa, um país laico”, justifica. Dentre esses eventos realizados nas redes de ensino para afirmação da negritude, estão presentes os concursos de beleza negra que buscam identificar de forma excludente e por vezes racista, padronizações de beleza segundo a cultura do capitalismo, ditando formas para rostos e corpos atenderem critérios aleatórios. Usando o discurso de valorização da negritude, esses concursos expõem meninos e meninas de diferentes idades que nesses “eventos especiais” são reconhecidos como bonitos. Segundo Thiago Fragata, esse é mais um exemplo do que chama de “atividade afirmativa atabalhoada”. “Assistimos nas escolas a tal da eleição da beleza negra e seus festejados concursos. Ora, buscar um padrão de beleza negro será a fórmula para se contrapor ao padrão de beleza branco, sabendo o quanto este é excludente, ditado por uma minoria de modistas, orientado para satisfazer um nicho do mercado de produtos de “beleza”? Não, não precisamos celebrar um padrão de beleza negro para incentivar a autoestima entre os jovens. A autoestima é que deveria ser o foco”, explica. Já entre os eventos culturais, em São Cristóvão na
semana da consciência negra foi realizada a quinta edição do “O CÍRCULO DOS OGÃS: africanidade e resistência em São Cristóvão”. Um evento ecumênico e democrático cujo objetivo é mobilizar as comunidades de terreiros de São Cristóvão e a sociedade sergipana para um dia de reflexão sobre direitos e cidadania. “Tenho dito que pensamos este evento focado na tolerância religiosa e na diversidade cultural brasileira, se ele mantém seu foco nas questões étnico-raciais é por conta do preconceito inaceitável que perdura em pleno século XXI, das injustiças e invisibilidade social que vive, por exemplo, o povo de terreiros deste país. Não por acaso o tema do V Círculo dos Ogãs (2014) foi “Mulheres Negras”. Imaginemos que no mercado de trabalho de hoje, uma mulher negra ganha menos que o homem branco, a mulher branca e o homem negro”, afirma Thiago que é também um dos organizadores do evento. Ainda sobre o dia da consciência negra, o professor Genésio chama atenção para o fato de que essa data não foi estabelecida para comemoração. “A Semana da Consciência Negra não foi criada para comemoração das práticas religiosas de matriz africana nem de sua cultura e sim para refletir a importância da participação dos negros de origem africana na constituição da sociedade brasileira. Até porque a sociedade brasileira historicamente negou esta presença negro-africana em seu seio, colocando os negros em situação de inferioridade, com propósitos bem definidos, a partir de uma ideologia europeia dominante, perpassando pelo processo, inclusive de formação escolar”. A chamada Semana da Consciência Negra não foi instituída nem pelo Estado e nem pelo Governo do Brasil e sim pelo Movimento Negro politicamente organizado, com o propósito de fazer com que os negros brasileiros possam conhecer e reconhecer a sua verdadeira história, que de forma alguma é àquela inventada pelos descendentes de europeus, tanto de origem portuguesa como espanhola, nos primeiros momentos da colonização. Já que, as regras da convivência social brasileira estabeleceram ao longo dos anos condições que fizeram com que negros não se orgulhassem de suas origens, não só através dos estereótipos sobre as religiões de matrizes africanas, seja pelo modo como se vestem os praticantes destas, seja pelo modo como usam seus cabelos, ou os dias da semana que guardam, ou mesmo pela demonização das mesmas, mas também através de ditados populares e muito usuais como: “A coisa tá preta”, ou, “aquela/e é a ovelha negra da família”, etc. Essas regras de certo modo são responsáveis por situações como a que vivenciou Maria Luiza e sua família, continuarem acontecendo em pleno século XXI. 126 anos nos separam daquele 13 de maio de 1888 (data em que a escravidão foi abolida no Brasil), não há mais a senzala, o tronco, o feitor, nem o chicote, mas manteve-se o preconceito, o racismo, a discriminação, a inferiorização do negro em detrimento ao branco e todas as marcas dos longos anos de domínio europeu. “A história dos africanos e dos seus descendentes deve estar na pauta do dia das escolas e das universidades para que a ignorância seja um dia superada e a convivência entre pessoas de cores e práticas religiosas distintas seja verdadeiramente harmônica. Não se pode negar que as conquistas do movimento negro organizado vêm se estabelecendo de forma progressiva e de certo modo, mesmo que aos poucos, a sociedade brasileira vai entendendo que mesmo de forma velada o racismo está presente em seu meio e que precisa ser superado”, conclui o professor Genésio.
por ANA LUCIA anajornalismo22@gmail.com
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QUEREM A VOLTA DO TERROR? Defensores da Intervenção Militar pedem o poder e a força no país. Torturados relacionam o pedido às mais tristes lembranças dos Anos de Chumbo
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escândalo na Petrobrás e a crise de abastecimento de água ocorrida na cidade de São Paulo são umas das situações deflagradoras no qual o Brasil está vivendo. Por outro lado, um forte apelo tem sido provocado pela extrema direita quando pedem a volta da Intervenção Militar. Foram através de manifestações ocorridas na cidade de São Paulo, maior concentração de pessoas, em Junho deste ano e em outras cidades do país que militantes da direita e parcela da sociedade sem filiação aos partidos, foram às ruas requerer a volta dos militares ao governo. E foi no Facebook, que essa “luta” ganhou força, frases do tipo: “Intervenção militar já” e “Sociedade quer que os militares voltem a governar o Brasil”, foram publicadas e curtidas. E porque a Intervenção Militar deve ser entendida como instituição de uma Ditadura Militar? Para entender um pouco do que é militarização, a pesquisadora e mestre em História, formada pela Universidade Federal de Sergipe - UFS, Mislene Vieira dos Santos, explica: “a militarização pode ser pensada como um resultado de uma tomada de poder pelos militares”. Num momento em que acontecem mobilizações nas ruas que apelam para uma intervenção militar na vida política e institucional brasileira é urgente e necessária uma reflexão sobre as condições que permitiram a implantação da ditadura militar no Brasil. O golpe de 31 de março de 1964 foi um dia de triste memória que se transformou em uma ditadura de 21 anos. Mediante a esse fato, vamos voltar ao tempo e encontrar na história, a lembrança da tomada de poder pelos chamados “Generais de guerra”.
O GOLPE
O golpe militar veio de uma confluência de interesses civis, da elite, do patronato que estava num momento de efervescência cultural que vinha se delineando nas décadas de 1950 e 1960. “Além do crescimento do populismo, as ameaçadoras reformas de base, um contexto internacional de bipolarização entre os Estados Unidos, que ajudou a eclodir ditaduras na América Latina e a União Soviética”, explica Mislene. Naquele contexto, qualquer pessoa que se identificasse com ações voltadas para a população, para o desenvolvimento mais igualitário, de visão de riqueza, de reformas, já era “taxado” como comunista. Nesse momento, o então presidente eleito João Goulart, estava perdendo espaço dos grupos políticos de direita (conservadores), que se viam ameaçados pelas suas propostas de reformas de base. As forças de esquerda ficaram surpresas e desarticuladas, com dificuldade de organização, onde aos poucos a nova ordem militar era estabelecida.
RETRATOS DA DITADURA EM SERGIPE
Na noite do dia 31 de março de 1964, havia rumores de que tropas militares estavam se deslocando para a capital sergipana. “Uma multidão se dirigira para o Palácio do Governo, para ter respostas do que se tratava. Logo em seguida, o deputado federal Euvaldo Diniz da União Democrática Nacional (UDN), foi preso, causando um certo alarde. Em seguida, o delegado regional do trabalho e líderes sindicalistas também foram presos”, contextualiza Mislene. No momento do golpe, o governador de Sergipe na época, João das Seixas Dória, estava no Rio de Ja-
neiro. Quando retornou, dia 01 de Abril de 1964, no período da noite, emitiu uma mensagem para a população sergipana se colocando a favor das reformas de base, da proposta que vinha sendo delineada pelo presidente João Goulart. Poucas horas após o pronunciamento, o Palácio do Governo foi invadido por militares, prendendo o então governador de Sergipe. “Em primeira instância ele é levado para Salvador, onde fica detido, de lá é levado para a ilha Fernando de Noronha, onde ficou preso com Miguel Arraes, o ex-governador de Pernambuco”, explica a pesquisadora. Seixas Dória passou mais de 100 dias preso, causando mobilizações por ser uma figura representativa, após ser liberto, todos os seus direitos políticos foram cassados por 10 anos. Diante disso, o vice-governador, Sebastião Celso de Carvalho, assume o Governo em Sergipe. Um dos primeiros focos de ação foram com os políticos, fazendo uma “Operação limpeza”, destituindo prefeitos, deputados e vereadores. Os que tivessem históricos de corrupção eram retirados dos mandatos e àqueles que tinham uma identificação com as reformas de base do governo de Seixas Dória ou com o de João Goulart, eram cassados. “A ideia da “Operação limpeza” era passar para a sociedade, que tudo estava sendo feito em nome da segurança nacional”, conta Mislene. Era importante fortalecer a segurança interna para haver um desenvolvimento econômico. Além do judiciário que estava debilitado, a igreja católica em Sergipe estava dividida, de um lado o Arcebispo Dom Luciano Cabral Duarte, da ala dos conservadores (de apoio), do outro, o Arcebispo Dom José Vicente Távora, da ala progressista, que achava a ditadura um tremendo retrocesso político. O 28º Batalhão de Caçadores não foi só fisicamente e representativamente um símbolo forte das ações dos militares do Estado de Sergipe, mas foi nesse local que se desencadearam as prisões, torturas físicas e psicológicas dos detidos. “Houve torturados em Sergipe”, afirma Mislene. Ela relata que os torturados, na maioria das vezes levavam tapões, socos, gritos, uma forma de captar informações.
PRESOS E TORTURADOS
Wellington Mangueira, ex-integrante do PCB (Partido Comunista Brasileiro), foi um desses sergipanos torturados. Preso político várias vezes, Mangueira sofreu por defender ideais de liberdade numa época em que era proibido até pensar ou manifestar opiniões
que fossem divergentes dos militares. Ele relata como foi o dia que foi preso pela primeira vez: “Não me recordo muito bem da data, se foi dia 03 ou 04 de Abril de 1964, só sei que foi quando estava eu e meu colega Mário Jorge, saindo do Atheneu, e de repente parou um jipe do exército, saiu dele soldados armados e nos obrigaram a entrar no jipe”. O professor de comunicação da UFS, Sebastião de Sá Figueiredo, tinha 13 anos quando eclodiu o período militar em Sergipe. “O período militar em Sergipe foi um grande choque”, disse. Segundo o professor, o golpe não foi só dos militares, mas também dos civis. “Um golpe de direita, antiprogressista. Só que depois os militares não deixaram os civis participarem”, confirma. Sebastião foi preso no dia 13 de dezembro de 1982, durante o Congresso oficial do PCB, que de forma camuflada estava intitulado de “Reunião de Comunistas”, na sede do Jornal Voz da Unidade, localizado na Praça Dom José Gaspar, Centro de São Paulo. “Tive uma arma apontada na minha cabeça”, relata. Após a prisão em São Paulo, o professor da UFS respondeu um processo de lei de segurança durante 5 anos, no qual não podia trabalhar. “Quando eu iria trabalhar, era logo demitido”, enfatiza. Foto: Miguel Carlos
À esquerda Wellington e à direita Sebastião Querer ressurgir um movimento ao qual trouxe desconforto para o Brasil, é romper toda uma discussão acerca da democracia. “Se a democracia tem seus defeitos, vamos aprimorá-la”, disse Wellington. Segundo ele, o período militar é marcado por ser a maior desgraça que o povo brasileiro sofreu durante toda a história. “O golpe deixou marcas doloridas e impossíveis de serem apagadas por sua perversidade, quando prendia e torturava quem não aceitava as ordens dos militares. O golpe também foi terrível pela insegurança generalizada e pelo medo que todos sentíamos. A ditadura brasileira foi criminosa, sobretudo, pela falta de respeito ao livre pensar do ser humano”, conclui por MIGUEL CARLOS miguelcomunicaufs@gmail.com
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ISLÃ CRESCE PELO MUNDO Dos sete bilhões de habitantes no planeta, cerca de 1,3 bilhão são muçulmanos representando 25% da população mundial
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erca de um milhão de muçulmanos está no Brasil, sendo que a maioria dos seguidores do Islã encontram-se na Ásia e no Oriente Médio. Atualmente, o islamismo é a religião que mais cresce perdendo apenas para o cristianismo. Os dados apontam, portanto, que os admiradores de Alá fazem parte de uma realidade social, política e religiosa em âmbito mundial. Desconhecida pela grande maioria, o Islã é vítima de preconceito por está associada a casos de terrorismo. Homens bombas e fanáticos religiosos pregando a morte de infiéis estão numa minoria disposta a matar e morrer, movida por teorias segundo as quais um “fiel suicida” garantiria um lugar de honra no paraíso. Esses são movidos pelo fanatismo e a interpretação ao pé da letra de textos sagrados. O verdadeiro mulçumano nega a violência e prega a união de preceitos e a busca da paz para a humanidade. Pouca gente sabe, mas na Rua Nestor Sampaio, no bairro Luzia, funciona o Centro Cultural Islâmico de Sergipe. Criado em Janeiro deste ano o centro tem o objetivo de esclarecer equívocos sobre o Islã e divulgar os verdadeiros ensinamentos da religião para a comunidade sergipana. Mulçumanos de Aracaju, Areia Branca, Itabaiana, Itabaianinha e Simão Dias e até mesmo de outros países aproveitam
o espaço para as orações e sermões.
CRESCIMENTO DO ISLAMISMO Com o crescente número de fiéis e de líderes, o aumento de mesquitas e centros islâmicos se torna necessário, hoje são 115 espalhados pelo Brasil, em 2005 eram 70. O representante dos mulçumanos em Sergipe, Bruno Gabriel, acredita que o aumento se dá pela divulgação da religião em língua portuguesa. “Há mais líderes falando e ensinando o islã em português. Isso ajuda no entendimento e divulgação da religião”, disse Bruno. A língua tem sido o fator principal para a reversão de brasileiros sem origem muçulmana. No islã todos nascem muçulmanos, por isso quando se falam de novos adeptos eles não usam a palavra “conversão”, mas sim “reversão”. Bruno também explica que os líderes religiosos não tinham o incentivo a se dedicarem ao idioma, pois o desejo era retornar para o Oriente Médio, mas o pensamento deles vêm mudando por pensarem em se estabelecer no Brasil. Ainda sobre o crescimento do Islamismo, o sociólogo Rodorval Ramalho afirma que existem muitas razões para uma pessoa se converter ou trocar de religião. A mudança ocorre desde a necessidade de apoio para enfrentar o cotidiano e a busca de sentindo para a vida. “Os processos de conversão não devem ser vistos como novidade.
No começo do cristianismo, por exemplo, as mulheres se converteram em massa, pois aquela nova religião lhes tratava como iguais aos homens. No mundo moderno, com o pluralismo religioso, as conversões são mais comuns, tendo em vista que cada indivíduo escolhe a religião que quiser. No caso do islã, é interessante observar que uma religião tão restritiva ao individualismo moderno chame tanto a atenção de indivíduos modernos,” explica Rodorval. Além da língua, a facilidade para se tornar um muçulmano também tem colaborado para o crescimento deles no Brasil. A reversão acontece quando a pessoa diz por três vezes a frase diante de um interlocutor: “Não há Deus se não Deus e o Profeta Muhammad é seu mensageiro”. Depois dessa etapa de confissão, a pessoa passa a praticar as cinco orações diárias, fazer caridade aos mais necessitados, participar do jejum durante o mês do Ramadã e se tiver condições financeiras, faz a peregrinação à cidade saudita de Meca.
REVERSÃO “São 17h45. Está na hora da oração da tarde”, avisa Fagner Santos, convertido há três dias, interrompendo a entrevista. Ele se levanta, pede licença e vai apressado ao banheiro. Lava as mãos, em seguida a boca, barba e orelha, umedece os cabelos e entra no salão do Centro Islâmico.
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10 Ajoelhado, ora por cerca de cinco minutos. Não é preciso ter nascido muçulmano ou ser casado com um praticante da religião. Também não é necessário estudar ou se preparar especialmente para a ocasião. A reversão acontece quando a pessoa diz por três vezes a frase “Não há Deus se não Deus e o Profeta Muhammad é seu mensageiro” diante de um interlocutor. Depois dessa etapa de confissão a pessoa passa a praticar as cinco orações diárias, fazer caridade aos mais necessitados, participar do jejum durante o mês do Ramadã e se tiver condições financeiras, faz a peregrinação à cidade saudita de Meca. Mas voltando para o Fagner, ele mora no município de Lagarto há 75km da capital. Há oito anos era evangélico, se converteu ao Islamismo por que precisava de algo que acalmasse espiritualmente. “Sempre tive muita fé em um Deus supremo, mas me faltava alguma coisa. Agora, se Deus quiser, morrerei muçulmano”, explica Fagner. Quem se converteu há um ano foi Paulo Andrade. Ele conheceu o Islã por meio de um amigo muçulmano, em uma época em que só queria saber de diversão. “Gostava de beber, de cair na noite.Tinha uma irresponsabilidade típica dos jovens”, conta Paulo. Quando anunciou sua decisão de se converter ao islamismo, a família católica ficou apreensiva. As piadinhas, como “vai virar terrorista”, duraram pouco tempo. “Quando perceberam a mudança da minha postura, das minhas atitudes, viram que a religião estava me fazendo bem. Na primeira vez que minha mãe me viu jejuando durante o Ramadã, ela se emocionou e chorou”, relata Paulo.
A LIGAÇÃO DO MUNDO ISLÂMICO COM O TERRORISMO
Onde se veem conflitos envolvendo os muçulmanos eles podem ser explicados pelas diferenças internas, aliadas à miséria e à carência de educação, que contribuíram para o surgimento de grupos fundamentalistas religiosos. Movidos pelo fanatismo e interpretação ao pé da letra de textos sagrados. A maioria dos muçulmanos é contra aos ataques suicidas e considera um pecado extremo, uma ofensa contra Alá, na medida em que atenta contra o dom da vida. A maioria dos muçulmanos são contra aos ataques suicidas e considera um pecado extremo, uma ofensa contra Alá, na medida em que atenta contra o dom da vida . Algumas opiniões de mulçumanos em Sergipe sobre o assunto: “No verdadeiro Islã, o terror não existe. No Islã, matar um ser humano é um ato tão grave como a infidelidade. Ninguém pode matar um ser humano. Ninguém pode tocar numa pessoa inocente, inclusive nos tempos de guerra.” – Bruno Gabriel “O Islã tem respeitado sempre diferentes pontos de vista e ideias, e isto deve ser entendido para que possa ser valorizado adequadamente. Lamento dizer que nos países onde vivem os muçulmanos, alguns líderes religiosos e muçulmanos imaturos não têm mais armas à mão do que sua interpretação fundamentalista do Islã. Usam-na para atrair algumas pessoas para lutas que servem para seus próprios propósitos.” – Mustafá “Uma das pessoas mais odiada no mundo é Osama Bin Laden, por ter manchado o nome do Islã. Criou uma imagem muito ruim. Inclusive, ainda que tentássemos todo o possível para reparar o terrível dano ocorrido, levaríamos anos para repará-lo.” – Fagner Santos “É nosso erro; é um erro da nação. É um erro da educação. Um muçulmano de verdade, alguém
que entende o Islã em todos seus aspectos, não pode ser um terrorista. É duro para uma pessoa ser muçulmana se está envolvido com terrorismo ao mesmo tempo. A religião não permite o assassinato de pessoas para cumprir uma meta.” – Edivilson Ramos
TRAJES
O uso do véu é um dos traços culturais que mais chamam atenção daqueles que não são muçulmanos, principalmente das mulheres. Em Aracaju, onde o calor é muito forte, as pessoas não muçulmanas questionam a adoção do traje, que acompanha roupas folgadas que cobrem todo o corpo, mas quem usa pouco se importa. As muçulmanas se dizem protegidas ao usar o acessório. Quanto ao calor, alegam sentir-se melhor do que parece porque os trajes as protegem do sol.
“A mulher tem de conhecer a religião para saber os motivos pelos quais usa o véu”, diz Kátia Ahmad , 32 anos. Natural de Estância, ela se casou com um muçulmano e acabou se envolvendo com o islamismo. A adoção do véu é uma norma do islamismo registrada no Alcorão, uma das ordens que Deus enviou aos muçulmanos. “A mulher é chamada a se proteger, a cobrir seu cabelo e se vestir com roupa adequada, seja durante os momentos da oração ou no dia a dia”, diz Kátia. Ao contrário da mulher, o homem não precisa se cobrir porque não chama atenção como a figura feminina. Kátia lembra da diferença entre o véu e a burca. “O véu é usado pelos muçulmanos, a burca não. Não é um ato islâmico, é um costume afegão”, explica por BRUNO CAVALCANTE bcavalcante2107@gmail.com Foto: André Teixeira
Livros e folhetos do Centro Cultural Islâmico de Sergipe
CURIOSIDADES 1 Todos os ensinamentos contidos no Alcorão têm força de lei. 2 Alá é o nome do Deus único do islamismo. 3 Alcorão que dizer o livro, assim como a palavra bíblia. 4 No Alcorão, Alá é identificado por 99 adjetivos. Três deles são “pacificador”, “misericordioso” e “clemente”.
5 Maria, mãe de Jesus, é a única mulher que o Alcorão chama pelo nome.
6 Jesus Cristo é citado 25 vezes no alcorão. Ele aparece ora como filho de Maria ora como o messias Jesus, filho de Maria. Mas, para o islamismo, Jesus Cristo foi apenas um profeta.
7 Segundo os muçulmanos, os ensinamentos de Jesus Cristo
foram mal interpretados pelos cristãos.
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CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS Conheça o programa e entenda como ele funciona
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programa Ciência sem Fronteiras começou a atuar em 2012, uma inciativa em conjunto dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), por meio de suas respectivas instituições de fomento – CNPq e Capes –, e Secretarias de Ensino Superior e de Ensino Tecnológico do MEC. Trata-se de investimentos para a formação de mão de obra qualificada e proporciona aos jovens que passam na prova, uma bolsa de estudos no exterior. Ciências Exatas e da Terra; Engenharias e demais áreas tecnológicas; Biologia, Ciências Biomédicas e da Saúde; Computação e Tecnologias da Informação são algumas das áreas contempladas pelo programa. O Contexto UFS conversou com o coordenador do curso de Relações Internacionais, Professor Israel Roberto Barnabé (foto). O Ciência sem Fronteiras é acompanhado na UFS pelo setor CORI/PROSGRAP e já beneficiou cerca de 270 alunos em três anos. Contexto: Quais os pontos positivos e os negativos do Ciência sem Fronteiras? Prof. Israel Roberto: Eu vejo mais pontos positivos, eu acho que é um programa que nunca existiu antes e o Brasil não tem uma história de bolsa sanduiche para graduação. As bolsas para graduações são mínimas, muito pontuadas e o programa Ciência sem Fronteiras muda isso, porque o principal público atingido foram os alunos de graduação. É um programa que se estende também para pós-graduação e os alunos tem possibilidade de fazer doutorado, mestrado profissional, mas cerca de 80% das bolsas estão destinadas ou foram ocupadas até agora por alunos de graduação, então o primeiro aspecto positivo é esse, possibilitar que alunos da graduação façam uma bolsa sanduíche no exterior. O aluno no exterior aprimora a língua estrangeira, a partir da convivência com uma cultura diferente. Ele também conhece metodologias de ensino em universidades diferentes, outra realidade da educação e volta para o Brasil, eu acho que mais crítico, com relação à própria educação inclusive pensando e apontando também os pontos positivos da universidade brasileira. Costumo dizer que o aluno de um modo geral volta mais brasileiro, porque não há um deslumbramento com relação à universidade estrangeira, é claro que do ponto de vista de infraestrutura boa parte dessas universidades estão melhores construídas do que algumas brasileiras, mas do ponto de vista de como as aulas são ministradas, qual que é a metodologia, eles também voltam para o Brasil conhecendo melhor os pontos positivos da universidade brasileira. C: A meta do Ciência sem Fronteiras era levar 101
Foto: Arquivo Pessoal
mil estudantes para o exterior. Aqui na UFS quantos alunos foram contemplados? IR: O programa começou em 2012 e a proposta foi lançada em 2011, então como foi um movimento muito rápido as universidades não estavam preparadas ainda para o trâmite desses alunos, por isso o acompanhamento não foi muito cuidadoso no início para as universidades federais de um modo geral. Agora a UFS está fazendo um levantamento mais cuidadoso e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) vai mandar a lista com todos os alunos. Mas, aqui na UFS, nós mandamos entre 250 e 270 alunos para o Mundo todo, nós temos alunos em toda a Europa, Oceania, Ásia, América do Norte, então nossos alunos estão bem espalhados. C: Os alunos dos cursos de humanas não são contemplados pelo programa, mas no dia 18 de novembro deste ano o “Idioma sem Fronteiras” foi lançado pelo MEC vinculado ao Ciência sem Fronteiras, para alunos e professores, então quais são as metas com relação a esse novo programa? IR: O programa Idioma sem fronteiras do MEC tem o objetivo de preparar os alunos para participarem do programa Ciência sem Fronteiras, continua ainda dentro das áreas prioritárias, então os alunos que não estão aptos para irem para o programa Ciência sem Fronteiras acabam não participando desse novo programa, mas nós criamos agora na UFS o “Idioma sem Fronteiras da UFS”, com o objetivo de oferecer cursos inicialmente de francês, espanhol e inglês para alunos que não sejam contemplados pelo Ciência sem Fronteiras e para os professores da UFS e técnicos administrativos, justamente para fazer com que esses alunos, professores ou funcionários estejam preparados e aptos com o idioma, para participarem de um intercâmbio, seja pelo Ciência sem Fronteiras ou para outras possibilidades que surjam. C: Professor Israel Barnabé o senhor acredita que futuramente os alunos das áreas de humanas serão contemplados? IR: Eu não vejo um horizonte muito amplo para isso, nós recebemos a visita da representante do CNPq na semana acadêmica e ela mostrou novamente as áreas prioritárias. Tem todo um motivo para isso, eu não vejo muito horizonte para ampliação dessas áreas para as áreas de humanas. Já foi lançado agora o Ciência sem Fronteiras II, que deve ir de 2016 a 2020, e as áreas contempladas continuam as mesmas, então eu não vejo muito avanço nesse sentido. Essa segunda etapa prevê mais de 100 mil bolsas e o MEC vai fazer um esforço para que os alunos de pós-graduação participem mais.
Uma das modalidades dadas pelo programa é a graduação sanduíche, essa bolsa tem validade de 12 a 18 meses e a meta a ser alcançada para ela até o ano de 2015 é de 64 mil bolsas. Adriana Guimarães, aluna do curso de Biomedicina da UNIT, foi contemplada por essa modalidade no final do ano passado e no dia 2 de janeiro deste ano viajou para Hungria para estudar na University of Szeged. “Sempre quis sair do Brasil, explorar novas culturas, ver as diferenças entre as sociedades e ainda combinar isso a possibilidade de estudar em uma universidade diferente, conceituada e que me proporcionasse ampliar ainda mais o meu conhecimento”, rela-
tou. Ela conheceu o programa pela televisão e procurou entender como ele funcionava através da internet. “Escolhi a Hungria por ser um país que se localiza na Europa Central e com baixo custo de vida, pelas universidades serem bem con-
Foto: Maria Belfort
Natália da Silva Rosa, 19 anos é estudante do 4º período do curso de Letras da Universidade Federal de Sergipe e f alou para o Contexto UFS. O curso dela não está dentro das áreas contempladas. “Eu me sinto prejudicada porque cursando Letras eu teria certa necessidade de viajar, pois estudo português e inglês. Se eu viajasse seria uma grande oportunidade para desenvolver melhor o que eu aprendi na universidade, mas o meu curso não é contemplado, não só o meu como também Publicidade e Propaganda, Jornalismo e Design Gráfico, que do meu ponto de vista seria importante para os alunos terem essa oportunidade. Os cursos que trazem mais renda são os beneficiados, enquanto que os outros não têm aproveitamento e não trariam renda para o país e por isso eles não investem. O governo sempre passa a proposta de investir em educação e nas categorias de base, mas mesmo assim essa classe é esquecida e Foto: Arquivo Pessoal não tem o Ciência sem Fronteiras e outros programas que auxiliem. O Idioma sem Fronteiras é parecido com o programa que já existia, o Inglês sem Fronteiras, que quando a pessoa faz um curso de exatas ela consegue viajar, mas se for da área de humanas ela só faz um curso de inglês. Então só aperfeiçoou o que já tinha antes, a diferença é que no Idioma sem Fronteiras a pessoa consegue estudar outras línguas.
ceituadas e principalmente pela oportunidade de ter contato com outra língua além do inglês”, explicou. Com relação ao ensino, Adriana contou que existem muitas diferenças entre o ensino do Brasil e da Europa, especificamente da Hungria. Primeiramente, existe uma diferença entre a atuação profissional de cada curso, diferença de legislação mesmo de cada profissional; segundo, existe diferença entre o tempo de graduação, pós-graduação, por exemplo, o curso de biologia lá dura dois anos, mas para o profissional poder atuar na área ele não pode ser somente graduado, então obrigatoriamente ele tem que fazer a sua pós-graduação. “O ensino nas aulas também é diferente, as matérias na Hungria são divididas muito detalhadamente porque eles veem tudo muito mais aprofundado que no Brasil, por isso a quantidade de matérias por semestre é maior, mas em compensação cada matéria tem uma carga horária menor do que no Brasil, então consequentemente eles acabam sendo mais bem preparados para atuar no mercado de trabalho”, completou Adriana por MARIA BELFORT maribelfort.75@gmail..com
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INFLAÇÃO AFETA O SEU COTIDIANO
Aracaju possui a cesta básica mais barata do país, fato que possibilita uma melhor qualidade de vida aos moradores da capital sergipana
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inflação está presente no dia-a-dia de todos os brasileiros, seja com maiores ou menores índices. Porém, muitos não sabem o que ela significa para a nossa economia e que está diretamente ligada ao poder de compra da população, podendo afetar até mesmo sua qualidade de vida. Inflação não é um simples aumento de preço, é o processo persistente de aumento de preço, que corrói o poder de compra das famílias e pode gerar incertezas na economia quando é muito acentuado. Entre as consequências que a inflação gera ao desequilibrar a economia está a atualização salarial para recompor o poder de compra. Para controlar esse constante aumento de preços, é preciso que o governo adote medidas eficazes. As duas medidas mais comuns são o aumento das taxas de juros e o corte de gastos públicos. O economista Ricardo Lacerda, assessor econômico do governo do estado de Sergipe e professor da Universidade Federal de Sergipe, explica que muitas vezes esses remédios contra a inflação podem ter efeitos colaterais muito danosos, “como o desemprego, perda de rendimentos para as famílias e redução de serviços públicos”. O aumento dos níveis de preços é medido através de diversos índices, como por exemplo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), o Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Os índices diferenciam-se pelo tipo de cálculo realizado que variam de acordo com a renda, região, produto, período, dentre outras especificidades que tornam a pesquisa mais segura. Isso ocorre por que a inflação não afeta a todos da mesma forma. “Nas famílias mais pobres, alimentação e transporte pesam mais. Já nas famílias mais
Foto: André Teixeira
ricas, itens como refeição fora de casa e educação são os que mais pesam. Portanto, se os preços dos alimentos subirem muito, as famílias mais pobres serão mais afetadas. Mas, se isso ocorrer com as mensalidades escolares e os serviços, serão as famílias mais ricas as mais impactadas”, afirma Ricardo. Nas últimas décadas, o brasileiro enfrentou diversas alterações nos índices e sentiu as consequências no orçamento. De acordo com o IPCA, em 1994, o índice inflacionário chegou a 18,57%, hoje convivemos com 5,05%. Para a dona de casa, Mônica Duarte, a redução das taxas, nos últimos 20 anos, gerou equilíbrio e estabilização da moeda, proporcionando aos brasileiros uma maior capacidade de aquisição de produtos. A consumidora relata que no ano de 1994, durante o governo de José Sarney, a alta dos preços ocorria praticamente a todo instante. “Não dava para saber o preço das coisas, se hoje eu comprasse um produto por um preço, com certeza amanhã já não seria mais o mesmo”, explica Mônica. Ela considera que a principal diferença é que hoje temos a possibilidade de nos planejar economicamente para comprar algo daqui há alguns meses. “Antes não era assim, tinha que ser de imediato, pois futuramente aquele produto não teria o mesmo preço”, completa.
SERGIPE
O Departamento Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos (Dieese) foi criado na década de 50 pelo movimento sindical brasileiro para desenvolver pesquisas e indicadores permanentes. Entre eles, destacam-se as pesquisas de preços, de emprego e renda, como também o cálculo da Cesta Básica Nacional, medido mensalmente em 16 capitais brasileiras. Aracaju é uma das cidades analisadas e possui a cesta básica mais barata do país. De acordo com o Dieese, o valor da cesta na capital sergipana é de R$ 232,82, com variação mensal de -0,15 %. Porém, não são feitas medições oficiais do IPCA em Sergipe. Na região Nordeste, as pesquisas são feitas apenas nas regiões metropolitanas de Salvador, Recife e Fortaleza. Segundo Ricardo Lacerda, há expectativa que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) amplie a pesquisa do IPCA para todas as capitais brasileiras. “Isso seria muito importante para acompanhar a evolução dos preços em Sergipe. Por enquanto, temos que observar as taxas nacionais e as das regiões metropolitanas do Nordeste, que refletem realidades mais próximas das nossas. No caso da região Metropolitana de Salvador, o IPCA subiu 6,44% nos últimos doze meses e na região metropolitana de Recife, 6,72%, enquanto a média nacional foi 6,59%, nada muito distante uma das outras”, conclui o economista por CAROLINA LEITE carolinaafleite@hotmail.com
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) O índice indica a variação mensal do custo de vida médio das famílias com renda mensal entre 1 e 40 salários mínimos das 11 principais regiões metropolitanas do país.
edu ca ção
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política
EVASÃO AFETA AS UNIVERISDADES
Falta de apoio, estrutura e imaturidade na escolha do curso são os principias motivos das desistências do estudantes. Foto: arquivo pessoal
O ex estudante Thiago Cordeiro não se desitido
A
evasão escolar causa diversos prejuízos tanto nos aspectos econômico, social e humano. Os motivos que levam ao estudante desistir dos cursos são inúmeros, pois podem ser por motivos pessoais, por falta de intimidade com as disciplinas ofertadas pelo curso, por questões financeiras, entre outros. Além disso, muitos estudantes não conseguem se manter na Universidade, e precisam conciliar trabalho e estudo. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP), o índice médio de evasão nas instituições públicas é de
12% e nas particulares é de 26%. Os cursos com as menores concorrências são os de maiores índices de desistências e vice versa. Um exemplo de um desses casos de desistência do curso superior é o de Thiago Cordeiro, ex-estudante de jornalismo da Universidade Federal de Sergipe. Thiago tem 30 anos e trabalha como segurança, ele trancou o curso no segundo período, pois não se identificou com a área e se decepcionou com a falta de estrutura e equipamentos. Essa é uma das queixas mais frequentes entre os alunos desistentes, como também a falta de incentivos do governo e da própria universidade. O ex-universitário conta ainda que tentou trocar de curso, mas as opções que foram dadas eram limitadas já que era obrigatório a optar por cursos vinculados às disciplinas que ele estava cursando. “Se tivesse recebido arrepende de ter mais incentivos do governo ou da própria universidade haveria mais chances de continuar”, lamenta. Thiago também comenta sobre o papel da administração das universidades nesse processo. “Ainda falta uma administração responsável e organizada dos recursos financeiros recebidos pela universidade, onde o foco principal seja uma reforma estrutural relacionada à construção e manutenção de novos espaços de conhecimento e reforma e manutenção dos espaços antigos dando a estes um acervo material que beneficie tanto servidores quanto
docentes.” Ele pretende agora fazer um curso técnico profissionalizante pois acredita que todo tipo de conhecimento é valido, só que no caso de universidade publicas se perde muito tempo e atualmente os cursos técnicos estão abrindo varias portas. A falta de estrutura é realmente uma das principais causas que incentivam o abandono das graduações. Muitos estudantes se veem numa corda bamba, tendo que equilibrar a vida pessoal, muitas vezes turbulenta com as dificuldades encontradas na faculdade. Essa situação pode acabar obrigando o universitário a abandonar um curso para encontrar uma alternativa que traga resultados mais imediatos. Outro fator apontado para a as evasões, é a falta de maturidade dos estudantes na hora de escolher o curso, a maioria tem de fazer a escolha por uma determinada opção ainda na adolescência, uma fase por si só muito conturbada. Um estudo feito pelos pesquisadores Emmanuel Ribeiro Cunha e Marília Costa Morosini aponta que 63,25% dos evadidos, situam-se na faixa etária entre 18 e 25 anos, descartando, desse modo, a “pouca idade” como um sinalizador de evasão. Consideram, entretanto, a “imaturidade vocacional”, ou seja, o pouco conhecimento sobre si e sobre o mundo do trabalho, como uma das causas do abandono desses estudantes. Para reverter essa situação muito tem que ser feito. Uma das ideias mais apoiadas pelos professores é a criação do cargo de professor orientador, para auxiliar os alunos na superação das dificuldades durante os cursos de graduação, o que pode influir sobre a decisão do abandono ou da permanência do aluno em seu curso. Na UFS uma das alternativas em prática é o aumento no número de bolsas para o auxilio na manutenção do universitário na graduação, como por exemplo, moradia, alimentação e transporte. Existe também um programa de inclusão de alunos em repúblicas nas proximidades do campus. Porém, há muito a ser debatido. É necessário maior investimento maior na estrutura dos cursos para que possam garantir suporte efetivo no aprendizado dos alunos e mais atenção às suas necessidades básicas
por RAFAEL LIMA rafaellssantos@hotmail.com
educação
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UFS PREVÊ INTEGRAÇÃO NO SERTÃO
A cidade de Glória, situada no sertão sergipano, sediará o novo Campus da UFS e irá reunir estudantes e comunidade a partir de 2015.
Fotos: Fernanda Sales
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8 de março de 2014. Essa é a data que o Ministério da Educação (MEC) informou que a cidade de Nossa Senhora da Glória, localizada a 126 km da capital, foi escolhida para sediar o novo Campus da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Este Campus, que é considerado o “Campus do SerKitéria sonha cursar medicina tão”, terá sua sede veterinária em Glória, mas irá beneficiar estudantes de todo o sertão sergipano, que terão a possibilidade de ingressar na Universidade, sem precisar se deslocar para uma cidade distante da sua. Enquanto a sede definitiva está em processo de licitação, o Campus do Sertão terá uma sede provisória, para que os estudantes comecem a estudar no segundo semestre de 2015. Serão ofertados os cursos de Zootecnia, Medicina Veterinária, Agronomia e Agroindústria, com 50 vagas em cada curso. O ob-
E
m entrevista à redação do Contexto UFS, o Reitor da Universidade Federal de Sergipe, Ângelo Antoniolli (foto), explica com exclusividade como funcionará o Campus do Sertão e como a mobilização popular foi importante para a sua instalação. Como aconteceu essa mobilização entre as cidades do sertão pela luta do Campus? E como Glória estava inserida? A interiorização da Universidade Federal de Sergipe é uma conquista essencial e o Campus para o sertão sergipano está há muito tempo em discussão. Toda a região do semiárido se mobilizou na época em que alguns representantes discutiram a importância da universidade naquela região. Desde 2006, quando a UFS começou a se expandir fora de São Cristóvão, que a cidade de Glória entrou no debate. Mas aconteceu primeiramente em Itabaiana, Laranjeiras e Lagarto e apenas este ano acontece a conquista do povo que de fato já debatia sobre o assunto. É preciso que a gente reconheça que quem iniciou a discussão foi Glória, mas todos os municípios estavam envolvidos, todo o sertão esteve presente nessa luta. E o modelo pedagógico implantado nesse Campus está voltado para a região? Sim. Foi fácil de pensar num Campus para o
jetivo é formar o aluno dentro do ambiente em que este irá trabalhar e a proposta é que os estudantes estejam integrados com a comunidade local. Na visão dos estudantes e professores da cidade de Nossa Senhora da Glória, o Campus da UFS será o pontapé inicial para estimular ainda mais que os estudantes ingressem na carreira acadêmica. A expectativa desse campus para a população é grande e todos anseiam que a chegada do Campus do Sertão traga benefícios para a comunidade local e estudantes. De acordo com Denival Araújo, professor do Ensino Médio do Colégio Estadual Manoel Messias Feitosa (CEMMF), o Campus do Sertão irá estimular os alunos a ingressarem numa universidade com mais facilidade. “Pensar em uma universidade ainda era um sonho distante, pois o acesso à universidade era difícil e nem todo mundo consegue se manter em outra cidade. Então, com um Campus aqui em Glória, a locomoção e acessibilidade facilitará a vida de alunos da região”, explica o professor. Denival ainda destaca que já participou de manifestações em prol do campus. “Eu estive engajado nesses movimentos de luta porque acho positivo a escola apoiar o Campus. Outro motivo foi por uma questão própria, porque eu sempre quis ter estudado na minha cidade, mas como não tive essa oportunidade, quero contribuir que meus alunos e que a próxima geração de estudantes consigam ter esse privilégio”.
Outro ponto positivo destacado pelo professor é a valorização da própria cidade. “Glória é uma cidade em desenvolvimento, considerada a capital do sertão e localizada bem geograficamente, então trazendo um campus pra cá, traz também o desenvolvimento, a oportunidade de trabalho, um incremento positivo no comércio, e o estímulo para os jovens da cidade e das regiões vizinhas”, finaliza. A estudante do 2º ano do Ensino Médio do CEMMF, Kitéria Letícia Amorim, explica que o Campus irá fazer com que ela tenha mais chance de fazer o curso de Medicina Veterinária. “Como eu gosto de animais eu sempre tive vontade de fazer o curso de medicina veterinária, mas minhas condições não eram favoráveis e o deslocamento era complicado. Hoje em dia eu já vejo essa possibilidade, pois com a UFS aqui eu posso estudar na minha cidade, ficar perto da minha família, e trabalhar futuramente no lugar onde eu vivo”, ressalta a aluna. Kitéria ainda explica que se mobilizou junto com outros estudantes nessa luta e que está ansiosa com a chegada desse Campus. “Para mim a universidade é um anseio não de agora, mas de muito tempo. O campus da UFS no Alto Sertão sergipano foi uma luta que eu participei. E com essa conquista eu quero estudar aqui, me formar aqui e trabalhar aqui. Quando eu terminar o 3º ano, meu objetivo é fazer o vestibular da UFS em Glória, para aperfeiçoar tudo aquilo que eu já vivencio no dia-a-dia”, ressalta.
Sertão, pois ele estará muito ligado ao arranjo produtivo local, onde a universidade vai fazer parte da história de todo o semiárido. Então é fácil pensar quais os cursos podem melhorar tudo aquilo que já existe lá. O modelo pedagógico que estamos pensando é fazer com que a universidade esteja integrada a toda aquela comunidade. Sua sede foi escolhida para ser em Glória, mas suas ações estão sendo pensadas e discutidas para interagir com toda a região, modificando positivamente o ambiente coletivo. Então eu posso afirmar que o Campus do Sertão beneficiará não apenas glória, mas toda a região sertaneja. Já que o Campus vai interagir com a comunidade, quais foram os critérios para definir os cursos? Quando pensamos nos cursos de Medicina Veterinária, Zootecnia, Agronomia e Agroindústria, pensamos na ligação com a tecnologia de indústria, com o arranjo produtivo do leite e do queijo, e com os animais daquela região. A medicina veterinária e a zootecnia, por exemplo, tem muito a ver com os rebanhos, e nós temos que apoiar o que já existe, melhorando, qualificando e dando uma orientação mais própria para os micro-produtores. Vamos intervir com o pequeno agricultor, e quando eu digo nós vamos intervir, eu me refiro aos nossos alunos, professores e técnicos administrativos, que estarão integrados naquela produção. Cada assentamento e microrregião vai sofrer uma ação positiva da UFS, pois ela não está sendo pensada para ficar no seu intramuros e apenas formar o aluno, ela vai formar o aluno dentro do ambiente em que ele vai agir e trabalhar futuramente. Esse modelo de integração de universidade e comunidade já existe em outro Campus? Sim. Nós pensamos nessa integração porque já temos uma experiência. Usamos o Campus de Lagarto como referência. Lá toda a saúde é focada na saúde da família, toda formação em saúde é focada na inte-
gração dos alunos com a comunidade. E no sertão vai ter a mesma coisa, a diferença é que nesse Campus o foco é a agricultura familiar. Tanto o aluno como o professor também aprende com o agricultor, pois é ele que está ali no dia-a-dia, que agora será assistido e orientado. E os alunos vão aprender com o agricultor, pois seu currículo prevê visitas do primeiro ao último ano o acompanhamento dentro da agricultura familiar. Sobre a sede? O que está sendo feito? Já tem uma sede provisória equipada para receber os alunos? Nós temos uma sede provisória, que já funciona, a EAD, um ensino a distancia da UFS. Tem laboratório de física, biologia, química e já está tudo montado para receber esses alunos. As aulas serão realizadas com dois cursos pela manhã e dois a tarde. Além dos laboratórios, já está sendo construída a estrutura física das novas salas de aulas. E o espaço definitivo do Campus? Estamos nas tratativas dos espaços definitivos e ainda esse mês ou mês que vem já quero voltar a dialogar com o prefeito e governador à vista de adiantar um pouco mais. A data prevista para começar a obra poderá ser definida esse ano, mas ainda está em processo de licitação. Já estamos avançados com essa sede provisória que pode servir durante dois anos. As tratativas estão entre a Embrapa e um espaço na zona rural, mas a meta seria construir um hospital veterinário para tratar dos animais e trazer uma estrutura
por FERNANDA SALES fernandasalles1994@hotmail.com
saúde &meio ambiente
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política
VENENO QUE SE PÕE À MESA
O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Cerca de 500 mil pessoas são contaminadas por ano no país e as consequências ainda são desconhecidas aos que consomem.
N
a década de 20 os agrotóxicos passaram a ser primeiro risco é o de intoxicação através do contao direutilizados com o objetivo de combater as pragas to sem o uso de equipamentos de proteção apropriados e aumentar a produtividade agrícola. Esses produtos como luvas, macacão, botas e máscara. A manipulação são resultado de processos químicos, biológicos e físiincorreta pode levar ao agricultor problemas sérios de cos feitos para alterar a composição da fauna e da flora saúde como complicações renais e do fígado, lesões e, dessa forma, evitar o dano causado por alguns seres neurológicas ou intoxicação aguda, como vômitos, desvivos. No Brasil, os agrotóxicos foram utilizados de formaios, distúrbios cardíacos e pulmonares. ma frequente a partir da década de 1960 e, segundo o Ministério do Meio Ambiente, hoje é o maior consumiDANOS AO MEIO AMBIENTE dor desse tipo de defensivo agrícola do mundo. Em entrevista o gestor ambiental Manuel Cardoso Quando utilizados de forma correta, desempenham informa que o uso incorreto e indiscriminado de agrobem o papel de combate às pragas sem prejudicar os tóxicos causa danos irreparáveis ao meio ambiente, alimentos, mas se o agricultor não souber ter alguns mas que, ainda assim, a aplicação de qualquer forma cuidados na aplicação ou abusar da quantidade e do afetará o solo. Os cuidados com o uso começam no tempo ideal de ação, o produto passa a ser um grande transporte dos produtos em veículos apropriados, pasrisco por causar intoxicações tanto a quem manuseia, sam pelo armazenamento em local isolado, a aplicação quanto aos consumidores dos alimentos, pasFonte: Movimento Sem Terra sando pelos moradores das áreas agrícolas, além dos danos ao meio ambiente. Acontece que mesmo diante aos riscos e as leis criadas, o país que mais consome esses produtos ainda facilita no controle e monitoramento do uso, enquanto a população se contamina. Em outubro de 2013, por exemplo, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) detectou em 36% das amostras analisadas substâncias proibidas no Brasil e alimentos impróprios para consumo.
RISCOS À SAÚDE HUMANA
Segundo dados de uma pesquisa realizada pelo Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), da Anvisa, em 2011, com amostras coletadas em todos os estados do Brasil, cerca de um terço dos alimentos consumidos regularmente pelos brasileiros estão contaminados por algum tipo de agrotóxico. Além disso, 28% dessas amostras avaliadas continham ingredientes não autorizados para o cultivo ou extrapolaram os limites dos resíduos aceitáveis (Limite Máximo dos Resíduos - LMR). Outra pesquisa feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que cerca de 500 mil brasileiros são contaminados por ano. São dados que preocupam e fazem refletir sobre as consequências dessa contaminação. A presença desses ingredientes não autorizados nos alimentos consumidos configuram a maior preocupação pois, assim como explicado em entrevista pelo nutricionista Antônio Dantas, os efeitos desse consumo vão desde complicações agudas e subagudas como dores no estômago e na cabeça, passando por problemas neurológicos e desequilibrio hormonal, até danos crônicos como o câncer. Os efeitos na saúde não se limitam apenas aos consumidores dos alimentos, os agriculturoes que fazem uso do produto e a população que vive ao redor das plantações também sofrem com a intoxicação. Segundo o técnico em agropecuária Adelmo Paulo Santos, o
de normas. A lei mais importante é a Lei nº 7802/89, que rege o processo de registro de um produto agrotóxico, regulamentada pelo Decreto nº 4074/02, que estabelece que “os agrotóxicos, para serem produzidos, exportados, importados, comercializados e utilizados devem ser previamente registrados em órgão federal, de acordo com as diretrizes e exigências dos órgãos federais responsáveis pelos setores da saúde, do meio ambiente e da agricultura.”. O Ibama realiza a avaliação do potencial de periculosidade ambiental de todos os agrotóxicos registrados no Brasil. A Anvisa, que é o orgão que fiscaliza regulamenta, analisa e controla e fiscalizar produtos e serviços que envolvam riscos à saúde, coordena o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) com a finalidade de fiscalizar o abuso dos agrotóxicos, a Rede Nacional de Centros de Informação Toxicológica (Renaciat) e promove capacitações em toxicologia. Ou seja se uma empresa vender produtos que têm contaminantes em excesso ela receberá advertência, multa ou apreensão do produto. O engenheiro agrônomo Flávio Silva de Santana afirma que, no caso de uso dos agrotóxicos, cabe principalmente ao agricultor respeitar as orientações fornecidas pelo fabricante, além do receituário agronômico fornecido pelo técnico responsável, o qual prescreve as orientações técnicas e fitas sanitárias que o produtor deverá seguir.
ALTERNATIVAS AO USO
Foto ilustrativa rigorosamente focada no alvo e o descarte das embalagens em unidades autorizadas. Manuel ressalta também que os efeitos negativos prejudicam fauna, flora e os recursos hídricos que podem ser carreados através da chuva, chegando até o leito dos rios, o que ocasionará a poluição das águas e, em consequência, a mortandade de seres aquáticos e o envenenamento humano através de pescados e pelo consumo da água. Ou seja, de alguma forma a contaminação chega ao contato humano.
LEIS DE CONTROLE
Pela relevância em relação à sua toxicidade e pelo alto consumo no Brasil, os agrotóxicos possuem uma grande cobertura legal no Brasil, com amplo número
A biotecnologia é a aplicação de seres vivos, agentes biológicos, que tem como a função, no caso do agronegócio, a preservação da plantação. O Brasil hoje conta com o suporte natural, técnico e de pesquisa para o amplo desenvolvimento da biotecnologia, mas falta incentivo para o seu desenvolvimento. O incentivo brasileiro cai muito mais sob a produção de agrotóxicos do que para o uso de outras tecnologias que não se mostram economicamente viáveis. A Agroecologia é a melhor alternativa para aqueles que procuram evitar alimentos com residuos tóxicos. A alimentação orgânica, embora ainda não amplamente difundida, está ganhando a a atenção de consumidores que procuram um estilo de vida mais saudável. Em Aracaju o “Cantinho da Roça” surgiu para difundir a prática dessa alimentação livre de aditivos tóxicos. Contando com a agricultura familiar, os organizadores realizavam feiras que disponibilizavam alimentos orgânicos e, além disso, eventos culturais, esportivos e educativos que tornam o lugar ainda mais interessante por EDIÊ REIS reisediê@gmail.com
saúde&meioambiente
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CRESCE NÚMERO DE OBESOS Com uma alimentação com baixo valor nutritivo somado ao sedentarismo, o número de pessoas com sobrepeso e obesidade aumenta no Brasil Foto: Leilane Coelho
C
onhecida como o acúmulo de gordura no corpo, a obesidade é considerada um dos principais problemas de saúde pública, não só no Brasil, como no mundo. Segundo dados divulgados pela pesquisa da Vigitel (Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças por inquérito telefônico), 50,8% dos brasileiros estão acima do peso ideal, sendo destes 17,5 % obesos, o que comprova que o Brasil manteve o índice de população acima do peso em relação ao ano de 2012. A doença foi dividida em três tipo baseando-se no Índice de massa corporal (IMC), como tipo 1, moderado e excesso leve de peso, onde o paciente apresenta IMC entre 30 e 34,9 kg, tipo 2,obesidade leve ou moderado, onde o IMC fica entre 35 e 39,9 kg e tipo 3, obesidade mórbida, onde o IMC é excede 40 kg. Pela sua complexidade e sua disseminação tão silenciosa, mas visivelmente perceptível por todos os lados, a obesidade tornou-se o mal do século, atingindo não só adultos, como crianças e chegando com força aos países em desenvolvimento, como é o caso do brasil. O fato é que o país passa por uma transição epidemiológica e nutricional, onde os casos de desnutrição estão diminuindo e os de sobrepeso e obesos estão aumentando. Estes casos, referem-se principalmente aos homens que estão aderindo cada vez mais a uma alimentação com baixo valor nutritivo somado ao sedentarismo. Conforme os dados da Vigitel, os homens tem mais excesso de peso que as mulheres, a diferença chega a 7%. Aqui no estado de Sergipe, não existe estudos concretos que comprovem em números quantas pessoas possuem a doença ou estão no caminho
de adquiri-la. Mas, basta andar nas ruas da capital para perceber que o número de pessoas com sobrepeso e obeso é grande. Especialista em endocrinologia, Layla Wanderley Cordeiro, afirma que os principais fatores de risco para obesidade em Sergipe são a falta de atividade física e os hábitos alimentares inadequados, com alto consumo de alimentos pobres em nutrientes e fibras, mas ricos em gorduras, sal e açúcar. Sabe-se que má alimentação é um caminho para a obesidade, mas existem casos em que a genética ou a compulsão alimentar, consequência de fatores psicológicos, influenciam o peso. Diego Garcia, estudante, 23, sempre teve propensão ao sobrepeso e chegou a pesar 129 kg. Decidido a adquirir uma qualidade de vida melhor,
NÃO SABE CALCULAR O ÍNDICE DE MASSA CORPORAL? É FÁCIL Basta dividir o peso (kg) pela altura (metros). Ex: IMC = 50 (peso) ÷ 1,60 (altura)² IMC = 50 ÷ 2,56 IMC = 19,5 = PESO NORMAL
QUER SABER EM QUE ÍNDICE VOCÊ ESTÁ? CONFIRA OS PERCENTUAIS Entre 17 e 18,49 - Abaixo do peso Entre 18,5 e 24,99 - Peso normal Entre 25 e 29,99 - Acima do peso Entre 30 e 34,99 - Obesidade I Entre 35 e 39,99 - Obesidade II Acima de 40 - Obesidade III
Lanche de fast-food Diego contrariou a genética e todos os fatores que o levavam a obesidade e foi dos 129 kg aos 69 kg. Com a ajuda de um nutricionista, atividades físicas e uma alimentação balanceada, ele mantém uma vida saudável, sem exageros e garante que a vida melhorou muito após quase um ano de dedicação ao emagrecimento. O caminho para o emagrecimento nem sempre é fácil, uma opção que tem sido acessível a muitos pacientes, feita tantos em hospitais particulares, quanto públicos é a cirurgia bariátrica mais conhecida como redução de estômago. O método vem sido utilizado por muitos médicos, mas tem sofrido uma banalização e levado a muitos pacientes a não acompanharem corretamente todo o processo de tentativa de emagrecimento. O problema é que muitos paciente fazem a cirurgia sem saber que o procedimento só deve ser feito após acompanhamento com psicólogo, nutricionista e atividade físicas. O número de pessoas procurando o emagrecimento cedo e o aumento de obesos reflete a população jovem que está se desenvolvendo. Com uma alimentação rica em gordura e alimentos industrializados o quadro de obesidade infantil cresce a cada ano. A nutricionista Camila Godoy Corrêa afirma que isso pode ocorrer devido vários fatores, como a praticidade e a correria dos pais no dia a dia. “Eles trabalham demais e acabam pecando na alimentação dos filhos e na própria alimentação. Estes hábitos infelizmente irão refletir no crescimento dessa criança, e a chance dessa ser um adulto obeso é grande, ou certa.”, explica. Rico em fast-foods, alimentos gordurosos e poucos nutritivos, o Brasil caminha para uma realidade cruel de países desenvolvidos, com uma população rica em conhecimento e pobre em educação alimentar
por LEILANE COELHO leilane.ocoelho27@gmail.com
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saúde&meioambiente
CICLOATIVISMO MOBILIZA ARACAJU O incentivo ao uso da bicicleta cresce na capital sergipana e busca amenizar o trânsito intenso
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mobilidade urbana é algo que vem sendo ria da mobilidade urbana, possibilitando o diálo”A Ciclo Urbano tem percebido uma quantidade discutido com mais intensidade à medigo entre motoristas, pedestres e principalmente expressiva de usuários de bicicleta que aderida que as grandes cidades são tomadas cada vez ciclistas. ram à ideia de usar os modais não só para lazer mais por veículos, causando grande transtorno e passam a usar para ir ao trabalho também. É Para o presidente da Ciclo Urbano, Luciano ao trânsito. Para muitos, é difícil conviver com a aí que observamos que a infraestrtura cicloviária Aranha, é preciso haver diálogo entre o poder realidade de incluir em seu roteiro diário engare sinalização não existem, expondo os ciclistas a público e sociedade. “Para resolver o problema rafamentos quilométricos, em horários de pico acidentes”. da mobilidade urbana, ou ao menos amenizar o ou até fora dele. trânsito caótico que é cada vez mais comum nas O aumento no número de veículos é um fato nossas cidades, é preciso que o poder público CICLISTA que acomete às grandes cidades do país. Aracaju, atente para essas necessidades. O projeto de traO ator Kassem Afif mora na Zona Sul da capiapesar de geograficamente pequena, é uma das zer bicicletas que podem ser usadas pela populatal e vai ao trabalho todos os dias de bicicleta, no capitais que apresenta o maior número de carros ção, não só pode ser uma opção de mobilidade, Centro. Ele afirma que os ganhos em optar por por habitantes. Segundo dados de 2013 divulgacomo também traz bons resultados para a quaum meio de transporte alternativo são bons, mas dos peloDepartamento Nacional de Trânsito (Delidade de vida e socialização das pessoas”, disse. que a rota de ciclovias precisa ser melhorada. “Já natran), Aracaju possui cerca de 160 mil veículos. Luciano diz ainda que, apesar da extensão da faz um tempo que troquei veículos motorizados São quase 3 habitantes por veículo. malha cicloviária existente, Aracaju está longe de por bicicleta e gosto muito. Chego mais rápido ao Uma forma de tentar mudar esse quadro e amepossuir um ambiente que de fato possibilite a inmeu trabalho, além de ajudar na melhoria da minizar o grande fluxo de veículos nas ruas é buscar tegração entre motoristas e ciclistas. “As ciclovias nha saúde já que de certa forma é um exercício. alternativas de locomoção que possibilitem uma da nossa cidade oferecem um tráfego tranquilo Mas seria mais interessante que existisse uma maior fluidez ao caórota que desse contico trânsito. O uso da ta de todo o trajeto e bicicleta pode ser um não só nas avenidas de bom exemplo dessa grande movimento”, iniciativa, que faz descomenta. se meio de transporte Kassem afirma ainalgo que vai além dos da que em alguns ponmomentos de lazer. tos o risco é constante O Cicloativismo, pois as ciclovias não se movimento que defenestendem. Ele acredide o uso da bicicleta, ta que outro fator que vem crescendo na ciincomoda um pouco dade de Aracaju com a é o clima da cidade. ideia de mostrar para “Chega um momento os cidadãos que pode em que não tem mais lançar mão de transciclovias e aí tenho que portes motorizados disputar espaço com em detrimento de uma os carros. Outra coisa maneira mais benéfium pouco chata é o ca, não só ao trânsito sol forte, mas quanto a como também à saúde isso nada podemos fade quem opta por pezer. De resto, andar de dalar. bicicleta é uma ótima Aracaju possui hoje saída pra quem não uma malha cicloviária deseja perder tempo com extensão de cerca em engarrafamentos”, de 60 km, situada em disse. pontos da cidade onde Apesar dos probleo fluxo de veículo é inmas existentes com tenso. Os dados são da Su- Cicloativismo está se tornando opção para sergipanos a malha cicloviária de perintendência Municipal Aracaju, o presidente de Transportes e Trânsito de Aracaju (SMTT), da Ciclo Urbano, Luciano Aranha, acredita que a para as magrelas em alguns pontos de grande fluque afirma também que existe o projeto de amcidade está dando grandes passos para a melhoxo de carros, mas isso não é tudo. Se não houver pliação em 21,8 km das ciclovias da cidade. ria da infraestrutura. “Firmando parcerias com uma ampliação da malha e criação de ciclorrotas Segundo levantamento entre as prefeituras diversas entidades e órgãos públicos, a capital que atendam as necessidades de um ponto a oudas capitais brasileiras e o Instituto Brasileiro sergipana deve se destacar ainda mais por oferetro, não adiantará muito”, afirmou. de Geografia e Estatística (IBGE), a dimensão cer uma opção para a mobilidade urbana, já que Segundo o presidente, as ciclorrotas são “ciclodas ciclovias destaca Aracaju como um dos lugaestudos dão conta de que o número de usuários vias que se interligam e facilitam o deslocamento res mais bem avaliados nos quesitos: proporção de bicicletas tem crescido muito e a cidade precido ciclista por diferentes pontos da cidade, em entre o número total de ciclovias e o número de sa atender a demandas”, conta Luciano meio ao trânsito intenso ou calmo. Não se trata habitantes, soma total da malha cicloviária e esapenas de uma ligação entre origem e destino paços destinados às bicicletas. através da malha cicloviária, mas a possibilidade A ONG Ciclo Urbano, um dos mais expressivos de oferecer ao ciclista, um trajeto tranquilo”. movimentos de incentivo ao uso da bicicleta na Luciano conta que não basta apenas invescapital, promove ações para que a utilização de tir em ciclovias se não houver uma estruturação biciletas como meio de transporte se torne um para promover a segurança de quem decide optar hábito. A ONG foi criada em 2007, com a finalipor SILVÂNIO JÚNIOR por esse meio de transporte, e ainda que as ciclodade de orientar a sociedade na busca da melhojdiasjornal@gmail.com vias existentes podem trazer riscos aos ciclistas.
saúde&meioambiente
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CHIKUNGUNYA VOLTA A ATACAR Doença semelhante a dengue se espalha pelo mundo sendo confiramada em países como França, México, Estados Unidos e Brasil. OMS considera a situação grave.
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infecção febril causada pelo vírus Chikungunya (CHIKV), pode ser transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, também conhecido como mosquito da dengue. Em contrapartida, se comparado com a dengue, mata com menos frequência. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 2014 o vírus já foi identificado em 19 países. Em menos de 2 anos quase 2 milhões de casos, sendo a maioria na Índia. Depois de assolar o mundo, a doença chegou ao Brasil e até o dia 15 de novembro, o Ministério da Saúde registrou 1.364 casos de Febre Chikungunya no Brasil, sendo 125 confirmados por critério laboratorial e 1.239 por critério clínico-epidemiológico. Do total, 71 casos são importados, ou seja, de pessoas que viajaram para países com transmissão da doença, como República Dominicana, Haiti, Venezuela, Ilhas do Caribe e Guiana Francesa. Os outros 1.293 foram diagnosticados em pessoas sem registro de viagem internacional para países onde ocorre a transmissão. Destes casos, chamados de autóctones, 531 foram registrados no município de Oiapoque (AP), 563 em Feira de Santana (BA), 196 em Riachão do Jacuípe (BA), um em Matozinhos (MG), um em Pedro Leopoldo (MG) e um em Campo Grande (MS). Diferentemente da dengue, que tem quatro subtipos, o vetor chikungunya é único. Uma vez que a pessoa é infectada e se recupera, torna-se imune à doença. Quem já contraiu a dengue não está livre da chikungunya, pois apesar de transmitidos pelo mesmo mosquito e com sintomas similares são vírus distintos.
SINTOMAS
Os principais são: início abrupto de febre febre acima de 39 graus e dores intensas nas articulações de pés e mãos. Podendo ocorrer, também, dor de cabeça, dores nos músculos e manchas vermelhas na pele. Em torno de 30% dos casos não chegam a desenvolver sintomas. O Ministério da Saúde definiu que devem ser consideradas como suspeitos todos os que apresentarem febre de início súbito maior de 38,5ºC e artralgia (dor articular) ou artrite intensa com início agudo e que tenham histórico recente de viagem às áreas nas quais o vírus circula de forma contínua. A dor articular, presente em 70% a 100% dos casos, é intensa e afeta principalmente pés e mãos - geralmente tornozelos e pulsos e em maior intensidade do que na dengue. Sobre o desenvolvimento da doença, Taíse Cavalcante, coordenadora do Programa Municipal de Controle da Dengue em Aracaju, alerta: “os sintomas surgem em cerca de três a doze dias, mas a doença em si não representa grande risco à saúde. Já a Dengue age mais lentamente no organismo só que se não tratada a tempo pode levar a morte. Por isso recomendamos que as pessoas busquem prevenir as doenças e em caso de aparecimento dos sintomas procurem quanto antes os serviços de saúde”. Muitas vezes, os sintomas em indivíduos infectados são suaves e a infecção pode passar des-
Foto: Marc AuMarc, Creative commons
Mosquito Aedes Aegypti, um dos transmissores da doença percebida, ou ser diagnosticada como dengue. Indivíduos maiores de 65 anos tiveram uma taxa de mortalidade 50 vezes superior quando comparados ao adulto jovem (menores de 45 anos de idade). Apesar de não ser claro por que os adultos mais velhos têm um risco aumentado para doença mais grave, pode ser devido à resposta imunológica diminuída.
TRANSMISSÃO
O vírus é transmitido pela picada da fêmea de mosquitos infectados. São eles o Aedes aegypti e o Aedes albopictus. O mosquito adquire o vírus CHIKV ao picar uma pessoa infectada, durante o período de viremia. A sua única forma de transmissão é através do mosquito e não existe transmissão entre indivíduos. O risco aumenta, portanto, em épocas de calor e chuva, mais propícias à reprodução dos insetos. Esses mosquitos podem ser encontrados mordendo todo o dia, embora possa haver picos de atividade no início da manhã e final da tarde. Em compensação, comparado com a dengue, o novo vírus mata com menos frequência. Apesar de não haver um grupo de risco é mais suscetível em idosos, quando a infecção é associada a outros problemas de saúde, ela pode contribuir como causa de morte, porém complicações sérias são raras, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, o vírus dificilmente causa um dano definitivo ao organismo. Não há evidências de que o vírus seja transmitido da mãe para o feto durante a gravidez. Porém, a infecção pode ocorrer durante o parto. Também não há evidências de transmissão pelo leite materno.
OS MOSQUITOS
O Aedes aegypti tem presença essencialmente
urbana e a fêmea alimenta-se preferencialmente de sangue humano. O mosquito adulto é encontrado dentro das residências e os habitats das larvas estão mais frequentemente em depósitos artificiais (pratos de vasos de plantas, lixo acumulado, pneus, recipientes abandonados etc.). O mosquito Aedes aegypti mede menos de um centímetro, tem aparência inofensiva, cor café ou preta e listras brancas no corpo e nas pernas. O indivíduo não percebe a picada, pois não dói e nem coça no momento. Por ser um mosquito que voa baixo - até dois metros - é comum ele picar nos joelhos, panturrilhas e pés. A voa até mil metros de distância de seus ovos. Com isso, os pesquisadores descobriram que a capacidade do mosquito é maior do que os especialistas acreditavam. O Aedes albopictus está presente majoritariamente em áreas rurais, peri-urbanas(áreas dentro ou próximas à áreas urbanas) e alimenta-sese principalmente de sangue de outros animais, embora também possa se alimentar de sangue humano. Suas larvas são encontradas mais frequentemente em habitats naturais, como internódios de bambu, buracos em árvores e cascas de frutas. Recipientes artificiais abandonados nas florestas e em plantações também podem servir de criadouros.
TRATAMENTO E PREVENÇÃO
Ainda não existe um tratamento específico para a doença, como no caso da dengue. O tratamento é paliativo, com uso de antipiréticos e analgésicos para aliviar os sintomas. Não é recomendado usar o ácido acetil salicílico (AAS) devido ao risco de hemorragia. Recomenda-se repouso absoluto ao paciente, que deve beber líquidos em abundância. Como a doença é transmitida por mosquitos, é fundamental que as pessoas reforcem as medidas de eliminação dos criadouros de mosquitos
nas suas casas e na vizinhança. As medidas que as pessoas devem tomar são exatamente as mesmas recomendadas para a prevenção da dengue. Taíse Cavalcante informa que a prevenção é baseada no mesmo modo do combate à dengue, e o cuidado é diminuir o maior número possível de mosquitos adultos através da eliminação de locais que sirvam de acúmulo de água para que os ovos não se transformem em mosquitos adultos transmissor da doença. Atendendo portarias do Ministério da Saúde, a Secretaria de Estado da Saúde oferece suporte aos municípios sempre que é identificado algum risco de ocorrência de surtos ou epidemias. Sidney Sá, coordenadora do Núcleo de Endemias da Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe (SES), explica que “há uma brigada de controle e prevenção a dengue e Chikungunya, composta por cinquenta agentes, que visita os municípios em risco iminente agindo no controle do vetor. Além disso temos os carros fumacê (aqueles que que passam soltando uma fumaça que prejudica os mosquitos, mas são inofensivas aos outros seres) que em uma situação de surto devem ser utilizados para o controle do vetor em sua fase adulta”.
DIAGNÓSTICO
O vírus só pode ser detectado em exames de laboratório. São três os tipos de testes capazes de detectar o Chikungunya: sorologia, PCR em tempo real (RT-PCR) e isolamento viral. Todas essas técnicas já são utilizadas no Brasil para o diagnóstico de outras doenças e estão disponíveis nos laboratórios de referência da rede pública. Para agilizar o diagnóstico e fornecer o tratamento no menor tempo possível Sidney Sá comenta que “no estado de Sergipe foram capacitados médicos e enfermeiros da atenção básica dos 75 municípios para que os mesmos identifiquem um caso suspeito, e dessa forma casos suspeitos sejam identificados com maior rapidez”.
ORIENTAÇÕES EM CASO DE SUSPEITA A pessoa que suspeitar estar infectava deve procurar a unidade de saúde mais próxima, imediatamente. É aconselhável evitar a automedicação, pois ela pode mascarar sintomas, dificultar o diagnóstico e agravar o quadro do paciente. Segundo Sidney Sá em caso de surto o Estado possui uma estrutura hospitalar, onde há hospitais regionais e um de urgência na capital com profissionais já capacitados para atender a casos suspeitos que porventura apareçam. “Mesmo com toda essa estrutura, precisamos da ajuda de todos para que surtos ou epidemias não ocorram, principalmente por ser uma doença que seus principais criadouros encontram-se dentro de nossas residências”, salienta. No Brasil, a notificação de casos é obrigatória. Os casos suspeitos da doença devem ser comunicados e/ou notificados em até 24 horas a partir da suspeita inicial. Qualquer estabelecimento de saúde, seja ele público ou privado, deve informar a ocorrência de casos suspeitos às Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde e ao Ministério da Saúde.
saúde&meioambiente Os mosquitos transmitiam a doença para africanos abaixo do Saara, mas os surtos não ocorriam até junho de 2004. A partir desse ano, a febre chikungunya teve fortes manifestações no Quênia, e dali se espalhou pelas ilhas do Oceano Índico. Da primavera de 2004 ao verão de 2006, ocorreu um número estimado em 500 mil casos. A partir de fevereiro de 2005, um grande surto de chikungunya ocorreu em ilhas do Oceano Índico. Um grande número de casos importados da Europa foi associado com este surto, principalmente em 2006, quando a epidemia do Oceano Índico estava em seu auge. Um outro grande surto de chikungunya ocorreu entre 2006 e 2007 na Índia. Vários outros países do Sudeste da Ásia também foram afetados. Desde 2005, a Índia, Indonésia, Tailândia, Maldivas e Myanmar têm relatado mais de 1,9 milhões de casos. Em 2007 foram relatados os primeiros casos na Europa. Um surto localizado no nordeste da Itália. Houveram 197 casos registrados durante esse surto e confirmou que os mosquitos por Aedes Albopictus são possíveis na Europa. No final de 2013, foram registradas transmissões autóctone em vários países do Caribe (Anguila, Aruba, Dominica, Guadalupe, Guiana Francesa, Ilhas Virgens Britânicas, Martinica, República Dominicana, São Bartolomeu, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia e São Martinho) e em março de 2014, na República Dominicana. Toda a população do continente é considerada como vulnerável, por dois motivos: como nunca circulou antes em nossa região, e por conta disso ninguém tem imunidade ao vírus e ambos os mosquitos capazes de transmitir a doença estão presentes praticamente em toda às áreas das Américas. A partir de outubro de 2014, mais de 776 000 casos suspeitos de Chikungunya foram registrados nas ilhas do Caribe, países da América Latina e alguns países sul-americanos. 152 mortes também foram atribuídas a esta doença durante o mesmo período. Sendo este o primeiro surto documentado de chikungunya com transmissão autóctone nas Américas. No Brasil, foram registrados casos em estados como Bahia, Amapá e São Paulo. No México, algumas pessoas já haviam mostrado sintomas da
doença, mas elas haviam contraído o vírus no exterior, detectando seu primeiro caso doméstico em novembro desse ano. Na França de acordo com a OMS, quatro infecções ocorreram em uma mesma família, que apresentou sintomas entre o dia 20 de setembro e 12 de outubro deste ano. As pessoas infectadas vivem em uma localidade próxima de onde ocorreu um caso de chikungunya importado de Camarões. Foram registrados outros casos no Caríbe e Estados Unidos. Segundo Sidney Sá, a possibilidade da doença chegar a Sergipe é muito grande, principalmente pela presença nacional das duas espécies de Aedes que transmite a Febre, além do mais a proximidade geográfica com o município de Feira de Santana (BA) onde já houveram vários casos confirmados é outro agravante. “Já foi identificado um caso importado no município de São Cristovão. E para que a doença não avance e tome proporções incontroláveis é necessário que as atividades de controle do vetor sejam permanentes e vigilância sobre possíveis casos contínua”, completa. Falando sobre o município de Aracaju Taíse completa “o trabalho do Programa Municipal de Controle da Dengue vem acontecendo em Aracaju e com a perspectiva de que com mais uma doença transmitida pelo Aedes aegypti as ações devem ser intensificadas”.
Chikungunya significa “aqueles que se dobram” na língua maconde, um dos idiomas da Tanzânia. Refere-se à aparência curvada dos pacientes que foram atendidos na primeira epidemia documentada, na Tanzânia, localizada no leste da África, entre 1952 e 1953.
por DEMÉTRIUS OLIVEIRA demetriusdoliveira@gmail.com
Gráfico: Demétrius Oliveira
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CHIKUNGUNYA PELO MUNDO
A Chikungunya já foi identificada em cerca de 40 países da Ásia, África, Europa e também nas Américas. Infecções humanas na África têm tido níveis relativamente baixos para um número de anos, mas em 1999-2000, houve um grande surto na República Democrática do Congo, e em 2007 houve um surto no Gabão.
Divisão dos 1.239 casos da Febre confirmados por critério clínicoepidemiológico. Escala meramente ilustrativa. Amapá (531), Bahia (759), Mato Grosso do Sul (01) e Minas Gerais (02)
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ciência& tecnologia& comportamento
DESCARTE DE ELETROELETRÔNICOS
Com os avanços tecnológicos e o alto consumo, o lixo eletrônico descartado de forma inadequada, tornouse um grande problema ambiental
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o Brasil e no mundo, é evidente o avanço tecnológico. O mercado da tecnologia não para de produzir equipamentos modernos, fazendo surgir sempre, um novo modelo no mercado tecnológico. Mas já que se produz tanto, é indispensável que existam questionamentos sobre o que ocorre com tantos equipamentos eletrônicos, quando não são mais uteis ou ficaram para trás no quesito modernidade. Em meio a essas dúvidas, surgem perguntas como: O que acontece com eles? Para onde vão? Onde podem ser descartados de maneira correta, sem prejudicar o meio ambiente? Há um local adequado de descarte desses equipamentos? Existe algum risco maior se esse descarte não for realizado de forma adequada e segura? Para responder a essas perguntas, é necessário primeiro explicar o que é o lixo eletrônico. Segundo o Programa da ONU (Organização das Nações Unidas) Para o Meio Ambiente (PNUMA), lixo eletrônico é todo resíduo material produzido pelo descarte de equipamentos eletrônicos, como monitores de computadores, telefones celulares e baterias, computadores, televisores, câmeras fotográficas e impressoras. Ainda de acordo com o Foto: Deyse Tuanne programa da ONU, o problema ocorre quando o equipamento apresenta defeito ou se torna ultrapassado, e o descarte é realizado no meio ambiente, trazendo danos preocupantes. Como estes equipamentos possuem substâncias químicas em suas composições como o chumbo, cádmio, mercúrio, berílio, além de outros, podem provocar contaminação do solo e da água. Tamiris de CarTamiris Aparecida, valho, estudante do estudante de Engenharia sexto período do Agronômica-UFS curso de Engenharia Agronômica da Universidade Federal de Sergipe (UFS), explica que o cádmio é um metal pesado, cancerígeno, que é encontrado em baterias de celular. “ Quando essas baterias são descartadas em locais indevidos, este metal é liberado e contamina o solo, plantas como o alface, que pode absorver grandes quantidades de cádmio, devido o fato do metal possuir estrutura similar ao Zinco, que é o nu-
triente da planta”, conta. Além do contaminar o meio ambiente, estas substâncias químicas podem provocar doenças graves em pessoas que coletam produtos em lixões, terrenos baldios ou na rua. Outro fator que preocupa, é o de que estes equipamentos são compostos também por grande quantidade de plástico, metais e vidro, e esses materiais demoram muito tempo para se decompor no solo; tornando-se, mais um agravante ao meio ambiente. Ainda sobre o alto consumo desses produtos eletrônicos, Tamiris aponta três possíveis fatores responsáveis por esse consumismo na sua opinião: “ Facilidade de compra e popularização desses produtos, baixo preço de alguns produtos importados, como os celulares vindos da China (piratas), e o próprio consumismo, a necessidade de estar sempre trocando um modelo de celular por um mais moderno, ou comprando um produto eletrônico por status, alguns não compram produtos, compram marcas”.
DESCARTE INADEQUADO
O que muita gente não sabe, é que em função da complexidade do problema da contaminação, do aumento considerável da produção, consumo e do consequente descarte de eletroeletrônicos, foram elaboradas leis federais específicas, que estão em vigor em diversas partes do mundo, e que obrigam as empresas a darem um destino correto a esses materiais. No Brasil, no dia 5 de Agosto de 2010, foi aprovada a Lei Federal nº 12. 3055 referente à Política Nacional de Resíduos Sólidos, ela obriga que se dê um destino adequado aos resíduos eletrônicos. No Estado de São Paulo, essas políticas foram aprovadas um pouco mais cedo, em julho de 2009, a Lei Estadual 13.576 que institui normas e procedimentos para a reciclagem, gerenciamento e destinação final de lixo tecnológico, entrou em vigor. Questionado sobre a sua visão em relação a produção, o consumo, e o descarte em locais desapropriados de equipamentos eletroeletrônicos, o Coordenador da Casa de Ciência e Tecnologia da Cidade de Aracaju (CCTECA), Paulo Augusto César Almeida, Técnico em química, Pedagogo e Astrônomo amador há mais de vinte anos, relata que o consumo exagerado é o problema e por isso o descarte de material incorreto. “Não temos uma política bem definida, poderiam criar em cada capital uma empresa que recolheria o lixo naquele local. Para mim é um descaso do governo mesmo, ele tem dinheiro pra fazer isso e infelizmente não tem a iniciativa”, detalha. Para não provocar a contaminação e poluição do meio ambiente, é preciso fazer o descarte do lixo eletrônico em lugares adequados como, empresas e cooperativas que atuam na área da reciclagem. Já no caso dos celulares e suas baterias, estes podem ser entregues nas empresas de telefonia celular, que encaminham estes resíduos de maneira segura, não gerando danos
Foto: Deyse Tuanne
Paulo Almeida, Coordenador da CCTECA ao meio ambiente, ou ainda na CCTECA, onde funciona o projeto “Save the planet” que se preocupa com o meio ambiente, recolhe todo o lixo reciclável e todas as terças-feiras um caminhão da Cooperativa dos Agentes Autônomos de Reciclagem de Aracaju (CARE) que conta com a doação desse material, recolhe e realiza a reciclagem. Segundo Paulo Almeida, a pilha tem substâncias químicas como cádmio, chumbo, e algumas possuem mercúrio, que é muito tóxico e se espalha facilmente na atmosfera e no solo. Esses elementos que estão dentro da pilha irão reagir, e quando for retirada a energia de dentro dela, estará acontecendo uma ração química de elétrons gerando a energia que é utilizada. Sobre o que acontece depois do uso da pilha e em relação a parte do processo de reciclagem, o Coordenador da CCTECA, conta que depois que acontece essa reação química, onde temos a geração de subprodutos, essas pilhas são encaminhadas para as indústrias químicas que podem separar esses elementos e reutilizá-los. “Além de não gerar danos você reutiliza a matéria-prima, pois a maioria dos elementos químicos podem ser isolados através de processos de separação, podendo ser usados nas próprias pilhas ou em outros processos industriais”. Outra opção é doar os equipamentos em boas condições de uso, mas que não estão mais dentro da modernidade tecnológica, para instituições sociais que realizam seu trabalho na área de inclusão digital. Além de não contaminar o meio ambiente, esta ação ajudará pessoas carentes. Deixá-los em oficinas de concerto, onde algumas peças podem ser reaproveitadas, ou até mesmo, o eletrônico por completo, é um outro viés por DEYSE TUANNE annie_ufs@hotmail.com
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ciência&tecnologia&comportamento
BEM-VINDO À NAVE PLANETÁRIO A CCTECA Galileu Galiliei é praticamente uma viagem ao universo, apresentando aos seus visitantes as respostas que a ciência tem para tudo que existe ao nosso redor. Vamos conhecer?
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uem nunca ouviu falar que existe vida fora da terra, que estrelas cadentes realizam desejos e que o homem foi à lua? Ou se questionou sobre a origem da vida, como as coisas funcionam e do que são feitas? Que o universo é um mistério ninguém tem dúvida, mas você sabia que existe um lugar para desvendá-lo? A ciência explica e a a Casa de Ciência e Tecnologia de Aracaju (CCTECA), considerado o terceiro planetário mais moderno do mundo, vai ajudar você a descobrir sobre tudo que existe ao nosso redor. Química, física, biologia e matemática são disciplinas que fazem parte de todo currículo escolar e muitos questionam para que servem, sem saber que elas estão presentes no nosso cotidiano. Naquele filme 3D que você assistiu, no seu automóvel, na iluminação das ruas, na composição do detergente, na bateria do celular, entre outras coisas que muitas vezes passam despercebidas. O diretor do planetário, Augusto Cesar Almeida, que é Técnico em Química, Pedagogo e como ele mesmo diz Astrônomo amador desde 1986, acredita que o espaço é uma ótima oportunidade para as escolas utilizarem como laboratório para os seus alunos, além de propagar um turismo científico na cidade. Foto: Arquivo CCTECA e Silvia Rodrigues
“Muitas escolas nos procuram, não só daqui do Estado, mas de Estados vizinhos também. Assim como visitas técnicas de pessoas da área e grupos de turistas de várias partes do mundo” relata.
PROJETOS
Há cinco anos que a CCTECA apresenta aos seus visitantes o conhecimento das ciências, com suas salas de Óptica, Mecânica, Eletricidade, Matemática e Biologia, além da Estação Espacial Pedagógica (sala de projeção do Planetário) e os diversos projetos de estudos para todos os interessados. Uma das principais atrações da Casa é o Planetário, que possui uma cúpula de seis metros de diâmetro e capacidade para 31 pessoas. No local, são projetadas imagens de planetas, constelações, galáxias, além de filmes educativos. “Apesar de estar numa cúpula pequena, não perdemos em qualidade para nenhum outro centro”, afirma Augusto. Na sala de biologia, os instrutores mostram que não é necessário ser cientista para querer entender como e por que os fenômenos ocorrem. Estudantes de todas as escolas e visitantes têm a oportunidade de saber como funciona o nosso corpo. Os efeitos do alcoolismo, os efeitos do fumo, do levantamento de peso incorreto, além de uma maleta com instrumentos que mostram de forma didática as consequências do uso das drogas no organismo. Há ainda um esqueleto humano, microscópio, modelos de célula animal e vegetal, pele humana, modelos embrionários e a evolução do crânio humano. Muito além de receber visitas, a Casa de Ciências promove diversos projetos. O projeto Café Consciência é realizado no último domingo de cada mês, onde um cientista é convidado a falar sobre um tema para os visitantes. “A cada edição, cientistas e pensadores são convidados para realizarem uma apresentação sobre um tema relevante para a sociedade”, explica o diretor da CCTECA.
Existe ainda um projeto voltado exclusivamente para crianças do ensino fundamental - do 5º ao 9º. É o Jovem Cientista, que possibilita aos adolescentes o contato mais real com experimentos. São reuniões realizadas dois sábados por mês, em que os alunos têm noções de robótica, ciências, técnicas de programação e memorização, além da montagem de pequenos projetos. Outro projeto desenvolvido é a observação com telescópios, onde os interessados podem acompanhar as observações em dias de lua crescente e cheia, sempre às 18h.
VISITA
A visita guiada a todas as instalações do Planetário duram em média duas horas. Além das salas, os visitantes podem ter uma rica experiência com os diversos experimentos interativos do espaço. Ao todo, o espaço dispõe de 81 equipamentos que proporcionam o conhecimento prático dos fenômenos do cotidiano. Os visitantes também tem à disposição três equipamentos externos, entre eles o Gyrotex, que simula a ausência da gravidade com círculos giratórios e que é usado em treinamentos da Nasa e Força Aérea. A CCTECA Galileu Galilei tem muito mais a apresentar e quem tiver interesse pode ir fazer uma visita. O Planetário está localizado na Avenida Oviedo Teixeira, no Parque Augusto Franco (Parque da Sementeira), próximo ao Shopping Jardins. Das terças às sextas-feiras, o horário de visitação é das 9h às 12h e das 14h às 17h. Aos sábados e domingos, a visitação vai das 14h às 17h. Nos sábados e domingos em que ocorrem as observações, a visitação é das 18h às 20h
por SILVIA RODRIGUES silviards.jornalufs@gmail.com
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PUNIÇÕES REAIS PARA CRIMES VIRTUAIS Comentários e postagens ofensivas, durante as eleições, causaram dor de cabeça a muitos usuários das redes
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disputa eleitoral rea lizada recentemente dividiu o país entre em dois polos. As discursões, sobre qual candidato deveria assumir a presidência, causaram intrigas pessoais e ofensas, as quais transformaram as redes sociais em um verdadeiro ringue de batalha. Os comentários muitas vezes preconceituosos, ofensivos e absurdos fugiram totalmente de controle e muita gente se sentiu ofendida. Esse tipo de ação é crime e a pessoa pode exigir, em tribunal, que o autor do comentário tenha que pagar uma multa, além da detenção de até três anos. Não é de hoje que crimes cibernéticos vêm aconteLegenda da imagem. Aceaquat ecupien dusam, occusciatur? cendo na internet. Quem não se lembra do famoso caso Carolina Dieckmann, deo gerou muita polêmica e modificou a vida de no qual a atriz teve fotos íntimas divulgadas sem muitas mulheres, que não podiam sair na rua sem a sua autorização. E deste ocorrido originou-se a ser julgadas ou discriminadas pela sociedade. O Lei 12.737/2012 que tipifica como crime uma série material trazia con de condutas no ambiente virtual. Desde invasão teúdo de caráter ofensivo e de injúria, que para a acomputadores, tapolícia, é considerado um “crime contra a honFoto: Ascom SSP-SE blets, smartphones, ra”. conectados ou não O delegado Alexandro Vieira, explica que os inà internet, como ternautas que ‘xingam’ os nordestinos ou es também interrupcrevem comentários preconceituosos, estão ção internacional cometendo “crime contra a honra”. Vieira ainda do serviço de interacrescenta que os usuários e administradores de net, obtenção de inpáginas ao postarem esses tipos de comentários formação privada, estão cometendo injúria racial e não racismo como comercialização dos muitos pensam. “É possível a pratica do racismo, dados obtidos sem que é a discriminação propriamente dita, e a injúautorização. ria racial, que é a ofensa pessoal com uso de terEm Sergipe, um mos racistas”, afirma. caso que chocou o Desde 30 de novembro de 2012 quando foi sanestado, foi o vídeo cionada a lei, apelidada de Carolina Dieckmann, divulgado na incrimes como esses é investigado e os responsáveis ternet difamando punidos. Segundo especialistas, isso é reflexo de adolescentes, muium mundo cada vez mais conectado, segundo datas eram menores dos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísde idade, intitulado tica (IBGE), 50,1% dos brasileiros estavam conec“as mais rodadas de tados na internet em 2013, sendo que a maioria é Itabaiana”. Esse víjovem de 16 a 18 anos. Levando em consideração
ACONTECEU COMIGO... Eduardo Rodrigo, 22 anos, Estudante de Geografia da Universidade Tiradentes (Unit) se sentiu ofendido com comentários que circularam após a reeleição da presidenta Dilma Rousseff. Segundo ele ao navegar pela internet, como de costume, viu diversos comentários de xenofobia, que o deixou indignado. Mas um
em especial, no facebook, chamou sua atenção, o comentário dizia: “Malditos nordestinos mortos de fome! Tem mesmo é que se ferrar junto com o PT”. Indignado com o ocorrido, Rodrigo entra em contato, através do facebook, com a pessoa e rebate a sua colocação dizendo: “Você deveria repensar seu comentário. Seu preconceito, é que fez o Brasil ser como é!”. A pessoa não respondeu e em seguida deleta a sua conta do facebook “sem se desculpar ou se redimir”. Rodrigo ver essa atitude como um
as pessoas que tem acesso à internet 78% dos usuários, de todas as idades, tem conta ou página em alguma rede social (Facebook , Twitter, Instagram). Vieira relata que a grande maioria não comente esse tipo de crime, pelo contrario repudiam essa ação, mas essa minoria se torna um problema quando fazem comentários inapropriados nas redes sociais. “As ofensas na rede social representam o maior número de registros na Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC)”, afirma. Qualquer discurso que promova a xenofobia na internet pode para no tribunal. Desde que a pessoa que se sinta ofendida procure uma delegacia especializada e faça a ocorrência. “Os casos de menor potencial ofensivo tem penas inferiores há dois anos e são julgados pelos Juizados Especiais Criminais, normalmente resultando em conciliações ou penas alternativas”, explica o delegado.
O QUE FAZER
As pessoas que se sentirem vítima deste tipo de ação deve se encaminhar a uma delegacia especializada, no caso de Sergipe a DRCC, onde receberá todas as orientações adequadas. Os especialistas alertam para o fato de guardar provas, o ideal é fazer uma ata notorial, no qual o profissional do cartório acessa o conteúdo e atesta sua existência, porém esse é um processo caro. Outro método seria usar o print screen (cópia da tela do computador). Se o possível infrator usar uma página anônima ou falsa para disseminar ideias ofensivas, e o internauta se sente incomodado, também deve ser feito a denúncia, pois segundo o delegado existem técnicas próprias para identificar e punir o autor dos insultos. Ainda pode ser feita a denuncia em diversos meios disponíveis, como entra em contato com a própria rede social, contatar ONGS que luta e protege os direitos humanos na rede, por exemplo, a Safernet
ato de covardia, “porque ela está atacando a nossa democracia, ou seja, todo mundo tem o direito de voltar em quem quiser. Se a presidente ganhou foi porque a maioria assim votou”, explica. Ele ainda relata outros comentários ofensivos, os quais, diziam que todos os nordestinos eram burros, idiotas por terem reeleito a presidenta. “Observo que hoje o mundo é movido pela internet e que neste há os mesmo preconceitos que encontramos na rua”, relata Rodrigo.
por JUSSARA GONÇALVES jussara_jornal@hotmail.com
Foto: Arquivo pessoal
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ENTRE O VÍCIO E A NECESSIDADE WhatsApp: o limite entre os dois lados do aplicativo que vem revolucionando a comunicação
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ensar em uma comunicação moderna, instantânea, prática e ao mesmo tempo divertida, é pensar hoje, no WhatsApp, ou para os mais íntimos, apenas “whats”. Ou zapzap. Essa tecnologia reforça o quanto as pessoas são dependentes de relações, e por isso, fica cada vez mais raro encontrar alguém que não possui esse aplicativo. Ligações? SMS? Estes estão sendo substituídos, já que as pessoas podem conversar em tempo (quase) real com várias outras ao mesmo tempo. Pedir o número de uma pessoa se tornou inadequado, as pessoas querem agora “o seu whats”. Nesse universo, as mudanças são inerentes e constantes, a cada atualizada, uma novidade. Agora não basta apenas enviar uma mensagem e esperar a resposta. É preciso saber se chegou e se foi visualizada. Quantas pessoas já ficaram com raiva quando viram aqueles dois tracinhos azuis e nada de resposta? Quantas pessoas se sentiram “deslocadas” do mundo quando o WhatsApp ficou sem funcionar? Muitas outras se conheceram, se aproximaram e resolveram diversos problemas, com o simples teclar neste aplicativo. Sua funcionalidade adentrou o mundo das comunicações e facilitou a interação de diversas pessoas. Nas eleições desse ano, por exemplo, vários candidatos (senão todos) utilizaram
o WhatsApp para divulgar suas campanhas e interagir com seu “público”. Não é diferente com diversas empresas e seus colaboradores que se adequaram ao novo meio para garantir melhores resultados diante de seus clientes. Para Tiago Santos, supervisor da IBI Promotora de Vendas – Aracaju, as empresas precisam se adequar às novas realidades de mercado, principalmente aos avanços tecnológicos que tem contribuído consideravelmente para estreitar a relação “cliente x empresa”. Esse aplicativo também agregou diversas vantagens na comunicação interna da empresa, pois além de ser uma comunicação barata, consegue atingir uma grande quantidade de pessoas de forma rápida e em tempo real. “Temos um grupo criado para os supervisores, onde são passadas informações a todo o momento, desde flash de vendas às comunicações atualizadas sobre normas, procedimentos da empresa, campanhas de vendas, dentre outros assuntos. Cada supervisor, por sua vez, cria o seu grupo adicionando os funcionários da loja. Nesse, são passadas informações pertinentes à loja, frases e vídeos motivacionais, e é claro, também existe o momento de descontração e entretenimento com o grupo”, afirma Tiago.
OUVINDO OS ESPECIALISTAS
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Hoje, estar conectado é meio que uma regra para viver em sociedade, me sentiria perdida sem o WhatsApp”, Maíra Sandes, estudante de medicina. A opinião da estudante reflete a realidade da nossa sociedade, onde a comunicação é necessária e o auxílio de ferramentas, como o WhatsApp, é essencial para qualifica-la. Mas o uso desse aplicativo não apresenta apenas benefícios. “Considero-me dependente do WhatsApp, porque deixo o celular sempre ao meu alcance. Não consigo ficar mais de uma hora sem ver, só quando estou dormindo (risadas)”, afirma Maíra. Essa dependência vem se tornando comum entre os usuários que não se veem mais sem essa tecnologia. Para a estudante, esse vício modificou alguns hábitos de sua rotina, como a perda de foco nos estudos, por exemplo. “Quando estou estudando tenho que deixar o celular longe do alcance de minhas mãos, porque já é algo mecânico, mas não consigo ficar muito tempo sem ver”, conta. A psicóloga clínica, Ilza Donald, explica que isso normalmente acontece devido aos benefícios ofertados pela tecnologia. “O usuário fica tão voltado para os benefícios que não percebe o quanto se torna dependente dele, mas nosso cérebro é um computador natural, cabe a nós mesmos saber equilibrar e dominar as nossas ações”, ressalta. Outro problema, causado pelo uso (excessivo) do WhatsApp, é a mudança nas relações sociais, uma substituição: deixar o real e se contentar apenas com o virtual. Como diz o grande McLuhan em seu livro, “Os meios de comunicação como extensões do homem”, muitas pessoas são mais
sociáveis utilizando uma tecnologia do que num ambiente com várias outras pessoas. Esse comportamento facilita o distanciamento do mundo real e uma aproximação do mundo virtual. Essa é a preocupação. “A comunicação que se estabelece mediada pelos ‘bate-papos’, parte do entendimento de que ‘ele vai ficar lá e eu aqui’, o que gera um nível de segurança, mas ao mesmo tempo, talvez, a pessoa perceba em algum momento uma falta de sentido para aquela experiência, porque tem coisas que não serão expressas pela fala, mas sim pelo olhar, pelo toque, que muitas vezes abrimos mão, quando estamos envolvidos com essas tecnologias”, afirma a psicóloga e professora da Universidade Federal de Sergipe, Danielle de Gois. O aplicativo, como forma de substituição, proporciona uma falsa socialização à medida que não vai aproximar “pessoa - pessoa”, mas sim uma tecnologia sempre interferindo nessa relação (superficial). Por isso, é importante saber dosar as relações e utilizar o WhtasApp como “um meio”, e não como “ única forma” de interação. “A tecnologia pode aproximar à medida que a utilizamos não como substitutiva, mas como um aparato que está a nosso serviço, e não nós a serviço dele. É um recurso que podemos usar para marcar um encontro com alguém, por exemplo, e não como um impedimento de encontrá-lo por já estarmos satisfeitos com as trocas de mensagens”, diz a psicóloga por ISADORA PINHO isadorasaantos18@gmail.com
ENTREVISTA
Vitor Braga Online
O que é o aplicativo WhatsApp?
É uma ferramenta utilizada em dispositivos móveis para uma comunicação na perspectiva de um instant Message.
Qual a funcionalidade deste aplicativo?
Poder conversar com as pessoas num fluxo de conversação diferente de outros meios, já que este é utilizado em dispositivos móveis e permite a interação a “qualquer hora”.
Como surgiu este aplicativo e o que marcou sua trajetória até hoje?
O WhatsApp foi criado em 2009 por Brian Acton e Jan Koum, com o intuito de materializar a ideia de mobilidade e praticidade na comunicação. Em 2012 já alcançava cerca de 10 milhões de mensagens. Em 2013, alcançou a marca de 250 milhões de usuários e 25 bilhões de mensagens enviadas e recebidas por dia. Nesse ano de 2014, o WhatsApp foi vendido para o Facebook, que pagou 19 bilhões de dólares por sua aquisição, sendo que 15 bilhões em ações do Facebook e 4 bilhões de dólares em dinheiro. Hoje o seu forte, além da mobilidade nas conversações, é a criação de grupos, que permitem maior interação e divulgação de informações. Recentemente, o limite de pessoas por grupo foi ampliado de 50 para 100.
Charge: Yves Deluc
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A PERFORMACE DA DOR A exposição “Performance da Dor”, apresenta ao público um misto de emoções, que apresentam as variadas sensações de dor, baseada nas obras de artista plástica mexicana Frida Kahlo.
A
Performance da Dor marcou os dois meses finais de 2014, com seu inicio na primeira sexta-feira de novembro, dia 7, e com data de término no dia 11 de dezembro, a exposição apresentou para o público um universo no qual se permitia transitar entre diversas linguagens, tais como a fotografia, a pintura corporal e a encenação. A exposição foi apresentada no Sesc Centro, e bateu recordes de público, com repercussão até na mídia local. De autoria das alunas do curso de áudio visual da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Janaína Vasconcelos e Camila Pedroza, a exposição apresenta 7 obras que fazem releituras de pinturas renomadas da artista plástica mexicana, Frida Kahlo. Janaína Conta que o trabalho surgiu da simples ideia e vontade de querer fazer um projeto fotográfico autoral, usando a obra de Frida Kahlo como base referencial. “No início era tudo muito ingênuo, eu só pensava que a única coisa que não queria era remakes de Frida Kahlo, fora isso não sabia ao certo o que queria. Até que conversei com Camilla, que já trabalhava com pintura corporal e daí iniciamos o processo criativo e de pesquisa sobre o tema”, conta aluna apaixonada por fotografia, Janaína. As artistas deram uma palestra na II Semana Acadêmica da Universidade Federal de Sergipe, na qual falaram sobre todo o processo de criação da exposição. Segunda elas o processo foi bem gradual, porém não linear. A necessidade de fazer as 7 obras realmente tomou força a partir do primeiro ensaio, no qual a obra da coluna partida de Frida Kahlo foi feita, as artistas decidiram se aprofundar mais no universo da dor. “Buscamos referencias em autores da fotografia, psicologia, psicanálise, e até na própria vida e obra de Frida. Depois dessa fase de pesquisa pudemos retornar as atividades mais práticas relacionadas diretamente a se fazer as fotografias, no caso os ensaios, e no terceiro momento do processo foi onde iniciamos os trabalhos laboratoriais de experimentações de novas técnicas e formatações para essas imagens capturadas. Essa última fase se desdobrou até o momento final da galeria, com a montagem das peças”, conta Janaína Foto: Felipe Goettenauer
Sem duvidas o que chama mais atenção em toda a exposição são as diferentes texturas em que as fotografias são apresentadas, e como as obras receberam um tratamento manual, se utilizando de diversos elementos que só tornam a exposição ainda mais impressionante
FRIDA KAHLO
Nascida em 1907, no México, Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón foi uma artista que pintou seus quadros com a dor de uma vida. Frida Kahlo retratava, quase sempre em auto-retratos, a angústia de não poder ter filhos e dos seus diversos problemas na coluna, frutos de um acidente de bonde aos 18 anos, quando um pára-choque perfurou suas costas e saiu por sua vagina. O acidente foi uma base para sua vida artística, já que seus primeiros quadros foram feitos ainda no período de convalescência e as graves sequelas foram temas para obras como “A Coluna Partida” e “Without Hope”. Pelo forte conteúdo das suas pinturas, foi considerada surrealista por grandes nomes das artes plásticas, título que negou prontamente, afirmando que pintava apenas a sua realidade. Frida Kahlo morreu em 1954, seu atestado de óbito registra embolia pulmonar, mas a hipótese de um suicídio por overdose de remédios não é descartada por causa da última anotação em seu diário: “Espero que minha partida seja feliz, e espero nunca mais regressar - Frida”. As cinzas do seu corpo estão juntas a diversos dos seus quadros no Museu Frida Kahlo, localizado na casa onde viveu, A Casa Azul, em Coyoacán, México.
Releitura da obra “A coluna Partida” por Janaína Vasconcelos
cul tu ra Entrevista Ping Pong com Janaína Vasconcelos Janaína tem 23 anos e já está no final do curso de audio visual da Universidade Federal de Sergipe (UFS) , ela pretende seguir carreira de fotógrafa e já está conseguindo se projetar no cenário cultural de Aracaju. Contexto: Qual foi sua reação ao completar a exposição e abri-la para o público? JV: Poderia falar melhor em sensação, parecia pisar em nuvens e nem acreditar que aquele processo todo se realizava no mundo material de fato. A reação é de satisfação, gratidão, muita alegria. Contexto: Por que Frida Kahlo? JV: A autora mexicana já era um símbolo que queríamos tratar desde o inicio do projeto, foi a chave inicial para se pensar em fotografar, talvez por admiração mesmo. Porém logo depois de toda pesquisa traçamos nossa linha principal para se tratar do tema dor, e a Frida foi a melhor autora escolhida para se tratar desse tema, ja que sua via inteira foi perpassada intensamente por esse elemento. Contexto: Contente com o resultado? JV: Completamente, plenamente, absurdamente, demasiadamente! Contexto: O que achou da reação do público? JV: Não sei ao certo do público em geral, mas em vários casos vi as pessoas curiosa sobre os usos dos materiais “novos” em fotografia. Contexto: Pretende expor em algum outro lugar? JV: Pretendemos levar ao máximo de lugares possíveis. Contexto: Para você, o que é arte plástica? JV: É se pensar a dimensão poética especialmente, materialmente, sensualmente. Contexto: Já se considera uma fotografa profissional? JV: Não. Diria que pela metade. Falo isso porque tecnicamente sei que existe muito a se aprender, mas principalmente porque não é uma atividade que me mantém financeiramente por inteiro. Contexto: Vocês estudam da UFS? A Universidade deu algum incentivo? JV: Sim, os professores do nosso departamento e o FOTOUFS ( os mais próximos a nós) acreditaram desde o inicio nessa ideia. Contexto: O que o publico deve absolver da exposição? JV: A experiência, espero que cada um experiencie ao seu modo
por FELIPE GOETTENAUER fgoette@hotmail.com
cultura
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PROMESSA MUSICAL PARA 2015 Quando o assunto é MPB, para seduzir o público dos barzinhos, o campo mais seguro é a releitura de canções de famosos ícones, e entre uma e outra música, composições aparecem, mas isso não é unânime, há gente que arrisca e se dá bem com shows completamente autorais. Por isso nesta edição trazemos uma seleção de três trabalhos fonográficos para conhecer ou rever sergipanos autênticos que contribuíram para o crescimento da música sergipana em 2014. Mestrinho/ CD- Opinião O itabaianense Mestrinho acaba de lançar o CD Opinião. Filho do forrozeiro Erivaldo de Carira, Mestrinho é sanfoneiro desde os seis anos e aos doze já fazia shows na região. Aos dezessete foi embora para São Paulo onde formou o Trio Juriti chamando a atenção de artistas com Elza Soares, Zélia Duncan dentre outros, gente que o sergipano fez parcerias. O músico faz parte da banda de Gilberto Gil e também participou da construção do mais recente CD do artista baiano, intitulado Gilberto Samba. Tal conexão, fez com que o renomado cantor também participasse do seu primeiro CD solo. FOTO DIVULGAÇÃO
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da de pesquisa para que isso aconteça. Algumas participações especiais com novos instrumentos, tentar colocar mais música autoral, estamos ainda numa busca e em fase de experimentação”, relatou a promissora cantora da nova geração. É esperar esperar pra ver.
CONTEXTANDO MÚSICA Se tem uma tradição que é seguida todos os fins de ano pela maioria das pessoas, é o balanço positivo e negativo do ano que está prestes a findar. Quando o assunto é música, a coisa tende a ficar no esquecimento, a não ser nas famosas premiações da TV que muitas vezes privilegiam uma pequena quantidade de notórios talentos da indústria cultural deixando esquecidos tantos outros expoentes do Brasil continental. A situação piora ainda mais, quando novos ou velhos artistas estão fora do eixo Rio/ São Paulo. No menor estado do Brasil não é diferente, nossos artistas estão nos bares tentando um lugar ao sol.
Raquel Delmondes/ CD -Vem Cantar Meu Samba Conhecida pelo timbre de voz que lembra as cantoras do rádio, Raquel Delmondes tem no segundo CD “Vem Cantar Meu Samba” doze faixas, onde onze delas são assinadas por compositores sergipanos. Além do samba, ritmo que dá o tom do disco e da carreira, o canto pós Bossa Nova é outra grande paixão. FOTO DIVULGAÇÃO
ascida em berço artístico, seria quase impossível Ananda se enveredar por outros caminhos. Dona de um sobrenome forte na cultura sergipana, a cantora é sobrinha de Ismar Barreto, um dos maiores compositores da história da música no estado e de Antônio Barreto, líder do grupo Mamulengo de Cheiroso, personagem que também é alvo desta edição do caderno de cultura do Jornal Contexto. Não bastasse isso, a sergipana também tem em Elis Regina uma de suas grandes inspirações; Patrícia Polayne, renomada artista de Sergipe, foi a responsável por colocá-la no palco. Evidente que o fato de ser rodeada por tantos ícones, faria das raízes do seu trabalho bastante fortes, mas a composição das mesmas não ficou só por aí e teve Granada, cidade localizada no sul da Espanha, uma das fontes para a sua obra musical que passeia pelo estilo cigano, bem típico do lugar onde foi morar aos 14 anos. Neste ano, mais precisamente em junho, Ananda estreou junto a banda que é composta por sua família, a tia Mary Barreto tocando cavaquinho, flauta e também sendo vocal, o primo Dami Narayana tocando violão, João Mário no baixo e Pedrinho Mendonça na percussão. O show ganhou o nome de “A Fuego Lento”, com repertório que mesclou música de Cabo Verde, coco, salsa, musica espanhola e música brasileira. O primeiro passo da carreira foi dado em uma noite chuvosa em Aracaju. “A princípio parecia que ia sair tudo errado, pensei que não iria dar ninguém. Era um espaço aberto e o palco estava todo montado já. De repente vejo uma galera começando a chegar, em respeito aos que já estavam no local tinha que fazer de qualquer maneira, daí falei com Chico (proprietário do espaço) e sugeri de fazer dentro da sala, era a nossa única opção, fiquei muito feliz, que mesmo com a aquela chuvarada toda as pessoas ficaram curiosas e vieram espiar o que eu estava aprontando”, conta a cantora. O show foi um sucesso, e as críticas do público foram as melhores. Ananda vem formando público ao longo dos últimos meses e é um dos destaques da atual cena musical sergipana. Quando o assunto é produção local, a cantora se mostra contente e diz que vê muitas bandas sendo prestigiadas pelo público. Outro fator é o surgimento de muitas cantoras. Ela brinca dizendo que o sergipano é exigente, mas na sua opinião o que falta por aqui são mais produtores para poder lapidar esses talentos e expandi-los pelo Brasil. Todo artista tem o sonho de gravar o primeiro CD, mas a morena tem o pé no chão e quer primeiro preparar o terreno e fazer uma garimpagem de possíveis parcerias com compositores já que é apenas interprete. “Se quero mesmo seguir cantando acho que ter uma material palpável do que faço é um cartão de visita, para participar de editais, festivais, fazer contato com artistas de outros estados, enfim, tem que sonhar e fazer também por onde esse sonho chegue até a gente, as coisas não caem do céu, mas ultimamente isso é algo que muita gente tem me falado, não precisa ser um CD, um EP seria algo mais viável talvez”, explica. Os próximos passos agora consistem em montar algo novo. “Estamos num processo ain-
Banda NaurÊa/ EP - Na Dansanteria NaurÊa, uma das bandas mais bem sucedidas da música sergipana, lançou neste ano um EP composto por quatro faixas inéditas. Famosa por sua versatilidade que vai de ritmos regionais a latinos, as músicas foram gravadas no Ori Studio em Aracaju, mixadas em Recife (PE) e masterizadas em Seattle (EUA) e segue a mesma linha de qualidade da diversão, característica que é prioridade no trabalho do grupo. FOTO DIVULGAÇÃO
Cantora Ananda Barreto desponta na cena sergipana
Foto: divulgação
por RODRIGO ALVES falecomrodrigoalves@gmail.com
esp or te
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2015 JÁ COMEÇOU PARA O CONFIANÇA Com o acesso garantido o clube começa a projetar a temporada 2015 visando o título do Campeonato Sergipano e a permanência na Série C do Brasileirão Foto: Marcos Borges
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m ano diferente para a Associação Desportiva Confiança (ADC). Assim será 2015, quando o Dragão do Bairro Industrial terá uma temporada cheia de jogos. Campeonato Sergipano, Copa do Nordeste, Copa do Brasil e, a maior expectativa, o Brasileirão da Série C. Por isso é necessário um bom planejamento, uma equipe forte e competitiva, além de jogadores e diretoria comprometidos com o trabalho a nível profissional. A diretoria do clube começou esse planejamento com a manutenção do técnico Betinho, que foi essencial na conquista do acesso à Série C. Além disso, o clube já trabalha em cima do elenco para a próxima temporada que exigirá um plantel maior e mais qualificado. Por isso, as negociações para a permanência de jogadores importantes na temporada 2014 estão em andamento, dentre eles o experiente Geraldo e o xodó da torcida e principal jogador da equipe, Leandro Kível. O diretor de futebol, Ernando Rodrigues, diz que 70% do elenco será mantido e novos jogadores serão contratados para reforçar a equipe e disputar a titularidade com os que já estão no grupo. Por isso, a escolha desses jogadores será feita com cautela e muita tranquilidade, para não dar espaço a erros. Mas, para que esse planejamento seja cumprido e o Confiança não enfrente problemas financeiros durante a temporada, o clube terá que solucionar um problema crônico: a falta de investimentos. Mesmo com as verbas repassadas durante as competições, a exemplo da cota de TV, o clube necessitará de patrocinadores. Porém, historicamente os empresários sergipanos não costumam investir grandes montes no futebol. Mas, o diretor de futebol do Confiança acredita que o clube tem o que oferecer para atrair patrocinadores. “O Confiança tem um calendário que começa no mês de janeiro e vai até novembro. O patrocinador já sabe que vai ter sua marca vinculada a uma equipe grande do futebol sergipano que vai passar em canais de televisão”, afirma o diretor. Segundo Ernando, o clube contratou uma empresa especializada para cuidar do marketing e da assessoria.
COMPETIÇÕES
Para quem pensa que o Confiança está com a cabeça apenas na Série C, se engana. O primeiro objetivo do Dragão é a conquista do Campeonato Sergipano, que começa no dia 25 de janeiro. O time proletário está no Grupo A onde também estão Itabaiana, Estanciano, Amadense e Boquinhense. Por isso, o Confiança terá que começar o ano ‘com tudo’. O primeiro desafio é contra o
Boca Júnior. Já no dia 05 de fevereiro o Confiança começa a disputar, simultaneamente ao Sergipão, a Copa do Nordeste, competição que dá ao campeão uma vaga na Copa Sul-Americana. O Dragão caiu na chave do Vitória – BA, Serrano – BA e América RN. O primeiro jogo será contra o Vitória – BA. A equipe sergipana espera fazer uma boa competição, que pode ser encarada como uma prévia dos desafios que estão por vir no Brasileiro – Série C. Competição que o Confiança disputará com o objetivo de se manter, mas sem deixar de almejar o acesso a Segunda Divisão do Brasileiro. “O Confiança tem que entrar na Série C querendo ascender a Série B como ele entrou na Série D querendo o acesso para a Série C. A conquista ou não dessa vaga é fruto de um trabalho bem feito e
exitoso. Mas ainda assim você entra com o desejo dos grandes de querer ascender; caso contrário você está fadado ao fracasso”, ressalta o editor de esportes do Correio de Sergipe, Marcos Borges. Um fator importante para a disputa dos campeonatos será a reabertura do Estádio Lourival Batista, o Batistão, que possibilitará que os jogos do Confiança (em casa) sejam realizados na Capital, diferente do ano de 2014 quando foram disputados em Itabaiana. Isso será bom financeiramente para o clube, uma vez que o Batistão comporta mais torcedores do que o Presidente Médici, e logisticamente para a torcida, que não precisará mais se deslocar até a cidade serrana para ver os jogos do Dragão por CLEYDSON SANTOS cleydsonlima@hotmail.com
FALA, TORCEDOR FELIPE LIMA “A empolgação pela nova temporada é grande. Classificado para a Série C, que cada vez mais ganha prestigio no cenário nacional, favorito ao título estadual e disputando mais duas grandes competições, além de ter o estádio Lourival Batista recém-reformado ao seu dispor, o Confiança tem nas mãos a oportunidade de se estruturar financeiramente e aumentar sua visibilidade”.
BRENO OLIVEIRA “Espero que o Confiança em 2015 se mantenha forte e com a dereminação que o time teve durante os campeonatos disputados no decorrer desse ano. O calendário para o ano de 2015 está bem recheado e dando visibilidade ao futebol e ao estado de Sergipe. E como diz o Hino: ‘SOU CONFIANÇA EM TODO BRASIL’”.
esporte
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CRUZEIRENSES FAZEM A FESTA EM ARACAJU Para celebrar a boa fase no time, os torcedores de Sergipe da Raposa criaram a torcida “AracajuZeiros” Foto: arquivo pessoal
Cruzeirenses na primeira viagem com a torcida organizada, para partida entre Vitória e Cruzeiro. A vitória deu ao time o título de Tricampeão (2013) Mais uma edição do Campeonato Brasileiro chegou ao fim. Mas, parece que algumas coisas não mudaram tanto assim de um ano para o outro. Repetindo a dose de 2013, o Cruzeiro Esporte Clube se sagrou campeão da maior competição nacional novamente. Conquistando a taça em dois anos consecutivos, o cruzeirense tem motivo de sobra para estar sorrindo à toa. E se engana quem pensa que a alegria se limita às ruas do estado de Minas Gerais. Em Aracaju, os torcedores celestes elaboram as mais diversas formas de trazer o Mineirão para perto e comemoram o bom momento da equipe. Seja assistindo às partidas aos montes nos bares da capital ou levando caravanas para cidades próximas onde o Cruzeiro vai jogar, os cruzeirenses residentes em Sergipe dão seu jeito de curtir a Raposa. E foi desse jeito que surgiu a torcida AracajuZeiros. Criada por volta de outubro de 2013, através das redes sociais, a AracajuZeiros já reúne mais de cem integrantes. Movidos pelo excelente momento vivido pela equipe no ano passado, os cruzeirenses passaram a espalhar o amor pela camisa celeste também em Aracaju. É o caso de Neto Oliveira, sergipano de Itabaianinha. O estudante conta que começou a se encantar pela Raposa aos 4 anos de idade. “Comecei em 1993. Meu pai, botafoguense, convidou vários amigos para assistir Cruzeiro vs Botafogo. Acontece que o Cruzeiro acabou goleando o Botafogo. Depois disso, relatos da minha mãe, eu só falava em Cruzeiro”, contou Neto. Neto esteve presente na partida decisiva entre Cruzeiro e Grêmio em 2013, que praticamente colocou as duas mãos da Raposa na taça, depois de 10 anos sem vencer o Brasileiro. “Os últimos anos foram de pura felicidade. Um time que eu apostava render em 2014, ganhou 2013 também. Entrou para a história, porque, para cruzeirense,
ter poucos brasileiros incomodava”, disse. E essa história de que futebol e mulheres não se misturam é coisa do passado. A estudante Mirele Bispo acompanha o time há mais de 10 anos e conta que é encantada com o time Cinco Estrelas. “Acho que o sonho de qualquer torcedor é viver o que eu vivi nessas últimas temporadas”, disse a garota. A AracajuZeiros organiza viagens para acompanhar a equipe. No ano passado, a torcida começou com o pé direito. A primeira viagem realizada já consolidou o título, na partida entre Vitória e Cruzeiro. A equipe celeste venceu por 3 a 1. Em 2014, os integrantes voltaram a se reunir para assistir juntos e no estádio às partidas entre Bahia x Cruzeiro, Vitória x Cruzeiro e Santa Rita x Cruzeiro. E, pelo visto, a torcida faz bem ao time. Todas as vezes que esteve presente, a AracajuZeiros viu a equipe vencer os jogos.
“Para cruzeirense, ter poucos brasileiros incomodava”
RECORDES
LADO ALVINEGRO DA FORÇA
Se sobrou rivalidade em Minas Gerais durante as eleições de 2014, no futebol não foi diferente. Disputando o topo do Brasil, Aécio Neves e Dilma Roussef dividiram opiniões de eleitores. Coincidentemente, os times do coração dos candidatos também apresentam grande rivalidade. Dilma, Atlético Mineiro. Aécio, torcedor do Cruzeiro. Dilma levou as eleições, mas sobrou alegrias para os dois candidatos dentro de campo. O Cruzeiro não é o único responsável por tornar Belo Horizonte a capital do futebol brasileiro. O Clube Atlético Mineiro também vem de grande fase, tendo conquistado em dois anos consecutivos dois títulos de grande expressão e inéditos para o clube: Copa Libertadores da América (2013) e Copa do Brasil (2014). O último título conquistado pelo Galo teve um sabor ainda mais especial. Após partidas históricas contra Corinthians e Flamengo nas quartas e semifinais, consecutivamente, o Atlético-MG aguardava nada menos que o maior rival na final da competição: o Cruzeiro, maior vencedor da competição, junto com o Grêmio, com quatro títulos.Mas, dessa vez, não teve como evitar o sucesso do clube atleticano, que venceu as partidas de ida e volta e se sagrou campeão da Copa pela primeira vez. As partidas pararam Belo Horizonte por semanas e declararam a cidade como capital do futebol em 2014. Apesar da forte rivalidade, Cruzeiro e Atlético Mineiro dividem o momento brilhante em suas histórias. Capaz até de deixar muito carioca e paulista com uma pintada de inveja
por HELENA SADER helena.sader@hotmail.com
esporte
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DESAFIOS DO PARADESPORTO Em um cenário pouco favorável para o esporte, o paraciclista sergipano Ulisses Freitas vence a falta de patrocínio com muita disciplina e força de vontade.
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om uma gama variada em desportos, o cenário sergipano se faz dinâmico e diversificado, porém a dificuldade de apoio financeiro dá poucas oportunidades ao desenvolvimento de determinadas modalidades no estado. Nesse ambiente se desenvolve o paraciclismo, categoria que se destacou no ultimo ano rendendo medalhas aos atletas sergipanos. Ulisses Freitas, campeão da penúltima etapa da Copa do Brasil de Paraciclismo 2014, é um exemplo de dedicação e superação no esporte. Ele participou de todas as etapas da Copa este ano e subiu ao pódio cinco vezes contabilizando dois bronzes, duas pratas e um ouro. Sempre buscando um lugar de destaque para Sergipe, Ulisses vem divulgando o nome do Estado nas competições nacionais e incentivando os paraciclistas conterrâneos a serem atuantes no esporte. Para o presidente da Federação Sergipana de Ciclismo, Jairo Vieira, a divulgação de um calendário competitivo ajuda na evolução dos atletas que sempre almejaram um padrão nacional. Atuante na Federação desde 2005 e há um ano ocupando o cargo de presidente, Jairo afirma que atualmente oito para-atletas são assistidos pela Federação, sendo cinco deles na categoria handbike, a mesma que revelou Ulisses como competidor de futuro desde 2011. Ainda sobre a modalidade, o presidente destaca que o paraciclismo tem evoluído muito nos últimos dois anos não falta apoio da Federação de Ciclismo com divulgações intensivas das competições e das conquistas dos atletas. Apesar de existir um incentivo financeiro mínimo vindo dos setores municipal e federal Jairo destaca que não é suficiente para manter um esporte com o custo tão alto. “A parte de patrocínio é muito complicada pois muitas empresas, e alguns órgãos privados ainda não abriram os olhos para o esporte, principalmente para o paraciclismo. Mesmo com a Lei de Incentivo ao Esporte são poucas as empresas que investem-no setor”, afirma. A Lei de Incentivo ao Esporte em vigor desde o ano de 2006 permite que empresas e pessoas físicas invistam parte do que pagariam ao Imposto de Renda em projetos esportivos aprovados pelo Ministério do Esporte, respeitando a porcentagem de 1% para as empresas e 6% no caso de pessoas físicas. Ulisses concorda que falta mais abertura financeira para os patrocínios e declara que, apesar de alguns patrocinadores suspenderem a ajuda, ainda exibem suas marcas e logotipos em camisas dos atletas. “Visto, não faço questão, não brigo por isso, mas muitos que estampam as minhas camisas como patrocinadores já pararam de financiar o esporte há algum tempo”, critica. Ulisses participa também do programa Bolsa Atleta, promovido pela Prefeitura Municipal de Aracaju. O programa busca incentivar atletas que representam a capital em competições regionais e nacionais. Mesmo assim a Bolsa não atinge o ideal de cobertura em gastos com equipamento e viagens para as competições. Segundo opresidente da Federação, o que falta para Sergipe ser reconhecido no cenário nacional como grande incentivador do paraciclismo é o apoio de grandes incentivadores para o esporte. “Só precisamos do apoio de pessoas sérias que acreditam no esporte como uma inclusão social que possibilita qualidade de vida e saúde. Apoiando assim a Federação, os nossos ciclistas e os nossos paraciclistas”, ressalta.
Ulisses Freitas em competição. (Foto: Acervo Pessoal)
ULISSES, O CAMPEÃO Encontrei nosso personagem logo após uma competição local, visivelmente cansado porém satisfeito com os últimos resultados da sua carreira. Todos ao redor o cumprimentavam com respeito e admiração enquanto ele passava acompanhado da esposa e do irmão. Ulisses sorria e se dirigia ao stand dos atletas para esperar a premiação. “Corri porque gosto, sempre estou nos eventos esportivos da minha cidade.” disse a um fotojornalista próximo a ele ao passar entre o aglomerado de atletas próximo ao pódio de premiação. No microfone Ulisses foi anunciado e mesmo estando sem a handbike de competição conseguiu o primeiro lugar. Depois da medalha e da pose pra fotos ele falou sobre seu início no esporte e as pretensões para o futuro focado sempre na ascensão como destaque no paraciclismo. Ulisses Freitas iniciou a sua carreira nos esportes em 2010 com o basquete de cadeira de rodas, mas foi com a individualidade competitiva do paraciclismo que ele se identificou. Em fevereiro de 2011 o para-atleta decidiu começar a competir na modalidade e em abril do mesmo ano em São Paulo, durante a Copa do Brasil de Paraciclismo, Ulisses teve sua primeira glória. A surpreendente medalha de bronze em seu primeiro ano como competidor oficial foi para ele uma emoção ímpar já que sua única pretensão naquele momento era ganhar experiência no esporte para as futuras corridas. “A medalha de bronze foi uma surpresa e um impulso na minha carreira. Eu estava disputando com os destaques do país,” declara empolgado. Apesar das dificuldades de patrocínio e equipamentos o atleta não parou com os treinos. Seguindo em competições regionais e nacionais durante esses quase quatro anos no esporte Ulisses, conseguiu em outubro deste ano sua primeira medalha de ouro na Copa do Brasil de Paraciclismo. O primeiro lugar no pódio possibilitou ao atleta um maior destaque no nível nacional e ampliou seu foco para as competições internacionais. Ulisses atribui essa evolução ao
equipamento que conseguiu recentemente com a ajuda de amigos, colegas de profissão e empresários. A nova bike espanhola por ser configurada como intermediaria na modalidade lhe proporcionou uma corrida mais justa com os demais competidores, confirmando as expectativas de que aliando o treino ao equipamento adequado ele cresceria na competição. “Claro que essa bike não é a top de linha, mas é como se diz,: nordestino tem esse sangue de cabra da peste e luta até o final” sorri enquanto fala da sua conquista recente. Sobre ser o primeiro sergipano a chegar tão longe neste tipo de competição ele diz ser engraçado o teor das piadinhas a respeito de sua origem. Para ele o que importa antes de tudo é trazer vitorias para sua terra natal. Orgulhoso de sua de sua gente busca sempre evoluir e levar junto para o lugar mais alto do pódio o nome de Sergipe. Após essa injeção de confiança que a medalha de ouro lhe deu Ulisses resolveu largar o curso de direito e investir ainda mais nos treinos e em sua carreira de atleta profissional, tudo isso com apoio da família, amigos e esposa. A meta agora é a Paraolimpíada 2016, na Austrália onde Ulisses sonha conseguir destaque entre os dez melhores para-atletas mundiais. “Quero colocar o nome de Aracaju e de Sergipe na história”, conclui.
por JULIANA ROLLEMBERG jurollemberg@gmail.com